Tumgik
only-words-from-me · 5 years
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Parte Oito
Fraqueza
Seria muito bom ser invulnerável, mas, para o bem ou para o mal, somos mais frágeis do que teto de vidro.
Sugestão musical: Sober - Demi Lovato
São tantas as dores no peito que nem sei por onde começar. Eu só cansei de lutar e me esconder... de mim mesma.    
               Inclusive, já passou tanto tempo que não escrevo este projeto que nem sei se ainda conseguirei digitar algo, mas vamos lá...
               Então... Hoje eu estava ouvindo Sober da Demi Lovato, que é uma das minhas cantoras favoritas, e comecei a - mais uma vez - me sentir profundamente mexida com aquela música tão intimista e frágil. E foi durante esses três minutos e dezoito segundos que eu notei quantas barreiras eu ergui ao meu redor e quão mal fez a mim mesma.
               O que quero dizer é: a todo instante eu tento ser forte, tento não chorar, tento não sentir tantas coisas que abalam meu ser, mas no fim, o oceano de emoções que vou tentando conter supera todas as barragens que construí e, por fim, invadem e inundam todo o espaço que meu ser possui. Eu fico muito mais do que sem ar, sufocada. Eu nunca sei o que fazer nessas horas e muito menos a quem recorrer, mas com o tempo a gente aprende que chorar é tão normal quanto sorrir e que se temos dificuldades que não conseguimos resolver sozinhos, não é feio ou vergonhoso recorrer a ajudas externas. Eu sei que há muitas feridas dentro de mim... algumas são cicatrizes que olho e reconheço a vitória que tive, outras insisto em revisitar e cutucar, às vezes me ferindo mais do que na época em que foi feita, pois parece que assim como o vinho fica melhor com o tempo, aquela dor fica mais forte também. É complicado se reconhecer tão vulnerável quando todos ao seu redor elogiam sua coragem e força, eu acabei acreditando tanto nisso que pensei não ser mais fraca, mas força não é invulnerabilidade.
               Assumir determinadas dores e lidar com elas, buscando minha cura seja com ajuda ou sozinha não é uma tarefa fácil. A magia me ajuda muito, mas não é ela que resolve, quem resolve cada uma das dores e traumas sou eu mesma. Eu não posso deitar sobre campos de lavanda esperando que elas me purifiquem sendo que eu não estou aberta a deixar aquela dor ir embora, a encarar aquela dor para que aí a cura aconteça. Tenho muito medo de fazer isso e me perder na dor de novo, como quem entra num campo de espinheiros negros sem saber se encontrará uma saída. Magia é poder e esse poder só se ganha e se desenvolve conforme nos conhecemos, para isso passamos por bons e maus momentos... para aprender sobre nós mesmos. Posso parecer uma grande bruxa para muitos e aos meus próprios olhos eu não passar de uma iniciante inexperiente ou uma praticante extremamente falha.
               Eu me perdi num caminho em que não sei se é de extrema luz que acabou por me cegar ou se é uma escuridão (quase) absoluta que engole a minha visão. Eu me sinto sozinha boa parte do tempo e nem mesmo quando estou com aqueles que tanto amo me sinto ali. Há momentos em que a solidão é tudo o que sinto, assim como chega um ponto em que sorrir não resolve mais nada. E é quando, na maioria das vezes, esqueço de pedir ajuda. De gritar por socorro. Mas há vezes... há vezes em que simplesmente prefiro me isolar e ficar ali. Eu agradeço por cada um que me ajudou e peço também desculpas. Acho que chegou num ponto em que a jornada me leva por um caminho que somente eu poderei ir.
               Até que ponto as feridas atingem a gente e não percebemos que nossa fraqueza não é aquilo que nos resume? Elas fazem parte de quem somos, mas existem para nos lembrar que se há fraqueza, há força, poder, para superá-las. Dói. É um processo que ninguém quer passar, ninguém quer parecer fraco e chorar, ninguém quer se integrar com seus sentimentos. E é aí que elas vêm... depressão, ansiedade, auto sabotagem, autodepreciação, solidão. Essas e muitas outras são manifestações de momentos que impactaram tanto a minha vida que pensei nunca ser capaz de superá-las.
               Eu tive que aprender, boa parte da jornada sozinha, que fraqueza não é tudo o que sou e muito do que acreditei ser fraqueza pelo dizer alheio, na verdade é a minha força. Ainda tem um longo caminho de recuperação para mim, mas não quero voltar atrás e nem parar por definitivo. A recuperação não será total, não tem como voltar a ser o que fui depois de tanta coisa, mas quero acreditar que serei algo melhor. Mas para isso tenho que aprender a me respeitar, tenho que aprender a me amar, tenho que saber que haverão dias em que irei sorrir e em outros chorar, haverão momentos em que desejarei desistir e outros em que com garra não pararei de lutar.
               Eu tenho que aprender a honrar minhas emoções. Pois honrar elas é honrar a mim mesma.
               E só conforme eu trilho esse caminho solo irei conquistar aquilo que me tomaram e que é meu por direito. Aquilo que é tanto a minha força e fraqueza e que ninguém poderá me ajudar a chegar até ela, pois a jornada é só minha, com bênçãos e maldições, ela é minha. É muito mais do que a busca por empoderamento, ela - aos meus olhos - vai além, pois é isso e muito mais. Um dia chego até lá para recuperá-la...
               Minha própria Soberania.
               Até lá tudo o que desejo e espero é que eu mesma me perdoe por não me permitir ser fraca, por não me permitir ser totalmente eu. Por me deixar ser ferida repetida vezes quando podia ter me protegido.
