Tumgik
centelhacast · 2 years
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[som de isqueiro sendo aceso]
[Vinheta de abertura com música do oriente médio e narração] Pensador Louco: Centelha, o denomidador comum... Cristiane Navarro: ... que une todos os artistas... Júlia Navarro: ... das mais diversas áreas... Lica Moon: ... dos mais diversos lugares.
[som de uma porta sendo aberta fazendo soar um pequeno carrilhão]
[Trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Seja bem vindo ao meu ateliê! Sou a Condessa Vanôra e começa mais um Centelha.
[Trilha sonora de música clássica “In the Hall of Mountain King” do Edvard Greg]
Condessa Vanôra: Estamos enfim de volta, após uma ausência não anunciada. Como meus ilustres ouvintes têm passado? Espero que bem! Eu, por outro lado fiz um passeio vertiginoso descendo a ladeira dentro de uma caixa de papelão em cima dum carrinho de rolimã desgovernado em chamas e sem freio em direção ao Mundo Inferior.
[Trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Entre mortos e feridos, de forma jamais antes vista na história, salvaram-se todos, mas precisei desse hiato repentino deveras herege para os Deuses do Algoritmo.
[som de trovão]
Condessa Vanôra: Foi um mal necessário para eu não perder o rebolado e o que me sobrou de sanidade. Não que tenha resolvido muita coisa porque a Lei de Murphy táí pra gongar a gente a 3 por 4. Não consegui minha sonhada gaveta de episódios já que tive mais problemas aleatórios pra resolver do que tinha previsto inicialmente. Mas aproveitei esse intervalo pra refletir sobre disciplina, motivação e força de vontade. Depois dos recadinhos te conto melhor como foi esse processo.
[Vinheta de música clássica com som de trombone]
Condessa Vanôra:  Meu muito obrigada a você, querido ouvinte que sempre está por aqui sendo paciente enquanto coloco minhas barbas de molho.
[som de caixa registradora]
Condessa Vanôra: Este podcast é um projeto independente feito somente por eu mesma, esta Condessa que vos fala. Quer ajudar a manter as cortinas abertas e o show em cartaz? Faça como meus mecenas em picpay.me/centelha A partir de R$2,50, o preço de uma latinha de refrigerante por mês você já me ajuda muito a levar esse projeto adiante lidando com os obstáculos de ser uma artista com doença crônica. Para você que prefere uma contribuição eventual, tem o meu picpay pessoal picpay.me/marastoniarts, chave Pix no [email protected] e pra quem está fora do Brasil o ko-fi.com/marastoniarts. Esses apoios tornam possível a manutenção da inrfraestrutura do podcast, e possibilitar a produção de conteúdo relevante e de qualidade! Existem outras formas de você levar a luz desta centelha adiante: compartilhe os episódios com seus amigos, apresente o programa pra quem nunca ouviu podcast e siga nossas redes sociais!
[Trecho do desenho animado Alice no País das Maravilhas: ”Ah sim, sim, isso, chá, tome uma xícara de chá.]
Condessa Vanôra:  Agradecimentos especiais aos mecenas que têm convite para o chá das 5: Luciano Dias e 0humanu.
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Geralmente, costumamos não estar cientes do quanto é frequente nos deixarmos levar pelos condicionamentos naturais de nossa biologia, e vivermos ao sabor do vento
[Trecho da música Deixa a Vida Me Levar, de Zeca Pagodinho: "E deixa a vida me levar, vida leva eu”]
Condessa Vanôra: Apesar de ser um caminho de delícias e sem preocupações, é uma direção que fatalmente irá te trazer muita frustração e arrependimento.
[Trecho da série The Office: “No God, please no!”]
Condessa Vanôra: Quando você vive sem direção, abdicando do controle de suas vontades, não tenha dúvidas de que alguém estará exercendo esse controle por você.
[Som de suspense]
Condessa Vanôra: Somos criaturas simples cercadas de sistemas complexos. E as grandes companhias estão aí pra tirar proveito disso enquanto engordam cada vez mais seus cofres de porquinho...
[Trecho do musical Cabaret:”Money makes the world go arroud, it makes the world go round”]
Condessa Vanôra: ... por meio de super estímulos. Não é à toa que as empresas de alimentos acrescentam deliberadamente mais sal e
[trecho meme entrevista Ruth Lemos: “gurdu-duura.”]
Condessa Vanôra: do que o necessário na comida, as premiações fáceis e frequentes que existem nos video games, pulando a todo instante na tela
[som de jackpot de máquina de caça-níquel]
Condessa Vanôra: e nem mesmo a criação de um Deus-Algoritmo que premia quem se mata pra produzir  conteúdo de baixa qualidade várias vezes por dia, já que não há um tempo hábil o suficiente para entregar um produto melhor, fazendo o empreendendor trabalhar de forma tão criativa, autônoma e livre quanto um vitoriano sujo de carvão apertando parafusos numa fábrica na época da revolução industrial, há 300 anos atrás.
[Trecho da música How Bizarre do OMC:”How bizarre, how bizarre.”]
Condessa Vanôra: Deixa te contar um...
[Trecho da música Segredinho da Orquestra Modesta: “Segredinho, eu tenho um segredinho.”]
Condessa Vanôra: o trabalho não enobrece o homem, o escraviza. E a gente fica refém desses mecanismos simplesmente porque eles emulam o que o nosso antepassado, Uga Buga da Silva fazia no dia a dia pra sobreviver, só que de uma forma amplificada, senão não dá o barato necessário pra viciar o nosso cérebro.
[Trecho de fala do Presidente Jair Bolsonaro: ”Paralelepipi de crack”]
Condessa Vanôra: Quanto mais gordura e sal ele achasse num ambiente de recursos escassos e hostil, mais saúde, energia, vitalidade e um cérebro mais desenvolvido você conseguia. Pra entender essa relação que a comida teve no nosso desenvolvimento, especialmente quando começamos a cozinhar ao invés de comer só coisas cruas, dê uma olhada no livro "Pegando fogo: Por que cozinhar nos tornou humanos" do antropólogo Richard Wranghan.
[som de bastão de bambu sendo balançado]
Condessa Vanôra: O senhor Uga Buga da Silva também prcisava estar antenado nas novidades, porque coisas novas podiam gerar conhecimento, e conhecimento ainda é um bem valioso, quer você goste ou não, que te ajuda a sobreviver num mundo onde tudo quer e pode te matar. Mas calma, que tem salvação esse destino cruel de passar a vida colado no celular vendo memes e vídeos do Tiktok comendo xilito pururuca afundado num mar de auto-comiseração regado à Chevette.
[Trecho de uma esquete de humor do Away: ”Tá lá na tua casa tranquilo, vendo tua televisão, daqui a pouco cai uma porra dum chevette dentro da tua sala, cara.”]
Condessa Vanôra: Remédios amargos chamados disciplina e motivação, que algumas pessoas vestem com a roupinha da
[barulho feito com a boca simulando o ato de escrever as aspas no papel]
Condessa Vanôra: "força de vontade"
[barulho feito com a boca simulando o ato de escrever as aspas no papel]
Condessa Vanôra: fato que mais atrapalha do que ajuda no final das contas.
[som da página de um livro sendo virada]
Condessa Vanôra: E qual é a diferença afinal, entre disciplina e força de vontade? Vou falar primeiro da força de vontade, e te explicar o porque depender dela é uma encosta escorregadia.
[Trecho da música Pé de Bode, versão de Frank Aguiar: ”Puta que pariu, pisa no freio Zé! Se o pé de bode cair nós vamos tudo pro saco.”]
Condessa Vanôra: Existe um fenômeno chamado Esgotamento do Ego, que é o desgaste natural causado por aquele esforço que a gente faz pra resistir às tentações. O problema é que ele é alimentado por uma reserva nanica de energia. Quando mais você tenta não cair em tentação, mais difícíl se torna evitar outras tentações ao longo do dia.
[som da página de um livro sendo virada]
Condessa Vanôra: O famoso Experimento do Marshmallow de 1970 da Universidade de Stanford, tentou responder essa questão, apesar de hoje sabermos que esse estudo estava muito enviesado.
[Trecho de esquete de humor do Away: ”Pô cara, de novo!”]
Condessa Vanôra: Nesse estudo pegaram um pequeno grupo de crianças de 4 anos que estudavam na pré escola de Stanford, deixaram um marshmallow na frente do crianço e falaram que se ele não comesse o doce até o pesquisador voltar, ele ganharia mais um marshmallow.
[som de uma voz infantil dizendo “Uau!” com barulhos de sintetizador ao fundo]
Condessa Vanôra: E daí ficaram observando a reação deles durante 15 minutos. Depois, lá nos anos 1990 foram ver como essas crianças tinham se saído na vida. E as que tinham resistido a não comer o marshmallow aparentavam ter mais sucesso na vida. E esse estudo assombrou muito psicólogos, pais, professores e pedagogos ao longo de décadas, só que tem um porém.
[Som de transição dramática do seriado “Law & Order”]
Condessa Vanôra: Quando outros cientistas refizeram o experimento, com uma quantidade muito maior de crianças, de diferentes etnias e classe sociais, eles tiveram resultados muito diferentes.
[Som de revelação surpreendente com bombos e trompetes]
Condessa Vanôra: Se segurem em suas cadeiras, porque garanto que essa conclusão é extraordinária. O que definiu o sucesso na vida futura dessas crianças de 4 anos não é o quanto elas conseguem se controlar pra não comer o marshmallow, mas o cenário sócio-econômico no qual elas estão inseridas.
[Meme da senhora surpresa com um boraco em uma entrevista: ”Ahn! Eu tô passada, chocada!”]
Condessa Vanôra: Trocando em miúdos: as crianças ricas conseguiam resistir melhor à vontade de comer doce porque elas tem tudo disponível à profusão na sua vida. Então mesmo se ela não conseguisse ganhar os dois marshmallows, terminando o estudo ela podia pedir um saco de um quilo pros pais ou um sorvete. Agora as crianças pobres têm mais dificuldade de resistir a algo que elas não tem acesso, ou que pode não estar mais disponível a qualquer momento. Soma-se isso ao fato de que as famílias mais pobres são mais indulgentes em dar doces ou tinta de cabelo pros filhos, porque são coisas relativamente baratas e um dos poucos agrados que é possível de fazer sem arruinar o parco orçamento doméstico. Pra mim esse é o melhor exemplo ilustrado do [falando com uma voz grave e empostada] "Trabalhe enquanto eles herdam."
[som de música tecno animada]
Condessa Vanôra: Mas voltando à vaca fria, em estudos similares feito com adultos se descobriu que os que resistem melhor às tentações são pessoas que geralmente se sentem menos tentadas na média. E isso é fruto de como a pessoa se planeja e organiza no dia a dia do que uma força de vontade de ferro. Planejamento está intimamente conectado à disciplina.
[som de bastão de bambu sendo balançado]
Condessa Vanôra: E como faz pra desenvolver essa tal da auto disciplina? Bem, vou dar aqui 6 dicas pra você testar aí, no conforto da sua casa: 1
[Som de um sino pequeno sendo tocado]
Condessa Vanôra: Foco na identidade: A gente tem a tendência de agir conforme nossas decisões passadas. Por incrível que pareca, o nosso cérebro se esforça muito pra se comportar de forma coerente. Focar na mudança de identidade que você deseja ao invés do seu objetivo final ajuda a
[barulho feito com a boca simulando o ato de escrever as aspas no papel]
Condessa Vanôra: "enganar"
[barulho feito com a boca simulando o ato de escrever as aspas no papel]
Condessa Vanôra: o cérebro que vai se esforçar pra se comportar como se você já possuísse essa característica identitária. É a diferença, por exemplo, entre você recusar um cigarro dizendo que está tentando parar de fumar, e recusar o cigarro dizendo que você não fuma. A segnda opção tende a ser mais eficiente pra nossa mente. 2
[Som de um sino pequeno sendo tocado]
Condessa Vanôra: Lembrete é tudo: Se a gente não tem bem claro na mente o porque estamos tolerando essa chatice toda de ser disciplinados, é muito fácil sermos indulgentes e começarmos a procrastinar. Seja um post it no seu PC, uma nota no seu celular ou essa informação anotada num caderninho que você consulta sempre, te ajuda a permanecer na direção que você deseja. 3
[Som de um sino pequeno sendo tocado]
Condessa Vanôra: Aceite o incômodo: Já falei um pouco sobre esse fenômeno de se acostumar com a chatice lá no episódio de número 09 "Ninguém Aprende Sozinho". Não que eu nunca tenha tido uma motivação extremamente obstinada para fazer o que queria, mas sempre me faltou um pouco mais de consistência na disciplina. Algo que me ajudou muito na cultivação desse hábito de aceitar o incômodo, por incrível que pareça, foi esse shorts do Hampton, do canal do Youtube Hybrid  Calisthenics. O mote da técnica é tão imbecil de simples que parece ser bom demais pra ser verdade. A intenção aqui não é desenvolver a disciplina de um monge Shaolin.
[Som de música tradicional chinesa tocada com tanggu (tambores de salão) e bianzhong (sinos de carrilhão)]
Condessa Vanôra: Mas se essa for sua vibe, pega a visão que te mando um salve. Geralmente aqui no Ocidente a gente tem muito aquele pensamento de que [falando com uma voz grave e empostada] "tem que praticar todo dia, se quebrar a corrente o momentum desaparece, tudo está acabado e você é um fracassado".
[Trecho do filme “Troll 2″: “Oh my Goood!”]
Condessa Vanôra: Essa abordagem utilizando o mabu, a famosa pose do cavalo, leva em conta o fato de que assim como dia e noite sucedem um ao outro, você, meu caro ouvinte, com certeza irá falhar. É só uma questão de quando. A falha é curiosamente um componente melhor pra construir disciplina do que o sucesso. Dar aquela puxada em si mesmo além do seu limite de
[Trecho de meme quarentena: “Eu não aguento maaaaaais!”]
Condessa Vanôra: ajuda bastante. É um tipo de exercício praticado por artistas marciais há milênios. Descrevendo o exemplo do vídeo, já que estamos num podcast, é um meio agachamento isométrico,
[som de campainha de aviso de avião]
Condessa Vanôra: que é um tipo de exercício que promove uma contração muscular sem que haja algum movimento acontecendo. Ou seja, você fica parado e o músculo trabalha sozinho,
[Meme “The more you know”: som de notas sendo tocadas num piano]
Condessa Vanôra: com o auxílio de um banquinho alguns centímetros abaixo de você. Pode ser que não consiga completar um minuto porque os músculos da perna vão começar a ceder
[Trecho de meme: “É sobre isso.”]
Condessa Vanôra: e tá tudo bem. Se, e quando acontecer, tem o banquinho ali ao seu socorro, mas atenção,
[som de surpresa]
Condessa Vanôra: não solte todo o peso do corpo no banquinho como se fosse descansar, mas transfira todo o peso para a parte superior do corpo com a mesma intenção de movimento que fazemos para levantar da cadeira. Use o cronômetro da sua smart pulseira ou celular pra manter um nível de honestidade consigo mesmo. E faça esse exercício todo dia, durante uma semana. O foco aqui não é desenvolver músculos colossais nas pernas,
[Trecho meme “Bambam enlouquecendo no treino”: som de grunhido feito com força]
Condessa Vanôra: mas estimular o processo de falhar miserávelmente que ajuda a construir a disciplina mental. Lembrando que não precisa ser exatamente esse exercício, se tiver dúvida de que outros tipos de posições você pode fazer, procure a ajuda de algum fisioterapeuta ou instrutor físico. A titia Vanôra não quer ninguém lesionado por fazerem movimentações que exijam demais de seus corpos. Pratiquem atividade física sempre com segurança! 4
[Som de um sino pequeno sendo tocado]
Condessa Vanôra: O fundamental é essencial. Tudo isso que estou falando aqui não vai causar diferença nenhuma se você não dorme o suficiente, se está comendo que nem o seu nariz e se leva um estilo de vida sedentário.
[Trecho meme Jojo Todynho: “tsc tsc tsc, não vai não amor.”]
Condessa Vanôra: Sem descanso adequado, uma boa alimentação e se você é adulto, 150 a 300 munitos de atividade física moderada ou 75 a 150 minutos atividade física intensa por semana, segundo as novas diretrizes de 2020 da Organização Mundial da Saúde. Se esse Trio Parada Dura não estiver funcionando azeitado, pára tudo e conserta esses hábitos primeiro antes de qualquer coisa.
[Trecho da música”Aceita que dói menos” do Trio Parada Dura: ”Aceita que dói menos!”]
Condessa Vanôra: Esses três elementos são necessários para nosso cérebro funcionar em toda a sua glória. 5
[Som de um sino pequeno sendo tocado]
Condessa Vanôra: Pratique zazen. Esse daqui é um favorito meu, já que faço parte da corrente artística de abordagem filosófica do zen aplicado ao processo artístico. Beijo pro meu mestre Maurício Takiguthi, que é um pintor realista brasileiro virtuosíssimo que me apresentou esse paradigma que influenciou intensamente a forma como penso e pratico arte hoje em dia. Meditar te ajuda a ser mais disciplinado e desenvolver um maior controle emocional. E não sou só eu que estou falando.
[som de caixa caindo]
Condessa Vanôra: Pra citar um dos vários exemplos, tem um estudo de 2013 feito na Universidade de Stanford à respeito da melhora na regulamentação emocional depois de sessões específicas de mindfullness. É uma atividade pra todo mundo. Você não precisa ser budista, monge, artista marcial, ocultista ou badabauê gratiluz, dá até pra ser ateu.
[Voz masculina falando: “Uau!”]
Condessa Vanôra: pra aproveitar os benefícios dessa prática. Gosto do zazen por sua característica ecumênica.
[som de página de livro sendo virada]
Condessa Vanôra: Preste atenção na respiração. Quando aparecer algum pensamento, note-o e volte sua atenção pra respiração de novo. Só 5 minutos por dia. Já é mais do que suficiente pra quem está começando. 6
[Som de um sino pequeno sendo tocado]
Condessa Vanôra: Desenvolva hábitos. Esse é meio literal, mas a vantagem é dupla, além de você provocar mudanças positivas na sua vida, os estágios iniciais do hábito, onde ele ainda não está estabelecido na sua rotina é bom pra desenvolver disciplina também.
[som de notificação do aplicativo Kakao talk]
Condessa Vanôra: Pra finalizar, quero apresentar pra vocês um conceito que descobri há pouco tempo e que pode ser útil nessa jornada pra vocês também. Existe algo dentro da psicologia chamado de locus de controle, que é uma expressão utilizada para definir o quanto você acredita que tem controle sobre o que acontece em sua vida. Hoje em dia. essa expressão é compreendida como a chave para você se manter motivado, independente do que aconteça.
