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#metralhadora
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proxdragon · 6 months
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Is it weird that my laugh was compared to a machine gun?
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bluebookstorelady · 1 year
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"Existe alguém em São Francisco que pode nos ajudar. Tenho o endereço , em algum lugar"
"Quem?" perguntei
Thalia tirou um pedaço amassado de folha de caderno e o estendeu
"Professor Chase. O pai de Annabeth."
pg.250
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moonlezn · 3 days
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hable do big boy from america the one and the only johnny suh
a grande nina por aquiii, q honra 😭💗✨
johnny x leitora; sonequinha
aos prantos, você desabafa sobre o estresse da rotina numa roda íntima de amigos. não dizendo que o vinho tira seu filtro, mas...
— sabe do que você precisa? — a voz suave de johnny segue a sua após a metralhadora de reclamações.
— johnny. — em tom de aviso diz joohyun.
— não, calma. tô falando sério.
ele é conhecido por pegar pesado nas piadinhas, mas hoje não era o caso.
— do quê? — pergunta, curiosa.
— de uma boa e velha soneca.
você ri da sugestão, achando que era mais uma zoeirinha de johnny suh. no entanto, ele se levanta e estende a mão na sua direção.
— que isso? — você indaga com surpresa no rosto.
mirando a melhor amiga, joo apenas esconde um risinho debochado. os outros fingem que a cena nem está acontecendo.
— vou te levar pra cama, ué.
— QUÊ? — sem perceber já estava de mão entrelaçada com johnny, caminhando até um dos quartos da casa de praia que alugaram.
— pra tirar um cochilo. mente poluída. — ele murmura a última frase alto o suficiente para que você ouvisse.
quando entram no quarto, sua ficha finalmente cai.
— eu não sou uma criança pra me colocarem pra dormir.
— quem disse que eu vou te ninar? eu quero é alguém pra abraçar, esse cochilo é mais pra mim do que pra você. — johnny afirma sabendo que é uma leve distorção da verdade, ele queria mesmo tirar um cochilo abraçadinho, mas você também precisava de um descanso.
ele se deita, arrumando o travesseiro e a colcha, dando um tapinha no espaço reservado para você.
— só porque eu realmente preciso. — descruzando os braços e por fim cedendo, você se aninha no corpo de johnny.
desnecessário dizer que a primeira vez ficou bem longe de ser a última.
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necatormundi · 6 months
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The first article is from 2017 but its worth pointing out again how israel's export of security reflects on state violence of oppressed groups elsewhere, in this case with police brutality and antiblackness in Brazil
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rebuiltproject · 5 months
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Sandiamon
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Nível Adulto / Seijukuki / Champion  Atributo Dados  Tipo Planta  Campo Tropa da Selva (JT) / Guardiões do Vento (WG)  Significado do Nome Sandía, Melancia em Espanhol. 
Descrição 
Movido por seu intenso amor pela natureza, Sandiamon é um Digimon pacífico que ficou famoso por ser um ótimo agricultor, cuidando do plantio e colheita de grandes campos com todo tipo de comida, principalmente frutas. Para ele é um prazer poder compartilhar aquilo que produziu com outros Digimons, ainda mais que o enchem de elogios pelo bom trabalho e qualidade das hortaliças. 
Sandiamon também é o único capaz de produzir as sementes de uma fruta chamada Melancia Rosé, muito usada na hidratação de Digimons depois do treino. Ele as expele de sua barriga e irriga com um jato de suco que também se origina de seus dados, por isso só é possível encontrar essas frutas onde esses Digimons vivem. 
Seu corpo robusto é revestido por uma pele muito grossa, que, apesar da aparência frágil, é notavelmente resistente contra vários tipos de golpes, até mesmo os perfurantes. Contudo, o fato de não possuir essa armadura natural em todo seu corpo, principalmente na barriga, obrigou-o a desenvolver muita agilidade e aptidão para corrida a fim de evitar que oponentes usem essa fraqueza contra ele. 
Técnicas 
Vinha Chicote (Vine Whip) Estica sua cauda e chicoteia o adversário. 
Disparador de Sementes (Seed Gatling) Enche sua boca de sementes e as atira, como se fosse uma metralhadora. 
Porcalhota (Boarumble) Se impulsiona, girando seu corpo verticalmente, e começa a rolar em direção ao oponente para atingi-lo com uma investida violenta. 
Granada de Frutas (Fruit Grenade) Concentra uma grande quantidade do suco que ele produz em uma grande esfera e a dispara contra o inimigo. Quando o atinge, causa uma pane nos sentidos, além da pressão da esfera jogá-lo longe. 
Informações Adicionais 
Melancia Rosé 
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Uma fruta especial que é produzida unicamente por Sandiamon. Suas sementes emergem da barriga deste Digimon, então são expelidas para a terra e irrigadas com um suco também criado por ele, tendo um ciclo de crescimento de 10 dias. Assim que adquirem uma cor rosácea e uma tampa surge em seu exterior, elas finalmente estão prontas para o consumo. 
De dentro delas sai um suco doce e muito nutritivo que é ótimo para a alimentações de recém-nascidos e também é usado por Digimons depois do treino, garantindo boa hidratação e recuperação da energia. 
Linha Evolutiva 
Pré-Evoluções  Solanumon 
Artista Jonas Carlota  Digidex Empírea 
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natydrii · 1 year
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QSMP Q!Pac x Reader/Leitor/Lector Girl. Calmaria
Fora do tópico - guapoduo canon e aconteceu de uma forma inesperada, Cellbit bela adormecida e Roier um cavaleiro sem cavalo branco. Só vitória, só vitória.
Quantidade de palavras: 694
- Eu fiz isso, eu pensei que você pudesse gostar. – O homem de cabelos negros e olhar tímido falou esfregando incansavelmente a cabeça, sentindo-se nervoso, referindo-se a uma construção de um jardim cheio de flores com cores fortes, um banco de madeira feito á mão situado debaixo de uma sombra de uma imensa árvore que ali havia, de frente ao banco um pequeno lago com alguns pequenos peixes estavam presentes.
Fazia 1 mês apenas desde que chegaram na ilha Quesadilha mas parecia que se conheciam durante anos. Pac foi o homem que você mais conversou e passou tempo, se apaixonando pelo o seu jeito logo de cara, meio nervoso/inquieto e adorável.
- Você tá bem? – Os olhos escuros de Pac rodopiavam sua pessoa e o espaço no qual ele tinha construído “Ah, não, eu esqueci alguma coisa? Ela não gosta de flores? E se ela for alérgica? Será que eu estraguei nosso momento?” Culpar-se mentalmente era um dos defeitos de Pac, suas mãos não relaxavam puxando a jaqueta azul na qual sempre usa, seus olhos encaravam o chão gramado.
Ficar admirando em silêncio aquele pequeno espaço sagrado feito pelo o seu amado fez você ficar sem voz, você se sentia imensamente feliz,  no entanto na visão de Pac você estava apenas fixa no lugar, reparando, notando os mínimos detalhes, ele estava aflito.
- Eu errei na escolha de flores? – O Homem indagou depois de um tempo, você desvia sua atenção para o homem ao seu lado, seus lábios podiam ser vistos, pouco trêmulos, você sabia o que estava acontecendo e você sabia bem o que fazer.
Puxou as mãos frias de Pac em sua direção, o homem se deixou levar, o arrepio do toque repentino que Pac sentiu foi prazeroso e como recompensa pelo o esforço dele você sela seus lábios puxando Pac mais para si, segurando em sua cintura e puxando a nuca durante o beijo para intensificar enquanto acaricia seus cabelos negros, Pac adora toque físico, então apenas o faça.
- Você acertou em tudo, mi amor. – Você talvez tenha pegado o mesmo costume de um certo alguém da ilha, cof, cof, Roier, de chamar o outro assim.
Anestesiado de felicidade, ele não pôde conter os risos tímidos em sua direção, suas mãos que antes não se continham, agora estavam posicionadas em sua cintura assegurando que você não saísse dali tão, se o homem tivesse cauda ele estaria abanando nesse exato momento como um cachorrinho.
- Vem comigo, vem comigo! – Animadamente ele te puxa para sentar no banco de madeira e você não mede esforços e se e deixa guiar por ele. – Eu tô pensando em costurar algumas almofadas para ficar mais confortável. – Antes de você falar qualquer coisa, ele apenas continua. – Eu sei, vou ter que aprender a costurar e tal, mas também não tem problema se eu costurar meio torto né? – E novamente, ele não espera uma resposta. – Afinal tudo tem sua primeira vez né?
Você já tinha notado que ele é bastante falante, desde o inicio ele nunca hesitou de conversar com todos e exclusivamente com você, depois que ele começa ele não para. Se tornando uma metralhadora de palavras.
- Você certamente é alguém que eu devo amar. – Você conclui por fim
O dia estava quente e poderia até mesmo ser desagradável se não fosse pelo o fato de ambos estarem em baixo da grande árvore algo que foi conveniente quando decidiram se instalar naquele local.
Dando as mãos decidiram aproveitar o momento de paz até porque dias atrás tinham descoberto sobre a traição de Cellbit e a ira de Forever contra seu antigo amigo, iriam perder Richarlysson para Cellbit? Isso ainda não tinha como saber, certamente o desaparecimento de um deles deixaram todos desconcertados, nada que um momento como esse seja apreciado.
Você sabia, aquele lugar foi projetado não por um acaso e nem por tédio, ele estava sofrendo assim como todos os outros e na tentativa de se sentir leve construiu aquele espaço, o espaço que almejava desde que...desde que estava na prisão, sim, ele sempre quis alcançar onde sua vista nunca lhe permitiu, Pac era assim, um homem sonhador, aqueles olhos negros que brilham intensamente.
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Fidel Castro em prática de tiro testando uma metralhadora. Autor desconhecido, restauração por Cubadebate.
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abacaxau · 16 days
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Ekko: Jinx, não agita muito o nosso filho que ele vai dormir daqui a pouco, ok?