               Por agora, só quero me desculpar a mim mesma.
Kahleen Ariel Ribeiro - March 16th, 2019
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Parte Sete
Saudade
 É como uma pedra tirada do lugar, um sorriso apagado à borracha, um pensamento que não te abandona e volta e meia te cerca com um abraço
Sugestão musical: Te Vi Na Rua Ontem - Konai
 Parece que o seu fantasma não vai embora, sempre pelos cantos me lembrando de que um dia esteve aqui.
               Eu já escrevi poesias, textos, tive sonhos e até devaneios... Você sempre está neles. Em todo lugar sua marca me faz lembrar da saudade que sinto de quando estivemos juntos. A saudade é assim, um doce veneno que na dose errada vai corrompendo você de dentro para fora.
               É normal sentirmos saudade sim, contudo é uma forma nostálgica de se lembrar de um tempo que já passou. Aqui agora a saudade que sinto é como o veneno silencioso e impercept��vel que passei por dentro do meu corpo. Admito que ainda não consegui te esquecer e acredito que não conseguirei, quando tento parece que algo me puxa para trás. Me puxa de volta para você, mesmo que você não perceba. Mesmo que você não seja puxado para mim, mesmo que você não pense em mim como penso em você.
               Eu sinto muito a sua falta e o pior de tudo isso é que você nem tem consciência disso. Não sabe como sinto falta da sensação de ter seus braços em torno de mim, como um abrigo. Do seu hálito quente e arrastado na minha nuca, do seu calor que esquentava o meu corpo naquele dia fechado. Sinto saudades de vê-lo sorrir, me apertar, me beijar e até mesmo me acomodar em seu peito largo.
               Eu queria mais um dia, mais um tempo, mais um segundo.
               Mas sei que isso não é possível. Pelo menos não agora.
               A saudade que sinto de você tem vezes que é branda outras vezes sufocante, algumas parece até uma adaga em brasa enfiada no meu peito, sobre o coração. Tem dias que sua imagem não passa pela minha mente, em contrapartida há dias em que ela é tudo o que consigo ver... seja de olhos abertos ou fechados.
               Não sei se há uma ferida aberta, talvez tenha... Talvez seja apenas uma cicatriz e eu olhe para ela de forma a recordar tudo o que vivemos naquele curto espaço de tempo, com todos os tropeços, encontros e desencontros. Queria que você fosse meu, mas não sei se há um nós lá na frente e até prefiro não pensar disso, preferindo deixar acontecer e te deixar livre para viver. Como o amor que tenho que por ti é genuíno, prefiro que parta em sua jornada e se for de seu desejo voltar para mim um dia, estarei aqui para lembrá-lo de que sempre senti saudades de você e estive a espera-lo (mas não sem deixar de viver minha vida).
               Não te ter por perto pode até me causar dor, mas sei que com ela aprenderei. Pois sei que se tentar estar com você de novo será como fincar lâminas no meu peito, uma vez que ambos não estamos prontos para estarmos juntos. Te olharei de longe enquanto isso, para me certificar de que está caminhando bem. Mas a saudade no meu peito sempre irá clamar para perto de você eu correr sem pensar.
Sinceramente e com um coração dolorido de amor.
Kahleen Ariel Ribeiro – December 29th, 2017
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Parte Seis
Compaixão
 É complicado compreender o seu próximo ou isso é apenas egoísmo da nossa parte?
Sugestão musical: Imagine – Glee version (ou a original do John Lennon, ou da Colbie Talbot)
 Hoje em dia são poucos os que estão em sintonia com o seu coração.
               Digo isso por que recentemente tenho passado por situações que me puseram em cheque. Momentos em que eu pude analisar com a mente afastada dos conflitos humanos como a cada dia o próprio ser humano se afasta daquilo que é mais precioso. Suas emoções.
               Eu visitei minha bisavó no hospital quarta-feira, 16 de novembro, porque eu descobri através do meu avô paterno, filho dela, que ela tinha quebrado o fêmur em cinco partes e estava internada. Meu coração se apertou na mesma hora. Eu amo minha bisavó de uma forma tão simples e pura que saber isso me deixou muito sensível. Não tirei aquilo da cabeça até o dia em que fui vê-la e seu estado não era apenas o de quem havia quebrado algum osso e feito uma cirurgia, era algo de quem estava na corda bamba entre a vida e morte.
               Eu não fui sozinho para ala do CTI. Minha avó materna me acompanhou porque ela também queria vê-la e saber como a bisa estava. Eu não consegui chorar na hora. Não consegui pensar e muito menos saber o que dizer. As palavras não estavam presas na garganta pelo simples motivo de que eu não tinha nenhuma para dizer. Eu apenas sentia como aquela senhora que tanto se dedicou a ajudar muitas pessoas, que fazia festa todo dia das crianças, que me acalmou na infância com um calendário de pintinhos, agora estava dormindo num leito de hospital.
               Comecei a pensar em como o ser humano se tornou tão superficial, de modo que só sabe demonstrar suas verdadeiras emoções quando chega em algum momento súbito. Ver que ninguém mais pergunta se está tudo bem com outra pessoa querendo realmente saber se está tudo bem. Inclusive, quando a outra pessoa responde um “não” ou “mais ou menos”, a primeira fica quase sem saber como prosseguir com o assunto, às vezes chega a perguntar o motivo, outras vezes desvia o assunto com outro. Lamentável ver que a conexão com o próximo é feita por poucas pessoas hoje em dia.
