Tumgik
#condessa vanora
centelhacast · 3 years
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[som de isqueiro sendo aceso]
[Vinheta de abertura com música do oriente médio e narração] Pensador Louco: Centelha, o denomidador comum... Cristiane Navarro: ... que une todos os artistas... Júlia Navarro: ... das mais diversas áreas... Lica Moon: ... dos mais diversos lugares.
[som de uma porta sendo aberta fazendo soar um pequeno carrilhão]
[Trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Seja bem vindo ao meu ateliê! Sou a Condessa Vanôra e começa mais um Centelha. Como prometido lá no episódio 04, hoje vamos abordar mais alguns instrumentos árabes! Tá mais por fora do que umbigo de vedete e não sabe do que estou falando? Tem link nas notas do episódio para a parte um. Vamos pros recadinhos de hoje que serão rápidos.
[trecho do solo pomposo de trombone da música Bridge Over Troubled Water do Daniel Salinas]
Condessa Vanôra: Muito obrigada a você, é você mesmo, querido ouvinte que sempre está por aqui me ouvindo falar das agonias e êxtases da vida dos artistas. Esse podcast é um projeto independente feito somente por mim, esta Condessa que vos fala. Quer me ajudar a manter as cortinas abertas e o show em cartaz? Faça como meus patronos em picpay.me/centelha A partir de R$2,50, o preço de um cafezinho por mês você já me ajuda e muito a levar esse projeto adiante lidando com os eventuais obstáculos de ser uma artista com doença crônica. Também é possível fazer uma contribuição única se estiver num momento mais complicado. Você me ajuda também levando longe a palavra, compartilhando os episódios com os amiguinhos, seguindo nossas redes sociais e dando likes ou estrelinhas nos agregadores de podcasts!
[trecho do desenho animado Alice no País das Maravilhas: ”Ah sim, sim, isso, chá, tome uma xícara de chá.“]
Condessa Vanôra: Agradecimentos especiais ao patrono que têm convite para o chá das cinco: 0humanu que tem um perfil no Instagram de lista de indicações de podcasts, o @ zero de algarismo arábico humanu com u no final. Emprestei minha voz para narrar a abertura do Debacast Personalidades que conta a história da Almirante Grace Hopper, que é uma mulher que tem um papel importantíssimo pra o que temos hoje em tecnologia, e que não conhecia até ouvir este episódio. O link para ouvir o programa estará lá nas notas do episódio. Vêm comigo para mais um mergulho no universo musical árabe!
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Recapitulando, os instrumentos árabes se dividem em duas categorias: naqr que são os sons dedilhados ou martelados e o sahb que são os instrumentos puxados e esticados. Me conta lá nos comentários em quais famílias vocês acham que os instrumentos de hoje estão inseridos. Vamos começar pelo Arghul:
[som de arghul sendo tocado]
Condessa Vanôra: O arghul é uma flauta dupla, utilizada desde o Egito antigo, sendo muito tradicional tanto na Palestina quanto no Egito. Ela possui dois tubos, como o mijwiz, só que um deles é mais longo que o outro. Tem entre cinco a sete furos no tubo menor. O tubo maior permite encaixar e desencaixar segmentos para alterar a altura do tom do zumbido grave do mesmo. Mizmar
[som de mizmar sendo tocado]
Condessa Vanôra: O mizmar parece uma cornetinha. Me perdoem músicos renascentistas, mas não encontrei o nome desse instrumento em português. Em inglês ele se chama shawm. Imagina que é uma flauta, só que a ponta é cônica, como a parte aberta do chapéuzinho de aniversário. Esse exemplo que toquei pra vocês é o mizmar egípcio. A versão armênia se chama zurna, e é bem mais aguda que o mizmar. Ela é muito tocada no Egito em casamentos ou como acompanhamento para as dançarinas, mas também pode aparecer no dabke. O som dela é muito alto, por isso costuma ser usada em ambientes externos, e assim como a nay, tem tamanhos diferentes para cada tonalidade e variação de embocadura pra variação tonal. Inclusive, ouvi uma história muito gracinha do dançarino Anthar Lacerda quando trabalhei na entrada de um casamento árabe com ele. O Anthar dizia que quando ele era criança a mãe dele fazia o som do mizmar com um pente e um tecido para ensinar a cultura e brincar com eles. A propósito, vou derramar um pouco de chá pra vocês.
[som de ululação típico do oriente médio]
Condessa Vanôra: Pra mim, ele é o melhor dançarino de folclore que já tive o prazer de ver aqui no Brasil, além de ser uma pessoa extremamente agradável e humilde. Porém, e isso daqui é na minha visão de ver, observando o que acontece no mercado, beleza?
[voz masculina dizendo "I got you, fam!"]
Condessa Vanôra: Nos eventos de dança do ventre vejo com muito mais frequência o destaque dado à outros dançarinos que tem tecnicamente menos bagagem e carisma, porém socialmente são lidos mais como brancos ou europeus. O Anthar é descendente de egípcio e tem a pele e características fenotípicas de mouros. Socialmente no Brasil, ele é lido como pardo. Meu parênteses termina aqui, mas estamos de olho nessa malandragem produção… Kamanja
[som de violino sendo tocado]
Condessa Vanôra: Kamanja. Essa é pra você que se perguntou porque isso é um som de violino. Os árabes também tem uma versão pra eles. E aqui entra uma dúvida minha que encontrei enqaunto pesquisava, se tiver algum músico ou musicista que possa me informar sou toda ouvidos. Nas fontes que encontrei, disseram que o violino europeu possui trastes, que são aquelas barrinhas de metal que subdividem no braço do instrumento os espaços das notas. Daí não sei se os modelos iniciais do violino, como foi baseado em outros instrumentos, chegou em algum momento inicial ter a presença dos trastes, mas hoje em dia nenhum violino, ocidental ou oriental tem trastes, até onde pude checar. Ele vai ser tocado de uma forma diferente da do ocidente, porque na música árabe, é usado um tipo de modo melódico diferente da música ocidental. A execução dele é muito mais ornamentada que o estilo europeu de tocar. Passou a fazer parte da música árabe no século XIX. Rebab ou Rababa
[som de violino sendo tocado]
Condessa Vanôra: É um instrumento bastante comum no Oriente Médio e na Ásia, o design dele vai mudando conforme o país. Mas aqui vou falar da versão egípcia, que surgiu por volta do século VIII e conquistou o mundo através das rotas de comércio islâmicas. Ele tem um corpo pequeno, muitas vezes arredondado e um braço bem longo, é coberto na frente por membranas feitas da pele do intestino ou bexiga de búfalo, pergaminho ou pele de carneiro. Costuma ter uma, duas ou três cordas de cobre duplas, sem trastes e é tocado apoiado em pé, no colo ou no chão, e é utilizado um arco mais curvo que o do violino para obtermos algum som dele. Ele é muito presente nos folclores egípcios, e foi substituído na orquestra árabe pelo kamanja, por ter poucas variações de oitavas. Produz um som muito alto, indicado para ambientes externos. Acompanha festas e rituais. Ele é parecido com o erhu, lembrando que meu mandarim não é muito bom, o que a gente chama de violino chinês. Perceba que algumas coisas na arte dão a volta só pra chegarem no mesmo lugar de novo, como nesse exemplo do violino. Chegamos na metade da nossa série, que voltará no episódio doze com mais informações técnicas e curiosidades a respeito dos instrumentos que compõem o que conhecemos como música árabe tradicional. Pintou alguma dúvida? Lembrou de algo que esqueci, ou tem algo que gostaria que falasse? Deixe nos comentários que trago aqui no futuro!
