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#Josely Vianna Baptista
nsantand · 7 months
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Jorge Luis Borges – Maio 20, 1928
Agora é invulnerável como os deuses. Nada na terra pode feri-lo, nem o desamor de uma mulher, nem a tísica, nem as ansiedades do verso, nem essa coisa branca, a lua, que já não precisa fixar em palavras. (...)
Agora é invulnerável como os deuses. Nada na terra pode feri-lo, nem o desamor de uma mulher, nem a tísica, nem as ansiedades do verso, nem essa coisa branca, a lua, que já não precisa fixar em palavras. Caminha lentamente sob as tílias; olha as balaustradas e as portas, não para recordá-las. Já sabe quantas noites e quantas manhãs lhe faltam. Sua vontade lhe impôs uma severa disciplina.…
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prosaversoearte · 2 years
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O verdadeiramente novo dá medo ou maravilha.
Julio Cortázar, no livro "Todos os contos". tradução Heloisa Jahn e Josely Vianna Baptista. Companhia das Letras, 2021
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alexandrekovacs · 2 years
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ur-ubu · 5 years
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(via https://www.youtube.com/watch?v=OTugKZpYGHI)
Videopoem by Josely Vianna Baptista.  “Nada está fora do lugar” (Nothing is out of place)
Collective creation by Josely Vianna Baptista, Yasmin Thayná, Waltel Branco, Guillermo Sequera & Francisco Faria. Inspired by the Guarani people prophetic migrations in search of the Land Without Evil ("yvy marã’ey") and marked by the mention - in "Coix lacryma" - of ethnocide (here, specifically, of the Guarani), Josely Vianna Baptista's videopoem resounds with an echo of the reciprocity of Guarani "jopói" - hands open to give - and suggests a vision of a nature without borders and a culture inextricable from that nature. Multidisciplinary and plurilingual, and therefore consistent with Josely's politico-poetic project (she has always fought for a "counter-conquest" of cultural exchange), with screenplay by her and Francisco Faria, the piece is the result of a weaving together of Josely´s poetry with the video art collage of Yasmin Thayná, the music of Waltel Branco, the visual art of Francisco Faria, the ethnographic work of Mito Sequera, the musical direction of Pedro Jerônimo Vaz de Faria and Kito Pereira, and the translations (and voices) of Chris Daniels (English), Bogado Cristino (Guarani), and Reynaldo Jiménez (Spanish). The voice reading the Portuguese originals is Josely's, and the soundtrack also features the voices of the shamans Nãnde Chy (Ceferina Martínez) and Ramói Guazu.
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else-self · 4 years
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For anyone interested in reading some poetry or poetics. Duration press has their catalog available online and as downloadable PDFs. It's a great resource of diverse writers and writing styles and translations.
The following is a complete list of publications released on durationpress.com since 1999. The first set is composed of titles released since 2015. The second set features titles released from 1999-2009.
2015-
Anne-Marie Albiach, A Discursive Space (interviews with Jean Daive) (tr. Norma Cole)
George Albon, Transit Rock
Will Alexander, Exobiology as Goddess
Will Alexander, Vertical Rainbow Climber
Richard Anders, The Footsteps of One Who Has Not Stepped Forth (tr. Andrew Joron)
ANGLE Magazine (edited by Brian Lucas)
Roman Antopolsky, Haunted House
Apex of the M (edited by Lew Daly, Alan Gilbert, Kristin Prevallet, Pam Rehm)
Gennady Aygi, An Anthology of Chuvash Poetry
Gennadi Aygi, Degree of Stability (tr. Peter France)
Rachel Tzvia Back, The Buffalo Poems
Josely Vianna Baptista, On the Shining Screen of the Eyelids (tr. Chris Daniels)
Melissa Benham, at sea
Coral Bracho, Of Their Ornate Eyes of Crystalline Sand (tr. Forrest Gander)
Michel Bulteau, Crystals to Aden (tr. Pierre Joris)
Mary Burger, Nature’s Maw Gives and Gives
Norma Cole, Coleman Hawkins Ornette Coleman
Norma Cole, Metamorphopsia
Norma Cole, My Bird Book
Pura López Colomé, Aurora (tr. Forrest Gander)
Stacy Doris, Paramour
Jean-Michel Espitallier, Butchers Fantasy (tr. Sherry Brennan & Jean-Michel Espitallier)
Factorial Magazine (edited by Sawako Nakayasu)
The Germ: A Journal of Poetic Research
John High, The Desire Notebooks
Emmanuel Hocquard, Late Additions (tr. Connell McGrath and Rosmarie Waldrop)
Emmanuel Hocquard and Ray DiPalma, Personæ and Thoughts on Personæ (tr. Ray DiPalma)
Pierre Joris, Permanent Diaspora
Rachel Levitsky, Dearly 3 4 6
Andrei Molotiu, The Kingdom
Pascalle Monnier, Bayart: Spring (tr. Cole Swensen)
Laura Moriarty, Nude Memoir
Gale Nelson, Spectral Angel
Aldon Lynn Nielsen, Black Chant
Mary Oppen, Poems & Transformations
Lauri Otonkoski, 20 Poems (tr. Anselm Hollo)
Roberto Piva, Manifestoes (tr. Chris Daniels)
Roberto Piva, open your eyes and say ah! (tr. Chris Daniels)
Roberto Piva, Paranoia (tr. Chris Daniels)
Pam Rehm, To Give it Up
Sebastian Reichmann, Sweeper at His Door (tr. James Brook)
Claude Royet-Journoud, The Right Wall of the Heart Effaced (tr. Keith Waldrop)
Lutz Seiler, Poems (tr. Andrew Duncan)
Ryoko Sekiguchi, Tracing (tr. Stacy Doris)
Aaron Shurin, Reverie: A Requiem
Gustaf Sobin, Telegrams
Juliana Spahr, LIVE
Brian Strang, Dark Adapt
Hiroya Takagai, Rush Mats (tr. Eric Selland)
Habib Tengour, Empedocles’s Sandal (tr. Pierre Joris)
Lourdes Vazquez, Park Slope
The Violence of the White Page: Contemporary French Poetry (edited by Stacy Doris, Charles Bernstein, and Phillip Foss)
Keith Waldrop, The Silhouette of the Bridge (Memory Stand-Ins)
Keith Waldrop, Spit-Curls
Peter Waterhouse, Where Are We Now? (tr. Rosmarie Waldrop)
Tyrone Williams, c.c.