[som de página de livro sendo virada]
Condessa Vanôra: A professora Claudia M. Mueller fez um estudo em meados de 1998 com crianças da 5ª série, onde pediu que elas resolvessem vários quebra cabeças difíceis. Independente de como cada criança se saiu, pra todas ela disse que foram muito bem e tiveram um desempenho maior que a média. O pulo do gato está em como ela contou isso. Pra metade das crianças, ela explicou que foram bem porque eram inteligentes e talentosas. Pra outra metade disse que foi fruto do seu esforço e trabalho duro. Após dar essa notícia, pegou esse mesmo grupo de crianças e deu mais quebra cabeças pra elas resolverem, de dificudades simples, intermediária e complexa. E o que se constatou é que as crianças que foram classificadas como inteligentes, detestaram fazer as atividades, se focaram apenas nos quebra cabeças simples, mal encostando nos mais difíceis e ficando muito menos tempo empenhadas em achar soluções. Já as crianças que foram classificadas como empenhadas se divertiram mais nas atividades, focaram em resolver os quebra cabeças mais difíceis, e passaram muito mais tempo que a média tentando encontrar soluções. Aí que está o perigo de você rotular as pessoas como inteligentes, fato esse que irrita qualquer pessoa que é artista quando alguém reduz todo o sangue, suor e lágrimas de seu esforço em mero dom. Lembre disso quando falar com crianças, seja você tutor delas ou não. Ainda que você possa ter alguma facilidade inata para qualquer atividade, ela não vai ter levar tão mais longe do que o seu empenho. No caso das crianças, as rotuladas como inteligentes desenvolveram uma crença de controle de locus externo. Onde elas não tem controle do que está aocntecendo, então, porque se esforçar ou tentar algo, não é mesmo? Já as rotuladas como esforçadas desenvolveram a crença de controle de locus interno, onde o resultado das suas ações é que vai mudar o paradigma das coisas. A gente pode usar isso a nosso favor se ouvindo um pouco mais. Tente resolver um problema, e assim que conseguir, reflita de forma sincera que foi o resultado de suas ações que possibilitou o sucesso. Lógico que nossa capacidade tem limites. Não podemos fazer crescer um membro extra com a força do pensamento se perdermos o que já possuímos. Mas cultivar esse reenquadramento de perspectiva ajuda a gente a sair da inércia e continuar seguindo em frente a despeito das coisas que ocorrem conosco. Como sempre, as notas do episódio estão recheadinhas de links com as referências de vídeos, artigos e papers citados pra você ler mais se assim o desejar. Espero que essas dicas te ajudem a sacudir a poeira e dar a volta por cima quando mais precisarem!
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Estarei de volta com um novo episódio mês que vêm. Você encontra mais episódios do Centelha de graça no Apple Podcasts e Google Podcasts. Compartilhar os episódios nas redes sociais possibilita que mais pessoas conheçam meu trabalho. Me siga no Instagram @centelhacast e no Twitter @centelha_cast. Sou @marastoniarts nas redes sociais mais próximas de você. Centelha é uma criação de Condessa Vanôra e faz parte da rede de Podcasts do Me Julguem Podcast. Você pode colaborar com a existência e continuidade desse projeto em reais no PicPay @centelha, chave Pix [email protected] e pra quem está fora do Brasil pode me pagar um café no ko-fi.com/marastoniarts. Eu fico por aqui, sou Condessa Vanôra, obrigada por sua audiência, até a próxima.
[trilha sonora jazz suave aumenta de volume]
[vírgula sonora de encerramento]
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centelhacast · 3 years
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[som de isqueiro sendo aceso]
[Vinheta de abertura com música do oriente médio e narração] Pensador Louco: Centelha, o denomidador comum... Cristiane Navarro: ... que une todos os artistas... Júlia Navarro: ... das mais diversas áreas... Lica Moon: ... dos mais diversos lugares.
[som de uma porta sendo aberta fazendo soar um pequeno carrilhão]
[Trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Seja bem vindo ao meu ateliê! Sou a Condessa Vanôra e começa mais um Centelha. Como prometido lá no episódio 04, hoje vamos abordar mais alguns instrumentos árabes! Tá mais por fora do que umbigo de vedete e não sabe do que estou falando? Tem link nas notas do episódio para a parte um. Vamos pros recadinhos de hoje que serão rápidos.
[trecho do solo pomposo de trombone da música Bridge Over Troubled Water do Daniel Salinas]
Condessa Vanôra: Muito obrigada a você, é você mesmo, querido ouvinte que sempre está por aqui me ouvindo falar das agonias e êxtases da vida dos artistas. Esse podcast é um projeto independente feito somente por mim, esta Condessa que vos fala. Quer me ajudar a manter as cortinas abertas e o show em cartaz? Faça como meus patronos em picpay.me/centelha A partir de R$2,50, o preço de um cafezinho por mês você já me ajuda e muito a levar esse projeto adiante lidando com os eventuais obstáculos de ser uma artista com doença crônica. Também é possível fazer uma contribuição única se estiver num momento mais complicado. Você me ajuda também levando longe a palavra, compartilhando os episódios com os amiguinhos, seguindo nossas redes sociais e dando likes ou estrelinhas nos agregadores de podcasts!
[trecho do desenho animado Alice no País das Maravilhas: ”Ah sim, sim, isso, chá, tome uma xícara de chá.“]
Condessa Vanôra: Agradecimentos especiais ao patrono que têm convite para o chá das cinco: 0humanu que tem um perfil no Instagram de lista de indicações de podcasts, o @ zero de algarismo arábico humanu com u no final. Emprestei minha voz para narrar a abertura do Debacast Personalidades que conta a história da Almirante Grace Hopper, que é uma mulher que tem um papel importantíssimo pra o que temos hoje em tecnologia, e que não conhecia até ouvir este episódio. O link para ouvir o programa estará lá nas notas do episódio. Vêm comigo para mais um mergulho no universo musical árabe!
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Recapitulando, os instrumentos árabes se dividem em duas categorias: naqr que são os sons dedilhados ou martelados e o sahb que são os instrumentos puxados e esticados. Me conta lá nos comentários em quais famílias vocês acham que os instrumentos de hoje estão inseridos. Vamos começar pelo Arghul:
[som de arghul sendo tocado]
Condessa Vanôra: O arghul é uma flauta dupla, utilizada desde o Egito antigo, sendo muito tradicional tanto na Palestina quanto no Egito. Ela possui dois tubos, como o mijwiz, só que um deles é mais longo que o outro. Tem entre cinco a sete furos no tubo menor. O tubo maior permite encaixar e desencaixar segmentos para alterar a altura do tom do zumbido grave do mesmo. Mizmar
[som de mizmar sendo tocado]
Condessa Vanôra: O mizmar parece uma cornetinha. Me perdoem músicos renascentistas, mas não encontrei o nome desse instrumento em português. Em inglês ele se chama shawm. Imagina que é uma flauta, só que a ponta é cônica, como a parte aberta do chapéuzinho de aniversário. Esse exemplo que toquei pra vocês é o mizmar egípcio. A versão armênia se chama zurna, e é bem mais aguda que o mizmar. Ela é muito tocada no Egito em casamentos ou como acompanhamento para as dançarinas, mas também pode aparecer no dabke. O som dela é muito alto, por isso costuma ser usada em ambientes externos, e assim como a nay, tem tamanhos diferentes para cada tonalidade e variação de embocadura pra variação tonal. Inclusive, ouvi uma história muito gracinha do dançarino Anthar Lacerda quando trabalhei na entrada de um casamento árabe com ele. O Anthar dizia que quando ele era criança a mãe dele fazia o som do mizmar com um pente e um tecido para ensinar a cultura e brincar com eles. A propósito, vou derramar um pouco de chá pra vocês.
[som de ululação típico do oriente médio]
Condessa Vanôra: Pra mim, ele é o melhor dançarino de folclore que já tive o prazer de ver aqui no Brasil, além de ser uma pessoa extremamente agradável e humilde. Porém, e isso daqui é na minha visão de ver, observando o que acontece no mercado, beleza?
[voz masculina dizendo "I got you, fam!"]
Condessa Vanôra: Nos eventos de dança do ventre vejo com muito mais frequência o destaque dado à outros dançarinos que tem tecnicamente menos bagagem e carisma, porém socialmente são lidos mais como brancos ou europeus. O Anthar é descendente de egípcio e tem a pele e características fenotípicas de mouros. Socialmente no Brasil, ele é lido como pardo. Meu parênteses termina aqui, mas estamos de olho nessa malandragem produção… Kamanja
[som de violino sendo tocado]
Condessa Vanôra: Kamanja. Essa é pra você que se perguntou porque isso é um som de violino. Os árabes também tem uma versão pra eles. E aqui entra uma dúvida minha que encontrei enqaunto pesquisava, se tiver algum músico ou musicista que possa me informar sou toda ouvidos. Nas fontes que encontrei, disseram que o violino europeu possui trastes, que são aquelas barrinhas de metal que subdividem no braço do instrumento os espaços das notas. Daí não sei se os modelos iniciais do violino, como foi baseado em outros instrumentos, chegou em algum momento inicial ter a presença dos trastes, mas hoje em dia nenhum violino, ocidental ou oriental tem trastes, até onde pude checar. Ele vai ser tocado de uma forma diferente da do ocidente, porque na música árabe, é usado um tipo de modo melódico diferente da música ocidental. A execução dele é muito mais ornamentada que o estilo europeu de tocar. Passou a fazer parte da música árabe no século XIX. Rebab ou Rababa
[som de violino sendo tocado]
Condessa Vanôra: É um instrumento bastante comum no Oriente Médio e na Ásia, o design dele vai mudando conforme o país. Mas aqui vou falar da versão egípcia, que surgiu por volta do século VIII e conquistou o mundo através das rotas de comércio islâmicas. Ele tem um corpo pequeno, muitas vezes arredondado e um braço bem longo, é coberto na frente por membranas feitas da pele do intestino ou bexiga de búfalo, pergaminho ou pele de carneiro. Costuma ter uma, duas ou três cordas de cobre duplas, sem trastes e é tocado apoiado em pé, no colo ou no chão, e é utilizado um arco mais curvo que o do violino para obtermos algum som dele. Ele é muito presente nos folclores egípcios, e foi substituído na orquestra árabe pelo kamanja, por ter poucas variações de oitavas. Produz um som muito alto, indicado para ambientes externos. Acompanha festas e rituais. Ele é parecido com o erhu, lembrando que meu mandarim não é muito bom, o que a gente chama de violino chinês. Perceba que algumas coisas na arte dão a volta só pra chegarem no mesmo lugar de novo, como nesse exemplo do violino. Chegamos na metade da nossa série, que voltará no episódio doze com mais informações técnicas e curiosidades a respeito dos instrumentos que compõem o que conhecemos como música árabe tradicional. Pintou alguma dúvida? Lembrou de algo que esqueci, ou tem algo que gostaria que falasse? Deixe nos comentários que trago aqui no futuro!
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Estaremos de volta com um novo episódio mês que vem. Você encontra mais episódios do Centelha de graça no Apple Podcasts, Google Podcasts, Spotify, Deezer, e nos demais agregadores de podcasts. Sua avaliação nessas plataformas é muito importante e compartilhar os episódios nas redes sociais possibilita que mais ouvintes conheçam meu trabalho. Nos siga no Instagram @centelhacast e no Twitter @centelha_cast. Sou @marastoniarts no Twitter e Instagram mais próximos de você. Participe do nosso grupo no Telegram no t.me/mejulguempodcast. Centelha é uma criação de Condessa Vanôra e faz parte da rede de Podcasts do Me Julguem Podcast. Você pode colaborar com a existência e continuidade desse projeto em reais no PicPay @centelha ou me pagar um café em dólares no ko-fi.com/marastoniarts. Eu fico por aqui, sou Condessa Vanôra obrigada por sua audiência, até a próxima.
[trilha sonora jazz suave aumenta de volume]
[vírgula sonora de encerramento]
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centelhacast · 3 years
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[som de isqueiro sendo aceso]
[Vinheta de abertura com música do oriente médio e narração] Pensador Louco: Centelha, o denomidador comum… Cristiane Navarro: … que une todos os artistas… Júlia Navarro: … das mais diversas áreas… Lica Moon: … dos mais diversos lugares.
[som de uma porta sendo aberta fazendo soar um pequeno carrilhão]
[Trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Seja bem vindo ao meu ateliê! Sou a Condessa Vanôra e começa mais um Centelha. Segura na minha mão que estou num estado permanente de estupefação. E eu tento gente, juro que tento seguir um calendário de publicação. Mas esse glorioso país com sua inigualável população não deixa de gerar pautas a granel tão absurdas que tenho que parar tudo o que estou fazendo e abrir o microfone pra falar com vocês. O babado de hoje é o dilema do artista Tostines: Será ele um vagabundo que não trabalha, ou um trabalhador vagabundo? Depois dos recadinhos eu explico melhor.
[trecho do solo pomposo de trombone da música Bridge Over Troubled Water do Daniel Salinas]
Condessa Vanôra: Esse podcast é um projeto independente feito somente por esta Condessa que vos fala. Que só é possível graças aos meus patronos. Quer me ajudar a manter as cortinas abertas e o show em cartaz? Faça como meus patronos em picpay.me/centelha A partir de R$2,50, preço de um cafezinho por mês vocês já me ajudam e muito a levar esse projeto adiante lidando com os eventuais obstáculos de ser uma artista com doença crônica. Lembrando que há a possibilidade de fazer uma contribuição única se estiver num momento mais complicado da vida.
[trecho do desenho animado Alice no País das Maravilhas: ”Ah sim, sim, isso, chá, tome uma xícara de chá.“]
Condessa Vanôra: Agradecimentos especiais ao patrono que têm convite para o chá das 5: 0humanu que tem um perfil no Instagram de lista de indicações de podcasts, o @0humanu. Fica aqui também o agradecimento de duas virgulas sonoras que eu utilizei, vindas do TikTok, de dois artistas babadeiros: o @esdrascomedy com a esquete maravilhosa do Sócrates que mora no meu coração e o @juliogomesator sobre pagamento de artistas. Passa lá no TikTok deles e conheça mais sobre seus trabalhos.
[som de uma porta sendo aberta fazendo soar um pequeno carrilhão]
Condessa Vanôra: Só um minuto que meu mordomo veio me entregar um recado. Vejamos... olha só, é uma mensagem da Domenica Mendes! Vou tocar aqui pra vocês ouvirem também.
[som de uma tecla de toca fitas sendo pressionada]
Domenica Mendes: Olá, aqui quem fala é a Domenica Mendes e eu estou aqui pra te convidar pra participar da campanha hashtag o podcast é delas 2021. Como já fazemos há cinco edições, o nosso compromisso é de promover a maior inclusão e promoção de mulheres na podosfera. Para isso, te convidamos a chamar uma ou mais mulheres para gravar um episódio com você, melhor ainda, que tal convidar uma mulher que nunca gravou podcast antes? Se inscreva e saiba todas as novidades desse ano em opodcastedelas.com.br a gente está esperando por você.
[som de uma tecla de toca fitas sendo pressionada]
Condessa Vanôra: Obrigada, Francis.
[som de uma porta sendo aberta fazendo soar um pequeno carrilhão]
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Estava eu hoje de manhã, me organizando pra descobrir o que ia fazer da minha vida no presente momento quando um dos podcasts da CBN, o "Mais São Paulo" caiu no meu colo
[som de uma caixa caindo no chão]
Condessa Vanôra: com uma notícia interessante a respeito da suspensão do Festival Tô Me Guardando. O link da notícia comentada pelo Américo Sampaio está na nota dos episódios pra você ouvir, mas aqui vou resumir o imbróglio.
[menino vendendo jornais gritando "Extra! Extra! Read all about it!]
Condessa Vanôra: Com estamos no segundo ano da pandemia do
[Cardi B falando "Corona virus"!]
Condessa Vanôra: não dá para fazer Carnaval do jeito que se costuma fazer. Daí pra dar uma ajuda a um pedaço da cadeia enorme de artistas que trabalham nessa época e que estão desempregados, a Prefeitura de São Paulo teve uma ideia. Abriu um concurso pra quem queria trabalhar fazendo esse carnaval online ganhando até três mil reais pela apresentação. Até aí tudo muito bom, tudo muito bem, 153 artistas foram contemplados. Essas apresentações rolariam nas redes sociais de cada artista. No final, pro pagamento desses profissionais a Prefeitura separou a quantia de quinhentos mil reais. Todos esses dados inclusive estão disponíves ao público, de forma bem transparente, que qualquer um com internet pode acessar e ver por si mesmo. Também vai ter link nas notas do episódio do calendário das apresentações que iriam rolar durante todo o mês. Agora entra em cena aquele personagem que todo mundo conhece: a pessoa que gosta de aparecer,
[música circense animada]
Condessa Vanôra: que no caso é o Vereador Rubinho Nunes do Patriotas e do MBL (Movimento Brasil Livre), que no meio do festival, resolveu mover uma ação contra a prefeitura, disse que esse evento era ilegal por não ter tido licitação.
[João Kleber gritando "Pára! Pára, pára, pára, pára, pára , pára, pára!"]
Condessa Vanôra: A Justiça acatou e suspendeu o evento. As apresentações estão suspensas desde ontem, dia 16 de fevereiro. Nas palavras de Américo Sampaio, ele esclarece alguns pontos: O primeiro é estarmos numa situação de pandemia, onde foi decretado estado de calamidade no país.
[Robô do Perdidos no Espaço gritando "Perigo, Perigo!"]
Condessa Vanôra: Quando isso acontece, existem uma série de ferramentas e ações tomadas devido à complicação causada no sistema judiciário e legislativo que esse fator externo causa. Em especial a parte de licitação e contratação pública. Estamos num chamado
[som de aspas feito com a boca]
Condessa Vanôra: "regime diferenciado de contratação pública"
[som de aspas feito com a boca]
Condessa Vanôra: onde é possível a dispensa de licitações em caso de calamidade pública. Inclusive, está em tramitação a nova lei de licitação no país. Após ela ser aprovada, ainda tem um período de dois anos de adequação, ou seja, onde o órgão público pode escolher se usa a lei de licitação velha ou a nova. Mas ainda temos a cereja do bolo que são os brilhantes comentários da juíza Carmen Cristina Fernandez Teijeiro e Oliveira da 5ª Vara de Fazenda Pública na liminar, que analisa a validade das apresentações com base no seu gosto pessoal.
