" Feroza Aziz, nel novembre 2015, era una bella diciassettenne americana di origine afghana, molto nota per i suoi interventi su TikTok; video generalmente frivoli, di cosmesi o di moda. I censori cinesi, scorrendo rapidamente i contributi postati quel giorno e vedendola impegnata in un tutorial in cui illustrava il corretto uso di un piegaciglia, non si sono soffermati né preoccupati; non potevano sospettare che dopo pochi secondi dall'inizio il tutorial avrebbe cambiato decisamente registro e si sarebbe trasformato in una dura denuncia della repressione cinese nei confronti dell'etnia uigura, mentre Feroza con la sua faccetta di bronzo continuava imperterrita a piegarsi le ciglia, passando dall'occhio destro al sinistro. Appena mi è capitato di vedere il video (diventato nel frattempo virale) l’ho collegato a una tecnica usata nella settecentesca Encyclopédie diretta da Diderot, di cui molto probabilmente Feroza Aziz non aveva mai sentito parlare:
per depistare anche allora la censura, gli enciclopedisti si erano inventati di nascondere alcuni degli attacchi più decisi ai pilastri culturali dell'ancien régime dentro la definizione di lemmi dall'apparenza assolutamente innocua. Se per esempio si va a leggere il testo relativo alla voce “aquila”, si troveranno due pagine di lunghe e dettagliate informazioni ornitologiche ma verso il fondo (dove il censore stanco e poco interessato non sarebbe arrivato mai) si parla dell'aquila come uccello sacro a Giove e si condannano i miti superstiziosi pagani, con trasparente allusione a quelli cristiani.
Le tecniche dell'illuminismo francese sono state esportate, più o meno consapevolmente, ovunque gli autori cerchino di esprimere pulsioni di libertà in un regime totalitario; il modello della Religiosa di Diderot (la storia di Suzanne Simonin, monaca forzata, e della sua fuga dal convento) si ritrova per esempio nella miniserie tedesco-statunitense Unorthodox (2020), ispirata all'autobiografia di Deborah Feldman: una ragazza cresciuta nella comunità ebrea ultraortodossa di Brooklyn fugge a Berlino, dove prima di lei era fuggita sua madre – la storia esemplare di una giovane donna per denunciare un intero sistema di oppressione. Così Azar Nafisi, in Leggere Lolita a Teheran, usa Nabokov e in generale la letteratura per raccontare la repressione del femminile dopo la vittoria di Khomeini, e Abbas Kiarostami sposta sullo sguardo dei bambini (nello splendido documentario Compiti a casa) il proprio atto d’accusa verso l’Iran contemporaneo: struggente la scena in cui uno dei piccoli trasferisce su Pinocchio la personale, e fino a quel momento mai compresa, voglia di libertà. Lo “spostamento”, proprio nel senso freudiano, era una delle tecniche principali dell'illuminismo, basti pensare al persiano di Montesquieu che descrive Parigi con occhi ingenui nelle sue lettere a un amico rimasto in Persia. Spostamento nello spazio ma anche nel tempo: Stalin concesse un premio statale a Ejzenštejn per la storia cinquecentesca di Ivan il Terribile ma, quando si accorse che nel secondo film della trilogia (La congiura dei boiardi) il potere autocratico veniva messo in discussione, negò l’autorizzazione a proseguirlo. Nel quindicesimo capitolo dello Spirito delle leggi Montesquieu stila un elenco paradossale delle nove ragioni per cui si ha il diritto di rendere schiavi i neri, con perle del tipo: “visto che i popoli europei hanno sterminato i popoli americani, hanno dovuto rendere schiavi quelli dell'Africa per riuscire a dissodare tutte quelle terre”, o anche “lo zucchero sarebbe troppo caro, se la pianta che lo produce non fosse coltivata da schiavi”, o infine “è impossibile supporre che i negri siano uomini come noi perché, se lo supponessimo, si comincerebbe a credere che noi stessi non siamo cristiani”. Il rovesciamento paradossale, cioè fingersi nei panni del razzista che si vuole combattere esagerando fino all'assurdo le sue motivazioni, è un caso particolare di spostamento ed è stato artificio retorico costante nelle lotte verbali per la tolleranza e la libertà; strumento efficace ma delicato e talvolta pericoloso, se è vero che durante un’assemblea in Giamaica nel 1802 una parte di questo elenco di Montesquieu fu strumentalizzata, citando l’autorità della fonte, per rifiutare ai mulatti gli stessi diritti dei bianchi. "
Walter Siti, Contro l’impegno. Riflessioni sul Bene in letteratura, Rizzoli (collana Narrativa italiana), 2021. [Libro elettronico]
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Combata o Futuro 10: Nós Somos A Resistência
Por Cláudio Suenaga
À medida que somos assolados pelos horrores de mais uma guerra e todas as demais desgraças cotidianas que os meios de comunicação corporativos nos mostram à la mode, à luz de seus filtros, vamos ficando cada vez mais dessensibilizados e entorpecidos, sem capacidade de responder como deveríamos responder.