Jinx *segurando a criança que nem uma arma*: Você agora é minha nova metralhadora! PEW PEW PEW PEW PEW
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arquivosmagnusbr · 11 months
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MAG053 — Cruzador
Caso #9970509: Sargento Walter Heller gravando, a respeito de uma descoberta feita perto de Alexandria durante a Operação Cruzador em novembro de 1941.
Ouvir em: Spotify | Youtube
Aviso de conteúdo: guerra, horror corporal, escopofobia
Tradução: Lia
GERTRUDE
Você se recuperou bem?
WALTER
Sim, eu acho. Bem o suficiente pra contar minha história, pelo menos.
Gertrude: Ah, ótimo.
Sargento Walter Heller gravando, a respeito de uma descoberta feita perto de Alexandria durante a Operação Cruzador em novembro de 1941. Data de gravação: 5 de setembro de 1997.
Quando estiver pronto.
Walter: Certo. Por onde você quer que eu comece?
Gertrude: Bom, você disse que estava servindo no norte da África quando aconteceu?
Walter: Sim, eu estava com os Hussardos Reais de Gloucester. Originalmente, nós nem deveríamos estar na Líbia, mas quando a resistência contra o Rommel começou, toda a brigada foi realocada. Nós íamos ajudar na Operação Cruzador. Bom, por mim estava tudo bem, meu irmão Frances tinha morrido em Arras quando os alemães avançaram no ano anterior. O Rommel também estava no comando lá, e eu o odiava por isso. Eu sabia que nunca conseguiria fazer nada a respeito, mas sempre carregava uma foto antiga dele que eu tinha recortado do jornal e fazia questão de mantê-la na minha mochila para que eu o reconhecesse se algum dia o visse novamente, só por precaução.
Bem, éramos quatro na tripulação do tanque: Frank Malloy estava no comando, Ralph McCulloch era o motorista e tínhamos um carregador chamado Dicky. Infelizmente não lembro o sobrenome dele; ele não ficou muito tempo com a gente. Eu era o atirador. Eu sempre tive bons olhos, sabe, e você realmente precisa disso com a arma. É tranquilo pro Frank apontar pra um pontinho no horizonte e nos dar a ordem de atirar, mas sou eu quem precisa mirar o tiro a quase um quilômetro de distância e explodir um tanque nazista antes que eles conseguissem fazer o mesmo com a gente.
Eu era muito bom nisso, e consegui acertar três tanques M13/40 quando a luta começou. Eu ia gostar de ter uma chance de acertar um Panzer, mas foram os italianos que nos alcançaram em Bir el Gubi, então eu nunca tive a chance. Talvez tenha sido melhor assim, pelo que sabíamos os alemães tinham muito mais treinamento, então talvez tivesse sido ainda pior pra nós. Mas eu ainda odiava ter que perder tempo com os italianos quando eu sabia que o Rommel e os Panzers dele estavam por aí, em algum lugar no deserto.
 Pra ser sincero, estava tudo uma bagunça naquela batalha. Nosso apoio aéreo deveria ter bombardeado os aeródromos deles, mas o clima os manteve aterrados, então fomos perseguidos por aviões alemães o tempo todo. Os italianos, como já esperado, aprenderam alguns truques com o Rommel e reforçaram seus tanques com infantaria mais pesada, enquanto nós ficamos quase inteiramente sozinhos.
O Frank pegava a metralhadora quando conseguia imobilizá-los, mas já era difícil o suficiente manter os olhos nos tanques inimigos sem ter que nos preocupar constantemente com um Panzerfaust aparecendo do nada. Nós ainda estávamos no Cruzador Mk 1 naquela época, então tínhamos a velocidade para nos manter à frente deles, mas eu era basicamente inútil enquanto estávamos em movimento. Sempre que ficávamos parados por tempo suficiente pra eu conseguir mirar em um tanque italiano, acabávamos sendo um alvo fácil pra infantaria deles. Num geral, acho que conseguir derrubar três deles foi um resultado muito bom.
Estava quente naquele dia, sabe? Eu não ia pro deserto há mais de duas semanas e o calor absurdo do lugar ainda era um choque. Eu sou de Cheltenham, sabe? Então não sou muito acostumado com o sol escaldante de um deserto líbio. E um Cruzador... bom, apesar de todas as suas vantagens, ele não era muito bom no quesito ventilação, então estávamos passando muito tempo presos no que era basicamente um forno ambulante. Mesmo assim eu conseguia aguentar, mas quando a luta começou e as armas começaram a disparar, bom... ela só pesava um quilo, mas ainda assim o calor era quase insuportável.
Já tinha se passado mais ou menos duas horas da batalha quando aconteceu. Agora a arma estava tão quente que eu não conseguia tocá-la, e eu tinha que limpar o suor dos meus olhos de minuto em minuto. O deserto inteiro parecia aumentar e estremecer sob aquela onda de calor, mas ouvi claramente o Frank dar uma ordem para atirar em um tanque ao leste.
Ralph parou o Cruzador e eu ouvi o coitado do Dicky gritando atrás de mim que estávamos prontos para atirar, reclamando o tempo todo sobre seus dedos queimados. Eu podia ver a forma escura de uma arma italiana à distância e estava tentando acertar o ângulo, mas minha visão estava tão nublada pelo calor intenso que era difícil focar meus binóculos do jeito certo.
Foi aí que eu vi: um clarão de luz, um brilho cintilante do sol vindo do tanque inimigo. No fundo, eu sabia o que era: o sol refletindo nos binóculos deles que estavam apontados para nós, mas minha cabeça estava tão confusa que parecia que eles estavam piscando pra mim. Tentei dizer algo pro resto da tripulação, mas minha boca estava tão seca que tudo o que saiu foi um grasnido fraco. Foi estranho, mas mesmo com a luz intensa do sol refletindo naquela extensão interminável do deserto brilhante, ainda me lembro de ver o flash da arma deles. Mas eu não ouvi. Eles sempre dizem isso, né? Que você nunca ouve o tiro que te acerta. Bom, eu com certeza não ouvi.
E então eu estava no chão com Frank e Ralph de pé em cima de mim. Ralph estava tentando dizer algo, mas eu não conseguia ouvi-lo com o zumbido intenso em meus ouvidos. Senti o cheiro de metal queimado e, embaixo disso, outro cheiro que eu não conseguia identificar. Tentei me sentar, mas senti uma dor tão intensa na minha perna esquerda que acabei desmaiando de novo.
A alguns metros de distância eu conseguia ouvir o nosso Cruzador, fumaça saindo da carcaça rachada. Fiquei surpreso com o quão intacto ele parecia estar até que eu vi as chamas subindo da escotilha. Foi aí que o zumbido em meus ouvidos desapareceu o suficiente para que eu pudesse ouvir os gritos vindos de dentro do tanque. Dicky ainda estava lá dentro. Olhei para os meus companheiros e vi em seus rostos que eles também conseguiam ouvir. Não havia nada que pudessem fazer para salvar o pobre coitado, é claro. Se eles tinham o prendido lá, então chegar até ele seria impossível, e tentar fazer isso só acabaria os matando. Então eu tive que ficar parado lá ouvindo o Dicky assar até a morte. Não sei quanto tempo demorou, mas pareceu horas.
Em algum momento devem ter dado uma ordem de retirada, pois vi o resto dos Cruzadores recuando. Frank conseguiu chamar a atenção de um deles e o comandante concordou em me levar de volta para algum lugar onde os médicos pudessem dar uma olhada na minha perna embora não houvesse espaço para todos nós, então eles literalmente me amarraram ao topo do tanque e nós fomos embora, deixando Ralph e Frank fazerem o caminho de volta sozinhos.
Só depois de quase 10 anos eu consegui rastrear o Ralph e descobri que eles foram capturados logo depois e passaram o resto da guerra em um campo de prisioneiros de guerra italiano. Ah, do jeito que eles descreveram tinha sido bastante confortável, mas até onde eu sabia na época, estávamos os deixando pra morrer. Se eu não estivesse delirando tanto de calor e dor, eu provavelmente teria chorado. Minhas lembranças da viagem de volta são fragmentadas, e tenho apenas recordações tênues da dor que cada vibração dos motores do tanque enviava por minha perna machucada quando eu recobrava e perdia a consciência.
Então houve silêncio, depois gritaria. Lembro de uma picada leve no braço e, em seguida, um tipo diferente de tontura enquanto a dormência e o sono se espalhavam por minhas veias. A próxima coisa que eu lembro com mais clareza é a minha cama no hospital. Eu tinha sido levado através da fronteira de volta ao Egito e tinha acabado no hospital militar britânico em Alexandria. Quando acordei, estava tão silencioso que por um minuto tive o súbito pensamento em pânico de que poderia estar surdo. Mas era só porque depois de 70 dias ouvindo o rugido de motores aqui e ali, a paz de um hospital quase vazio era tão profunda e serena que eu não conseguia entender.
Quando chegou, a enfermeira teve a gentileza de me informar que eu era um dos primeiros feridos a ter retornado de Bir el Gubi, mas eles esperavam mais. Como previsto, nos dias seguintes a ala se encheu e minha paz foi embora com o fluxo constante de soldados feridos. Eu não me importava muito porque ainda era uma visão melhor do que andar pelo deserto escaldante dentro de um caixão de ferro. Sem falar no fato de que acabei não perdendo a perna, o que é o tipo de notícia que deixa você de muito bom humor. Os médicos me disseram que eu provavelmente mancaria para sempre, como tenho certeza que você reparou, mas não estava infectado e não havia o dano no nervo que eles temiam, então todos disseram que era um ferimento muito bom de se conseguir.
Depois de algumas semanas eu já estava andando sem sentir muita dor, e as enfermeiras me aconselharam a começar a fazer caminhadas ocasionais por Alexandria. Eu fazia isso, mas entre os habitantes locais e o exército, aquele era um lugar barulhento e lotado, mesmo durante a noite. Passei a fazer minhas caminhadas cada vez mais longe do hospital e do centro da cidade, e ocasionalmente me encontrava perambulando por algum caminho além dos limites da cidade — pelo menos até onde minha perna aguentava. Ainda estava quente, mesmo no final de dezembro, mas além do limite da cidade havia uma calmaria tranquila que eu simplesmente não conseguia encontrar em nenhum outro lugar.
