2º Domingo do Advento - Hora Média
Hino
Senhor poderoso, de imensa piedade,
Aceita a oferenda da nossa humildade.
Do céu e da terra potente Criador,
Só a Ti reconheço por Deus e Senhor.
Oh perdoe ao povo a tua piedade,
Senhor do universo e da eternidade.
Abre, claro Céu, tuas portas sublimes,
Chove-nos o Justo, com que nos redimes.
Entreabra-se a terra, e como uma flor
Brote lá de dentro o nosso Salvador.
Se o Domingo IV é o dia 24 de Dezembro.
Antífonas para o II Domingo, e caso o IV Domingo não seja 24/12, também para o IV
Ant. O anjo Gabriel anunciou a Maria, dizendo: Ave, ó cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois Vós entre as mulheres.
Salmo 22 (23)
O Bom Pastor
O Cordeiro será o seu Pastor,
e conduzi-los-á às fontes da água viva (Ap 7, 17).
1 O Senhor é meu pastor: nada me falta. *
2 Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes *
3 e reconforta a minha alma.
Ele me guia por sendas direitas, *
por amor do seu nome.
4 Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos, *
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo: †
o vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança.
5 Para mim preparais a mesa, *
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça *
e meu cálice transborda.
6 A bondade e a graça hão-de acompanhar-me, *
todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor, *
para todo o sempre.
Salmo 75 (76)
Acção de graças pela vitória
Verão descer o Filho do homem
sobre as nuvens do céu (Mt 24, 30).
I
2 Deus fez-Se conhecer em Judá, *
o seu nome é grande em Israel.
3 Em Jerusalém está o seu santuário, *
em Sião a sua morada.
4 Ali despedaçais as flechas do arco, *
escudos, espadas e todas as armas.
5 Vós resplandeceis glorioso, *
sobre montanhas de troféus.
6 Os valentes foram espoliados e caíram de sono, *
os guerreiros não puderam valer-se
da força dos seus braços.
7 Diante das vossas ameaças, ó Deus de Israel, *
estacaram carros e cavalos.
II
8 Sois temível: quem poderá resistir, *
quando se inflama a vossa ira?
9 Do alto do céu proclamastes a sentença; *
a terra assustou-se e ficou silenciosa,
10 quando Deus Se levantou para fazer justiça, *
para salvar os oprimidos da terra.
11 Até o homem irado Vos há-de glorificar *
e os que escaparem ao furor Vos hão-de festejar.
12 Fazei promessas ao Senhor vosso Deus e cumpri-as, *
todos os que O rodeiam tragam presentes ao Deus temível,
13 que abate o orgulho dos grandes *
e que é temido pelos reis da terra.
Ant. O anjo Gabriel anunciou a Maria, dizendo: Ave, ó cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois Vós entre as mulheres.
Leitura breve 1 Tes 3, 12-13
O Senhor vos faça crescer e abundar na caridade uns para com os outros e para com todos, como nós para convosco, a fim de que os vossos corações se conservem irrepreensíveis na santidade, diante de Deus, nosso Pai, no dia da vinda de Jesus, Nosso Senhor, com todos os seus Santos.
V. Lembrai-Vos de nós, Senhor, por amor do vosso povo
R. E visitai-nos com a vossa salvação.
Oração como nas Laudes.
Domingo II
Concedei, Deus omnipotente e misericordioso, que os cuidados deste mundo não sejam obstáculo para caminharmos generosamente ao encontro de Cristo, mas que a sabedoria do alto nos leve a participar do esplendor da sua glória. Por Nosso Senhor.
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Texto Longo
Poema (Harpa III – Ao Sol)
I
Tímida e bela e taciturna virgem
Pelos campos, na zona solitária,
Do mar no isolamento, lá do azul
Banhando a terra de uma lua argêntea,
Á matinada sobressalta e foge:
Chama aos seios o manto, os pés retira
Da terra e voa, descobrindo os bosques
Que estremecem, do monte a sombra arranca,
Toma à pressa os vestidos que vão soltos
E as grinaldas d'estrelas, fugitiva.