Para quem viveu outros tempos um pouco mais amenos e menos tenebrosos, fica difícil adaptar-se à policrise: depois da crise econômica vem a pandemia, depois da pandemia vem a guerra, depois da seca vem o terremoto, depois do tsunami vem os incêndios, depois do tufão vem a erupção vulcânica, e esse mesmo ciclo se repete e se renova em um eterno retorno aleatório, e nos perguntamos se estamos sendo implacavelmente punidos por nossos pecados.
O volume de bombas, sangue, brutalidade e devastação em Gaza, vem juntar-se às intermináveis que se desenrolam na Ucrânia e em todas as capitais e periferias do mundo onde imperam a bandidagem, o crime organizado e o tráfico de drogas.
Sem que ninguém mais espere uma intervenção fundamentada e racional, só o que resta são brados sem alma daqueles que ocupam posições de autoridade na cena global, acompanhados de comentários rasos e declarações hipócritas de âncoras de telejornais e analistas internacionais a referendar as "posições" nacionais e geoestratégicas dos representantes do establishment.
Genocídio em massa e limpeza étnica são justificadas como necessárias e toleradas como "aceitáveis" por aqueles mesmos que classificam como fake news e "discurso de ódio" todas as posições que não se alinham às deles, enquanto enaltecem os valores "politicamente corretos" e as vantagens políticas ou geopolíticas em apoiar a causa deste ou daquele protagonista, CEO ou organismo internacional.
A falta de uma autoridade legítima para pôr fim ao massacre é o indicador mais revelador da falência daquilo que é considerada a "sociedade civilizada".
Entre as massas, polarizadas por ideólogos e influencers pop stars, só o que ouvimos é uma confusão de disputas vociferantes e furiosas, enquanto convergem no medo comum de contrariar os dogmas da elite global. As vozes que murmuram e esbravejam com notável egocentrismo, arrogância e orgulho, perdem-se na cacofonia.
Nas redes sociais, a civilidade e o bom senso foram substituídos pela toxicidade das queixas, dos ressentimentos, da angústia, dos ataques e das acusações sem limites, alimentados por um desespero abrasador para atribuir o colapso do que era conhecido e previsível a algum vilão da esquerda ou da direita, em uma caça às bruxas selvagem para angariar seguidores que farão arder suas tochas e queimar os bodes expiatórios no patíbulo das fogueiras que ao menos trarão um pouco de alívio e consolo ao pablum oficial e a sensação de que está tudo sob controle.
O medo de ir contra o dogma do que constitui a hierarquia da pirâmide do poder global paralisa e divide a todos, impedindo uma união de esforços contra a Nova Ordem Mundial, por mais tênue que possa ser.
Indo além das causas aparentes, por trás deste bizarro estado de coisas, está um pequeno culto global satanista antivida que deseja prolongar a dor e a destruição para os seus próprios fins e secretamente apoia ambos os lados do conflito a fim de produzir a máxima discórdia, a máxima perturbação dialética do caos e da morte, de modo a levar a realidade ao seu total paroxismo.
Sim, isso é puro mal em ação. É a manifestação de um projeto demoníaco de longa data – cujas raízes remontam ao próprio início da história humana – outrora encoberta mas agora escancarada e que emergiu nas últimas décadas como principal protagonista do caos perturbador e da divisão que agora se manifesta ao nível fundamental de nossas vidas cotidianas.
Nem a intimidade das nossas vidas pessoais é mais respeitada, e parece quase impossível imaginar que as coisas pudessem chegar a um tal nível invasivo: a do controle não só da linguagem, como de nossos pensamentos.
O problema para todos nós que estamos determinados a resistir às encenações grotescas desta trupe de atores obscuros, é que este culto é altamente enganador e muito bem disfarçado. Seus principais agentes se portam como astros e celebridades de Hollywood, sorriem o tempo todo, se apresentam muito elegantemente bem vestidos, e são muito bem treinados em técnicas de comunicação e persuasão. O Diabo veste Prada.
