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Utilizar IA para criar imagens é errado?
Using AI to create images is wrong?
IA como Ferramenta de Inclusão:
AI as an Inclusion Tool:
Sou uma pessoa autista com afantasia. O que isso significa? Que, além de ser autista, tenho uma condição que me impede de formar imagens mentais, memórias episódicas e factuais. Para mim, a IA de criação de imagens é uma ferramenta revolucionária que me permite materializar cenários e conceitos a partir de textos, substituindo a visualização mental que não consigo realizar.
I am an autistic person with aphantasia. What does that mean? It means that, in addition to being autistic, I have a condition that prevents me from forming mental images, episodic, and factual memories. For me, AI image creation is a revolutionary tool that allows me to materialize scenarios and concepts from texts, replacing the mental visualization I cannot achieve.
A IA vai substituir o artista no mercado de trabalho?
Will AI replace artists in the job market?
Não, isso não faz sentido. A IA é uma ferramenta que facilita e expande as possibilidades de criação, mas não substitui a visão, habilidade e sensibilidade humana. Artistas que compreendem sombra e luz, profundidade e simbolismo continuarão a ser indispensáveis. A IA serve para potencializar essas habilidades, não para eliminá-las. Profissionais da arte continuarão a utilizar essa tecnologia para enriquecer seu trabalho, assim como médicos usam máquinas avançadas para cirurgias e diagnósticos.
No, that doesn't make sense. AI is a tool that facilitates and expands the possibilities of creation, but it doesn't replace human vision, skill, and sensitivity. Artists who understand shadow and light, depth, and symbolism will continue to be indispensable. AI serves to enhance these abilities, not to eliminate them. Art professionals will continue to use this technology to enrich their work, just as doctors use advanced machines for surgeries and diagnoses.
Mercado de Trabalho:
Job Market:
Trabalho com tecnologia desde os 14 anos, sendo neurodivergente e autista com afantasia. Ao longo da minha carreira, observei que muitas pessoas neurodivergentes ocupam posições de tomada de decisão na tecnologia, apesar do reconhecimento ainda ser limitado. Essas posições proporcionam a essas pessoas uma identidade e independência financeira. A tecnologia pode ser um caminho inclusivo e capacitador para muitos de nós. Discursos negacionistas da tecnologia em entrevistas de emprego são fatores para eliminação de candidato, negar as dinâmicas e mudanças do mercado de trabalho não irão o fazer parar de mudar.
I have been working with technology since I was 14, being neurodivergent and autistic with aphantasia. Throughout my career, I have observed that many neurodivergent people hold decision-making positions in technology, despite recognition still being limited. These positions provide these individuals with identity and financial independence. Technology can be an inclusive and empowering path for many of us. Denial of technology in job interviews is a factor for candidate elimination; denying the dynamics and changes of the job market will not make it stop changing.
Linguagem de Programação:
Programming Language:
O futuro da programação está em tornar-se cada vez mais semelhante à linguagem natural que conhecemos. Isso significa que o diferencial de um programador nunca foi apenas conhecer a sintaxe de uma linguagem, mas sim sua capacidade de interpretar o mundo e criar soluções inovadoras. Negar a tecnologia é privar-se das ferramentas que podem amplificar nossas capacidades e abrir novas oportunidades. Familiarizar-se com a IA desde agora é uma forma de compreender a linguagem de programação do futuro.
The future of programming lies in becoming increasingly similar to the natural language we know. This means that the differentiating factor of a programmer has never been just knowing the syntax of a language but rather their ability to interpret the world and create innovative solutions. Denying technology is depriving oneself of tools that can amplify our capabilities and open up new opportunities. Familiarizing oneself with AI from now on is a way to understand the programming language of the future.
Negação da Realidade:
Denial of Reality:
Negar a tecnologia é negar a realidade. Como mencionei, sou parte de um grupo marginalizado, e a tecnologia me proporcionou uma profissão desde 2005. A tecnologia acolhe muitos neurodivergentes, oferecendo oportunidades de evolução pessoal e profissional. Negar a IA é perder as oportunidades presentes de crescimento. A negação é um mecanismo de defesa contra mudanças, mas é preciso abraçar o novo para evoluir. Por ser um profissional da tecnologia, poderia ser um negacionista da possibilidade da programação se tornar inclusiva em uma linguagem natural, mas não o faço, pois sei que o verdadeiro programador é o que sabe além do conhecimento da ferramenta de programação. A arte não se resume a conhecer todos os tipos de pincel.
Denying technology is denying reality. As I mentioned, I am part of a marginalized group, and technology has provided me with a profession since 2005. Technology embraces many neurodivergent individuals, offering opportunities for personal and professional growth. Denying AI means missing out on present opportunities for growth. Denial is a defense mechanism against change, but embracing the new is necessary for evolution. As a technology professional, I could be a denier of the possibility of programming becoming inclusive in a natural language, but I don't, because I know that a true programmer is one who knows beyond the knowledge of the programming tool. Art is not just about knowing all types of brushes.
Mas e a Arte Tradicional?
But what about Traditional Art?
A arte tradicional, feita à mão com sentimento e dedicação, nunca perderá seu valor. Ela continuará a ser uma forma de sublimação, um meio de lucro e um presente para a posteridade. A IA, por outro lado, é uma ferramenta para demandas do mercado, permitindo produções mais rápidas e variadas. A visão do artista, sua compreensão de composição, iluminação e simbolismo, é insubstituível. A IA é apenas uma ferramenta que complementa e expande o potencial criativo do artista.
Traditional art, made by hand with feeling and dedication, will never lose its value. It will continue to be a form of sublimation, a means of profit, and a gift to posterity. AI, on the other hand, is a tool for market demands, allowing for faster and more varied productions. The artist's vision, their understanding of composition, lighting, and symbolism, is irreplaceable. AI is just a tool that complements and expands the creative potential of the artist.
Reflexão Final:
Final Reflection:
Não caia em discursos simplistas e nostálgicos. O mundo está mudando, e a tecnologia, incluindo a IA, pode ser uma aliada poderosa para nós, neurodivergentes, e para muitos, ela é extremamente inclusiva. Use a tecnologia a seu favor, explore suas possibilidades e veja como ela pode enriquecer sua vida e seu trabalho. Julgar e negar a realidade são mecanismos de defesa que podem empobrecer a experiência de vida de quem o faz.
Don't fall for simplistic and nostalgic speeches. The world is changing, and technology, including AI, can be a powerful ally for us, neurodivergent individuals, and for many, it is extremely inclusive. Use technology to your advantage, explore its possibilities, and see how it can enrich your life and work. Judging and denying reality are defense mechanisms that can impoverish the life experience of those who do so.
Vamos refletir juntos? Deixa sua reflexão ou pergunta aí nos comentários, obrigado por ler!
Let's reflect together? Leave your reflection or question in the comments, thanks for reading!
Obs. O link do meu linkedin está no final do post, me adicional lá :)
Note: My LinkedIn link is at the end of the post, add me there :)
Linkedin:
https://www.linkedin.com/in/diogovianaloureiro
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diogovianaloureiro · 2 days
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diogovianaloureiro · 2 days
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O Ciclo Vicioso da Validade e Invisibilidade: Um Olhar sobre a Interseção entre o Capacitismo Algorítmico, Poder de Influência da Mídia e a Espiral do Silêncio na Internet
No vasto ecossistema da internet e das redes sociais, a mídia hegemônica impulsionada pelo capital e com grande influência nos algoritmos digitais, estabelece padrões rígidos de sucesso, praticamente inalcançáveis para a realidade estética, financeira e educacional do brasileiro. Esses padrões idealizados já são difíceis de atingir até para os neurotípicos e tornam-se ainda mais inacessíveis para aqueles que não se encaixam no molde normativo. Sem a informação necessária e representatividade para criar uma personalidade saudável, pessoas neurodivergentes anulam sua identidade e buscam padrões doentios, beneficiando unicamente quem perpetua esse sistema absurdo: o neoliberalismo capitalista.
Esses padrões, baseados em ideias restritas de produtividade e normalidade, excluem sistematicamente pessoas neurodivergentes. Suas percepções e experiências únicas não se conformam às normas estabelecidas, desafiando as convenções sociais tradicionais.
Nesse cenário, a teoria do Espiral do Silêncio, desenvolvida pela socióloga alemã Elisabeth Noelle-Neumann na década de 1970, desempenha um papel crucial.
"A Espiral do Silêncio é uma teoria que explora como as pessoas moldam suas opiniões e comportamentos com base na percepção da opinião pública dominante. Quando uma opinião é percebida como minoritária, as pessoas tendem a se calar por medo de serem excluídas ou criticadas. Enquanto isso, opiniões percebidas como majoritárias são mais amplamente divulgadas e aceitas, criando um ciclo de auto-reforço onde opiniões minoritárias são silenciadas e marginalizadas, enquanto as majoritárias ganham mais visibilidade e legitimidade."
Pessoas neurodivergentes, conscientes ou inconscientes da falta de modelos de identidade e da invalidação de suas percepções, podem se sentir compelidas se retrair, silenciando suas vozes por medo de reprovação e ostracismo. Essa auto-censura, por sua vez, reforça a hegemonia normativa, perpetuando a noção de que apenas certas narrativas são válidas e dignas de serem ouvidas.
A luta contra o capacitismo pode ser silenciado pelos algoritmos das redes sociais por ser vista como um tópico político e ir contra as regras estabelecidas por essas redes. Os algoritmos das plataformas de mídia social frequentemente priorizam conteúdos que geram mais engajamento e receita publicitária, e podem rebaixar ou censurar tópicos considerados controversos ou sensíveis as regras flutuantes, aos interesses do capital, das plataformas digitais. Questões como a luta contra o capacitismo, que envolvem justiça social e direitos humanos, podem ser categorizadas como políticas, o que pode levar a uma menor visibilidade ou até mesmo à remoção desses conteúdos.
O "shadow banning" é uma prática onde os posts de um usuário são ocultados ou não são promovidos nos feeds de outros usuários sem o conhecimento do criador de conteúdo. Isso tem sido relatado por ativistas de várias causas, incluindo os que lutam contra o capacitismo, onde conteúdos sobre deficiência ou neurodiversidade não recebem a mesma visibilidade.
A documentário "The Social Dilemma", na Netflix, menciona casos de como as redes sociais podem contribuir para a perpetuação de várias formas de discriminação e silenciamento.
A série aborda amplamente como as plataformas podem amplificar desinformação e polarização, afetando diversos movimentos sociais e marginalizando vozes importantes a partir das suas próprias regras flutuantes movidas aos interesses fiduciários do capital.
O capacitismo, entrelaçado com essas dinâmicas, reforça a marginalização das pessoas neurodivergentes, invalidando suas experiências e as condicionando ao status de periferia do discurso público.
As plataformas de mídia social, embora prometendo inclusão e diversidade, muitas vezes replicam e amplificam essas estruturas de poder, perpetuando a exclusão e a invisibilidade em práticas de capacitismo institucional.
Nessa espiral de silêncio, qual o tom da sua voz?
Outras dicas de documentários que falam sobre o tema:
"The Social Dilemma" (Netflix):Este documentário examina os impactos negativos das redes sociais, incluindo a manipulação de comportamentos e o silenciamento de vozes minoritárias através de algoritmos e práticas de moderação.
"The Great Hack" (Netflix):Este documentário explora o escândalo da Cambridge Analytica e como dados pessoais foram usados para influenciar eleições e manipular a opinião pública. Ele destaca a manipulação e o poder das redes sociais na política global.
"Coded Bias" (Netflix):Este documentário investiga o preconceito incorporado nos algoritmos de inteligência artificial, incluindo os usados em redes sociais. Ele destaca como esses algoritmos podem perpetuar discriminação racial e de gênero, silenciando vozes marginalizadas.
"Terms and Conditions May Apply" (Amazon Prime Video):Este documentário explora como empresas de tecnologia coletam e usam dados pessoais dos usuários. Ele destaca as implicações de privacidade e o poder dessas empresas em influenciar o comportamento dos usuários.
"The Cleaners" (Amazon Prime Video):Este documentário examina o trabalho dos moderadores de conteúdo das redes sociais, muitas vezes terceirizados em países em desenvolvimento. Ele revela como as políticas de moderação podem ser arbitrárias e como certos conteúdos são silenciados.
"Trust Me" (Hulu):Esta série documental investiga como a desinformação se espalha nas redes sociais e o impacto disso na sociedade. Ela discute a influência dos algoritmos na amplificação de fake news e teorias da conspiração.
"Fake Famous" (HBO Max):Este documentário examina a fabricação da fama nas redes sociais, mostrando como influenciadores podem comprar seguidores e engajamento. Ele destaca a superficialidade e manipulação por trás da cultura das redes sociais.
"The Social Network" (Netflix):Embora não seja um documentário, este filme dramatiza a criação do Facebook e aborda temas de poder, controle e as consequências sociais da rede social mais influente do mundo.
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diogovianaloureiro · 3 days
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Desvendando o Capacitismo: Da História à Luta Atual pela Inclusão
Definição e Tipos de Capacitismo
Capacitismo:
Subestimar ou criar habilismo positivo a capacidade de uma pessoa devido à sua deficiência ou interações biopsicossociais. Baseado na suposição de um corpo, mente, sensibilidade padrão.
