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#mitologia grega
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A T H E N S
335 notes · View notes
imninahchan · 4 months
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⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀ ning yizhuo interpreta CIRCE
𓂃 ഒ ָ࣪ 𝐀𝐕𝐈𝐒𝐎𝐒: AKRASIA ato I, literatura sáfica, narrativa épica, grécia antiga, fantasia, mitologia grega, misandria, ação, harém, literatura erótica (sexo sem proteção, oral fem, sex pollen?, scissorring, a leitora é mais ativa, EEUSEIQUEVOCÊSSÃOTUDOPASSIVONASMASPFVMEDAUMACHANCEVIDASATIVASIMPORTAM, dirty talk).
Tô muito animada pra essa série, eu sou louca por mitologia grega. Tomei a liberdade de completar os mitos a serem expostos no decorrer dos capítulos com a minha própria interpretação criativa, para poder amarrar o enredo. Porém, não deixo de citar as minhas fontes (para esse ato I) sendo a Odisseia, a obra contemporânea Circe e O livro das Mitologias;
Acho que esse é o texto mais rico que eu já produzi, não só porque me levou tempo e pesquisa. Se você gosta da minha escrita como um todo, leia mesmo que não curta literatura sáfica, é só pular qualquer parte sexual que fica safe.
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⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀ ATO I ⠀⠀ ⠀⠀ o mito de circe
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ESTA CANÇÃO COMEÇA E TERMINA NUMA TEMPESTADE. O raio que corta a imensidão noturna clareia tudo ao redor em vão, pois não há uma porção firme à vista para naufragar os restos do barco.
A trilha incandescente desenha pelo céu, semelhante a uma erva daninha, com seus ramas desaguando de canto em canto, e tomando mais e mais espaço até se perder no horizonte. Gigante, o vazio aberto faz parecer que está presenciando a fúria de um célebre titã, colossal e temido. O clarão que se estabelece pelo momento é capaz de cegar os olhos, construir a fantasia de um eterno vácuo sem cor ou forma.
E o som que sucede o fervor visual te faz tapar os ouvidos, encolhendo a postura. Jura, pelo resto de sanidade que ainda lhe resta, o compasso das ondas chocando-se contra o casco de madeira até muda de curso, como se a frequência reverberante fosse a potência que rege os mares.
O corpo tomba, para o caminho oposto em que a embarcação simplória é jogada. Bate com o peito na borda, os braços são jogados para fora, quase toca a água salgada com a ponta dos dedos. Senta-se sobre o estrado, afogando a pele da cintura para baixo no pequeno oceano que se forma dentro do barco. O supremo do mar não tem motivos para estar te atacando assim, pensa, o irmão dele, sim, pode estar enfurecendo o cosmos para te impedir de atracar em segurança. Quer a sua morte, nenhum rastro do seu cadáver quando a carcaça de madeira despontar em uma ilhota qualquer. Ninguém saberá nem a cor dos seus olhos.
— Nêmesis! — esforça-se para bradar mais alto que o repercutir das ondas quebrando.
Levanta-se num único impulso. Mal se alinha sobre os próprios pés, cambaleia conforme a embarcação nada por cima da maré, até se escorar no mastro. Abaixa o olhar.
— Nêmesis... — o título divino ecoa, agora, com mais fraqueza, tal qual um sussurro em segredo. Cerra os olhos. — Eu louvo a Nêmesis dos olhos brilhantes, filha de Nyx de capa escura...
Ó, grande deusa e rainha, Celebro-vos, a vingadora dos oprimidos, Que observais, que garantis que todo mal seja punido. Imparcial e inflexível, distribuidora da recompensa certa, Escutai meu lamento.
— Injustiça atormenta minhʼalma — confessa. — Sejais o corte da minha lâmina quando eu cruzar o destino de meu inimigo. Não deixeis que o sopro de vida opoente seja mais eterno que o meu. E eu vos prometo: será a minha alma pela dele.
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QUANDO CIRCE NASCEU o nome para o que ela viria a se tornar ainda não existia. Chamaram-na, então, de ninfa, confiando que seria como a mãe, antes de si, e as tias e as centenas primas. Modesto título, cujos poderes são tão singelos que mal podem assegurar-lhes a eternidade. Conversam com peixes e balançam-se em árvores, brincando com as gotas de chuva ou o sal das ondas na palma da mão. “Ninfa”, eles a chamaram, não apenas como em fada, mas em noiva.
Sua mãe Perseis era uma delas, uma náiade, filha do grande titã Oceanos e guardiã das fontes e águas doce. Belíssima, de ofuscar os olhos ao focar em outra coisa senão o brilho de sua pele feérica. Captura a atenção de Hélio, numa de suas visitas aos salões do primogênito dos titãs. Não havia nada igual Perseis.
Oceanos tinha uma aparência abatida, de olhos fundos na cara e uma barba branca beirando o colo. Seu palácio, entretanto, era um exímio refúgio situado nas profundezas das rochas terrestres. A estrutura se levantava em arcos altos, os pisos de pedra reluziam como a derme de bronze no corpo de Hélio. Pelos corredores amplos, era possível ouvir a dança das ondas, liderando a um infinito caminhar em que não se sabia o começo ou fim do leito rochoso. Nas margens, floresciam rosas acinzentadas, em cachoeiras dʼágua onde se banham as ninfas. Rindo, cantando e distribuindo as taças douradas entre si. Ali, se destacava Perseis. Não havia nada igual Perseis.
— E quanto àquela? — Hélio sempre se apaixonava por coisas belas, era seu defeito. Ele acreditava que a ordem natural do mundo era agradá-lo aos olhos.
Oceanos já conhecia o caráter do titã do sol, o brilho dourado em todos os netos que corriam de um canto ao outro pelos salões não o deixava esquecer.
— É minha filha Perseis — responde, num suspiro cansado. — Ela é tua, se desejar.
Hélio a encontrou no outro dia. Perseis sabia que ele viria, era frágil mas astuta, a mente feito uma enguia de dentes pontiagudos. Sabia que a glória não estava nos bastardos mortais e quedas nas margens dos rios. Pois quando estiveram frente a frente negociou, “uma troca?”, ele perguntou, poderia tê-la em seus lençóis apenas através do matrimônio. Teria o encanto de outras flores nos jardins que se espalham pela terra, mas nenhuma delas jamais reinaria em seus salões.
No dia de seu nascimento, Circe foi banhada e envolvida pela tia — uma das centenas.
— Uma menina — anunciou.
Hélio não se importava com as meninas. Suas filhas nasciam doces e brilhantes como o primeiro lagar de azeitonas. E mesmo quando olhou para o bebê emaranhado na colcha, sem reconhecer seu esplendor jovem, manteve sua fé.
Circe não era nada como Perseis.
— Ela terá um casamento digno — o titã acariciou a pele recém-nascida, feito uma bênção.
— O quão digno? — Perseis soou preocupada.
— Um príncipe, talvez.
— Um mortal?
— Com o rosto cheio dessa forma... Não sei se podemos pedir por muito.
A decepção estava clara na face de Perseis.
— Ela vai se casar com um filho de Zeus, com certeza — ela ainda insistiu, gostando de imaginar-se em banquetes no Olimpo, sentada à direita da rainha Hera.
Circe cresceu rápido — ou perdeu a noção do tempo enquanto cuidava dos irmãos. Os pés descalços correndo pelos corredores escuros do palácio do pai, sem um nome pelos primeiros quinze anos de vida. “KIRKE”, a chamaram, a princípio, para repreender quando olhavam nos profundos olhos amarelados e o choro estridente como uma águia que se senta ao canto do trono de Zeus.
