8. Miles
MILES - O momento em que o personagem percebeu que estava apaixonado
Miles conseguia ficar horas lendo livros que jovens da sua idade achariam entediantes e complexos, e por isso tinha facilidade em entender magia. Ao contrário de Zoe, que aprendia bem mais na prática, ele precisava aprender lendo os milhares de livros que haviam na Toca para poder usar seus poderes.
Sua concentração era muito boa em momentos críticos, mas ultimamente estava tendo dificuldade em terminar seus estudos por causa de alguns problemas com a Liga da Justiça Sombria. Constantine havia deixado um item muito poderoso cair nas mãos dos seus inimigos e toda a equipe tentava encontrar uma solução, sem sucesso. O que levava a grandes discussões entre os herói mais velhos.
As brigas e vozes alteradas de Zatanna e Bennett ecoavam pela sala de estar, mesmo longe do local, debaixo da escada, Miles ainda não conseguia terminar de ler o primeiro parágrafo do capítulo. Ele suspirou e fechou o livro, só então percebendo dois olhos azuis o encarando ao seu lado.
— Que susto, Zee! — ela deu uma risada com a reação dele.
— Vem comigo, quero te mostrar uma coisa — a jovem segurou sua mão e o puxou para fora da Toca, também pegando o livro que ele havia deixado no chão.
Eles andaram pela floresta ao redor da base, deixando o círculo de proteção criado por John e Zatanna para manter o local indetectável e seus inimigos longe. Isso o deixou um pouco inquieto, mas confiava que ela sabia o que estava fazendo.
Chegaram a uma enorme árvore no meio de uma clareira, nela havia uma belíssima e pequena casa na árvore. Havia uma escada de cordas que levava até o topo, e algumas luzes suaves penduradas ao redor da casinha.
— O que é isso? — ele se virou para a amiga, que parecia observar as reações dele.
— Você vive reclamando que não tem um lugar tranquilo pra estudar, então eu meio que construí um — ela apontou.
Miles ficou algum tempo encarando a construção, sem acreditar que ela havia feito tudo aquilo para ele, só para ajudá-lo a ter um ambiente tranquilo.
— Podemos subir? — ele não conteve o sorriso em seu rosto e ela assentiu, o puxando para o topo.
O lado de dentro era extremamente confortável e caseiro, mesmo que pequeno, só tendo espaço para no máximo quatro pessoas. Haviam algumas almofadas no chão, uma lanterna a óleo, alguns enfeites de espelhos e amuletos da sorte e uma foto dos dois presa em uma das paredes.
— O Andy me ajudou a encontrar a melhor árvores e a montar o piso, por isso parece bem seguro e melhor que o resto — Zoe deu uma risada nervosa. — Eu montei as paredes e o telhado, então não tá muito bom, fiz tudo no instinto.
— Está incrível, Zee! Eu não acredito que usou o seu tempo para fazer isso pra mim — ele se aproximou da foto deles e seu sorriso só cresceu.
— Ufa, ainda bem que gostou, eu teria que te jogar daqui de cima se não gostasse depois de eu passar dois meses escondida na floresta construindo isso — ela deu um soco leve no ombro dele. — Ah, e pedi pra minha mãe fazer um círculo de proteção aqui também, só para você não ser morto por monstros aleatórios.
Miles se sentou em uma das almofadas e aceitou o livro quando Zoe o estendeu em sua direção. Ele acendeu a chama da lanterna com um estalar de dedos e se aconchegou ali, ainda sem conseguir parar de sorrir.
— Agora que meu trabalho tá feito, vou deixar você sossegado — ela fez menção de passar pela porta, quando algo pareceu ficar claro na mente dele.
Miles não queria que ela o deixasse, a companhia dela era algo que apreciava desde que se conheceram. Ela foi a primeira pessoa que o tratou como um ser humano, que demonstrou se importar com ele. Era a única que o fazia sentir uma sensação quente e confortável no peito sempre que sorria, ou dava uma risada. No mundo sombrio onde eles viviam, ela era a luz que ele seguiria até o fim.
— Você pode ficar! — ele disse, sem esconder a ansiedade em sua voz e tentando controlar os batimentos agitados do seu coração. — Eu gosto quando você tá perto.
Zoe arregalou levemente os olhos, mas logo sua surpresa deu lugar a uma expressão brincalhona.
— Awwwn, você me ama e não sabe viver sem mim! — ela falou em um tom nada sério, porém ele não pode deixar de engasgar com o ar ao ouvir o comentário.
— Como você é modesta — ele rapidamente enfiou a cara em seu livro para esconder seu rosto corado, apenas sentindo ela se sentar ao seu lado depois de dar algumas risadas.
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