Roda o plaustro de um príncipe, os cavalos
Vêm novados nos vales do oriente;
Cobre os ares a poeira do caminho
Alva como o pó d’água; se arrepiam
No ninho as aves desatando o bico;
Brisa fresca e geral passa acordando
Os vegetais, o oceano; belas nuvens
De marinho coral, nuvens de pérola
Como a face de um lago os céus abriram;
Estende o colo o pássaro cantando
Por detrás da palmeira, qual pergunta
Aos pastores, ao gado apascentando
“Quem faz este rumor?” desliza o orvalho
Na flor, derrama o vento, o vento leva
Ondulações d’incenso; a natureza
Nas barras da manhã respira amores:
A noiva docemente bocejando
n’alva da noite da esperança longa
Embalada nos berços conjugais.
II
Sol! idéia de meu Deus, me aquenta
Gelada a fronte pálida, sulcada
Do ceticismo horrendo; sol, m’inspira
Um cântico de paz, que a musa afeita
Neste cantar selvagem, rude, aspérrimo,
Que o temporal da sorte ao peito ensina,
Como ao rochedo a vaga, ao monte o raio,
Como a torrente às sombras da espessura,
Duro golpe ao carvalho, ave enfezada
Jamais cantou de amor: abriu-me a boca
Esta sede eternal, que eu mesmo ignoro,
De um desejar ... que seca-me a existência,
Que minha alma lacera, como ao peso
Dum áfrico samum sem fim rolando!
III
Abre um lado da abóbada celeste,
Amostra o rosto, só, centoclo e belo,
Rege de lá seu mundo: apaga os círios
Do seu altar da noite; arrasta a nuvem
E embalança nos ares, sombreando
O vale do pastor e das boninas;
Encarna de mil cores o arvoredo;
Pousa um raio na pétala das flores
Como virgens abrindo alegremente;
Espalha almo chuveiro. Sol! ó sol,
Deus dos meus olhos, meu caminho franco
A unidade invisível, me suspende
Deste lodo da terra onde hei manchado
A alma de meu Deus! rios, montanhas,
Levantai minha voz; aves, favônios,
Não pergunteis que nasce de alegria
Em vosso seio que vos move os ecos:
Cantai, cantai de amor, subi louvores,
Batei as asas, penetrai os ventos:
É nosso pai! enchendo os nossos campos
Da terra de mil dons; as nossas veias,
Como do pensamento Deus nossa alma,
Banha de sangue e vida. A borboleta
Sobre as folhas dormindo, a água passando,
Á beira da corrente, a ti se eleva
Em turbilhões de luzes centelhando,
Deslaçando seus voos, que um raio fura
De cada vez que brilha, matizando
Do pó das asas d'íris; a velhice
Arrasta a ti seus passos; minha vista
Amo cobrir de lágrimas te olhando,
Falar contigo, consultar-te o que és:
Embora a minha voz nos teus fulgores
Tu percas desdenhoso, e não respondas.
IV
Quantas vezes passava a contemplar-te
Solitário no mar! sem pai nem mãe,
Teus raios ensopei com minhas lágrimas,
Que os teus raios secaram: então contigo
Somente e o mar, meu pensamento errava
Ante os meus olhos, mas sem ver abertos,
Nem despertava me roçando a fronte.
Amigos mendiguei, meu peito aos homens,
Meus braços, minha fronte, abri minha alma;
Como os homens vi rindo-me um momento!
Me odiavam depois, logo amanhã:
Outros buscava; mas, as mesmas ondas
Do mesmo oceano mentiroso e amargo;
Corri — terras em fora e passei mares,
Vi novos climas — sempre os mesmos homens!
Nem um só! ... nem um só achei que o nome
Santo de amigo merecesse ao menos!
Ah! se um ente nascera, que eu amasse
Deste amor todo que meu peito espaça!
Sublime erupção, nasceu minha alma!
Desde então, na descrença ressequido
Murchou, caiu meu coração, e os homens,
Que minh'alma tão rude calcinaram,
Nunca mais pude amar... vou solitário
Pelas praias sombrias da existência.
Às vezes recostado num penhasco,
A minha criação faço ideal:
Formo um coro de virgens de anos d'ontem
Nuas e puras; me rodeiam, cantam,
Eu adormeço ... mas, desperto, rujo!
Tu, deus imóvel, subalterno, seiva,
Despertador da terra, ergues meus sonhos,
Material hipérbole dos céus!