Aconteceu dois dias antes de eu voltar ao serviço ativo. Eu estava inquieto a semana toda e não conseguia me acalmar ou me concentrar em nada. Uma vez que cheguei perto do Pilar de Pompeu, a multidão pareceu se dispersar e minha mente finalmente clareou um pouco.
Eu continuei andando, embora não estivesse prestando nenhuma atenção ao meu entorno, até perceber que estava bem perdido. Depois de várias horas, minha perna estava começando a doer muito e eu parei por um momento pra descansar encostado em uma porta ali perto. A madeira da porta era velha e seca, e rangia quando eu apoiava meu peso contra ela. Eu nem percebi que ela estava entortando até que fosse tarde demais. Quando dei por mim, estava deitado de bruços em um porão sujo, minha perna latejando de dor.
Não tinha quebrado de novo, o que era um alívio, mas eu ainda tive que sentar lá por um momento pra me recuperar da queda. E ninguém pareceu ter notado o que tinha acontecido, ou então não se importaram, e eu levei alguns momentos para olhar o lugar onde estava.
O porão parecia ser velho, muito velho. Eu não sou especialista em arquitetura egípcia, mas ele não parecia muito com o resto de Alexandria. Mais do que isso — além da porta agora quebrada, não parecia haver nenhuma entrada no local ou qualquer coisa que o conectasse ao prédio acima. O lugar era seco e frio, e não parecia haver mais nada digno de nota, exceto por uma grade velha feita de latão, ou talvez de bronze, que presumi levar ao sistema de esgoto da cidade.
Quando eu finalmente dolorosamente me levantei, eu vi. De algum lugar muito além da grade, enquanto o sol poente caía sobre ela, vi o brilho de algo redondo e branco. Brilhou só por um segundo, e se eu não tivesse passado tanto tempo treinando para detectar objetos a essa distância, provavelmente não teria notado, mas definitivamente tinha algo lá.
Me aproximei da grade de metal esperando sentir o cheiro do esgoto além dela, mas em vez disso senti o cheiro de outra coisa. Naquele momento eu não fazia ideia do que era, mas eu descreveria como algo parecido com madeira. Tentei abrir a grade e percebi que ela saía facilmente do chão, deixando um buraco grande o suficiente para passar sem problemas.
Eu tinha começado a levar uma lanterna comigo nas minhas caminhadas pois às vezes acabava me afastando demais e tendo que voltar no escuro. Apontar a luz para o buraco agora aberto revelou o que parecia ser um túnel antigo. Se foi feito por homens ou se era uma caverna natural ou algo no meio disso eu não sei dizer, mas era grande o suficiente pra eu descer. E mais uma vez eu vi aquele brilho branco bem lá embaixo, então entrei.
Eu andava devagar porque a minha perna ainda estava fraca e o chão do túnel não era nivelado. Eu tinha que me agachar em certos momentos e apoiar as mãos nas paredes empoeiradas. Depois de alguns minutos eu já estava tão fundo que minha lanterna era a única fonte de luz, e a passagem começou a se abrir para o que parecia ser uma grande sala.
Foi ali, em uma pequena alcova esculpida na parede, que eu vi o que havia reluzido sob a luz. Era um velho pergaminho de papiro entre os restos quebrados de uma caixa. Virei minha lanterna e vi mais prateleiras esculpidas nas paredes da câmara, cada uma contendo um pergaminho. Eles haviam sido escritos em uma língua que eu não reconheci, mas eram antigos e tinham cheiro de mofo e decomposição.
Aquela não era a única sala assim, havia dezenas de câmaras como aquela, todas de formas e tamanhos diferentes conectadas como um labirinto. Alguns estavam vazias, outras ainda tinham um punhado de pergaminhos velhos deixados em alcovas ou caídos no chão. Parecia que o lugar havia sido saqueado há muito, muito tempo.
Depois de olhar algumas salas, eu tive a certeza de que o que quer que aquilo fosse, devia ter sido um enorme achado arqueológico. Eu realmente não sabia a quem contar sobre isso, mas eu sabia que precisava contar a alguém. Quando virei pra voltar para a entrada, a luz da minha lanterna iluminou algo escuro em uma sala adjacente.
Era um corpo. Pelo que parecia, o cadáver havia resistido por muito, muito tempo e o ar seco quase o mumificara, deixando uma pele ressecada esticada sobre a estrutura óssea. Ele usava o que parecia ser os restos de uma cota de malha e um tabardo preto com uma cruz branca pontiaguda estampada no peito. Havia uma espada quebrada jogada por perto, agora totalmente enferrujada, e enquanto eu olhava para o rosto do homem morto senti um arrepio percorrer minha espinha. Tentei me convencer de que foi só o jeito como o crânio se deformou ao longo dos anos que fez parecer que ele estava gritando. Seus olhos haviam sumido, mas em vez de simplesmente se decomporem até não sobrar nada, havia arranhões irregulares ao redor das cavidades, deixando buracos vazios e esfacelados.
Agora eu estava com muito medo e tinha acabado de me virar pra sair quando minha lanterna apagou abruptamente. Foi muito estranho. Devia estar escuro como breu, mas apesar de não haver nenhuma luz iluminando aquelas cavernas subterrâneas, eu ainda conseguia ver tudo. Cada detalhe do cadáver enrugado diante de mim era claro como água. Não tinha nenhuma luz pra enxergar, eu não sei como explicar nem descrever como era, mas estava uma escuridão absoluta e eu ainda conseguia ver. Ao mesmo tempo, de repente, tive uma sensação muito intensa de estar sendo observado, como se mil olhos se voltassem para mim ao mesmo tempo.
Eu congelei. De algum lugar mais ao fundo daquela biblioteca estranha e antiga, eu ouvi um barulho de movimento. O farfalhar de tecidos e um passo rítmico e lento vindo em minha direção. Comecei a me afastar em direção ao túnel que me levou até lá, mas foi difícil. A sensação de ser observado estava ficando mais forte, era um peso quase físico que parecia me puxar pra baixo.
Cheguei à entrada do túnel no momento em que uma figura apareceu. Ela vestia o que parecia ser os restos de um manto antigo, e na escuridão eu podia ver dedos longos e esguios se esticando em minha direção. Dentro de seu enorme capuz flutuante eu não consegui ver nada exceto por um único olho sem pálpebras. Não sei em que momento comecei a gritar, mas sei que não parei até ser contido por policiais militares que fugiam pelas ruas de Alexandria na madrugada. Passei mais um mês lá passando por avaliação psiquiátrica antes de receber alta.
Gertrude: Entendi. Você já conseguiu localizar aquele porão mais alguma vez?
Walter: Bem, eu queria, mas fiquei sob supervisão pelo resto da minha estadia em Alexandria.
Gertrude: Você contou isso pra algum de seus superiores?
Walter: Não. Eu fiquei meio convencido de que tinha sonhado com a coisa toda.
Gertrude: E você substituiu a grade?
Walter: A-A o quê?
Gertrude: A grade de bronze na entrada do arquivo. Você a substituiu quando fugiu?
Walter: Ah sim, sim... sim, acho que sim.
Gertrude: Mais uma coisa. A sensação de estar sendo observado. Você sentiu isso outras vezes desde então?
Walter: Bem, eu não sabia como falar isso, mas sim. Acabei de sentir. Naquela curva estranha que fiz descendo as escadas, eu senti de novo. Todos aqueles olhos me observando.
Gertrude: Obrigada, Walter. Agora eu preciso checar alguns mapas com você, mas acho que não precisamos disso na fita. Tudo bem ficar aqui por enquanto?
Walter: Acho que sim.
Gertrude: É improvável que aconteça, mas se mais alguém descer aqui...
Walter: Eu falo que sou um velho amigo seu te visitando.
Gertrude: Obrigada. Esse depoimento é extraoficial e eu não quero ninguém te incomodando mais sobre isso. Vamos manter isso entre a gente.
[CLICK]
GERTRUDE
Bem, isso com certeza foi útil.
Demorou muito tempo para rastrear alguém ainda vivo que encontrou o Serapeu de Alexandria. Não é uma confirmação completa da minha teoria sobre iterações antigas do arquivo, mas já sinto que é válido investigá-la.
Eu estava trabalhando com a suposição de que a grande biblioteca em si teria cumprido essa função, mas faz muito mais sentido que tenha sido a ramificação do Serapeu. As ruínas do próprio Serapeu principal perto do Pilar de Pompeu são muito bem pesquisadas, então essas podem ser as cavernas secretas mencionadas em certos relatos de sua destruição.
De acordo com Eunápio, a destruição do Serapeu em 391 d.C. foi conduzida por uma multidão cristã, encorajada pelas reformas do Papa Teodósio I, que tentava expulsar a adoração a outros deuses de Alexandria. Existem outros relatos, no entanto, que afirmam que os estudiosos fizeram uma barricada junto a prisioneiros e se retiraram para cavernas escondidas nas profundezas. Alguns chegam a afirmar que os cativos foram torturados para a adoração de divindades pagãs ou oferecidos como sacrifícios de sangue. Existe até um historiador contemporâneo não identificado que descreve a multidão atacando o Serapeu não como Cristãos, mas utilizando uma frase que se traduz mais ou menos como “aqueles que cantam a noite”.
O cadáver encontrado pelo Sr. Heller parece ser os restos de um cavaleiro hospitaleiro da ordem de São João, pelo menos com base em sua descrição do tabardo, provavelmente do saque de Alexandria em 1365 por Pedro I de Chipre. Embora seja geralmente associado ao resto das Cruzadas, é geralmente considerado um dos poucos ataques desse tipo sem motivação religiosa. Dada essa descoberta, no entanto, eu me pergunto se pode ter havido... outros motivos.