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Estaremos de volta com um novo episódio mês que vem. Você encontra mais episódios do Centelha de graça no Apple Podcasts, Google Podcasts, Spotify, Deezer, e nos demais agregadores de podcasts. Sua avaliação nessas plataformas é muito importante e compartilhar os episódios nas redes sociais possibilita que mais ouvintes conheçam meu trabalho. Nos siga no Instagram @centelhacast e no Twitter @centelha_cast. Sou @marastoniarts no Twitter e Instagram mais próximos de você. Participe do nosso grupo no Telegram no t.me/mejulguempodcast. Centelha é uma criação de Condessa Vanôra e faz parte da rede de Podcasts do Me Julguem Podcast. Você pode colaborar com a existência e continuidade desse projeto em reais no PicPay @centelha ou me pagar um café em dólares no ko-fi.com/marastoniarts. Eu fico por aqui, sou Condessa Vanôra obrigada por sua audiência, até a próxima.
[trilha sonora jazz suave aumenta de volume]
[vírgula sonora de encerramento]
0 notes
centelhacast · 3 years
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[som de isqueiro sendo aceso]
[Vinheta de abertura com música do oriente médio e narração] Pensador Louco: Centelha, o denomidador comum… Cristiane Navarro: … que une todos os artistas… Júlia Navarro: … das mais diversas áreas… Lica Moon: … dos mais diversos lugares.
[som de uma porta sendo aberta fazendo soar um pequeno carrilhão]
[Trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Seja bem vindo ao meu ateliê! Sou a Condessa Vanôra e começa mais um Centelha. Já estudei vários estilos de dança, e lembro de um pito muito curioso que recebi quando comecei a estudar dança do ventre. De que nós não éramos "dançarinas" e sim "bailarinas"
[voz masculina falando "Uau!"]
Condessa Vanôra: e que era muito feio trocar um pelo outro! Depois dos recadinhos a gente descobre de onde se originou essa diferença.
[trecho do solo pomposo de trombone da música Bridge Over Troubled Water do Daniel Salinas]
Condessa Vanôra: Aviso: Nesse programa eu falarei a respeito de alguns aspectos envolvendo prostituição. Então se for menor de 18 dá uma puladinha nesse programa ou se for um tópico sensível. Vamos começar os recadinhos de hoje mandando um beijo muito especial pras minhas ouvintes de Iporá, Goiás! Fiquei muito feliz de saber que estão gostando dos programas.
[cantor Tarkan fazendo som de beijo]
Condessa Vanôra: Quer ajudar a manter as cortinas abertas e o show em cartaz? Faça como meus patronos em picpay.me/centelha. Agradecimentos especiais ao patrono que têm convite para o chá das 5:
[trecho do desenho animado Alice no País das Maravilhas: ”Ah sim, sim, isso, chá, tome uma xícara de chá."]
Condessa Vanôra: Renato Garcia Eu participei do podcast Necrofilmecon número 18: Sodomia Paranormal, onde falamos sobre o filme nacional "Espelho de Carne". Gente, eu sei que fiquei um tempo sumida, mas foi por uma boa causa, como falei no último episódio, que eu ia procurar mais especialistas pra descobrir o que tinha de errado com a minha visão. Eis que me consultei com um oftalmo especialista em córnea, e acabei descobrindo que na verdade tenho uma complicação pós cirúrgica resultante da cirurgia de correção de grau à laser chamada ectasia pós LASIK. É parecido com ceratocone, mas a causa dessa deformação é pela dermatite atópica que eu tenho somado ao desgaste da córnea pelo laser. Daí me submeti no mesmo mês a duas cirurgias de crosslink, uma em cada olho, em que basicamente o médico, ele vai raspar um pouquinho a camadinha da córnea do seu olho e pingar uma vitamina chamada riboflavina e dar um banho de luz ultravioleta em seguida nesse olho.
[trecho do desenho animado O Incrível Mundo de Gumball "Isso! Vêm bronzeado, vêm! É! Uhuuu!"]
Condessa Vanôra: A recuperação total desse procedimento leva uns seis meses, mas a melhora mais intensa ocorre no primeiro mês. Eu fiz às pressas porque já estava no limite da minha córnea poder passar pela cirurgia. Passei novembro e boa parte de dezembro me recuperando. Ainda estou enxergando mal, pra ser sincera. A visão vai melhorar mesmo lá pra fevereiro / março, quando farei os testes de lentes desenvolvidas especialmente pra cada olho. Elas são um pouco diferentes das lentes de grau comuns, porque duram cerca de um ano e eu preciso fazer alguns testes de acomodação ao meu olho. Aí sim vou voltar a ver normalmente. Agradeço muito por estarem torcendo por mim e me acompanhando nesta jornada. Com tudo dito e posto, vamos para o episódio de hoje! Lembrando que todos os links estarão nas notas do episódio para eventuais consultas.
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Olhando com distanciamento essa questão, vejo que essa "briga" é carregada de preconceitos que raramente são semânticos, e sim culturais. Além de ser uma questão de separação de nós para os outros. Aqui, vou me ater às variantes femininas, por que é onde temos a maior polêmica. Vamos começar com o que o dicionário fala a respeito desses termos!
[som de agulha de vinil sendo colocada em cima do disco]
Condessa Vanôra: De acordo com o Dicionário Online de Português: Bailarina - substantivo feminino. Dançarina clássica e, especialmente, solista exímia. Por extensão, qualquer dançarina. Dançarina - substantivo feminino. Mulher que dança por profissão.
[som de agulha de vinil sendo tirada de cima do disco]
Condessa Vanôra: Portanto, de acordo com o dicionário poderíamos utilizar ambas as formas, sendo a bailarina mais indicada para quem faz ballet clássico. Mas outros tipos de dança também tem nomenclaturas específicas para referir-se a quem pratica o estilo. Por exemplo, no flamenco, a dançarina chama-se bailaora. Na dança do ventre, chama-se rakkasah, apesar de que raramente fora do oriente médio é chamada dessa forma. E profissionalmente, qual é a visão a respeito da nomenclatura? Existe uma diferenciação muito clara dentro do site do SINDDANÇA que é o Sindicato de Dança dos Profissionais do Estado de São Paulo entre bailarinas e dançarinas. Tecnicamente, só pode ser considerada bailarina se você é formada em ballet clássico ou ballet contemporâneo. Todas as outras modalidades ficam contidas dentro da categoria de dançarinos.
[som de trombone triste]
Condessa Vanôra: Podemos até argumentar a respeito dessa classificação, inclusive no tocante à remuneração, onde essas duas modalidades, ballet clássico e contemporâneo são colocadas acima de todas as outras, como sendo "mais difíceis e mais complexas", por isso merecem ganhar mais que as outras.
[Betina falando "Foi porque eu mereci!"]
Condessa Vanôra: Fato que cai por terra rápido, se a gente comparar, por exemplo, as danças clássicas do Japão e Okinawa.
[som de vocalização de teatro kabuki, acompanhada de sons de tsuzumi]
Condessa Vanôra: Uma parcela ínfima das pessoas que começam a estudar esse estilo vão se tornar profissionais, e dessas, uma parcela menor ainda vai estar capacitado para ensinar a dança. Porém, a sindicalização desses profissionais ao menos aqui no Brasil foi organizada por bailarinos clássicos e contemporâneos, e se quisermos alguma mudança nesse sentido, a gente que é minoria que lute.
[trecho do reality show Ru Paul's Drag Race "Clearly the struggle is real."]
Condessa Vanôra: Mas voltando ao assunto. Nesse momento, entra o ego e as expectativas de como queremos que os outros nos vejam.
[trilha sonora de bossa nova de elevador]
Condessa Vanôra: "Eu não quero estar no mesmo patamar das strippers, das funkeiras, das dançarinas de cabaré, porque afinal, eu sou uma moça séria, de família, de respeito que estuda bastante. Quero estar ali, sentada na mesma mesa maneira que a elite da categoria, as bailarinas."
[retorna para trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Temos essa visão distorcida de como são as coisas no mercado de dança. Mas será mesmo que o ballet sempre teve esse glamour?
[som de disco riscado]
Condessa Vanôra: O refinadíssimo ballet, nasceu na Itália no início do século XV. Começou como uma dança executada nas festas da corte. Até cair no gosto dos nobres e virar aquelas grandes produções onde só quem era de classe alta poderia apreciar, teve um longo caminho. Tem um pedaço dessa história, desagradável, que ficou registrado nas pinturas do Edgar Degas.