- Tipos de Capacitismo:
1. Recreativo
2. Médico
3. Parental
4. No trabalho
5.Institucional
6.Social e cultural
1. Capacitismo Recreativo:
Definição:
Capacitismo Recreativo é a prática de utilizar a deficiência de uma pessoa como fonte de entretenimento, diversão ou curiosidade. Isso inclui atividades que tratam as pessoas com deficiência de maneira desumanizadora ou objetificante, muitas vezes sem considerar seu consentimento ou dignidade.
Características Principais:
1. Objetificação:
Trata a pessoa com deficiência como um objeto de curiosidade ou espetáculo, ao invés de reconhecer sua individualidade e humanidade.
Exemplo: Programas de TV que exibem pessoas com deficiência em situações humilhantes ou exploradoras.
2. Exotização:
Enfatiza as diferenças das pessoas com deficiência de forma a torná-las exóticas ou bizarras.
Exemplo: Feiras ou eventos que apresentam pessoas com deficiências raras como atrações principais.
3. Desumanização:
Ignora os sentimentos, desejos e direitos das pessoas com deficiência, focando apenas no entretenimento que podem proporcionar.
Exemplo: Brincadeiras ou piadas que ridicularizam as deficiências.
4. Consentimento Negligenciado:
Realiza atividades ou eventos que envolvem pessoas com deficiência sem o devido consentimento informado.
Exemplo: Usar imagens ou vídeos de pessoas com deficiência em contextos humorísticos sem autorização.
Influência da Internet no capactismo recreativo:
A internet tem um papel significativo na disseminação e perpetuação do capacitismo recreativo. As redes sociais e plataformas de compartilhamento de vídeos têm amplificado esse tipo de comportamento, muitas vezes sem repercussões imediatas para os responsáveis.
Formas de Capacitismo Recreativo na Internet
1. Memes e Vídeos Virais.
Criação e Compartilhamento:
Pessoas criam e compartilham memes ou vídeos que ridicularizam deficiências, tornando-os virais.
Impacto: Isso normaliza a zombaria e desumanização das pessoas com deficiência, tratando suas condições como piada.
2. Comentários e Discussões Online:
Trollagem e Cyberbullying:
Comentários desrespeitosos e cruéis são frequentemente dirigidos a pessoas com deficiência em fóruns, redes sociais e plataformas de vídeo.
Impunidade Percebida: A natureza anônima da internet dá uma falsa sensação de impunidade, encorajando comportamentos que não seriam aceitos offline.
3. Desafios e Brincadeiras de Mau Gosto:
Desafios Virais:
Alguns desafios nas redes sociais envolvem imitar ou parodiar deficiências de maneira ofensiva.
Disseminação Rápida: Esses vídeos e postagens se espalham rapidamente, exacerbando o problema.
Impactos Negativos
1. Estigmatização: Reforça estereótipos negativos e preconceitos, perpetuando a marginalização das pessoas com deficiência.
A sociedade passa a ver a deficiência como algo a ser ridicularizado ou exótico.
2. Desvalorização: Diminui a percepção pública da capacidade e dignidade das pessoas com deficiência. Contribui para a visão de que essas pessoas são "menos" do que aquelas sem deficiência.
3. Isolamento Social: Pessoas com deficiência podem se sentir excluídas ou ridicularizadas, o que pode levar ao isolamento e à exclusão social. Dificulta a inclusão plena na sociedade, na educação e no trabalho.
4. Dano Psicológico: A exposição constante a atitudes capacitistas pode levar a danos emocionais e psicológicos significativos, incluindo baixa autoestima e depressão.
Combatendo o Capacitismo Recreativo
1. Conscientização: Educar a sociedade sobre os impactos negativos do capacitismo recreativo e promover o respeito e a dignidade para todos. Campanhas e programas educativos que mostram as pessoas com deficiência de forma respeitosa e humana.
2. Legislação e Políticas: Implementar e reforçar leis que protejam as pessoas com deficiência contra a exploração e a objetificação. Políticas em instituições de mídia e entretenimento para evitar a disseminação de conteúdos capacitistas.
3. Representação Autêntica: Promover a representação justa e precisa das pessoas com deficiência em todas as formas de mídia e entretenimento. Envolver pessoas com deficiência na criação e produção de conteúdo, garantindo que suas vozes e experiências sejam respeitadas.
4. Empoderamento e Inclusão: Apoiar iniciativas que empoderem pessoas com deficiência e promovam sua inclusão plena na sociedade. Facilitar a participação ativa das pessoas com deficiência em todos os aspectos da vida comunitária, cultural e social.
Responsabilidade das Plataformas de Internet:
Moderação de Conteúdo: Plataformas devem implementar e reforçar políticas de moderação que identifiquem e removam conteúdo capacitista. Sistemas de denúncia eficazes para que usuários possam relatar comportamentos ofensivos. Utilização de IA's para gerar multas.
2. Educação e Sensibilização: Campanhas educativas dentro das plataformas para sensibilizar os usuários sobre o impacto negativo do capacitismo recreativo. Parcerias com organizações de defesa dos direitos das pessoas com deficiência para promover conteúdos inclusivos.
Capacitismo Recreativo é uma forma de discriminação que precisa ser ativamente combatida para promover uma sociedade mais justa e igualitária, onde todas as pessoas são valorizadas e respeitadas por quem são, sem serem reduzidas a objetos de entretenimento. A internet, com sua ampla influência, deve ser usada como uma ferramenta para educação e inclusão, não para perpetuar preconceitos e discriminações. Mas estamos extremamente longe do mundo ideal, e infelizmente o que observamos é o inverso.
Capacitismo Médico
Definição:
Capacitismo médico é a discriminação e o preconceito contra pessoas com deficiência dentro do sistema de saúde, baseado na crença de que essas pessoas são inferiores ou menos valiosas devido à sua condição. Isso pode resultar em tratamentos inadequados, desumanização, invalidação de diagnósticos e negação de cuidados essenciais.
Características Principais:
1. Inferiorização da Pessoa com Deficiência: Médicos e profissionais de saúde podem assumir que a qualidade de vida das pessoas com deficiência é inferior, desconsiderando suas perspectivas e experiências pessoais.
Exemplo: Decisões médicas que desvalorizam a vida de uma pessoa com deficiência, preferindo não oferecer tratamentos agressivos ou salvadores.
2. Desumanização e Desconsideração:
Tratamento das pessoas com deficiência de maneira impessoal, sem respeito às suas necessidades e desejos.
Exemplo: Falta de comunicação adequada com o paciente, falando apenas com os cuidadores ou familiares.
3. Negligência e Recusa de Tratamento:
Negação de procedimentos ou cuidados de saúde sob a justificativa de que a deficiência compromete o sucesso do tratamento.
Exemplo: Recusar cirurgias ou outros tratamentos baseando-se apenas na condição de deficiência do paciente, sem considerar outras circunstâncias.
4. Invalidação do Diagnóstico:
Descrença ou desvalorização das queixas e diagnósticos apresentados pelas pessoas com deficiência, muitas vezes desconsiderando seus sintomas ou condições como "normais" para a deficiência.
Exemplo: Atribuir novos sintomas à deficiência existente sem investigar adequadamente outras possíveis causas.
5. Pressupostos Equivocados sobre Capacidade e Qualidade de Vida:
Suposições erradas sobre as capacidades e a qualidade de vida das pessoas com deficiência, levando a tratamentos inadequados ou insuficientes.
Exemplo: Não oferecer reabilitação ou terapias porque se acredita que a pessoa não pode melhorar ou viver de forma independente.
Impactos Negativos
1. Acesso Reduzido a Cuidados de Saúde:
Pessoas com deficiência podem ter dificuldade em obter cuidados médicos de qualidade, resultando em piores resultados de saúde.
Exemplo: Longos tempos de espera para consultas ou tratamentos, ou até mesmo a recusa de serviços médicos.
2. Desconfiança no Sistema de Saúde:
Experiências negativas podem levar à desconfiança nos profissionais de saúde e no sistema médico, desencorajando as pessoas com deficiência de buscar ajuda quando necessário.
Exemplo: Evitar consultas médicas regulares devido a experiências anteriores de discriminação ou mau tratamento.
3. Desigualdade na Saúde:O capacitismo médico contribui para disparidades de saúde entre pessoas com e sem deficiência, exacerbando problemas de saúde que poderiam ser gerenciados ou prevenidos.
Exemplo: Taxas mais altas de doenças crônicas e complicações médicas entre pessoas com deficiência devido à falta de cuidados preventivos.
4. Dano Psicológico: A desvalorização e o tratamento desumanizador podem levar a problemas emocionais e psicológicos, como ansiedade e depressão.
Exemplo: Sentir-se constantemente subestimado e desrespeitado por profissionais de saúde.
Combatendo o Capacitismo Médico
1. Educação e Sensibilização: Treinamento contínuo para profissionais de saúde sobre a importância de tratar pessoas com deficiência com respeito e dignidade. Programas educacionais que abordam os preconceitos e ensinam práticas inclusivas e sensíveis às necessidades das pessoas com deficiência.
2. Políticas de Inclusão e Acessibilidade: Implementação de políticas que garantam a acessibilidade total nas instalações de saúde e no atendimento médico.
Exemplo: Ajustes nas práticas de atendimento para incluir comunicação acessível e instalações adaptadas.
3. Participação das Pessoas com Deficiência: Envolver pessoas com deficiência na elaboração de políticas de saúde e na educação dos profissionais.
Exemplo: Conselhos consultivos com membros que têm deficiência para orientar as práticas de saúde inclusivas.
4. Revisão e Fiscalização de Práticas Médicas:
Monitoramento e revisão constante das práticas médicas para assegurar que não haja discriminação ou negligência.
Exemplo: Auditorias regulares e sistemas de feedback para identificar e corrigir práticas capacitistas.
Responsabilidade e Mudança Cultural
1. Cultura de Respeito e Valorização:Promover uma cultura de respeito e valorização da vida e das capacidades das pessoas com deficiência dentro do sistema de saúde.
Exemplo: Campanhas de conscientização que destacam as realizações e a dignidade das pessoas com deficiência.
2. Accountability e Transparência: Sistemas claros de responsabilidade para garantir que os profissionais de saúde sejam responsabilizados por atitudes e práticas capacitistas.
Exemplo: Mecanismos para denúncias de discriminação e capacitação contínua baseada no feedback dos pacientes.
Capacitismo médico é uma forma de discriminação que necessita de esforços contínuos e abrangentes para ser erradicada. Ao promover uma cultura de respeito e inclusão no sistema de saúde, é possível garantir que todas as pessoas recebam o cuidado e a dignidade que merecem.
Capacitismo Parental
O capacitismo parental é a manifestação de preconceito, discriminação, invalidação por parte dos pais ou cuidadores em relação às habilidades, potenciais e limitações de seus filhos com deficiência, considerando que seu aparelho mental é diverso aos padrões esperados, e seus desejos são relativos ao que é normativo. Isso pode se manifestar na idealização de expectativas irreais em relação à criança, ignorando suas necessidades individuais e capacidades. Essas expectativas excessivas podem criar pressão sobre a criança e levá-la a se sentir inadequada ou incapaz de atender às expectativas impostas. Além disso, o capacitismo parental pode resultar em uma atmosfera familiar que reforça estereótipos negativos e limita as perspectivas e possibilidades da criança com deficiência. É crucial educar os pais sobre as capacidades e dignidade de seus filhos com deficiência, promovendo uma abordagem de apoio e inclusão que permita que cada criança alcance seu pleno potencial.
Capacitismo no Trabalho:
O capacitismo no trabalho refere-se à discriminação e preconceito contra pessoas com deficiência no ambiente profissional. Isso se manifesta de várias maneiras, desde a falta de acessibilidade física e tecnológica até a exclusão de oportunidades de emprego e promoção. Além disso, o capacitismo no local de trabalho pode incluir práticas de diversitywashing, onde as empresas apresentam uma imagem de inclusão e diversidade superficial, mas não implementam medidas eficazes para apoiar e promover a igualdade para funcionários com deficiência.
Uma consequência significativa do capacitismo no trabalho é o aumento do risco de burnout entre funcionários com deficiência. O burnout é uma condição de exaustão física, emocional e mental causada por estresse crônico no trabalho. Funcionários com deficiência podem enfrentar desafios adicionais, como a necessidade de trabalhar mais para superar obstáculos capacitistas, a falta de apoio adequado e a pressão para se adequar a um ambiente de trabalho que não atende às suas necessidades.
Para combater o capacitismo no trabalho e reduzir o risco de burnout entre funcionários com deficiência, as empresas precisam adotar uma abordagem genuína de inclusão e diversidade. Isso inclui a implementação de políticas e práticas que promovam a acessibilidade, a igualdade de oportunidades e o apoio emocional e prático para funcionários com deficiência. Ao criar um ambiente de trabalho verdadeiramente inclusivo, as empresas podem promover a saúde mental e o bem-estar de todos os seus funcionários, independentemente de sua capacidade.