Independentemente disso, eu tenho mais investigaçõess pessoais pra fazer. Minha maior preocupação agora é seja lá o que for aquela criatura que o Sr. Heller encontrou lá embaixo. Foi há 56 anos, mas se aquilo ainda estiver vivo, preciso ter cuidado. O que será que era? Algum tipo de guardião? Ou talvez... talvez... também já tenha sido um arquivista.
[CLICK]
ARQUIVISTA
Bom... Só duas fitas até agora e eu já... Eu não sei o que pensar.
Outro arquivo, uma versão anterior. Eu sou só parte de uma corrente? Uma longa e interminável sequência de pessoas que se autodenominam “o arquivista” e vão até...
Estamos todos destinados a acabar como a Gertrude, apenas seguindo o mesmo caminho? Preciso saber mais sobre ela. Mas uma coisa tá ficando clara: ela não confiava no Instituto Magnus. Algo que eu com certeza simpatizo...
[PORTA ABRE]
Martin: Tô indo pegar um café, você quer um sanduíche?
Arquivista: É, depende. Você vai continuar me rodeando se eu for pra cantina?
Martin: Eu só tô preocupado. Você precisou de cinco pontos depois de ter “acidentalmente” se esfaqueado com a faca de pão. Se é que você ainda diz que foi isso que aconteceu.
Arquivista: Eu digo.
Martin: Então você vai me perdoar por me preocupar quando você usa facas afiadas.
Arquivista: Tá. Eu vou com você. Só me dá um segundo pra pegar meu casaco.
Martin: Claro.
[PORTA FECHA]
Arquivista: O Sr. Heller morreu de um derrame em 2004, dificultando o acompanhamento dessa fita. Mas eu encontrei um artigo de março de 1998, seis meses depois de o depoimento ter sido prestado. Ele relata uma explosão em Alexandria que destruiu vários edifícios nas proximidades do Pilar de Pompeu e matou 17 pessoas. A investigação oficial determinou que foi uma explosão na rede de gás, mas... Eu me pergunto.
Gertrude Robinson não é quem eu pensava que era.
Fim do complemento.
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WELBER NEWS NOTICIAS ANO 2022.
AVIOES SERIAM ABATIDOS EM BREVE NO CHILE SE VOCE CONHECEM ALGUEM DO CHILE MELHOR VISAR GUERRAS UFO NO CHILE URGENTE COMEÇAM ESSA SEMANA.
#GUERRAS
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imninahchan · 4 months
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nina, vc já ouviu a palavra dos homens fardados de call of duty?
eu não tenho tesão nenhum em farda gnt, às vezes passa uns edits do ghost mas só a máscara q eu acho sexy, eu vejo a metralhadora e fico
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jusstya · 1 year
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▌𝗦𝗛𝗔𝗠𝗘𝗟𝗘𝗦𝗦 ˖࣪ ♡ ˓ 𝟬𝟬𝟰 ꜜ ❁ 𝖺𝗌 𝗮𝗿𝗰𝗮𝗻𝗲 𝖿𝖺𝗇𝖿𝗂𝖼𝗍𝗂𝗈𝗇┆. 𝑸𝑼𝑨𝑹𝑻𝑶 𝑪𝑨𝑷𝑰𝑻𝑼𝑳𝑶 ◗ ₊˚ 𝖘𝖊𝖛𝖎𝖐𝖆 𝖝 𝖋𝖊𝖒𝖆𝖑𝖊 𝖔𝖈 ⋆ ❜
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❪ ៸៸ ✬ ❫. ━━ 𝗖𝗔𝗣𝗜𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗤𝗨𝗔𝗧𝗥𝗢・𝑢𝑚 𝑝𝑜𝑠𝑠𝑖𝑣𝑒𝑙 𝑝𝑟𝑜𝑏𝑙𝑒𝑚𝑎 𖠵៸៸  !⠀ִֶָ
𝐍𝐎 𝐒𝐄𝐆𝐔𝐍𝐃𝐎 𝐄𝐌 𝐐𝐔𝐄 𝐉𝐈𝐍𝐗 𝐄 𝐒𝐄𝐕𝐈𝐊𝐀 𝐄𝐍𝐓𝐑𝐀𝐑𝐀𝐌 no escritório de Silco, elas imediatamente souberem que o homem não estava contente.
Além da expressão desgostosa em suas linhas cicatrizadas, a postura do mesmo se encontrava diferente dos outros dias em que ambas tiveram o desprazer de chegar em conjunto no escritório do Olho de Zaun; sua coluna ainda se encontrava curvada como o cotidiano, no entanto, aparentava estar tensa, irritada, não mostrando um único traço do preguiçoso ou exausto de sempre.
Era algo pequeno para o industrialista, talvez até imperceptível para os mais alheios a sua figura corporal, porém algo grande para aqueles que teriam o azar de lidar com o mesmo naquele dia.
Mesmo notando tal fato, isso não diminuiu o humor ingênuo, mas um pouco leigo, de Jinx, e tão pouco o mau humor de Sevika, principalmente pelo longo dia que a mulher havia tido.
Trabalhar com Jinx realmente levava o melhor dela. Ou o que poderia ser chamado de melhor, se fosse levar em conta que a morena parecia sempre se encontrar rabugenta, assim como seu chefe.
━━ Por que demoraram tanto? ━━ Silco indagou após uns segundos de silêncio, ainda com os olhos na prancheta em suas mãos, entretanto, claramente dando a atenção desejada as duas mulheres agora em seu escritório.
Isso pareceu ser o suficiente para Jinx se soltar; a adolescente de cabelos azuis sorriu abertamente no segundo seguinte, deixando sua metralhadora no chão com um baque alto, sem qualquer preocupação em sua ação, e se movendo rapidamente para perto do homem que via como sua própria figura paterna.
Sevika resmungou ao olhá-la, optando por deixá-la falar primeiro. A mais alta simplesmente se moveu até o sofá vermelho encostado na parede, sentando-se no mesmo sem preocupação, apreciando da sua maciez, e já se preparando para o possível sermão de seu superior, desejando em silêncio para que aquilo acabasse logo.
━━ Tivemos um problema no meio do caminho! ━━ a mais nova afirmou, chegando mais perto da mesa ao ponto de encostar ambas as palmas das mãos abertas na mesma, em seguida se debruçando sobre alguns papéis espalhados sobre a madeira, sabendo que os mesmos já haviam sido devidamente revisados.
━━ Qual problema? ━━ Silco nem sequer desviou o olhar de seus papéis ao perguntar, contudo, sua voz pareceu alguns terços mais suave ao se dirigir à azulada.
━━ Bom, depende de qual horário estamos falando.
Tais palavras confundiram o homem ao ponto de suas sobrancelhas se moverem minimamente. Uma ação pequena, e possivelmente invisível para qualquer outra pessoa, no entanto, isso foi o suficiente para Jinx ter certeza de que ele estava prestando atenção em suas palavras, e poderia continuar a divagar, dessa vez não segurando sua língua ao fazê-lo:
━━ Os Fogolumes apareceram quando estávamos fazendo a entrega especial que você pediu. Eu derrubei a maioria, obviamente! E eu estava prestes a pegar o líder daquele grupo, para dar um recado para ele passar pro líder, mas a ogra se recusou a colocar o carregamento em risco. Nós discutimos, trocamos uns tapas, eu dei uma surra nela como sempre, e então a entrega acabou. Mas no caminho apareceram uns caras querendo encurralar a gente já que estávamos sozinhas, que idiotas, né? ━━ Jinx riu abertamente com o final, parando sua divagação por alguns segundos. Esse tempo foi o suficiente para que Silco erguesse seu olhar, focando-o em Sevika, claramente dando-lhe uma ordem silenciosa para que ela contasse a mesma história que Jinx depois, porém obviamente com mais detalhes.
Isso não agradou a mais alta, todavia, antes que a ela tivesse a chance de demonstrar sua insatisfação (já que Sevika não tinha escolha em recusar tal ordem silenciosa), nenhum pouco contente em ter de esperar a azulada terminar de contar a história para ela o fazê-lo de novo assim que Jinx saísse, a mais nova voltou a disparar palavras:
━━ Demos uma surra naqueles idiotas! Bem feito, né? Enfim, nós pegamos o dinheiro deles, mas acabamos discutindo no meio do caminho pra cá, e eu quis descontar o tédio na ogra, já que não pude fazer naqueles idiotas. Foi uma luta bem chata, apesar de divertida. A Sevika ficou correndo, fazendo manobras, só fugiu de mim na maior parte do tempo, e eu não gostei!
Isso também rendeu outro olhar de Silco a mais alta, porém, desta vez, havia definitivamente um olhar satisfeito em seus olhos. Era mínimo, mas o suficiente para a mulher com um braço mecânico entender que ela havia feito o certo ao não tocar na de cabelos trançados.
Mesmo com tal olhar, Sevika não ficou exatamente feliz com isso, não gostando nenhum pouco de ter ficado apenas na defensiva ao 'lutar' com a azulada. A mulher de cabelos curtos apenas anotou em sua mente para continuar não tocando na de cabelos longos caso houvesse discussões/lutas no futuro, por mais irritante e causadora de problemas que a adolescente seja.
━━ A gente acabou parando em um bairro estranho, e demos de cara com uma mulher bem bonita, mas ela era uma péssima mágica, ela-
━━ Mágica? ━━ Silco perguntou, se confundindo profundamente ao ouvir essa palavra. Não por não saber o seu significado, porém sim por não ouvi-la há um bom tempo.
Não havia seres capazes de manipular magia em Zaun, tirando um ou outro Vastaya isolado, em busca de um lugar temporário para viver.
Jinx juntou as sobrancelhas com a pergunta, se confundindo por alguns segundos, contudo, rapidamente se recuperou, e levantou o tronco, dando um breve pulinho ao fazê-lo, principalmente graças à velocidade que havia levantado.
━━ Sim! Uma mágica! Ela até sabia sobre os meus parafusos soltos!
Os olhos de Sevika rolaram automaticamente ao ouvir as divagações da mais nova, já totalmente ciente de que a garota havia viajado por completo no meio da história. E, sem paciência alguma para ouvi-la divagar sobre informações equivocadas, corrigiu-a:
━━ Ela não era uma mágica, era uma forasteira.