O palácio de Hélio era vizinho a Oceanos, enterrado nas rochas da terra. As paredes pareciam não ter fim, extraídas de obsidiana polida. O titã do sol escolheu a dedo, gostava como a pedra refletia sua luz, superfícies lisas pegavam fogo quando ele passava. Mas não pensou na escuridão que deixaria assim que partisse.
Circe viveu na noite. As vistas demoram a se acostumar com o clarão que as rodas da carruagem celestial do pai descia dos céus. Bem-vindo de volta, papai, clamava, porém era recebida em silêncio.
Aos poucos, se acostumou a não falar tanto. Não retribuir, não repreender, não se opor. Não questionava por que não reluzia na água feito as outras náiades, ou tinha os cabelos castanhos e sedosos, por mais que os escovasse com os pentes de marfim. Na época de se casar, também não argumentou contra o matrimônio com um príncipe de uma cidade qualquer. Até hoje, ela não se lembra do nome exato.
Para classificá-lo, poderia usar um termo que fosse do horrendo ao desprezível, com tranquilidade. Sua boca tinha gosto salgado, e o som de sua voz martelava profundo na cabeça da jovem toda vez que abria a boca para dizer algo. Circe não se agradou da cama, da casa, das restrições, dos apelidos enfadonhos que recebia nas noites em que o álcool o tomava o juízo. Então, ela o matou.
Rebelde, insensata, má, foram algumas das palavras que ouviu de sua mãe ao ser devolvida nos salões do palácio. Era incompreensível para Perseis como sua filha havia retornado para casa sem uma moeda de ouro ou um herdeiro para recorrer um trono. Os cochichos sobre ervas e misturas de água quente não faziam sentido, de onde a prole de uma náiade saberia dosar veneno no cálice de vinho de alguém?
Hélio não sabia o que fazer, consumido pela decepção que tanto esforçou-se para afugentar, embora tenha visto nos olhos daquele bebê o destino miserável que o aguardava. Não queria ouvir quando os sussurros contavam sobre o terror daquele banquete em que o príncipe fora transformado em um besouro azul e pisoteado pela esposa de olhos amarelos.
Só que escutou quando Zeus murmurou em seu ouvido uma solução.
— Se odiais tanto a presença de um filho sem honra, exilai-o longe de suas preocupações.
O castigo pareceu justo. Sozinha, em exílio, Circe não seria a aberração do palácio do titã do sol. Não sentiria mais o gosto salgado dos beijos, as mãos ásperas que um dia já envolveram seu corpo. Seria somente ela e aquilo a que deu o nome de magia. E todo homem que aportasse em cais teria o mesmo fim que o primeiro.
Mas o corpo que amanheceu em sua praia não pertencia a nenhum homem.
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OS SEUS OLHOS SE ABREM DEVAGAR, a visão turva impede que reconheça perfeitamente o ambiente em que está, mas as curvas sem foco à sua frente não negam que se encontra sobre o teto de alguém, em um cômodo bem iluminado e decorado. Pisca as pálpebras, apetecendo, agora, com a pontada que sente se desprender quase que de dentro do cérebro.
Zonza, sente a cabeça pesada. Recosta na parede atrás de si. Os músculos, inicialmente, dormentes te dão a impressão de que está nas nuvens, flutuando. Até que a realidade bate e mais dores se somam ao desconforto. As pernas latejam, mas a pele está emaranhada em um tecido suave e escorregadio. Os braços doem, formigando, e só se dá conta do porquê de tamanho incômodo quando olha para os lados e percebe os punhos erguidos no ar por um pedaço de pano amarrado ao dossel de madeira da cama.
A primeira reação, claro, é se soltar. Luta contra a própria dor para puxar os punhos em direção ao corpo deitado para afrouxar as amarras, força ao máximo que o estado debilitado permite, ouvindo o estalo da madeira. Porém, é em vão.
Franze o cenho. Não deveria ser tão difícil para você conseguir se libertar assim, até que o ressoar de risadinhas doces ecoam pelo cômodo e levam os seus olhos para a beirada da cama, aos seus pés.
Vê a forma que as cabecinhas formam montanhas com seus cabelos esverdeados. Os olhinhos curiosos se erguendo do “esconderijo” para espiar a movimentação que se dá sobre a cama. Murmuram entre si, sorrindo. Ninfas, você soube na hora. Mas elas servem a alguém, quem era sua senhora?
— Saiam, saiam! — a resposta surge com o chegar de outra mulher ao recinto. Ela balança as mãos, causando um alvoroço entre todas as criaturas que estavam escondidas debaixo dos móveis para descobrir mais sobre o estranho que aportou naquela manhã.
As ninfas choramingam, passando por cima das mesas, jogando as peças de cerâmica no chão, mas não desrespeitam a ordem. Deixam todas o quarto, fechando a porta ao saírem.
— Perdoa pela confusão — a mulher diz, com um sorriso —, elas estão morrendo de curiosidade.
Você a assiste se aproximar mais. Acompanha como caminha em paz ao móvel à sua direita para despejar um pouco do líquido da jarra para o cálice. Se vira com o objeto em mãos, te oferecendo.
— Onde estou? — é o que a pergunta.
— Na minha casa — ela responde. — Bebe.
— Me solte — pede, ignorando completamente a oferta. — Com certeza, não estou no lugar onde deveria estar. — Torna a face para o próprio corpo estirado sobre o tecido e não reconhece a roupa que está vestindo. — O que fizeste com as minhas coisas? Onde estão minhas coisas?
— As ninfas te acomodaram — justifica. — A roupa molhada não te faria bem, e não havia mais nada contigo quando te encontramos na praia. Vamos, bebe.
— Mentira! — roga, virando-se para ela mais uma vez. O cálice está a milímetros dos seus lábios, mas não cede. — Eu trazia uma bolsa comigo, em meu barco, e quero de volta.
A mulher parece se controlar para não perder a paciência, respira fundo. Senta-se no cantinho da cama.
— Escuta — começa —, se estavas em alguma embarcação no caminho para cá, os destroços estão no fundo do oceano. Não havia mais nada além de ti.
Você escuta, mas claramente não digere.
— E se não queria perder sua bolsa — ela continua —, deveria tê-la segurado com mais força.
Argh, você grunhe, não conformada com o que ouve. Os braços doloridos voltam a ser flexionados, conforme tenta escapar mais uma vez.
— Não gaste tanto esforço — ela te aconselha —, não vai se soltar.
— O quê... — murmura, impaciente. Te aflige a forma com que puxa com o máximo de força que possui e mesmo assim o tecido nem fraqueja. — On... Onde estou? Que lugar é esse? Não te pedi para que me trouxesse para cá!
— Por que é tão ingrata? — levemente se irrita. Hum, resmunga, erguendo-se para largar o cálice de volta no móvel onde estava. — Está me fazendo arrepender de ter sido tão boa...
— Boa?! — repete, incrédula. — Me mantém presa à tua cama!
— Porque não confio em ti.
— Pois eu não confio em ti.
Ela pende a cabeça pro lado, te observando com pouco crédito. Se inclina, de surpresa, apoiando as mãos nos cantos do seu corpo debilitado para estar pertinho do seu rosto quando diz “certo, quer sair?”