[palmas lentas]
Condessa Vanôra: Mas antes de continuar, quero frisar que estou dizendo aqui o nome certinho das pessoas envolvidas na ação e de onde elas são, informações essas disponíveis publicamente, já que não apoio e nem incentivo doxxing, pra você querido ouvinte, independente de seu alinhamento político, saber quem contribui para manter o artista em estado de mendicância sem ter sua profissão respeitada.
[trecho do filme Tropa de Elite "É você que financia essa merda aqui!"]
Condessa Vanôra: Agora vem comigo aqui pra coxia um minuto, pra saber como rolou as coisas na ponta dos artistas.
[som de uma cortina de tecido pesada sendo puxada]
[som de campainha de atenção de vôo comercial]
Condessa Vanôra: Minha proposta aqui sempre foi mostrar pra vocês o que acontece do lado de cá da cortina. E isso envolve passar pra vocês um pouco do que vivi e ser explícita a respeito de coisas como valores e relações de poder. Se você quer ouvir sobre como é legal pra caramba estar cercado de criativos e pessoas de almas sensíveis que se apoiam mutuamente para alcancar seus sonhos,
[som de personagem feminino de anime falando "Uau!"]
Condessa Vanôra: tem uma porção de podcasts sobre arte nessa pegada good vibes por aí, aqui costuma ter alguns momentos de expresso depresso.
[música com batida animada]
Condessa Vanôra: Existem três categorias veladas de casta de artistas.
[palmas única]
Condessa Vanôra: A primeira são os famosos, que todo mundo conhece. São os figurões que aparecem na televisão, e que fazem a tal da grana preta, como dizem por aí. O elemento que fez diferença na trajetórias deles foi a sorte. Estar no lugar certo, na hora certa. Não são necessariamente ricos, talentosos, de família de artistas, ou capacitados. Isso vai depender da história de vida de cada um. Tô dando aqui um panorama geral.
[palmas única]
Condessa Vanôra: O segundo escalão são os artistas menos conhecidos, mas que tem aporte financeiro. Não importa se vêm dos pais, do cônjuge, algum investidor anjo, ou que está inserido em algum círculo social de onde não importa se tem formação ou talento, já que o dinheiro vai abrir as portas com uma certa facilidade.
[palmas única]
Condessa Vanôra: O terceiro escalão de certa forma é um desdobramento da segunda casta. É a galera que se formou em alguma faculdade, que tem o tal do canudo.
[Vera Verão gritando "Epa, epa!"]
Condessa Vanôra: Antes de você dizer que as faculdades hoje em dia são mais acessíveis, que se você fizer o ENEM consegue pegar uma bolsa integral, os gastos com materiais só presentes em lojas especializadas, bem como construção de relacionamentos, eventos sociais e uma série de outras coisas pra conseguir entregar os trabalhos rotineiros, precisa de dinheiro, e não é pouco.
["Should I burn this place down when I had the chance."]
Condessa Vanôra: Se você acha as panelinhas da firma um saco, é porque não conhece as panelas da classe artística, onde se tem a impressão que o funil de fama, sucesso e dinheiro é menor ainda, existe uma pressão pra massacrar o coleguinha antes que ele te devore,
[trecho da série "Todo mundo odeia o Chris" "Eu não aturo isso! Meu marido tem dois empregos! Eu não tenho que ficar aqui!"]
Condessa Vanôra: e basicamente é pra isso que você faz faculdade. Pra cultivar um bom networking que vai facilitar na hora de você procurar emprego. Porque entre o colega que cursou a mesma faculdade que você, alguém que já te quebrou um galho ou um completo desconhecido, você vai optar pelo coleguinha que já conhece, na maioria esmagadora das vezes.
[palma única]
Condessa Vanôra: Aí você tem o quarto escalão, que são as pessoas, que ou não querem, ou não tem condição de fazer uma faculdade e que se viram fazendo cursos que não te rendem um diploma tão bonito quanto o da faculdade, que é igualmente tão qualificado quanto do ponto de vista curricular ou os autodidatas. Eu estou inserida nesse quarto escalão, e ouvinte, aqui a gente tem que dançar miudinho, miudinho. Porque entre aspas disputamos vagas com as castas mais privilegiadas, aquela, que já não tinha muito espaço.
[música com batida animada]
Condessa Vanôra: Sabe essa notícia de que ia ter um edital pra artista? Então, ela RARAMENTE chega no quarto escalão.
[som de trombone triste]
Condessa Vanôra: Não existe um caderno de guia de concursos ou LinkedIn pra gente. Quem fica sabendo do edital costuma não divulgar. Bem, na verdade divulga, mas pros coleguinhas. Então, se você não está inserido na panela, ou passou por uma faculdade onde você conseguiu os contatos das pessoas que são os produtores culturais, você, como eu, nunca vai ficar sabendo.
[som de suspense]
Condessa Vanôra: E mandar material pra edital não é que nem mandar currículo pra vaga de emprego, onde é mais ou menos padrão, ou você acha algum modelo na internet. Tem o jeito e as formas certas de se escrever. Quer saber como? Ou vira produtor cultural, ou tenha contato com quem sabe como a máquina funciona e que está disposto a te passar essa informação ou faça faculdade, onde você vai receber o mapa da mina por algum professor ou orientador. Eu não fiquei sabendo do edital, e nem desse evento, só fiquei sabendo da suspensão. E, pra deixar ainda mais obtuso, o único lugar onde ouvi essa notícia foi na CBN, na Folha de São Paulo, onde o artigo está atrás de um paywall e no perfil do Facebook / Instagram do Vereador Rubinho Nunes. E, convenhamos, quantas pessoas você conhece que assinam a Folha de São Paulo, escutam CBN, ou seguem o perfil desse vereador? Pode ser um bom bocado de gente, mas ainda é ninguém, comparado a toda a população do Brasil. Em todo o caso vou deixar o link das poucas fontes que achei nas notas do episódio. Esse problema de circular pouco a informação que podia ajudar muitos outros colegas de profissão por egoísmo aconteceu também com a lei Aldir Blanc que visa dar uma ajuda pra classe artística que ficou sem ter como trabalhar. Não chegou em mim. Eu fiquei sabendo por um post do Instagram de uma das minhas professoras de flamenco que faz parte das catas mais altas, que tem contatos com atores globais. O motivo do post? Pouca adesão de artistas.
[trecho da música How Bizarre do OMC "How bizarre, how bizarre."]
Condessa Vanôra: Descobri isso quando estava recebendo a última parcela do Auxílio Emergencial. O que me deixou bem chateada, porque se soubesse que tinha algo voltado pra artistas teria me cadastrado lá, e deixado o auxílio pra profissionais também desempregados, mas que não são artistas. Então a sociedade fica nesse dilema de que todo artista é um vagabundo que não trabalha, e quando trabalha tá fazendo vagabundagem, ai ai ai!
[audio do tiktok do esdrascomedy "Sócrates meu Deus, olha os modos!"]
Condessa Vanôra: E por isso não merece ser pago. Essa visão é bem clara nessas aspas aqui do Vereador Rubinho Nunes, em sua conta no Instagram:
[música bossa nova de elevador]
Condessa Vanôra: "Bruno Covas tentou gastar quinhentos mil do seu dinheiro para financiar "bloquinhos virtuais" de carnaval. Obviamente, não pude me conter e tive que processar o prefeito novamente! A Justiça decidiu favoravelmente ao meu pedido e BARROU o gasto absurdo."
[trilha sonora retorna para o jazz suave]
Condessa Vanôra: Cada pessoa tem uma opinião sobre o que considera arte ou não, sobre o que gosta ou não. Mas seu gosto pessoal não deve ser a régua pela qual vão decidir se recebemos pelo nosso trabalho ou não. Porque se você vai no cinema ver um filme, e acaba não gostando dele, a bilheteria não te dá o valor do ingresso de volta. E porque com os nossos cachês a coisa tem que ser desse jeito? Essa postura também fica clara nas aspas desse trecho da matéria da Folha de São Paulo da juíza Carmen Cristina Fernandez Teijeiro e Oliveira
[música bossa nova de elevador]
Condessa Vanôra: "A juíza ainda avalia que o objeto do contrato "é absolutamente genérico" porque não haveria parâmetros de apresentação ou tempo mínimo de performance. "Em outras palavras, ela pode se constituir em qualquer coisa, não há compromisso com a qualidade, entretenimento, absolutamente nenhuma exigência, e o pagamento é feito mediante simples comprovação de que a atração foi realizada." A juíza argumenta que boa parte dos blocos “se resume a uma única pessoa em um cenário decorado tocando música mecânica em performances que duram de 1h a 2h, e que muitas vezes sequer guardam qualquer relação com o carnaval.” Além disso, afirma que muitas das apresentações ocorrem “em horário comercial, ou seja, em que a maior parte das pessoas está trabalhando e não pode desfrutar da transmissão 'on-line' nas redes sociais desses artistas/blocos, com gasto total de meio milhão de reais do erário público.”
[trilha sonora retorna para o jazz suave]
Condessa Vanôra: Será que nos programas da tarde da TV aberta que é exibidos em horário comercial, os apresentadores e a sua equipe inteira trabalham de graça porque a maior parte das pessoas está trabalhando e não vai poder assistir?
[áudio do TikTok do juliogomesator "Você é tão engraçado, faz uma apresentação pra mim? Só que não tem cachê não. Mas tem lanche. Porque você não pega seu lanche e enfia no seu toba, ou então aceita seu pagamento a partir de agora só em lanche. Quem gosta de lanche é Mc Donald's. Eu sou um artista. Isso é meu trabalho. Se você não valoriza, não me chame."]
Condessa Vanôra: Vou contar pra vocês duas histórias minhas pra montar um panorama do que é trabalhar no carnaval e pra prefeitura. Lembrando que são duas historinhas sobre os melhores trabalhos que fiz, tanto em questão de ambiente, como em questão de remuneração.
[trilha sonora de música de escola de samba]
Condessa Vanôra: No carnaval, quando você trabalha como maquiador, funciona assim: Por você ter influência ou conhecer as pessoas certas, descobre quem assinou o croqui das fantasias e decide com ele como vai ser a maquiagem pra cada ala. Depois, você fecha o valor. De quanto? Não sei. Lembra que os amiguinhos da área não se conversam sobre detalhes importantes como cachê? Então. Mas você não tem como maquiar dezenas de pessoas sozinho, então você monta um time de super maquiadores pra te ajudar nessa tarefa. Pra esses maquiadores, na época, você vai pagar uns trezentos reais, mas como muitas vezes o contrato é feito no boca a boca, e falado bem rapidinho de propósito, tem a chance da pessoa que te chamou regatear pra menos o seu cachê depois. Você chega cedo no hotel onde as pessoas da escola de samba vão ficar. Maquia como se não houvesse amanhã, o mais rápido possível, porque a escola tem hora pra entrar na avenida, e você sempre vai ter meia dúzia de coleguinhas que gostam de maquiar mais vagarosamente, então a quantidade de trabalho é dividida de forma desigual, apesar de todo mundo receber o mesmo pagamento. Você não tem auxílio de transporte nem alimentação. Seu trabalho termina de madrugada e você tem que esperar em algum lugar se não tiver carro até o metrô abrir. E tomar cuidado pra seu material de trabalho não sumir no camarim, porque o coleguinha pede o material emprestado, mas dificilmente ele volta pra sua bancada ou não ter sua maleta de maquiagem roubada, porque as pessoas sabem que ali dentro tem geralmente algumas centenas de reais em materiais. Aqui no Brasil, é arriscado você ir pro seu trabalho com aquelas maletas de maquiadores cromadas, sabe? Tem que levar as coisas em uma mala de viagem ou mochila. Porque sabe-se lá quantos cachês você vai ter que juntar de novo pra comprar os materiais do zero, se você usa produto de qualidade. Se for maquiagem baratinha de farmácia e pincel sintético que arranha a pele do cliente já é mais rapidinho. Isso porque trabalhei fazendo maquiagem pra uma escola pequena. Acredito que se você for o maquiador das estrelas como passistas, artistas globais ou gente importante que vai sair na escola de samba, seu cachê e condições de trabalho devem ser bem melhores. Porque aí você é o maquiador chaveirinho do artista, e é ele que exige você nos eventos. Lembrando que quem coordena a equipe de maquiadores é que tem o cachê mais gordinho. De quanto, também não sei. A única resposta que consegui na época que fiz o curso de maquiador cênico foi um genérico "depende do evento".
[música de piano lânguida]
Condessa Vanôra: Pra prefeitura, trabalhei em duas viradas culturais, no Palco Cabaret, que foi extinto da programação pela bancada evangélica
["Glória a Deus!"]
Condessa Vanôra: que achou uma sem vergonhice pessoas em trajes sumários dançando num palco ao invés do sambódromo. E foi burocracia atrás de burocracia. Consegui esse trabalho por intermédio do Heitor Werneck, um beijo pra você, se estiver ouvindo esse podcast. Tive que enviar documento, registro do DRT, foto de divulgação profissional, e matéria impressa de que você trabalha como artista. Não, o post da sua mãe no facebook dizendo que você é incrível não vale. Tem que ser postagem em sites a respeito de você ou de trabalhos que você fez. Não vale seu blog pessoal. É matéria feita por jornalista, como um release de imprensa em alguma casa noturna ou outro lugar em que você se apresentou. Ou encartes impressos de shows e espetáculos com o seu nome. Após ser aprovado tinha a parte de preparação do show. Tinha que ter o figurino, música e apresentação aprovadas pelo Heitor. Muitas vezes ele sugeria algo baseado na experiência dele de produtor de eventos, e do que seria interessante pro público e você se virava pra montar. Depois de um tempo vinha a programação pra você saber que horas deveria estar lá. A gente, que é essa galera de quarto e terceiro escalão, somos o enchimento de linguiça do show. Aquelas atrações que a gente aproveita pra ir no banheiro ou comer alguma coisa enquanto espera o "show de verdade" começar. Daqueles artistas grandes, com Anitta, Rita Cadillac, entre outros que se apresentavam no mesmo palco. Quando as estrelas maiores chegavam pra se arrumar, ou a gente tinha que sair do camarim coletivo, que era uma das tendas montadas no local, pra estrela ter privacidade ou às vezes elas tinham camarins só pra elas com mais conforto de cadeiras estofadas ao invés de bancos, e comidas e bebidas melhores. A prefeitura não fornecia auxílio transporte nem alimentação. Pra dizer que não tinha nada, tinha água à vontade e alguns salgadinhos fofura, desses salgadinhos de bar, amendoinzinho e bisnaguinhas, mas que não davam conta da quantidade de pessoas que estava trabalhando lá. A gente recebia por dia trabalhado, não importando quantas entradas no palco fazíamos, se não me engano era cerca de trezentos reais na época. Lembrando que lá no site do Sinddança tem a tabelinha do valor que cada categoria de artista da dança deve receber cada vez que entra no palco de novo. Valor esse que só recebemos uns três meses depois porque veio da prefeitura e tinha uma cadeia de burocracia louca até chegar o momento da gente receber o cachê. Que também era burocrático pelo fato de termos que assinar algumas vias de documentação que atestavam que tínhamos recebido o pagamento dia tal, de valor tal, de pessoa tal, referente a serviços XYZ e que aquilo não constituía como vínculo empregatício. Contei essas duas histórias aqui porque pra quem é público, muitas vezes não fica claro o quanto o artista tem que ralar até apresentar o show e o quanto quem está na parte menos famosa e com pouca ou nenhuma influência social e financeira tem que dar nó em pingo d'água pra conseguir pagar as contas no final do mês. Não é só subir no palco e rebolar. Aí o governo tenta criar algo pra ajudar uma parcela da classe artística, que não custe muito do seu orçamento, que vai beneficiar uma parcela menor ainda, pra ter esse benefício suspenso por julgarem ser uma irregularidade e desperdício de dinheiro. Não deixa de trazer um sentimento de desamparo e consternação muito grande, quando você é um artista num país onde arte e cultura não são valorizados e você não é reconhecido como profissional. Alguns podem argumentar que arte não é uma necessidade básica, então façamos o exercício de imaginar como seria essa pandemia e quarentena, sem filmes, seriados, livros, música, pinturas, e qualquer coisa que seja criada por alguma pessoa que tenha a função de entreter, de divertir, de fazer pensar, de trazer uma distração dos seus problemas. Como você e a sociedade a sua volta estariam? Conta pra mim nas redes sociais, que mal posso esperar pra saber!
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Estaremos de volta com um novo episódio mês que vêm. Você encontra mais episódios do Centelha de graça no Apple Podcasts, Google Podcasts, Spotify, Deezer, e nos demais agregadores de podcasts. Sua avaliação nessas plataformas é muito importante e compartilhar os episódios nas redes sociais possibilita que mais ouvintes conheçam o Centelha. Nos siga no Instagram @centelhacast e no Twitter @centelha_cast. Sou marastoniarts no Twitter e Instagram mais próximos de você. Participe do nosso grupo no Telegram no t.me/mejulguempodcast. Centelha é uma criação de Condessa Vanôra e faz parte da rede de Podcasts do Me Julguem Podcast. Você pode colaborar com a existência e continuidade desse projeto em reais no PicPay @centelha ou me pagar um café em dólares no ko-fi.com/marastoniarts. Eu fico por aqui, sou Condessa Vanôra obrigada por sua audiência, até a próxima.
Domenica Mendes: Gostou desse episódio? Bom né? Ele faz parte da campanha hashtag opodcastedelas 2021 porcure pela hashtag durante esse mês de março nas suas redes sociais ou acese o site opodastedelas.com.br e encontre muitos outros programas promovendo a maior participação de mulheres no podcast. [trilha sonora jazz suave aumenta de volume]
[vírgula sonora de encerramento]
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[som de isqueiro sendo aceso]
[Vinheta de abertura com música do oriente médio e narração] Pensador Louco: Centelha, o denomidador comum… Cristiane Navarro: … que une todos os artistas… Júlia Navarro: … das mais diversas áreas… Lica Moon: … dos mais diversos lugares.
[som de uma porta sendo aberta fazendo soar um pequeno carrilhão]
[Trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Seja bem vindo ao meu ateliê! Sou a Condessa Vanôra e começa mais um Centelha. Já estudei vários estilos de dança, e lembro de um pito muito curioso que recebi quando comecei a estudar dança do ventre. De que nós não éramos "dançarinas" e sim "bailarinas"
[voz masculina falando "Uau!"]
Condessa Vanôra: e que era muito feio trocar um pelo outro! Depois dos recadinhos a gente descobre de onde se originou essa diferença.