               Compaixão não é algo estranho e, muito menos, complicado. É bem simples. Ser compassivo é se imaginar na mesma situação que aquela pessoa e descobrir como você se sente, para que então você possa – talvez – entender como ela se sente. É saber que ela tem tanto direito de estar sentindo determinada coisa quanto você.
               Nesses momentos é que devemos agir de boa-fé, oferecendo um ombro para que ela derrame seus prantos e possa se acalmar. O problema é que as pessoas com o passar do tempo começaram a se distanciar de seus corações, lugar este onde habitam nossos sentimentos. Com esse distanciamento, muitos tiveram a impressão de ter um coração endurecido, o famoso “coração de pedra”, mas como todo músculo que possuímos, podemos nos conectar e exercitar ele para que entremos em sintonia com o que nos aproxima do verdadeiro significado da vida.
               Como disse antes, o coração é a morada dos sentimentos. Muitos devem se perguntar “como” ou “por quê” e eu tenho uma certa explicação, mesmo que alguns não vejam sentido ou não acreditem. Na cultura hindu, existe uma coisa chamada chakra (ou chacra), originária do sânscrito que significa “roda”, esses chakras existem muitos no nosso corpo, porém há sete maiores que são responsáveis por certos aspectos da nossa vida. O quarto chakra é Anahata, também conhecido como chakra cardíaco, ele é responsável pelos sentimentos e a sua localização, como já devem ter imaginado é no coração. Anahata significa “Inviolado”, “Invicto”, porque o Amor é todas essas coisas.
               Quando não estamos ligados ao nosso Anahata, ficamos mais insensíveis, distantes e com complicações no lado emocional. Eu sei que estou profundamente ligado ao meu, mas vejo muitos com problemas tão simples de serem solucionados se deixarem suas emoções fluírem. Acreditando ou não em chacras, todos temos capacidade de ter compaixão por alguém, de se conectar verdadeiramente sem querer nada em troca. Mas a sociedade tem se tornado individualista e mercadora, sempre querendo algo em troca seja pelo o que for. Poucos são os que valorizam o lado não material da vida e se abrem para o lado mais natural, espiritual e místico.
               Eu queria que a minha bisavó ficasse comigo aqui, mas sei que não posso ser egoísta a ponto de pôr os meus sentimentos na frente do que é melhor para ela nesse momento. Sei que se ela tiver que partir em breve, eu vou estar preparado. Sei que para ela nesse momento de tanta luta e fé, nossa vontade egoísta não é o importa, e sim, nossa compreensão de que o tiver que ser será. É difícil deixar alguém partir? Claro que é. Viver com alguém na sua vida e um dia você ter que lidar com sua morte é algo muito complicado, mas só vamos nos prejudicar se deixarmos a saudade excessiva nos tomar conta.
               Sei que falei muito de coisas que podem ter a ver com perda e tudo mais, mas eu precisava desabafar. Precisava dizer o que eu tenho visto e sentido e o que o resultado me faz pensar. O ser humano precisa entender que as emoções não precisam e não têm como ser explicadas, até porque foram feitas para serem sentidas como já é óbvio. Então, pare de tender entender porque o seu próximo fez o que fez e tente se colocar no lugar dele, veja o que você faria no lugar dele e tente desvendar o que ele está sentindo.
               Quanto mais rápido o mundo começar a mergulhar na compaixão, mais rápido poderemos resolver os conflitos aos quais tentamos achar solução.
  Kahleen Ariel Ribeiro – November 20th, 2016.
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Parte Cinco
Desespero
A sensação de estar perto de se afogar num mar dos próprios sentimentos é assustadora
Sugestão musical: Clean – Taylor Swift
Eu só sei que estou cada vez indo mais fundo.
              Acho que só senti desespero uma vez na minha vida até hoje. Foi quando eu perdi meu primeiro namorado... Eu sei, você deve estar pensando “Nossa, que palhaçada. Chorando porque levou um pé na bunda”, mas antes fosse isso. Doeria bem menos do que ter que encarar a realidade da morte dele.
              Eu lembro de quando ouvi o pai dele me dizendo pelo telefone que ele havia falecido, lembro também de como senti uma dor no peito tão forte que parecia que eu ia morrer, isso era uma 1h30 da manhã, exatos quinze minutos antes do pai dele me ligar avisando o trágico acontecimento que ocorreu no mesmo horário da minha dor. Acredite se quiser. Eu sei que o que aconteceu foi a sensação que se tem quando sua alma-gêmea parte te deixando para trás. Eu estava na casa da minha melhor amiga para passar a noite lá com ela, a irmã e mais uma amiga nossa.
              Todas não acreditaram.
              Todas me acolheram, principalmente a garota que foi minha primeira paixonite. Os olhos verdes dela sentiam a minha dor, sabia que eu não conseguiria passar por aquilo sozinho.
              Naquela noite dormi chorando.
              Agora estou aqui escrevendo isso depois de um surto de desespero que vem como a maré que sobe com o fim do dia. Primeiro foi algo relacionado a um sentimento que sei que tenho controle, depois com coisas que preciso fazer, mas que não posso executar por que o meio de realização me foi praticamente privado. A sensação de estar num rochedo no meio de uma tempestade no mar revolto me deixou aflito, as ondas de confusão que batiam na única coisa que me dava sustento jogavam gotas de grito agoniantes que procuravam razão em sua histeria. Eu recuei, meu coração apertou quando senti uma única gota entrar pela boca e tocar a ponta da língua.