[trecho da música clássica Dances des Cygnes Allegro Moderato de Tchaikovsky]
Condessa Vanôra: É, aquele francês que pintava as bailarinas tudo. Quando olhamos essas imagens com cerca de 200 anos
[trilha sonora retorna para o jazz suave]
Condessa Vanôra: distantes de nós, a real história por trás dessas ilustrações costuma passar despercebida. Entre os séculos XVIII e XIX o status do ballet como arte refinada se perdeu, sendo reduzido a meras apresentações nos intervalos das óperas onde o publico podia ver pernocas de meninas bonitas!
[sons do lobo assoviando e uivando do desenho animado Red Hot Hiding Hood]
Condessa Vanôra: Lembrando que na época as mulheres usavam vestidos longos, nesse intervalo entre a moda da Era Vitoriana e Eduardiana, se você visse uma canela de fora, já era seu dia de sorte! Fazer arte sempre custou caro,
[trecho do ínico da musíca Money do Pink Floyd, som de máquina registradora e moedas caindo]
Condessa Vanôra: e o dinheiro de boa parte das movimentações financeiras da Ópera de Paris vinham de pessoas chamadas de "abbonês" que eram os homens ricos que tinham dinheiro e poder o suficiente pra comprar ingressos por temporada das óperas.
[trilha sonora volta para o jazz suave]
Condessa Vanôra: Pra vocês terem ideia, hoje em dia, se formos comprar um passe de temporada, no Theatro Municipal de São Paulo, pra assistir à 4 óperas durante o ano, num camarote de 4 lugares, desembolsaremos R$ 1958,40, que é o valor da entrada inteira. Imagina naquela época onde a ópera era praticamente o entretenimento principal o quanto custava! Por ser um local de trânsito desses homens poderosos e influentes, se organizou uma série de estruturas para seu conforto, obviamente. Os assinantes tinham uma entrada especial dentro do teatro, e acesso a uma sala criada especialmente pra eles: o "foyer de la danse" que era uma sala luxuosa atrás do palco, onde eles podiam ver as bailarinas descansando, ensaiando, e de quebra aproveitavam pra fazer acordos, parcerias de negócios e, principalmente substituindo o papel dos cabarés, abordar as bailarinas, jovens
[som de voz masculina gritando enquanto esmurra uma porta "FBI open up!"]
Condessa Vanôra: ou mulheres adultas em busca de pagar por favores sexuais.
[som de suspense]
Condessa Vanôra: Impressionante, não é? E tem mais: eles podiam decidir quem ia ocupar os papéis principais, e quem seria demitida da Ópera. Como a maior parte das meninas eram de famílias pobres ou da classe trabalhadora, esse tipo de prostituição era a única forma de ter uma vida mais confortável pra si mesmas, e pra família, tanto que muitas vezes as próprias mães das meninas eram alcoviteiras.
[som de surpresa]
Condessa Vanôra: Isso poderia garantir acomodações mais confortáveis, aulas particulares que aumentariam seu cachê e prestígio dentro da companhia de dança. Para a sociedade francesa, elas eram chamadas de "pequenos ratinhos", como se a feiura causada por subnutrição, longas horas de trabalho e ensaio, uma vida de violência e abandono fosse a marca da lascívia e depravação estampada no sorriso de uma criança. Essa foi uma das várias reações negativas causada pela estátua "La Petite Danseuse de Quatorze Ans" feita por um Degas de 40 anos mais cegueta do que eu antes da cirurgia, tendo uma versão vestida com roupas de verdade, sapatilhas, até uma peruca loira, e a outra nua, ambas em tamanho natural. Inclusive, é dito que seu irmão René destruiu cerca de 70 esboços pornográficos que encontrou, após a morte do pintor. Mas não vai pensando que Degas, por ter retratado centenas de bailarinas ligava para o ballet ou pra arte da dança.
[som de desaprovação de língua batendo entre os dentes]
Condessa Vanôra: Não, ele estava mais interessado em retratar essa dinâmica de poder e de acordos sexuais. Como boa parte dos artistas vivos, ele não tinha muito dinheiro, então dependia dos amigos ricaços pra colocá-lo escondido dentro do teatro pra ter acesso a esse mundo e poder desenhar seu objeto de interesse. Degas era tão cruel e insensível com as bailarinas que as fazia posar sustentando posturas contorcidas e doloridas por longas horas. Dizia muitas vezes que queria capturar "suas macaquinhas rachando suas juntas na barra", chegando ao extremo de certa vez, confessar ao pintor Pierre Georges Jeanniot que frequentemente considerava as mulheres como animais. Resumindo, fazia umas artes bonitas, mas era um boy lixo muito do misógino né? Inclusive as únicas mulheres que ele levava um pouquinho mais a sério eram as pintoras. Esses homens poderosos sempre aparecem nas pinturas como figuras sombrias vestidas de preto, observando e interagindo com as bailarinas nas coxias, no foyer e nas aulas. O corpo da bailarina era público, e a imagem de prostituta sempre ia te acompanhar, mesmo que você tivesse conseguido tudo por mérito próprio.
[trecho da música clássica épica com inspirações orientalistas "Lawrence of Arabia Overture" de Maurice Jarre]
Condessa Vanôra: Na dança oriental algo similar aconteceu e ainda acontece.
[retorna a trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: As atrizes de cinema que eram dançarinas tinham muito prestígio na era de ouro do cinema egípcio. Mas, com o declínio dos filmes com música e dança, e a ascenção do islamismo no Egito, a imagem geral que se tem é que "toda dançarina é uma prostituta". E essa mácula é persistente até os dias de hoje. A dançarina Soraia Zaied, brasileira radicada no Egito, disse em um bate papo voltado pra profissionais da área, que quando chegou no Egito começou a dançar em "lugares duvidosos" onde tinha que ser a "namorada" do dono da casa. E que o lance lá foi se resignar a comer o pão que o diabo amassou até ter poder o suficiente pra ela começar a dar as cartas, ficando por cima na relação. Hoje ela tem orquestra própria e só dança em hotel pra turistas, mas não sei se na época desse bate papo, boa parte das profissionais ali queria entender o que ela quis dizer nas entrelinhas. Tem uma outra dançarina que vive no Egito, a Luna of Cairo que já teve que achar diversas vezes outro lugar pra morar às pressas porque seus vizinhos descobriram que ela é dançarina, e isso é tão ruim quanto ser prostituta. Nas notas do episódio vou deixar um link de uma matéria ilustrada em que ela conta um pouco como é sua vida no Egito. Existe também as fofocas paralelas, por exemplo, que a
[som de carrilhão]
Condessa Vanôra: foi dançar um tempo em Dubai e misteriosamente voltou pro Brasil com dinheiro o suficiente para comprar uma apartamento de cobertura na Avenida Paulista e colocar silicone.
[trecho de música de kabuki "Kanjincho" do Ensemble Nipponia]
Condessa Vanôra: Na Ásia a história já é um pouco diferente por aspectos culturais, religiosos, morais e pela forma que a sociedade foi construída.
[retorna trilha de jazz suave]
Condessa Vanôra: No teatro kabuki, que inicialmente era uma forma de entretenimento religioso para as pessoas comuns, com trupes compostas por ambos os sexos. Conforme foi ganhando popularidade, trabalhadores sexuais, tanto mulheres quanto homens jovens viram nessa forma de arte um jeito novo de divulgar seu corpo e suas habilidades para potenciais clientes, então começaram a fazer apresentações onde o conteúdo era mais chamativo e erótico. Até aí tudo bem. O problema começava no final desses eventos, onde o público acabava brigando pelas atrizes e atores com os quais queriam sair depois do show.
[cantor Ricky Martin falando "Uêpa!"]
Condessa Vanôra: Pra tentar trazer um pouco para nossa realidade, seria como se tivesse uma apresentação de teatro com os meninos do BTS, as meninas do SISTAR, os Menudos, a Madonna e as Marcianas. E depois da apresentação você pudesse ter um momento com mais privacidade com qualquer um deles. Como estava dando muita confusão, porque a galera saía na mão pra ver quem ia ficar com determinado ator ou atriz,
[voz feminina gritando "Queima quengaral!"]