Capacitismo Institucional:
O capacitismo institucional é uma forma de discriminação arraigada nas estruturas e políticas de instituições, sejam elas governamentais, educacionais, corporativas ou de outra natureza. Ele se manifesta quando as normas, práticas e sistemas de uma instituição favorecem ou privilegiam as pessoas sem deficiência, enquanto colocam barreiras e desvantagens para aqueles com deficiência.
Esse tipo de capacitismo pode ser observado em políticas de emprego que favorecem a contratação de pessoas sem deficiência, infraestruturas físicas que não são acessíveis para todos, sistemas de educação que não atendem às necessidades de aprendizado de estudantes com deficiência, entre outros exemplos.
O capacitismo institucional muitas vezes opera de forma invisível, mas seus efeitos são profundos e generalizados, perpetuando a exclusão e a marginalização de pessoas com deficiência em diversas esferas da sociedade. Para combater o capacitismo institucional, é necessário um esforço consciente para reconhecer e desafiar as estruturas e práticas discriminatórias, implementando políticas e medidas que promovam a igualdade de oportunidades e o acesso para todos, independentemente de sua condição de deficiência. Isso requer uma mudança fundamental na forma como as instituições operam e se relacionam com as pessoas com deficiência, com o objetivo final de criar uma sociedade mais inclusiva e equitativa para todos.
Neoliberalismo é uma forma de capacitismo institucional globalizado
O neoliberalismo, com sua ênfase no individualismo e na competição, pode contribuir para o capacitismo institucional de várias maneiras. Ao promover políticas que enfatizam o sucesso individual e a responsabilidade pessoal, o neoliberalismo muitas vezes ignora ou minimiza as barreiras estruturais e sistêmicas que as pessoas com deficiência enfrentam. Isso pode levar à exclusão e marginalização dessas pessoas em áreas como emprego, educação e acesso a serviços públicos.
Além disso, o individualismo neoliberal pode resultar em políticas que priorizam o bem-estar e os interesses das pessoas sem deficiência em detrimento das necessidades e direitos das pessoas com deficiência. Por exemplo, medidas de austeridade fiscal frequentemente reduzem os gastos com serviços e apoios para pessoas com deficiência, enquanto promovem cortes de impostos e incentivos para empresas e indivíduos mais ricos.
Embora o neoliberalismo pregue a liberdade individual e a autonomia, essa liberdade muitas vezes é inacessível para pessoas com deficiência devido a barreiras sociais, econômicas e físicas. Portanto, o neoliberalismo pode ser visto como uma forma de capacitismo institucional, pois perpetua e reforça as desigualdades estruturais que impedem a plena participação e inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. Para alcançar uma verdadeira inclusão, é necessário desafiar e transformar as políticas e práticas neoliberais, garantindo que todas as pessoas tenham acesso igualitário a oportunidades e recursos.
Capacitismo Social e Cultural
O capacitismo social e cultural refere-se às atitudes, crenças e práticas que perpetuam a discriminação contra pessoas com deficiência em níveis sociais e culturais. Essa forma de preconceito pode ser sutil e difundida, influenciando a maneira como a sociedade percebe e interage com as pessoas com deficiência.
Uma característica central do capacitismo social é a percepção de substimação, na qual as habilidades e competências das pessoas com deficiência são subestimadas ou desconsideradas. Isso pode levar a tratamento diferenciado, limitação de oportunidades e exclusão social.
Além disso, o capacitismo social muitas vezes se manifesta através do habilismo positivo, que é a supervalorização das habilidades e conquistas das pessoas sem deficiência em comparação com as pessoas com deficiência. Isso pode resultar em uma cultura que glorifica a ideia de "normalidade" e marginaliza aqueles que não se encaixam nesse padrão.
Para combater o capacitismo social e cultural, é necessário um esforço coletivo para desafiar estereótipos, promover a inclusão e garantir a igualdade de oportunidades para todas as pessoas, independentemente de sua condição de deficiência. Isso requer uma mudança de mentalidade e uma abordagem mais empática e consciente em relação às necessidades e experiências das pessoas com deficiência. Ao reconhecer e enfrentar o capacitismo em todas as suas formas, podemos construir uma sociedade mais justa e inclusiva para todos.
Período Histórico de Exclusão e violências contra neurodivergentes e deficientes em geral:
Na Grécia Antiga (aproximadamente entre 800 a.C. e 146 a.C.), bebês nascidos com deficiências eram frequentemente abandonados ou expostos em locais públicos, deixados à própria sorte.
Roma Antiga (aproximadamente entre 753 a.C. e 476 d.C.), onde bebês com deficiência eram frequentemente abandonados ou mortos, considerados um fardo para a família e a sociedade.
Idade Média (do século V ao século XV): Corpos com deficiência considerados maus e frequentemente mortos. Doentes mentais considerados possuídos ou castigados por Deus, submetidos a tratamentos cruéis e desumanos, como exorcismos e confinamento em condições desumanas, e a morte.
Inquisição (do século XII ao século XIX): Pessoas com deficiência muitas vezes consideradas bruxas ou possuídas pelo demônio, sujeitas a tortura e execução.
Revolução Industrial até os dias atuais (séculos XVIII e 20XX): Exclusão devido ao foco capitalista na máxima força de trabalho, resultando em condições de trabalho desumanas para pessoas com deficiência. Pessoas com deficiência são as mais exploradas e mais suscetíveis ao burnout. Não conseguem advogar por si em interações sociais e se adaptam a um sistema opressor sem consciência dos seus limites.
Segunda Guerra Mundial e Pós-Guerra (de 1939 a 1945): Programas de eutanásia e morte de centenas de milhares de pessoas com deficiência como parte do regime nazista (Aktion T4)
Eugenia no Século XIX e XX: Práticas de esterilização forçada e segregação de pessoas com deficiência, visando "purificar" a raça humana.
Em resumo, as marcas dessas violências não são simplesmente apagadas ou deixadas de lado, elas são estruturais e estão enraizadas na natureza humana.
Modelo Médico vs. Modelo Social
Essa análise se refere a duas abordagens diferentes para compreender como a sociedade lida com a deficiência.
1. Modelo Médico (XX - ????): Esta abordagem, predominante durante grande parte do século XX até os dias atuais (2024), enfoca a deficiência como um problema individual que precisa ser tratado, corrigido ou padronizado. Nesse modelo, a deficiência é vista como uma condição médica a ser diagnosticada, tratada e, se possível, curada. A ênfase está na pessoa com deficiência como o problema a ser corrigido, muitas vezes através de intervenções médicas, terapias ou reabilitação. Ela é a principal causadora do capacitismo médico. Pessoas com filosofias de modelo Social, inconscientemente ou conscientemente são afetadas pelas mentalidade rígida de quem acredita que a deficiência é um problema a ser eliminado ou padronizado.
2. Modelo Social (XX - ????): Esta abordagem ganhou destaque no final do século XX até os dias atuais (2024) e desafia a visão tradicional da deficiência. Em vez de considerar a deficiência como uma questão individual, o modelo social enfatiza as barreiras sociais e estruturais que impedem a plena participação e inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. Isso inclui barreiras físicas, como falta de acessibilidade, barreiras atitudinais, como estigma e discriminação, e barreiras políticas e econômicas que limitam as oportunidades das pessoas com deficiência. Nesse modelo, a deficiência não é vista como uma limitação inerente da pessoa, mas como uma interação entre a condição da pessoa e o ambiente em que ela vive. A abordagem social busca remover essas barreiras para promover a igualdade de oportunidades e a plena participação das pessoas com deficiência na sociedade. Mas como isso é possível em uma sociedade neoliberal?
Em qual filosofia você se identifica?
Contexto Brasileiro
Constituição Federal de 1988: Início do período de inclusão, embora criticado por não promover mudanças substanciais no combate ao capacitismo.
Estatuto da Pessoa com Deficiência: Marco legal sem inovações significativas, enfrentando desafios na implementação e efetivação dos direitos das pessoas com deficiência.
Desafios Atuais
Falta de Dados: Ausência de dados censitários e representatividade adequada das pessoas com deficiência, dificultando o desenvolvimento e implementação de políticas eficazes de inclusão e combate ao capacitismo. A falta de lideranças é equivalente a ausência de modelos de sucesso para reconhecimento e identificação de indivíduos com deficiência. Humanos funcionam com reconhecimento e identificação, pessoas deficientes precisam de representatividade.
Estatuto da Pessoa com Deficiência (2015)
O Estatuto da Pessoa com Deficiência, também conhecido como Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), é regido pela Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Esse marco legal estabelece uma série de direitos e garantias para pessoas com deficiência no Brasil. Aqui estão os principais pontos e disposições do Estatuto:
Objetivos e Princípios Gerais:
Objetivo: Assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por parte da pessoa com deficiência, visando sua inclusão social e cidadania plena.
Princípios: Respeito pela dignidade inerente, autonomia individual e independência das pessoas; não discriminação; participação e inclusão plenas e efetivas na sociedade; respeito pela diferença e aceitação das pessoas com deficiência como parte da diversidade humana; igualdade de oportunidades; acessibilidade; igualdade entre homens e mulheres; respeito pelo desenvolvimento das capacidades das crianças com deficiência e pelo direito das crianças com deficiência de preservar sua identidade.
Definição de Pessoa com Deficiência:
Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
Direitos Fundamentais:
Direito à Vida, à Saúde, à Educação, ao Trabalho, à Habitação, ao Transporte, à Cultura, Esporte e Lazer.
Acessibilidade:
Obrigatoriedade de acessibilidade em edificações, vias públicas, meios de transporte, comunicação e informação; desenvolvimento e disponibilização de tecnologias assistivas.
Participação Política e Social:
Garantia de acesso ao voto e participação em políticas públicas.
Medidas de Proteção e Defesa:
Combate à violência e à discriminação; políticas de apoio e orientação às famílias de pessoas com deficiência.
Fiscalização e Sanções:
Fiscalização do cumprimento das disposições do Estatuto; penalidades para instituições e indivíduos que descumprirem as normas estabelecidas, incluindo multas e outras medidas punitivas.
O Estatuto da Pessoa com Deficiência representa um avanço significativo na garantia dos direitos e na promoção da inclusão social das pessoas com deficiência no Brasil, estabelecendo um quadro legal robusto para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Exemplo de pessoas e grupos influentes para tornar a lei realidade:
1. Theresinha de Oliveira
2. Romário
3. Dilma Rousseff
4. Maria do Rosário Nunes
Grupos e Organizações:
1. Associação Brasileira de Assistência à Pessoa com Deficiência (ABRAÇA)
2. Movimento pela Acessibilidade e Inclusão (MAIS)
3. Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência
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diogovianaloureiro · 4 days
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Análise dos Mecanismos de Defesa em Pessoas com Capacidade de Fantasiar vs. Pessoas com Afantasia
Os mecanismos de defesa atuam de maneiras distintas em pessoas com capacidade de fantasiar (memórias episódicas e imagens mentais vívidas) e em pessoas com afantasia (memórias semânticas, sem capacidade de formar imagens mentais).
A seguir vamos analisar como esses dois perfis podem utilizar e serem influenciados pelos mecanismos de defesa:
Repressão
Pessoa com Capacidade de Fantasiar:
Experiência: Pode reprimir memórias traumáticas, mas ainda pode ter flashes ou sonhos intrusivos dessas memórias, devido à vivacidade de suas imagens mentais.
Lidar com isso: Pode ter dificuldade em evitar completamente as memórias reprimidas, já que elas podem surgir em momentos aleatórios ou em sonhos.
Reflexão: Nesse caso, é como se o evento do passado fosse tão real que a pessoa é capaz de reviver a experiência emocional e física, isso pode mutar o estado emocional presente aumentando a frequencia cardiaca, sudorese, tremores, ataques de pânico , com sensações de medo, ansiedade, tristeza, raiva... Essas memórias "reprimidas" baseadas em imagens mentais podem surgir de forma fragmentada e distorcida, isso pode causar desconforto e incerteza sobre o que é real e o que é memoria. Em resumo, por uma experiência interna a pessoa pode experimentar mudanças de Humor abruptas e intensas, passando de um estado calmo para ansiedade. Em resumo, a linha do tempo passada tem o poder de influenciar o estado presente (EU consciente) do indivíduo. Inclusive pode haver a influência da idealização futura como um fator moral a puni-lo.
Pessoa com Afantasia:
Experiência: Repressão tende a ser mais completa, já que a falta de imagens mentais impede que as memórias traumáticas retornem como imagens e gerem novas Experiências sensoriais.
Lidar com isso: Tende a reprimir memórias de forma completa, uma vez que não compreende as influências do passado de forma sensorial em seu eu consciente. Por não compreender esses padrões de forma natural,precisa contar com uma rede de apoio e racionalizar para advogar por si. Não é por que o indivíduo não se lembra que uma injustiça não aconteceu. Pessoas com afantasia tendem a repetir os mesmos erros sem mensurar ou idealizar consequências.