Silco desviou a atenção da filha para a sua segundo em comando, agora mais do que confuso com suas palavras.
Pela primeira vez em muito tempo, o homem não estava entendendo um terço do que as duas estavam falando.
Ainda sim, ele iria entender, mesmo que precisasse fazer um longo interrogatório para tal feito.
━━ Uma forasteira? ━━ repetiu sem necessidade, ganhando um breve aceno de queixo da mais alta, tão breve quanto mal humorado. ━━ De Piltover?
━━ Não, aquela mulher não tinha pinta de ser de Piltover. ━━ Sevika moveu o queixo para os lados enquanto pronunciava tais palavras no começo, deixando óbvio que não havia chance alguma de tal coisa. ━━ Nem o sotaque era parecido. Parecia algo distante, velho, eu nunca ouvi nada parecido em toda a minha vida.
O silêncio predominou por alguns segundos, o suficiente para que o Olho de Zaun deixasse sua prancheta de lado, e apoiasse as costas em sua cadeira, ponderando as informações que ouviu com paciência. Não demorou muito até que a voz rouca do industrial voltasse a questionar:
━━ Parecia perigosa? Ela será um problema?
A mulher com um braço mecânico se calou por alguns segundos, parecendo ponderar suas próximas palavras com cuidado, mas Silco sabia melhor: Sevika não estava pensando no que dizer, e sim relembrando todos os eventos das últimas horas, principalmente para ter certeza de suas informações.
━━ Eu não tenho certeza. Não fiquei muito tempo ao lado dela para descobrir se poderia fazer algo. ━━ Isso não agradou o homem, contudo, também não o deixou irritado, apenas… com uma pulga atrás da orelha com o novo empecilho descoberto. ━━ Mas ela parecia bem relaxada o tempo todo, mesmo quando eu a intimidei com o meu braço. Aquela mulher não sente medo com facilidade, nem com frequência, isso ficou óbvio.
O Olho de Zaun escutou com atenção seu segundo em comando, ponderando dentro de si se valeria, ou não, a pena perder seu tempo com tal indivíduo. Silco não gostaria de perder um tempo valioso com um rato qualquer da subferia, porém também não poderia ficar sem fazer absolutamente nada, visto que tal pessoa não sentia medo de seu melhor soldado.
Jinx desviou o olhar entre os dois algumas vezes, se sentindo estranhamente excluída na conversa, não gostando nenhum pouco de tal sentimento. A mais nova não queria que toda a atenção de Silco estivesse em Sevika, já bastava ela ser a segunda em comando. Também não iria tirar dela sua ótima história!
A adolescente com longos cabelos trançados ficou em silêncio por algum tempo, absorvendo todas as palavras que ouviu, e pensando em algo para dizer. Notando que não havia muita coisa que ela tinha conhecimento, Jinx disse a primeira coisa que veio até sua cabeça:
━━ Eu me lembro onde ela mora, posso levar você até lá, pode conhecê-la! ━━ A azulada afirmou, parecendo agitada como nas vezes em que comia muito açúcar escondido.
Tal euforia não passou despercebida pelos mais velhos, como se a garota fosse um livro aberto para eles lerem até de olhos fechados, se desejassem. Sevika sendo a primeira a notar a insegurança em suas palavras, uma que a mulher de cabelos escuros achava patética na adolescente.
Jinx era um dos maiores problemas da companhia, mesmo sendo tão nova em vista dos outros empregados, e definitivamente uma bomba relógio com data de validade.
Uma que Sevika odiava estar perto, fossem por algumas horas, ou alguns simples minutos.
Silco, ao contrário da mulher com um braço mecânico, absorveu as palavras da filha, ponderando em silêncio se aceitava tal oferta feita pela mais nova; por mais ocupado que o homem se encontrava naquele dia (em todos, na verdade), desejava se livrar o mais rápido possível de tal pessoa. Não matando como costumava fazer com alguns inimigos que o desafiavam abertamente muitas vezes, apenas para ter certeza de que tal mulher não fosse uma carta solta em seu jogo, não querendo deixar nada passar em branco naquele dia.
Primeiro o grupo tentando encurralar sua filha e o seu soldado, depois uma mulher que não tinha medo de seu segundo em comando?
Não poderia ser uma simples coincidência, ou poderia? O Olho de Zaun não esperava ter as respostas jogadas em sua mesa como corpos sem vida, e sim mandar alguém ir atrás das mesmas.
Erguendo minimamente seu queixo, focando o olhar na de cabelos longos ━━ que se encontrava atualmente mexendo em suas tranças de forma completamente despreocupada ━━, Silco a chamou, e a adolescente desviou o olhar de suas madeixas coloridas no mesmo instante, parecendo eufórica ao ouvir seu nome ser chamado, quase ansiosa com algo tão simples. Ela queria saber sua resposta, era claro como o céu de Piltover.
Silco controlou um sorriso que quis escorregar por seus lábios sempre ressecados, e a deu sua tão esperada resposta.
━━ Você tem coisas mais importantes para fazer do que servir como um guia turístico, Jinx. ━━ Isso foi o suficiente para que a mais nova estalasse a língua no céu de sua boca, mostrando seus dentes brancos com certa agressividade, igualmente apertando as pálpebras na direção de sua figura paterna, de forma alguma feliz com as palavras alheias.
Tal ação poderia ter feito o homem rir em outra situação, se não fosse uma outra presença na sala. Por conta disso, o industrialista apenas mostrou uma linguagem corporal tediosa, como se a mais nova fosse uma criança irritada no meio de seu escritório. E, ao desviar o olhar para seus papéis espalhados em sua mesa já devidamente revisados, afirmou novamente:
━━ Mas, se quer tanto voltar lá, leve Sevika com você. Lock pode limpar a bagunça hoje, de qualquer maneira.
A mais alta instantaneamente girou o pescoço, de uma forma que poderia quebrá-lo se ultrapasse uma linha invisível, focando suas íris escuras e expressão raivosa em seu chefe, demonstrando abertamente o quanto ouvir tais palavras (embora as mesmas estivessem mais para uma ordem) não a deixaram de maneira alguma contente.
Porra, se Sevika tivesse escolha, estaria saindo pela porta do escritório sem mais nem menos no próximo segundo. Para a sua falta de sorte, ela não possuía tal privilégio.
Silco sentiu tal olhar raivoso, no entanto, como já era esperado, o ignorou com facilidade, voltando a rolar os olhos na prancheta de minutos atrás, apenas completando sua ordem com mais algumas palavras:
━━ E não se esqueçam de fazerem um relatório sobre tal visita. Vocês já sabem o que precisam fazer.
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▌𝗡𝗢𝗧𝗔𝗦 𝗙𝗜𝗡𝗔𝗜𝗦 ❞
Como sempre eu sumindo, evaporando, esquecendo que tenho fanfiction (long) postada no tumblr e só lembrando no outro ano (eu sou péssima com piadas, peço perdão a todos)... mas, como já diz o ditado: antes tarde do que nunca!!
Sério, se fosse pra começar a dizer o quanto eu amei escrever esse capítulo, ficaria aqui até amanhã falando! Não tenho certeza se todos irão gostar como eu, mas ele foi um dos mais divertidos de se trabalhar! (Juro, pra mim, esses três tem uma atmosfera muito divertida de se escrever).
Enfim, não tenho muito o que dizer sobre esse capítulo, mas se não me falha a memória, ele foi betado/revisado/corrigido por uma amiga minha. Agradeçam ela que nao tem muito erros!!! Sou uma vergonha para a língua portuguesa--
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▌𝗖𝗛𝗔𝗣𝗧𝗘𝗥𝗦 𝗦𝗛𝗔𝗠𝗘𝗟𝗘𝗦𝗦 ⵓ
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derek-schulz · 2 years
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o tempo não para
Disparo contra o sol Sou forte, sou por acaso Minha metralhadora cheia de mágoas Eu sou um cara Cansado de correr Na direção contrária Sem pódio de chegada ou beijo de namorada Eu sou mais um cara Mas se você achar Que eu 'to derrotado Saiba que ainda estão rolando os dados Porque o tempo, o tempo não para Dias sim, dias não Eu vou sobrevivendo sem um arranhão Da caridade de quem me detesta A tua piscina 'tá cheia de ratos Tuas ideias não correspondem aos fatos O tempo não para Eu vejo o futuro repetir o passado Eu vejo um museu de grandes novidades O tempo não para Não para não, não para Eu não tenho data pra comemorar Às vezes os meus dias são de par em par Procurando agulha num palheiro Nas noites de frio é melhor nem nascer Nas de calor, se escolhe, é matar ou morrer E assim nos tornamos brasileiros Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro Transformam um país inteiro num puteiro Pois assim se ganha mais dinheiro A tua piscina 'tá cheia de ratos Tuas ideias não correspondem aos fatos O tempo não para Eu vejo o futuro repetir o passado Eu vejo um museu de grandes novidades O tempo não para Não para não, não para Dias sim, dias não Eu vou sobrevivendo sem um arranhão Da caridade de quem me detesta A tua piscina 'tá cheia de ratos Tuas ideias não correspondem aos fatos Não, o tempo não para Eu vejo o futuro repetir o passado Eu vejo um museu de grandes novidades O tempo não para Não para não, não, não, não, não para - Cazuza
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leitoracomcompanhia · 10 months
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Num momento
"Ouvi as metralhadoras e as espingardas a disparar do outro lado e ao longo do rio. Houve um grande clarão e os foguetões a subirem, rebentarem e flutuarem, brancos no ar, e os morteiros a erguerem-se e ouvia as granadas, tudo isto num momento, e então ouvi alguém dizer junto de mim «Mamma mia! Oh mama mia!»
Ernest Hemingway, O Adeus às Armas"; pintura de Adriano Sousa Lopes.
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voyeurdatela · 1 year
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Terroristas invadem o sul dos Estados Unidos, e apenas uma coisa os pode deter! E não… Não é o exército. Também não é a Guarda Nacional, nem mesmo a força aérea ou os escuteiros!
