truque by clarice falcão
🎩 data de lançamento: 10 de agosto de 2023
🎩 produzido por: Lucas de Paiva, Clarice Falcão
🎩 faixas:
Dimensão
Fundo do Poço
Chorar na Boate
Quatro da Manhã
Ar da Sua Graça
Podre
Eu Destruo
Truque
Ideia Merda
Dizer Adeus
Quero Acreditar
Segunda Dimensão
Sucedendo o incrível álbum Tem Conserto, de 2019, Clarice Falcão realiza seu retorno de forma triunfal: um álbum visual, mais letras cômicas e românticas e uma produção surpreendente.
(Clarice Falcão no clipe de Chorar na Boate. Reprodução, ©Clarice Falcão.)
Depois de 3 anos sem lançar um material inédito, Clarice Falcão retorna com seu quarto álbum. Eu estava levemente ansioso por esse retorno, o qual foi anunciado durante a live de 10 anos do álbum mais famoso da cantora, o infame Monomania, onde ela performou a inédita Eu Destruo. Clarice sempre foi uma figura que chamou minha atenção, quando a descobri com Eu me Lembro e fui arrebatado por essa canção incrível. Desde então, me aprofundei nos trabalhos da cantora e inclusive a vi ao vivo durante a Turnê em Conserto, um espetáculo que marcou minha vida. Quando Eu Destruo foi tocada pela primeira vez naquela live, minha empolgação foi a milhão com a possibilidade de ouvir novas faixas da cantora.
O álbum inicia-se com a minha música favorita, Dimensão. Sem fugir da sonoridade do álbum anterior — também produzido pelo Lucas de Paiva —, Dimensão é uma faixa de abertura incrível que nos faz adentrar esse álbum tão estranho, ao mesmo tempo que familiar. Descrito como um álbum que conta uma história de amor, aqui, podemos ver o estágio de luto em um relacionamento, que podemos ver claramente em “Existe uma dimensão para nós dois / Não é aqui, nem é agora / Não é agora, nem é aqui, nem é depois.”, porém, sem perder a diversão em suas letras, marca registrada da artista, que contém Banho de Piscina ou Dia D na discografia, Clarice nos arrebata com uma produção magnífica, etérea, como se estivéssemos viajando pelo espaço-tempo. Com sons de flauta como se tivessem sido retirados do álbum Utopia, de Björk, Dimensão inicia nossa jornada de forma inexplicável.
Seguindo, temos Fundo do Poço, uma faixa que explicita essa característica peculiar de Clarice de fazer música com tons sérios de uma forma cômica. Um instrumental que remete a trabalhos da PC Music — coisa que retorna mais tarde em outras faixas — e uma letra que descreve como ela decora o seu próprio fundo do poço; nada mais é necessário nessa faixa. Vale a pena escutar essa música, dar belas risadas e contemplar o vocal de Clarice, que nessa faixa, está fenomenal.
Chorar na Boate foi o primeiro single do álbum, lançado um mês antes do lançamento do álbum. Apesar da sonoridade similar ao álbum anterior, enxergo Truque como um álbum menos pessoal comparado ao anterior que tratava de assuntos como depressão, luto, etc. Mas, essa faixa em especial, parece ser retirada da mesma sessão de CDJ, do álbum anterior. Chorar na Boate é um pop animadinho, com uma produção oitentista muito interessante e que te faz dançar, mesmo que você não queira, remetendo à algumas canções do Daft Punk. Foi uma escolha muito interessante como primeiro vislumbre do que o álbum seria, mas, isso logo foi quebrado pelo próximo single e é a faixa que sucede Chorar na Boate, depois do interlúdio Quatro da Manhã, que mescla elementos do cotidiano da faixa anterior até escalonar em um piano melancólico contida em Ar da sua Graça.
Ar da Sua Graça é estupendamente linda. É uma balada delicada, com acordes que me lembraram — bizarramente, tenho dito — Numb, do Linkin Park. Ela encontra-se no mesmo espectro de Dimensão, narrando uma saudade deixada por alguém quem o eu lírico amou. Mais elementos são incrementados na produção, sem perder a delicadeza. É, sem dúvidas, um dos destaques do álbum.
(Clarice Falcão em imagem promocional para seu quarto álbum, Truque. Reprodução, ©Clarice Falcão.)
Voltando às letras cômicas, nós temos as faixas Podre e Eu Destruo, as quais bebem na fonte do synth-pop que deixa evidente a distância dos primeiros projetos da artista, e que honestamente, me agrada muito. O desenvolvimento artístico de Clarice é perceptível, desde a garota apaixonada em Monomania, a “depressão” de Tem Conserto até chegar no resultado correto de transtorno bipolar, o qual ela descobriu na pandemia e que resultou nas faixas desse álbum; os primeiros singles são exemplos disso. Podre tem efeitos que permeiam os ouvidos em uma cacofonia deliciosa, enquanto Eu Destruo facilmente poderia ser encontrada em Problema Meu, segundo álbum da artista, que para mim, funcionaria mais no violão enquanto ambas abraçam o synth-pop de forma que eu não consigo mais desvincular a artista desse gênero.