              Me joguei no oceano sem pensar duas vezes.
              Então, eu ouvi as vozes.
              Aquelas vozes, eu parecia conhecer elas e fazia esforço para focar em apenas uma. Queria saber o que estavam gritando. A familiaridade nas vozes me incomodava, eu queria muito saber a resposta, contudo sabia que não estava preparado e mesmo assim minha teimosia venceu e me esforcei em isolar uma delas do resto. Quando a voz ficou clara eu não sabia o que dizer, não conseguia acreditar no que estava ouvindo.
              Era minha. Aquela voz era minha.
              Não só aquela voz me pertencia, como todas as outras.
              Eu gritava coisas que não conseguia compreender. Gritava por ajuda, gritava de raiva, gritava de loucura, gritava de solidão... Gritava de uma dor que não sabia qual era.
              Uma parte de mim queria sair dali, porém a outra estava entregue à sedução das vozes. É horrível querer fugir de algo e não ter como, aliás não ver como sair daquela condição. Eu me sentia uma casca oca que guardava os gritos mais primitivos da humanidade, gritos esses que apenas eu podia ouvir e que apenas eu poderia lidar, afinal quem tinha que controlar aquela louca tempestade dentro de mim era eu mesmo.
              Eu podia nadar para chegar à superfície, mas não adiantava... Eu ia cada vez mais e mais fundo naquele mar negro e turvo. Eu estava naquele estado em que você está praticamente perdendo a consciência, como a Bella depois de se jogar do penhasco em Lua Nova, quando você fica suscetível à alucinações e coisas do tipo, só que o que eu vi não era alucinação. Era a mulher mais linda que já tinha visto na vida, eu sabia quem Ela era e mesmo perdendo a consciência, esbocei um leve sorriso. Ela tocou meu rosto e senti aquele acolhimento gostoso que só uma mãe poderia dar a um filho. Eu senti o Amor, senti o Carinho, senti a Preocupação. No meio de toda a confusão que eu vivia dentro de mim, Ela me achou e me tomando pelo rosto e beijando minha testa me deu forças para lutar contra todas as Vozes. Elas podiam parecer a minha Voz, mas não eram ela, nem a voz que uso dia-a-dia não é mais a minha Voz. Em algum momento da vida eu a perdi ou ela me foi tomada. Mas aquilo não importava na hora, fui com a deusa até a mesma rocha onde estava, mas agora uma ilha emergia ao redor dela, e nela flores desabrochavam.
              Eu tinha um novo porto seguro, aparentemente.
              Meu peito pesava quando cheguei em casa e falava com meu primo, queria que ele me ajudasse e o destino parecia rir na minha cara quando eu percebi que eu teria que resolver aquilo sem ajuda, sem truques, sem nada. Era eu e o turbilhão de desespero que me consumia cada vez mais. Por dentro eu estava um caos, por fora aparentava estar normal. Nada como uma boa atuação. Eu queria correr até algum canto da casa onde poderia ficar sozinho, mesmo sabendo ser praticamente impossível. Entrei no quarto com rapidez e me joguei na cama respirando pesadamente, sentindo tudo ao meu redor girar e sair de foco. Queria chorar, mas as lágrimas não vinham. Queria gritar de raiva e frustração e não podia. Então corri pelo quarto em busca de duas ferramentas que eram minhas aliadas fiéis. Caneta e Caderno. Fiz exatamente o que estou fazendo no momento em que relato isso, comecei a escrever. Escrever era como minha alma podia gritar quando o som da minha voz não era o mesmo que o da minha Voz. Eu escrevia com o coração tão apertado que parecia que haviam posto um espartilho nele. Conforme escrevia a sensação de desespero se abrandava e, se eu estava antes me afogando nesse mar de gritos tentando subir, eu agora mesmo me afogando estava conseguindo respirar. É estranho, eu sei, entretanto, é a verdade do que senti e ainda estou sentindo, de certa forma. Por um lado, ao terminar de escrever me senti sereno de verdade enquanto via boa parte das questões que me afogavam me deixando respirar mais fundo e subir para tocar o céu, contudo ainda há outras questões menores a serem resolvidas.
              O que eu escrevi, você quer saber?
              Bem, vou falar para vocês independente de sua crença religiosa ou ausência dela.
              Eu escrevi uma oração.
Kahleen Ariel Ribeiro – November 09th, 2016.
P.S.: Não houve citações de nomes das pessoas a fim de proteger seu anonimato por minha própria escolha.
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Parte Quatro
Vazio
Um aviso sincero e um desabafo também, eu acho
Sugestão musical: Possibility – Lykke Li (no fim da postagem há um vídeo da música)
 Não sei porque estou assim.
               Sei que pode ser difícil para alguém acreditar que outra pessoa realmente fique como estou agora. E como seria isso, você se pergunta? O que estou sentindo? Fácil... nada. Exatamente; nada. Nenhuma sensação ou sentimento, nenhum traço de que eu seja um ser vivo, tirando o fato de que respiro. É como se algo tivesse desligado a minha “humanidade”, o que há de melhor em mim. Estou inibido de sentir e poder me conectar com o próximo, minha empatia foi tirada de mim. Todas as palavras, ações, gestos, pensamentos... tudo é tão vazio quanto meu próprio eu.
               Me tornei o eco infinito do qual muitos fogem.