Mentira, ou não sei que vejo em sua frente
Que não entendo, e me repugna ... eu fujo
As minhas solidões, não posso amá-los:
Ah! se eu pudesse, bem feliz que eu fora!
— Mesmo de um Deus descri ... perdão, Senhor!
E mirrado na dor, pelos desertos
Buscava sombra: — as árvores murchavam,
Desfolhavam! da fronte que eu sustinha
Descansar pelo colo de seus troncos,
Tocar meus pés sua leiva! exposto ao clima,
O sol fendeu-me o dorso, como açoite
Da Providência, e amei p'ra sempre o sol.
V
Ó tu, dia primeiro, em que no espaço
A fogueira de ouro o sopro eterno
Acendeu: quando a terra estremecia
Em pasmo se revendo, e tudo em vozes
Naturalmente! Ó tu, dia vindouro,
Em que a mão, que a ergueu, desça apagá-la —
Que bela cena! quanto denso fumo
Não há de se exalar dentre os seus dedos,
Da tocha imensa no morrer! Quisera
Sentir ranger meus ossos, perturbar-me
Nessa emoção de horror! ver-te apagando,
Qual ver-te ao mundo, vindo, eu só quisera
Esses dois dias vida, entre eles morte.
Sol esplêndido e belo! deus visível!
Tu, corpo do meu Deus, queima o meu corpo;
Vá minh'alma à tua alma, ao Deus somente!
VI
Silêncio. Passa o vento em meus ouvidos,
“Emudece!” disseram-me: quem foi? ...
Rios, montanhas, íncolas do bosque,
Cegos nascemos, meus irmãos da morte,
Sem saber quem nós somos, onde vamos ...
Para cantar? ... Cantemos harmonias
Ao sol que se levanta do arvoredo,
Lá das terras de além, fruto d'estio:
Enchamos nossos olhos de seus raios,
Nosso peito de fé — Deus é mais longe
Análise
I
À imagem da “taciturna virgem” há o desenrolar de ações rápidas que se justapõem rapidamente. Percebemos, à primeira vista, uma imagem aparentemente confusa sobre o que está acontecendo e elencamos uma série de objetos e personagens com os quais tentamos estabelecer uma relação. Entremeada em uma sucessão quase cinematográfica de imagens sucessivas, a virgem empreende uma fuga. Sem sabermos mais sobre a personagem, nos deparamos com uma mistura de narração e descrição, onde algumas vezes nos são mostradas suas ações – “Toma à pressa os vestidos que vão soltos” – e outras, cenas – “[...] os cavalos/Vêm novados nos vales do oriente;/Cobre os ares a poeira do caminho/Alva como o pó d’água; se arrepiam/No ninho as aves desatando o bico;”. Com isso, podemos perceber a relação existente entre a virgem e o que nos é apresentado, como se sua fuga fosse responsável pelas cenas que, não ao acaso, surgem
II
De pronto nos é revelada a identidade da virgem, agora do ponto de vista de um interlocutor. Elevada à condição de Deus, a virgem nos mostra algo diferente. Na estrofe anterior, caracterizada por um poder imperceptível aos outros, agora aparece ao eu lírico com veemência. Diferente daquele que não percebe quem que arranca a sombra do monte, este interlocutor clama seu calor e mostra o Sol como essencial para ele. Aqui é iniciada uma caracterização do sol menos suave da que é construída na estrofe anterior, e até violenta. Ao que antes era descrito como uma “virgem que toma os vestidos e as grinaldas de estrelas”, agora é como uma “ave enfezada que disfere duros golpes ao carvalho”. Consciente dessa força, o eu lírico anseia por uma ação desse Deus como o raio faz ao monte, a fim de que seu ceticismo tenha fim. Ele se encontra em uma dicotomia entre o ceticismo e o reconhecimento do poder do sol.
III
O sol continua com seu status de deus. Na maior parte da estrofe, é descrito pelo eu lírico de modo semelhante ao que acontece na primeira, pela voz do narrador. Diferentemente da primeira estrofe, no entanto, a virgem-sol não desce mais, mas rege seu mundo do céu. A metaforização da violência solar se esvai por um momento e o mesmo de um cantar rude e aspérrimo é capaz de pousar sob a pétala das flores que se alegram ao receber tal bonança. O eu lírico se coloca na posição subalterna e pede que o Sol o liberte daquele lugar em que o profanou. Como aconselhando outros a não profanarem o Sol, diz que não se deve nem mesmo perguntar o motivo de estarem alegres, pois obviamente é este deus, “nosso pai”, o responsável.