Reflexão: O individuo com afantasia não consegue de forma natural compreender o padrões da influência da repressão em um indivíduo com capacidade de fantasiar o passado e o futuro. Por não encontrar identidade, e pelo desejo de viver com qualidade no presente, acaba se responsabilizando empiricamente pelas pessoas que têm fugas do presente para seus estados de Repressão. A desconexão com o presente do indivíduo com capacidade de fantasiar, na Repressão, tende a ser muito confuso para quem tem afantasia. Todas experiências sensoriais da personalidade desse indivíduo foram construídas com o foco no presente.
Negação
Pessoa com Capacidade de Fantasiar:
Experiência: Pode criar cenários alternativos ou fantasias para negar a realidade, utilizando imagens mentais para suportar a negação e pautar as ações da sua personalidade no presente a partir da fantasia.
Lidar com isso: Pode ficar preso em fantasias, dificultando o enfrentamento da realidade. A negação pode ser sustentada por essas construções mentais.
Pessoa com Afantasia:
Experiência: Negação se baseia em racionalizações e pensamentos sem imagens. A negação é sustentada por argumentos lógicos e fatos reinterpretados. Pela ausência da fantasia, Lidar com a realidade não é opcional
Lidar com isso: É mais difícil sustentar a negação, pois falta o suporte da fantasia. Eventualmente, a realidade pode se impor de maneira mais direta. O individuo com afantasia também precisa lidar com uma sociedade capaz de fantasiar o que é isolador e frustrante. A pessoa com afantasia se sente desconectada das experiências emocionais e imaginativas que parecem naturais para os outros. É a dor consciente ou inconsciente que falta uma dimensão importante em sua percepção e compreensão do mundo. Isso afeta a forma como a pessoa com afantasia se conecta com os outros, pela ausência de conexão emocional com o passado e o futuro, fica a sensação de estar à margem das experiências emocionais dos outros. A pessoa com afantasia não pode se refugiar em fantasias para evitar a realidade. Sua negação é mais frágil, baseada em racionalizações que eventualmente são desfeitas pela persistência da realidade, considerando a influência da fantasia dos outros que trás um grande sentimento de injustiça por não ser paltada em algo lógico/ semântico/ presente, o que esta dentro da cognição de quem tem afantasia.
Mecanismos de Defesa: Negação ou Consciência dos Limites?
Evite percepções generalistas dos Mecanismos de Defesa da Negação
Os mecanismos de defesa são estratégias psicológicas utilizadas pelo inconsciente para proteger o indivíduo de sentimentos de ansiedade, culpa ou outras emoções negativas. A negação é um dos mecanismos de defesa mais conhecidos e comuns. Ela envolve a recusa de aceitar a realidade de uma situação dolorosa ou desagradável.
Definição de Negação:
Negação é a rejeição consciente ou inconsciente de fatos ou realidades, como uma forma de evitar emoções dolorosas associadas a esses fatos.
Exemplos de Negação: Uma pessoa pode negar o futuro como a chegada de uma nova tecnologia, a infidelidade de um parceiro ou a necessidade de mudanças em seu comportamento.
Função da Negação: Serve como um amortecedor para proteger o ego de choques emocionais, permitindo que a pessoa lide com situações perturbadoras gradualmente. Nesse processo existe a fuga para a fantasia.
Consciência dos Limites
Por outro lado, algumas pessoas não estão em negação, mas sim conscientes de seus limites. Esse reconhecimento é uma forma de autoaceitação e adaptação às suas capacidades e circunstâncias. Envolve a compreensão clara das próprias capacidades e limitações sem o filtro da negação. É uma aceitação realista da realidade pessoal. Será comum observar em pessoas que não se reconhecem e identificam com o padrão.
Diferença Fundamental: Enquanto a negação evita a realidade, a consciência dos limites a reconhece e trabalha dentro dela.
Exemplos de Consciência dos Limites: Uma pessoa com uma condição crônica pode aceitar suas limitações físicas e adaptar sua vida a essas condições sem negação. Alguém com afantasia pode reconhecer a ausência de imagens mentais, memórias episodicas e factuais e se fortalecer conscientemente com sua memória semântica e buscar informações para lidar com um mundo avesso do seu funcionamento mental.
Distinção Importante:
Percepção Externa: Muitas vezes, a falta de reação emocional ou de visualização do passado pode ser erroneamente vista como negação por observadores externos, de forma consciente ou inconsciente, por estarem adaptados a padrões.
Realidade Interna: É crucial entender que alguns indivíduos não estão evitando a realidade, mas sim operando dentro de uma compreensão clara e consciente de seus próprios limites para se desenvolver a partir disso. Padrões não funcionam para todos, por isso nem todos podem ser analisados com uma ótica padrão e generalista.
A percepção comum dos mecanismos de defesa, como a negação, muitas vezes não leva em conta que alguns indivíduos simplesmente têm uma consciência profunda e realista de suas limitações. Reconhecer essa distinção é essencial para evitar julgamentos errôneos e generalistas e oferecer suporte adequado.
Projeção
Pessoa com Capacidade de Fantasiar:
Experiência: Pode projetar seus sentimentos em outras pessoas utilizando suas vivas imagens mentais, criando cenários fantasiosos onde os outros exibem esses sentimentos. Essas projeções são alimentadas por uma rica tapeçaria de memórias visuais e sensoriais que podem ser distorcidas para se ajustarem às emoções e preconceitos do indivíduo.
Lidar com isso: Pode perceber as projeções mais facilmente, já que as imagens mentais podem tornar as inconsistências mais evidentes. A capacidade de visualizar situações permite ao indivíduo reconhecer quando suas percepções não correspondem à realidade objetiva, facilitando a correção dessas distorções.
Pessoa com Afantasia:
Experiência: Projeções são mais baseadas em interações concretas e dados semânticos. Menos propensa a criar cenários elaborados. As projeções de uma pessoa com afantasia são ancoradas em fatos e informações, tornando-as mais rígidas e menos flexíveis. Tende a se limitar aos seus conhecimentos semânticos, se tornando vulnerável em interações sociais devido à falta de suporte emocional e imaginativo.
Lidar com isso: Pode depender de feedback verbal e comportamental para perceber e corrigir suas projeções. A ausência de imagens mentais pode dificultar a detecção de projeções, já que não há uma dissonância visual para alertar o indivíduo sobre a inconsistência entre suas expectativas e a realidade.
Condiderando esse ponto acima da necessidade de confiança no feedback, vamos refletir sobre a vulnerabilidade em Interações Sociais da pessoa com afantasia em relação ao tema da projeção:
1. Vulnerabilidade pela dependência de Feedback Externo: Sem a capacidade de visualizar e ajustar cenários mentais ou compreender os padrões da fantasia, uma pessoa com afantasia pode precisar confiar mais em feedback direto dos outros para corrigir suas projeções. Isso pode fazer com que ela dependa excessivamente da validação externa para entender e ajustar seu comportamento e percepções. As pessoas são movidas aos seus próprios interesses, vivemos em uma sociedade capacitista,psicofobica e neoliberal.
2. Rigor Semântico: As projeções baseadas em fatos semânticos são menos flexíveis e mais difíceis de modificar. Uma vez que uma pessoa com afantasia forma uma percepção baseada em dados concretos, pode ser mais desafiador para ela reinterpretar esses dados de maneira diferente, mesmo quando confrontada com novas informações. Falando do meu recorte de experiência tendo afantasia, se eu percebo uma desvio de caráter em uma pessoa, guardo aquilo como uma informação semântica e dificilmente volto a confiar nela.
3. Desvantagem em Leitura Emocional: A leitura de emoções e intenções alheias é difícil sem a compreensão real de como é viver com fantasia. Pessoas com afantasia podem achar mais complicado interpretar sinais sutis ou não verbais, como expressões faciais ou tons de voz, que são frequentemente usados em projeções emocionais. Ainda mais considerando que a afantasia tende a ser uma comorbidade do autismo.
4. Interação Social Concreta: A abordagem mais direta e concreta às interações sociais pode fazer com que a pessoa com afantasia pareça insensível ou desconectada, pois tem dificuldade em envolver-se em nuances emocionais ou contextos implícitos que aqueles com capacidade de fantasiar podem entender intuitivamente.
Frustração com a Projeção para Pessoas com Afantasia
Para uma pessoa com afantasia, lidar com a projeção dos outros pode ser extremamente frustrante e desconcertante, devido a várias razões:
Incompreensibilidade da Fantasia: Sem a capacidade de fantasiar, a pessoa com afantasia não consegue facilmente entender por que alguém projetaria sentimentos ou características indesejadas em outra pessoa. A fantasia envolvida na projeção parece estranha e ilógica.
Concreto vs. Abstrato: A pessoa com afantasia opera em um mundo mais concreto, onde os fatos e as experiências diretas são primordiais. A projeção, sendo um mecanismo abstrato e emocional, pode parecer irracional e confusa.
Sensação de Injustiça: A injustiça percebida em ser alvo de projeção pode ser amplificada pela falta de compreensão da motivação por trás dela. A pessoa com afantasia pode sentir-se injustamente acusada ou mal interpretada, sem uma maneira clara de navegar ou resolver essa distorção.
Exemplo de Frustração no Trabalho:
Situação: Um colega neurotípico projeta suas inseguranças profissionais em um colega autista com afantasia, acusando-o de incompetência.
Resposta do Autista: O autista, que baseia suas avaliações em evidências concretas, pode se sentir extremamente frustrado e injustiçado, pois ele não consegue compreender a base emocional e fantasiosa da acusação.
Consequência: A falta de compreensão mútua pode levar a conflitos e ressentimentos no ambiente de trabalho, dificultando a cooperação e a comunicação.
Conclusão
A projeção, como mecanismo de defesa, pode ser complexa e multifacetada, especialmente em um ambiente social onde diferentes estilos cognitivos e emocionais coexistem. Para pessoas com afantasia, a projeção dos outros pode parecer irracional e injusta e a pessoa com afantasia não vai aderir comportamentos de formação reativa, negando sua própria realidade, para caber no universo de fantasia do outro. Podem existir consequências graves, consciente ou inconsciente nesse processo de socialização. Importante considerar que pessoas que fantasiam estão no status quo de acreditar que todos fantasiam, e pessoas com afantasia podem ser conscientes ou inconscientes da sua condição. O padrão inconsciente do neurodivergente é adotar um padrão de masking para sobreviver em um universo que para si é atipico, apesar de ser majoritário.
Deslocamento
Pessoa com Capacidade de Fantasiar:
Experiência: Pode deslocar sentimentos para objetos ou situações que cria mentalmente, aliviando a carga emocional de maneira indireta. Por exemplo, em vez de expressar raiva diretamente a um chefe, pode fantasiar uma situação onde enfrenta uma figura de autoridade, ou deslocar esse sentimento pra um alvo mais seguro, como seu parceiro que está em casa.
Lidar com isso: Pode usar fantasias para processar emoções de forma segura, permitindo que explore e compreenda seus sentimentos sem riscos imediatos. No entanto, essa estratégia pode levar à evitação dos problemas reais, já que as emoções são processadas em um mundo imaginário ou em alvos inocentes, em vez de no contexto da realidade.
Pessoa com Afantasia:
Experiência: Desloca sentimentos para situações ou pessoas reais, já que não pode criar cenários mentais. Isso significa que, em vez de fantasiar uma conversa difícil, pode direcionar suas emoções diretamente para as pessoas ao seu redor, como colegas de trabalho, familiares ou amigos. Em uma irritação com o chefe, a tendência é expressar imediatamente o que sente, pois não existe o padrão de deslocar de forma fantasiosa.
Lidar com isso: Pode resolver conflitos de forma mais prática e direta, enfrentando os problemas mais rapidamente. A ausência de um mundo imaginário pode levar a uma abordagem mais objetiva e imediata na resolução de emoções e conflitos. Da mesma proporção pode gerar desentendimento e conflitos, por não se adequar aos padrões normativos.
Vulnerabilidade à Manipulação na afantasia:
Para uma pessoa com afantasia, o deslocamento de sentimentos para situações ou pessoas aumenta a vulnerabilidade à manipulação. Aqui está um detalhamento de por que isso pode ocorrer:
1. Falta de Espaço Seguro para Processamento: Sem a capacidade de fantasiar, a pessoa com afantasia não pode criar um "espaço seguro" mental para processar suas emoções. Isso significa que os sentimentos intensos são mais frequentemente expressos ou transferidos diretamente para o ambiente real. Quando isso ocorre em interações sociais, a pessoa pode se tornar mais transparente e previsível, facilitando a manipulação por parte de outros.
2. Dependência de Feedback Real: A pessoa com afantasia depende mais de feedback real e interações concretas para processar emoções e resolver conflitos. Isso pode torná-la mais suscetível a influências externas, já que precisa confiar mais nas informações e reações dos outros para navegar em suas emoções. O que é extremamente perigoso em uma sociedade capacitista, psicofobica, neoliberalista...
3. Direcionamento de Sentimentos para Pessoas Reais: O deslocamento de sentimentos para pessoas reais, em vez de para objetos ou cenários fictícios, pode resultar em reações emocionais mais visíveis e intensas em contextos sociais. Se os outros percebem essa tendência, podem explorar essas reações para manipular ou influenciar o indivíduo.