Xue Di, Circumstances (tr. Keith Waldrop, with Hil Anderson and Xue Di)
Heriberto Yepez, Babellebab
1999-2009
Heather Akerberg, Dwelling
George Albon, Momentary Songs
Michael Basinski, Mooon Bok: petition, invocation & homage
Claire Becker, Get You
Guy Bennett, Retinal Echo
Taylor Brady, Production Notes for Occupation: Location Scouting
Brandon Brown, Kidnapped
Mary Burger, The Boy Who Could Fly
Norma Cole, Mace Hill Remap
Catherine Daly, The Last Canto
Rachel Blau DuPlessis, Wells
Marcella Durand, The Body, Light, and Solar Poems
Patrick Durgin, And so on
Patrick Durgin, Sorter
Peter Ganick, …As Convenience
Susan Gevirtz, Domino: point of entry
Jesse Glass, Man’s Wows
Noah Eli Gordon, notes toward the spectacle
E. Tracy Grinnell, Of the Frame
Pierre Joris, The Fifth Season
Amy King, The Citizen’s Dilemma
Rachel Levitsky, Realism (a work in progress)
Bill Marsh, A Tomb for Anatole
Pattie McCarthy, alibi (that is : elsewhere)
Mark McMorris, Figures for a Hypothesis
Jorge Melícias, Disruption (translated by Brian Strang & Elisa Brasil)
K. Silem Mohammad, Hanging Out with Pablo and Jennifer
Sawako Nakayasu, Balconic
kathryn l. pringle, The Stills
Francis Raven, Economic Belief Structure
Pam Rehm, Pollux
Elena Rivera, Wale; or The Corse
Cynthia Sailers, A New Season
John Sakkis, Rude Girl
Eleni Sikelianos, poetics of the exclamation point
Eleni Sikelianos, To Speak While Dreaming
Rick Snyder, Forecast Memorial
Juliana Spahr, Nuclear
Suzanne Stein, Untitled (Poetry Event: June 2, 2007, Pegasus Books Downtown, Berkeley)—Audio of event
Brian Strang, machinations
Cole Swensen, It’s Alive She Says
Elizabeth Treadwell, LILYFOIL (or Boy & Girl Tramps of America)
Kevin Varrone, g-point almanac (9.22-10.19)
Keith Waldrop, The Garden of Effort
Rosmarie Waldrop, Lawn of Exlcuded Middle
Dana Ward, The Imaginary Lives of My Neighbors
Alli Warren, No Can Do
Code of Signals
Alcheringa
Towards a Foreign Likeness Bent: translation
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comporsilencios · 4 years
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AS COISAS
A bengala, as moedas, o chaveiro,
A fechadura dócil, o final
Notas que não lerão os poucos dias
que restam , os cartões e o tabuleiro,
Um livro e em suas páginas a
violeta Violeta, monumento de uma tarde
Sem dúvida inesquecível e esquecido, o
espelho vermelho do oeste em que
um amanhecer ilusório queima . Quantas coisas,
limas, limiares, atlas, copos, unhas,
servem-nos como escravos tácitos,
cegos e estranhamente furtivos!
Eles vão durar além do nosso esquecimento;
Eles nunca saberão que fomos embora.
BORGES, Jorge Luis. "As coisas". Em: _____. Poesia . Edição bilíngue. Trad. Josely Vianna Baptista. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
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passo após passo: antúrios murchos no basalto
lodo ou folhedo: sobre o restolho o couro sangrento
dos pedregulhos na sola os talhos
o solo árduo
mas alado
guirá ñandu
Para Teodoro (sob a Constelação da Ema, cujas penas são desenhadas por claro-escuros da Via Láctea)
pode que a noite hoje se furte a amanhecer a terra desmorone nos bordos do poente e outra vez o sol como antes não desponte
em busca de outro sol pode alguém se perder abandonando o humano para encontrar seu deus - o mesmo que ao nascer deu-lhe um nome secreto de sua divindade perfeito e repleto
pode que na viagem no trajeto disperso um homem adivinhe a vereda possível sem fim, de sol a sol até que a fome e a febre
o êxtase à flor da pele a intempérie, a prece a dança em excesso transportem o corpo adverso e o espírito pulse e respire e confronte o mar que o separa da terra indestrutível
quem sabe o paraíso que descrevem os antigos não esteja além do vasto nevoeiro e sargaço mas no árduo percurso vencido passo a passo sem bússola ou mapa do céu em pergaminho
talvez além do zênite que ofusca o caminho deixando um invisível roteiro para os olhos que enfrentam o escuro entre os dois crepúsculos
moradas nômades
carunchos e cupins roem, vorazes, a choupana de ripas
pendem do esteio ramos de trigo feito amuleto para celeiro cheios; tachos esfarelam crostas de grãos moídos e redes balançam seus esgarços perto do chão onde uma nódoa preta mostra o antigo fogo
tudo abandono e, no entanto, lá fora o pomar semeado para os que agora cruzam (trouxas vazias), um por um, os onze mil guapuruvus
Josely Vianna Baptista, in Roça Barroca , 2011
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fabioferreiraroc · 4 years
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22 livros que são diamantes para o cérebro
Livros, bons livros, são verdadeiros diamantes para o cérebro ou, se se quiser, para a alma. Aliás, até maus livros, se bem lidos, se tornam pelo menos uma vistosa bijuteria. Nesta lista, idiossincrática como qualquer outra, menciono livros que, em geral, foram editados no Brasil há alguns anos. Mas poucos estão fora de catálogo. Os que estão podem ser encontrados em sebos — caso da obra-prima “Paradiso”, romance do Lezama Lima. Quando Fidel Castro for um rodapé na história de Cuba, daqui a 55 anos, Lezama Lima permanecerá sendo lido.
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Livros, bons livros, são verdadeiros diamantes para o cérebro ou, se se quiser, para a alma. Aliás, até maus livros, se bem lidos, se tornam pelo menos uma vistosa bijuteria. Nesta lista, idiossincrática como qualquer outra, menciono livros que, em geral, foram editados no Brasil há alguns anos. Mas poucos estão fora de catálogo. Os que estão podem ser encontrados em sebos — caso da obra-prima “Paradiso”, romance do Lezama Lima. Quando Fidel Castro for um rodapé na história de Cuba, daqui a 55 anos, Lezama Lima permanecerá sendo lido.
Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister, de Goethe
O livro de Johann Wolfgang von Goethe “criou”, segundo Marcus Vinicius Mazzari, “o gênero que mais tarde foi chamado de ‘romance de formação’ (Bildungsroman), a mais importante contribuição alemã à história do romance ocidental. (…) Goethe empreendeu a primeira grande tentativa de retratar e discutir a sociedade de seu tempo de maneira global, colocando no centro do romance a questão da formação do indivíduo, do desenvolvimento de suas potencialidades sob condições históricas concretas”. (Editora 34, tradução de Nicolino Simone Neto.)
A Consciência de Zeno, de Italo Svevo
Svevo às vezes é mais citado como “o” amigo italiano de James Joyce. O irlandês foi seu professor de inglês. Poucas vezes um burguês foi retratado com tanta felicidade quanto neste romance. Zeno, um fumante inveterado — nada politicamente correto —, submete-se à psicanálise e, em seguida, desiste, porque deixa de acreditar na “ciência” de Freud. O livro é de 1923. Zeno, grande personagem, faz um mergulho poderoso na sua própria vida. Otto Maria Carpeaux qualificou o romance de “genial”. (Tradução de Ivo Barroso. Editora Nova Fronteira.)
Folhas de Relva, de Walt Whitman
Walt Whitman não é “um” e sim “o” poeta norte-americano. Segundo Otto Maria Carpeaux, é um “poeta para poetas”. Dado o uso intensivo do verso livre, que ele “criou” como um método — então novo e rebelde em relação à poesia metrificada —, o poema longo de Whitman deveria ser de fácil acesso. Se fosse russo, seria cantado nas ruas, como se faz com Púchkin. A dificuldade teria a ver mais com o poema longo do que com o poema em si? Pode ser. O que a poesia de Whitman exige é um leitor atento. Harold Bloom o apresenta como “fundador” da poesia americana. “O” poeta. Há algumas traduções no Brasil. As mais citadas são as de Bruno Gambarotto (Hedra), Rodrigo Garcia Lopes (Iluminuras) e Geir Campos (Civilização Brasileira). Há uma da Editora Martin Claret.
A Montanha Mágica, de Thomas Mann
É o segundo grande romance de formação alemão. O livro conta a história do jovem Hans Castorp, que, ao visitar uma clínica para tuberculosos na Suíça, amadurece, participa de debates filosóficos. Enfim, vive e cresce. Mann escreveu: “E que outra coisa seria de fato o romance de formação alemão, a cujo tipo pertencem tanto o ‘Wilhelm Meister’ como ‘A Montanha Mágica’, senão uma sublimação e espiritualização do romance de aventuras?” (Nova Fronteira, tradução de Herbert Caro.)