— Espero muito que seja uma guerreira habilidosa e não uma filha de pescador qualquer, porque aí pode conseguir caminhar para fora deste palácio antes que os lobos te peguem. — O tom na voz dela é de pura gozação, como se menosprezasse até o ar que você inala nas quatro paredes do domínio dela. — E que os deuses te protejam para que não seja devorada pelos leões no caminho à praia e possa morrer de exaustão nadando sem rumo pelo oceano.
A ameaça em si não te assusta, o que desperta o seu alarde é a descrição singular. Na mente, as pecinhas desse quebra-cabeça vão se unindo para formular uma resposta para as suas perguntas.
Se lembra da fúria que enfrentou naquela tempestade a mar aberto, sem saber se sobreviveria e onde os destroços do naufrágio iriam parar. No entanto, as suas preces parecem ter sido ouvidas, pois Nêmesis te trouxe para a casa de uma das mulheres mais fascinantes da qual já ouviu falar.
Se lembra do eco da canção nas noites de festa, a lira ao fundo acompanhando a voz que recitava os versos sobre a lenda de uma jovem rebelde, insensata e má. Em exílio em uma ilha, à espreita de nobres cavalheiros que aportassem em seu cais. Embebedando cada um em seus banquetes de recepção e transformando-os em criaturas variadas para cultivar seu zoológico pessoal.
É, você a conhece muito bem. Deveria ter se tocado assim que colocou os olhos no olhar profundo e amarelado como uma águia.
— Esta é Eéia — anuncia o nome da ilha. — Tu és Circe — um sorriso ameaça crescer nos lábios da mulher —, a primeira bruxa.
Circe endireita a postura, não sabendo bem como receber esse título.
— Então é assim que me conhecem... Interessante — murmura, de queixo erguido.
— Cantam canções sobre ti, seus feitos.
— Hm, é mesmo?
— Circe dos olhos de águia. Algumas aldeias te veneram.
— Me bajular não vai fazer com que eu te solte.
Você meneia o rosto para o lado contrário, sem graça depois que suas intenções são desmascaradas. Porém, é obrigada a encará-la novamente mais quando ela te segura pelo queixo, “é minha vez de fazer as perguntas agora.”
— Qual teu nome? Da onde vens?
As suas palavras são engolidas, não emite um som em resposta sequer. E Circe espera, de bom grado, olhando no fundo dos seus olhos em busca de uma pista qualquer, mas não encontra nada.
— Além de ingrata, é muito egoísta — te diz —, como pode saber tanto sobre mim quando não sei nada sobre ti? — Sorri, soltando teu rosto. — Se não vai falar, te aconselho a beber — torna a atenção para o cálice cheio —, até que eu me decida o que fazer contigo, não quero que morra desidratada.
Se inclina, com aquele mesmo tom gozador de antes. “Sabe, é a primeira vez que isso me acontece” , ela conta, “normalmente, eu convido os marinheiros para um banquete e os amaldiçoo, eu odeio marinheiros. Mas tu não és um marinheiro como os outros... Então, pode ser que eu demore um tempo até me decidir.”
E ela não tem pressa. Os dias se somam, pela manhã as ninfas adentram o quarto para te alimentar e saem logo em seguida, silenciosas, porém risonhas. Não vê ou escuta a bruxa, como se ela nem existisse ou fosse a dona daquele palácio. O que compõe a sinfonia para os seus ouvidos é o som dos animais de pequeno porte que invadem pela janela, feito os macaquinhos e os pássaros, e o rugido dos leões. À noite, por vezes, o que julga ser uma união das vozes doces das ninfas te mantém acordada. Os gemidos prolongados, longe de choramingar por dor, mas por prazer.
Não demora a compreender que para Circe, você não tem valor algum. Com o tempo, não tem dúvidas, as servas deixaram de te trazer o cálice de kykeon com uma mistura fortificada com cevada e morrerá de fome. E se não tem valor nenhum à bruxa, talvez seja melhor mostrar para a bruxa que ela tem valor para ti.
— Diga a tua senhora que estou pronta para falar com ela — é o que orienta as ninfas numa manhã.
Circe manda organizar um pequeno festim. Você recebe uma túnica nova e um par de sandálias de couro. É banhada, vestida, o cinto lhe molda a cintura. Quando sai do quarto pela primeira vez, a decoração do lado de fora não se diferencia muito do que via no confinamento. Peças de cerâmica espatifadas pelo chão, cortinas rasgadas pelos animais, as formosas ninfas penduradas nas pilastras, olhando-te com sorrisos bobos nos lábios vermelhinhos.
Atravessa o pátio até o grande salão, sentindo-se pequena entre as feras deitadas sobre o mosaico imenso. Circe está deitada num divã, puxando as uvas do cacho e rindo. Traja uma túnica com detalhes em vermelho e dourado, unida no ombro esquerdo pelo broche de cabeça de leão. As tochas e as velas ajudam a lua a iluminar o ambiente. Ao canto, o som da lira se mistura aos demais instrumentos de sopro e o som da ninfa que cantarola com um coelho no colo.
— Ah, aí está ela! — O sorriso de Circe aumenta ao te ver. Apanha a taça na mesinha de apoio cheia de frutas e o ergue no ar, como se brindasse sozinha, antes de beber um gole.
As servas te acomodam à mesinha redonda em frente ao divã, sentada sobre as almofadas e os lençóis estirados. Um cálice te é oferecido, adoçam o vinho com mel para que a bebida forte desça mais facilmente pela garganta seca. Prova do peixe frito, controlando a própria fome para não parecer ingrata pela sopa que recebia todos os dias.
Os aperitivos parecem se multiplicar nas mesinhas espalhadas pela área coberta, chamativos. Mas você precisa manter a cabeça em foco.
— Espero que perdoe meu silêncio — faz com que a voz sobressaia de leve por cima da música, do canto em coral e do som dos passos dançados no pátio.
Circe espia brevemente na sua direção, com um sorriso pequeno.
— No teu lugar, eu também temeria.
Você leva uma unidade do cacho de uvas à boca, sentando-se aos pés do divã.
— Mas não preciso temer-te agora, preciso?
A bruxa lhe oferece mais um olhar, dessa vez com o sorriso mais largo.
— Pareço com alguém que deve temer?
É a sua vez de sorrir, desviando a atenção para o festejo que as ninfas realizam entre si.
— Não estava em meus planos atracar em tuas terras — admite a ela —, mas estou contente que assim o fiz. Tens me alimentado e por isso sou grata.
— Sou benevolente demais, é um defeito meu.
— E muito inteligente, eu suponho. Especialmente porque vai aceitar a minha oferta.
Ela aperta o cenho, não te leva a sério.
— Oh, tem uma oferta pra mim? — o tom divertido não te intimida.
— Estava certa ao duvidar de uma mulher que naufraga sozinha na tua praia — começa, em sua própria defesa. — Eu não sou filha de um pescador, ou de um comerciante qualquer. Eu naufraguei na tua ilha porque estava fugindo.
Agora, ela se interessa, “e do que estava fugindo?”
— Do meu destino — a sua resposta não é a mais precisa de todas, porém é suficiente. — Uma grande tempestade assombrava o mar naquela noite, eu, de fato, pensei que não fosse sobreviver. Mas eu rezei para que aquele não fosse meu último suspiro, e as minhas preces me trouxeram para cá, para que eu possa concluir a minha missão.
— E que tipo de missão é essa?
Você desce o olhar para o cálice em mãos. À medida que o vinha desaparece, a pintura de um guerreiro empunhando a espada surge no fundo da taça. Vingança.
— Irei subir até o topo da morada dos deuses e castigar Zeus por toda tormenta que trouxe à minha vida.