[trecho do solo pomposo de trombone da música Bridge Over Troubled Water do Daniel Salinas]
Condessa Vanôra: Aviso: Nesse programa eu falarei a respeito de alguns aspectos envolvendo prostituição. Então se for menor de 18 dá uma puladinha nesse programa ou se for um tópico sensível. Vamos começar os recadinhos de hoje mandando um beijo muito especial pras minhas ouvintes de Iporá, Goiás! Fiquei muito feliz de saber que estão gostando dos programas.
[cantor Tarkan fazendo som de beijo]
Condessa Vanôra: Quer ajudar a manter as cortinas abertas e o show em cartaz? Faça como meus patronos em picpay.me/centelha. Agradecimentos especiais ao patrono que têm convite para o chá das 5:
[trecho do desenho animado Alice no País das Maravilhas: ”Ah sim, sim, isso, chá, tome uma xícara de chá."]
Condessa Vanôra: Renato Garcia Eu participei do podcast Necrofilmecon número 18: Sodomia Paranormal, onde falamos sobre o filme nacional "Espelho de Carne". Gente, eu sei que fiquei um tempo sumida, mas foi por uma boa causa, como falei no último episódio, que eu ia procurar mais especialistas pra descobrir o que tinha de errado com a minha visão. Eis que me consultei com um oftalmo especialista em córnea, e acabei descobrindo que na verdade tenho uma complicação pós cirúrgica resultante da cirurgia de correção de grau à laser chamada ectasia pós LASIK. É parecido com ceratocone, mas a causa dessa deformação é pela dermatite atópica que eu tenho somado ao desgaste da córnea pelo laser. Daí me submeti no mesmo mês a duas cirurgias de crosslink, uma em cada olho, em que basicamente o médico, ele vai raspar um pouquinho a camadinha da córnea do seu olho e pingar uma vitamina chamada riboflavina e dar um banho de luz ultravioleta em seguida nesse olho.
[trecho do desenho animado O Incrível Mundo de Gumball "Isso! Vêm bronzeado, vêm! É! Uhuuu!"]
Condessa Vanôra: A recuperação total desse procedimento leva uns seis meses, mas a melhora mais intensa ocorre no primeiro mês. Eu fiz às pressas porque já estava no limite da minha córnea poder passar pela cirurgia. Passei novembro e boa parte de dezembro me recuperando. Ainda estou enxergando mal, pra ser sincera. A visão vai melhorar mesmo lá pra fevereiro / março, quando farei os testes de lentes desenvolvidas especialmente pra cada olho. Elas são um pouco diferentes das lentes de grau comuns, porque duram cerca de um ano e eu preciso fazer alguns testes de acomodação ao meu olho. Aí sim vou voltar a ver normalmente. Agradeço muito por estarem torcendo por mim e me acompanhando nesta jornada. Com tudo dito e posto, vamos para o episódio de hoje! Lembrando que todos os links estarão nas notas do episódio para eventuais consultas.
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Olhando com distanciamento essa questão, vejo que essa "briga" é carregada de preconceitos que raramente são semânticos, e sim culturais. Além de ser uma questão de separação de nós para os outros. Aqui, vou me ater às variantes femininas, por que é onde temos a maior polêmica. Vamos começar com o que o dicionário fala a respeito desses termos!
[som de agulha de vinil sendo colocada em cima do disco]
Condessa Vanôra: De acordo com o Dicionário Online de Português: Bailarina - substantivo feminino. Dançarina clássica e, especialmente, solista exímia. Por extensão, qualquer dançarina. Dançarina - substantivo feminino. Mulher que dança por profissão.
[som de agulha de vinil sendo tirada de cima do disco]
Condessa Vanôra: Portanto, de acordo com o dicionário poderíamos utilizar ambas as formas, sendo a bailarina mais indicada para quem faz ballet clássico. Mas outros tipos de dança também tem nomenclaturas específicas para referir-se a quem pratica o estilo. Por exemplo, no flamenco, a dançarina chama-se bailaora. Na dança do ventre, chama-se rakkasah, apesar de que raramente fora do oriente médio é chamada dessa forma. E profissionalmente, qual é a visão a respeito da nomenclatura? Existe uma diferenciação muito clara dentro do site do SINDDANÇA que é o Sindicato de Dança dos Profissionais do Estado de São Paulo entre bailarinas e dançarinas. Tecnicamente, só pode ser considerada bailarina se você é formada em ballet clássico ou ballet contemporâneo. Todas as outras modalidades ficam contidas dentro da categoria de dançarinos.
[som de trombone triste]
Condessa Vanôra: Podemos até argumentar a respeito dessa classificação, inclusive no tocante à remuneração, onde essas duas modalidades, ballet clássico e contemporâneo são colocadas acima de todas as outras, como sendo "mais difíceis e mais complexas", por isso merecem ganhar mais que as outras.
[Betina falando "Foi porque eu mereci!"]
Condessa Vanôra: Fato que cai por terra rápido, se a gente comparar, por exemplo, as danças clássicas do Japão e Okinawa.
[som de vocalização de teatro kabuki, acompanhada de sons de tsuzumi]
Condessa Vanôra: Uma parcela ínfima das pessoas que começam a estudar esse estilo vão se tornar profissionais, e dessas, uma parcela menor ainda vai estar capacitado para ensinar a dança. Porém, a sindicalização desses profissionais ao menos aqui no Brasil foi organizada por bailarinos clássicos e contemporâneos, e se quisermos alguma mudança nesse sentido, a gente que é minoria que lute.
[trecho do reality show Ru Paul's Drag Race "Clearly the struggle is real."]
Condessa Vanôra: Mas voltando ao assunto. Nesse momento, entra o ego e as expectativas de como queremos que os outros nos vejam.
[trilha sonora de bossa nova de elevador]
Condessa Vanôra: "Eu não quero estar no mesmo patamar das strippers, das funkeiras, das dançarinas de cabaré, porque afinal, eu sou uma moça séria, de família, de respeito que estuda bastante. Quero estar ali, sentada na mesma mesa maneira que a elite da categoria, as bailarinas."
[retorna para trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Temos essa visão distorcida de como são as coisas no mercado de dança. Mas será mesmo que o ballet sempre teve esse glamour?
[som de disco riscado]
Condessa Vanôra: O refinadíssimo ballet, nasceu na Itália no início do século XV. Começou como uma dança executada nas festas da corte. Até cair no gosto dos nobres e virar aquelas grandes produções onde só quem era de classe alta poderia apreciar, teve um longo caminho. Tem um pedaço dessa história, desagradável, que ficou registrado nas pinturas do Edgar Degas.
[trecho da música clássica Dances des Cygnes Allegro Moderato de Tchaikovsky]
Condessa Vanôra: É, aquele francês que pintava as bailarinas tudo. Quando olhamos essas imagens com cerca de 200 anos
[trilha sonora retorna para o jazz suave]
Condessa Vanôra: distantes de nós, a real história por trás dessas ilustrações costuma passar despercebida. Entre os séculos XVIII e XIX o status do ballet como arte refinada se perdeu, sendo reduzido a meras apresentações nos intervalos das óperas onde o publico podia ver pernocas de meninas bonitas!
[sons do lobo assoviando e uivando do desenho animado Red Hot Hiding Hood]
Condessa Vanôra: Lembrando que na época as mulheres usavam vestidos longos, nesse intervalo entre a moda da Era Vitoriana e Eduardiana, se você visse uma canela de fora, já era seu dia de sorte! Fazer arte sempre custou caro,
[trecho do ínico da musíca Money do Pink Floyd, som de máquina registradora e moedas caindo]
Condessa Vanôra: e o dinheiro de boa parte das movimentações financeiras da Ópera de Paris vinham de pessoas chamadas de "abbonês" que eram os homens ricos que tinham dinheiro e poder o suficiente pra comprar ingressos por temporada das óperas.
[trilha sonora volta para o jazz suave]
Condessa Vanôra: Pra vocês terem ideia, hoje em dia, se formos comprar um passe de temporada, no Theatro Municipal de São Paulo, pra assistir à 4 óperas durante o ano, num camarote de 4 lugares, desembolsaremos R$ 1958,40, que é o valor da entrada inteira. Imagina naquela época onde a ópera era praticamente o entretenimento principal o quanto custava! Por ser um local de trânsito desses homens poderosos e influentes, se organizou uma série de estruturas para seu conforto, obviamente. Os assinantes tinham uma entrada especial dentro do teatro, e acesso a uma sala criada especialmente pra eles: o "foyer de la danse" que era uma sala luxuosa atrás do palco, onde eles podiam ver as bailarinas descansando, ensaiando, e de quebra aproveitavam pra fazer acordos, parcerias de negócios e, principalmente substituindo o papel dos cabarés, abordar as bailarinas, jovens
[som de voz masculina gritando enquanto esmurra uma porta "FBI open up!"]
Condessa Vanôra: ou mulheres adultas em busca de pagar por favores sexuais.
[som de suspense]
Condessa Vanôra: Impressionante, não é? E tem mais: eles podiam decidir quem ia ocupar os papéis principais, e quem seria demitida da Ópera. Como a maior parte das meninas eram de famílias pobres ou da classe trabalhadora, esse tipo de prostituição era a única forma de ter uma vida mais confortável pra si mesmas, e pra família, tanto que muitas vezes as próprias mães das meninas eram alcoviteiras.
[som de surpresa]
Condessa Vanôra: Isso poderia garantir acomodações mais confortáveis, aulas particulares que aumentariam seu cachê e prestígio dentro da companhia de dança. Para a sociedade francesa, elas eram chamadas de "pequenos ratinhos", como se a feiura causada por subnutrição, longas horas de trabalho e ensaio, uma vida de violência e abandono fosse a marca da lascívia e depravação estampada no sorriso de uma criança. Essa foi uma das várias reações negativas causada pela estátua "La Petite Danseuse de Quatorze Ans" feita por um Degas de 40 anos mais cegueta do que eu antes da cirurgia, tendo uma versão vestida com roupas de verdade, sapatilhas, até uma peruca loira, e a outra nua, ambas em tamanho natural. Inclusive, é dito que seu irmão René destruiu cerca de 70 esboços pornográficos que encontrou, após a morte do pintor. Mas não vai pensando que Degas, por ter retratado centenas de bailarinas ligava para o ballet ou pra arte da dança.
[som de desaprovação de língua batendo entre os dentes]
Condessa Vanôra: Não, ele estava mais interessado em retratar essa dinâmica de poder e de acordos sexuais. Como boa parte dos artistas vivos, ele não tinha muito dinheiro, então dependia dos amigos ricaços pra colocá-lo escondido dentro do teatro pra ter acesso a esse mundo e poder desenhar seu objeto de interesse. Degas era tão cruel e insensível com as bailarinas que as fazia posar sustentando posturas contorcidas e doloridas por longas horas. Dizia muitas vezes que queria capturar "suas macaquinhas rachando suas juntas na barra", chegando ao extremo de certa vez, confessar ao pintor Pierre Georges Jeanniot que frequentemente considerava as mulheres como animais. Resumindo, fazia umas artes bonitas, mas era um boy lixo muito do misógino né? Inclusive as únicas mulheres que ele levava um pouquinho mais a sério eram as pintoras. Esses homens poderosos sempre aparecem nas pinturas como figuras sombrias vestidas de preto, observando e interagindo com as bailarinas nas coxias, no foyer e nas aulas. O corpo da bailarina era público, e a imagem de prostituta sempre ia te acompanhar, mesmo que você tivesse conseguido tudo por mérito próprio.
[trecho da música clássica épica com inspirações orientalistas "Lawrence of Arabia Overture" de Maurice Jarre]
Condessa Vanôra: Na dança oriental algo similar aconteceu e ainda acontece.
[retorna a trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: As atrizes de cinema que eram dançarinas tinham muito prestígio na era de ouro do cinema egípcio. Mas, com o declínio dos filmes com música e dança, e a ascenção do islamismo no Egito, a imagem geral que se tem é que "toda dançarina é uma prostituta". E essa mácula é persistente até os dias de hoje. A dançarina Soraia Zaied, brasileira radicada no Egito, disse em um bate papo voltado pra profissionais da área, que quando chegou no Egito começou a dançar em "lugares duvidosos" onde tinha que ser a "namorada" do dono da casa. E que o lance lá foi se resignar a comer o pão que o diabo amassou até ter poder o suficiente pra ela começar a dar as cartas, ficando por cima na relação. Hoje ela tem orquestra própria e só dança em hotel pra turistas, mas não sei se na época desse bate papo, boa parte das profissionais ali queria entender o que ela quis dizer nas entrelinhas. Tem uma outra dançarina que vive no Egito, a Luna of Cairo que já teve que achar diversas vezes outro lugar pra morar às pressas porque seus vizinhos descobriram que ela é dançarina, e isso é tão ruim quanto ser prostituta. Nas notas do episódio vou deixar um link de uma matéria ilustrada em que ela conta um pouco como é sua vida no Egito. Existe também as fofocas paralelas, por exemplo, que a
[som de carrilhão]
Condessa Vanôra: foi dançar um tempo em Dubai e misteriosamente voltou pro Brasil com dinheiro o suficiente para comprar uma apartamento de cobertura na Avenida Paulista e colocar silicone.
[trecho de música de kabuki "Kanjincho" do Ensemble Nipponia]
Condessa Vanôra: Na Ásia a história já é um pouco diferente por aspectos culturais, religiosos, morais e pela forma que a sociedade foi construída.
[retorna trilha de jazz suave]
Condessa Vanôra: No teatro kabuki, que inicialmente era uma forma de entretenimento religioso para as pessoas comuns, com trupes compostas por ambos os sexos. Conforme foi ganhando popularidade, trabalhadores sexuais, tanto mulheres quanto homens jovens viram nessa forma de arte um jeito novo de divulgar seu corpo e suas habilidades para potenciais clientes, então começaram a fazer apresentações onde o conteúdo era mais chamativo e erótico. Até aí tudo bem. O problema começava no final desses eventos, onde o público acabava brigando pelas atrizes e atores com os quais queriam sair depois do show.
[cantor Ricky Martin falando "Uêpa!"]
Condessa Vanôra: Pra tentar trazer um pouco para nossa realidade, seria como se tivesse uma apresentação de teatro com os meninos do BTS, as meninas do SISTAR, os Menudos, a Madonna e as Marcianas. E depois da apresentação você pudesse ter um momento com mais privacidade com qualquer um deles. Como estava dando muita confusão, porque a galera saía na mão pra ver quem ia ficar com determinado ator ou atriz,
[voz feminina gritando "Queima quengaral!"]
Condessa Vanôra: o governo decidiu proibir a participação de mulheres no kabuki. Proibição que não deu muito certo, então tiveram que proibir os meninos jovens também.
[trecho da música animada com tuba e bandolins do encerramento da série Curb Your Enthusiasm]
Condessa Vanôra: Veto que foi mantido de 1629 até hoje somente pra ala feminina. Apenas alguns teatros bem pequenos permitem a atuação de mulheres hoje em dia. Fato muito irônico, já que a criação e popularização dessa arte foi feita por mulheres.
[trecho da música de orquestra com bateria e trompetes "The Stripper" do David Rose & His Orchestra]
Condessa Vanôra: Já a origem do tal do strip-tease ou dançarinas exóticas se mistura com a do burlesco, assunto que merece um episódio à parte. Mas cabe aqui um detalhe importante: a dançarina que trabalha como stripper não obrigatoriamente trabalha também com prostituição. Nesse mesmo campo de moralidade, muitas dançarinas e bailarinas fazem o que a gente chama na área de eventos de ficha rosa. Pra você que não faz ideia do que seja ficha rosa, é uma modalidade de acordo entre cavalheiros por assim dizer. Na qual você vai estar no ambiente exercendo sua profissão, seja recepcionar eventos, modelar, dançar, atuar, trabalhar em feiras e exposições, e por uma quantia extra, além de fazer o trabalho pelo qual você foi contratada, você também se prostitui.
[som de sirene do jogo Among Us]
Condessa Vanôra: Não estou aqui para fazer juízo de valor, ou atacar o modo de vida das trabalhadoras sexuais. Cada pessoa tem o direito de fazer o que bem entender com o próprio corpo, desde que seja adulta e tenha habilidade de dar consentimento. Mas pintar uma categoria inteira como negativa é ser muito extremista.
[trilha sonora de bossa nova de elevador]
Condessa Vanôra: Outro exemplo do catálogo "secreto" de ficha rosa é no
[som de carrilhão]
Condessa Vanôra: em São Paulo. Quem oferece isso é o dono do estabelecimento de dança pra cavalheiros escolhidos a dedo, e mesmo assim, nem todas as dançarinas do ventre da casa estão nesse cardápio.
[trilha sonora retorna para o jazz suave]
Condessa Vanôra: Como um conhecido meu diz, "Até pra ser palhaço tem curso". Não é porque você nutre uma antipatia por algum estilo de dança específico, que a pessoa que pratica essa modalidade não tenha dedicado muito tempo, dinheiro e esforço para dominar suas técnicas. Existem dançarinos e bailarinos medíocres, e também talentosos. Assim como médicos, engenheiros, padeiros, motoristas… Não é o nome que vai garantir a idoneidade do profissional. Eu, particularmente, gosto de ser chamada de dançarina, e é o que está registrado em minha carteira de trabalho. Não tenho vergonha desse rótulo. Posso até questionar em relação às bases de cachê entre dançarinos e bailarinos, porque há disciplinas mais complicadas do que as outras dentro da categoria de dançarino, com um processo de validação e certificação muito mais dispendioso que alguma dança popular que não possui uma metodologia de ensino criteriosamente estabelecida. Acredito que o ballet ditou e ainda dita as normas, não por ser o único estilo sério mas porque se estruturou mais rápido e se popularizou em todo o mundo, e por consequência se sindicalizou e se organizou de forma eficiente, além de ter muito investimento, por ainda ser uma carreira com status elitizado. No resumo da ópera, sendo você bailarina ou dançarina, em algum momento de sua carreira você será julgada pelo seu corpo, ou mesmo pelo estigma de que se dança na noite, você é uma mulher de vida fácil. Existem vários caminhos que você pode tomar, dependo do que você quer da dança. Ao longo do tempo, sua postura perante o seu ofício e a forma como você se conduz pelos ambientes é que vai construir a sua reputação, independente do rótulo de dançarina ou bailarina. Quero deixar aqui a reflexão do quanto até hoje as mulheres são realmente livres para fazerem o que quiserem, e porque nossos corpos são sempre escrutinados e tratados como público pela sociedade. Não seja tão hostil com sua coleguinha, tá meninas, nós estamos todas no mesmo barco, gostando ou não.