A Lebre Com Olhos de Âmbar, de Edmund de Waal
O romance de Wall parece, à primeira vista, um trabalho de arqueologia literária escrito por uma sensibilidade do século 19. Há, aqui e ali, uma percepção meio proustiana da vida. Porém, a obra é de 2010. O belíssimo livro, escrito por alguém que tem a percepção de que Deus às vezes está nos detalhes, ganhou elogios de pesos pesados. “De maneira inesperada, combina a micro arte das miniaturas com a macro história, em um efeito grandioso”, disse Julian Barnes. “Uma busca, descrita com perfeição, de uma família e de um tempo perdidos. A partir do momento em que você abre o livro, já está numa velha Europa inteiramente recriada”, afirma Colm Tóibín. (Tradução de Alexandre Barbosa de Souza. Editora Intrínseca.)
Guerra e Paz, de Liev Tolstói
Se tivesse lido cuidadosamente o romance “Guerra e Paz” — literatura e história —, Adolf Hitler não teria invadido a União Soviética, em 1941, ou seja, 129 anos depois, mas com os mesmos resultados funestos das tropas de Napoleão Bonaparte. Liev Tolstói examinou a história cuidadosamente e escreveu um romance poderoso a respeito da invasão napoleônica de 1812. Seu trabalho literário rivaliza-se com as melhores histórias sobre o assunto. Detalhe: além da guerra, ele examina minuciosamente a vida civil do período. Como complemento, o leitor pode consultar “1812 — A Marcha Fatal de Napoleão Rumo a Moscou”, de Adam Zamoyski. (Tradução de Rubens Figueiredo, a única feita a partir do russo. Editora Cosac Naify.)
Paradiso, de Lezama Lima
Trata-se do mais importante romance escrito por um cubano. Lezama Lima é o James Joyce ou o Guimarães Rosa de Cuba. Sua prosa barroca é densa, às vezes de difícil apreensão, mas uma leitura cuidadosa, observando-se seus vieses, leva o leitor ao paraíso. Julio Cortázar escreveu sobre o livro: “‘Paradiso’ é como o mar… Surpreendido em um começo, compreendo o gesto de minha mão quando toma o grosso volume para olhá-lo uma vez mais; este não é um livro para ler como se leem os livros, é um objeto com verso e reverso, peso e densidade, odor e gosto, um centro de vibração que não se deixa alcançar em seu canto mais entranhado se não se vai a ele com algo que participe do tato, que busque o ingresso por osmose e magia simpática”. (Brasiliense, com tradução de Josely Vianna Baptista. A poeta refez a tradução, mas um imbróglio jurídico a impede de publicá-la.)
Enquanto Agonizo, de William Faulkner
“O Som e a Fúria”, de William Faulkner, é o “Ulysses” norte-americano. Mas o escritor que resgatou a história do sul profundo dos Estados Unidos por meio da literatura tem um romance menor (em tamanho) e de alta qualidade — “Enquanto Agonizo”. Neste livro, todos os personagens têm vozes, apresentadas em igualdade de condições. As vozes parecem um coro e as pessoas estão carregando um caixão, com o corpo da matriarca da família, mas é como se não saíssem do lugar. (Tradução de Wladir Dupont, L&PM.)
Aquela Confusão Louca da Via Merulana, de Carlo Emilio Gadda
James Joyce “inventou” clones em alguns países: William Faulkner, nos Estados Unidos, e Guimarães Rosa, no Brasil, são, quem sabe, os mais conhecidos. Chamá-los de clones contém um certo desrespeito, mas, sem Joyce, Guimarães Rosa certamente teria sido um José Lins do Rego melhorado. Assim como Faulkner seria um Mark Twain mais denso. Mas pode-se falar num Joyce italiano? É possível. Carlo Emilio Gadda, autor de “Aquela Confusão Louca da Via Merulana” (Record, tradução de Aurora Bernardini e Homero de Freitas Andrade), é uma espécie de Joyce que “canibalizou” Rabelais. É visto como intraduzível. Acima de tudo, é um belíssimo escritor, autor de histórias fortes contadas de modo inventivo e de uma maneira às vezes frenética.
Três Tristes Tigres, de Guillermo Cabrera Infante
O livro é uma orgia linguística e, por isso, às vezes assusta o leitor desavisado. Mas, se passar da página 50, o leitor não vai mais parar a leitura deste livro de arquitetura perfeita, que não se revela assim, dada sua fragmentação. Cabrera Infante diverte o leitor, em cada página, ao resgatar, com precisão, a oralidade e a vida comum e a vida cultural de Cuba. Logo no início, no qual há mistura de línguas, Carmen Miranda e Joe Carioca são citados. Oswald de Andrade veria, neste belíssimo romance, a antropofagia trabalhada com mestria. (Luís Carlos Cabral traduziu o romance com rigor, decifrando ao máximo suas muitas dificuldades linguísticas e culturais. José Olympio Editora.)
A Branca Voz da Solidão, Emily Dickinson
Esclareça-se: a poeta norte-americana Emily Dickinson não publicou nenhum livro. Seus quase 2 mil poemas foram publicados depois de sua morte, em 1886. Ela tem sido bem traduzida no Brasil, desde Manuel Bandeira até Augusto de Campos e Aíla de Oliveira Gomes. Mas ninguém fez tanto pela poesia de Emily Dickinson no Brasil quanto José Lira, tradutor desta coletânea. Lira não introduziu sua poesia no país, mas pode-se dizer que a consolidou — tanto com as traduções inventivas quanto com a crítica refinada. Outro livro traduzido por ele: “Emily Dickinson: Alguns Poemas”. (Editora Iluminuras.)
Vida Querida, de Alice Munro
Alice Munro é uma das maiores escritoras canadenses. É considerada como a Tchekhov da América, embora seja menos ousada do que o russo. Seus contos são romances em miniatura, amplamente desenvolvidos e, às vezes, sutis. Neste livro, além dos contos, há narrativas autobiográficas — um artifício inteligente no qual se usa a ficção para iluminar pedaços sempre escuros da vida dos indivíduos. (Tradução de Caetano W. Galindo, Companhia das Letras)
Sagarana, de Guimarães Rosa
Todos sabem: a obra-prima de Guimarães Rosa é “Grande Sertão: Veredas”, o romance brasileiro que mais dialoga com a literatura internacional — e sem submissão. Nos contos não há a mesma invenção, aquela linguagem rodopiante, que às vezes deixa o leitor tonto. Ainda assim, os contos de “Sagarana” merecem uma leitura atenta, alguns são “Pequenos Sertões: Veredas”. Alguém é capaz de ler e esquecer, por exemplo, “A hora e a vez de Augusto Matraga” e “Corpo Fechado”? (Editora Nova Fronteira)
Memorial de Aires, de Machado de Assis
Se der ouvidos a certa crítica, o leitor patropi passará a acreditar que Machado de Assis só escreveu três romances: “Dom Casmurro”, “Quincas Borba” e “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. O mago dos contos raramente é citado, exceto por alguns especialistas, como o inglês John Gledson. Mas há um “romancinho” de Machado de Assis que é maravilhoso. “Memorial de Aires” é muito bem escrito. É de uma sutileza rara no panorama cultural brasileiro. E, claro, é divertido, talvez porque menos “pretensioso” (a grande arte é sempre pretensiosa) do que as obras-primas “Dom Casmurro” e “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.