Talvez fosse a ousadia de subir o monte sem ao menos dispor de um veículo de locomoção, e possivelmente o nome sagrado dito com tamanho desprezo, Zeus, que faz Circe rir como se tivesse ouvido a piada mais bem contada no palco de uma peça.
— Quer se vingar de Zeus?! — claramente não leva seus planos a sério. — Ah, querida, não tem nem uma adaga de bolso para a viagem. Eu posso envenenar-te com esse cálice que segura e tu não conseguirias se defender. E fala de matar Zeus?! O Deus dos Deuses?
Você finaliza o vinho, para mostrar que nem a ameaça da boca pra fora dela te faz temer.
— Não tenho uma espada comigo agora, é verdade. — A olha. — Mas você me dará uma.
Circe apoia o cotovelo no descanso do divã, para chegar mais perto de ti.
— Sinto que as canções que cantaram-te eram enganosas — rebate, com a voz afiada —, pois não sou nenhum mestre da forja. Eu não crio coisas, querida, eu as transformo.
E você não se deixa intimidar.
— Não, não terá que criar nada — argumenta. — A espada que empunharei até o Olimpo será feita pelo próprio ferreiro dos deuses.
— Hefesto? — ela duvida mais uma vez. — E ele já está ciente dessa loucura?
— Ele estará, assim que chegarmos ao Submundo.
O som da risada divertida da bruxa se destaca entre a orquestra. Circe joga a cabeça para trás, manejando a taça em mãos. Recupera o fôlego sem pressa, cruelmente debruçada na comicidade para te penetrar o mínimo de juízo.
Para você, entretanto, não existe uma frase racional sequer que possa te fazer desistir do plano que elaborou meticulosamente em todos esses dias de confinamento. Enquanto as ninfas te alimentavam, tratavam as feridas superficiais que o naufrágio deixou, e os animais passeavam pela sua cama, a mente entrelaçava um percurso ousado desde de Eéia até a região da Tessália. Todas as cidades em que iria passar, com quem iria conversar e quem iria matar pelo caminho.
O riso que recebe agora é só um prelúdio para o choro incessante que despertará no panteão.
— Quando Hefesto me construir a espada, eu te entregarei o metal — você prossegue, inabalada —, e caberá a ti transformá-lo.
“Te confiarei o meu sangue, pois somente um deus pode matar outro deus”, fala, “para que abençoe a espada, e faças dela uma matadora de deuses.”
O sorriso de Circe diminui aos poucos, és uma semideusa, murmura, se familiarizando melhor com a situação que lida.
— Oh, entendo agora... — o indicador circula pela beirada da taça. — Este é um impasse familiar? Por isso quer vingança... Mas, se tratando de família, temo que devo me retirar, pois já tenho impasses desse tipo por conta própria.
Você não se dá por vencida facilmente.
— Pense em tudo que conquistará — apela. — Depois que eu matar Zeus, e eu o matarei — frisa —, quem estará sob o comando do Olimpo, uma vez que eu não disponho de nenhum interesse de poder?
— A Rainha, certamente.
— Não quando o rei dela cairá pelas minhas mãos. — Você se apruma de joelhos, mais pertinho do corpo estirado no divã. — Pode ter muito mais do que a Ilha. Uma mulher tão poderosa quanto tu não deveria estar exilada e solitária.
— Não estou sozinha.
— Eles cantam canções sobre ti, Circe. Sobre teu poder, tua grandeza. Não imagina quantas garotas por aí queriam poder gozar dos mesmos encantos que prega para se protegerem dos homens do mundo.
Apoia-se com a palma no descanso do estofado para se posicionar atrás dela. A boca ao pé do ouvido, feito uma tentação. “Poderia ser adorada como uma deusa, e responder às preces que te rogam.”
“Não tem que se contentar com os marinheiros que aportam uma vez a cada lua cheia, ou às vezes nem mesmo atracam... Não nasceste para viver nessa ilha, por mais que tenha se acostumado a chamá-la de lar. Está aqui porque te colocaram aqui. Zeus te colocou aqui.”
— Meu pai me colocou aqui — ela retruca, cuspindo cada palavra após terem tocado em sua ferida ainda aberta.
— Porque ele ouviu Zeus — você corrige mais uma vez. — Hélio teria feito diferente se não fosse pela influência daquele que chamaram de Deus dos Deuses.
— Você não conhece meu pai.
— Mas conheço Zeus.
“Eu sei do que ele é capaz”, completa. “Eu vivi a sua fúria, se eu não tenho mais uma casa para qual retornar é por sua culpa. Ele já nos causou mal demais”, aproxima-se do outro ouvido, para sussurrar: é hora de fazê-lo pagar.
Circe mantém a postura. Os olhos de águia, antes tão caçadores, agora fogem do seu olhar. Beberica do vinho em mãos, murmurando um “vou pensar com misericórdia”, tentando trazer de volta o mesmo tom gozador que já usou previamente contigo.
— Levem-na para celebrar! — orienta as servas, com aceno das mãos.
— Eu não celebro — você contradiz, em vão, pois as mãozinhas finas das ninfas te tocam os ombros e guiam para fora da área coberta.
É levada até o pátio, no centro do mosaico. Aos seus pés, o desenho que se forma com pedrinhas coloridas ilustra a cena de uma batalha sanguinária, a lâmina reluzente é erguida à mão de uma mulher. Dizem, nos cânticos, que o mosaico encantado no palácio da primeira bruxa revela aos olhos desatentos dos homens que ela embriaga o futuro que os aguarda.
Guerra, sangue, destruição. As faces assustadas e o mar de cabeças rolando não te aflige.
À sua volta os corpos belos e mal vestidos da ninfas rondam-te como presas. Cabelos extensos, passando da cintura e quase no joelho. O brilho da pele feérica cintila sob o banho da lua, somam-se ao ecoar dos instrumentos de sopro, ao tambor, e as vozes tão melosas quanto o mel que adoçou teu vinho.
Se cobrem com o véu, para valsarem ao seu rodar em sincronia. De repente, está com a visão totalmente monopolizada por elas. Aquilo que dizem sobre as ninfas, sua capacidade de hipnotizar quem quer que almejem, aqui pode provar da procedência. Talvez seja o efeito do álcool que ingeriu, é uma boa explicação senão o misticismo daquelas criaturas da floresta, quando a visão fica turva, perdendo o foco de supetão e voltando ao normal.
Sente o som dos tambores batendo no seu coração, o corpo pesar. Esquenta a pele, como se a temperatura ambiente tivesse ido às alturas em um verão mais árido que o normal. Cambaleia, perde a noção de equilíbrio. As vozes cantam no fundo do seu ouvido, parecem moldar o caminho incorreto que as suas sandálias traçam.
Olha ao redor, em busca de algo que faça sentido, e só enxerga a insanidade. Os sorrisos imorais, o mover depravado de corpo em corpo. Os rostinhos falsamente inocentes abraçados às árvores do jardim. Corpos se eriçando feito bestas, unhas pontiagudas como garras de caça. Olhos brilhando na escuridão que se guarda nos limites do refúgio infame da bruxa.
Mas um olhar se destaca entre o mar de lascividade. Grandes, profundos, amarelados. Estreitos nas pontas como uma águia.