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Estaremos de volta com um novo episódio mês que vem. Você encontra mais episódios do Centelha de graça no Apple Podcasts, Google Podcasts, Spotify, Deezer, e nos demais agregadores de podcasts. Sua avaliação nessas plataformas é muito importante e compartilhar os episódios nas redes sociais possibilita que mais ouvintes conheçam o Centelha. Nos siga no Instagram @centelhacast e no Twitter @centelha_cast. Sou @marastoniarts no Twitter e Instagram mais próximos de você. Participe do nosso grupo no Telegram no t.me/mejulguempodcast. Centelha é uma criação de Condessa Vanôra e faz parte da rede de Podcasts do Me Julguem Podcast. Você pode colaborar com a existência e continuidade desse projeto no PicPay @centelha ou me pagar um café no ko-fi.com/marastoniarts. Eu fico por aqui, sou Condessa Vanôra obrigada por sua audiência, até a próxima.
[trilha sonora jazz suave aumenta de volume]
[vírgula sonora de encerramento]
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[som de isqueiro sendo aceso]
[Vinheta de abertura com música do oriente médio e narração] Pensador Louco: Centelha, o denomidador comum… Cristiane Navarro: … que une todos os artistas… Júlia Navarro: … das mais diversas áreas… Lica Moon: … dos mais diversos lugares.
[som de uma porta sendo aberta fazendo soar um pequeno carrilhão]
[Trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Seja bem vindo ao meu ateliê! Sou a Condessa Vanôra e começa mais um Centelha. Meu professor de pintura realista, o Maurício Takiguthi certa vez contou sobre uma situação que aconteceu com uma aluna idosa que foi se matricular no curso, que queria aprender pintura a óleo. Ele, explicando calmamente o seu método e razões pelas quais ensina o desenho primeiro e depois a parte de pintura, foi bruscamente cortado pela senhora, que muito enfática, disse que queria pintar direto pois já sabia desenhar. Como ela disse isso com uma segurança enorme, ele já indicou um cavalete e separou uma imagem para ela começar a pintar. Nesse meio tempo estava explicando a matéria para outro aluno, quando ela o interrompeu: "Uso azul ou vermelho?" Sem entender muita coisa, disse que dependia da imagem, mas que era bom que fosse uma cor neutra. "Mas eu só tenho essas duas cores de papel carbono!" Mortificado, ele descobriu que a senhora achava que sabia desenhar porque contornava as imagens com papel carbono. Ele explicou qual era a diferença e pediu pra ela fazer sem. Saiu um desenho todo torto, e então ela muito frustrada entendeu o que ele falou lá no começo. E desde aquela época, nunca mais deixou nenhum aluno que comece no curso partir direto pra pintura, por mais profissional que o aluno garanta ser. Lembro que achei muita graça na época, mas essa história ressoou em mim de alguma forma. Depois dos recadinhos eu te conto como essa memória se liga com o episódio de hoje.
[Trecho do solo pomposo de trombone da música Bridge Over Troubled Water do Daniel Salinas]
Condessa Vanôra: Recadinhos super rápidos de hoje, gente. Primeiro, quero agradecer a todos que participaram da enquete e me ajudaram a elaborar esse episódio! Quer ajudar no próximo? Me siga no Instagram @centelhacast e @marastoniarts. E essa não é a única forma de contribuir. Temos uma plataforma de financiamento coletivo no Picpay @centelha onde a partir de R$2,50 já me ajuda a manter nossas cortinas abertas e o show em cartaz. Participei do podcast Trabuco Show no episódio sobre o IgNobel 2020. O link estará nas notas do episódio. Vem comigo, que hoje o episódio estará recheado de informações.
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Hoje, iremos abordar duas polêmicas que aconteceram neste mês de outubro na comunidade artística que foram denúncias de plágio, no âmbito internacional e nacional. Mas, antes de começar a falar a respeito das polêmicas, quero lembrar você, querido ouvinte, do seguinte:
[som de palmas duplas]
Condessa Vanôra: Não é pra imolar o amiguinho em praça pública.
[som de palmas única]
Condessa Vanôra: Trocando em miúdos: é muito deselegante ir até às redes sociais do coleguinha e falar que ele é feio, bobo e chato de galocha. Não é assim que se resolve as coisas e se você estivesse no lugar dele não ia gostar que fizessem isso contigo. Então calma com o andor que o santo é de barro. Em ambos os casos, o nacional e o internacional são compostos por artistas denunciando outros artistas por plágio. Nos dois casos as denúncias ocorreram na internet ao invés de forma privada, ou seja, entrando em contato com o artista. Salvo o caso aqui do Brasil, porque como o plágio não foi só de um artista, e nem todos os plagiados eram do Brasil, não sei se todo mundo entrou em contato antes, ou se todos ficaram sabendo do ocorrido. No caso dos Estados Unidos, teve posicionamento oficial por parte dos envolvidos via Youtube e Instagram. Aqui no Brasil parece que tudo rolou pelo Twitter e Instagram e o que achei de mais oficial foi por parte de uma declaração da Bruna e de uma das artistas que foi plagiada que estará nas notas do episódio. Portanto fica complicado eu afirmar qualquer coisa ou checar informações, já que como a história se desenrolou no Twitter e no Instagram, posts foram apagados e stories saíram do ar, acho que não tem ninguém que tenha um registro completo da cronologia dos fatos. A partir deste ponto já dá pra analisarmos as diferenças culturais entre Estados Unidos e Brasil nessa área. Enquanto no caso internacional não foi nem um pouco difícil encontrar as versões oficiais de cada lado da história, comentários em qualquer rede social a respeito, e muitos, mas muitos vídeos mesmo a favor de cada um dos lados, vídeo em cima do muro e gente só dando sua opinião. Foi fascinante porque tinha tudo, pra todos os gostos, e artistas grandes e queridos pela comunidade se posicionando. Aqui no Brasil, pra começar que primeiro eu nem sabia quem era a pessoa que estava sendo acusada, porque na minha bolha por algum motivo ninguém falava os nomes das pessoas envolvidas apesar de todo mundo aparentemente saber quem é, e isso me deu muito flashback do Vietnã porque na dança do ventre sempre foi assim: todo mundo sabia quem fazia as cagadas mas ninguém dá nome porque
[voz com o pitch mais agudo]
Condessa Vanôra: "vai que eu me queime com a pessoa e o mercado, né?".
[tom de voz volta ao normal]
Condessa Vanôra: Mas dessa vez eu nem fazia ideia porque de fato não conheço muitos ilustradores brasileiros, não porque eles são inacessíveis, mas por motivo de ter passado uma experiência tão traumatizante no meu início de carreira que até hoje sou muito desconfiada pra me aproximar das pessoas nesse nicho. Então nem o trabalho de quem tava envolvido nessa situação de plágio no país eu conhecia, ao contrário dos outros artistas norte americanos. Mas curiosamente no youtube brasileiro não encontrei nenhum artista falando a respeito dessa situação. O único que fez um vídeo foi o Izzy Nobre e isso foi tão inesperado que me senti no meme do Max Headroom.
[EMINEM falando "Something's wrong I can feel it!"]
Condessa Vanôra: O outro fato que mostra essa diferença cultural é no controle de danos. Quais foram os posicionamentos tomados pelas empresas que estavam trabalhando com esses artistas no momento em que as acusações eclodiram. Vamos iniciar com o caso internacional: Caso Alphonso Dunn x Jake Parker.
[vinheta de suspense do seriado Law and Order]
Condessa Vanôra: Esse pra mim é um caso mais complicado por dois motivos. O primeiro é que está dentro de uma área mais cinza, já que se trata de uma acusação de plágio dentro de uma metodologia de ensino de um mesmo assunto. O acusador, o artista Alphonso Dunn, estava vendo algumas informações e status do seus livros auto publicados sobre técnicas de nanquim e pena na Amazon, quando descobriu que tinha um livro do Jake Parker em pré-venda sobre o mesmo assunto. Ele ficou curioso, foi dar aquela curiada na amostra do livro e achou muitas similaridades com seus próprios livros, os quais o Jake conhece e já indicou muitas vezes nos workshops dele, inclusive. Sentindo que tinha provas suficientes para botar a boca no trombone fez um vídeo denúncia de plágio de uma hora e postou em seu canal. Já o Jake Parker limitou-se a publicar uma resposta oficial do seu lado da história no Instagram e não tocou mais no assunto. Os controles de danos tomados pelas empresas que estavam trabalhando com o Jake foram os seguintes: A editora Chronicle Books colocou o lançamento do livro em pausa e o Deviantart cancelou a apresentação do Inktober Awards. O segundo ponto de complicação pra mim é em relação ao sistema jurídico deles, que é diferente do nosso. Lembrando que não sou operadora de direito e nem advogada, então é minha visão de leiga tentando entender como funcionam as coisas juridicamente. O que trago aqui em relação às leis são informações bem gerais. Na dúvida, sempre fale com seu advogado de confiança e que entenda dessa área específica. Pelo que entendi, as leis de direito autoral e copyright são diferentes. O direito autoral diz a respeito do usufruto de benefícios morais e patrimoniais referentes à exploração de sua criação, enquanto o copyright é sobre o direito exclusivo de fazer cópias de uma propriedade intelectual por tempo limitado. Uma análise bem ponderada sobre essa situação está no vídeo do artista Ethan Becker, que mesmo falando e estando inserido numa realidade norte-americana, acredito que tem muita coisa do velho bom senso que pode ser aplicada no nosso país. E agora, o caso nacional: As acusações de plágios envolvendo a artista Bruna Bandeira.
[vinheta de suspense do seriado Law and Order]
Condessa Vanôra: Aparentemente sempre haviam acusações a respeito disso envolvendo o trabalho dela, mas nunca teve uma grande repercussão. Parece que o jogo virou quando uma ilustração de uma artista também mais conhecida, a Iara Naika foi plagiada. Só estou citando uma das artistas que relataram ter o trabalho plagiado nesse caso porque foi a única que fez um pronunciamento oficial, aparentemente nem todo artista plagiado deve saber que isso aconteceu, porque foram plágios de artistas nacionais e internacionais, como falei antes, portanto eu acho indelicado fazer de outra forma. Ao contrário do que faço no podcast normalmente quando explico sobre algum assunto, não vou colocar imagens dos casos pra mostrar onde estão os plágios alegados, porque acredito que isso não irá contribuir com conhecimento do que é plágio e como evitar. Mas se você estiver jazendo de curiosidade, é só procurar no tribunal da internet, o Twitter,
[Trecho da fala do Fred Fredburguer do desenho Billy & Mandy "Gostei do martelinho, vamos ganhar martelinhos?]
Condessa Vanôra: que pode encontrar algumas imagens. No posicionamento oficial da Iara que estará linkado nas notas do episódio é possível ver algumas. Assim como o link do posicionamento oficial do ocorrido escrito pela Bruna estará também nas notas desse episódio. E agora vamos falar sobre o posicionamento de controle de danos das empresas que estavam trabalhando com a Bruna até o presente momento que foi nenhum.
[som de trombone triste]
Condessa Vanôra: Verdade gente, nada mesmo. Só mais um dia normal como se a rede social dessa artista não estivesse um pandemônio por causa das acusações. E duvido muito que vá ter alguma mudança nessa postura corporativa, porque estamos no Brasil e gente, vamos lembrar que aqui é o país da Lei do Gerson, do famoso jeitinho brasileiro. Então só aconteceria algo se a empresa estivesse perdendo uma quantidade obscena de dinheiro ou com sua imagem sendo arrastada na lama de tal forma que atrapalhasse os negócios. Mas daí você pode me perguntar:
[voz com o pitch masi agurdo]
Condessa Vanôra: E o plágio é tão ruim assim?
[tom de voz volta ao normal]
Condessa Vanôra: Sim. Se não fosse tão ruim, não seria tipificado como crime na maioria dos países. E por incrível que pareça, também é crime no Brasil. As pessoas costumam ficar bravas com um tipo de plagiador ou copista muito popular, chamado de falsificador de obras de arte, muitas vezes das mais caras e raras. Já deve ter ouvido alguma notícia a respeito em jornal né? A questão é que todo mundo perde com o plágio. Perde o artista, que muitas vezes é alguém que não é conhecido, que tá tentando conseguir um lugar no mercado de trabalho, é o plagiador recebe elogios, reconhecimento, dinheiro e fama em seu lugar. Fora que na maioria dos casos, o artista não tem uma grande estrutura de agenciamento e consultoria aqui no Brasil, nossa situação enquanto artistas é muito precária, então arcar com as custas de processo quando é necessário, torna-se algo inviável. Perde o público, que não está comprando o trabalho original, sendo enganado, e que se descobre a verdade, acaba se sentindo traído, porque a gente não tem só uma relação passiva com a obra de arte e com o artista por extensão. A relação também é emocional. Uma coisa é você comprar umas réplicas do seu hominho super herói favorito. Outra coisa é pagar pelo Hot Toys e receber um action figure de rodoviária.
[trecho do Guile's Theme da franquia de videogames Street Fighter]
Condessa Vanôra: Perde o plagiador, que está se privando de desenvolver suas habilidades a serviço de si próprio, de conhecer sua verdadeira voz, de se reconhecer nos trabalhos que faz, e vivendo com aquele fantasma que sempre vai sussurrar em seu ouvido o quanto ele não merece e o quanto não é dele o que conquistou com aquele trabalho.
[voz com o pitch mais grave]
Condessa Vanôra: E qual é essa lei aí que classifica o que é plágio?
[tom de voz volta ao normal]
Condessa Vanôra: A lei 9610 de 1998 que tipifica o que é direito autoral. A penalidade pra quem infringe essa lei é detenção de três meses a um ano, ou multa. Tem algumas outras possíveis consequências como destruição de exemplares, devolução do dinheiro que recebeu por venda do plágio, destruição dos exemplares ilícitos e das coisas que foram utilizadas pra fabricá-los. O link da lei inteira estará nas notas do episódio. Depois me contem lá no instagram se vocês tem vontade de saber mais a respeito de direito autoral para artistas que procuro um advogado especialista para esclarecer nossas dúvidas em um futuro episódio. E onde fica nosso papel de artista, no meio disso tudo? Então, pode ser chato pra muita gente, pra mim também é, gosto de ficar fechadinha no meu ateliê só criando, sem falar de coisas polêmicas. Mas temos também o papel de informar as pessoas sobre as coisas que envolvem nossa profissão. O público não tem a obrigação de saber. Isso faz parte do nosso dia a dia, não do dele. Compartilhar esse tipo de informação nos ajuda a longo prazo. Faz parte de acrescentar valor e dignidade ao nosso trabalho, que sabemos que é complicado, exaustivo e com muita pressão, principalmente se você não é da área de Belas Artes e sim de ilustração comercial. Temos essa mesma responsabilidade também com nossos colegas de profissão. E aqui vai um abraço pra todos os professores da colônia okinawana de quem não era aluna, e de todos os alunos mais experientes do dojô do Satoru Saito, que juntamente ao trabalho dele, me ensinaram e explicaram tanta coisa que me livraram de ser uma pessoa desrespeitosa com a cultura alheia e de passar muita vergonha. É importante explicar pro jovem mancebo que tá ali, coitado, cheio de sonhos e vontade de aprender a desenhar, mas sem saber muita coisa, sobre como utilizar o trabalho de outras pessoas para estudar, aprender e encontrar sua própria voz. E pra puxar a orelha do coleguinha, seja desenhista iniciante ou profissional veterano que esteja fazendo isso de má fé. O que falando nisso eu não posso afirmar em nenhum dos dois casos, apesar de um parecer ter mais dúvidas razoáveis que o outro, pelo motivo de que não tem muito bem como patentear o ensino de uma técnica de ilustração, porque independente do estilo de arte que você tenha, as formas de utilizar o material e o que você estuda pra dominá-lo são os mesmos. Num exemplo bem grosseiro e reducionista, seria como dizer que só uma professora do primário pode usar e ensinar a forma como a gente aprendeu a escrever o alfabeto. Os outros professores terão que inventar jeitos novos de escrever as letras e dar nomes diferentes pra cada uma delas. E aí? Todo mundo sabe a diferença? Eu fiz uma pesquisa com a minha audiência, posso dizer que não. Lá no Instagram do Centelha, ninguém sabia. No meu profissional, 64% das pessoas também nem faziam ideia. Então vou procurar explicar aqui da melhor forma. Organizei essa lista da ação mais direta, até a mais subjetiva.
[som da campainha da máquina de escrever chegando no final e a alavanca do trilho de reposicionamento da máquina]
Condessa Vanôra: O que é plágio?Plágio deriva do latim plagium, que é a ação de roubar uma pessoa, sequestrar, vender homens livres como escravos. Pela origem da palavra já dá pra sentir o quanto é sério o peso que ela carrega. O plágio é quando eu apresento algum produto intelectual, que pode ter partes ou o conteúdo inteiro da obra sem a permissão do autor e digo que aquela criação é minha. Ou omito o fato, deixando subentendido que é de minha autoria. E existe só um tipo de plágio? Não, tem vários. Pode ser copiar tudo da obra original, pode ser um pedaço, pode ser o conceito, tem o mosaico que é o favorito dos estudantes
[voz com o picht mais grave]
Condessa Vanôra: "vou copiar sua lição de casa mais mudar umas palavras e a ordem das coisas pra não dar muito na cara."
[tom de voz volta ao normal]
Condessa Vanôra: E tem o mais engraçado que é o autoplágio, quando você plageia seus próprios trabalhos anteriores sem citar fonte.
[som da campainha da máquina de escrever chegando no final e a alavanca do trilho de reposicionamento da máquina]
Condessa Vanôra: O que é cópia? A cópia teoricamente significa a mesma coisa, porque a gente está copiando algo de forma o mais idêntica possível. Pra realidade do artista, o uso é ligeiramente diferente, porque a cópia foi e é uma ferramenta utilizada há séculos como forma de aprendizado dentro dos ateliês. Só que não é só copiar e pronto. É uma cópia com consciência. É uma cópia na qual você tenta compreender as decisões tomadas pelo artista original para ter feito as coisas daquela forma. Uma das coisas que o Maurício Takiguthi fala nas aulas de modelo vivo, é que você tem que "compreender o modelo, e não imitar." Só que na realidade essas cópias eram utilizadas pro artista estudar. Ninguém tinha intenção de guardar pra posteridade, então a obra não era identificada como tal, porque todo mundo ali do contexto sabia que era uma cópia. Daí você pula alguns séculos e vê coisas em exposições de arte dizendo que "tal obra ou era um estudo inicial do Caravaggio, ou a cópia da obra pronta por um de seus alunos". Ou como um caso que vi ao vivo numa exposição dedicada ao artista brasileiro Eliseu Visconti na pinacoteca de São Paulo que tinha uma cópia de alguma obra de um artista consagrado feita pelo Eliseu como estudo, mas que estava creditada como sendo dele porque o curador que montou a exposição nem fazia idéia que era de outro artista.