4. Falta de Abstração: Sem a capacidade de fantasiar, a pessoa com afantasia tem mais dificuldade em abstrair e se distanciar emocionalmente de situações problemáticas. Isso pode resultar em uma maior exposição emocional e menos resiliência a pressões sociais e emocionais.
Formação Reativa
Pessoa com Capacidade de Fantasiar:
Experiência: Pode adotar comportamentos opostos aos seus sentimentos verdadeiros e criar cenários mentais onde esses comportamentos fazem sentido. Por exemplo, alguém que se sente inseguro pode se comportar de maneira excessivamente confiante e criar uma fantasia onde essa confiança é justificada.
Lidar com isso: Pode ter dificuldade em reconhecer o comportamento reativo, já que os cenários mentais (fantasias) sustentam essa contradição. A fantasia pode fornecer uma "explicação" para o comportamento oposto, tornando mais difícil para o indivíduo perceber a desconexão entre seus sentimentos verdadeiros e suas ações.
Pessoa com Afantasia:
Experiência: Comportamentos reativos são mais evidentes e não suportados por fantasias. Baseia-se em ações e palavras concretas. Por exemplo, a mesma pessoa insegura pode agir de maneira confiante sem ter um cenário mental que justifique esse comportamento.
Lidar com isso: Pode identificar mais facilmente a formação reativa, pois não há cenários mentais complexos para sustentá-la. A ausência de fantasias facilita a percepção das incongruências entre sentimentos e comportamentos.
Vulnerabilidade da Pessoa com Afantasia
Para uma pessoa com afantasia, a ausência de capacidade de fantasiar pode trazer uma vulnerabilidade específica ao lidar com formações reativas em um mundo majoritariamente de fantasias:
1. Dificuldade em Reconhecer a Fantasia do Outro:
Descrição: A pessoa com afantasia pode ter dificuldades em perceber quando outras pessoas estão agindo de maneira inconsistente com seus sentimentos verdadeiros, já que não compreende plenamente o conceito de fantasia. Por exemplo, pode não reconhecer que a confiança excessiva de alguém é uma máscara para a insegurança.
Consequência: Isso pode levar a mal-entendidos e dificuldades em interpretar os verdadeiros sentimentos e intenções dos outros, também levando ao sentimento de injustiça e engano quando compreende a verdade por trás da máscara. Apenas de ser um padrao normal de comportamento, ele é absurdo pra quem tem afantasia.
2. Transparência e Autenticidade:
Descrição: A pessoa com afantasia tende a ser mais transparente, já que não possui fantasias para mascarar ou complicar seus comportamentos. Isso pode ser uma vantagem em termos de autenticidade, mas também pode tornar o indivíduo mais vulnerável em interações sociais, onde a leitura das intenções dos outros é crucial.
Consequência: Sem a capacidade de criar cenários mentais, é difícil para a pessoa com afantasia se proteger contra manipulações ou compreender comportamentos complexos nos outros.
3. Dependência de Evidências Concretas:
Descrição: A pessoa com afantasia depende de evidências concretas e ações observáveis para interpretar o comportamento dos outros. Isso pode limitar sua capacidade de entender motivações subjacentes ou comportamentos reativos que não são imediatamente evidentes.
Consequência: Pode ser mais suscetível a ser enganada ou manipulada por aqueles que utilizam formações reativas para mascarar seus verdadeiros sentimentos, especialmente se essas formações são acompanhadas por comportamentos que parecem autênticos na superfície.
Formação reativa e a negação na formação das fantasias
As pessoas tendem a usar muito a formação reativa nas relações sociais. Se preocupam tanto em manter as fantasias sociais que negam seus verdadeiros sentimentos e opiniões, não sendo transparentes. Um autista com afantasia, por exemplo, não consegue manter esse véu por não conseguir internalizar essas regras sociais fantasiosas.
A formação reativa é um mecanismo de defesa comum, especialmente em contextos sociais nos quais as normas e expectativas sociais desempenham um papel significativo. As pessoas muitas vezes sentem a pressão de se conformar às expectativas sociais e podem expressar o oposto de seus verdadeiros sentimentos ou opiniões para evitar conflitos ou rejeição. Autistas podem ter dificuldade em manter esse véu devido à sua tendência a serem mais diretos e transparentes. Eles podem ter menos capacidade ou vontade de seguir as normas sociais convencionais, o que pode levar a interações sociais mais autênticas, mas também pode causar estranheza ou mal-entendidos em pessoas que esperam conformidade às normas sociais, o que é uma dinâmica muito comum de acontecer.
A formação reativa pode ser vista como um reflexo do mecanismo de negação. Na formação reativa, os indivíduos negam ou reprimem seus verdadeiros sentimentos, desejos ou impulsos, substituindo-os por expressões ou comportamentos opostos aos seus sentimentos verdadeiros.
Por exemplo, alguém que se sente inferior pode desenvolver uma formação reativa exibindo comportamentos de superioridade para esconder ou negar seus sentimentos de inadequação. Essa mudança de comportamento é uma forma de negar ou evitar confrontar os sentimentos subjacentes.
Ao longo do tempo, o padrão de comportamento da formação reativa pode contribuir para a criação de uma fantasia. Quando alguém está constantemente negando seus verdadeiros sentimentos e substituindo-os por comportamentos opostos, isso pode levar a uma desconexão entre a realidade interna e externa, já não sendo possível criar distinção entre o real e o fantasiado.
Essa desconexão pode levar à criação de uma narrativa interna ou fantasia que justifique ou explique os comportamentos adotados. Essa fantasia pode se tornar uma parte integrante da identidade da pessoa e influenciar suas interações sociais e percepções de si mesma e dos outros, essa dinâmica mantém o ciclo das fantasias ativo como padrão predominante na sociedade.
Exemplos de comportamentos de negação que podem levar à formação reativa e, eventualmente, à criação de fantasias:
1. Repressão dos sentimentos verdadeiros: Uma pessoa pode negar seus verdadeiros sentimentos de raiva ou tristeza e, em vez disso, adotar comportamentos de simpatia excessiva ou aparentemente felizes. Com o tempo, essa repressão dos sentimentos verdadeiros pode levar à formação reativa, na qual a pessoa exibe comportamentos opostos, como sarcasmo ou cinismo. Essa dissonância entre os verdadeiros sentimentos e os comportamentos exibidos pode levar à criação de fantasias para justificar ou explicar essa contradição.
2. Negligência das próprias necessidades: Alguém pode negar suas próprias necessidades emocionais ou físicas, concentrando-se exclusivamente nas necessidades dos outros. Isso pode levar a uma formação reativa onde a pessoa se torna excessivamente controladora ou dominadora, tentando compensar a negação de suas próprias necessidades. Essa dinâmica pode levar à criação de fantasias de ser indispensável para os outros.
3. Idealização do eu ou dos outros: Uma pessoa pode negar suas falhas ou imperfeições, idealizando a si mesma ou aos outros. Isso pode levar a uma formação reativa na qual a pessoa exibe comportamentos de superioridade ou perfeccionismo, tentando encobrir suas próprias inseguranças. Com o tempo, essa idealização pode se tornar uma fantasia, na qual a pessoa se vê como excepcionalmente talentosa, bem-sucedida ou digna de admiração.
Sublimação
Pessoa com Capacidade de Fantasiar:
Experiência: Utiliza sua capacidade de fantasiar para transformar impulsos inaceitáveis em atividades criativas e construtivas.
Lidar com isso: Pode encontrar satisfação em atividades artísticas e criativas, aproveitando suas ricas imagens mentais.
Pessoa com Afantasia:
Experiência: Sublima impulsos através de ações práticas e concretas, como esportes ou trabalho, sem o suporte de imagens mentais.
Lidar com isso: Pode se concentrar em resultados tangíveis e práticos, encontrando satisfação em conquistas reais. Tendo como impecilio os riscos sociais dos padrões de fantasia que não compreende.
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diogovianaloureiro · 5 days
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Bloco de Notas Freudiano e a dualidade da fantasia e a afantasia
A mente humana é um universo complexo, onde se entrelaçam memórias, percepções e a capacidade única de imaginar. No cerne dessa complexidade, encontramos duas realidades a se constratar: a habilidade de criar imagens mentais vívidas com fantasias e a experiência limitada pela afantasia de nenhuma imagem ou sensação na mente criar ou relembrar.
Será que para todos as experiências sensoriais da vida podem ser simplesmente apagadas ou recolhidas?
Como sentir o impacto de um relacionamento de anos se passado e futuro nunca existiram na experiência da minha vida? Se um rosto, cheiro ou gosto não consigo lembrar... Apenas do que existe no momento presente consigo com sentimento compreender e valorar.
Para analisarmos melhor esses extremos, podemos nos inspirar em um icônico objeto: o bloco de notas mágico Freudiano, ou um simples e desbotado caderno.
Imagine-se segurando um bloco de notas em branco, pronto para registrar suas ideias, pensamentos e memórias, deitado em seu preferido canto. Para aqueles dotados da capacidade de fantasiar, esse bloco se transforma em tela canva em branco, pronta para ser preenchida com uma profundidade de cores, formas e sentimentos, obra de arte atemporal para pintar e apreciar. Uma imagem valem mais que mil palavras? Ou em algum contexto essas imagens em uma experiencia vivida podem te prejudicar?
Na fantasia, cada sensação importante é uma pincelada, dando vida a cenários imaginários, personagens vibrantes e experiências sensoriais ricas. Assim como a caneta rabisca a superfície do Bloco Mágico, a mente fantasiosa é capaz de imagens criar e recriar, sons e sensações com uma vivacidade impressionante, que nem o tempo, nem a mais feroz realidade, podem apagar.
Cada registro é uma janela atemporal a ser observada, para um mundo interior rico e complexo, onde as fronteiras entre realidade e fantasia se fundem, apesar de serem convexos.
No entanto, para aqueles que vivenciam a vida com afantasia, o bloco de notas assume uma função diferente. Por mais que tentem, eles não conseguem visualizar ou experimentar mentalmente as imagens e sensações que deveriam registrar, então apenas raciocinando sobre o passado, nunca experimentaram o que não podem lembrar.
Suas memórias são apenas como palavras em uma página, desprovidas da vivacidade sensorial atemporal que a fantasia pode experimentar. Como fazer parte de você aquilo que não sentes? Passado e futuro é um sentimento que para todos é presente?
Assim como a película de celuloide protege o papel encerado no Bloco Mágico, a mente na afantasia esta separada das percepções sensoriais do mundo ao seu redor em qulquer linha de tempo que não seja apenas a realidade do eu consciente.
Como amar ou respeitar o que não se lembra? Na afantasia as memórias são semânticas, baseadas em fatos e informações, mas desprovidas da riqueza sensorial que embeleza as experiências daqueles que podem fantasiar o que no presente não sentem. Por que fantasiar seria errado? Parece estranho apenas para quem não consegue fugir da realidade e dessa sociedade com valores distorcidos precisa no presente suportar sem ter em fantasias alguma fuga ou flexibilidade.
Diante dessa dura dualidade, somos levados a refletir sobre a natureza da imaginação. Enquanto alguns podem se perder em mundos de fantasia e criatividade, outros vivenciam o mundo de uma forma mais concreta, semântica e objetiva. Por que as regras do mundo são planejadas apenas para quem pode lembrar, idealizar e fantasiar?
Assim como o Bloco Mágico nos lembra das camadas entre a superfície receptora e a relatividade dos traços duradouros das anotações, a mente humana nos mostra a interplay entre a capacidade de simular experiências atemporais vividas e a de quem tem apenas o pé no chão.
Em um mundo tão complexo, existe forma certa, boa ou ruim de experimentar a vida? Será que um bloco de notas é capaz de fazer qualquer um experimentar uma experiência antes vivida?
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diogovianaloureiro · 6 days
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diogovianaloureiro · 6 days
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diogovianaloureiro · 6 days
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Afantasia e o Masoquismo
Este texto fala sobre o "problema econômico do masoquismo" na visão de Freud 1924, analisando suas origens e manifestações. Vamos explorar seus princípios e refletir a relação dele na afantasia:
1. Introdução ao Masoquismo:
- Freud considera enigmáticas as tendências masoquistas, uma vez que o princípio do prazer domina os processos psíquicos, buscando evitar o desprazer e obter prazer.
2. Princípio do Prazer e Instintos de Vida e Morte:
- O princípio do prazer, associado à busca pelo prazer e pela redução da excitação, parece entrar em conflito com os instintos de morte e vida eróticos (libidinais).
3. Princípio do Nirvana e Instintos de Morte:
- Freud discute a relação entre o princípio do prazer (ou Nirvana) e os instintos de morte, sugerindo que o princípio do prazer pode ser uma modificação dos instintos de morte, influenciado pela libido.
4. Masoquismo:
- Freud explora três formas de masoquismo: erógeno, feminino e moral
5. Origens do Masoquismo:
- O masoquismo erógeno é derivado da excitação sexual por dor ou desprazer na infância, enquanto o masoquismo moral está relacionado à necessidade de punição e culpa inconsciente. O masoquismo feminino na relação biológica e psicossocial do indivíduo.