Você pisa em falso, vai de encontro ao chão para ser recebida pelo conforto de almofadas e mantas, e descansa a nuca no pelo de um leão. O par de mãos que sobe pelas suas canelas não se importa com o limite que a sua túnica estabelece. Toque quente, queima junto à sua pele, arrepia até o último fio de cabelo. E aqueles olhos ferventes... Aqueles malditos olhos de cigana oblíqua e dissimulada. Olhos de quem percebe tudo, tudo sem dizer nada.
— Circe — chama o nome dela, segurando em seus ombros, como se evocasse um demônio. — Não me tente, bruxa.
— É isso que achas que estou fazendo? — O sorriso ladino se espalha pela boca como verme. A ponta do nariz roça na sua, respiração soprando contra o seu rosto.
Ardilosa, ela se acomoda sobre o seu colo, permite que o calor entre as pernas te aqueça o ventre por cima da fina camada de tecido que ainda lhes cobre a nudez. Os longos cabelos negros recaem para o canto, conforme se inclina, “nunca conheci nenhuma mulher além das ninfas”, ela conta, “me deixe experimentar você.”
É o feitiço em efeito, só pode ser, pois se doa sem pensar muito nas consequências. A última vez que vê o rosto dela é quando já está se aproximando no meio das suas pernas, com um sorriso libidinoso e os quadris eriçados, de quatro sobre o chão.
Encara a lua cheia no céu noturno. A imensidão vazia às bordas só não te captura a atenção porque o baixo ventre se remexe em prazer. Sente o carinho dos dedos te circulando, escorregando entre as dobrinhas conforme se molha mais e mais. O nariz se esfrega no seu monte de vênus, sensual, inebriando-se no seu cheiro antes de te provar o sabor. Quando a boca vem, você se agarra aos lençóis ao seu redor.
Pode ouvir os sons das ninfas, jura, uma orquestra erótica se fortificando ao pé do seu ouvido como se quisesse te levar à loucura. Desce as mãos pelo próprio corpo, toca os fios escorridos da moça e os toma na palma. Feito a guiasse, mantém o controle da carícia que recebe. Os olhos se fecham, um suspiro longo deixando o seu peito ao se entregar mais e mais. Desde que saiu de casa, empurrando aquele barco simples pela areia até a praia, de todos os possíveis cenários que protagonizaria em seu futuro, nenhum deles envolvia estar aqui onde está, com quem está, fazendo o que faz agora. E não é como se arrependesse, entenda.
Encontra-se à beira, quase derramando, mas não permite-se entregar ao deleite. A ergue pelos cabelos, bruta na maneira de manejá-la de volta aos teus braços. É fácil romper o broche de cabeça de leão na altura dos ombros alheios, maior ainda é a facilidade para desfazer as amarras da túnica que ela usa.
Num movimento único, a coloca sob ti, tão habilidosa com a arte de mover-se que arranca um daqueles sorrisinhos debochados que ela tem. A separa as pernas e se posiciona de modo que possam ficar bem encaixadinhas. A conexão é tão úmida, o seu desejo se misturando ao dela quando se encontram dessa forma. Deixa que a perna dela descanse no seu ombro, movendo os seus quadris contra o corpo feminino.
Circe leva a mão à sua cintura, aperta. Puxa o seu cinto, desfaz a cobertura que a túnica promove somente para poder arrastar as unhas da sua barriga às costelas. E você grunhe, ardendo não só pelo carinho arisco, mas pela ousadia de quem tecnicamente está sob seu controle.
— Má — a sua voz soa mais baixa, num murmuro como se não quisesse que ninguém além dela escutasse. — Pensei que fosse boa, esse era o seu defeito, não era?
Ela se delicia com as palavras, com o tom aveludado. Eu sou quem eu quero ser.
Amar Circe foi uma das melhores coisas que já fez, não só pela experiência nova e erótica, mas também pela conexão que se estabelece ao fazer dela sua primeira companheira. Deita ao canto dela, ao fim, quase se perde com o olhar pelo desenho do corpo nu, de lado com a cabeça sobre os lençóis macios. Os cabelos negros recaem em cascata, são jogados para trás e limpam o rosto corado, os olhos brilhantes.
Ela encolhe de leve a postura, o ombrinho tocando a bochecha.
— Eu vou contigo — diz.
Você apenas sorri, num suspiro que mistura o cansaço e o alívio.
— Mas, se me trair... — ela ameaça.
— Não vou te trair — garante. — Pareço com alguém que deves temer?
Tomam a noite para si, para o ócio. Com o nascer da manhã, porém, devem de partir. Faltam quatro dias para o fim do verão, e se querem uma passagem para o Submundo, estão com o tempo contado.
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lu-armarine · 8 months
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A . R . T
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bunnygirlpost · 1 year
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Medusa🐍
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pedacinhosdavida · 4 months
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my-liminalspace · 6 months
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Nella tradizionale mitologia greca, Chirone è il più sapiente dei Centauri, sempre pronto ad aiutare e a soccorrere il prossimo anche a rischio della propria vita. Chirone è colui che accompagna discretamente, con attenzione, con delicatezza, con forza, con capacità, con possibilità di offrirsi come punto di riferimento per chi è costretto a compiere il suo viaggio nel dolore..
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luwritescoisas · 4 months
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maremotos || percy jackson x oc
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Enredo: Onde a vida de Gwen Whitlaw enquanto está aprisionada no Acampamento Meio-Sangue parece não render muito entretenimento pela monotonia e por isso, algumas ordens vêm diretamente do Olimpo para bagunçar um pouco as coisas
Notas da Autora: Talvez um dia eu continue. Talvez. Muito provavelmente, mas não quero dizer com certeza pq VAI QUE eu num continuo. É aquele negócio: não prometa o que não tem certeza se vai cumprir. Muito que bem, segue a listinha de coisas que haverão nesse texto:
Palavrões, provavelmente
Pós-guerra de Manhattan
Descrição de sangue, mas sem gore
Percy x fem!OC
Não tá revisado a fundo, então pode haver alguns errinhos
Palavras: 2868
Créditos: @cafekitsune (divisória do meio)
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“Uma vez que você cair, não vai conseguir levantar.” Gwen podia ouvir seu treinador repetir a frase no fundo de sua memória, o zumbido impedindo que os sons reais chegassem aos ouvidos. Uma dor fina, quase excruciante, vinha de seu nariz brutalmente machucado, talvez estivesse quebrado. Outra dor foi causada por um chute em seu estômago, e Gwen até agradeceu a si mesma por não ter comido demais no jantar.
Aguentou os chutes e os golpes, mal lutando por si mesma. Ela deveria saber que seria eletrificada se tocasse em um fio desencapado. Deveria saber que a discussão sobre ser uma traidora resultaria em ser jogada no chão e chutada até que pedisse desculpas.
E eles sabiam que ela não se desculparia. Nunca.
Farta de apenas sentir dor — pelo menos era um sinal de que ela ainda estava viva —, Gwen tentou encontrar nas profundezas de sua mente qualquer golpe que pudesse dar quando deitada no chão. Um chute. Isso exigiria muito de seu abdômen, que já estava dolorido pelos golpes constantes que havia suportado, mas ela podia executá-lo. Ela já havia feito coisas mais complicadas em condições muito piores.
Ela olhou para o filho de Atena logo acima dela, seus olhos cinzentos brilhando de raiva. Gwen era capaz de trazer o pior de todos, até daqueles que eram julgados como os mais calmos. Ela era filha da raiva, tinha que manter a fama.
Rolou de costas e, com a parte de trás do pé, chutou o rapaz entre as pernas e, assim que ele se curvou, Gwen o chutou no queixo. Não foi forte o suficiente para causar ferimentos terríveis, mas o suficiente para fazê-lo tropeçar para trás e ofegar por ar.