[som da campainha da máquina de escrever chegando no final e a alavanca do trilho de reposicionamento da máquina]
Condessa Vanôra: O que é tracing? Tracing é uma palavra em inglês que é similar ao nosso "decalcado" quando você coloca uma folha branca em cima de um outro desenho e contorna as linhas. Também pode ter o sentido de cópia, que é como a gente usa. Mas seu sentido original vem lá da época em que os desenhos animados eram feitos em papel. Como precisamos de 24 desenhos pra ter um segundo de animação, os artistas de antigamente usavam a mesa de luz, que na época era uma mesa que tinha um tampo de vidro e uma lâmpada dentro, e hoje em dia nós temos as versões mais leves e portáteis de LED, onde ele contornava certas partes do seu desenho e mudava outras para ir construindo o arco de movimento. Se fazia isso porque era mais rápido do que redesenhar a mesma coisa e depois mudar uns pequenos detalhes. Hoje em dia, os artistas ainda fazem isso em várias ocasiões. Quando por exemplo precisam transferir o trabalho de um papel para o outro, como o papel de aquarela por exemplo. Onde você vai errar e apagar tudo o que tiver direito no sulfite e só passar o desenho pronto pro papel de aquarela, primeiro porque ele é um papel caro, e qualquer marca desnecessária, seja de lápis, borracha ou do óleo e suor das mãos pode estragar o papel, ter que jogar fora e fazer tudo de novo.Existe também a pressão de ter muito trabalho e precisar entregar as coisas pra ontem que muitos animadores e desenhistas fazem o tracing de seus próprios desenhos pra aumentar a velocidade de produção. Outros profissionais que fazem isso são artistas que trabalham com arte digital, videogames, 3D, concept art e na indústria do cinema. Eles fazem o que chamamos de photobashing, que numa tradução livre pro português significa esmagando fotos. Eles vão mesclar e trabalhar fotos, texturas e modelos 3D (de bancos de imagem pagos ou gratuitos que tenham licença livre) para que resultem numa imagem pronta. Lógico que pra conseguir ter sucesso fazendo isso precisa de conhecimento técnico de arte, de composição e saber como manipular o material. Mas é outra forma de ganhar tempo numa indústria onde os prazos são sempre extremamente apertados.
[som da campainha da máquina de escrever chegando no final e a alavanca do trilho de reposicionamento da máquina]
Condessa Vanôra: O que é releitura? Também parece cópia mas não é. Já viram que esse é o melô das definições do episódio de hoje né? É quando eu propositadamente pego a obra original e reinterpreto a mesma acrescentando algo novo. Só que eu não tento passar a obra original como se fosse minha. É um trabalho derivativo, já que estou fazendo uma referência clara à obra original, e não tentando dar aquela dixavada, tentando passar um plágio como releitura, por exemplo. Aqui dava pra encaixar paródia, caricatura e sátira também, mas preferi me ater ao exemplo mais geral para não deixar esse episódio super longo.
[som da campainha da máquina de escrever chegando no final e a alavanca do trilho de reposicionamento da máquina]
Condessa Vanôra: O que é referência? A referência é algo que você utiliza como modelo, base, para construir outra coisa. É como se fosse uma pecinha de lego ou um bloquinho do Minecraft que você usa pra construir algo maior. A gente que desenha não sabe fazer tudo de cabeça não. É impossível saber desenhar perfeitamente e cheio de detalhes todas as coisas do mundo. Porque ele é muito mais complexo do que toda a informação e memória que a gente consegue guardar nas mãos e na mente sobre algum assunto. Tenho um exemplo maravilhoso sobre isso e com vídeo ainda: Tem um artista russo radicado nos Estados Unidos chamado Stanislav Prokopenko que é um professor super reconhecido e que desenha há muitos anos. E ele estava ensinando a desenhar de imaginação, ou seja, sem referência numa live do Youtube e resolveu desenhar um canguru. E a graça da situação é como saiu o desenho do canguru, que é um bicho que ele já viu várias vezes na vida, e os memes que surgiram a partir desse desenho. Eu incluí nos links do episódio esse vídeo dele comentando o acontecido e mostrando o tal canguru. É muito comum a gente usar fotos de referência pra poses, roupas, cenários. Algumas pessoas que fornecem esses modelos gostam que o crédito seja dado, outras não se importam. Outras vezes a referência é um ponto de ancoragem muito sutil, que serve pra termos idéias e explorar outras soluções dentro do trabalho. E agora nosso último item.
[som da campainha da máquina de escrever chegando no final e a alavanca do trilho de reposicionamento da máquina]
Condessa Vanôra: O que é inspiração? Pra mim é o processo mais metafísico de todos que citei aqui. Inspiração vem do latim inspirare "soprar o ar pra dentro", é um acontecimento muito rápido, a centelha inicial de qualquer processo artístico. É uma ideia que surge de repente, quando uma série de informações se cruzam no cérebro e a originam. Mas também é momentânea. Quantas vezes você já teve uma ideia genial para algo que sumiu porque você não anotou? A inspiração ainda é acompanhada de movimento, porque você não tem a ideia apenas, mas sente uma necessidade imediata de pôr-se em movimento para produzi-la. Colocarei no Instagram algumas imagens que explicarão de forma visual cada um dos exemplos. E nas notas vou deixar o link de um fio no Twitter da artista Melyssa Melo, que explica de forma mais simplificada a diferença entre cada termo, além de ter um traço muito gracinha! Agora que vocês já sabem a diferença, já dá pra informar os amiguinhos, e produzir arte com tranquilidade. Se você conhece alguém que tenha dúvidas sobre o assunto, indique esse episódio! Quero encerrar o podcast de hoje parafraseando o Austin Kleon, escritor dos excelentes "Roube como um Artista" e "Mostre Seu Trabalho" - Quando a gente omite nossas fontes, roubamos a chance do outro e das pessoas aproveitarem, apreciarem e entrarem em contato com aquilo que nos encantou."
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Estaremos de volta com um novo episódio mês que vem. Você encontra mais episódios do Centelha de graça no Apple Podcasts, Google Podcasts, Spotify, Deezer, e nos demais agregadores de podcasts. Sua avaliação nessas plataformas é muito importante e compartilhar os episódios nas redes sociais possibilita que mais ouvintes conheçam podcast. Nos siga no Instagram @centelhacast e no Twitter @centelha_cast. Sou marastoniarts no Twitter e Instagram mais próximos de você. Participe do nosso grupo no Telegram no t.me/mejulguempodcast. Centelha é uma criação de Condessa Vanôra e faz parte da rede de Podcasts do Me Julguem Podcast. Você pode colaborar com a existência e continuidade desse projeto no PicPay @centelha ou me pagar um café em dólares no ko-fi.com/marastoniarts. Eu fico por aqui, sou Condessa Vanôra e obrigada por sua audiência, até a próxima.
[trilha sonora jazz suave aumenta de volume]
[vírgula sonora de encerramento]
0 notes
centelhacast · 4 years
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[som de isqueiro sendo aceso]
[Vinheta de abertura com música do oriente médio e narração] Pensador Louco: Centelha, o denomidador comum… Cristiane Navarro: … que une todos os artistas… Júlia Navarro: … das mais diversas áreas… Lica Moon: … dos mais diversos lugares.
[som de uma porta sendo aberta fazendo soar um pequeno carrilhão]
[Trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Seja bem vindo ao meu ateliê! Sou a Condessa Vanôra e começa mais um Centelha. Vamos começar falando sobre onde borboleteei nessa podosfera tupiniquim. Já tenho um colchonete cativo no quintal do Trabuco Show e foi lá onde participei das lives sobre Bonecas Assombradas e As Experiências Médicas Nazistas. Os links estarão nas notas do episódio. Dá uma conferida lá! Mas gente, preciso abrir meu coraçãozinho de gengibre pra vocês! Essa é a terceira vez que estou gravando esse episódio, então talvez a poesia na minha voz já tenha se extinguido, mas continuando… Nesse mês que passou fiquei quase uma semana sem PC de novo, quem me acompanha lá no Instagrão já estava sabendo. Sim… foi a fonte de novo, mas agora o PC está funcionando em toda a sua glória, tirando os aquecimentos na CPU porque resolvemos botar fogo no mundo porque ninguém precisa de florestas né? 
[som de pigarreio]
Condessa Vanôra: A próxima novidade é um oferecimento de
[voz com modulação radiofônica]
Condessa Vanôra: pra que uma doença crônica só se a gente pode ter várias?
[tom de voz volta para o normal]
Condessa Vanôra: Voltei no oftalmo porque minha vista embaçada já passou do aceitável pra quem fez cirurgia refrativa e descobri que estou com ceratocone, que é um tipo de deformação na córnea que deixa ela fininha e pontuda, como o sutiã da Madonna dos anos 90.
[fala com o gato que está em cima da mesa]
Condessa Vanôra: Jura que você decidiu sentar em cima do meu mouse gata? Sério mesmo?
[retoma o assunto]
Condessa Vanôra: Estou fazendo mais exames e passando com outros especialistas pra saber qual vai ser a melhor opção de tratamento e em breve conto pra vocês que fim que deu essa história. Óbvio que passei dois dias tendo um grande meltdown chorando com meus gatos debaixo do braço, comendo tigelas de leite condensado com cacau, achando que ia ficar cega e nunca mais poder fazer as coisas que eu amo. Mas preciso dessas derretidas pra conseguir ficar objetiva pra fazer o que dá sentido pra minha vida.
[som de introdução da música 911 da Lady Gaga]
Condessa Vanôra: Arte. E é aí que entrei numa nano crise existencial enquanto pesquisava e escrevia três pautas distintas e não terminando nenhuma. A idéia original era fazer uma enquete com vocês antes de soltar esse tema por ser algo mais técnico. Mah não rolou. Eu, Vanôra, tenho minhas ressalvas com o mercado de dança do ventre, principalmente o brasileiro, porque foi o que eu vivi por mais tempo. Nem vou me estender a respeito de tudo o que acho mais odioso e detestável por não ser hora pra isso. Porém, acho que conhecimento não pode se perder nas areias do tempo e não quero transformar num farol de Alexandria tudo o que dediquei tanto tempo para lapidar. Decidi então contar as coisas a partir de um ponto de vista didático, como deveria funcionar, mas não vou deixar de falar como é na verdade. Mas não é minha intenção fazer nenhuma caça às bruxas. Porque, se tem alguma coisa que aprendi com a vida, é que a cultura de cancelamento não resolve os reais problemas. E saber como as coisas funcionam em outros lugares, pode quem sabe trazer alguma mudança, por menor que seja. Eu pelo menos quero acreditar nisso, senão a vida fica amarga demais. Deixando esse disclaimer de lado, vamos para o que interessa: Eu queria ter tido acesso quando estava no começo dos meus estudos de dança oriental um
[trecho do início de um dos quadros do programa Castelo Rá-Tim-Bum, da TV Cultura "Passarinho, que som é esse?"]
Condessa Vanôra: só que com instrumentos árabes. Passei boa parte da minha vida chamando alguns instrumentos por nomes errados por motivos de: ou minhas professoras me ensinaram errado por terem aprendido assim ou tinham uma péssima dicção. Mas agora com podcast
[Marcelo Adnet imitando Geraldo Alkmin "Dá pra fazer."]
Condessa Vanôra: Então, porque não? Não sou a rainha da oratória, mas vou procurar passar por aqui o melhor que puder esse conhecimento. Um pequeno aviso: Fiz só um ano de árabe clássico, e já faz alguns bons anos que eu não pratico e que eu não converso com ninguém ou escrevo, então estou meio enferrujada e pode ser que alguma pronúncia não saia totalmente certinha. Peço desculpas por qualquer palavra que acabe massacrando no caminho.
[som de sineta de recepção de hotel]
Condessa Vanôra: O mundo árabe pode parecer fechado para quem olha de fora, mas também sofre influência das outras culturas. Portanto, você vai achar músicas onde são usadas guitarras, acordeon, piano, órgão elétrico ou a versão moderna dele, o teclado oriental que já vem tunado para fazer as escalas árabes, saxofone, trompete, sintetizador e até mesmo o moog que é aquele teclado que dá aquele climão psicodélico dos anos 60 e 70 do século XX, utilizados quase sem nenhuma alteração neles, a não ser a inclusão de teclas, trastes ou partes acopláveis que permitem tocar as notas adicionais dos quartos de tom, que são fundamentais para tocar os modos musicais árabes e ainda manter o ar estrangeiro e exótico dos instrumentos que citei. Aqui no ocidente, dividimos os tipos de instrumentos por: Cordofones som produzido por cordas tensionadas; Aerofones som produzido pela vibração de uma coluna de ar; Idiofones som produzido pela sua própria vibração ao ser batido; Membranofones som surge de uma membrana tensa e o mais recente dessa categoria os Eletrofones som produzido por uma corrente elétrica. Nessa divisão ocidental, os instrumentos árabes dividem-se em cordofones, aerofones e membranofones. Porém, já que estamos falando de instrumentos árabes, vamos utilizar a definição presente no takhi. Takht é uma palavra em farsi, mais conhecido como persa. Essa palavra passa a ideia de cama, assento ou pódio. O takht é a orquestra de câmara comum no oriente médio. Dentro da orquestra tradicional árabe os instrumentos musicais são divididos em duas categorias: Sahb puxado ou esticado, que tem um som contínuo Naqr dedilhado ou martelado Bem mais econômico, né?
Condessa Vanôra: Mostrarei os mais comuns utilizados na dança oriental, porque tem instrumento pra chuchu no mundo árabe, e alguns muito similares que muda um detalhe ou outro. Alguns são usados em contextos ou danças folclóricas muito específicas, daí achei conveniente deixar de fora. Outros apesar de serem comuns não achei exemplo dos sons deles em faixas isoladas então ficarão de fora também. Mesmo enxugando a lista, ela ficou grande, são dezesseis! Por isso vou dividir esse tema em quatro partes bem espaçadas com os outros episódios pra ficar fácil de entender e não ficar maçante. Porque se eu não vou aguentar gravar quatro episódios seguidos sobre instrumentos árabes, imagina vocês ouvindo, né? Último detalhe antes de começarmos: Não se desespere se os nomes que mencionar aqui você tenha visto escrito de outro jeito. Como não tem uma exata correspondência entre as letras árabes e o alfabeto romano que a gente utiliza, os falantes de árabe vão, assim como os japoneses, adaptar o jeito de escrever pro nosso idioma pra que ele soe o mais próximo possível do original. Então a mesma palavra costuma estar escrita de jeitos diferentes se a pessoa que vai ler fala português ou inglês, pra vocês terem uma ideia. Tudo dito e posto, bora começar pela família naqr, dos sons dedilhados ou martelados. Essa é a família mais curtinha. Se for colocar os instrumentos que foram orientalizados aqui, dá pra encaixar a guitarra, piano, acordeon, órgão elétrico, teclado oriental, sintetizadores e o moog. Mas isso não quer dizer que não tenham muitos instrumentos nessa categoria. Tem em menor quantidade que os saqr, mas muito deles vão cair naquele contexto específico que falei antes, tá? Oud
[som de oud sendo tocado]
Condessa Vanôra: Esse daqui dá pra fazer um episódio só falando dele, tamanha a importância e amor que o povo árabe tem por este instrumento. O alaúde árabe é primo do alaúde ocidental, os dois tiveram um antepassado em comum, mas seguiram caminhos diferentes. Provável que ele tenha sido derivado de um alaúde assírio. O nome em árabe significa fina camada de madeira na forma de um canudo. Mas assim como tudo que é muito antigo, os estudiosos debatem bastante de onde derivou essa palavra. Ele tem o formato de uma pera dividida ao meio na vertical, com as costas abaloadas e um pescocinho curto. Existem alguma variações dele com nomes diferentes e detalhes na construção que vão se diferenciar dependendo do país. O mais comum possui 5 cordas duplas com mais uma corda de base, dedilhadas com a risha palheta que parece um canudinho. Por ter esse braço pequeno, ele é bom pra executar os maqamat modos, ou escalas árabes e floreios. O que a gente conhece hoje em dia foi criado por volta do século VIII com quatro cordas. No século XV o polímata Ziriab acrescentou a quinta corda. Aliás, também dá pra fazer um episódio inteirinho sobre o Ziriab, ele fez muita coisa incrível. Foi o supra sumo de artista de vanguarda que influenciou em várias camadas a sociedade medieval na época! Qanun
[som de qanun sendo tocado]
Condessa Vanôra: É um tipo de cítara fina com formato de trapézio. Seu nome deriva da palavra árabe regra, lei, norma, princípio. Existem duas possíveis origens do instrumento. Acredita-se que seja derivado da harpa egípcia, ou criado pelo filósofo Al Farabi. É o qanun que dita a afinação dos outros instrumentos e do cantor. Então trocando em miúdos, ele manda na orquestra inteira. Pode ser tocado apoiado nos joelhos ou em uma mesinha baixa. É composto de setenta e duas cordas vinte e quatro cordas triplas em uníssono, tocadas com as unhas ou palhetas de casco de tartaruga colocadas nos indicadores. Para alterar os modos se usa a manipulação de chaves móveis. A caixa de som fica do lado direito, recoberta por uma pele de peixe que resulta numa amplificação natural. Ainda possuem recortes nas caixas. Agora iremos para a família sahb, dos instrumentos puxados e esticados ou seja, com o som contínuo. Nay
[som de nay sendo tocado]
Âs vezes escrita como N-E-Y, sim, como em Ney Matogrosso.
[Ney Matogrosso cantando "Deus salve a América do Sul"]
Condessa Vanôra: É um termo farsi para bambu ou cana. Ela vai ter tamanhos variados, cada uma tendo uma altura e escala diferente. É tocada com a ponta dos dedos, tem seis furos na frente e um atrás. O que vai dar a variação de tom é a abertura, inclinação ou ambos dos dedos. A mudança de oitava se altera com a intensidade maior ou menor ao tocar. É um instrumento bem difícil de tocar, por alguns é considerado uma espécie de meditação. É o instrumento musical mais antigo em uso, tocada há pelo menos de 4500 a 5000 anos. Mijwiz
[som de mijwiz sendo tocado]
Condessa Vanôra: Seu nome significa duplo em árabe, por isso é bem pouco surpreendente que ela seja uma flauta dupla. E elas são tocadas todas ao mesmo tempo. Pode ter cinco ou seis furos. Ela tem uma espécie de piteira de madeira que vibra, que alcança uma oitava só. Ela é tocada de forma contínua, ou seja você precisa de respiração circular. Para quem não é familiarizado com técnicas musicais, isso consiste em: eu simulo uma respiração constante reinspirando o ar expelido durante a expiração. Então o mesmo ar que eu sopro eu puxo de volta pra não ficar sem ar e desmaiar tocando mijwiz. Como faz isso? Não sei gente, eu só tenho seis anos. É um instrumento popular na Síria, Líbano e Palestina. É usado como acompanhamento no dabke.