Condessa Vanôra: o governo decidiu proibir a participação de mulheres no kabuki. Proibição que não deu muito certo, então tiveram que proibir os meninos jovens também.
[trecho da música animada com tuba e bandolins do encerramento da série Curb Your Enthusiasm]
Condessa Vanôra: Veto que foi mantido de 1629 até hoje somente pra ala feminina. Apenas alguns teatros bem pequenos permitem a atuação de mulheres hoje em dia. Fato muito irônico, já que a criação e popularização dessa arte foi feita por mulheres.
[trecho da música de orquestra com bateria e trompetes "The Stripper" do David Rose & His Orchestra]
Condessa Vanôra: Já a origem do tal do strip-tease ou dançarinas exóticas se mistura com a do burlesco, assunto que merece um episódio à parte. Mas cabe aqui um detalhe importante: a dançarina que trabalha como stripper não obrigatoriamente trabalha também com prostituição. Nesse mesmo campo de moralidade, muitas dançarinas e bailarinas fazem o que a gente chama na área de eventos de ficha rosa. Pra você que não faz ideia do que seja ficha rosa, é uma modalidade de acordo entre cavalheiros por assim dizer. Na qual você vai estar no ambiente exercendo sua profissão, seja recepcionar eventos, modelar, dançar, atuar, trabalhar em feiras e exposições, e por uma quantia extra, além de fazer o trabalho pelo qual você foi contratada, você também se prostitui.
[som de sirene do jogo Among Us]
Condessa Vanôra: Não estou aqui para fazer juízo de valor, ou atacar o modo de vida das trabalhadoras sexuais. Cada pessoa tem o direito de fazer o que bem entender com o próprio corpo, desde que seja adulta e tenha habilidade de dar consentimento. Mas pintar uma categoria inteira como negativa é ser muito extremista.
[trilha sonora de bossa nova de elevador]
Condessa Vanôra: Outro exemplo do catálogo "secreto" de ficha rosa é no
[som de carrilhão]
Condessa Vanôra: em São Paulo. Quem oferece isso é o dono do estabelecimento de dança pra cavalheiros escolhidos a dedo, e mesmo assim, nem todas as dançarinas do ventre da casa estão nesse cardápio.
[trilha sonora retorna para o jazz suave]
Condessa Vanôra: Como um conhecido meu diz, "Até pra ser palhaço tem curso". Não é porque você nutre uma antipatia por algum estilo de dança específico, que a pessoa que pratica essa modalidade não tenha dedicado muito tempo, dinheiro e esforço para dominar suas técnicas. Existem dançarinos e bailarinos medíocres, e também talentosos. Assim como médicos, engenheiros, padeiros, motoristas… Não é o nome que vai garantir a idoneidade do profissional. Eu, particularmente, gosto de ser chamada de dançarina, e é o que está registrado em minha carteira de trabalho. Não tenho vergonha desse rótulo. Posso até questionar em relação às bases de cachê entre dançarinos e bailarinos, porque há disciplinas mais complicadas do que as outras dentro da categoria de dançarino, com um processo de validação e certificação muito mais dispendioso que alguma dança popular que não possui uma metodologia de ensino criteriosamente estabelecida. Acredito que o ballet ditou e ainda dita as normas, não por ser o único estilo sério mas porque se estruturou mais rápido e se popularizou em todo o mundo, e por consequência se sindicalizou e se organizou de forma eficiente, além de ter muito investimento, por ainda ser uma carreira com status elitizado. No resumo da ópera, sendo você bailarina ou dançarina, em algum momento de sua carreira você será julgada pelo seu corpo, ou mesmo pelo estigma de que se dança na noite, você é uma mulher de vida fácil. Existem vários caminhos que você pode tomar, dependo do que você quer da dança. Ao longo do tempo, sua postura perante o seu ofício e a forma como você se conduz pelos ambientes é que vai construir a sua reputação, independente do rótulo de dançarina ou bailarina. Quero deixar aqui a reflexão do quanto até hoje as mulheres são realmente livres para fazerem o que quiserem, e porque nossos corpos são sempre escrutinados e tratados como público pela sociedade. Não seja tão hostil com sua coleguinha, tá meninas, nós estamos todas no mesmo barco, gostando ou não.
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Estaremos de volta com um novo episódio mês que vem. Você encontra mais episódios do Centelha de graça no Apple Podcasts, Google Podcasts, Spotify, Deezer, e nos demais agregadores de podcasts. Sua avaliação nessas plataformas é muito importante e compartilhar os episódios nas redes sociais possibilita que mais ouvintes conheçam o Centelha. Nos siga no Instagram @centelhacast e no Twitter @centelha_cast. Sou @marastoniarts no Twitter e Instagram mais próximos de você. Participe do nosso grupo no Telegram no t.me/mejulguempodcast. Centelha é uma criação de Condessa Vanôra e faz parte da rede de Podcasts do Me Julguem Podcast. Você pode colaborar com a existência e continuidade desse projeto no PicPay @centelha ou me pagar um café no ko-fi.com/marastoniarts. Eu fico por aqui, sou Condessa Vanôra obrigada por sua audiência, até a próxima.
[trilha sonora jazz suave aumenta de volume]
[vírgula sonora de encerramento]
0 notes
centelhacast · 4 years
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[som de isqueiro sendo aceso]
[Vinheta de abertura com música do oriente médio e narração] Pensador Louco: Centelha, o denomidador comum… Cristiane Navarro: … que une todos os artistas… Júlia Navarro: … das mais diversas áreas… Lica Moon: … dos mais diversos lugares.
[som de uma porta sendo aberta fazendo soar um pequeno carrilhão]
[Trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Seja bem vindo ao meu ateliê! Sou a Condessa Vanôra e começa mais um Centelha. Quero começar esse programa mandando meu muito obrigada ao Sandro do podcast DebaCast que contribuiu para o Centelha continuar com as portas abertas trazendo muito conteúdo diversificado pra vocês! Faça como o Sandro, acesse os links nas notas do episódio, para saber mais. Estou estudando um modelo viável de metas e bonificação em plataformas de financiamento coletivo. Assim que tudo estiver redondinho aviso para vocês! Estava preocupada deste episódio atrasar por motivos de minha fonte queimou,
[som de trombone triste]
Condessa Vanôra: mas felizmente consegui substituí-la a tempo de continuar nossa programação normal.
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Dito isso, quero contar como surgiu a ideia desse episódio. Eu não acompanho muito reality shows, mas eu gosto de ver produção de ensaio fotográfico. E quase caí dura quando vi as fotos da Thelminha nesse último BBB que eu não faço ideia de que numero que seja! Rapaz, deixaram a moça cinza, como assim?
[Fala de Don Corleone do filme O Poderoso Chefão "Look how the massacred my boy."]
Condessa Vanôra: Não sei se foi o maquiador que não sabia maquiar pele retinta, se foi o fotógrafo que não sabe como configurar os equipamentos pra valorizar a pele preta ou se foi um infeliz casamento das duas coisas. Vou colocar lá no Instagram a foto original divulgada pela emissora e uma edição de imagem com o tom corrigido. Antes de falar sobre subtom, preciso dar uma explicação rápida sobre colorimetria e tom.
[som da tecla de um gravador analógico sendo pressionada]
Condessa Vanôra: A colorimetria é a ciência e o conjunto de tecnologias envolvidas na quantificação e na investigação física do fenômeno de percepção de cores pelos seres humanos. Sua etimologia vem do latim color (cor) e metria (medida).
[som da tecla de um gravador analógico sendo pressionada]
Condessa Vanôra: Dentro da colorimetria existem uma série de ciências e campos de estudos que não pretendo entrar em detalhes agora porque é muita coisa. É um campo de estudo útil não só pra quem é artista, pra quem pinta, mais pra maquiadores também. E qual a diferença entre tom e subtom? O tom é predominante. Conta pra gente sobre a altura, pensa como volume, a intensidade da cor da pele, que varia do claro, médio e escuro, em linhas gerais. O subtom é sutil, é o tom abaixo do visível. Aposto que isso já aconteceu com você.