Levantou com cuidado e quase caindo novamente, lutando para se manter em pé. Ao redor deles, uma multidão se reuniu, com outros meio-sangues curiosos observando a luta. Isso lembrou da época em que ela lutava em brigas ilegais. Eles tinham o mesmo olhar sedento de sangue nos olhos.
Gwen cuspiu sangue no chão, olhando para o garoto à sua frente. Podia ver arrependimento nos olhos do rapaz; Gwen era assustadora quando decidia fazer algo fora daquelas situações. Com seu sangue vermelho-escuro manchando sua pele de porcelana e parecendo refletir em seus olhos, ela era a própria personificação da raiva.
No entanto, o filho de Atena não chegou a ver a verdadeira Gwen, pois Quíron apareceu rapidamente seguido por uma equipe de filhos de Apolo para resgatar o pobre filho de Atena. O diretor de atividades olhou diretamente para ela, tentando decidir o que havia acontecido, mas Gwen desviou o olhar dele, limpando o sangue que escorria de seu queixo. Sabia que seria sua culpa, de qualquer maneira.
Enquanto Quíron tentava acalmar o filho da deusa sábia (que aparentemente se chamava Thomas), um garoto do chalé 7 se aproximou dela timidamente, ou com medo, perguntando fracamente se ela precisava de alguma coisa. Gwen olhou para ele, seus olhos se encontraram em um choque térmico, e ela pôde ver que ele tremeu um pouco, mesmo que ela não quisesse assustá-lo. Assentiu com a cabeça, cuspindo um pouco de sangue no chão.
— Apenas néctar. Para o nariz. — Ele entreabriu os lábios, mas não perguntou se ela precisava de alguma outra ajuda, Gwen sabia que seu estado mental debilitado estava claro no modo com que olhava para ele, mas rejeitaria toda oferta de ajuda. E ele parecia saber disso.
O garoto de cabelos encaracolados moveu as mãos para a bolsa presa em torno de sua coxa e rapidamente pegou um pequeno frasco de néctar, o entregando a ela. Gwen tentou sorrir, sem saber se isso seria pior para sua imagem ou não. Ela poderia ser mal-humorada e odiar todos naquele maldito acampamento, mas o garoto estava apenas tentando ajudá-la.
Apenas tentando.
— Obrigada. — agradeceu baixinho, como se o fato de ser educada fosse um segredo a ser mantido apenas entre eles. O meio-sangue acenou com a cabeça, conseguindo dizer “de nada” enquanto corriam em direção ao resto dos paramédicos de Apolo.
Bebeu o líquido doce que tinha o gosto parecido com o capuccino que Silena fazia e se afastou antes que Quíron pudesse pedir para falar com ela. O néctar queimava de uma forma boa dentro dela, consertava o que estava quebrado (seu nariz) e diminuía as dores em seu abdômen. Depois de alguns segundos, não estava mais mancando e a dor era apenas um pequeno incômodo em segundo plano.
No dia seguinte seu corpo estaria moído e cheio de hematomas, mas isso era um problema para sua versão do futuro.
O sol lentamente se afundava no horizonte, dando lugar à lua. Gwen caminhava pela trilha na floresta, pulando raízes e galhos baixos. A floresta se fechava sobre ela conforme caminhava em direção ao seu pequeno chalé no lado norte da floresta.
Gwen não fez muita coisa ao chegar em seu chalé. Limpou o sangue e puxou um engradado de Coca-Cola da minigeladeira ao lado da pia e do armário de mantimentos que era definitivamente contra as regras, mas ela não se importava com isso. Fazia o máximo para não ter que conviver com os outros semideuses. Puxou um discman de dentro da caixa que escondia embaixo de algumas tábuas soltas do assoalho embaixo de sua cama, e saiu.
Era uma rotina, na verdade. Gwen caminhava até a margem da praia cheia de cascalhos e rochedos, sentando-se em uma das pedras para poder aproveitar um pouco da monotonia de sua solidão. Enfiava os fones nos ouvidos e deixava a música guiar suas emoções. Se estivesse fumando, certamente seria algo tipo Born to Die da Lana Del Rey.
O vento afastava seus cabelos dos ombros, dançando com a brisa salgada, o frio noturno começava a atingir seus braços. Às vezes, se ela estivesse com cortes abertos, doía e ardia. Mas naquele momento havia certo tipo de alívio no modo com que o ar frio esfriava sua cabeça quente.
Gwen ainda precisava aprender a manejar sua raiva.
Ouviu passos atrás de si quando Born to Die havia terminado de tocar e agora começava uma das músicas melancólicas de Taylor Swift. Estava ali há alguns minutos, algumas músicas, provavelmente a uma hora de distância dos acontecimentos sangrentos. Talvez fosse alguém procurando por ela.
— Quando os deuses me disseram que a filha da ira estava vindo morar conosco como uma punição, eu sabia o que isso significava.
A voz de Quíron agitou o ar, chegando aos ouvidos de Gwen com facilidade. Ela moveu a cabeça, olhando para o centauro que se aproximava, movendo-se cautelosamente entre os cascalhos e pedras. Imaginava que ele não conseguiria se aproximar muito dela, mas ele se aproximou o suficiente, não olhando para o rosto machucado de Gwen. Os olhos estavam distantes, seguindo o modo com que o céu noturno dominava as cores claras e quentes do dia longo de verão.
— Eu sabia que você seria um problema, principalmente devido sua participação incisiva na guerra. — Quíron suspirou e dessa vez moveu os olhos escuros para o rosto de Gwen. Ele tinha certo nível de compaixão, como se a visse como uma jovem perdida e quebrada, não como a garota problemática que a maioria das pessoas via. — Para ser justo, estou bastante surpreso que essa seja apenas sua terceira luta em cinco meses.
— Acredito que eu esteja cansada de discutir com imbecis. — ironizou, olhando de volta para o mar e apoiando o braço em seu joelho. — Da última vez que eu fiz isso, quase fui enviada ao Tártaro pelo todo-poderoso rei dos deuses. E é como o ditado diz: quem discute com tolos, dá bom dia a cavalos.
Gwen pensou ter ouvido Quíron rir baixinho, mas não tinha certeza, já que o trovão que ecoou nos céus abafou o som. Zeus não era muito fã das ironias de Gwen.
— Fiquei surpreso quando você bateu os cinco meses aqui e o acampamento ainda estava de pé. — Ela olhou de volta para ele, levantando uma sobrancelha com um sorriso de lado.
— É mesmo? — O centauro assentiu com a cabeça. — Bem, se quiser, posso fazer um inferno nesse acampamento para que sinta que suas expectativas estão sendo atendidas.
Quíron riu e, dessa vez, ficou claro que ele estava rindo mesmo. Balançou a cabeça, levantando as mãos como uma forma de dizer “não, obrigado.” Gwen torceu o nariz, uma pena.
— Já temos problemas demais, não precisamos de mais um.
A pausa que se seguiu foi mais confortável do que outras. Gwen notou que até não o odiava tanto. Os olhos da jovem caíram para as próprias mãos machucadas e para a calça jeans suja, bebendo um gole do refrigerante.
— Sabe por que os deuses mandaram você pra cá?
Gwen pensou sobre isso. Era claramente uma punição e em seu julgamento, a sentença foi escolhida por Atena. O dedo indicador bateu contra a lata de alumínio, se estava ali era porque o acampamento era a melhor punição. Mas pelo tom de Quíron, o motivo era outro.