[som de sirene do jogo Among Us]
Condessa Vanôra: Olha a dica de ouro aí. Anota na pele, grava pra não esquecer nunca mais. Se a música tiver um mijwiz, com certeza não é saidi.
[Presidente Bolsonaro falando "Tá ok?"]
Condessa Vanôra: Olha a dica de ouro aí. Anota na pele, grava pra não esquecer nunca mais. Se a música tiver um mijwiz, com certeza não é saidi. Esse erro de identificação musical é o erro mais comum entre dançarinas amadoras e profissionais. O mijwiz é uma das vovós da gaita de fole, por incrível que pareça. Todos os exemplos de sons tocados aqui no podcast estarão linkados nas notas do episódio, e vai ter fotos no Instagram dos instrumentos.
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Estaremos de volta com um novo episódio mês que vêm. Você encontra mais episódios do Centelha de graça no Apple Podcasts, Google Podcasts, Spotify, Deezer, e nos demais agregadores de podcasts. Sua avaliação nessas plataformas é muito importante e compartilhar os episódios nas redes sociais possibilita que mais ouvintes conheçam o podcast. Nos siga no Instagram @centelhacast e no Twitter @centelha_cast. Sou @marastoniarts no Twitter e Instagram mais próximos de você. Participe do nosso grupo no Telegram no t.me/mejulguempodcast. Centelha é uma criação de Condessa Vanôra e faz parte da rede de podcasts do Me Julguem Podcast. Você pode colaborar com a existência e continuidade desse projeto no PicPay @centelha porque agora habemus PicPay com modelo de assinatura recorrente
[som de crianças felizes comemorando]
Condessa Vanôra: ou me pagar um café no ko-fi.com/marastoniarts. Eu fico por aqui, sou Condessa Vanôra obrigada por sua audiência, até a próxima.
[falando com o gato em cima da mesa]
Condessa Vanôra: Aí agora, isso, você levanta, vem pra cá, vêm pra cá, larga o meu mousepad!
[trilha sonora jazz suave aumenta de volume]
[vírgula sonora de encerramento]
0 notes
centelhacast · 4 years
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[som de isqueiro sendo aceso]
[Vinheta de abertura com música do oriente médio e narração] Pensador Louco: Centelha, o denomidador comum… Cristiane Navarro: … que une todos os artistas… Júlia Navarro: … das mais diversas áreas… Lica Moon: … dos mais diversos lugares.
[som de uma porta sendo aberta fazendo soar um pequeno carrilhão]
[Trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Seja bem vindo ao meu ateliê! Sou a Condessa Vanôra e começa mais um Centelha. Quero começar esse programa mandando meu muito obrigada ao Sandro do podcast DebaCast que contribuiu para o Centelha continuar com as portas abertas trazendo muito conteúdo diversificado pra vocês! Faça como o Sandro, acesse os links nas notas do episódio, para saber mais. Estou estudando um modelo viável de metas e bonificação em plataformas de financiamento coletivo. Assim que tudo estiver redondinho aviso para vocês! Estava preocupada deste episódio atrasar por motivos de minha fonte queimou,
[som de trombone triste]
Condessa Vanôra: mas felizmente consegui substituí-la a tempo de continuar nossa programação normal.
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Dito isso, quero contar como surgiu a ideia desse episódio. Eu não acompanho muito reality shows, mas eu gosto de ver produção de ensaio fotográfico. E quase caí dura quando vi as fotos da Thelminha nesse último BBB que eu não faço ideia de que numero que seja! Rapaz, deixaram a moça cinza, como assim?
[Fala de Don Corleone do filme O Poderoso Chefão "Look how the massacred my boy."]
Condessa Vanôra: Não sei se foi o maquiador que não sabia maquiar pele retinta, se foi o fotógrafo que não sabe como configurar os equipamentos pra valorizar a pele preta ou se foi um infeliz casamento das duas coisas. Vou colocar lá no Instagram a foto original divulgada pela emissora e uma edição de imagem com o tom corrigido. Antes de falar sobre subtom, preciso dar uma explicação rápida sobre colorimetria e tom.
[som da tecla de um gravador analógico sendo pressionada]
Condessa Vanôra: A colorimetria é a ciência e o conjunto de tecnologias envolvidas na quantificação e na investigação física do fenômeno de percepção de cores pelos seres humanos. Sua etimologia vem do latim color (cor) e metria (medida).
[som da tecla de um gravador analógico sendo pressionada]
Condessa Vanôra: Dentro da colorimetria existem uma série de ciências e campos de estudos que não pretendo entrar em detalhes agora porque é muita coisa. É um campo de estudo útil não só pra quem é artista, pra quem pinta, mais pra maquiadores também. E qual a diferença entre tom e subtom? O tom é predominante. Conta pra gente sobre a altura, pensa como volume, a intensidade da cor da pele, que varia do claro, médio e escuro, em linhas gerais. O subtom é sutil, é o tom abaixo do visível. Aposto que isso já aconteceu com você.
[som de flashback tocado em harpa]
Condessa Vanôra: Viu um batom ou uma sombra linda, comprou, e quando foi testar em casa parecia que não tinha algo funcionando direito?
[Fala de Michael Scott da série The Office: "No God please no!"]
Condessa Vanôra: Todos nós em algum momento, que trabalhamos com isso já fomos culpados desse crime também, tá gente?
Condessa Vanôra: Esse algo que não encaixa tem a ver com o subtom da pele.  Imagina que a pele é como se fosse uma folha de papel manteiga. Se você envolve um tecido com o papel manteiga, uma parte da cor do material do tecido que tá embrulhado é visível pela transparência do papel.  Essa cor que transparece em nossa pele de forma difusa, afeta nossas escolhas de base e que paletas de cores funcionam com seu tom. Existem quatro tipos de subtons: quente, frio, neutro e oliva. Gravem isso que vou dizer agora, pra que quando eu for falar dos tipos de teste pra descobrir qual o seu subtom, eu não fique me repetindo loucamente, certo? Subtons quentes variam do pêssego, amarelo e dourado. Peles que tem esse subtom tem tendência a ter descoloração, que é quando a pele perde a cor natural, aparecendo variações de cores amarelas e marrons. Subtons frios incluem rosa e tons azulados. Se seu subtom é neutro, significa que a cor dele é bem próxima ao tom da sua pele. É importante frisar que peles de tom claro pode ter subtom quente e peles de tom escuro ter subtom frio. Subtom não é relacionado com etnia. É uma característica da pele. O subtom oliva dá um aspecto acinzentado à pele, por ser uma combinação dos vários subtons. O pulo do gato é que além de subtom quente e frio, dá pra visualizar junto o subtom verde, que é uma característica única de pele oliva. Esse subtom é um coringa, vai bem com qualquer cor. Existem várias formas pra identificar o subtom. Separei nove delas pra não ter dúvida e dá pra fazer em casa, então bora fazer esses testes junto comigo pra descobrir qual é seu!
[som de chamar a atenção do Windows Messenger]
Condessa Vânora: Importante! O rosto tem que estar limpo e sem maquiagem. Vou repetir de novo, tá? Sem maquiagem. Tem que fazer de dia, com a luz natural do sol. Não adianta usar qualquer luz artificial, seja LED, lâmpada de filamento, luz de vela, fogueira, porque elas não são fonte de luz neutra e vai bagunçar sua percepção visual, certo?  Com tudo preparado, faça o seguinte: Técnica um. Dá uma olhada nas suas veias na região interna do seu pulso. Não pode ser no pescoço, não pode ser no antebraço, tem que ser no pulso. Se elas parecerem esverdeadas, o subtom é quente. Se elas parecem azuladas ou arroxeadas o subtom é frio. No subtom neutro, as veias vão parecer incolores ou da mesma cor da sua pele. Pra todos os tópicos que vou falar aqui, lembre-se do que falei lá em cima. O subtom oliva ele vai ter a presença de todas essas cores, perfeito? Técnica numero dois. Bijuterias ou jóias. O fato da gente gostar mais de adornos dourados ou prateados em contraste com nossa pele tem a ver com o subtom. O dourado tradicional funciona bem com subtom quente ou oliva. Prateado, platina e ouro rosê no geral tende a combinar mais com subtons frios. Se ambos ficaram bons, e sua escolha é baseada mais no que você está vestindo, o subtom é neutro. Técnica número três. Vista algo neutro. O branco verdadeiro, aquele da folha de sulfite e a cor preta costuma favorecer subtons frios, enquanto o subtom quente funciona bem com off-white, que é aquele branco meio amareladinho e tons amarronzados. O subtom neutro assim como o oliva, vai bem com qualquer cor. Técnica número quatro. Seu tom de cabelo real e a cor de seus olhos. Hoje em dia a gente tem essa felicidade de poder brincar bastante com a vasta possibilidade de cores de cabelo, lentes coloridas e sombras super vibrantes e pigmentadas, mas suas cores originais podem te dar uma boa pista. Cabelos platinado e acinzentado tendem a se complementar com subtom frio, enquanto marrons e dourados tendem ficar melhor com subtom quente. Técnica número cinco. Como o sol afeta sua pele? Se você fica com a pele avermelhada, toda descascando e tem que reaplicar muitas vezes o filtro solar, provável que seu subtom seja frio. Se você se bronzeia mas não fica com queimaduras, possível que tenha um subtom quente. Técnica número seis. Coloque um papel contra seu rosto. Utilize um pedaço de papel branco. O branco tradicional, tá? O branco vai refletir um pouco de luz na sua pele. Lembra, conceito de física que a gente viu lá no ginásio? Então. Se o seu rosto parecer rosado ou azulado, aonde a luz está refletindo o subtom é frio, se parecer amarelado, o subtom é quente. Técnica número sete. Olha atrás da orelha. Essa é legal pra quem tem algumas condições de pele, como acne ou rosácea, que pode enganar sua percepção do subtom, já que a pele dessa região tende a ser menos afetada.
Condessa Vanôra: Técnica número oito. Método da moeda do visagista Philip Hallawell. Não sabe quem ele é? Pra galera millenial e geração X, ele era o cara que fazia o programa "À Mão Livre, a Linguagem do Desenho" na TV Cultura nos anos 90. Eu adorava esse programa! Nossa, eu levantava cedinho pra ver! E a técnica consiste no seguinte. Coloque uma moeda dourada ou prateada sobre a mão para analisar com qual cor a pele combina mais. E a última técnica, que é a técnica de número nove, método dos tecidos. Arranje um tecido laranja, um pink e um espelho. Coloque o tecido na frente do seu tórax como se fosse uma blusa e veja o que te valoriza mais. Dá pra usar tecido prateado e dourado também, como no caso dos acessórios. Tá, e como isso afeta minha escolha de base? Seguinte, vai ter tentativa e erro nesse processo porque as composições de pigmentos de uma marca pra outra variam bastante, então dá aquela testada esperta na parte de dentro do teu antebraço. Vamos lembrar que você NUNCA, nunca nunca nunca nunca nunca nunca, em hipótese nenhuma deve meter na cara qualquer produto de testador de loja de cosméticos, por mais limpa que a loja seja. Não tem como saber se o coleguinha que testou antes da gente não tinha algum problema de pele, herpes, conjuntivite,
[Nicki Minaj falando "Corona Virus!"]
Condessa Vanôra: ou qualquer outro problema. Procure escolher as bases mais neutras que tenham o subtom de sua escolha de forma suave. Pra evitar de você ficar rosada, amarelada ou acinzentada. Subtom frio - a base vai parecer meio rosada no frasco. Evite tons amarelados porque vão te dar uma palidez não saudável. Subtom quente - tende a ficar melhor com base que é ligeiramente amarelada. Subtom neutro - procure uma base que aparente ter tom rosado e amarelado misturados no mesmo produto. Base com tom puxado pro pêssego tende a funcionar bem. Subtom oliva - procure uma base que tenha um tom ligeiramente dourado, que aquece a temperatura da pele. Um erro comum desse subtom de pele é escolher uma base amarelada, porque eu vou tender a ficar ou mais esverdeada ou bem mais amarela por causa da condição específica da mistura de cores que tem nesse subtom. Dica bônus. fique atenta à linha do seu maxilar. Ela é útil pra te ajudar a escolher o tom da base, por ser uma região que sofre menos variação de cor. Se ao aplicar a base, você observar uma linha de demarcação bem evidente entre seu pescoço e rosto, a cor tá errada! Até as estações do ano influenciam na cor da pele! Algumas pessoas precisam usar dois tons de base, uma mais clara no inverno, e outra mais escura no verão! Percebam que em todo o episódio de hoje a palavra mágica é TENDE.
[som de caipainha de acerto de quiz game]
Condessa Vanôra: Tudo isso que falei até agora sobre tons está apoiado na teoria das cores e na colorimetria, porém não é uma lei escrita em pedra, e ter algum tipo de subtom nunca deve te impedir de utilizar alguma cor que você goste. Veja mais isso como uma sugestão. Por exemplo, digamos que você quer usar uma blusa verde. O mesmo verde pode ser mais avermelhado ou mais azulado. Isso te abre um leque maior de opções, e te dá ferramentas de escolher mais consciente o que você gosta, e te dá ferramenta de fazer escolhas mais conscientes do que você gosta do que ficar no chutômetro do que vai dar certo do que cai bem em você. Lembrando que quando a gente entende como as regras funcionam, podemos quebrá-las com sabedoria. Mas não fique só na minha opinião, testa, e depois me conta o que aconteceu, o que você achou, o que você descobriu, beleza? Se mesmo assim sobrou alguma dúvida de como eu vou ter certeza de qual é o meu subtom você pode procurar um profissional especialista em visagismo, um maquiador, alguma consultora dentro das lojas de cosméticos que entenda esse tipo de característica e que vai conseguir te orientar melhor, certo? Como estamos numa mídia de áudio e esse é um tema bastante visual, postarei no Instagram algumas imagem que vão ajudar a visualizar melhor o que discutimos hoje, e vou deixar o link nas notas do episódio um vídeo da maquiadora Ingrid Bellaguarda com um exercício de cores que ajuda a entender bastante sobre o tema de hoje.
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Estaremos de volta com um novo episódio mês que vêm. Você encontra mais episódios do Centelha de graça no Apple Podcasts, Google Podcasts, Spotify, Deezer, e nos demais agregadores de podcasts. Sua avaliação nessas plataformas é muito importante. Nos siga no Instagram @centelhacast e no Twitter @centelha_cast. Sou @marastoniarts no Twitter e Instagram mais próximos de você. Participe do nosso grupo no Telegram no t.me/mejulguempodcast. Centelha é uma criação de Condessa Vanôra e faz parte da rede de Podcasts do Me Julguem Podcast. Você pode colaborar com a existência e continuidade desse projeto no PicPay @marastoniarts ou me pagar um café no ko-fi.com/marastoniarts. Eu fico por aqui, sou Condessa Vanôra obrigada por sua audiência, até a próxima.
[trilha sonora jazz suave aumenta de volume]
[vírgula sonora de encerramento]
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centelhacast · 4 years
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[som de isqueiro sendo aceso]
[Vinheta de abertura com música do oriente médio e narração] Pensador Louco: Centelha, o denomidador comum... Cristiane Navarro: ... que une todos os artistas... Júlia Navarro: ... das mais diversas áreas... Lica Moon: ... dos mais diversos lugares.
[som de uma porta sendo aberta fazendo soar um pequeno carrilhão]
[Trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Seja bem vindo ao meu ateliê! Sou a Condessa Vanôra e começa mais um Centelha. Como vocês estão? Espero que saudáveis e com muita força na peruca nessa quarentena.
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Sabia que existe dentro da comunidade artística uma discussão muito grande a respeito de modelos, imagens de referência e cópia? São vários assuntos interligados uns com os outros que iremos abordar no futuro. Lembrei disso quando caiu em minhas mãos um artigo deveras interessante que vale a pena ser debatido. O assunto envolve modelos, direito de imagem e minorias étnicas. O link pra o artigo original em inglês estará nas notas desse episódio. Não vou ler ele por inteiro, por ser um artigo um pouco grande, e acabar tomando muito tempo, porém vou comentar os principais fatos contidos nele. O título da matéria é o seguinte: "Artista de Auckland que pintou duas mulheres  Māori sem o seu consentimento retira retratos de venda pública." Só pelo título já dá pra sentir que foi um close errado né? A artista em questão é Samantha Payne. Acredito que esse caso,
[som de aspas feito com a boca]
Condessa Vanôra: tenha dado o azar de se tornar público
[som de aspas feito com a boca]
Condessa Vanôra: pelo fato das mulheres retratadas serem famosas. Uma delas, a Oriini Kaipara é primeira âncora de jornal a ter uma moko kauae, que são aquelas tatuagens típicas do povo Māori que adornam os lábios e a região do queixo. Algum internauta viu a imagem à venda no site dessa artista e foi confirmar com Oriini se era ela mesmo na imagem.  Sentindo-se profundamente desrespeitada, ela fez uma live no facebook junto com outra moça que também foi retratada sem sua autorização, a Taaniko Nordstrom, fotógrafa retratista que registra Whānau que significa família-extendida, no idioma māori). Família extendida não sei se tem um nome específico aqui no Brasil pra família extendida. É aquela família que vai além de pai, mãe e filhos, que engloba os avós, os sobrinhos, primos, tios, etc é a estrutura maior de família que seria a família nuclear e os parente.A artista tirou os quadros de venda, parece que conversou pessoalmente com as mulheres retratadas de acordo com a nota de esclarecimento presente em seu site, e aparentemente desativou seu Facebook e o Instagram, provavelmente pra fugir da multidão enfurecida que deve ter lotado de mensagens suas redes sociais. Tá, você pode me perguntar, e qual é o problema dessa história? Vamos por partes. Todo ser humano na face da terra tem direito sobre a própria imagem. E como esse direito de licença, por assim dizer se relaciona com o artista, sem entrarmos profundamente em explicações jurídicas?