               “Não sentir” é como estar no meio de um caos e não perceber que talvez isso esteja te afetando e, se está, você não se importa, não liga. É mergulhar em algo que depois faz as pessoas te verem com uma frieza que, por vezes, pode parecer cruel. (Como se eu ligasse em parecer cruel quando estou assim...) Pode ser que te vejam com o que parece ser tristeza, mas quem sabe fingir pode driblar isso, como eu tento fazer. Isso te consome de um modo que você não percebe e, de repente, você se encontra imerso em águas turvas e desconhecidas de um mar cheio de nulidade. Você se deixa afogar, afinal de que adiantar sentir alguma coisa se no final acabamos machucados?
               Estar desligado é querer poder sentir e não ter esse simples desejo atendido. É querer estar alegre por uma boa notícia, poder chorar por algo triste, sentir frustração, raiva, ódio... qualquer coisa vale. Eu tento tocar na delicada bolha de sentimentos, porém meus dedos nem sequer tocam na sua superfície translúcida. E o pior de tudo, você é inibido de sentir o amor. Não falo apenas do amor que você sente pelo seu namorado, não... É todo o tipo de amor, inclusive o amor próprio. Não sentir é cruel e visceral. Pois é, deve estar pensando agora em como fiquei esses quatros dias desse jeito, não é? Relaxa, já estou acostumado com isso, não estive nessa situação só agora.
               Talvez eu não esteja conseguindo me expressar bem, ainda não sinto nada, e estou me forçando a tentar sentir algo só para escrever isso. Está um pouco difícil, enfim... Nunca fiquei tanto tempo desligado, isso talvez me preocupe, não sei, talvez preocupasse se eu pudesse sentir. Sei que meus amigos que sabem do meu atual estado estão bem atentos, preocupados até. Talvez eu melhore, o gatilho foi acionado por algo que desta vez eu não consegui identificar, quem sabe eu descubra quando esse gatilho for desligado e meus sentimentos e sensações voltarem. Só o tempo pode dizer.
               Algumas pessoas falaram para mim que queriam estar assim, para evitar a dor que sentem ou as dores que virão. Nossa, como eu não desejo isso para você, nem para ninguém. Cada coisa que sentimos faz a gente evoluir, crescer, amadurecer (sim, sei que todas essas palavras têm o mesmo sentido, não ligo. Foda-se). Queria eu poder sentir, queria muitas coisas, porém nem tudo o que queremos é o que obtemos. Lide com isso também; o fardo dado para cada um de nós não é mais pesado do que podemos suportar. Acho que já deixei claro tudo o que queria.
               Por fim, não queiram estar como estou... à parte, só, num vazio quase inatingível para quem está de fora, mas que para mim é como um aconchego tentador.
               Sinceramente, K.
  Kahleen Ariel Ribeiro – April 20th, 2016.
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Parte Três
Crescer
Sobre crescer: é como se perder no mercado com cinco anos de idade
Sugestão musical: Revival – Selena Gomez (no fim da postagem há um vídeo da música)
 Uma hora a gente tem que deixar a Terra do Nunca para trás, infelizmente...
               Sei que já comecei esse texto com uma leve referência, espero que todos tenham entendido a pitada de metáfora contida na frase também. Afinal, quem não gosta de uma boa e velha metáfora?
               O fato é o seguinte: crescer. Nossa, só de ler isso sei que talvez você se sinta impactado, mas a verdade é que por vezes eu me vejo no mesmo lugar que você. Crescer é uma coisa um tanto quanto assustadora. Lembro de que quando era criança eu tinha esse desejo desenfreado de querer crescer, ser adulto, dirigir um carro da moda e todas essas coisas que aparentemente são bacanas demais. Eu vivia com essa ideia infantil de que o dinheiro nunca acabava e que as coisas basicamente eram de graça, como serviços de televisão. Criança iludida, eu mesmo.
               Já parou para notar que crianças brincam de ser adultos? Sempre tem uma criança brincando de ir para o trabalho, outras brincando de casinha, médico e tudo mais. Não percebemos como isso é um desejo fantasioso delas, apenas achamos graça de vê-las brincando assim. Não paramos para pensar em como a vida de um adulto afeta a vida de uma criança a nível psicológico. Em como ela vai agir em determinados lugares, sob certas situações e etc. Crianças são puramente o reflexo instintivo daquilo que elas veem ao seu redor, elas não têm culpa de serem assim, elas apenas querem ser iguais mesmo sem entender nada e elas não têm medo de tentar do jeitinho fofo delas. É até bonito se for analisado de uma ótica diferente.
               Crescer é um desafio. É ter que lidar com muitas coisas com as quais você nunca teve contato antes, ter que mudar suas atitudes diante de algumas situações e ter que saber respeitar quem está ao seu lado, seja essa pessoa sua amiga ou não. Crescer é se descobrir em todos os aspectos da sua vida, aceitar suas limitações, mudar o que deve ser mudado e experimentar novas coisas. Não viver no passado, mas aprender com ele. É não se acomodar e viver em movimento. O problema é muita gente não entende isso e fica estagnada no mesmo lugar por tempos e tempos.
               Porém o tempo passa e ele não espera que estejamos prontos porque nunca estamos prontos de fato. O tempo chega fazendo cobranças que te assustam. Paralisam sua mente, o coração para, a respiração sufoca e o cérebro desliga. O momento em que as descobertas são feitas começa, cada uma que vai te marcar de um jeito intrínseco, que vai mexer com seus sentimentos te levando a outros estágios do sentir, cada escolha que vai te moldar para ser uma pessoa diferente no futuro, mesmo que o peso dessa escolha não seja tão grande assim.