O poeta dedica bastante essa estrofe a louvar o sol por ser tão bom e poderoso, e até mesmo cobrir sua vista de lágrimas (talvez de dor, pelo ato literal de olhar o Sol) é algo que ele ama fazer, apenas pela possibilidade de falar com ele. De repente o tom do poema muda e o louvor parece um resmungar, por não dar resposta nenhuma, o Sol.
IV
Numa retomada temporal psicológica, o eu lírico traz à tona a lembrança de sua solidão em mar aberto, quando só tinha como companhia o mar e o sol, mas ainda não percebia o poder desse. Em meio a essa solidão, ele buscou entre outros homens saciá-la, mas sem sucesso, por não encontrar valor em nenhum deles que pudesse chamar amigo. Depois desse fracasso, há um romper caracterizado pelo destaque de um verso em meio aos outros. “Sublime erupção, nasceu minha alma!”. A partir daí o eu lírico passa por um processo que marca a transição entre dois modus operandi. Ele é tomado de uma melancolia mais acentuada em que afirma percorrer uma existência solitária por ter desistido dos homens. Se esgueira por pensamentos imaginativos onde não há mais solidão, a situação perfeita onde poderia escapar dela, fracassadamente, pois é despertado.
O Sol, deus imóvel, o faz lembrar que são apenas sonhos, e ele o vê com estranheza, que o repugna. É nesse estado em que culpa por sentir repugnância e não poder amar o que vê frente ao sol. E com culpa, pede perdão por blasfemar. Apesar de buscar sombra, não foi capaz de escapar da onipresença solar. O sol fendeu-lhe o dorso, como açoite/Da Providência, e amou p'ra sempre o sol.
V
Como que desviando de assunto, o eu lírico volta a louvar o sol. Descreve o dia primeiro em que o sol dá seu sopro (à semelhança do sopro da vida bíblico), e, a partir disso, a terra pode se enxergar, examinar sua existência, e, em seguida, o dia que há de vir, em que que o sol se apagará. O eu lírico celebra, especialmente, o dia vindouro. Em suas palavras, o poeta deixa facilmente perceptível o alívio que esse sentirá com a morte. Aqui, mais uma vez, o tom do poema muda. Do mesmo jeito que antes louvava o poder solar, agora dá enfoque ao fim de seu corpo. Fica claro que a percepção do eu lírico muda, pois antes falava do “Sol! ó sol,/Deus dos meus olhos, meu caminho franco/A unidade invisível”, e agora se refere ao “Sol esplêndido e belo! deus visível!” Esse contraste invisível/visível nos mostra uma dualidade solar, percebida ao longo do poema, entre deus doce e amável e deus temível.
VI
Aqui está consumada a descrença do eu lírico. Aparentemente perdido em seus pensamentos, ele é representado mais avesso ao que parece ter que perceber. Está, como diz, em silêncio. Escuta apenas o vento, que é cortado por um dizer, que não sabe de quem veio, pedindo que se emudeça. Seus pensamentos aparecem caracterizados por um uso maior de reticências e indagações profundas, filosóficas. “Para cantar?...”, pergunta a si mesmo, como se estivesse avesso à realidade. Mais uma vez, mas não realmente convencido disso, aconselha que “Cantemos harmonias/Ao sol que se levanta do arvoredo”. Aqui, o cansaço é marcado por representações do ser sol com menos potência, menos alegorias. Fé, é o que resta. Não há como lutar contra o que é deus.
I – INTRODUÇÃO
Tópicos:
· Apresentação geral da proposta
o Tema geral e subtemas
o Hipótese?
· Abordar características dos poemas do romantismo em detrimento dos poemas de Sousândrade
o Autores e textos a serem comparados
Amo cobrir de lágrimas te olhando,
Falar contigo, consultar-te o que és:
Embora a minha voz nos teus fulgores
Tu percas desdenhoso, e não respondas.
Harpa III – Ao Sol.