[som de flashback tocado em harpa]
Condessa Vanôra: Viu um batom ou uma sombra linda, comprou, e quando foi testar em casa parecia que não tinha algo funcionando direito?
[Fala de Michael Scott da série The Office: "No God please no!"]
Condessa Vanôra: Todos nós em algum momento, que trabalhamos com isso já fomos culpados desse crime também, tá gente?
Condessa Vanôra: Esse algo que não encaixa tem a ver com o subtom da pele.  Imagina que a pele é como se fosse uma folha de papel manteiga. Se você envolve um tecido com o papel manteiga, uma parte da cor do material do tecido que tá embrulhado é visível pela transparência do papel.  Essa cor que transparece em nossa pele de forma difusa, afeta nossas escolhas de base e que paletas de cores funcionam com seu tom. Existem quatro tipos de subtons: quente, frio, neutro e oliva. Gravem isso que vou dizer agora, pra que quando eu for falar dos tipos de teste pra descobrir qual o seu subtom, eu não fique me repetindo loucamente, certo? Subtons quentes variam do pêssego, amarelo e dourado. Peles que tem esse subtom tem tendência a ter descoloração, que é quando a pele perde a cor natural, aparecendo variações de cores amarelas e marrons. Subtons frios incluem rosa e tons azulados. Se seu subtom é neutro, significa que a cor dele é bem próxima ao tom da sua pele. É importante frisar que peles de tom claro pode ter subtom quente e peles de tom escuro ter subtom frio. Subtom não é relacionado com etnia. É uma característica da pele. O subtom oliva dá um aspecto acinzentado à pele, por ser uma combinação dos vários subtons. O pulo do gato é que além de subtom quente e frio, dá pra visualizar junto o subtom verde, que é uma característica única de pele oliva. Esse subtom é um coringa, vai bem com qualquer cor. Existem várias formas pra identificar o subtom. Separei nove delas pra não ter dúvida e dá pra fazer em casa, então bora fazer esses testes junto comigo pra descobrir qual é seu!
[som de chamar a atenção do Windows Messenger]
Condessa Vânora: Importante! O rosto tem que estar limpo e sem maquiagem. Vou repetir de novo, tá? Sem maquiagem. Tem que fazer de dia, com a luz natural do sol. Não adianta usar qualquer luz artificial, seja LED, lâmpada de filamento, luz de vela, fogueira, porque elas não são fonte de luz neutra e vai bagunçar sua percepção visual, certo?  Com tudo preparado, faça o seguinte: Técnica um. Dá uma olhada nas suas veias na região interna do seu pulso. Não pode ser no pescoço, não pode ser no antebraço, tem que ser no pulso. Se elas parecerem esverdeadas, o subtom é quente. Se elas parecem azuladas ou arroxeadas o subtom é frio. No subtom neutro, as veias vão parecer incolores ou da mesma cor da sua pele. Pra todos os tópicos que vou falar aqui, lembre-se do que falei lá em cima. O subtom oliva ele vai ter a presença de todas essas cores, perfeito? Técnica numero dois. Bijuterias ou jóias. O fato da gente gostar mais de adornos dourados ou prateados em contraste com nossa pele tem a ver com o subtom. O dourado tradicional funciona bem com subtom quente ou oliva. Prateado, platina e ouro rosê no geral tende a combinar mais com subtons frios. Se ambos ficaram bons, e sua escolha é baseada mais no que você está vestindo, o subtom é neutro. Técnica número três. Vista algo neutro. O branco verdadeiro, aquele da folha de sulfite e a cor preta costuma favorecer subtons frios, enquanto o subtom quente funciona bem com off-white, que é aquele branco meio amareladinho e tons amarronzados. O subtom neutro assim como o oliva, vai bem com qualquer cor. Técnica número quatro. Seu tom de cabelo real e a cor de seus olhos. Hoje em dia a gente tem essa felicidade de poder brincar bastante com a vasta possibilidade de cores de cabelo, lentes coloridas e sombras super vibrantes e pigmentadas, mas suas cores originais podem te dar uma boa pista. Cabelos platinado e acinzentado tendem a se complementar com subtom frio, enquanto marrons e dourados tendem ficar melhor com subtom quente. Técnica número cinco. Como o sol afeta sua pele? Se você fica com a pele avermelhada, toda descascando e tem que reaplicar muitas vezes o filtro solar, provável que seu subtom seja frio. Se você se bronzeia mas não fica com queimaduras, possível que tenha um subtom quente. Técnica número seis. Coloque um papel contra seu rosto. Utilize um pedaço de papel branco. O branco tradicional, tá? O branco vai refletir um pouco de luz na sua pele. Lembra, conceito de física que a gente viu lá no ginásio? Então. Se o seu rosto parecer rosado ou azulado, aonde a luz está refletindo o subtom é frio, se parecer amarelado, o subtom é quente. Técnica número sete. Olha atrás da orelha. Essa é legal pra quem tem algumas condições de pele, como acne ou rosácea, que pode enganar sua percepção do subtom, já que a pele dessa região tende a ser menos afetada.
Condessa Vanôra: Técnica número oito. Método da moeda do visagista Philip Hallawell. Não sabe quem ele é? Pra galera millenial e geração X, ele era o cara que fazia o programa "À Mão Livre, a Linguagem do Desenho" na TV Cultura nos anos 90. Eu adorava esse programa! Nossa, eu levantava cedinho pra ver! E a técnica consiste no seguinte. Coloque uma moeda dourada ou prateada sobre a mão para analisar com qual cor a pele combina mais. E a última técnica, que é a técnica de número nove, método dos tecidos. Arranje um tecido laranja, um pink e um espelho. Coloque o tecido na frente do seu tórax como se fosse uma blusa e veja o que te valoriza mais. Dá pra usar tecido prateado e dourado também, como no caso dos acessórios. Tá, e como isso afeta minha escolha de base? Seguinte, vai ter tentativa e erro nesse processo porque as composições de pigmentos de uma marca pra outra variam bastante, então dá aquela testada esperta na parte de dentro do teu antebraço. Vamos lembrar que você NUNCA, nunca nunca nunca nunca nunca nunca, em hipótese nenhuma deve meter na cara qualquer produto de testador de loja de cosméticos, por mais limpa que a loja seja. Não tem como saber se o coleguinha que testou antes da gente não tinha algum problema de pele, herpes, conjuntivite,
[Nicki Minaj falando "Corona Virus!"]
Condessa Vanôra: ou qualquer outro problema. Procure escolher as bases mais neutras que tenham o subtom de sua escolha de forma suave. Pra evitar de você ficar rosada, amarelada ou acinzentada. Subtom frio - a base vai parecer meio rosada no frasco. Evite tons amarelados porque vão te dar uma palidez não saudável. Subtom quente - tende a ficar melhor com base que é ligeiramente amarelada. Subtom neutro - procure uma base que aparente ter tom rosado e amarelado misturados no mesmo produto. Base com tom puxado pro pêssego tende a funcionar bem. Subtom oliva - procure uma base que tenha um tom ligeiramente dourado, que aquece a temperatura da pele. Um erro comum desse subtom de pele é escolher uma base amarelada, porque eu vou tender a ficar ou mais esverdeada ou bem mais amarela por causa da condição específica da mistura de cores que tem nesse subtom. Dica bônus. fique atenta à linha do seu maxilar. Ela é útil pra te ajudar a escolher o tom da base, por ser uma região que sofre menos variação de cor. Se ao aplicar a base, você observar uma linha de demarcação bem evidente entre seu pescoço e rosto, a cor tá errada! Até as estações do ano influenciam na cor da pele! Algumas pessoas precisam usar dois tons de base, uma mais clara no inverno, e outra mais escura no verão! Percebam que em todo o episódio de hoje a palavra mágica é TENDE.