               A distância que se forma entre que você é agora e quem você vai ser no futuro, assusta tanto que você se retrai. Aquele momento em que você não sabe aonde vai chegar e se vai gostar do resultado dessa transformação. Ter medo é normal e todo mundo sente medo em determinado momento da vida. Contudo, não fuja do que te assusta, você ainda tem muita coisa que não descobriu e pode se arrepender lá na frente por não ter embarcado em certas aventuras. Viver não é crescer, mas crescer é viver. Pois quando você cresce, evolui, vive mais, aproveita a vida que lhe foi dada. Diferente de quando você apenas vive na mesmice e não aprende nada de novo, ficando parado no mesmo ponto sem ser movimentado nem pelo vento.
               Crescer para mim tem sido uma experiência agridoce incrível, afinal a vida tem seus altos e baixos. Eu tento aproveitar cada oportunidade que aparece; controlando meu orgulho e meu ego para que não me prejudiquem, desenvolvido meu coleguismo, intelecto, responsabilidade e comprometimento. Claro que existem mais coisas, entretanto resolvi pontuar apenas algumas características. Ter que crescer é uma coisa muito assustadora para mim, eu tenho medo de crescer, se eu pudesse não crescer, nossa... acho que não cresceria. Eu tenho ciência de que há um tempo atrás eu teria certeza, mas tudo o que tenho vivido tem mudado minha visão de crescer. Acontece que nunca chegaremos ao ponto que não iremos aprender mais nada, porque até nosso último suspiro de vida estaremos crescendo e evoluindo, de certa forma.
               Tudo isso pode ser resumido em outra palavra que muita gente tem um conceito deturpado: maturidade. Alguns acham que maturidade é trabalhar, ser independente, falar com grande eloquência e comentar sobre assuntos que são “importantes”, como a bolsa de valores e política. Maturidade vai muito além disso pelo simples fato de que você também vai desenvolver isso de acordo com sua convivência com outras pessoas e em como você absorve tais vivências e as transmite para o mundo.
               Crescer pode parecer algo como pisar num campo minado de bombas, mas acontece que estamos nesse campo desde que nascemos, só que nunca percebemos. Então, não tenha medo de mudar porque isso só lhe proporcionará coisas boas, não pense que você vai ser alguém totalmente diferente, sua essência continuará a mesma. Crescer pode parecer entrar num mundo de pessimismo, mas isso é exatamente o contrário do que acontece. Você passa a viver num mundo que mesmo tendo seu lado ruim, você pode escolher enxergar o lado bom e permanecer firme nas boas coisas a fim de evoluir e ser alguém melhor.
               Crescer é saber que você tem tantos deveres quanto direitos e saber que tudo vai dar certo para acontecer no seu devido tempo.
Kahleen Ariel Ribeiro - October 27th, 2016.
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Parte Dois
Confusão
Uma imagem se reflete no espelho, mas não consigo reconhecer quem é
Sugestão musical: World Of Chances – Demi Lovato  (no fim da postagem há um vídeo da música)
 Sei como deve ser difícil acreditar no que está sentindo agora? Afinal, tudo o que é novo é um pouco assustador, mas não fique com medo não, estou aqui para te ajudar, certo?
               Na vida tem coisas que muitas vezes a gente não entende, mas até aí tudo bem porque não tem necessariamente a ver conosco. O problema começa quando começamos a ter questionamentos sobre nós mesmos. Crescemos sem se preocupar muito com o que nos aguarda conforme vamos amadurecendo sem perceber. Aquela brincadeira inocente na praça com as outras crianças, todas as bolinhas de gude, amarelinhas e cordas para pular contribuíam para que a alegria entrasse na sua vida e você crescesse sem se preocupar.
               Até o momento em que um simples sentimento muda tudo. Um simples olhar para uma pessoa que, por convenção social, você não deveria dar. Um desejo proibido que você guarda dentro de si, pois sabe como as pessoas vão julgar aquilo terrível e incorreto. Ou talvez seja uma dúvida que surja de tantas coisas que você ouve falarem de você. Isso te abala, te joga no chão e o deixa sem forças para levantar e continuar. Te deixa desmotivado, triste com um sentimento de solidão e abandono que vai tomando todo o seu ser.
               Dói.
               Mas acredite que isso não é ruim. Não há nada de errado em ser quem você é realmente, não há nada de errado em você gostar de determinada pessoa ou do que gosta só porque outras não aceitam isso. Aceitar não é respeitar, e tudo o que você precisa é o respeito. E há pessoas na sua vida que, por mais que você não saiba disso ainda, estão do seu lado dispostas a te ajudar e te apoiar. Você não está sozinho, olha em volta e veja quantas pessoas iguais a você estão se sentindo do mesmo jeito. Elas também precisam de apoio e ajuda. Olhe agora quantas pessoas como você já passaram por isso e hoje vivem uma vida melhor consigo mesmos. Impressionante, não é? Elas podem te ajudar tanto que você nem imagina, vá até elas e abra seu coração. Sentimentos foram feitos para serem expostos e não guardados no fundo do peito.
               Você que está lendo isso é um ser humano lindo e perfeito em suas imperfeições. Não existe ninguém como você no mundo e se você está num estágio em que pensa em tirar sua vida porque acha que ela não vale a pena, só por achar que isso é errado, não faça isso. Você é tão valioso quanto qualquer outra pessoa, não deixe que apaguem seu brilho natural e não se entregue para o fim sombrio e frio... você ainda tem muito o que viver. Muito o que sonhar e realizar.