A representação da consciência na obra literária, a partir do final do século XIX, tornou-se questão fundamental e característica indiscutível entre os autores, que viam como necessidade a representação dos personagens com uma complexidade maior, sendo uma melhor representação do ser humano ponto central de uma boa produção. Para se alcançar essa representatividade, os autores desenvolveram diversas técnicas a fim de captar a psique humana, como é o caso do fluxo de consciência, iniciado por Édouard Dujardin em Les Lauriers sont Coupés (1888) e levado ao limite com James Joyce em Ulysses (1922). Segundo a tradição, no Brasil, essa preocupação se inicia juntamente com a ascensão das ideias do modernismo, no século XX, em que os autores tentavam quebrar com a estética do romantismo, principalmente com o conceito de obra que vinha sendo construído desde o renascentismo com delimitações rígidas e baseadas em padrões limitantes, o que inviabilizava a construção de uma literatura de identidade especificamente brasileira. A literatura agora, ao invés de apenas emular uma forma dissociada do ser humano, deveria estar associada à práxis vital, onde arte e vida estão intrinsecamente relacionadas na produção artística.
A vontade de dissocia��ão entre a arte europeia e a nacional era tamanha que tentava se dar em todos os aspectos literários possíveis. [Aumentar]
Algo notável é que muitas dessas características estão presentes nas obras de Joaquim de Souza Andrade, conhecido por Sousândrade, que de maneira totalmente divergente de seus contemporâneos também inovou no campo literário. [Biografia do poeta]
Essa inovação ocorre em todos os níveis descritivos da língua, a saber, o nível fonético-fonológico, o nível sintático e o nível morfológico, o que será melhor abordado no capítulo ?. [ls1] Já é consenso entre os estudiosos que Sousândrade foi um ponto fora da curva em sua época, “o antropófago do romantismo” (Edgarg Cavalheiro, 1957), “O terremoto clandestino” (Augusto e Haroldo de Campos, 1964), “O precursor do modernismo” (Tobias Pinheiro, 1977), para citar alguns.
Esta monografia será um trabalho de análise dos poemas [AO SOL, ...] da primeira obra publicada do poeta maranhense, Harpas Selvagens, de 1863. Ela consistirá em demonstrar, a partir do texto, como é feita a construção do eu lírico em sua obra, observando a representação da consciência, e como o autor a forma a partir da manipulação da linguagem. Buscarei relacionar sua escrita com a de poetas românticos e modernistas, a fim de evidenciar, justificar e reforçar a ideia de precursor atribuída à Sousândrade.
II – DESENVOLVIMENTO
1. Consciência (II)
Tópicos:
· Falar sobre a ideia inicial de James William
· Demonstrar como isso foi incorporado à literatura a partir do Humphrey
· Abordar a complexificação do personagem no modernismo
· Analisar isso dentro do poema
Bibliografia:
· William James, princípios de psicologia – Apresentação do conceito e campo de aplicação inicial
· HUMPHREY, Robert. O Fluxo da consciência – Contextualização do termo e inserção na literatura.
· VALERY, Paul. Poesia e Pensamento Abstrato – Sobre a tomada de consciência do estado poético, do trabalho poético e da mudança de estado das coisas.
No capítulo anterior, abordei brevemente como a ideia de consciência começou a se fazer importante dentro da literatura no período do modernismo. Agora trabalharei com essa ideia mais especificamente, desde o nascimento do conceito, na psicologia, até como isso foi incorporado na literatura. Percorreremos este caminho para entendermos melhor em que ponto o assunto tange a esfera literária e qual importância ele assume com o passar do tempo.
[Colocar outros pontos]
Na segunda estrofe do poema “Ao Sol”, vemos um eu lírico que tem consciência do que é o deus que o cerca, diferentemente de outros seres descritos na anterior. Na contraposição de versos entre elas, podemos perceber isso de forma clara. Enquanto um desses seres pergunta “quem faz este rumor?”, o eu lírico se dirige ao deus, clamando, quase em desespero, por inspiração “Como a torrente às sombras da espessura”.