[som de caipainha de acerto de quiz game]
Condessa Vanôra: Tudo isso que falei até agora sobre tons está apoiado na teoria das cores e na colorimetria, porém não é uma lei escrita em pedra, e ter algum tipo de subtom nunca deve te impedir de utilizar alguma cor que você goste. Veja mais isso como uma sugestão. Por exemplo, digamos que você quer usar uma blusa verde. O mesmo verde pode ser mais avermelhado ou mais azulado. Isso te abre um leque maior de opções, e te dá ferramentas de escolher mais consciente o que você gosta, e te dá ferramenta de fazer escolhas mais conscientes do que você gosta do que ficar no chutômetro do que vai dar certo do que cai bem em você. Lembrando que quando a gente entende como as regras funcionam, podemos quebrá-las com sabedoria. Mas não fique só na minha opinião, testa, e depois me conta o que aconteceu, o que você achou, o que você descobriu, beleza? Se mesmo assim sobrou alguma dúvida de como eu vou ter certeza de qual é o meu subtom você pode procurar um profissional especialista em visagismo, um maquiador, alguma consultora dentro das lojas de cosméticos que entenda esse tipo de característica e que vai conseguir te orientar melhor, certo? Como estamos numa mídia de áudio e esse é um tema bastante visual, postarei no Instagram algumas imagem que vão ajudar a visualizar melhor o que discutimos hoje, e vou deixar o link nas notas do episódio um vídeo da maquiadora Ingrid Bellaguarda com um exercício de cores que ajuda a entender bastante sobre o tema de hoje.
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Estaremos de volta com um novo episódio mês que vêm. Você encontra mais episódios do Centelha de graça no Apple Podcasts, Google Podcasts, Spotify, Deezer, e nos demais agregadores de podcasts. Sua avaliação nessas plataformas é muito importante. Nos siga no Instagram @centelhacast e no Twitter @centelha_cast. Sou @marastoniarts no Twitter e Instagram mais próximos de você. Participe do nosso grupo no Telegram no t.me/mejulguempodcast. Centelha é uma criação de Condessa Vanôra e faz parte da rede de Podcasts do Me Julguem Podcast. Você pode colaborar com a existência e continuidade desse projeto no PicPay @marastoniarts ou me pagar um café no ko-fi.com/marastoniarts. Eu fico por aqui, sou Condessa Vanôra obrigada por sua audiência, até a próxima.
[trilha sonora jazz suave aumenta de volume]
[vírgula sonora de encerramento]
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centelhacast · 4 years
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[som de isqueiro sendo aceso]
[Vinheta de abertura com música do oriente médio e narração] Pensador Louco: Centelha, o denomidador comum… Cristiane Navarro: … que une todos os artistas… Júlia Navarro: … das mais diversas áreas… Lica Moon: … dos mais diversos lugares.
[som de uma porta sendo aberta fazendo soar um pequeno carrilhão]
[Trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Olá, seja bem vindo ao meu ateliê. Sou a Condessa Vanôra e esse é o Centelha, um podcast sobre artes. Antes de explicar mais a respeito do podcast, vou falar bem resumidamente em como começou minha jornada, até chegarmos aos dias de hoje. Eu comecei como toda criança que se interessa por arte. Fazia ballet e ginástica olímpica, porém, fui forçada pelo pediatra a escolher uma das disciplinas por exigirem coisas muito diferentes do corpo, e o ballet naturalmente acabou sendo a escolha. No início, era tudo muito informal, já que as aulas eram feitas juntamente com a escola. Parei no ginásio por não ter mais aulas para crianças da minha idade, e substituí a dança por marchar na linha de frente em banda marcial, me apresentei algumas vezes, porém foi um projeto que acabou sendo encerrado na escola por falta de interesse da diretoria. Nesse meio tempo, sempre desenhei bastante, por gostar e por ter recebido alguma forma de incentivo do meu pai na minha primeira infância. E então lá pra 1999 conheci a dança do ventre e fiquei fascinada pra aprender. Mas não aceitavam alunas menor de idade. Então decidi comprar vídeos didáticos, na época era VHS, e estudar sozinha eu mesma. No ano seguinte também decidi estudar de forma mais séria e autodidata desenho. No final da minha adolescência, como estudava na Getúlio Vargas, que é uma escola técnica, nós éramos aconselhados a fazer algum curso técnico junto com o colegial. Revirei o guia de cursos e acabei optando por design gráfico, já que era onde eu poderia mais vagamente trabalhar com desenho. Daí em 2005 foi o ano que eu comecei minha vida profissional. Passei por diversas áreas de trabalho, principalmente por pressão familiar de arrumar um entre aspas "emprego de verdade". Passei por gráficas, telemarketing, empresas variadas, recepcionista e até cheguei a trabalhar como hostess no restaurante dentro do Blue Tree Hotel. Apesar de conseguir me virar bem nos trabalhos, eles nunca eram de longa duração. De certa forma, eu sentia como se não me encaixasse bem naquelas funções. Depois de um tempo eu ficava entendiada, e sempre queria fazer algo mais, fazer algo que eu considerasse significativo. Dentre os cursos que eu fiz, estudei história em quadrinhos na Gibiteca Henfil, técnico de pré-impressão e maquiador cênico no SENAC, dança do ventre, flamenco, vintage, burlesco, tango, dança cigana, stiletto, danças polinésias, mangá, dança clássica de Okinawa e pintura realista. Entre os trabalhos considerados "normais" fazia os cursos, shows à noite e comecei a dar aulas de dança. E cada vez ficava mais claro que eu não conseguia me enquadrar no trabalho de colarinho branco, enquanto as aulas da dança e convites para shows floresciam, até um ponto onde eu só trabalhava exclusivamente com dança e ilustrava ocasionalmente. Até que em 2013 minha vida deu uma guinada intensa, quando eu recebi o diagnóstico de fibromialgia. Que é uma doença crônica que ela causa muitos problemas, como insônia, fadiga, dores musco-esqueléticas intensas. É como se você sentisse, sabe aquela dor de quando você bate o nervo do cotovelo nu-numa quina? Essa dor, o tempo todo, no corpo inteiro. Eu já apresentava sinais da fibromialgia lá em 99, mas antigamente os médicos achavam que jovens e crianças não podiam ter fibromialgia, porque era uma doença de idoso, né? Então eu recebi vários diagnósticos errôneos como hipoglicemia. Apesar das dores crônicas eu continuei levando a vida normalmente, até um ponto onde se tornou muito complicado levantar da cama, dançar, fazer as atividades do dia a dia, e vi que infelizmente eu devia dar uma pausa, em tudo, pra cuidar de mim. Isso me fez rever novamente a forma com que encaro meu ofício e como eu trabalho. Durante esses últimos 7 anos passei por muitos médicos, mudei muitas vezes de medicação, me frustrei bastante com meu corpo, com minha performance, com o que eu podia fazer, até eu começar a melhorar novamente, na fisioterapia direcionada à fibromialgia que eu comecei a fazer só nos últimos 3 anos.
Condessa Vanora: Comecei a ganhar massa muscular, resistência física e consegui me reabilitar pra ter uma vida mais independente, consegui voltar a fazer as coisas do dia a dia apesar das limitações, e é aqui que nasce o Centelha. Eu sempre tive muita paixão por ensinar, e com o podcast posso dividir meu conhecimento e aprender novas coisas, contornando as minhas limitações. Como meu escopo de atuação é amplo, me desagradava a ideia de fazer um podcast pra cada disciplina, porque pra mim, todas estão interligadas de certa forma. A minha caminhada por entre elas foi acontecendo de forma muito natural, porque em qualquer tipo de arte, lá no seu âmago existe essa centelha, que é a força motriz que nos impulsiona a criar. Existem muitos podcasts sobre arte ou ilustração, mas são mais focados em entrevistas com profissionais da área, e eu sentia falta de falar a respeito do ofício do artista, do que acontece antes de vocês verem o produto pronto. Que o produto pronto, ele é só, digamos menos de 10% de tudo o que aocntece antes da existência do que a gente entrega pro público. E toda essa parte do dia a dia, das angústias e alegrias de precisar se expressar através da arte é todo um mundo desconhecido. E é isso que vocês vão encontrar por aqui: minhas experiências, reflexões e estudos a respeito desse universo fascinante! Eu te espero no próximo episódio, sou a Condessa Vanôra, até lá!