               Se quiser chorar, chore. Se quiser gritar, grite. Se quiser “sumir” por um tempo, vá para ruas sem que ninguém saiba e dê uma volta. Se quiser um simples abraço ou uma palavra de consolo, procure a pessoa em que você mais confia. Deixe tudo o que você está prendendo fluir para fora e liberte seu espírito para que o universo te dê todas as recompensas que te aguardam.
               Olhe para o espelho no qual antes você não conseguia se ver e observe como você é bonito, como o sorriso no seu rosto é verdadeiro e alegre, como sua alma está leve e branda. Depois da tempestade vem a bonança, já dizia o ditado e isso é uma verdade, afinal depois de tudo o que você passou – seja sozinho ou não – o momento de felicidade tinha de chegar.
               Assim como você, eu passei por isso e hoje sou uma pessoa livre e feliz. Hoje sei que posso viver uma vida sem me enganar quanto a quem e o que eu sou, sou livre para viver meus sonhos e realizar minhas vontades sem medo de ser reprimido e, caso aconteça, não vou ligar para o que as pessoas dizem, elas não me definem e nem definem você. Quem vai decidir tudo sobre você é você mesmo. Por isso, não se reprima, não tenha medo porque quem vive com medo, vive pela metade.
               Se um dia acontecer de você se sentir mal com relação a alguma coisa, não deixe isso te sufocar e fale com alguém. Lembre-se de uma coisa: você tem tanto direito a felicidade nesse mundo quanto qualquer outra pessoa. Você pode conquistar o melhor amor do mundo e pode amar quem você quiser, não precisa ter receio da sociedade ridícula na qual vivemos. Você é amor e isso é o que importa.
               Mesmo depois de tudo isso se você ainda se sentir mal, quero dizer só mais uma coisa:
               Lembre-se, você não está sozinho... eu estou com você.
Kahleen Ariel Ribeiro - October 15th, 2016.
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Parte Um
Reflexão
Um pedido sincero de desculpas por algo que não tenho culpa
Sugestão musical: Ordinary Girl – Hannah Montana  (no fim da postagem há um vídeo da música)
 Eu sou esse tipo de pessoa, desculpa.
               Eu sou o tipo de pessoa que gosta de escrever cartas num tempo em que isso é visto como algo antiquado e muito idiota, sem contar em ser coisa de tolo apaixonado. Eu gosto de poder mostrar através de palavras o que sinto, seja o que for. Eu amo falar, eu amo palavras, eu amo o modo como elas podem ter tanta força e importância, por mais que isso me assuste às vezes.
               Sou um poço de sentimentos sem fundo, repleto de segredos e mistérios que ninguém ainda pode desvendar. Sou uma imagem borrada de uma pintura manchada pela água derramada por acidente, ou será que foi proposital? Será que essa imagem é definitiva? As cores que compõem minha tela são escolhidas aleatoriamente, não sei se são bonitas para quem está vendo, mas acho que o importante é que está tudo de acordo com a minha vontade. Está transbordando o que a minha alma já não consegue segurar.
               É quem eu sou. Uma pessoa cheia de cores e nuances que pouco a pouco algumas pessoas conseguem decifrar.
               Alguns resolvem abraçar essa tela, outros querem admirar por um tempo por toda a intensidade e verdade ali expostas, mas algumas pessoas vão apenas olhar e continuar seu caminho. Talvez o que tenham visto mude sua vida, talvez não. Talvez ela chegue em casa e pense sobre o que viu quando olhou para dentro de mim. Talvez um dia ela se sinta como eu ou, quem sabe, já se sinta e apenas não quer admitir.
               Sou cheio de perguntas que, muitas das vezes, não consigo achar a resposta e que quando consigo descobrir, às vezes, percebo que a resposta estava mais próxima do que imaginava. Tento fazer várias coisas ao mesmo tempo na tentativa de me fazer não pensar tanto em coisas que me fazem perder a cabeça, porque isso acontece. A curiosidade que possuo é tão grande que posso acabar me dando mal se não tomar cuidado, gosto de descobrir coisas e de tentar coisas novas ainda que eu sinta medo. É normal sentir medo, mas não é saudável viver uma vida repleta deles porque isso te inibe de viver coisas maravilhosas, coisas intensas, coisas que um dia você vai poder recordar com um sorriso no rosto.
               Eu sou um romântico incorrigível. Sim, eu gosto de amar, mas não sou desesperado por amor... pelo menos não mais. Agora entendo o que é um amor de verdade, mas vamos deixar isso para depois. Meus sentimentos são tudo para mim e é por eles que eu vivo, eu sinto e sinto tudo. Sinto até demais devo confessar e talvez seja por isso que eu me magoe com certa facilidade ou acabo magoando alguém. Eu não gosto disso. Então, desculpe se um dia já te fiz chorar por alguma coisa ou situação, não era e nunca será minha intenção. Valorizo demais quem eu gosto para fazer tal coisa e valorizo ainda mais os sentimentos que movem o mundo.
               Sou muito simples de ser agradado, muitos podem achar o contrário disso, contudo eles estão errados. Uma música pode me pegar de surpresa e me fazer sentir algo que por um bom tempo não vou ser capaz de explicar. Um sorriso da pessoa certa pode me fazer mudar de humor e mudar todo o meu dia. A companhia daquele amigo especial é muito melhor do que qualquer festa numa sexta à noite. Um simples arroz e feijão feito com carinho e amor, com aquela batata frita, é muito melhor do que qualquer banquete de restaurante com comidas feitas por alguém que muitas vezes está estressado por conta do trabalho. Sou o tipo de pessoa que gosta de animais e que fica muito feliz de ver a alegria deles; amo passear em parques cheio de árvores e amo ver paisagens, como o pôr-do-sol e um céu estrelado com uma lua brilhante. O som das ondas do oceano pode me acalmar da mesma forma que o som da chuva num dia preguiçoso ou um carinho da pessoa por quem estou apaixonado. Sou tão simples, mesmo com todos achando que sou complicado.