Esta é a primeira vez em que é explicitada a relação entre o eu lírico e o Sol, e, no decorrer das estrofes seguintes, essa relação vai se desenvolvendo (mesmo que unilateralmente). Apesar de o poema falar sobre um homem pedindo auxílio ao deus, para que este o ajude a sair de seu ceticismo, é criado, por meio de metáforas, um campo imagético em que se pode perceber uma representação de processos mentais onde o eu lírico está em conflito consigo mesmo. Podemos perceber que ele está ansioso e, por isso, pede ajuda. Isso pode ser notado na súplica ao deus de que acabe com seu ceticismo, caracterizado como “horrendo”, o que demonstra que o eu lírico tem uma individualidade que não quer aceitar, que deseja ser apaziguada por um “cântico de paz”. Por isso ser algo bastante pessoal do ser humano, vemos o primeiro rastro de preocupação com a representação da complexidade humana. O importante a ser observado, no entanto, apesar de a imagem poética nos colocar frente a uma relação homem-deus, é a relação homem-homem, que acontece, além da representação dentro do texto, na relação entre o texto e o leitor. O eu lírico só é percebido como ansioso diante dessa situação porque um outro, no caso o leitor, o percebe assim. Sobre essa percepção, iremos abordar no capítulo posterior.
2. Palavra-pensamento (VI)
Tópicos:
· Conceitualizar a ideia de pensamento, abordando conceitos de senso comum e filosóficos
· Contextualizar a fenomenologia husserliana
o Como surgiu
o O que significa
o Em que se baseia
· Contextualizar a relação percebida entre literatura e pensamento
· Relacionar literatura e fenomenologia
· Abordar a relação pensamento-poesia
· Abordar metalinguagem x linguagem objeto
· Falar sobre a relação leitor-texto
· Analisar como é construído o pensamento do eu lírico no poema
Bibliografia:
· PUCHEU, Alberto. A carne crua modo poético do pensamento – Sobre como se estabelece a relação entre poesia e pensamento
· SEARLE, John R. Mente, Linguagem e Sociedade – Sobre as ideias de senso comum, como a linguagem e o pensamento se relacionam, não necessariamente na esfera literária
· HUSSERL, Edmund. A Idéia da Fenomenologia – Sobre a filosofia. Observar especialmente a relação com o pensamento.
· SILVEIRA, Ronie; PERGHER, Giovani e GRASSI-OLIVEIRA; Rodrigo. Linguagem e Pensamento (ideia geral)
· PIGNATARI, Décio. O Que é Comunicação Poética – sobre a influência da linguagem do objeto na construção do pensamento.
[Conceitualizar a ideia de pensamento]
O pensamento com o qual lidamos no dia a dia está pautado, na maioria das vezes, no senso comum e em alguns outros métodos científicos desenvolvidos a partir do iluminismo, como o dedutivo, o indutivo, o dialético. O método fenomenológico nos apresenta uma ótica de percepção das coisas de maneira um pouco diferente da qual estamos acostumados, mas que se relaciona muito bem com o estudo literário. Por se basear na experiencia perceptual do homem com o mundo, sem tentar desvencilhá-lo, nos permite analisar a literatura sem qualquer tentativa de torná-la objeto imutável, o que nos permite explorar a relação da obra com o autor e com o leitor.
[Contextualizar a fenomenologia husserliana]
[Contextualizar a relação percebida entre literatura e pensamento]
Ao considerarmos o pensamento fenomenológico, assim como a relação entre texto e leitor é imprescindível, percebemos a importância da relação entre o eu lírico e o espaço em que está inserido. Direcionando a atenção a isso, podemos perceber que o autor estabelece relações metafóricas que constantemente se ligam àquilo que constrói como espaço. As metáforas empregadas estão sempre dentro de um campo visual construído a partir da experiência do eu lírico e da sua relação com seus pensamentos e percepções do que o cerca. A partir da relação estabelecida entre ele e o deus sol, torna-se possível uma construção de personalidade e não outra, em que, por exemplo, o eu lírico pode aconselhar seus “irmãos da morte”, a cantarem harmonias, que só são irmãos e só são da morte porque o personagem os apreende em sua consciência desta maneira.
3. Temporalidade (IV)
Tópicos:
· Demonstrar como é representado o tempo dentro de uma representação artística, acentuando a diferença entre este e os outros tipos de tempo
· Relação da consciência e do pensamento com a temporalidade
· Falar sobre o fluxo de consciência e monólogo interior
· Discutir a relação entre semiótica e literatura, relacionando esse assunto com as ideias trabalhadas até aqui de pensamento e consciência
· Analisar o poema a fim de demonstrar essa relação
· Demonstrar a existência de um tempo característico da narrativa poética sousandradina.