[trilha sonora jazz suave aumenta de volume]
[vírgula sonora de encerramento]
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[som de isqueiro sendo aceso]
[Vinheta de abertura com música do oriente médio e narração] Pensador Louco: Centelha, o denomidador comum... Cristiane Navarro: ... que une todos os artistas... Júlia Navarro: ... das mais diversas áreas... Lica Moon: ... dos mais diversos lugares.
[som de uma porta sendo aberta fazendo soar um pequeno carrilhão]
[Trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Seja bem vindo ao meu ateliê! Sou a Condessa Vanôra e começa mais um Centelha. Como vocês estão? Espero que saudáveis e com muita força na peruca nessa quarentena.
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Sabia que existe dentro da comunidade artística uma discussão muito grande a respeito de modelos, imagens de referência e cópia? São vários assuntos interligados uns com os outros que iremos abordar no futuro. Lembrei disso quando caiu em minhas mãos um artigo deveras interessante que vale a pena ser debatido. O assunto envolve modelos, direito de imagem e minorias étnicas. O link pra o artigo original em inglês estará nas notas desse episódio. Não vou ler ele por inteiro, por ser um artigo um pouco grande, e acabar tomando muito tempo, porém vou comentar os principais fatos contidos nele. O título da matéria é o seguinte: "Artista de Auckland que pintou duas mulheres  Māori sem o seu consentimento retira retratos de venda pública." Só pelo título já dá pra sentir que foi um close errado né? A artista em questão é Samantha Payne. Acredito que esse caso,
[som de aspas feito com a boca]
Condessa Vanôra: tenha dado o azar de se tornar público
[som de aspas feito com a boca]
Condessa Vanôra: pelo fato das mulheres retratadas serem famosas. Uma delas, a Oriini Kaipara é primeira âncora de jornal a ter uma moko kauae, que são aquelas tatuagens típicas do povo Māori que adornam os lábios e a região do queixo. Algum internauta viu a imagem à venda no site dessa artista e foi confirmar com Oriini se era ela mesmo na imagem.  Sentindo-se profundamente desrespeitada, ela fez uma live no facebook junto com outra moça que também foi retratada sem sua autorização, a Taaniko Nordstrom, fotógrafa retratista que registra Whānau que significa família-extendida, no idioma māori). Família extendida não sei se tem um nome específico aqui no Brasil pra família extendida. É aquela família que vai além de pai, mãe e filhos, que engloba os avós, os sobrinhos, primos, tios, etc é a estrutura maior de família que seria a família nuclear e os parente.A artista tirou os quadros de venda, parece que conversou pessoalmente com as mulheres retratadas de acordo com a nota de esclarecimento presente em seu site, e aparentemente desativou seu Facebook e o Instagram, provavelmente pra fugir da multidão enfurecida que deve ter lotado de mensagens suas redes sociais. Tá, você pode me perguntar, e qual é o problema dessa história? Vamos por partes. Todo ser humano na face da terra tem direito sobre a própria imagem. E como esse direito de licença, por assim dizer se relaciona com o artista, sem entrarmos profundamente em explicações jurídicas?
[tom de voz com pitch mais agudo]
Condessa Vanôra: "Tia Vanora, eu vi uma foto de alguém que achei bonita na internet, posso desenhar essa imagem?"
[tom de voz normal]
Condessa Vanôra: Pode sim, pequeno gafanhoto. Pra conseguirmos criar algo ou compreender conceitos técnicos de ilustração a gente precisa partir de algo que exista.
[tom de voz com pitch mais agudo]
Condessa Vanôra: "Ah, mas eu usei essa imagem e fiz uma ilustração incrível que quero mostrar nas redes sociais!"
[tom de voz normal]
Condessa Vanôra: Também pode. O ideal é que você também poste junto a foto original, por exemplo. Porque isso já evita o problema de acharem que uma certa ilustração é criação completa da cabeça do artista. E em seguida da galera ficando decepcionada, porque a ilustração inteira é derivada de uma imagem que já existe. Isso costuma pegar mal, teve até uma polêmica com o RossDraws que é um ilustrador americano, no ano passado. Eu vou deixar o link nas notas do episódio do video que um outro artista, o Lucas Peinador fez a respeito. Também é aconselhável marcar a pessoa, se você sabe a conta dela, senão dá um jeito de descobrir, nas redes sociais, ou do fotógrafo que criou a imagem.
[tom de voz com pitch mais agudo]
Condessa Vanôra: "Mas ficou legal demais! Vou vender umas cópias delas pra ganhar um dinheirinho."
[tom de voz normal]
Condessa Vanôra: Aí não né, jovem? Fica difícil de te defender. Imagina a situação. Eu chego pra você e falo: "Ó, achei uma foto sua no insta que ficou super maneira, fiz um desenho da hora e tô indo ali vender ele por um valor de três dígitos e embolsar esse dinheiro sem te dar um centavo, ou perguntar se está tudo bem pra você, porque fui eu que desenhei sua foto então a propriedade intelectual é minha!" Se não te pareceu uma situação minimamente ridícula, você tem que rever muita coisa na sua vida.
[tom de voz com pitch mais agudo]
Condessa Vanôra: "Então isso significa que eu não posso desenhar ninguém e vender uma arte baseada nela?"
[tom de voz normal]
Condessa Vanôra: Lógico que pode. Inventaram até uma profissão desde tempos imemoriais chamada "modelo vivo".
[voz feminina infantil falando: “Uau!”]
Condessa Vanôra: Onde a pessoa
[Barney Stinson falando "wait for it"]
Condessa Vanôra: é paga para posar pro artista como modelo. Eu já trabalhei como modelo vivo, tanto numa situação de ateliê de pintura onde posei pra retrato de busto, e num evento de ilustração como uma espécie de cosplayer pra desenhistas e quadrinhistas. Além de ter sido paga, obviamente, foi extremamente gratificante pra mim ver as obras que resultaram das minhas poses nos traços de diferentes artistas. Podemos alegar que de repente a pessoa não sabia desse tipo de procedimento. De acordo com o site da artista, ela estudou belas artes, apesar de não especificar com qual professor ou instituição estudou. Porém os preços dos quadros originais e das reproduções estão bem de acordo com quem pelo menos teve contato alguma vez na vida com algum galerista, ou, ao menos, sabe como cobrar pelo seu trabalho. No geral eu classifico o trabalho dela como contemporâneo e feito pra decoração de ambientes. Não é um trabalho rebuscado tecnicamente ou com grandes questões técnicas exploradas na pintura, já que são baseadas em fotos. E não há nada de errado nisso. A arte não precisa ter sempre a grandiosidade de um Davi de Michelangelo pra ser válida. Me parece que ela gosta de retratar o estranho e exótico mundo fora da Europa. Temos animais de savana, pandas vermelhos, retratos de mulheres anônimas de tribos africanas. O problema maior além da violação do direito de uso de imagem, foi a sensação das mulheres Maori de exploração que se deu em usar a imagem e a estética diferente de outra cultura em benefício próprio. A questão não é retratar uma cultura da qual você não faz parte, mas o como você retrata. Dá pra sentir o peso dessa ação no comentário escrito no Facebook de Kaipara:
[voz masculina cantando hakka]
Condessa Vanôra: "Socorro. Alguém está vendendo meu moko (que é a tatuagem tradicional Māori). Não sou contra artistas, jornalistas e qualquer outra pessoa usar minha imagem para promover nossa Ao Māori e Māoritanga mas vender MEU moko por lucro e por SEU auto-ganho é malditamente desrespeitoso para dizer o mínimo." 