Essa coisa é Chuck Norris!
Lançado no ano anterior, “Missing in Action” ou “Desaparecido em Combate” de Joseph Zito e com Chuck Norris no papel principal, foi um sucesso absoluto para a Cannon. Por isso, a produtora estava ansiosa por reunir o realizador e a sua maior estrela para um filme de orçamento ainda maior.
Menahem Golan, certa noite, sonhou com um título bem porreiro chamado “American Ninja”, e imaginou que seria perfeito para Chuck Norris. Chuck, no entanto, não estava interessado em fazer outro filme de artes marciais, preocupado em ser rotulado como uma espécie de estrela do kung fu ocidental e na esperança de uma carreira no cinema de ação mais completa. Ele também não gostou muito da ideia de usar uma máscara a tapar-lhe a cara, o que seria relativamente necessário no género de filme ninja, o que não se entende! Com uma barba como a de Chuck Norris quem iria querer cobri-la?
Felizmente para Norris, Golan não tinha nada mais além de um título.
Foi apenas quando o amigo de Norris e argumentista de “Missing in Action” James Bruner, teve uma ideia para contornar os sonhos de Golan, que juntos, Bruner e Norris escreveram um argumento acerca de um agente da CIA chamado Matt Hunter, cujo nome de código seria “American Ninja”, mas que na realidade não seria ninja nenhum, só de nome.
Algumas ideias foram adaptadas de uma história anterior de Aaron Norris, irmão de Chuck, sobre uma célula adormecida de terroristas soviéticos que teriam passado duas décadas a esconder-se nos Estados Unidos à espera de uma palavra da Mãe Rússia para atacar.
Menahem Golan adorou a história que lhe foi apresentada, mas ele imediatamente apercebeu-se que não poderia estragar um título tão doce quanto “American Ninja” num filme que não continha ninjas reais. E assim, o filme recebeu sinal verde, mas com um novo título.
O filme seria batizado como “Invasion USA” a ser lançado em 1985, que apesar de uma premissa semelhante, este filme não tem nenhuma relação com o filme da invasão comunista de 1952 com o mesmo nome, e este oferece-nos uma visão quase pitoresca daquilo que era considerado “o terrorismo” dos anos 80.
Um pouco como os terroristas oriundos da Alemanha Oriental de “Die Hard”, os bandidos em “Invasion USA” são uma espécie de coligação aparentemente incompatível de russos, cubanos e militantes do Médio Oriente liderados por um soviético lunático chamado Rostov, interpretado por Richard Lynch, e cuja única razão para liderar uma invasão a solo americano parece ser para ficar nos anais da história como a primeira pessoa a tentar invadir os Estados Unidos em mais de 200 anos.
Em muitos filmes, os vilões recebem histórias de fundo para lhes dar um tom mais humano, quase como uma justificação de modo a que o público se sinta desconfortável quando estes inevitavelmente encontram a sua morte!
Bem… por aqui não existem merdas do género. Não há área cinzenta quando se trata de justificar as ações dos bandidos neste filme. A primeira vez que os vemos, eles estão disfarçados de membros da Guarda Costeira quando abordam um barco cheio de imigrantes cubanos ilegais enquanto flutuam algures na costa da Flórida. São famílias inteiras! Mulheres, crianças e idosos. Ao princípio, tememos que esses estrangeiros sejam deportados de volta para Cuba, mas o que acontece a seguir é muito pior. O líder dos vilões, Rostov, finge dar-lhes as boas-vindas aos Estados Unidos, e o barco explode em aplausos. Ele desce do seu barco, estende a mão para um velhinho e então ele saca da pistola e executa o velho, como um grande e malvado idiota. O resto dos bandidos abre fogo com as suas grandes e corajosas metralhadoras, aniquilando com requintes extremos de malvadez cada velhinho, homem, mulher e criança. Vai tudo! De seguida, eles arrombam uma portinhola no convés do barco e tiram uma carga de cocaína escondida no seu interior.
Esta cena do massacre foi filmada na costa da Flórida com a cooperação do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. A Guarda Costeira, obviamente, recusou-se a participar, e não seria de admirar, uma vez que os terroristas estão disfarçados de Guardas Costeiros enquanto abatem um barco cheio de famílias cubanas.
Por aqui já começamos a odiar de morte os terroristas e o seu líder, o que vem em ótima altura porque na cena seguinte encontramos o homem que vai passar uma boa parte do filme a massacrar aqueles idiotas em nome da boa e velha justiça norte-americana.
Finalmente somos apresentados ao nosso herói, Matt Hunter, Chuck Norris, enquanto ele atravessa os Everglades no seu fiel “airboat”. Ele veste um conjunto todo ele em ganga. O seu cabelo e a sua camisa desabotoada balançam ao sabor do vento com os seus pêlos ondulados expostos no peito a todos os que tencionam conspirar para fazer mal aos seus semelhantes, ou seja, aos americanos!
Matt Hunter não tem falas aqui, mas ele não precisa delas para nada, pois este senhoras e senhores, é o nosso justiceiro norte-americano.
Logo de seguida temos mais evidências que Rostov é um monte de merda de primeira categoria quando ele aparece no escritório de um traficante de armas e drogas de Miami, interpretado por Billy Drago, que leva com uma saraivada de balas no Malaquias e nos seus dois guarda-costas que é coisa que só de pensar causa calafrios na nuca! Logo a seguir enfia um canudo pelo nariz acima de uma sujeita que snifava leite em pó para imediatamente a enviar pela janela fora. Depois, ele foge após saber que as armas que ele tinha ido ali comprar já estariam seguras, junto com a cocaína que iria servir de pagamento, porque além de terrorista, Rostov também é gatuno!
Com Richard Lynch e Billy Drago no elenco, os produtores esforçaram-se para conseguir dois dos melhores atores de personagens do género “slimeball” da era do vídeo. Embora Richard Lynch se prendesse principalmente a filmes baratuchos, ele trouxe uma intensidade selvagem até mesmo para os papéis mais parvos de vilões, por exemplo, o perverso rei bárbaro Kadar, do filme da Cannon de 1987 de sword and sorcery italiano “The Barbarians” de Ruggero Deodato. As cicatrizes visíveis no seu rosto tiveram origem num incidente em 1967 onde o ator, sob o efeito de drogas, encharcou-se em gasolina e ateou fogo em si próprio como forma de protesto contra a  guerra do Vietnam. Ele passou por muitos enxertos de pele e anos de reabilitação e, eventualmente, voltou a atuar. Lynch morreu em 2012 com a participação em mais de 150 filmes, incluindo “Scarecrow” de 1973, “The Sword and the Sorcerer” de 1982 e “Bad Dreams” de 1988. Ele também apareceu em “The Forbidden Dance” de 1990, com o tema da lambada em cima da mesa e feito pela 21st Century Film Corporation de Menahem Golan para competir com “Lambada” de 1990 da Cannon Films e lançado no mesmo dia.
Billy Drago teria mais tempo de tela em filmes da Cannon como “Hero and the Terror” de 1988 e “Delta Force 2” de 1990, ambos também protagonizados por Norris. Regularmente classificado como um vilão graças ao seu corpo esguio e sorriso sinistro, alguns anos depois deste filme, ele interpretou a personagem de Frank Nitti no aclamado filme de Brian De Palma, “The Untouchables” de 1987. Drago também fez aparições em “The Pale Rider” de 1985, “Vamp” de 1986, e em várias séries de TV, incluindo a série de culto “The X-Files”.
Mas voltando à trama do filme em questão! Enquanto os homens de Rostov apressam-se a esconder as armas roubadas ao traficante, tudo vai de vento em popa! Parece que cada parte do plano nefasto e vagamente definido pelo astuto líder terrorista está a andar bem, mas existe um pequeno grande problema que precisa de ser resolvido.
Acontece que Rostov apenas teme uma coisa à face da terra, e essa coisa é Chuck Norris ou Matt Hunter, o ex-agente da CIA que frustrou uma das suas conspirações nefastas no passado e que se arrepende amargamente de não ter despachado Rostov para o inferno quando teve a oportunidade para o fazer. Rostov tem tanto medo de Hunter que tem pesadelos recorrentes com ele!
Agora na aposentadoria e a viver com uma reforma de merda paga pelo Governo dos Estados Unidos, Hunter leva uma vida pacífica nos Everglades a ajudar o seu amigo nativo americano, John Eagle, a apanhar crocodilos e a andar naquele “airboat” altamente que vimos antes. Antes de lançar o seu plano, Rostov tenta extinguir o seu antigo inimigo ao lançar um ataque furtivo à pacífica cabana de Hunter no meio do pântano, mas só consegue matar o idoso amigo de Hunter. Mais um velhinho para a lista, mas com isso, apenas força o regresso de Hunter ao ativo.
“Invasion USA” contou com uma equipa de duplos com mais de oitenta pessoas, liderada pelo coordenador Aaron Norris, irmão de Chuck que, para evitar que qualquer um dos seus duplos fosse mordido por crocodilos ou por outra bicharada durante as cenas do pântano, atirava cargas de dinamite para explodir com qualquer criatura que estivesse à espreita nas proximidades. Outros tempos!
Tendo presumido erradamente que uma dúzia de homens com metralhadoras e lança rockets seriam suficientes para matar Matt Hunter, Rostov inicia a sua invasão. Alguns transportadores antigos da Segunda Guerra Mundial desembarcam numa praia de Miami pela calada da noite e descarregam algumas centenas de guerrilheiros armados até aos dentes e de várias etnias. Eles entram em camiões que os aguardavam e dispersam-se por várias cidades do país inteiro.
Chicago, Detroit, Las Vegas, Nova York, São Francisco são alguns exemplos, mas o filme apenas se preocupa em mostrar os ataques em Miami e Atlanta e caga para o resto.
O plano de Rostov é espalhar terror e devastação ao usar a própria liberdade da população contra ela e assim colocar a América de joelhos.