Reparação, de Ian McEwan
Pense em Ian McEwan como uma espécie de Henry James modernizado, pós-jazz e pós-rock. O autor, talvez o mais refinado escritor inglês vivo — acima de pares como Martin Amis e Julian Barnes (este, às vezes subestimado, ao menos no Brasil) —, aparentemente mistura, aqui e ali, tanto Virginia Woolf quanto Henry James em suas histórias. Mas sua dicção para mostrar a ambivalência dos indivíduos é moderna, não é do século 19, quando James, o Henry, se formou. McEwan conta, em “Reparação”, uma história extraordinária, mas o modo como a relata, com personagens “manipulados” pelo meio e pelas próprias personagens, ou por uma delas, é que torna o romance interessante. Fica-se com a impressão de que há duas histórias — uma dominante e uma alternativa. O que é e o que poderia ter sido.
Ulysses, de James Joyce
É o romance dos romances. Não é à toa que o idiossincrático Harold Bloom — que avalia que Shakespeare é Deus, e não apenas da literatura, pois teria inventado o homem que se tem hoje nas ruas — considere James Joyce como um par do autor de “Hamlet” e “Rei Lear”. “Ulysses” reinventa o romance moderno, tornando os posteriores espécies de sombras, não raro pálidas. Mesmo quem não o segue, rumando para outra estética, acaba se tornando tributário. As três traduções são de Antônio Houaiss (Civilização Brasileira), Bernardina Pinheiro (Objetiva) e Caetano W. Galindo (Companhia das Letras).
São Bernardo, de Graciliano Ramos
O romance mais importante de Graciliano Ramos é “Vidas Secas? Sem dúvida. Mas, num tempo de hegemonia dos estudos de gênero — que matam a literatura em nome de uma ideologia primária —, nada mais significante do que indicar “São Bernardo”. Este livro, se as feministas atuais lessem — as que leem são exceções —, se tornaria uma bíblia. Mas uma bíblia sem concessões moralistas. Poucos autores patropis, mesmo entre as mulheres, construíram tão bem um homem autoritário, até totalitário, quanto o Velho Graça. (Editora Record)
Retrato de uma Senhora, de Henry James
Mestre da ambiguidade, Henry James construiu romances de alta voltagem sobre grandes mulheres, americanas ou inglesas. Pode-se dizer, até, que suas mulheres, sempre mais sutis, são mais bem construídas do que as personagens masculinas. Neste romance, há uma grande personagem, Isabel Archer. O leitor poderá sugerir: “Mas ela é enganada por um homem”. Por certo, é. Mas permanece como uma grande personagem. Este livro — ao lado de “As Asas da Pomba” — deveria ser lido por todos os leitores, sobretudo pelas mulheres. Os homens deveriam amarrá-las para que lessem esta obra-prima? Nem tanto. É crime. A Lei Maria da Penha é um perigo. (Companhia das Letras, tradução de Gilda Stuart.)
Conversa no Catedral, de Mario Vargas Llosa
O percurso literário de Vargas Llosa é curioso. Começou como um autor inventivo, na linhagem de Faulkner, e se tornou, nos romances mais recentes, um escritor mais tradicional, tão límpido quanto, digamos, Flaubert. Tornou-se um grande narrador clássico, mais acessível. Seu romance mais experimental é “Conversa no Catedral”, no qual diálogos de personagens diferentes são misturados, numa bela orgia linguística. É como se o Nobel de Literatura nos dissesse que a Linguagem é uma personagem tão ou mais importante do que Santiago e Ambrosio. (Alfaguara, tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht.)
Poesia 1930-1962, de Carlos Drummond de Andrade
O poeta Carlos Drummond de Andrade talvez tenha apenas dois rivais em língua portuguesa — Camões e Fernando Pessoa. No Brasil, quem mais se aproximou, a uma distância de 10 mil quilômetros, foi João Cabral de Melo Neto. Ninguém mais. “Poesia 1930-1962 — Edição Crítica” contém o que há de melhor do escritor mineiro. É, digamos, sua bíblia. Aí está o Drummond, modernista total, de corpo e alma. Como presente de Natal, o preço é salgado, 179 reais, mas a edição, caprichada, vale a pena. O preço será esquecido, mas o presenteador e o livro decerto jamais serão olvidados. (Editora Cosac Naify)
O Deserto dos Tártaros, de Dino Buzatti
O maior crítico brasileiro Antonio Candido aponta o romance do escritor italiano como um dos mais importantes da história da literatura. Fica-se com a impressão de que a história não anda, ou que anda para trás, ou melhor, que a personagem central, o tenente Giovanni Drogo, espera tanto que insinua-se paralisada, como se a história estivesse estancada. De permeio, a linguagem refinada de Dino Buzatti. (Editora Nova Fronteira, tradução de Aurora Fornoni Bernardini e Homero de Freitas Andrade.)
Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust
Harold Bloom percebe Marcel Proust como o maior escritor francês, acima de Flaubert, o “santo” de devoção de Mario Vargas Llosa. Proust não sabia avaliar se “Em Busca do Tempo Perdido” era um romance, ou algo mais. Talvez seja muito mais do que um romance. Quiçá uma bíblia da civilização humana, mais do que da francesa. Ciúme, memória-tempo, amizade, sexualidade — eis alguns dos temas candentes do escritor. Duas editoras se encarregaram de traduzir a obra-prima, a Globo e a Ediouro. No time de tradutores da Globo estão Mario Quintana, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, entre outros. Fernando Py enfrentou solitariamente as centenas de páginas de um autor de prosa densa (quem só defende literatura concisa não sabe a delícia que é Proust). Mario Sergio Conti prepara a terceira tradução para a Companhia das Letras.
22 livros que são diamantes para o cérebro Publicado primeiro em https://www.revistabula.com
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mykristeva · 7 years
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José Lezama Lima
Chamado do desejoso
Desejoso é aquele que foge de sua mãe. Despedir-se é lavrar um orvalho para uni-lo à secularidade da saliva. A profundidade do desejo não está no sequestro do fruto. Desejoso é deixar de ver sua mãe. É a ausência do acontecido de um dia que se prolonga e é na noite que essa ausência vai afundando como um punhal. Nessa ausência se abre uma torre, nessa torre dança um fogo oco. E assim se alastra e a ausência da mãe é um mar em calma. Mas o fugidio não vê o punhal que lhe pergunta, é da mãe, dos postigos fechados, que ele foge. O descendido em sangue antigo soa vazio. O sangue é frio quando desce e quando se espalha circulizado. A mãe é fria e está perfeita. Se for por morte seu peso dobra e não mais nos solta. Não é pelas portas onde assoma nosso abandono. É por um claro onde a mãe ainda anda, mas já não nos segue. É por um claro, ali se cega e logo nos deixa. Ai do que não anda esse andar onde a mãe não o segue mais, ai. Não é desconhecer-se, o conhecer-se segue furioso como em seus dias, mas segui-lo seria o incêndio de dois numa só árvore, e ela adora olhar a árvore como uma pedra, como uma pedra com a inscrição de antigos jogos. Nosso desejo não é pegar ou incorporar um fruto ácido. O desejo é o fugidio e das cabeçadas com nossas mães cai o planeta centro de mesa e de onde fugimos, se não é de nossas mães que fugimos, que nunca querem recomeçar o mesmo jogo, a mesma noite de igual ilharga descomunal?