[voz masculina cantando hakka]
Condessa Vanôra: O Doutor em História da Arte Rangihiroa Panoho ressalta que isso é um problema comum com o modernismo e os artistas que trabalham fora dessas comunidades. Porque não há conversação entre as minorias étnicas e os povos europeus, que são mais centrados no ganho e na estética da imagem, ao passo que para essas comunidades não se trata de dinheiro. Recapitulando: sempre obtenham a permissão de uso de imagem se forem criar alguma obra utilizando como base a imagem de alguém ou retrato feito por algum fotógrafo, caso pretenda vendê-la, já que é um trabalho derivado. O problema não é retratar minorias, mas tratá-las de forma diferente. Talvez a artista não fosse ter esse tipo de postura se a imagem fosse de algum europeu. Porém independentemente do uso indevido ter sido proposital ou acidental, isso gera um estresse e desconforto para todos os envolvidos. Além de causar danos à imagem pública do artista, que dependendo do caso, pode passar em brancas nuvens, se ele tiver costas quentes, ou pode ser cancelado, ou pode ter a carreira prejudicada a ponto de não conseguir mais trabalhar. Tem um ditado que diz o seguinte: "Na dúvida, faça. É melhor pedir desculpas do que pedir permissão." Nesse caso não funciona tão bem assim, então cabe a nós a sabedoria de compreender como conduzir essa questão da melhor forma possível. E cabe aqui a seguinte reflexão: como podemos querer que respeitem a autoria de nosso trabalho quando o usam indevidamente, plagiam, ou usam como estampa de roupas de uma grande loja de departamento, se não temos a mesma preocupação ética com os modelos que estão em nossas obras. Há também a questão de artistas que lucram em eventos como ComicCon vendendo fanarts de franquias grandes. Até onde essa postura não é a mesma coisa que aconteceu nesse caso? E o que fazer, já que existe a procura desse tipo de material pelo público, e essa ser uma forma pela qual você consegue fazer com que seu trabalho seja reconhecido. Mas isso é assunto para um outro dia.
[som de uma xícara de chá sendo colocada em cima de um pires]
Condessa Vanôra: Estaremos de volta com um novo episódio mês que vem. Você encontra mais episódios do Centelha de graça no Apple Podcasts, Google Podcasts, Spotify, Deezer e nos demais agregadores de podcasts. Sua avaliação nessas plataformas é muito importante. Nos siga no Instagram @centelhacast e no Twitter @centelha_cast. Sou @marastoniarts no Twitter e Instagram mais próximos de você. Participe do nosso grupo no Telegram no t.me/mejulguempodcast. Centelha é uma criação de Condessa Vanôra e faz parte da rede de Podcasts do Me Julguem Podcast. Você pode colaborar com a existência e continuidade desse projeto no PicPay @marastoniarts ou me pagar um café no ko-fi.com/marastoniarts. Eu fico por aqui, sou Condessa Vanôra obrigada por sua audiência, até a próxima.
[trilha sonora jazz suave aumenta de volume]
[vírgula sonora de encerramento]
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[som de isqueiro sendo aceso]
[Vinheta de abertura com música do oriente médio e narração] Pensador Louco: Centelha, o denomidador comum... Cristiane Navarro: ... que une todos os artistas... Júlia Navarro: ... das mais diversas áreas... Lica Moon: ... dos mais diversos lugares.
[som de uma porta sendo aberta fazendo soar um pequeno carrilhão]
[Trilha sonora de jazz suave]
Condessa Vanôra: Seja bem vindo ao meu ateliê. Sou a Condessa Vanôra e começa mais um Centelha. Tudo bom com vocês? Espero que estejam em casa e se por ventura estiverem na rua, que estejam devidamente paramentados com seus EPI's. A propósito um lembrete para você, ouvinte do futuro: Este episódio foi gravado na época da quarentena do Covid-19, portanto um período conturbado para a humanidade. Eu mesma estou uma completa bagunça, tive uma semana de laringite daí após estar recuperada, no momento desta gravação estou curtindo uma crise de dermatite atópica aguda nas mãos. Então pra escrever a pauta, uma parte foi transcrita via bot de voz do telegram, e o restante digitado quando já tava conseguindo mexer um pouco mais as mãos. Parte boa é que consegui a entrega do meu microfone de gravação pelos correios
[som de língua de sogra] [som de crianças felizes comemorando]
Condessa Vanôra: então minha voz estará mais suave e menos sibilante em vossos ouvidos! Como a quarentena trouxe mudanças na forma como enxergamos o trabalho, e a possibilidade do trabalho em home office, quero abordar um assunto que pode ajudar no foco para trabalhar ou estudar. Vamos conversar um pouco sobre uniformes. Não no strictu sensu, como o uniforme de uma empresa, mas como um canalizador de ofício. É bem menos rebuscado do que parece. Tenho duas formas de explicar esse conceito: uma científica e outra mais metafísica. Nosso cérebro adora rotina pra poder automatizar tudo. Podemos tirar vantagem disso com um sistema de "gancho para iniciar uma ação". Acredito que você deve conhecer alguém, ou ser essa pessoa que enquanto não toma uma boa xícara de café preto, parece que o dia não começa. Esse café é uma marcação, um gancho, que você criou naturalmente que te indica que a partir daquele ponto, você já acordou e está pronto para fazer coisas. Você pode ligar esse mecanismo com roupas. É como tirar seu super herói do armário.
[som de bateria tocado no final de uma piada em show de stand up]
Condessa Vanôra: "Quando estou com roupa X estou pronto para cuidar da casa", por exemplo. Esse processo auxilia muito quando queremos ter foco, mas que parece que ele não vêm quando a gente chama. O ato de ter uma roupa específica para executar uma ação é muito significativo. Acaba criando uma relação nossa com o que vestimos.  A roupa torna-se símbolo. Nas danças polinésias, como o havaiano, as professoras, elas incentivam que as próprias dançarinas façam seus figurinos e acessórios, para se ter uma relação mais próxima com a dança. Tanto é que o ideal é você próprio cuidar do seu figurino, tanto na execução quanto na manutenção dele, lavagem, esse tipo de coisa. Religiões de matrizes africanas e ocultistas em geral tem essa prática de fazerem ou terem roupas específicas para suas cerimônias, que são manejadas única e somente pelo dono. Separei um trecho de um livro que ilustra o que estou dizendo: No livro O Ator Invisível, Yoshi Oida cita uma forma curiosa de se vivenciar a preparação do artista:
[som de um tsuzumi, instrumento de percussão japonês]
Condessa Vanôra: "Nos treinamentos espirituais japoneses, existem "roupas" especiais que são usadas para fazer os exercícios. No xintoísmo as vestimentas são brancas, enquanto no budismo, normalmente são vermelhas ou amarelas. Assim sendo, também acho interessante que se vistam trajes diferentes quando se está trabalhando. Nosso treinamento não é uma continuação da vida cotidiana, e sim algo diferente. Por uma "roupa"ajuda a fazer essa distinção".
[som de um tsuzumi, instrumento de percussão japonês]
Condessa Vanôra: Às vezes algo simples como um avental, um guarda-pó, ou outra roupa que te traga alegria pode causar o mesmo efeito. Para o time das pessoas com doença crônica, você pode ter o pijama de dormir e o pijama de viver o dia. Não e preciso sacrificar o conforto pra conseguir ter foco. No caso do fazer artístico a razão muda um pouco de figura porque não se trata apenas do foco, e também de silenciar quem você é, para poder construir outra coisa.  Falarei mais sobre esse aspecto nos programas futuros. Experimente essa sugestão, e percebam como se sentem, e se essa postura trouxe alguma mudança para vocês. Estaremos de volta com um novo episódio mês que vêm. Você encontra mais episódios do Centelha de graça no Apple Podcasts, Google Podcasts, Sfotify, Deezer e nos demais agregadores de podcasts. Sua avaliação nessas plataformas é muito importante. Nos siga no Instagram @centelhacast e no Twitter @centelha_cast. Sou @marastoniarts no Twitter e Instagram mais próximos de você. Participe do nosso grupo no Telegram no t.me/mejulguempodcast. Centelha é uma criação de Condessa Vanôra e faz parte da rede de Podcasts do Me Julguem Podcast. Você pode colaborar com a existência e continuidade desse projeto no Picpay @marastoniarts ou me pagar um café no ko-fi.com/marastoniarts. Eu fico por aqui, sou Condessa Vanôra, obrigada por sua audiência, até a próxima.
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