Um bando de motoqueiros locais foi escolhido para fazer do exército de terroristas invasores para esta cena, e segundo alguns relatos, a polícia queria invadir o ‘set’ de filmagens naquela noite, já que muitos dos figurantes tinham mandados de captura, mas a produção recusou-se a cooperar com a polícia e a entregar os bandidos.
Logo a seguir vemos o esquema covarde que Rostov coloca em ação da maneira mais maligna e gratuita possível. Ele e os seus capangas chegam a um subúrbio americano, onde famílias decoram árvores de Natal nos seus jardins, as crianças brincam e patinam na rua e os velhinhos levam os seus poodles a passear, para logo a seguir assistirmos horrorizados enquanto os bandidos puxam de lança rockets e destroem as casas ao redor.
Se formos a ver bem, esta cena é efetivamente aterrorizante, pois observamos da nossa poltrona o bastante literal Sonho Americano explodir mesmo à nossa frente.
E convém dizer que não eram fachadas que foram destruídas, mas sim casas verdadeiras!
Enquanto procuravam locais para a rodagem do filme, a produção deu de caras com um conjunto habitacional, que estava programado para ser demolido para expandir o aeroporto de Atlanta. O governo estatal comprou as casas e colocou-as em leilão para construtoras locais, que planeavam resgatar os materiais de construção. Acontece que a empresa vencedora não conseguiu fazer o pagamento a tempo, então a Cannon interveio e comprou as casas que destruíram no filme por cerca de 7 mil dólares cada. Além disso, conseguiram obter uma licença das autoridades locais para equipá-las com explosivos. Para um filme que foge a sete pés da realidade, esta cena devolveu-o com eficácia ao mundo real.
Infelizmente, parte do realismo de “Invasion USA” teve um custo. Ao filmar uma cena onde os terroristas deveriam derrubar a entrada de uma garagem com explosivos, as cargas explodiram a porta de aço, e atiraram estilhaços quentes para cima do duplo Max Maxwell, que estava sentado numa mesa a quase 20 metros de distância. O impacto fraturou o seu antebraço e causou várias lacerações na cara e membros. A cena em que Maxwell foi ferido pode ser vista no filme. Na Flórida, houve uma colisão de cinco carros quando o comboio de camiões dos terroristas colidiu enquanto saía do local de filmagens, no qual um motorista ficou ferido.
Toda a ação e destruição do filme são acompanhadas pelo banda sonora do compositor Jay Chattaway, que também compôs as bandas sonoras para a Cannon de “Missing in Action” e “Braddock: Missing in Action III”, bem como clássicos de culto não relacionados com a Cannon, como “Maniac” de 1980 e “Maniac Cop” de 1988.
Enquanto isso, no filme, Matt Hunter faz algumas diligências à vida local para ver se localiza o esconderijo do líder terrorista. Ele segue o rasto de um dos tenentes de Rostov na sala dos fundos de um clube de strip decadente, e espeta uma faca na mão do malandro para dolorosamente sacar algumas informações dele. Quando um dos corpulentos seguranças do clube aparece para acabar com aquela algazarra toda, Hunter brinda-nos com uma das frases mais Chuck Norris do que o próprio Chuck Norris já escutadas em cinema, e umas das melhores one-liners de todo o sempre. Ele vira-se para o segurança e diz: “Vou-te bater tanto com a minha direita, que vais implorar por uma esquerda.” Norris criou esta frase sozinho e ficou tão orgulhoso da sua criação, que pisca o olho sorrateiramente às suas tendências políticas, que os cineastas deixaram-no usá-la. É azeiteira, claro! Mas também é um ajuste perfeito para ele e uma lembrança de que ninguém além de Chuck Norris poderia fazer isso como ele faz.
Quando se vê incapaz de arrancar mais alguma informação útil, Hunter deixa o tenente terrorista com uma mão presa a uma mesa com uma faca e a outra a segurar uma granada, que eventualmente e apenas depois de Hunter estar em segurança, explode.
Noutro lugar, o reinado do terror continua. Num momento, dois polícias falsos disparam contra um grupo de pessoas numa festa de dança latina. Um deles é interpretado pelo ator nipo-americano James Pax, que faz aqui a sua estreia em Hollywood. Ele depois apareceu como um dos três tempestades em “Big Trouble in Little China” de 1986 de John Carpenter, e no menos famoso “Kinjite” de J. Lee Thompson para a Cannon de 1989, no qual contracena com Charles Bronson.
Outro grupo de bandidos tenta explodir um shopping apinhado de gente na época de Natal, apenas para ter os seus planos frustrados pelo nosso super-herói que não usa capa, mas veste-se de ganga da cabeça aos pés, Matt Hunter. O que se segue é a exibição mais extravagante de destruição de shoppings deste “The Blues Brothers” de 1980.
Enquanto os terroristas abrem fogo contra pessoas inocentes, Matt Hunter dirige a sua pick-up que gasta 50 litros aos 100 pela parede adentro do prédio. Pareçe que o nosso super-herói, apesar de não usar capa, possui uma visão raio-x! Como é que ele sabia que os bandidos estavam ali? Como é que ele conseguiu não atropelar nenhum civil? Vamos atribuir isso a Magic Chuck, ou Super-Chuck, como preferirem!
Após atropelar alguns dos gandins fortemente armados, Matt Hunter salta da sua pick-up para eliminar mais alguns com um par de Micro-Uzis que carrega consigo. Enquanto isso, o bandido encarregado da operação consegue fazer uma ligação direta numa outra pick-up que estava em exibição e tenta atropelar Hunter, mas o nosso herói salta para o lado e consegue agarrar-se à porta, e dá uns murros valentes no bandido enquanto seguem um caminho de destruição pelo shopping fora. Não escapa quase nada à onda de devastação provocada por uma pick-up desgovernada.
 À semelhança do que aconteceu com o subúrbio, que foi destruído algumas cenas antes, os produtores conseguiram encontrar um shopping relativamente perto dos locais de filmagem, o Avondale Mall, que estava parcialmente fechado para obras. Como os donos do shopping planeavam destruir e redesenhar toda aquela ala de qualquer maneira, a produção pediu permissão para destruir a entrada principal e um monte de lojas, incluindo uma loja das Sears fechada. 
Como o shopping já estava vazio, a equipa teve que redecorar o local. Eles encheram as lojas vazias com merdiçes e montaram as gigantescas ‘vitrines’ natalícias.
A Cannon inicialmente opôs-se ao fato de o filme ser ambientado na época do Natal, já que o custo e o tempo adicional necessário para a montagem do cenário com as luzes, as árvores de Natal e assim por diante, aumentaria consideravelmente, uma vez que o filme foi rodado durante os meses de verão. A equipa de produção acabou por levar a melhor, e as decorações de Natal tornam as ações dos vilões ainda mais sinistras.
Os terroristas em fuga conseguem sacudir o nosso herói da pick-up no estacionamento do shopping, mas Matt Hunter rapidamente toma as rédeas de um Ford Mustang propriedade de uma jornalista freelancer interpretada por Melissa Prophet, uma ex-Miss Califórnia que por acaso está onde quer que haja algo de terrorista.
Quando o tenente de Rostov o informa que Matt Hunter ainda está vivo, o senhor terrorista executa o seu movimento característico e atira na zona reprodutora do pobre lacaio. Os seus homens seguem com as suas ordens de espalhar o caos por todo o país com medo de levarem eles também com um tiro na pila!
Infelizmente para eles, mas felizmente para a América, Chuck Norris. . . Matt Hunter … está de alguma forma vários passos à frente deles, e aparece onde quer que estejam, bem a tempo de impedir qualquer judiaria maligna e mortal planeada. Quando eles tentam explodir uma igreja, Matt Hunter aparece para religar a bomba e devolvê-la aos terroristas.
Ele diz uma frase previsivelmente pastelona antes de lhes atirar a mala explosiva… “Não funcionou? Agora vai funcionar.” BOOM!
Quando eles colocam uma bomba num autocarro da escola cheio de crianças, Matt Hunter está lá para retirá-la e recolocá-la no veículo dos bandidos… “Perderam isto?” BOOM!
Quando eles atacam uma multidão reunida do lado de fora de uma mercearia, acontece que Matt Hunter está perto o suficiente para encostar e acabar com os homens armados e aqui temos de presumir que Hunter voltou ao shopping destruído para recuperar a sua pick-up, porque ele anda com ela durante o resto do filme.
Matt Hunter é a equipa de um homem só a destruir terroristas. Por mais terríveis que sejam as suas ações, quase começamos a sentir um pouco de pena destes malfeitores de merda, pois eles não conseguem realizar nem um bocadinho de terrorismo sem que Chuck Norris apareça instantaneamente para lhes mijar em cima e nos seus planos terroristas.
Não importa o quão indiscriminada ou absurda seja a ação, Hunter de alguma forma sabe exatamente onde os bandidos estão quando lançam os seus ataques. Como raios faz ele isso? Magic Chuck mais uma vez…
No entanto, um super exército de um homem só não é suficiente para parar centenas de terroristas espalhados por toda a nação, e Hunter reconhece perfeitamente isso, e, nessa altura ele planeia o passo seguinte.
Mais tarde naquela noite, enquanto está deitado na cama de um quarto de hotel rasca, a mascar chiclas e a assistir à transmissão de “The Earth vs. The Flying Saucers”, o FBI arromba a porta para prendê-lo. Rostov recebe as boas novas pela televisão sobre a prisão de Hunter, que curiosamente inclui o local exato onde as autoridades o mantêm preso.
Num ato irresponsável provocado pela forte ereção que teve ao ver a notícia, Rostov desvia todo o seu exército para eliminar Hunter de uma vez por todas!
O filme termina no centro de Atlanta, onde a produção encenou o que foi, até à altura, a maior cena de batalha jamais filmada numa cidade americana. A cena foi filmada com a total cooperação da Guarda Nacional, que emprestou seis tanques, seis veículos blindados, dez camiões de duas toneladas e meia e dezasseis jipes para as filmagens. Eles também emprestaram armas automáticas reais para equipar os extras, que foram obrigados a entregar as suas cartas de condução em troca das perigosas armas de fogo.