Ninguém imaginaria que por trás de suas aparências invejáveis e gestos sedutores, almejam destronar a Deus, tomando o seu lugar, e remodelar a criação, esvaziando-a de todos os seus aspectos divinos para reduzi-la a um mero código binário.
Como nem preciso salientar, o compromisso de manter alguma forma de civilidade, humanidade e justiça neste mundo atualizado a cada instante, implacavelmente exigente e agressivamente competitivo, é um desafio demasiado elevado para os seres humanos, que não são páreos para os golems amorais eugênicos, trans-humanos e cibernéticos.
Não é por acaso que o avanço da inteligência artificial é concomitante à degradação dos valores humanos fundamentais que são sistematicamente dilacerados nos confrontos em tempo de guerra.
Preservar os valores tradicionais, manter a linha da decência, do respeito e da justiça, não é apenas uma condição sine qua non, sensível neste momento precário da história humana em que aqueles que nos ditam a "verdade" estão eivados de cinismo, hipocrisia e imoralidade: é um imperativo absoluto.
O nazismo sangrento que voltou a irromper, destroçou os direitos, liberdades e valores básicos de uma sociedade que já estava em colapso e em grau bastante avançado de dilaceração sob a ditadura corporativa, científica, bancária e militar que domina as estruturas de poder globais de hoje.
Não hesitemos em reconhecer que "nós, o povo", destituídos de qualquer poder político ou institucional, somos a resistência. Somos nós as únicas consciências que restaram neste mundo dominado pelo poder do maligno.
Vamos acabar com qualquer ilusão persistente de que algum líder ou alguma instituição política existente ou "falso salvador" restaurarão nossas honras, dignidades e liberdades roubadas. Sejamos ferozmente realistas. Com raríssimas exceções, aqueles que representam politicamente os seus redutos eleitorais nas falsas democracias do mundo, estão lá para cumprir a agenda da cabala oculta e do Deep State.
Nós, que nos recusamos a ser submetidos a programas de "vigilância", que nos recusamos a ser sugados para a sua matrix digital controlada por inteligência artificial, devemos ir para a linha de frente da grande luta pela emancipação humana. Se não como uma força interligada, que seja individualmente, como uma força irreprimível.
As Big Tech são persuadidas a cumprir o seu dever público de "cancelar" os que se levantam contra esta Nova Ordem Mundial. As ferramentas óbvias para fazer isso são algorítmicas, ou seja, automatizar a pesquisa e eliminar as vozes dissonantes, independentemente da sua origem. Os algoritmos e outros softwares de inteligência artificial agem como verdadeiros tribunais de exceção e julgamento que de forma abusiva e sem um trâmite legal, sentenciam o acusado automaticamente, com indícios mínimos, sem audiência, inquérito e recurso, sem o direito de peticionar ou recorrer, ou seja, sumariamente. O veredito emitido é final.
Os tribunais do passado, por mais arbitrários e sumários que fossem, ao menos emitiam uma declaração por escrito e permitiam ao condenado o jus esperneandi (ou jus sperniandi, uma expressão jocosa muito usada no meio jurídico, mas inexistente em latim), o "direito de espernear" ou "reclamar". As sentenças são silenciosas, automatizadas, e qualquer protesto cai no vazio, vai para o limbo. Protestos e gritos não são ouvidos. Cancelado e "desmonetizado", o condenado desaparece no ostracismo sem que ninguém sequer fique sabendo. Engraçado como as pessoas ficam quietas quando sua renda desaparece.
Tal como acontece no Gulag, os inocentes são arrastados juntamente com os culpados numa proporção desconcertantemente injusta. Use a palavra proibida ou frase errada em um texto, podcast ou vídeo público e o tribunal secreto concluirá que você é um instigador do ódio e da violência, que você é um terrorista.
Não é o povo que deve temer seu governo. O governo é que deve temer seu povo. E eles nos temem. Somos aqueles que eles mais temem. Nós somos a resistência. E mesmo distantes fisicamente, em nossas mentes e corações sabemos estar unificados. É uma luta de todos os dias, uma luta permanente, mental e espiritual. Não tem nada a ver com a "passividade" que deveria ser reconhecida como a doença social mais alastrada que aflige a quase totalidade da humanidade cooptada e doutrinada.
Há um mundo que foi perdido e que devemos recuperar. Não há nenhum desafio mais significativo e urgente do que isso.
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