— Para me deixar infeliz? — Gwen ergueu os olhos para Quíron, que prontamente balançou a cabeça em negativa.
— Para servir como reabilitação. Eles sabem que uma criança de Lissa é perigosa se deixada sem monitoramento. — Gwen revirou os olhos, zombando da situação com uma risada entrecortada antes de beber um gole de refrigerante novamente. — Eles têm pedido relatórios sobre seu comportamento e semana passada recebemos um pedido vindo de Afrodite.
Sua voz sumiu, como se o pedido da deusa da beleza fosse algo controverso demais. Ela olhou para ele, questionando-o sobre o pedido com uma de suas sobrancelhas erguidas. Conseguia o ver escolhendo suas próximas palavras, entreabriu os lábios algumas vezes, cancelando suas palavras antes mesmo que elas fossem ditas. Até que finalmente, ele falou algo.
— Afrodite se mostrou compadecida de sua situação, mais do que ela se mostrou para outros semideuses. — Gwen sentiu vontade de ironizar sobre aquilo, mas ficou calada.
Conseguir a pena de um olimpiano e ter seu apoio era algo grande e que geralmente sempre via com um porém. E para além disso, caso rolasse alguma outra coisa entre ela e os olimpianos, ela podia fazer um apelo. Um apelo de uma deusa tão antiga não passaria abatido. Gwen se questionava por que Afrodite escolheu logo ela, mas ficou calada sobre isso também. Era melhor não fazer muitas perguntas, ou poderia perder tamanha oportunidade.
— E o que ela quer?
— Fazê-la participar de atividades no acampamento para melhorar seu comportamento com os outros. — Gwen franziu a testa e o olhou com uma interrogação flutuando acima de sua cabeça. Ah, sim. A pior das torturas, pensou. — Como uma reabilitação.
Gwen revirou os olhos mais uma vez, mas desta vez foi com tanta força que tinha certeza que viu a cor de seu cérebro. O silêncio era pesado, incômodo. Pensava se tinha algum truque, se Afrodite queria algo em troca.
Quando a esmola é muita, o santo sempre desconfia.
— Se você engajar em três atividades, eu a deixarei sair do acampamento sobre supervisão. — Gwen franziu a testa, olhando de volta para Quíron. — Vou deixar você escolher as atividades.
— Acho que eu não tenho muita escolha, né?
— Isso é o melhor que eu posso fazer para tornar o acampamento menos doloroso para você.
Houve um momento de silêncio. Gwen olhava para o rosto do centauro para ter certeza de que ele estava falando sério. Quíron se mostrava compassivo e compreensivo de tamanha desconfiança, Gwen se perguntou se ele sempre foi assim com todos os campistas. O pensamento a deixou com um gosto amargo na boca; finalmente assentiu, desviando o olhar. Não parecia fazer um pacto com o demônio, mas sim uma aliança para mantê-la viva.
— Posso contar com você mesmo, não é? — Gwen concordou em silêncio, levantando-se da rocha em que estava sentada. O sol já havia caído no horizonte e estava ficando tarde, era melhor que fosse logo para seu chalé.
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Ir ao refeitório era um inferno. Era o único momento que Gwen realmente se sentia desconfortável com todos os olhares, como se de repente estivesse vulnerável ao ódio alheio. Parecia que estava de volta aos seus 13 anos, buscando um lugar para se sentar e sentindo que todas as pessoas murmuravam sobre ela. Mesmo assim, manteve o rosto fechado conforme sentava-se na pequena mesa de madeira improvisada que foi colocada para ela de última hora.
Sua mesa não tinha número. Em sua frente apareceu o prato de café da manhã completo e após o pequeno sinal ser tocado indicando a vez dos filhos de Ares, caminhou até a pira. Ficou atrás dos novos semideuses reclamados, duas meninas de cabelos escuros e feições tão parecidas que Gwen teve quase a certeza de que elas eram irmãs de sangue mortal, também. Elas estavam de olhos arregalados, não parecendo saber o que estava acontecendo, mas logo entenderam que era para atirar alguns pedaços e murmurar o nome do pai, Ares.
Gwen conteve o sorriso, lembrava-se de quando tinha oito anos e chegou no acampamento, sem saber de quem era sua família, sem nem saber quem ela era. Aqueles momentos de ir até a pira eram sempre terríveis, acostumou-se a murmurar o nome de Hermes, já que não fora reclamada até trair os deuses. Sua reclamação foi… Chata. Lissa,sua mãe, apenas deu um jeito de aparecer no esconderijo dos traidores para dizer um simples “você é minha filha” e sumir logo depois. Foi desse jeito com a maioria dos outros semideuses menores, seus pais apareciam em sonhos ou faziam breves visitas. Nada oficial, nada grandioso. Sem símbolos, transformações e pessoas se ajoelhando perante você.
Esticou-se para atirar alguns pedaços de suas torradas e do ovo com bacon, dizendo o nome da mãe. A chama dançou um pouco mais alta com tal oferenda, raivosa como costumava ficar. Retornou para a mesa em silêncio, imersa demais em seus próprios pensamentos confusos. No cálice dourado apareceu o líquido amargo que tanto gostava: café. Bebeu alguns goles, comendo cabisbaixa.
Durante o café da manhã, Gwen tinha o costume de ler algo. Possuía um baú de livros que Quíron conseguira com os filhos de Atena, sem dizer-lhes que era para ela. Devorava os livros com voracidade, era até surpreendente a rapidez que tinha. Porém estava demorando para ler O Conde de Monte Cristo, lembrava-se de Luke a cada página que virava. Sua garganta fechava e desistia de ler as próximas páginas ao temer a saudade que viria.
Ler era uma das poucas coisas que fazia sua mente ficar em silêncio por um momento. Era raro encontrar algo que pudesse fazer com que o caos do deficit sumir. Podia ler por horas a finco, não se importando com as dores nas costas ou com o tempo que passava. Principalmente ali, ela não tinha muita coisa a ser feita.
Quando levantou a cabeça, o pavilhão estava vazio e o café que restava pela metade estava frio. Torceu o nariz, fechando o livro justamente quando o conde estava para fugir da prisão; arrumou as coisas e levantou-se da mesa, caminhando em direção à Casa Grande.
Desde que construíram um prédio para a enfermaria, tirando-a da “diretoria” do acampamento, a Casa Grande ficou menos movimentada. Os pilares gregos sempre reluziam embaixo da luz do sol, segurando piras de fogo grego cujas chamas verdes dançavam suavemente no ar. Quando era mais nova, Gwen costumava frequentar muito a ala Leste, onde ficava a antiga enfermaria. Agora, parecia que ia frequentar mais a ala oeste, onde ficava o escritório de Quíron e do Sr. D. (que provavelmente nunca tocou no escritório, mas enchia o peito para dizer que era dele também).
Os diretores do acampamento estavam na sala, Quíron em sua forma real de braços cruzados e Dionísio sentado no sofá, segurando uma lata de Coca-Cola diet, a medindo com os olhos conforme Gwen entrava no local. Quíron iniciou a conversa, mas foi brutalmente interrompido por um Dionísio com cara de poucos amigos dizendo um amargo comentário sobre como era surpreendente que ela estivesse cooperando de uma forma tão pacífica.
— Achei que sua mãe era a deusa da fúria desenfreada. — Gwen arqueou uma sobrancelha, medindo o pequeno deus sentado no sofá de camurça.