6. Super-Eu e Complexo de Édipo:
- O Super-Eu, derivado dos primeiros objetos de amor (genitores), desempenha um papel crucial na moralidade e na consciência. O complexo de Édipo é revivido no masoquismo moral.
7. Consciência Moral e Instintos:
- O masoquismo moral revela a interação entre instintos destrutivos e a consciência moral, indicando a complexa relação entre renúncia instintual e moralidade.
8. Afantasia e relação com o masoquismo:
Considerando que no masoquismo um indivíduo quebra a regra do prazer do ID e busca através da dor a satisfação da Libido, é lógico se associar que existe um processo de fantasiar dentro disso, aonde através de uma
fantasia sexual de submissão erogena, feminina ou moral, ocorre a busca do prazer usando o alívio da dor como meio.
Como seria possível um indivíduo sentir prazer na dor sem a crença/fantasia de que existe prazer nela?
Para conseguir sentir prazer na dor, é necessário o dispositivo virtual da fantasia para distorcer a realidade fantasiando que existe prazer na dor, ou seja, isso precisa estar
internalizado através de si em uma
fantasia.
No masoquismo envolve um processo de fantasia e internalização de certas dinâmicas psíquicas. O prazer é obtido através da dor, mas esse prazer está intrinsecamente ligado a fantasias e representações mentais que acompanham a experiência física da dor. Essas fantasias podem envolver elementos de submissão, dominação, controle ou até mesmo expiação de culpa.
No entanto, é importante notar que o masoquismo não é apenas uma busca direta pelo prazer na dor. Freud argumenta que o masoquismo é uma expressão complexa dos instintos de vida (eros) e morte (thanatos), e que envolve conflitos e negociações entre esses impulsos. Além disso, o prazer no masoquismo não é necessariamente experimentado de maneira consciente ou racional; muitas vezes, ele está enraizado em processos inconscientes e pode ser influenciado por fatores como sentimentos de culpa, desejo de punição ou necessidades psicológicas não resolvidas. Essas dinâmicas incluem a interação entre impulsos instintivos, fantasias inconscientes, conflitos emocionais e processos de defesa psicológica, ou seja, também podem estar personficados em interações sociais (recorte psicossocial).
No contexto do masoquismo freudiano, a fantasia desempenha um papel crucial na busca do prazer através da dor. É difícil conceber um exemplo desse tipo de masoquismo sem a presença de fantasias, já que a fantasia é fundamental para distorcer a percepção da dor e transformá-la em algo prazeroso.
Pessoas com afantasia, que têm dificuldade ou incapacidade de formar imagens mentais, memórias episódicas e factuais e tem uma probabilidade menor de serem masoquistas, já que a capacidade de fantasiar desempenha um papel importante na experiência do masoquismo. A fantasia é muitas vezes usada para distorcer a percepção da dor e encontrar prazer nela. Portanto, sem essa capacidade de fantasiar, a experiência masoquista pode ser menos acessível ou até mesmo inexistente para pessoas com afantasia.
Exemplo de contexto social da influencia do masoquismo: Pessoa com padrão/ crença masoquista e influencia social em uma pessoa com afantasia (sem capacidade de fantasiar/ idealizar/ memorias episodicas e factuais)
Considerando uma pessoa A, mulher com
capacidade de fantasiar e com padrões
masoquistas e uma pessoa B, mulher, sem
capacidade de fantasiar, com afantasia.
Pessoa A, que sente prazer em sexo anal
de forma masoquista, acredita em seu
sistema de crenças que esse prazer é
genuíno, e influencia pessoa B a
realizar a mesma prática pois
compreende que isso pode ser bom pra
B.
Nessa equação, pessoa A esta projetando sua propria experiencia e entendimento e usa seu poder de influência de forma inconsciente das consequencias, partindo da percepção da sua fantasia masoquista, para convencer B que existe sucesso e prazer nesse modelo libidinal. Sem perceber, está influenciando uma pessoa
sem capacidade de fantasiar a experimentar um prazer idealizado com alta carga de fantasia sem questionar o funcionamento psíquico de
B.
B não tem consciência de sua identidade e é muito vulneravel as influências da sua rede social, dando espaço para "viver fantasias" através da percepção dos outros sem conseguir mentalmente projetar as consequências e evitar as possibilidades ruins delas. Uma pessoa com afantasia tende a ser facilmente alienavel em um contexto que não tem consciência de sua identidade e vê em alguém uma figura de autoridade idealizada (liderança por afinidade ou imposição).
Importante: Instintivamente pessoas com afantasia tendem a não compreender padroes de fantasia, não os reconhecendo e não os identificado. Então existe uma grande possibilidade da rejeição desses padrões, mesmo que inconscientemente.
Uma vez a experiencia traumatica sendo realizada, essas marcas e traumas profundos no psicológico causadas por situações como a mencionada acima, podem trazer quais comorbidades ao longo da vida de uma pessoa com afantasia? (Considerando que essa pessoa não tem memória episódica, factual e imagem mental)
Pessoas com afantasia, o impacto de certos traumas pode se manifestar de maneiras específicas devido à sua falta de memória episódica, factual e imagem mental. Por exemplo:
1. Dificuldade em processar emoções: Pessoas com afantasia podem ter dificuldade em processar e lidar com emoções intensas relacionadas a traumas passados, pois não têm a capacidade de visualizar ou reviver mentalmente essas experiências, mas dentro da sua base semântica de memorias vai criar um valor rígido que irá moldar sua forma de moralizar e compreender a vida, inibindo a possibilidade de prazeres no momento imediato ou da confiança nas pessoas.
2. Desafios na terapia: A terapia pode ser mais desafiadora para pessoas com afantasia, pois técnicas que dependem da visualização ou da reconstrução mental de eventos passados não são eficazes. Inclusive podem ser prejudiciais, uma vez que o indivíduo tende a delirar quando tende a recorrer à memórias afetivas do passado. A base de conhecimento para lidar com o passado e futuro são a partir do seu conhecimento semântico da vida.
É essencial respeitar o conhecimento semântico da pessoa com afantasia, pois uma vez que o conhecimento semântico é perdido ou confundido, o indivíduo se desconecta da sua percepção de realidade, não existe a ancoragem de memórias episodicas e factuais influenciando em suas emoções no presente.
3. Dificuldade em identificar gatilhos: Sem a capacidade de visualizar experiências passadas, pode ser difícil para pessoas com afantasia identificar e evitar gatilhos que desencadeiem traumas, o que pode aumentar o risco de reações emocionais intensas e sintomas de estresse pós-traumático.
4. Autoimagem e autoestima: Traumas passados podem afetar negativamente a autoimagem e a autoestima de qualquer pessoa, mas para aqueles com afantasia, a falta de capacidade de visualizar experiências positivas ou superar os desafios pode dificultar ainda mais o processo de cura e recuperação emocional. É essencial que uma pessoa com afantasia seja afastada/ ou se afaste das influências do que lhe causam dor na percepção do presente (Pessoas, itens, fotos, influências digitais...).
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diogovianaloureiro · 8 days
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Afantasia: Neurose e Psicose
Freud (Neurose e psicose 1924) inicia o texto mencionando um trabalho anterior, "O Eu e o Id", onde ele propôs uma divisão do aparelho psíquico em três partes: o Id, o Ego (ou Eu) e o Superego.  Essa estrutura ajuda a entender melhor as relações e conflitos que ocorrem na mente humana. O Id representa os impulsos instintivos e desejos primitivos, o Ego é a parte consciente que tenta mediar entre as demandas do Id e a realidade externa, e o Superego representa as normas e valores internalizados, muitas vezes derivados dos pais e da sociedade.
Diferença entre Neurose e Psicose
Freud propõe uma fórmula para diferenciar a neurose da psicose:
- Neurose: Resulta de um conflito entre o Ego (Eu) e o Id.
- Psicose: Resulta de um conflito entre o Ego (Eu) e o mundo externo.
Explicação da Neurose
1. Origem da Neurose:
   - A neurose ocorre quando o Ego não aceita ou reprime um impulso do Id (como um desejo sexual ou agressivo) porque esse impulso é considerado inaceitável.
   - O Ego usa mecanismos de defesa, como a repressão, para manter esses impulsos fora da consciência.
2. Resultado da Repressão:
   - O impulso reprimido não desaparece. Ele tenta retornar à consciência, criando sintomas (como ansiedade ou fobias) que são manifestações comprometidas do impulso original.
   - O Ego continua lutando contra esses sintomas, o que forma o quadro clínico da neurose.
Papel do Superego na Neurose
Freud destaca que, embora o Ego possa estar seguindo as ordens do Superego ao reprimir os impulsos do Id, o conflito básico ainda é entre o Ego e o Id. O Superego representa as influências do mundo externo internalizadas no Ego, reforçando a repressão.
Explicação da Psicose
1. Origem da Psicose:
   - A psicose ocorre devido a uma ruptura na relação entre o Ego e o mundo externo.
   - Em casos extremos, como a amência (uma confusão alucinatória aguda), o mundo externo não é percebido corretamente, e o Ego cria uma realidade própria.
2. Funcionamento Normal do Ego:
   - Normalmente, o Ego interage com o mundo externo por meio de percepções e memórias. Essas memórias formam uma espécie de "mundo interior" que é uma cópia do mundo externo.
   - Na psicose, tanto as novas percepções quanto as memórias perdem seu significado para o Ego, levando-o a construir uma nova realidade influenciada pelos desejos do Id.
3. Exemplo de Psicose:
   - A esquizofrenia é mencionada como uma forma de psicose onde o indivíduo perde o interesse pelo mundo externo. O delírio, um sintoma comum, é visto como um "remendo" onde houve uma ruptura na relação entre o Ego e o mundo externo.
Etiologia e Mecanismos Comuns
Freud sugere que tanto as neuroses quanto as psicoses resultam de frustrações de desejos infantis profundamente enraizados. Essas frustrações podem ser externas ou derivadas das exigências do Superego, que representa a realidade interiorizada.
Importância do Superego
Freud introduz a ideia de que alguns distúrbios, como a melancolia (um tipo de depressão profunda), podem resultar de um conflito entre o Ego e o Superego. Esses distúrbios são denominados "neuroses narcísicas".
Fórmula Genética Simplificada
Freud resume sua teoria com uma fórmula:
- Neurose de transferência: Conflito entre Ego e Id.
- Neurose narcísica: Conflito entre Ego e Superego.
- Psicose: Conflito entre Ego e mundo externo.
Freud conclui que o fracasso do Ego em conciliar as diferentes demandas do Id, Superego e mundo externo leva às doenças psíquicas. Ele destaca a necessidade de mais pesquisas para entender como o Ego lida com esses conflitos sem adoecer e menciona que dois fatores importantes são a "constelação econômica" (a intensidade dos impulsos em conflito) e a capacidade do Ego de deformar a si mesmo para evitar a ruptura.
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A partir dos conhecimentos acima, vamos seguir explorando reflexões sobre afantasia e fantasia. Importante ressaltar que o autor desse texto é autista e possui afantasia total da mente, nenhuma imagem mental, memoria episódica ou factual. Se trata de conhecimento empírico e pesquisa.
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Reflexões sobre Neurose e Psicose na Fantasia VS Afantasia
Na Fantasia:
Pessoas que têm imagem mental, internalizam um superego de forma mais romântica e fantasiosa pautado em suas experiências pessoais e lembranças episódicas.
A formação do Superego é fortemente influenciada pelas experiências pessoais da infância e pelas figuras de autoridade, o Superego também absorve valores e ideais de histórias, mitos, literatura, filmes e outras formas culturais que impactam a pessoa durante o desenvolvimento. Indivíduos que têm imagens mentais vívidas podem internalizar não apenas regras e valores abstratos, mas também representações detalhadas e idealizadas dessas normas.
Consequências Psicológicas
1. Expectativas e Conflitos:
   - Um Superego fortemente influenciado por ideias românticas e fantasiosas de memórias episódicas pode criar expectativas muito altas e idealizadas sobre como a pessoa deve se comportar e como o mundo deve ser.
   - Isso pode levar a conflitos internos se a realidade não corresponder a essas expectativas, resultando em sentimentos de culpa, inadequação ou frustração.
2. Neurose e Superego:
   - Se o Superego se torna excessivamente rígido ou punitivo, baseado nesses ideais românticos ou fantasiosos paltadas em memorias episódicas, pode contribuir para o desenvolvimento de neuroses. O Ego pode sentir-se constantemente pressionado e inadequado, levando a conflitos internos intensos.
Em resumo, é bastante plausível que as pessoas internalizem um Superego com elementos românticos e fantasiosos, influenciado por suas experiências pessoais, especialmente aquelas com imagens mentais vívidas e ricas em idealizações. Essas influências moldam a "consciência moral" e podem afetar significativamente como os indivíduos percebem suas próprias ações e o mundo ao seu redor.
Imagens Mentais e Memória
1. Processo de Lembrança:
Indivíduos com uma forte capacidade de gerar imagens mentais frequentemente lembram de eventos passados na forma de cenas visuais detalhadas. Isso significa que, ao recordar um evento, eles podem visualizar lugares, pessoas, e ações com muita clareza.