Bibliografia:
· HUSSERL, Edmund. Lições para uma Fenomenologia da Consciência Interna do Tempo
· BARTHES, Rolland. Crítica e verdade
· HEIDEGGER, Martin - Ser e tempo - parte 1
· NUNES, Benedito. O tempo na Narrativa – Sobre os diferentes tipos de tempo e como eles se manifestam na narrativa
· PIGNATARI, Décio. Semiótica & Literatura – Sobre a relação entre semiótica e literatura e como é possível que, a partir daí, seja criado um tempo outro.
· RICOEUR, Paul. Tempo e Narrativa
· TSVETAIEVA, Marina. O poeta e o tempo
Benedito Nunes (1988, p. 15) nos diz que “A narrativa abre-nos, a partir do tempo que toca à realidade, um outro que dela se desprende”. Podemos estender isso para o todo o campo artístico, visto que se relaciona frequentemente com a realidade. O que significa, porém, dizer que o tempo da arte nos abre um tempo outro? No segundo capítulo de “O tempo na narrativa”, Benedito nos ajuda a compreender melhor a noção que temos do tempo a partir de uma classificação: o divide entre tempo físico, psicológico, histórico, cronológico e linguístico, cada um com suas características acerca de sua maneira de existir. Cabe aqui, então, tentarmos, a partir dessas ideias e da análise do poema de Sousândrade, identificarmos com base em que tempo a obra é construída.
[Falar sobre a evolução do romance, entre o romantismo e o modernismo]
O romance psicológico surge, por tanto, da mesma necessidade de se representar a complexidade humana da qual partiu o modernismo. Ele representa uma ruptura na forma de pensamento na virada do século XIX em vários campos de estudo. Assim como no modernismo foi estabelecida uma ruptura com as formas tradicionais a fim ser possível uma maior aproximação com a experiência humana, na psicologia William James “desvanece a apreensão considerada neutra da realidade” (E-dicionário, romance psicológico). Cria então o termo, que foi incorporado mais tarde na literatura, “fluxo de consciência”, e estabelece a ideia de que a realidade está relacionada diretamente ao que o sujeito interpreta. Na filosofia, Bergson determina como durée o “tempo subjectivo vivenciado pela personagem” (E-dicionário, romance psicológico), na sua obra Ensaio Sobre os Dados Imediatos da Consciência (1927), quando “[...] exorta os romancistas à reflexão sobre as contradições da condição humana.” (E-dicionário, romance psicológico)[ls2] e Husserl desenvolve suas obras acerca da fenomenologia, que, como vimos, apresenta como indissociáveis os objetos da experiência perceptual humana.
[falar sobre o tempo psicológico]
Apesar dessa forma de pensamento começar a ser amplamente desenvolvida entre o final do século XIX e o começo do XX, há características dessa tentativa de interiorização marcada pela temporalidade em Sousândrade.
[falar da relação entre tempo e poesia (parataxe, semiótica)]
Na quarta estrofe do poema “Ao Sol”, podemos perceber uma retomada temporal psicológica em relação à estrofe anterior, em que até este momento, o eu lírico seguia uma perspectiva temporal em que não havia anacronias (explicar). É a primeira vez em que o personagem fala do passado, e não é de maneira cronológica. Não há tempo cronológico, pois ele alterna entre acontecimentos e pensamentos sem necessariamente uma relação de tempo físico entre eles, mas psicológico, perceptível a partir do estabelecimento de momentos definidos e sequenciais, como diz Nunes (1988).
III – CONCLUSÃO
Ainda falta:
1. Definir autores e obras com os quais comparar Sousândrade
Perguntas:
1. Quais cuidados devo tomar na transposição das ideias desenvolvidas sobre a narrativa para a poesia?
2. Pedir ajuda com interpretação e análise de poemas.
3. Eu lírico X personagem
4. Material para estudar modernismo.
5. Material para estudar a relação leitor-texto.
[ls1]Ainda estou em dúvida se seria uma boa ideia usar um capítulo para abordar isso. Imagino ser melhor usar como parte de um capítulo para justificar coisas específicas.
[ls2]Ler e reescrever
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