— Vai querer que eu me prove um inferno pra você? Sua punição enviada por Zeus não é suficiente? — Sr. D. ainda abriu a boca para falar algo e suas sobrancelhas ficaram franzidas em raiva, mas Quíron rapidamente interveio e mudou de assunto, falando sobre as possíveis atividades que ela poderia participar.
Ela tinha uma boa ideia de atividades para participar. Trabalharia na forja, já que possuía o dom hereditário de seu pai, que era filho de Hefesto. Poderia ir para o treino de pégasos, foi algo que fizera durante muito tempo quando estava...
Gwen não terminou o pensamento. Um nó se apertou em suas garganta e ela buscou uma terceira atividade para ocupar o lugar da frase inacabada.
— Você poderia auxiliar os filhos de Hermes em Técnicas de Ataques a Monstros — sugeriu Quíron. Enquanto pensava em uma resposta, ouviu o bater suave na porta logo atrás deles. Gwen moveu sua cabeça, os olhos se arregalando suavemente, fixando sua atenção no rapaz ao pé da porta. Ela podia ouvir o sorriso na voz de Dionísio quando bradou:
— Peter Johnson! Apenas a pessoa que estava faltando para nossa festa!
Gwen olhou para Quíron, questionando-o com os olhos ardentes e o centauro deu de ombros, parecendo não se incomodar com a fúria crescente nos olhos avermelhados da garota.
— Ordem dos deuses.
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portalurania · 4 months
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Sphinxes by Leonor Fini. All of them have been auctioned .
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Esfinges de Leonor Fini. Todas os desenhos/quadros participaram de leilões.
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hamoi · 1 year
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保留中のアクション
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victoria10 · 12 days
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A drawing I made of the goddess Nyx in 2023.
✨🌑
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babygatinhalove-blog · 7 months
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Day7- drip
God Dionísio
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lidia-vasconcelos · 9 days
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SOBRE ALMAS GÊMEAS
E AMORES DE VERDADE...
Durante a reflexãozinha da 1ª aula, falando sobre o AMOR de Deus e do AMOR de forma geral, uma aluna do 8º ano certa vez me perguntou:
- Professora, você acredita que existe “alma gêmea”?
Com muito cuidado, para não macular seus horizontes juvenis, contei-lhe sobre o mito do “ser andrógino” esboçado na Mitologia Grega, que deu origem a essa história de alma gêmea, depois concluí:
- Seria muito injusto, no meio de tanta gente, existir apenas uma que fosse capaz de nos fazer felizes, não é? Acredito que Deus, em Sua infinita sabedoria e bondade, amplia essas possibilidades a cada dia, a gente só precisa aguçar os sentidos e o coração para enxergá-las.
Só que a aluna insistiu:
- E como é que a gente sabe se é amor de verdade, professora?
Pronto. Agora deu. Eu levaria a aula inteira explicando e ainda assim não conseguiria responder tal pergunta, mas a garota e todos os outros alunos pareciam ávidos pelo argumento e me olhavam atentos, esperando a resposta.
Fiz mentalmente uma prece, respirei fundo e falei:
- São muitos os fatores que nos levam a perceber se é amor de verdade. Um deles é quando a simples presença da pessoa amada, independentemente de podermos tocá-la ou não, já nos deixa felizes. Querer que essa pessoa seja feliz, mesmo que não seja com a gente, também é sinal de amor verdadeiro.
- Ah, professora! Como assim: quem eu amo ser feliz com outra pessoa? Assim não compensa...
- Eu sei, é o que parece mesmo. Mas o AMOR genuíno é assim: não vive mensurando o que compensa e o que não compensa, o que pode ganhar ou o que pode perder. Quando a gente ama, quer ver o BEM do outro, ainda que esse BEM não parta da gente.
Todos ficaram calados, pensando.
E eu tratei logo de concluir o assunto de PRÓCLISE, ÊNCLISE e MESÓCLISE cujos conceitos são bem mais fáceis de explicar do que essas paradinhas de amor!
Lídia Vasconcelos
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theshiki · 23 days
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Ya hay nuevo capítulo del arco de Hércules en el santuario.
Amor yaoi: https://www.amor-yaoi.com/fanfic/viewstory.php?sid=209469...
Ao3: https://archiveofourown.org/.../51167671/chapters/129286117
Fanfiction: https://www.fanfiction.net/.../1/El-estafador-de-dioses
Me he visto muchas películas sobre Hércules o que lo mencionan y siempre hablan de él como un héroe de buen corazón como si fuera un superman. Y siento que dejan muy de lado la parte oscura de su historia. Leí todo lo posible acerca de su historia ya que tiene tantos mitos y tantas versiones de estos.
Lo norteño es pasable porque son griegos. Le dio a varios familiares suyos especialmente sobrinos como Yolao o el hijo de Hermes, pero hay otras cosas que siento de su historia <la parte no heroica> que son omitidas.
Por culpa de la maldición de Hera, le quitó la vida a sus hijos y hay algunos incidentes posteriores que se le atribuyeron a la locura causada por la maldición, pero yo no creo que todo fuera culpa de Hera ya que desde joven Hércules tenía problemas de ira. En un momento de enojó le quitó la vida a su maestro de música, Lino.
Hay versiones donde Megara fue forzada por él y luego se convirtió en su esposa. Además de que Hércules no sabe aceptar un "no". En el relato de las 50 princesas se dice que Hércules logró yacer con 49 de ellas, pero la última se negó y fue maldecida por Hércules. Al rey Eurito lo desvivio por negarse a entregarle la mano de su hija. También en medio de una discusión con Ifito a causa de unas yeguas robadas lo terminó arrojando de lo alto de una muralla terminando con su vida.
Por estas cosas en mi fic me enfoco en todos esos mitos que rara vez oigo mencionados
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negreabsolut · 2 months
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Dibuix que reconstrueix una part del fris de la Gigantomàquia de l'Altar de Zeus a Pèrgam, concretament l'escena de la dea Ceto contra els Gegants. Ceto era filla de Pont (déu de la mar) i de Gea (deessa de la Terra), i és una de les deïtats gregues més antigues. Amb son germà Forcis va tenir diversos descendents monstruosos: les Grees (les Velles), les Gorgones (tres monstres marins), les Hespèrides (nimfes del vespre i la seva llum daurada i crepuscular), i el drac Ladó, que guardava el Jardí de les Hespèrides. Aquí és interessant de fer notar que els Gegants sovint són representats amb cua draconiana i ales d'ocell; fet, aquest darrer, que recorda la representació típica dels àngels en l'art cristià.
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earthgravity · 4 months
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Aureate
Capa
Antiga versão / nova versão
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persephone as Mina Ashido
Aureate
Quando Kirishima admirou a bela dama, teve certeza que ela seria o amor de sua vida. Sentiu algo no seu âmago, um desejo inexplicável, de tomá-la em seus braços. O deus do submundo nunca tinha sentido algo do tipo, afinal, que sentimento era aquele? Mal sabia ele que essa sensação nada mais era do que uma flecha de Eros e que essa decisão geraria uma catástrofe. O deus da morte “raptou” a deusa da vida.
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dysany · 2 years
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I'm always surprised by the idea of ​​orion being in love with artemis because I've always seen them as best friends LMAO
Orion would be something of an exception, the only male allowed among artemis hunters because he is 10000% strict Acearo and doesn't possess a single grain of romantic or sexual attraction. Artemis is his asexual lesbian best friend
Apollo jealous of artemis having a new best friend while Orion puts up with his lady's gay panic is so much better than romance
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