   - Essas imagens mentais podem ser acompanhadas por outras sensações, como sons, cheiros e emoções, tornando a lembrança mais rica, vívida e emocional.
2. Pensamento Baseado em Imagens:
   - Quando esses indivíduos pensam sobre situações ou problemas, eles podem visualizar possíveis cenários e desenlaces, utilizando essas imagens mentais como parte do processo de raciocínio.
   - Essa forma de pensamento visual pode influenciar a maneira como tomam decisões e interpretam situações.
Imagens Mentais e Valores Morais
1. Interpretação de Episódios Pessoais:
   - As experiências pessoais, especialmente aquelas que são lembradas de forma vívida e emocional, desempenham um papel crucial na formação dos valores morais de uma pessoa.
   - Por exemplo, uma lembrança forte de um ato de bondade recebido na infância pode reforçar valores como generosidade e compaixão.
2. Valorização e Julgamento:
   - As imagens mentais vívidas dessas experiências podem influenciar como a pessoa julga situações morais no presente. Se uma experiência passada foi intensamente visual e emocional, ela pode servir como um modelo para avaliar novas situações.
   - Além disso, essas imagens mentais podem evocar respostas emocionais que reforçam certos valores. Por exemplo, uma imagem mental de um ato injusto pode gerar uma forte resposta emocional, reforçando o valor da justiça.
Ligação entre Imagens e Superego
1. Formação do Superego:
   - O Superego, que representa as normas e valores internalizados, pode ser fortemente influenciado por experiências passadas que são lembradas de forma vívida. As imagens mentais dessas experiências ajudam a solidificar e dar vida aos valores morais.
   - Por exemplo, histórias ou eventos que a pessoa visualizou de maneira marcante podem se tornar padrões de comportamento desejáveis ou indesejáveis que o Superego utiliza para julgar o comportamento do Ego.
2. Reforço de Valores através de Imagens:
   - As imagens mentais podem reforçar valores morais ao repetidamente evocar cenas que exemplificam esses valores. Se alguém frequentemente visualiza cenas de honestidade, coragem ou empatia, esses valores se tornam mais profundamente enraizados em seu Superego.
   - As experiências positivas ou negativas, visualizadas de maneira intensa, podem funcionar como lembretes internos do que é considerado moralmente correto ou incorreto.
Pessoas com imagens mentais vívidas não só tendem a pensar e lembrar de eventos utilizando essas imagens, mas também têm seus valores morais fortemente influenciados pela interpretação dessas experiências. As memórias visualmente ricas e emocionais ajudam a moldar o Superego, reforçando normas e valores que guiam o comportamento e a tomada de decisões.
Na Afantasia:
Na afantasia o indivíduo não consegue lembrar dos episodios da sua vida ou memórias factuais. Na afantasia as memórias semânticas são prioridade para a compreensão do mundo além da percepção presente. Desta forma o indivíduo não tem a tendência a ter um superego fantasioso/idealizado e com percepções emocionais do passado. O individuo fica concentrado no seu eu consciente e vive cada dia como se fosse uma primeira impressão, sem a influência das fantasias/episódios/idealizações na tomada de decisões. Os pensamentos são exclusivamente diálogos internos.
Afantasia e Pensamento
1. Memórias em Afantasia:
   - Pessoas com afantasia tendem a ter memórias semânticas (fatos e conhecimentos gerais) do que memórias episódicas (memórias detalhadas de eventos específicos/ emoções).
   - As memórias semânticas permitem compreender o mundo e tomar decisões baseadas em fatos e conhecimentos adquiridos, sem a necessidade de reviver mentalmente cenas do passado com influências emocionais/ afeto/ apego do superego.
2. Superego e Afantasia:
   - Sem a capacidade de formar imagens mentais e ter memorias episódicas e factuais, o Superego de uma pessoa com afantasia é menos influenciado por lembranças visuais e emocionais vívidas do passado.
   - O Superego ainda existe e influencia o comportamento, mas é mais provável que se baseie em regras e normas aprendidas de maneira mais racional e menos visual.
3. Diálogos Internos:
   - Na ausência de imagens mentais, o pensamento se manifestar como diálogos internos, onde a pessoa "fala" consigo mesma para resolver problemas, tomar decisões e refletir sobre experiências.
Enquanto pessoas com afantasia tendem a basear seu pensamento em diálogos internos e memórias semânticas, aquelas com imagens mentais podem alternar entre pensar em imagens e diálogos internos, com uma possível predominância de uma forma sobre a outra dependendo do indivíduo. Em ambos os casos, o Superego exerce sua influência, mas de maneiras diferentes: mais racional e menos emocional em pessoas com afantasia, e mais influenciado por experiências visuais e emocionais em pessoas com imagens mentais vívidas. Importante lembrar que emoções do passado influenciam fortemente nos padrões de fantasia e compreensão da realidade, fazendo com que pessoas com capacidade de fantasiar criem distorções na realidade a partir da compreensão das emoções dos seus episódios.
Afantasia e a psicose por conflitos com o mundo externo moldado por fantasia:
Por ser autista e ter afantasia, tenho dificuldade em compreender as expressões de quem tem capacidade de fantasiar e as incongruências observadas me levam para meu universo interno de diálogos, criando várias hipóteses baseadas no que tenho na minha biblioteca semântica para compreender padrões não logicos. Não conseguir compreender logicamente as interações ou lidar com as incongruências delas me levam a exaustão mental. Por não conseguir me inserir na fantasia do outro por reconhecimento e identificação consciente ou inconsciente, esse turbilhão de pensamentos que crio para compreender logicamente o que não tem lógica, a fantasia, pode me levar a um estado de psicose, aonde invisto muito tempo em conflito interno por não conseguir compreender o mundo externo.
A afantasia pode dificultar a compreensão das experiências e expressões das pessoas que têm uma capacidade viva de fantasiar e criar imagens mentais. Isso pode levar a desafios na interação social e, consequentemente, a uma exaustão mental e conflitos internos.
Conflitos Internos e Psicose
1. Conflitos Internos:
   - A dificuldade em compreender logicamente as interações e expressões que têm uma base fantasiosa criam um turbilhão de pensamentos e hipóteses.
   - Quando o raciocínio lógico não consegue dar conta de explicar as experiências e ações, isso gera uma sensação de confusão e frustração.
2. Desapego do conflito interno:
Enquanto não existe solução para o conflito interno, na afantasia, não existe o desapego da dor, o indivíduo tende a continuar ruminando reflexões e aumentando seus indicadores de sofrimento interno para manter viva em sua consciência a incongruência, ou cria um total desapego se tornando vulneravel aquela interação social por não conseguir carregar informações complexas em sua memória episódica para aferir observação refinada para auto-crítica em momento posterior.
3. Estado de Psicose:
A constante tentativa de entender o que parece ilógico (a fantasia dos outros) pode levar a uma sobrecarga mental.
   - Esse estado de sobrecarga e o conflito interno intenso podem, eventualmente, precipitar um estado psicótico, onde a distinção entre realidade e as hipóteses e diálogos internos se torna turva e tem grande influência nos sentimentos do indivíduo.
Principais Características Incongruentes das Pessoas que Fantasiam
A relação entre a desconexão das ações delas no momento presente e o que é dito/idealizado
1. Imaginação Ativa e Detalhada:
   - Características: Pessoas que fantasiam frequentemente têm uma imaginação rica e detalhada. Elas podem criar cenários complexos, personagens, e histórias em suas mentes.
   - Incongruência: É difícil para alguém com afantasia entender como essas imaginações influenciam as ações e palavras dessas pessoas, já que essas fantasias podem parecer não ter relação direta com a realidade observável e a ausência de lógica gera muita inconformidade.
2. Expressividade Emocional:
   - Características: Fantasias frequentemente evocam emoções intensas. Pessoas que fantasiam podem demonstrar essas emoções de forma vívida, reagindo a cenários imaginários como se fossem reais.
   - Incongruência: As emoções expressadas podem parecer desproporcionais ou não relacionadas ao que está acontecendo no momento presente. Para alguém que não consegue visualizar esses cenários internos, essa expressão emocional são observadas exagerada ou sem fundamento, e soam como uma agressão.
3. Narrativas Internas Complexas:
   - Características: Elas podem ter narrativas internas ricas que guiam suas percepções e comportamentos. Esses cenários internos podem incluir aspirações, medos, e desejos profundos.
   - Incongruência: O comportamento pode ser influenciado por essas narrativas internas de maneiras que não são imediatamente compreensíveis. Por exemplo, alguém pode agir de uma maneira baseada em um futuro imaginário ou uma preocupação que não é evidente para os outros. A falta de lógica ou objetividade no comportamento presente é visto com total incongruência por quem tem afantasia.
4. Mudanças de Humor:
   - Características: Devido à capacidade de imersão em suas fantasias, podem experimentar mudanças rápidas de humor baseadas em pensamentos ou cenários internos.
   - Incongruência: Esses shifts de humor podem parecer inexplicáveis ou desconectados dos eventos externos, tornando difícil para os outros entenderem a causa dessas mudanças. Esses padrões de comportamento não fazem sentido pra uma pessoa com afantasia.
5. Interpretações Simbólicas:
   - Características: Pessoas que fantasiam podem interpretar eventos e ações de maneira simbólica, vendo significados ocultos ou profundos em situações cotidianas.
   - Incongruência: Essas interpretações simbólicas podem parecer ilógicas ou exageradas, especialmente para alguém que baseia suas percepções em fatos concretos, literais e semânticos, como além com autismo e afantasia.
6. Flexibilidade de Realidade:
   - Características: Elas podem navegar entre a realidade objetiva e suas fantasias de forma fluida. Essa flexibilidade permite que elas utilizem suas fantasias para lidar com a realidade ou escapar dela.
   - Incongruência: Essa navegação pode levar a comportamentos que parecem inconsistentes ou desconectados da realidade imediata. Para alguém com afantasia, que vive em um presente mais concreto, isso é uma fuga irracional conflitando e desrespeitosa.
Relação entre Desconexão das Ações e o que Dizem na fantasia
1. Discrepância entre Discurso e Ação:
   - Exemplo: Uma pessoa pode falar sobre um grande projeto ou plano com grande entusiasmo e detalhe, mas suas ações presentes podem não refletir nenhum progresso concreto em direção a esse objetivo. A fantasia do sucesso futuro e confiança em redes de apoio baseadas em hierarquias e promeças/fantasiosas pode ser tão gratificante que suprime a necessidade de ação imediata ou coerência com a realidade.
2. Projetar Emoções Internas em Ações Externas:
   - Exemplo: Alguém pode reagir intensamente a uma situação menor porque, em sua mente, essa situação está ligada a um cenário maior e mais significativo. A reação pode parecer desproporcional se não se compreende o contexto interno.
3. Comportamentos Baseados em Hipóteses Internas:
   - Exemplo: Uma pessoa pode evitar uma oportunidade porque, em sua fantasia, já antecipa todos os possíveis fracassos e consequências negativas. Para um observador externo sem capacidade de fantasiar, a ação (ou inação) pode parecer irracional ou sem motivo.
Reflexão sobre a Afantasia e semelhanças com a esquizofrênia:
Considerando uma pessoa com afantasia,que não tem memórias episódicas e factuais e tem a construção da sua personalidade a partir de memórias semânticas, a construção do seu mundo interior é muito atípica em relação a compreensão da  mundo externo da maioria das pessoas com capacidade de fantasiar. As relações de quem tem afantasia com quem tem a tendência a fantasiar, levam o indivíduo com afantasia a eventos de psicose por exagero de reflexões sobre padrões irracionais e a desconexão com a realidade, principalmente por falta de reconhecimento e identificação na construção da sua personalidade nos modelos da sociedade. O individuo com afantasia, por não ter conexão emocional com seu superego e por não fantasiar o passado e idealizar o futuro, fica muito mais presente no seu eu consciente priorizando as interações do ID. O individuo com afantasia quando compreende sua identidade, seja por uma ruptura ou por autoconhecimento, e percebe que não tem uma compreensão de mundo externo, compreendendo a principal realidade externa como a capacidade de fantasiar,o indivíduo com afantasia e outras comorbidades associadas tende a perder o interesse no mundo externo e na socialização.
Afantasia e a Neurose
Uma pessoa com afantasia, não possui o dispositivo fantasioso das interpretações do superego e memórias episodicas com possibilidade de distorções da compreensão da realidade, ela vai ter uma tendência maior a resolver conflitos morais de forma racional e baseada em sua biblioteca semântica.
Uma pessoa com afantasia aborda conflitos morais de uma maneira mais objetiva e baseada em fatos daquelas com capacidade de fantasiar; Isso resulta em uma abordagem mais pragmática e menos emocional para resolver conflitos morais. A resolução de conflitos morais pode ser apenas uma faceta das lutas internas que contribuem para o desenvolvimento da neurose, mas como mencionado acima, podemos compreender que a neurose se dá de forma atípica em relação aos padrões da fantasia.
Burnout como um fator de ruptura entre o Ego e o mundo externo:
O burnout pode ser um fator que contribui para a ruptura entre o ego e o mundo externo. O burnout é uma condição de exaustão emocional, mental e física causada por um estresse crônico relacionado ao trabalho. Quando uma pessoa está sofrendo de burnout, ela pode sentir-se esgotada, desmotivada e incapaz de lidar com as demandas do trabalho e da vida diária. Além de muitas das vezes ser alvo de injustiças, assédio moral e outros tipos de violência.