[tom de voz com pitch mais agudo]
Condessa Vanôra: "Tia Vanora, eu vi uma foto de alguém que achei bonita na internet, posso desenhar essa imagem?"
[tom de voz normal]
Condessa Vanôra: Pode sim, pequeno gafanhoto. Pra conseguirmos criar algo ou compreender conceitos técnicos de ilustração a gente precisa partir de algo que exista.
[tom de voz com pitch mais agudo]
Condessa Vanôra: "Ah, mas eu usei essa imagem e fiz uma ilustração incrível que quero mostrar nas redes sociais!"
[tom de voz normal]
Condessa Vanôra: Também pode. O ideal é que você também poste junto a foto original, por exemplo. Porque isso já evita o problema de acharem que uma certa ilustração é criação completa da cabeça do artista. E em seguida da galera ficando decepcionada, porque a ilustração inteira é derivada de uma imagem que já existe. Isso costuma pegar mal, teve até uma polêmica com o RossDraws que é um ilustrador americano, no ano passado. Eu vou deixar o link nas notas do episódio do video que um outro artista, o Lucas Peinador fez a respeito. Também é aconselhável marcar a pessoa, se você sabe a conta dela, senão dá um jeito de descobrir, nas redes sociais, ou do fotógrafo que criou a imagem.
[tom de voz com pitch mais agudo]
Condessa Vanôra: "Mas ficou legal demais! Vou vender umas cópias delas pra ganhar um dinheirinho."
[tom de voz normal]
Condessa Vanôra: Aí não né, jovem? Fica difícil de te defender. Imagina a situação. Eu chego pra você e falo: "Ó, achei uma foto sua no insta que ficou super maneira, fiz um desenho da hora e tô indo ali vender ele por um valor de três dígitos e embolsar esse dinheiro sem te dar um centavo, ou perguntar se está tudo bem pra você, porque fui eu que desenhei sua foto então a propriedade intelectual é minha!" Se não te pareceu uma situação minimamente ridícula, você tem que rever muita coisa na sua vida.
[tom de voz com pitch mais agudo]
Condessa Vanôra: "Então isso significa que eu não posso desenhar ninguém e vender uma arte baseada nela?"
[tom de voz normal]
Condessa Vanôra: Lógico que pode. Inventaram até uma profissão desde tempos imemoriais chamada "modelo vivo".
[voz feminina infantil falando: “Uau!”]
Condessa Vanôra: Onde a pessoa
[Barney Stinson falando "wait for it"]
Condessa Vanôra: é paga para posar pro artista como modelo. Eu já trabalhei como modelo vivo, tanto numa situação de ateliê de pintura onde posei pra retrato de busto, e num evento de ilustração como uma espécie de cosplayer pra desenhistas e quadrinhistas. Além de ter sido paga, obviamente, foi extremamente gratificante pra mim ver as obras que resultaram das minhas poses nos traços de diferentes artistas. Podemos alegar que de repente a pessoa não sabia desse tipo de procedimento. De acordo com o site da artista, ela estudou belas artes, apesar de não especificar com qual professor ou instituição estudou. Porém os preços dos quadros originais e das reproduções estão bem de acordo com quem pelo menos teve contato alguma vez na vida com algum galerista, ou, ao menos, sabe como cobrar pelo seu trabalho. No geral eu classifico o trabalho dela como contemporâneo e feito pra decoração de ambientes. Não é um trabalho rebuscado tecnicamente ou com grandes questões técnicas exploradas na pintura, já que são baseadas em fotos. E não há nada de errado nisso. A arte não precisa ter sempre a grandiosidade de um Davi de Michelangelo pra ser válida. Me parece que ela gosta de retratar o estranho e exótico mundo fora da Europa. Temos animais de savana, pandas vermelhos, retratos de mulheres anônimas de tribos africanas. O problema maior além da violação do direito de uso de imagem, foi a sensação das mulheres Maori de exploração que se deu em usar a imagem e a estética diferente de outra cultura em benefício próprio. A questão não é retratar uma cultura da qual você não faz parte, mas o como você retrata. Dá pra sentir o peso dessa ação no comentário escrito no Facebook de Kaipara:
[voz masculina cantando hakka]
Condessa Vanôra: "Socorro. Alguém está vendendo meu moko (que é a tatuagem tradicional Māori). Não sou contra artistas, jornalistas e qualquer outra pessoa usar minha imagem para promover nossa Ao Māori e Māoritanga mas vender MEU moko por lucro e por SEU auto-ganho é malditamente desrespeitoso para dizer o mínimo." 
[voz masculina cantando hakka]
Condessa Vanôra: O Doutor em História da Arte Rangihiroa Panoho ressalta que isso é um problema comum com o modernismo e os artistas que trabalham fora dessas comunidades. Porque não há conversação entre as minorias étnicas e os povos europeus, que são mais centrados no ganho e na estética da imagem, ao passo que para essas comunidades não se trata de dinheiro. Recapitulando: sempre obtenham a permissão de uso de imagem se forem criar alguma obra utilizando como base a imagem de alguém ou retrato feito por algum fotógrafo, caso pretenda vendê-la, já que é um trabalho derivado. O problema não é retratar minorias, mas tratá-las de forma diferente. Talvez a artista não fosse ter esse tipo de postura se a imagem fosse de algum europeu. Porém independentemente do uso indevido ter sido proposital ou acidental, isso gera um estresse e desconforto para todos os envolvidos. Além de causar danos à imagem pública do artista, que dependendo do caso, pode passar em brancas nuvens, se ele tiver costas quentes, ou pode ser cancelado, ou pode ter a carreira prejudicada a ponto de não conseguir mais trabalhar. Tem um ditado que diz o seguinte: "Na dúvida, faça. É melhor pedir desculpas do que pedir permissão." Nesse caso não funciona tão bem assim, então cabe a nós a sabedoria de compreender como conduzir essa questão da melhor forma possível. E cabe aqui a seguinte reflexão: como podemos querer que respeitem a autoria de nosso trabalho quando o usam indevidamente, plagiam, ou usam como estampa de roupas de uma grande loja de departamento, se não temos a mesma preocupação ética com os modelos que estão em nossas obras. Há também a questão de artistas que lucram em eventos como ComicCon vendendo fanarts de franquias grandes. Até onde essa postura não é a mesma coisa que aconteceu nesse caso? E o que fazer, já que existe a procura desse tipo de material pelo público, e essa ser uma forma pela qual você consegue fazer com que seu trabalho seja reconhecido. Mas isso é assunto para um outro dia.
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Estaremos de volta com um novo episódio mês que vem. Você encontra mais episódios do Centelha de graça no Apple Podcasts, Google Podcasts, Spotify, Deezer e nos demais agregadores de podcasts. Sua avaliação nessas plataformas é muito importante. Nos siga no Instagram @centelhacast e no Twitter @centelha_cast. Sou @marastoniarts no Twitter e Instagram mais próximos de você. Participe do nosso grupo no Telegram no t.me/mejulguempodcast. Centelha é uma criação de Condessa Vanôra e faz parte da rede de Podcasts do Me Julguem Podcast. Você pode colaborar com a existência e continuidade desse projeto no PicPay @marastoniarts ou me pagar um café no ko-fi.com/marastoniarts. Eu fico por aqui, sou Condessa Vanôra obrigada por sua audiência, até a próxima.
[trilha sonora jazz suave aumenta de volume]
[vírgula sonora de encerramento]
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centelhacast · 4 years
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[som de isqueiro sendo aceso]
[Vinheta de abertura com música do oriente médio e narração] Pensador Louco: Centelha, o denomidador comum... Cristiane Navarro: ... que une todos os artistas... Júlia Navarro: ... das mais diversas áreas... Lica Moon: ... dos mais diversos lugares.
[som de uma porta sendo aberta fazendo soar um pequeno carrilhão]
[Trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Seja bem vindo ao meu ateliê. Sou a Condessa Vanôra e começa mais um Centelha. Tudo bom com vocês? Espero que estejam em casa e se por ventura estiverem na rua, que estejam devidamente paramentados com seus EPI's. A propósito um lembrete para você, ouvinte do futuro: Este episódio foi gravado na época da quarentena do Covid-19, portanto um período conturbado para a humanidade. Eu mesma estou uma completa bagunça, tive uma semana de laringite daí após estar recuperada, no momento desta gravação estou curtindo uma crise de dermatite atópica aguda nas mãos. Então pra escrever a pauta, uma parte foi transcrita via bot de voz do telegram, e o restante digitado quando já tava conseguindo mexer um pouco mais as mãos. Parte boa é que consegui a entrega do meu microfone de gravação pelos correios
[som de língua de sogra] [som de crianças felizes comemorando]
Condessa Vanôra: então minha voz estará mais suave e menos sibilante em vossos ouvidos! Como a quarentena trouxe mudanças na forma como enxergamos o trabalho, e a possibilidade do trabalho em home office, quero abordar um assunto que pode ajudar no foco para trabalhar ou estudar. Vamos conversar um pouco sobre uniformes. Não no strictu sensu, como o uniforme de uma empresa, mas como um canalizador de ofício. É bem menos rebuscado do que parece. Tenho duas formas de explicar esse conceito: uma científica e outra mais metafísica. Nosso cérebro adora rotina pra poder automatizar tudo. Podemos tirar vantagem disso com um sistema de "gancho para iniciar uma ação". Acredito que você deve conhecer alguém, ou ser essa pessoa que enquanto não toma uma boa xícara de café preto, parece que o dia não começa. Esse café é uma marcação, um gancho, que você criou naturalmente que te indica que a partir daquele ponto, você já acordou e está pronto para fazer coisas. Você pode ligar esse mecanismo com roupas. É como tirar seu super herói do armário.
[som de bateria tocado no final de uma piada em show de stand up]
Condessa Vanôra: "Quando estou com roupa X estou pronto para cuidar da casa", por exemplo. Esse processo auxilia muito quando queremos ter foco, mas que parece que ele não vêm quando a gente chama. O ato de ter uma roupa específica para executar uma ação é muito significativo. Acaba criando uma relação nossa com o que vestimos.  A roupa torna-se símbolo. Nas danças polinésias, como o havaiano, as professoras, elas incentivam que as próprias dançarinas façam seus figurinos e acessórios, para se ter uma relação mais próxima com a dança. Tanto é que o ideal é você próprio cuidar do seu figurino, tanto na execução quanto na manutenção dele, lavagem, esse tipo de coisa. Religiões de matrizes africanas e ocultistas em geral tem essa prática de fazerem ou terem roupas específicas para suas cerimônias, que são manejadas única e somente pelo dono. Separei um trecho de um livro que ilustra o que estou dizendo: No livro O Ator Invisível, Yoshi Oida cita uma forma curiosa de se vivenciar a preparação do artista:
[som de um tsuzumi, instrumento de percussão japonês]
Condessa Vanôra: "Nos treinamentos espirituais japoneses, existem "roupas" especiais que são usadas para fazer os exercícios. No xintoísmo as vestimentas são brancas, enquanto no budismo, normalmente são vermelhas ou amarelas. Assim sendo, também acho interessante que se vistam trajes diferentes quando se está trabalhando. Nosso treinamento não é uma continuação da vida cotidiana, e sim algo diferente. Por uma "roupa"ajuda a fazer essa distinção".
[som de um tsuzumi, instrumento de percussão japonês]
Condessa Vanôra: Às vezes algo simples como um avental, um guarda-pó, ou outra roupa que te traga alegria pode causar o mesmo efeito. Para o time das pessoas com doença crônica, você pode ter o pijama de dormir e o pijama de viver o dia. Não e preciso sacrificar o conforto pra conseguir ter foco. No caso do fazer artístico a razão muda um pouco de figura porque não se trata apenas do foco, e também de silenciar quem você é, para poder construir outra coisa.  Falarei mais sobre esse aspecto nos programas futuros. Experimente essa sugestão, e percebam como se sentem, e se essa postura trouxe alguma mudança para vocês. Estaremos de volta com um novo episódio mês que vêm. Você encontra mais episódios do Centelha de graça no Apple Podcasts, Google Podcasts, Sfotify, Deezer e nos demais agregadores de podcasts. Sua avaliação nessas plataformas é muito importante. Nos siga no Instagram @centelhacast e no Twitter @centelha_cast. Sou @marastoniarts no Twitter e Instagram mais próximos de você. Participe do nosso grupo no Telegram no t.me/mejulguempodcast. Centelha é uma criação de Condessa Vanôra e faz parte da rede de Podcasts do Me Julguem Podcast. Você pode colaborar com a existência e continuidade desse projeto no Picpay @marastoniarts ou me pagar um café no ko-fi.com/marastoniarts. Eu fico por aqui, sou Condessa Vanôra, obrigada por sua audiência, até a próxima.
[trilha sonora jazz suave aumenta de volume]
[vírgula sonora de encerramento]
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[som de isqueiro sendo aceso]
[Vinheta de abertura com música do oriente médio e narração] Pensador Louco: Centelha, o denomidador comum… Cristiane Navarro: … que une todos os artistas… Júlia Navarro: … das mais diversas áreas… Lica Moon: … dos mais diversos lugares.
[som de uma porta sendo aberta fazendo soar um pequeno carrilhão]
[Trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Olá, seja bem vindo ao meu ateliê. Sou a Condessa Vanôra e esse é o Centelha, um podcast sobre artes. Antes de explicar mais a respeito do podcast, vou falar bem resumidamente em como começou minha jornada, até chegarmos aos dias de hoje. Eu comecei como toda criança que se interessa por arte. Fazia ballet e ginástica olímpica, porém, fui forçada pelo pediatra a escolher uma das disciplinas por exigirem coisas muito diferentes do corpo, e o ballet naturalmente acabou sendo a escolha. No início, era tudo muito informal, já que as aulas eram feitas juntamente com a escola. Parei no ginásio por não ter mais aulas para crianças da minha idade, e substituí a dança por marchar na linha de frente em banda marcial, me apresentei algumas vezes, porém foi um projeto que acabou sendo encerrado na escola por falta de interesse da diretoria. Nesse meio tempo, sempre desenhei bastante, por gostar e por ter recebido alguma forma de incentivo do meu pai na minha primeira infância. E então lá pra 1999 conheci a dança do ventre e fiquei fascinada pra aprender. Mas não aceitavam alunas menor de idade. Então decidi comprar vídeos didáticos, na época era VHS, e estudar sozinha eu mesma. No ano seguinte também decidi estudar de forma mais séria e autodidata desenho. No final da minha adolescência, como estudava na Getúlio Vargas, que é uma escola técnica, nós éramos aconselhados a fazer algum curso técnico junto com o colegial. Revirei o guia de cursos e acabei optando por design gráfico, já que era onde eu poderia mais vagamente trabalhar com desenho. Daí em 2005 foi o ano que eu comecei minha vida profissional. Passei por diversas áreas de trabalho, principalmente por pressão familiar de arrumar um entre aspas "emprego de verdade". Passei por gráficas, telemarketing, empresas variadas, recepcionista e até cheguei a trabalhar como hostess no restaurante dentro do Blue Tree Hotel. Apesar de conseguir me virar bem nos trabalhos, eles nunca eram de longa duração. De certa forma, eu sentia como se não me encaixasse bem naquelas funções. Depois de um tempo eu ficava entendiada, e sempre queria fazer algo mais, fazer algo que eu considerasse significativo. Dentre os cursos que eu fiz, estudei história em quadrinhos na Gibiteca Henfil, técnico de pré-impressão e maquiador cênico no SENAC, dança do ventre, flamenco, vintage, burlesco, tango, dança cigana, stiletto, danças polinésias, mangá, dança clássica de Okinawa e pintura realista. Entre os trabalhos considerados "normais" fazia os cursos, shows à noite e comecei a dar aulas de dança. E cada vez ficava mais claro que eu não conseguia me enquadrar no trabalho de colarinho branco, enquanto as aulas da dança e convites para shows floresciam, até um ponto onde eu só trabalhava exclusivamente com dança e ilustrava ocasionalmente. Até que em 2013 minha vida deu uma guinada intensa, quando eu recebi o diagnóstico de fibromialgia. Que é uma doença crônica que ela causa muitos problemas, como insônia, fadiga, dores musco-esqueléticas intensas. É como se você sentisse, sabe aquela dor de quando você bate o nervo do cotovelo nu-numa quina? Essa dor, o tempo todo, no corpo inteiro. Eu já apresentava sinais da fibromialgia lá em 99, mas antigamente os médicos achavam que jovens e crianças não podiam ter fibromialgia, porque era uma doença de idoso, né? Então eu recebi vários diagnósticos errôneos como hipoglicemia. Apesar das dores crônicas eu continuei levando a vida normalmente, até um ponto onde se tornou muito complicado levantar da cama, dançar, fazer as atividades do dia a dia, e vi que infelizmente eu devia dar uma pausa, em tudo, pra cuidar de mim. Isso me fez rever novamente a forma com que encaro meu ofício e como eu trabalho. Durante esses últimos 7 anos passei por muitos médicos, mudei muitas vezes de medicação, me frustrei bastante com meu corpo, com minha performance, com o que eu podia fazer, até eu começar a melhorar novamente, na fisioterapia direcionada à fibromialgia que eu comecei a fazer só nos últimos 3 anos.
Condessa Vanora: Comecei a ganhar massa muscular, resistência física e consegui me reabilitar pra ter uma vida mais independente, consegui voltar a fazer as coisas do dia a dia apesar das limitações, e é aqui que nasce o Centelha. Eu sempre tive muita paixão por ensinar, e com o podcast posso dividir meu conhecimento e aprender novas coisas, contornando as minhas limitações. Como meu escopo de atuação é amplo, me desagradava a ideia de fazer um podcast pra cada disciplina, porque pra mim, todas estão interligadas de certa forma. A minha caminhada por entre elas foi acontecendo de forma muito natural, porque em qualquer tipo de arte, lá no seu âmago existe essa centelha, que é a força motriz que nos impulsiona a criar. Existem muitos podcasts sobre arte ou ilustração, mas são mais focados em entrevistas com profissionais da área, e eu sentia falta de falar a respeito do ofício do artista, do que acontece antes de vocês verem o produto pronto. Que o produto pronto, ele é só, digamos menos de 10% de tudo o que aocntece antes da existência do que a gente entrega pro público. E toda essa parte do dia a dia, das angústias e alegrias de precisar se expressar através da arte é todo um mundo desconhecido. E é isso que vocês vão encontrar por aqui: minhas experiências, reflexões e estudos a respeito desse universo fascinante! Eu te espero no próximo episódio, sou a Condessa Vanôra, até lá!
[trilha sonora jazz suave aumenta de volume]
[vírgula sonora de encerramento]
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