               Então, por fim, não falei nem metade do que está dentro de mim porque ainda tenho outras partes para escrever e fazer você pensar, mas principalmente sentir. Desculpe se não consigo atender suas expectativas, pode acreditar que tem vezes que não atendo nem as minhas. Desculpe se já fui grosso, irado, frio ou até mesmo sufocante demais. Desculpe se um dia eu te amei e hoje não amo mais, desculpe também se deixei minhas fantasias irem mais longe do que a realidade na qual vivemos. Desculpe se não posso – e não vou – ser a pessoa que você tanto quer. Eu tenho defeitos e qualidades, por vezes eles se misturam me deixando confuso, talvez isso seja um problema para você. Mas acontece que não tenho controle sobre isso.
               Desculpe, mas esse sou eu.
Kahleen Ariel Ribeiro - October 08th, 2016.
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Introdução
Eu sempre escrevi muito.
               Desde pequeno eu sempre gostei de histórias, de ouvi-las, escrevê-las, interpretá-las, ou seja, eu gostava de artes. Até hoje eu tenho esse fascínio pelas artes e a arte de usar as palavras tem me fascinado muito, de como elas possuem uma força e poder para mudar as coisas ao nosso redor e dentro da gente, me faz pensar em como eu posso usar isso para ajudar pessoas. Sempre que sinto algo ao extremo ou chego a este por meio de tantas outras coisas, eu acabo sentando e escrevendo tudo o que sinto, tanto faz aonde, papel, celular, braço, mão. Às vezes saem histórias, outras vezes saem textos reflexivos e outras apenas um bom e velho desabafo natural, sem máscaras.
               É engraçado para mim pensar que posso ajudar alguém tendo só vinte anos, mas quando paro para pensar que a vida é uma grande troca de experiências e ajudas, vejo sentido naquela pessoa ter pensado que posso ajudá-la e, às vezes, de fato posso. Acho que é por eu ser muito empático, isso deve ajudar bastante.
               Escrever é algo que me relaxa, por meio desses textos vou estar fazendo uma terapia muito sincera e – quem sabe – profunda. Espero poder ajudar você que está lendo cada um desses textos, mas não quero deixá-lo sem saber como isso vai funcionar. Então, vou explicar rapidamente toda a concepção desse projeto que resolvi intitular de “Palavras, apenas”.
               Eu estava usando o laptop no dia em questão conversando com um amigo pelo whatsapp e vendo o novo visual album da Beyoncé, Lemonade. Aquele projeto da artista falando sobre a opressão exercida na figura negra feminina nos dias de hoje mexeu com alguma dentro de mim, algo que na hora eu só me deixei levar pela emoção e comecei a conversar com esse amigo sobre. Trocamos ideias sobre o ser humano e suas atitudes, de uma forma quase generalizada, falei sobre a vontade de ajudar pessoas com as coisas que eu escrevia, visto que cada vez mais as pessoas para quem mostro o que escrevo dizem que devo divulgar meu talento. E por que não começar mostrando esses textos curtos e cheios de carga emocional?, pensei comigo mesmo na mesma hora em que comecei a digitar o primeiro texto desse projeto.
               Vai funcionar assim, como em Lemonade é apresentado uma história dividida em partes, aqui será da mesma forma, exceto pela parte da história, isso fica para outros tantos projetos que eu posso vir a fazer no futuro. Cada parte terá um tema - este pode vir a se repetir mais para frente, mas não terá conexão com o texto do mesmo tema necessariamente, assim virá acompanhado de uma numeração para diferenciá-los (ex.: Reflexão II) -, um título e uma sugestão musical que é a música que eu usei para canalizar minha escrita, será com a música sugerida a você que eu vou ter escrito todo o conteúdo dessa parte em questão. Logo abaixo, o texto começará com uma frase destacada em itálico, essa será o que gostei de chamar de “fagulha”, “centelha” ou “gatilho”, a partir dessa frase o texto desenvolveu.  Depois, claramente, vem o texto em si e quero ressaltar que ele pode ser um desabafo meu ou um texto motivacional, inspirador, curativo. E como saber qual é qual? Relaxa, isso fica muito bem definido no modo narrativo, não precisa de assustar.
               Com tudo isso explicado, quero apenas lembrar algo que a Beyoncé disse quando lançou seu primeiro visual album em 2013. Assim como ela não apenas ouve música, eu não leio apenas as palavras. É muito mais que isso para mim, assim como para ela. Eu vejo imagens que se encaixam, histórias sortidas, momentos, sentimentos e pensamentos sobre a vida. Por isso, esse projeto tem sido tão diferente e importante para mim.
               Afinal, quero fazer disso não apenas uma mensagem para você, mas, sim, uma experiência única, emocionante e completa. Espero que aproveite essa jornada tão diferente quando desejo.
Kahleen Ariel Ribeiro, November 03rd of 2016.
P.S.: Os textos não possuem uma ordem cronológica certa, tendo em vista que posso pegar textos antigos e postá-los. As datas no fim deles são dos respectivos dias em que foram criados.
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