(trad. Josely Vianna Baptista)
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22 livros que são diamantes para o cérebro
Livros, bons livros, são verdadeiros diamantes para o cérebro ou, se se quiser, para a alma. Aliás, até maus livros, se bem lidos, se tornam pelo menos uma vistosa bijuteria. Nesta lista, idiossincrática como qualquer outra, menciono livros que, em geral, foram editados no Brasil há alguns anos. Mas poucos estão fora de catálogo. Os que estão podem ser encontrados em sebos — caso da obra-prima “Paradiso”, romance do Lezama Lima. Quando Fidel Castro for um rodapé na história de Cuba, daqui a 55 anos, Lezama Lima permanecerá sendo lido.
Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister, de Goethe
O livro de Johann Wolfgang von Goethe “criou”, segundo Marcus Vinicius Mazzari, “o gênero que mais tarde foi chamado de ‘romance de formação’ (Bildungsroman), a mais importante contribuição alemã à história do romance ocidental. (…) Goethe empreendeu a primeira grande tentativa de retratar e discutir a sociedade de seu tempo de maneira global, colocando no centro do romance a questão da formação do indivíduo, do desenvolvimento de suas potencialidades sob condições históricas concretas”. (Editora 34, tradução de Nicolino Simone Neto.)
A Consciência de Zeno, de Italo Svevo
Svevo às vezes é mais citado como “o” amigo italiano de James Joyce. O irlandês foi seu professor de inglês. Poucas vezes um burguês foi retratado com tanta felicidade quanto neste romance. Zeno, um fumante inveterado — nada politicamente correto —, submete-se à psicanálise e, em seguida, desiste, porque deixa de acreditar na “ciência” de Freud. O livro é de 1923. Zeno, grande personagem, faz um mergulho poderoso na sua própria vida. Otto Maria Carpeaux qualificou o romance de “genial”. (Tradução de Ivo Barroso. Editora Nova Fronteira.)
Folhas de Relva, de Walt Whitman
Walt Whitman não é “um” e sim “o” poeta norte-americano. Segundo Otto Maria Carpeaux, é um “poeta para poetas”. Dado o uso intensivo do verso livre, que ele “criou” como um método — então novo e rebelde em relação à poesia metrificada —, o poema longo de Whitman deveria ser de fácil acesso. Se fosse russo, seria cantado nas ruas, como se faz com Púchkin. A dificuldade teria a ver mais com o poema longo do que com o poema em si? Pode ser. O que a poesia de Whitman exige é um leitor atento. Harold Bloom o apresenta como “fundador” da poesia americana. “O” poeta. Há algumas traduções no Brasil. As mais citadas são as de Bruno Gambarotto (Hedra), Rodrigo Garcia Lopes (Iluminuras) e Geir Campos (Civilização Brasileira). Há uma da Editora Martin Claret.
A Montanha Mágica, de Thomas Mann
É o segundo grande romance de formação alemão. O livro conta a história do jovem Hans Castorp, que, ao visitar uma clínica para tuberculosos na Suíça, amadurece, participa de debates filosóficos. Enfim, vive e cresce. Mann escreveu: “E que outra coisa seria de fato o romance de formação alemão, a cujo tipo pertencem tanto o ‘Wilhelm Meister’ como ‘A Montanha Mágica’, senão uma sublimação e espiritualização do romance de aventuras?” (Nova Fronteira, tradução de Herbert Caro.)
A Lebre Com Olhos de Âmbar, de Edmund de Waal
O romance de Wall parece, à primeira vista, um trabalho de arqueologia literária escrito por uma sensibilidade do século 19. Há, aqui e ali, uma percepção meio proustiana da vida. Porém, a obra é de 2010. O belíssimo livro, escrito por alguém que tem a percepção de que Deus às vezes está nos detalhes, ganhou elogios de pesos pesados. “De maneira inesperada, combina a micro arte das miniaturas com a macro história, em um efeito grandioso”, disse Julian Barnes. “Uma busca, descrita com perfeição, de uma família e de um tempo perdidos. A partir do momento em que você abre o livro, já está numa velha Europa inteiramente recriada”, afirma Colm Tóibín. (Tradução de Alexandre Barbosa de Souza. Editora Intrínseca.)
Guerra e Paz, de Liev Tolstói
Se tivesse lido cuidadosamente o romance “Guerra e Paz” — literatura e história —, Adolf Hitler não teria invadido a União Soviética, em 1941, ou seja, 129 anos depois, mas com os mesmos resultados funestos das tropas de Napoleão Bonaparte. Liev Tolstói examinou a história cuidadosamente e escreveu um romance poderoso a respeito da invasão napoleônica de 1812. Seu trabalho literário rivaliza-se com as melhores histórias sobre o assunto. Detalhe: além da guerra, ele examina minuciosamente a vida civil do período. Como complemento, o leitor pode consultar “1812 — A Marcha Fatal de Napoleão Rumo a Moscou”, de Adam Zamoyski. (Tradução de Rubens Figueiredo, a única feita a partir do russo. Editora Cosac Naify.)
Paradiso, de Lezama Lima
Trata-se do mais importante romance escrito por um cubano. Lezama Lima é o James Joyce ou o Guimarães Rosa de Cuba. Sua prosa barroca é densa, às vezes de difícil apreensão, mas uma leitura cuidadosa, observando-se seus vieses, leva o leitor ao paraíso. Julio Cortázar escreveu sobre o livro: “‘Paradiso’ é como o mar… Surpreendido em um começo, compreendo o gesto de minha mão quando toma o grosso volume para olhá-lo uma vez mais; este não é um livro para ler como se leem os livros, é um objeto com verso e reverso, peso e densidade, odor e gosto, um centro de vibração que não se deixa alcançar em seu canto mais entranhado se não se vai a ele com algo que participe do tato, que busque o ingresso por osmose e magia simpática”. (Brasiliense, com tradução de Josely Vianna Baptista. A poeta refez a tradução, mas um imbróglio jurídico a impede de publicá-la.)
Enquanto Agonizo, de William Faulkner
“O Som e a Fúria”, de William Faulkner, é o “Ulysses” norte-americano. Mas o escritor que resgatou a história do sul profundo dos Estados Unidos por meio da literatura tem um romance menor (em tamanho) e de alta qualidade — “Enquanto Agonizo”. Neste livro, todos os personagens têm vozes, apresentadas em igualdade de condições. As vozes parecem um coro e as pessoas estão carregando um caixão, com o corpo da matriarca da família, mas é como se não saíssem do lugar. (Tradução de Wladir Dupont, L&PM.)
Aquela Confusão Louca da Via Merulana, de Carlo Emilio Gadda
James Joyce “inventou” clones em alguns países: William Faulkner, nos Estados Unidos, e Guimarães Rosa, no Brasil, são, quem sabe, os mais conhecidos. Chamá-los de clones contém um certo desrespeito, mas, sem Joyce, Guimarães Rosa certamente teria sido um José Lins do Rego melhorado. Assim como Faulkner seria um Mark Twain mais denso. Mas pode-se falar num Joyce italiano? É possível. Carlo Emilio Gadda, autor de “Aquela Confusão Louca da Via Merulana” (Record, tradução de Aurora Bernardini e Homero de Freitas Andrade), é uma espécie de Joyce que “canibalizou” Rabelais. É visto como intraduzível. Acima de tudo, é um belíssimo escritor, autor de histórias fortes contadas de modo inventivo e de uma maneira às vezes frenética.