Todavia, é com Truque, a faixa-título, que isso se perde. Essa canção parece ter sido retirada dos primórdios da MPB, com uma produção rebuscadíssima — incrementando pianos, baterias e outros detalhes belíssimos enquanto a faixa progride — em um arranjo que parece ter sido retirado da Tropicália. É um grande destaque no álbum, ainda mais quando percebemos sobre o que se trata a música: tomar um bolo! A faixa desagua em um fade-out delicioso encerrando-a de forma memorável.
Ideia Merda retorna ao lado mais cômico, voltando ao estilo PC Music com distorções e barulhos tecnológicos, contrastando completamente com a faixa anterior. Isso é claro, no final da música onde uma cacofonia é introduzida de forma deliciosa e surpreendente, a qual você deseja ter sido apresentada antes e não só no final da canção.
Dizer Adeus é uma balada que me pegou bastante, para ser sincero. A letra é o ponto alto dessa música, onde Clarice canta, com maestria, para finalizar a faixa: “Eu não sei dizer adeus e eu não consigo estar feliz aqui.” É uma balada simples, mas delicada de forma que te chama atenção justamente simples, assim como Esvaziou, do seu último álbum. Relembrando Qualquer Negócio, do seu primeiro álbum, Clarice me surpreendeu de forma que eu jamais esperaria nessa faixa. Com cordas entrando no desfecho da canção, me fez refletir sobre muita coisa. E de fato, eu também não sei dizer adeus.
(Clarice Falcão revisita seu primeiro álbum, Monomania, em imagem promocional para seu quarto álbum, Truque. Reprodução, ©Clarice Falcão.)
Quero Acreditar também explora esse lado mais pessoal da lírica de Clarice, porém, ao contrário da faixa anterior, é disfarçada por um instrumental animado que me remeteu a Irônico, faixa do segundo álbum da cantora, e que facilmente poderia estar em alguma trilha sonora de filme ou novela da Globo. Adorei o segundo verso onde a cantora canta: “Cadê meu Buda? Bahá’u’lláh, Nossa Senhora, os Orixás?/ Ou Zaratrusta, ou Ganesha, ou Maomé, ou eu sei lá?“ até finalizar no refrão de novo onde a cantora quer acreditar em alguma coisa além de si mesma. Essa é uma das canções que mostra o trabalho de Lucas de Paiva como um produtor excepcional, fiquei fascinado com o instrumental dessa faixa, que na minha cabeça, tocaria no programa do Amaury Jr.
E quando eu pensei que não tinha como ficar melhor, Segunda Dimensão apareceu. A faixa retoma a lírica da primeira, em um instrumental mais etéreo AINDA e com certos elementos que me remeteram a um filme da Disney. Apesar de ser mais curta que a original — lê-se Dimensão —, essa faixa ainda tem poder suficiente para mostrar o porquê dela estar aqui e porquê dela finalizar o álbum de forma incrível e que me deixou com um gosto agridoce.
🎩 nota para a capa do álbum: 5/5.
Eu sou suspeito para falar em capas em preto e branco, pois eu amo demais e acho quase todas incríveis. Porém, além da estética P&B conquistar meu coração, os detalhes foram quem roubaram a cena para mim. O nome da artista escrito em rosa, a pose e a caracterização meio Audrey Hepburn, o nome das canções cortado ao lado — que por sinal, é o truque da capa! — me chamaram bastante atenção. Tem até um quase coração na capa, fofíssimo.
🎩 nota geral para o álbum: 4,5/5.
Eu me surpreendi positivamente com esse lançamento. Para ser sincero, pensei que a sonoridade de Tem Conserto — e do EP de regravações Eu me Lembro — não seriam repetidas na carreira da artista. E estou extremamente feliz que se repetiu! Truque é um álbum coeso, aborda temas sentimentais sem perder a essência que Clarice sempre trouxe em seus trabalhos, junto com as suas letras cômicas que eu, particularmente, adoro. É como se esse álbum juntasse todas as personalidades vistas em álbuns anteriores, e dessa vez, se mostrasse na sua melhor forma, como ela mesma diz em sua carta de anuncio do álbum em seu Instagram.
Lembrei-me de SHALALA, do Taeyong,que também essa característica de ser confuso e confiante na mesma dose, e eu acho que isso descreve muito bem o que Clarice quis passar nesse álbum. Tenho certeza que muitas músicas irão se manter comigo por muito tempo — Dimensão, Truque, Dizer Adeus, Ar da Sua Graça, Segunda Dimensão — e que outras, eu vou deixar como pérolas dentro de ostras, apreciando-as apenas quando ouvir o álbum inteiro novamente.