O súbito aparecimento noturno de veículos blindados e centenas de soldados armados no centro de Atlanta, compreensivelmente afligiu alguns dos hóspedes internacionais hospedados no hotel Ritz-Carlton mesmo ali ao lado, que não foram informados sobre as filmagens e pensaram estar a testemunhar um golpe militar.
Na cena, as tropas reúnem-se enquanto os helicópteros lançam panfletos sobre a cidade, a pedir aos cidadãos que fiquem dentro das suas casas e permaneçam seguros. Geralmente, a produção teria imprimido panfletos com uma mensagem do tipo “A Cannon Films agradece por nos deixar filmar na sua bela cidade”, ou simplesmente deixar os papéis em branco, mas alguém no departamento de adereços achou boa ideia imprimir os panfletos com a mensagem de aparência oficial que vemos no filme, afirmando que “um toque de recolher do anoitecer ao amanhecer entra em vigor imediatamente e durante o atual estado de emergência”.
Milhares deles foram espalhados pelo centro de Atlanta, com um efeito previsivelmente desastroso. Tiveram que ser feitos anúncios na televisão e na rádio a esclarecer que os panfletos não eram reais e faziam apenas parte da rodagem de um filme.
O próprio Norris ficou pessoalmente chateado ao saber que duas velhinhas se esconderam dos invasores fictícios num porão por vários dias após encontrarem um dos panfletos.
Mas voltando ao clímax do filme! Camiões cheios de terroristas invadem o complexo no centro de Atlanta, onde Rostov acredita que Hunter está detido, apenas para encontrá-lo vazio e perceber que foram enganados. Em vez de Matt Hunter, os bandidos vêem-se cercados e encurralados pela Guarda Nacional. Logo Matt Hunter, tão livre quanto uma gaivota, enfrenta uma pequena equipa de vilões de elite, liderada pelo próprio Rostov. Toda essa sequência de ação, dentro e fora do prédio, é tiroteio e pirotecnia ininterruptos.
Para os fãs de ação, é inegavelmente satisfatório. A coisa toda termina com Hunter e Rostov a enfrentar-se, mano a mano, com lança rockets M72 LAW. Hunter vence, naturalmente, estoirando as entranhas e partes do corpo de Rostov pela janela de um escritório… “Está na hora.” BOOM! e os créditos rolam!
“Invasion USA” estreou em primeiro lugar nas bilheteiras dos Estados Unidos no último fim de semana de setembro de 1985, ultrapassando “Back to the Future” na sua permanência de nove semanas consecutivas no topo dos filmes mais vistos e foi ainda mais bem-sucedido no circuito de home video tornando-se, por uns tempos, o segundo filme mais popular na MGM depois de “Gone With The Wind”.
O filme, arbitrariamente patriótico e pró-norte-americano, até se saiu muito bem nos mercados internacionais. Tudo isso, apesar do fato de os críticos contemporâneos odiarem o filme.
Houve críticos que disseram que se tratava de “um thriller idiota com danos cerebrais, que nem sequer era mau o suficiente para ser ridículo”. Outros criticaram o desempenho de Norris ao afirmar que “embora a maioria do seu rosto estivesse obscurecido pela barba, ainda seria possível detetar uma completa falta de expressão”, acrescentando estranhamente que “até os seus olhos pareciam vazios e vidrados, como os botões do rosto de um ursinho de peluche”.
Outros ainda o criticaram por ser simplesmente uma desculpa para violência ininterrupta e gratuita. Alguém disse que “haviam tantas explosões no filme que alguém conseguiria ler um livro num cinema às escuras”, tendo acrescentado um pontapé nos tomates dos devotos fãs da popular estrela de ação com um “não que os fãs de Chuck Norris estejam interessados em leitura”.
 Mas no que diz respeito à Cannon, “Invasion USA” foi outro grande sucesso da sua estrela de ação mais famosa. Os fãs da Cannon também não se devem importar com essas críticas.
“Invasion USA” tenta ser um “Red Dawn” ainda maior, mais violento e mais divertido, sem todo o drama desnecessário e a angústia adolescente. Os cineastas criaram habilmente um filme que se adapta perfeitamente a todos os pontos fortes e limitações de Norris. Eles sabiam perfeitamente que o público apenas via filmes de Chuck Norris para vê-lo dar porrada e não para vê-lo lamentar-se da morte de um parceiro de maneira pouco convincente ou namorar rigidamente uma atriz mais jovem.
Norris também percebeu isso e afirmou na altura que costumava ir ver os seus filmes ao cinema para ter uma ideia do que o público gostava e não gostava, e apercebeu-se desde muito cedo que não gostam de o ver em cenas de amor! Preferiam vê-lo como um espírito livre e rebelde, um solitário, um gajo que lida com todas as adversidades que encontra ao despachar os vilões da maneira mais criativa possível.
”Invasion USA” pula de uma emocionante cena de ação para a próxima como se não houvesse amanhã enquanto encontra maneiras, umas após as outras, para se livrar dos bandidos com imaginação.
É episódico? Claro, um pouco! Sempre que Chuck leva a sua pick-up para algum lugar, ele mata todos os terroristas e segue para outra matança. Para quê estar a perder tempo a tentar explicar e justificar demasiado as coisas? Sabemos que os bandidos do filme são realmente bandidos da pior espécie desde o momento em que disparam sobre um barco cheio de famílias de imigrantes, e esses sentimentos são reforçados todas as vezes que matam mais pessoas inocentes. Tudo o que o público realmente quer é vê-los morrer das maneiras mais retorcidas e cruéis às mãos vingativas de Matt Hunter, seja pelos seus pés, pelas suas Uzis, granadas, lança rockets, etc.
O escritor James Bruner explicou que cerca de meia hora do filme foi cortada, incluindo histórias de fundo para os vilões e cenas onde a personagem de Melissa Prophet essencialmente narrava o ataques terroristas para assim conectar as muitas sequências de ação do filme.
Whoopi Goldberg foi a escolha pessoal de Norris para interpretar a repórter, e ele sugeriu-a para o papel após vê-la quando ainda era uma atriz desconhecida numa peça a solo. Zito e a Cannon acabaram por escolher Prophet e Goldberg acabou por ir para ”The Color Purple” de 1985, com uma atuação que lhe valeu uma nomeação para o Oscar de Melhor Atriz.
Embora a inclusão dessas cenas perdidas pudessem muito bem ter tornado o enredo de “Invasion USA" mais coeso, a sua exclusão torna o filme mais Chuck Norris.
Conforme lançado, o filme tem à volta de 110 minutos, vinte minutos a mais do que o filme padrão de Cannon, mas sem um momento lento durante o filme todo. É fácil ignorar os “plot holes” quando a ação é tão exagerada, bombástica e ininterrupta. Na sua essência, “Invasion USA” é o protótipo do veículo de ação de Chuck Norris, mas este foi feito numa escala muito maior do que qualquer um dos seus restantes filmes, com exceção de “The Delta Force” de 1986.
Os efeitos práticos e pirotécnicos continuam fantásticos, mesmo para os padrões atuais. O filme foi filmado com 12 milhões de dólares, um orçamento considerável para uma produção da Cannon. Sabemos que um milhão foi para a estrela barbuda de 45 anos do filme e pelo que parece, pelo menos outro milhão de dólares foi provavelmente gasto em explosivos e traquitanas extra. A equipa foi ainda capaz de ampliar ainda mais o valor da sua produção por meio de pesquisa de localizações ao encontrar prédios reais que poderiam destruir e explodir à vontade. Isso deu ao filme uma aparência mais real que simplesmente nunca iriam conseguir captar se apenas os construissem de raiz, o que era impossível dado o orçamento.
A equipa de efeitos especiais veio para “Invasion USA” diretinha de “Day of the Dead” de George Romero a pedido do realizador Joseph Zito, com quem Tom Savini já havia trabalhado em “Sexta-Feira 13 : O Capítulo Final de 1984”. A sua equipa incluiu o futuro vencedor do Óscar Howard Berger, que trouxe para casa a estatueta dourada pelo seu trabalho em “The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe” de 2005 e trabalhou em títulos tão variados como “Army of Darkness” de 1992, “The Green Mile” de 1999 e “Inglorious Basterds” de 2009. Greg Nicotero também andou por lá, e ficou mais conhecido pelo seu trabalho na série de TV “The Walking Dead” e derivados.
Savini, é claro, já havia conquistado o seu status de lenda do terror em filmes como “Dawn of the Dead” de 1978, “Friday the 13th” de 1980, “Maniac” também de 1980 e “Creepshow” de 1982. Ele também trabalhou em “Maria's Lovers” de 1985 e “Texas Chainsaw Massacre 2” de 1986 para a Cannon, e realizou o remake de 1990 de “Night of the Living Dead” para a 21st Century Film Corporation de Menahem Golan.
O coordenador de duplos Aaron Norris continuou a subir na hierarquia e realizou três filmes para a  Cannon interpretados pelo seu irmão Chuck, “Braddock: Missing in Action III” de 1988, “Delta Force 2” de 1990 e “The Hitman” de 1991, bem como “Platoon Leader” de 1988 com Michael Dudikoff.
Uma sequela foi escrita para a Cannon pelo argumentista James Booth, mas Norris não se mostrou interessado em regressar à personagem quando o leu. Esse argumento foi filmado por Sam Firstenberg como “Avenging Force” em 1986 com Michael Dudikoff no papel de Matt Hunter, mas fora o nome do seu herói, os dois filmes não tinham nenhum tipo de relação entre si. 
Enquanto isso, Joseph Zito foi recompensado pelo seu sucesso com “Invasion USA” ao ser designado para o malfadado, mas fortemente promovido filme do Homem-Aranha da Cannon, um filme no qual ele trabalhou cerca de um ano antes de desistir e que acabou por nunca ver a luz do dia. 
“Invasion USA” é Chuck Norris no seu melhor.
Obrigado por terem visto e bons filmes para todos.
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