Três Tristes Tigres, de Guillermo Cabrera Infante
O livro é uma orgia linguística e, por isso, às vezes assusta o leitor desavisado. Mas, se passar da página 50, o leitor não vai mais parar a leitura deste livro de arquitetura perfeita, que não se revela assim, dada sua fragmentação. Cabrera Infante diverte o leitor, em cada página, ao resgatar, com precisão, a oralidade e a vida comum e a vida cultural de Cuba. Logo no início, no qual há mistura de línguas, Carmen Miranda e Joe Carioca são citados. Oswald de Andrade veria, neste belíssimo romance, a antropofagia trabalhada com mestria. (Luís Carlos Cabral traduziu o romance com rigor, decifrando ao máximo suas muitas dificuldades linguísticas e culturais. José Olympio Editora.)
A Branca Voz da Solidão, Emily Dickinson
Esclareça-se: a poeta norte-americana Emily Dickinson não publicou nenhum livro. Seus quase 2 mil poemas foram publicados depois de sua morte, em 1886. Ela tem sido bem traduzida no Brasil, desde Manuel Bandeira até Augusto de Campos e Aíla de Oliveira Gomes. Mas ninguém fez tanto pela poesia de Emily Dickinson no Brasil quanto José Lira, tradutor desta coletânea. Lira não introduziu sua poesia no país, mas pode-se dizer que a consolidou — tanto com as traduções inventivas quanto com a crítica refinada. Outro livro traduzido por ele: “Emily Dickinson: Alguns Poemas”. (Editora Iluminuras.)
Vida Querida, de Alice Munro
Alice Munro é uma das maiores escritoras canadenses. É considerada como a Tchekhov da América, embora seja menos ousada do que o russo. Seus contos são romances em miniatura, amplamente desenvolvidos e, às vezes, sutis. Neste livro, além dos contos, há narrativas autobiográficas — um artifício inteligente no qual se usa a ficção para iluminar pedaços sempre escuros da vida dos indivíduos. (Tradução de Caetano W. Galindo, Companhia das Letras)
Sagarana, de Guimarães Rosa
Todos sabem: a obra-prima de Guimarães Rosa é “Grande Sertão: Veredas”, o romance brasileiro que mais dialoga com a literatura internacional — e sem submissão. Nos contos não há a mesma invenção, aquela linguagem rodopiante, que às vezes deixa o leitor tonto. Ainda assim, os contos de “Sagarana” merecem uma leitura atenta, alguns são “Pequenos Sertões: Veredas”. Alguém é capaz de ler e esquecer, por exemplo, “A hora e a vez de Augusto Matraga” e “Corpo Fechado”? (Editora Nova Fronteira)
Memorial de Aires, de Machado de Assis
Se der ouvidos a certa crítica, o leitor patropi passará a acreditar que Machado de Assis só escreveu três romances: “Dom Casmurro”, “Quincas Borba” e “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. O mago dos contos raramente é citado, exceto por alguns especialistas, como o inglês John Gledson. Mas há um “romancinho” de Machado de Assis que é maravilhoso. “Memorial de Aires” é muito bem escrito. É de uma sutileza rara no panorama cultural brasileiro. E, claro, é divertido, talvez porque menos “pretensioso” (a grande arte é sempre pretensiosa) do que as obras-primas “Dom Casmurro” e “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.
Reparação, de Ian McEwan
Pense em Ian McEwan como uma espécie de Henry James modernizado, pós-jazz e pós-rock. O autor, talvez o mais refinado escritor inglês vivo — acima de pares como Martin Amis e Julian Barnes (este, às vezes subestimado, ao menos no Brasil) —, aparentemente mistura, aqui e ali, tanto Virginia Woolf quanto Henry James em suas histórias. Mas sua dicção para mostrar a ambivalência dos indivíduos é moderna, não é do século 19, quando James, o Henry, se formou. McEwan conta, em “Reparação”, uma história extraordinária, mas o modo como a relata, com personagens “manipulados” pelo meio e pelas próprias personagens, ou por uma delas, é que torna o romance interessante. Fica-se com a impressão de que há duas histórias — uma dominante e uma alternativa. O que é e o que poderia ter sido.
Ulysses, de James Joyce
É o romance dos romances. Não é à toa que o idiossincrático Harold Bloom — que avalia que Shakespeare é Deus, e não apenas da literatura, pois teria inventado o homem que se tem hoje nas ruas — considere James Joyce como um par do autor de “Hamlet” e “Rei Lear”. “Ulysses” reinventa o romance moderno, tornando os posteriores espécies de sombras, não raro pálidas. Mesmo quem não o segue, rumando para outra estética, acaba se tornando tributário. As três traduções são de Antônio Houaiss (Civilização Brasileira), Bernardina Pinheiro (Objetiva) e Caetano W. Galindo (Companhia das Letras).
São Bernardo, de Graciliano Ramos
O romance mais importante de Graciliano Ramos é “Vidas Secas? Sem dúvida. Mas, num tempo de hegemonia dos estudos de gênero — que matam a literatura em nome de uma ideologia primária —, nada mais significante do que indicar “São Bernardo”. Este livro, se as feministas atuais lessem — as que leem são exceções —, se tornaria uma bíblia. Mas uma bíblia sem concessões moralistas. Poucos autores patropis, mesmo entre as mulheres, construíram tão bem um homem autoritário, até totalitário, quanto o Velho Graça. (Editora Record)
Retrato de uma Senhora, de Henry James
Mestre da ambiguidade, Henry James construiu romances de alta voltagem sobre grandes mulheres, americanas ou inglesas. Pode-se dizer, até, que suas mulheres, sempre mais sutis, são mais bem construídas do que as personagens masculinas. Neste romance, há uma grande personagem, Isabel Archer. O leitor poderá sugerir: “Mas ela é enganada por um homem”. Por certo, é. Mas permanece como uma grande personagem. Este livro — ao lado de “As Asas da Pomba” — deveria ser lido por todos os leitores, sobretudo pelas mulheres. Os homens deveriam amarrá-las para que lessem esta obra-prima? Nem tanto. É crime. A Lei Maria da Penha é um perigo. (Companhia das Letras, tradução de Gilda Stuart.)
Conversa no Catedral, de Mario Vargas Llosa
O percurso literário de Vargas Llosa é curioso. Começou como um autor inventivo, na linhagem de Faulkner, e se tornou, nos romances mais recentes, um escritor mais tradicional, tão límpido quanto, digamos, Flaubert. Tornou-se um grande narrador clássico, mais acessível. Seu romance mais experimental é “Conversa no Catedral”, no qual diálogos de personagens diferentes são misturados, numa bela orgia linguística. É como se o Nobel de Literatura nos dissesse que a Linguagem é uma personagem tão ou mais importante do que Santiago e Ambrosio. (Alfaguara, tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht.)
Poesia 1930-1962, de Carlos Drummond de Andrade
O poeta Carlos Drummond de Andrade talvez tenha apenas dois rivais em língua portuguesa — Camões e Fernando Pessoa. No Brasil, quem mais se aproximou, a uma distância de 10 mil quilômetros, foi João Cabral de Melo Neto. Ninguém mais. “Poesia 1930-1962 — Edição Crítica” contém o que há de melhor do escritor mineiro. É, digamos, sua bíblia. Aí está o Drummond, modernista total, de corpo e alma. Como presente de Natal, o preço é salgado, 179 reais, mas a edição, caprichada, vale a pena. O preço será esquecido, mas o presenteador e o livro decerto jamais serão olvidados. (Editora Cosac Naify)
O Deserto dos Tártaros, de Dino Buzatti
O maior crítico brasileiro Antonio Candido aponta o romance do escritor italiano como um dos mais importantes da história da literatura. Fica-se com a impressão de que a história não anda, ou que anda para trás, ou melhor, que a personagem central, o tenente Giovanni Drogo, espera tanto que insinua-se paralisada, como se a história estivesse estancada. De permeio, a linguagem refinada de Dino Buzatti. (Editora Nova Fronteira, tradução de Aurora Fornoni Bernardini e Homero de Freitas Andrade.)
Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust
Harold Bloom percebe Marcel Proust como o maior escritor francês, acima de Flaubert, o “santo” de devoção de Mario Vargas Llosa. Proust não sabia avaliar se “Em Busca do Tempo Perdido” era um romance, ou algo mais. Talvez seja muito mais do que um romance. Quiçá uma bíblia da civilização humana, mais do que da francesa. Ciúme, memória-tempo, amizade, sexualidade — eis alguns dos temas candentes do escritor. Duas editoras se encarregaram de traduzir a obra-prima, a Globo e a Ediouro. No time de tradutores da Globo estão Mario Quintana, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, entre outros. Fernando Py enfrentou solitariamente as centenas de páginas de um autor de prosa densa (quem só defende literatura concisa não sabe a delícia que é Proust). Mario Sergio Conti prepara a terceira tradução para a Companhia das Letras.
22 livros que são diamantes para o cérebro publicado primeiro em https://www.revistabula.com
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nsantand · 10 months
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Jorge Luis Borges - James Joyce (em três traduções)
"James Joyce", um poema de Jorge Luis Borges, em três traduções
Primeira tradução: Carlos Nejar e Alfredo Jacques.Revisão de trad.: Maria Carolina de Araújo e Jorge Schwartz Em um dia do homem estão os diasdo tempo, desde o inconcebíveldia inicial do tempo, em que um terrívelDeus prefixou os dias e agonias,até aquele outro em que o ubíquo riodo tempo terrenal torne a sua fonte,que é o Eterno, e se apague no presente,no futuro, no passado o que agora é…
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piranot · 4 years
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Necrologia do dia 30 de janeiro de 2020 em Piracicaba e região
Grupo Unidas
Thallius Vinicius Spinosi da Silva Faleceu ontem, nesta cidade, filho do Sr. Vinicius Ferreira da Silva e da Sra. Caroline Spinosi da Silva. Deixa avós, tios, primos, demais parentes e amigos. Seu sepultamento será realizado hoje, saindo o féretro às 09h da sala 03 do Velório do Cemitério Municipal da Vila Rezende para a referida necrópole, em jazigo da família.
Coronel PM: Aristides Trevisan Faleceu anteontem, na cidade de Vargem Grande do Sul ��� SP, contava 86 anos, filho dos finados Sr. Silvio Trevisan e da Sra. Herminia Colletti Trevisan, era casado com a Sra. Ana Maria Rodrigues Lasmar Trevisan, deixa os filhos: Luciano Trevisan, casado com a Sra. Cristina Trevisan; Maicira Trevisan, casada com o Sr. Celso Morais e Daniela Trevisan. Deixa netos, demais parentes e amigos. Seu sepultamento foi realizado ontem, tendo saído o féretro às 10h30 do Velório da Saudade, sala 07, para o Cemitério da Saudade em jazigo da família.
Antonio Carlos Rodrigues de Carvalho Faleceu anteontem, na cidade de Campinas – SP, contava 77 anos, filho dos finados Sr. Aristides Rodrigues de Carvalho e da Sra. Leontina Ricardo Rodrigues. Deixa Irmãs, demais parentes e amigos. Seu sepultamento foi realizado ontem, às 13h no Cemitério Municipal da Vila Rezende, em jazigo da família.
Jose Antonio Ferreira Faleceu anteontem, nesta cidade, contava 62 anos, filho do Sr. Jose Ferreira, já falecido e da Sra. Ilidia Belotti Ferreira. Deixa demais parentes e amigos. Seu sepultamento foi realizado ontem, tendo saído o féretro às 15h do Velório do Cemitério Parque Gramado da Cidade de Americana – SP, para a referida necrópole, em jazigo da família.
Jose Simplício Sobrinho Faleceu anteontem, nesta cidade, contava 93 anos, filho dos finados Sr. Manoel Simplício de Lira e da Sra. Josefa Maria de Lira, era casado com a Sra. Maria Jose Nilo Magalhães Simplício Sobrinho; deixa os filhos: Estevão Nilo Simplício casado com a Sra. Tatiana Aparecida Magalhães; Edson Simplício Magalhães casado com a Sra. Raquel Xavier Barros Magalhães e Edilene Simplício Magalhães casada com o Sr. Luiz. Deixa netos, bisnetos, demais parentes e amigos. Seu sepultamento foi realizado ontem, tendo saído o féretro às 14h da sala 03 do Velório do Cemitério Municipal da Vila Rezende para a referida necrópole, em jazigo da família.
Wang Dan Faleceu ontem, nesta cidade, contava 49 anos, filha do Sr. Wang Daozhang e da Sra. Fu Silian, era casada com o Sr. Jacks Jorge Junior; deixa a filha: Julia Wang Jorge. Deixa demais parentes e amigos. Sua Cerimônia de Cremação foi realizada ontem, às 16h30 no Crematório Unidas de Piracicaba – SP.
Paulo Ribeiro de Albuquerque Faleceu ontem, nesta cidade, contava 79 anos, filho dos finados Sr. Francisco Ribeiro de Albuquerque e da Sra. Emilia Bendinelli de Albuquerque, era casado com a Sra. Maria Luiza Pires de Albuquerque; deixa os filhos: Dalva Pires de Albuquerque Matteussi casada com o Sr. Luiz Mario Matteussi; Denise Pires de Albuquerque; Doraci Pires de Albuquerque Franco casada com o Sr. Claudio Franco e Denilson Pires de Albuquerque, já falecido. Deixa netos, bisnetos, demais parentes e amigos. Seu sepultamento foi realizado ontem, tendo saído o féretro às 17h da sala 01 do Velório do Cemitério da Vila Rezende, para a referida necrópole, em jazigo da família.
João Baptista da Silva Faleceu ontem, nesta cidade, contava 87 anos, filho dos finados Sr. Pedro da Silva Pinto e da Sra. Maria Joaquina da Conceição, era viúvo da Sra. Ignez Sartini da Silva. Deixa os filhos: Maria Inês Sartini da Silva Gazafi casada com o Sr. Antonio Gazafi; João Pedro da Silva viúvo da Sra. Marines Rodrigues da Silva e Scheila Maria da Silva Maiolo casada com o Sr. João Carlos Maiolo. Deixa netos, demais parentes e amigos. Seu sepultamento foi realizado ontem, tendo saído o féretro às 17h do Velório da Saudade, sala 04, para o Cemitério da Saudade, em jazigo da família.
Grupo Bom Jesus
BENEDITO DO CARMO Faleceu anteontem na cidade de Piracicaba aos 66 anos de idade e era casado com a Sra. Alaíde Silva do Carmo. Era filho do Sr. Alcides do Carmo e da Sra. Maria Rosa Pereira do Carmo, ambos falecidos. Deixa os filhos: Elizete Elaine do Carmo Vianna, Lucas Vinícios do Carmo, Luciane Aparecida do Carmo, Fernanda do Carmo, Rosimeire Fernanda do Carmo e Wilson Aparecido do Carmo. Deixa também netos e bisnetos. O seu sepultamento deu-se ontem às 16h, saindo a urna mortuária do Velório Municipal da Vila Rezende – Sala 02, para a referida necrópole onde foi inumado em jazigo da família.