Mal posso esperar pelas apresentações ao vivo desse álbum e eu me vejo na obrigação de ver pelo menos um show dessa era incrível que está se iniciando.
E sobre o álbum visual, eu nem preciso dizer nada. Os clipes estão impecáveis!! Ar da sua Graça com peixes, Truque onde ela desfaz a maquiagem depois de ter sido largada pelo date, Dizer Adeus que traz uma estética meio Lady Gaga de 2010, Eu Destruo sendo um puzzle divertidíssimo de acompanhar... além de ficar reparando nos “truques” que a cantora deixou nos vídeos. Recomendo a todos assistirem — e escutarem — esse álbum visual incrível pois é um ótimo trabalho e recomendo demais as que tem estrelinha! Lembrando que isso aqui não passa da minha opinião!
🎩ranking individual das músicas:
⭐️ Dimensão (5/5)
⭐️ Dizer Adeus (5/5)
⭐️ Truque (5/5)
⭐️ Segunda Dimensão (5/5)
⭐️ Ar da Sua Graça (4,8/5)
Quero Acreditar (4,5/5)
Chorar na Boate (4,4/5)
Ideia Merda (4,2/5)
Fundo do Poço (4,2/5)
Podre (4/5)
Eu Destruo (4/5)
🎩apple music
🎩 spotify
🎩 confira a playlist do álbum visual no youtube!
6 notes
·
View notes
espelho meu 19
Um dos meus maiores vícios é a música. Já até deixou isso bem claro na minha bio.
Viciado em música, podcast, café e chocolate. — eu sou funf.
Gosto tanto de música que quando eu acordo já abro o Spotify pra colocar minhas músicas favoritas para tocar.
E na minha retrospectiva do ano de 2022, o Spotify diz que eu ouvi 213.047 mil minutos. Isso dá mais ou menos 10h de música por dia durante todo ano — talvez eu não esteja certo, sou de humanas.
E faz sentido esse número, eu acordo abrindo o Spotify, ficava o dia todo no trabalho ouvindo música. Quando saía para almoçar, colocava os fones de ouvidos e ficava ouvindo podcast e música. E quando chegava em casa, já ligava à Alexa.
Artistas mais tocados.
01. Aíla
Já era de se esperar, o EP Sentimental eu ouço diariamente desde que o descobri em novembro de 2021. E esse é meu companheiro que ouço quando estou bebendo em casa.
02. Urias
Quando Urias lançou o EP Fúria pt.1 eu me apaixonei mais ainda pelas suas músicas. E me encanta sua voz.
03. Clara Valverde
Era para a Clarinha estar em segundo. Ela lançou o álbum BURBURINHO em novembro e a contagem do Spotify já tinha terminado. Pois desde que ela lançou o álbum eu o ouço sem parar.
04. Lia Clark
Já ouço Lia há muito tempo, desde o seu primeiro single Trava Trava. Mas esse ano, quando ela lançou o EP Lia pt.1, eu a ouço com mais frequência. Sem falar também que esse é meu álbum favorito para dançar bêbado e limpar casa.
05. Clarice Falcão
Mesmo sem ter lançado álbum no ano de 2022. Gosto tanto das músicas da Clarice que nunca parei de escutar as mesmas músicas, as letras dela nunca me cansam e todo ano tem um significado diferente. Clarice é atemporal.
2 notes
·
View notes
funf (version)
Você tá pensando, no que eu tô pensando? Essa festa linda, com todo mundo apertadinho, suando junto. Não é o lugar perfeito pra chorar?
Essa é preu chorar na boate. Enquanto tiver o que chorar, enquanto tiver eu. Essa é preu chorar na boate. Enquanto tiver boate, enquanto tiver eu.
Com a Gabi, eu ia chegar na boate as 22h. Ficar loka de pinga, fumar uma caixa de paieiro. E quando cansar da boate, voltar pra casa e fazer um after.
Por que tá feliz? Por que tá tristinho? Por que tudo acaba? Inclusive a gente? Não custa nada, não gasta nada. Só chorar baixinho até secar.
Com a Aline, eu ia chegar na boate, misturar bebida até ficarmos loucas. Dançar e depois chorar até secar.
E se alguém, talvez você. Quiser chorar aqui também. É só chorar que ninguém vai te ver.
Com o Wenys, eu ia chegar na boate, ficar sentado bebendo e fumando. Quando o álcool ficar afeito, íamos dançar e depois procurar um lugar pra chorar e fumar.
Essa é preu chorar na boate (chorar na boate). Enquanto tiver o que chorar, enquanto tiver eu. Essa é preu chorar na boate (chorar na boate). Enquanto tiver boate, enquanto tiver eu.
Já com o Fernando. Íamos começar um esquenta em casa, depois de bêbados ir pra boate, beber até chorar. Voltar pra casa e acordar bebendo mais.
Sempre que ouço essa música, imagino um clipe onde estou chorando na boate com casa um deles.
1 note
·
View note