NIVALDO SESSO Faleceu anteontem na cidade de Piracicaba aos 80 anos de idade e era casado com a Sra. Marta Catarina de Oliveira Sesso. Era filho do Sr. Antônio Sesso e da Sra. Maria Berto, ambos falecidos. Deixa o filho: Marcelo Oliveira Sesso. Deixa também netos, demais parentes e amigos. O seu sepultamento deu-se ontem às 17h, saindo a urna mortuária do Velório “C” do Cemitério Parque da Ressurreição para a referida necrópole onde foi inumado em jazigo da família.
HEITOR RODRIGUES DE OLIVEIRA Faleceu anteontem na cidade de Rio Claro e era filho do Sr. Crivonei Rodrigues de Oliveira e da Sra. Flavia Ilidia Barbosa de Almeida. O seu sepultamento deu-se anteontem às 16h no Cemitério Parque das Palmeiras naquela localidade, onde foi inumado em jazigo da família.
OLINDA DA APPARECIDA SILVA MINA Faleceu anteontem na cidade de Jales- SP, aos 89 anos de idade e era viúva do Sr. Salvador Antônio Mina. Deixa os filhos: Manoel, Silvana, Sonia e Marcos. Deixa demais parentes e amigos. O seu sepultamento deu-se ontem às 16h saindo a urna mortuária do Velório Municipal do Cemitério de Jales para a referida necrópole, onde foi inumada em jazigo da família.
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infernauta · 6 years
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Um olho não é um coração. Não é nem meio coração. É muito menos, acrescento eu, por isso temos dois.
Sangue no Olho (Lina Meruane): tradução do espanhol por Josely Vianna Baptista 
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ur-ubu · 5 years
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youtube
Videopoema de Josely Vianna Baptista. Criação coletiva de Josely Vianna Baptista, Yasmin Thayná, Waltel Branco, Guillermo Sequera e Francisco Faria.
Inspirado nas migrações proféticas em busca da “Terra sem Mal” ("yvy marã’ey") e pontuado pela menção – em "Coix lacryma" – ao etnocídio, aqui particularmente dos Guarani, o videopoema de Josely Vianna Baptista traz um eco da reciprocidade do "jopói" guarani – as mãos abertas que doam – e sugere a visão de uma natureza sem fronteiras e de uma cultura permeável a essa natureza. Multidisciplinar e plurilíngue, coerente com o percurso poético-político de Josely – que sempre teve em mira uma "contraconquista" das trocas culturais –, o trabalho, com roteiro de Josely e Francisco Faria, é o resultado do enlace de sua poesia com a videoarte de Yasmin Thayná, a música de Waltel Branco, a arte visual de Francisco Faria, o trabalho etnográfico de Mito Sequera, a direção musical de Pedro Jerônimo Vaz de Faria e Kito Pereira e as traduções e leituras de Chris Daniels (inglês), Bogado Cristino (guarani) e Reynaldo Jiménez (espanhol), além de sua própria voz e da voz da xamã Nãnde Chy, Ceferina Martínez, e do pajé Ramói Guazu.
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Les presentamos a nuestro nuevo autor que continúa con la colección #resistenciaenlatierra y que se suma a nuestro catálogo este 2017 ¡Felices de que Reynaldo sea parte de Cástor y Pólux!
Reynaldo Jiménez, Lima, 1959. Reside en Buenos Aires desde 1963. Publicó: Tatuajes (1981), Eléctrico y despojo (1984), Las miniaturas (1987), El libro de unos sonidos. 14 poetas del Perú (1988), Por los pasillos (1989), Ruido incidental/El té (1990), 600 puertas (1992), La curva del eco (1998, 2ª ed. 2008), La indefensión (2001, 2ª ed. 2010), Musgo (2001), Reflexión esponja (2001), Papeles insumisos de Néstor Perlongher (con Adrián Cangi, 2004), El libro de unos sonidos. 37 poetas del Perú (2005), Shakti (2005, antología y traduccción al portugués por Claudio Daniel), Sangrado (2005; 2ª ed. 2017), Ganga (2006, antología por Andrés Kurfirst y Mariela Lupi), Plexo (2009), Esteparia (2012; 2ª ed. 2017), El cóncavo. Imágenes irreductibles y superrealismos sudamericanos (2012.), El ignaro triunfo de la razón (antología de escritos de Gastón Fernández Carrera, 2013), Informe (2014), Nuca (2015), Piezas del tonto (2016), La inspiración es una sustancia, etc. (2016), Intervenires (2016), Filia índica (2017, con Gabriela Giusti), Ello inseguro (2017) y Funambular (2017). Traducciones: Galaxias de Haroldo de Campos (2012, 2ª ed. 2013), Los poros floridos y Roza barroca de Josely Vianna Baptista (2001 y 2017), Catatau de Paulo Leminski (2014), Instanto y Palabra desorden de Arnaldo Antunes (2013 y 2014, con Ivana Vollaro), El infierno de Wall Street de Sousândrade (2015), Espejo ardiente y otros poemas (2016) y Renombre del amor y otras versiones (2017), ambos de César Moro, además textos de, entre otros poetas brasileños, Carlito Azevedo, Jussara Salazar y Régis Bonvicino. Fue incluido en diversas antologías: Medusario (Echavarren-Kozer-Sefamí, 1996; 2ª ed 2010; 3ª ed. 2016), Jardim de camaleões. A poesia neobarroca na América Latina (Claudio Daniel, 2004, selección de Claudio Daniel), Intersecciones. Doce poetas peruanos (Ernesto Lumbreras, 2009), Festivas formas. Poesía peruana contemporánea (Eduardo Espina, 2009), Jinetes del aire: poesía contemporánea de América Latinoamérica y el Caribe (Margarito Cuellar, 2011, 2014), Indios del espíritu. Muestra de poesía del Cono Sur (Roberto Echavarren, 2013), Pulir huesos (Eduardo Milán, 2007) y Antología crítica de la poesía del lenguaje (2009) etc., así como en los libros colectivos Nosotros, los brujos. Apuntes de arte, poesía y brujería (Juan Salzano, 2008) y Perfórrmatas “X” Alógenos (Denakmar Nakhabra, 2013). Junto a la pintora Gabriela Giusti, creó y condujo tsé-tsé (revista-libro y sello editorial) entre 1995 y 2008, con cien títulos publicados. Integró en los ’80 la “banda de artistas” El Invitado Sorpresa, que combinaba poesía, rock, proyecciones y vestuario, participando durante varios años en lo que dio en llamarse el under de Buenos Aires. Con Fernando Aldao grabó La indefensión (2002) y Ex (2012); participa en los cds colectivos Inventar la voz, nuevas tradiciones orales (2009) y Guatapu, voces poéticas de Latinoamérica (2016) entre otros, así como en algunas muestras colectivas de arte visual. Últimamente ha performado junto a la banda Dr. Faustroll. Integró los consejos de redacción de las revistas argentinas Último reino y Xul, Distancia crítica (Perú), Et Cetera y Sibila (ambas de Brasil) y Mandorla (Estados Unidos); actualmente colabora en las revistas electrónicas Poesía (Venezuela), Vallejo & Co. y Transtierros (ambas de Perú). Participó y participa en numerosos festivales de poesía, eventos performáticos y literarios, así como dictado talleres de escritura poética, conferencias y seminarios en diversos enclaves de Alemania, Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, Ecuador, España, Estados Unidos, México, Paraguay, Perú, Uruguay y Venezuela. Blogs: psicodeslizado (http://psicodeslizado.blogspot.com.ar/) y mmmm (http://quepodriaponeraqui.blogspot.com.ar/)
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comporsilencios · 4 years
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R E F R A C T A
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p e i x e
s e m
d e i x ar
r a s t r o.
~ Josely Vianna Baptista
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