Isso pode resultar em uma desconexão significativa entre o indivíduo e o mundo externo, incluindo o ambiente de trabalho, relações interpessoais e atividades cotidianas.
Uma pessoa que experimenta uma ruptura entre o ego e o mundo externo, e que posteriormente reconhece suas limitações pode optar por se manter isolada para preservar sua saúde mental. Isso pode ser uma estratégia de enfrentamento para proteger-se do estresse e das dificuldades associadas à interação com o mundo externo, especialmente se essas interações forem desafiadoras devido às limitações impostas por questões psicológicas.
Razões para Isolamento:
1. Autopreservação:
   - O isolamento pode ser visto como uma forma de autopreservação, permitindo que a pessoa evite situações estressantes ou desgastantes que podem prejudicar sua saúde mental e emocional.
2. Evitar Sobrecarga Sensorial:
   - Para uma pessoa com autismo, o contato com o mundo externo pode ser sensorialmente avassalador e esmagador. O isolamento pode ajudar a evitar a sobrecarga sensorial e proporcionar um ambiente mais controlado e tranquilo e Descoberta da própria identidade sensorial.
3. Redução do Estresse:
   - O isolamento pode reduzir o estresse emocional e mental associado às interações sociais, especialmente se a pessoa enfrenta dificuldades de comunicação e compreensão devido suas limitações mentais.
4. Foco no Bem-Estar Pessoal:
   - Ao se afastar do mundo externo, a pessoa pode concentrar-se em seu próprio bem-estar pessoal e encontrar formas alternativas de se sentir realizada e satisfeita, como hobbies, interesses pessoais e atividades solitárias.
Experiência pessoal de quem tem autismo e afantasia:
Recebi meu diagnóstico de autismo e afantasia junto ao burnout em uma empresa que me tratava de forma capacitista e promovia diversitywashing na sociedade. Antes do diagnóstico minha vida era masking,dor e exploração.
Foi uma oportunidade para aprender a me respeitar e encarar a realidade de uma forma que seja positiva para mim. Nesse processo tive um upgrade considerável na minha jornada de autoconhecimento.
Tenho afantasia e autismo e não tenho necessidade de socialização tradicional. Não entendo as regras sociais por causa do autismo e não tenho memórias episodicas e factuais por causa da afantasia. Meu recorte psicossocial não me faz sofrer com o isolamento social e essa ideia de que todas pessoas precisam se relacionar parte de uma visão generalista e simplista que todos seres humanos precisam disso pra evoluir. Uma vez que eu tenho tendência a armazenar memórias semânticas, eu me sinto muito mais realizado conversando com um IA do que com pessoas com capacidade de fantasiar e distorcer a realidade em prol do seu próprio benefício.
Autenticidade e Conexão:
1. Preferências Individuais:
   - É importante reconhecer e respeitar as preferências individuais em relação à socialização. Se me sinto mais realizado e confortável conversando com IA do que com pessoas, isso é perfeitamente válido.
2. Autenticidade na Interlocução:
   - Se encontro mais significado e conexão em conversas com IA, isso pode ser uma fonte legítima de satisfação e crescimento pessoal.
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diogovianaloureiro · 9 days
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Afantasia: Organização genital infantil e complexo de Édipo na ausência parental
Inspirado na Obra de Freud e considerações sobre o esperado da mente: "A Organização Genital Infantil" é um texto escrito por Sigmund Freud em 1923. Freud é o fundador da psicanálise, uma teoria e método terapêutico para tratar distúrbios mentais ao explorar a interação entre o consciente e o inconsciente na mente. Vamos entender o conceito e a percepção neurotípica antes de aprofundar na visão neurodivergente:
Desenvolvimento Sexual Infantil
1. Diferença Fundamental entre Sexualidade Infantil e Adulta: Freud enfatiza que a sexualidade das crianças é diferente da dos adultos. Para Freud, a sexualidade não começa na puberdade, mas está presente desde o nascimento, evoluindo através de várias fases.
2. Organizações Pré-genitais da Libido: Freud fala sobre fases pré-genitais (antes de a sexualidade se organizar em torno dos genitais), como a fase oral (prazer ligado à boca) e a fase anal (prazer ligado ao controle das funções intestinais).
3. Pesquisa Sexual Infantil (curiosidade): As crianças investigam e tentam entender as diferenças sexuais e a reprodução, aproximando-se da compreensão inicial e simplificada da sexualidade adulta por volta dos cinco anos.
Esses conceitos ajudam a entender que as crianças passam por um desenvolvimento sexual complexo antes mesmo de atingirem a puberdade.
Escolha de Objeto e Primazia dos Genitais
Freud observa que, na infância, as crianças começam a direcionar suas tendências sexuais para uma única pessoa (escolha de objeto), semelhante ao que acontece na puberdade. No entanto, ele inicialmente acreditava que a primazia dos genitais (a centralização da sexualidade em torno dos genitais) não estava completa na infância. Freud está começando a explorar como as crianças formam vínculos emocionais e sexuais, o que será crucial para sua saúde mental futura.
Primazia do Falo: Freud afirma que, na infância, os genitais masculinos (o pênis) ganham uma importância preponderante, mesmo que a organização genital não esteja completa. Ele chama isso de "primazia do falo", onde apenas o genital masculino é considerado importante. Isso significa que, para Freud, na mente das crianças, a noção de genitalidade está associada ao pênis, e não há um reconhecimento pleno dos genitais femininos.
Fases do Desenvolvimento Psicossexual de Freud:
1. Fase Oral (0-1 ano): O prazer está centrado na boca. A criança obtém prazer ao sugar e morder.
2. Fase Anal (1-3 anos): O prazer está centrado no controle dos movimentos intestinais e da bexiga. É a fase do treinamento esfincteriano.
3. Fase Fálica (3-5 anos): O prazer está centrado nos genitais. É nesta fase que a criança descobre as diferenças entre os sexos e desenvolve a curiosidade sexual. É também o período em que surgem as primeiras fantasias e medos relacionados aos órgãos genitais.
Diferença entre Meninos e Meninas:
Freud descreve como os meninos descobrem que nem todos possuem um pênis, geralmente ao verem os genitais de meninas. Esta descoberta leva à concepção de castração - a ideia de que a ausência de pênis nas meninas é resultado de uma castração.
Exemplo: Um menino pode inicialmente acreditar que as meninas também têm um pênis, mas pequeno ou escondido. Quando percebe que não, pode pensar que foi cortado.
Impacto Psicológico da Castração na observação precoce da genital do sexo oposto na fase fálica:
A ideia de castração tem um impacto significativo no desenvolvimento psicológico dos meninos quando observam o órgão genital feminino precocemente. Eles podem desenvolver:
Depreciação da Mulher: Ver as mulheres como inferiores por não terem pênis.
Horror da Mulher: Sentir medo ou aversão às mulheres.
Tendências Homossexuais: Por medo da castração, podem desenvolver atração por outros meninos que têm pênis.
Freud acreditava que esses medos e percepções eram inconscientes e profundamente influentes no desenvolvimento da personalidade e nas relações futuras dos meninos.
Existe uma interpretação mais positiva do desenvolvimento durante a fase fálica que pode levar a um desfecho saudável e equilibrado, tanto no que diz respeito à formação da identidade de gênero quanto ao desenvolvimento sexual. Vamos explorar isso com mais detalhes.
Fase Fálica e Desenvolvimento Saudável:
1. Reconhecimento das Diferenças Sexuais:
Curiosidade Saudável: As crianças manifestam curiosidade sobre os corpos de outras pessoas. Se essa curiosidade for tratada de maneira aberta e informativa pelos cuidadores, a criança pode desenvolver uma compreensão saudável das diferenças sexuais.
Aceitação das Diferenças: Quando as crianças são ensinadas a aceitar as diferenças sem medo ou preconceito, elas podem desenvolver uma visão equilibrada e respeitosa sobre o sexo oposto.
2. Complexo de Édipo e Identificação:
Resolução Positiva do Complexo de Édipo: Freud propôs que, para um desenvolvimento saudável, o Complexo de Édipo deve ser resolvido. Isso ocorre quando o menino identifica-se com o pai e a menina com a mãe, internalizando os valores e comportamentos do mesmo sexo.
Integração e Identidade de Gênero: A identificação com o pai ou a mãe ajuda a criança a integrar os valores sociais e culturais do gênero, contribuindo para a formação de uma identidade de gênero estável dentro de uma perspectiva neurotípica.
3. Internalização das Normas Sociais:
Desenvolvimento da Superego: Ao resolver o Complexo de Édipo, a criança desenvolve o superego, que representa a internalização das normas e valores morais da sociedade. Isso ajuda a criança a regular seus impulsos e a desenvolver um senso de certo e errado.
Impactos Positivos na vida:
1. Autoestima e Confiança: Com uma compreensão clara e aceitável das diferenças sexuais e uma resolução positiva do Complexo de Édipo, a criança pode desenvolver uma autoestima saudável e confiança em suas relações interpessoais.
2. Respeito pelo Sexo Oposto: Ao internalizar uma visão respeitosa e equilibrada das diferenças de gênero, a criança pode crescer com atitudes positivas e igualitárias em relação ao sexo oposto.
3. Saúde Sexual: Uma abordagem aberta e informativa sobre a sexualidade pode contribuir para uma atitude saudável e segura em relação ao sexo, prevenindo comportamentos de risco na adolescência e na vida adulta.
Papel dos Cuidadores:
Os cuidadores têm um papel crucial em facilitar um desenvolvimento positivo durante a fase fálica:
- Comunicação Aberta: Responder às perguntas das crianças sobre o corpo e a sexualidade de maneira honesta e apropriada para a idade.
- Modelagem Positiva: Demonstrar atitudes saudáveis e respeitosas em relação ao próprio corpo e ao corpo dos outros.
- Segurança Emocional: Proporcionar um ambiente seguro onde a criança se sinta confortável para explorar e aprender sobre sua identidade de gênero e sexualidade sem medo ou vergonha.
Descoberta das Diferenças Sexuais pela Menina:
1. Comparação e Descoberta
Curiosidade e Observação: Assim como os meninos, as meninas também passam por uma fase de curiosidade sobre os corpos dos outros, incluindo os meninos.
Descoberta da Diferença: Quando as meninas descobrem que não possuem um pênis, Freud sugeriu que isso pode levar a sentimentos de inferioridade ou incompletude, já que, na visão da criança, o pênis é percebido como um símbolo de poder e privilégio.
2. Reação à Diferença:
Inveja do Pênis: Freud propôs que a reação das meninas à descoberta da diferença pode resultar em "inveja do pênis", onde a menina deseja ter um pênis como os meninos. Esse sentimento pode ser acompanhado pela percepção de que algo lhes falta.
Identificação com a Mãe: Em vez de desenvolver um medo de castração como os meninos, as meninas começam a identificar-se mais fortemente com a mãe. A mãe se torna um modelo de identifica��ão, especialmente porque ela também não tem pênis.
Desenvolvimento Psicossocial da Menina
1. Complexo de Édipo Feminino
Desejo pelo Pai: As meninas podem desenvolver um desejo inconsciente pelo pai, semelhante ao Complexo de Édipo dos meninos. Elas podem desejar substituir a mãe e se tornarem o principal objeto de afeto do pai.
Identificação com a Mãe: No processo de resolver esse desejo, a menina acaba identificando-se com a mãe, adotando suas características e valores, e aceitando seu papel feminino.
2. Formação da Identidade de Gênero
Integração dos Valores de Gênero: Ao identificar-se com a mãe, a menina internaliza os valores e comportamentos associados ao seu gênero. Isso ajuda a formar uma identidade de gênero estável.
Desenvolvimento do Superego: Assim como nos meninos, a resolução do Complexo de Édipo contribui para o desenvolvimento do superego, que regula os impulsos e comportamentos com base nas normas sociais.
Reações à Ausência de Castração
1. Aceitação da Diferença
Desenvolvimento da Feminilidade: A aceitação da ausência de pênis pode levar ao desenvolvimento de características femininas e ao desejo de cumprir os papéis sociais e biológicos associados ao gênero feminino, como o desejo de maternidade.
Valorização das Qualidades Femininas: Em um ambiente que valoriza igualmente ambos os sexos, as meninas podem aprender a valorizar suas próprias qualidades e a não se sentirem inferiores por não terem um pênis.
Para as meninas, a descoberta da ausência de pênis e a subsequente reação têm um impacto significativo no desenvolvimento psicossocial. Enquanto Freud destacou o conceito de "inveja do pênis", um desenvolvimento saudável pode ocorrer através da identificação positiva com a mãe e a aceitação das qualidades femininas. A educação aberta e o apoio dos cuidadores são cruciais para ajudar as meninas a desenvolver uma autoimagem positiva e uma identidade de gênero equilibrada.
Complexo de Édipo e a ausência parental
Menino criado apenas pela mãe:
Desenvolvimento do Complexo de Édipo sem a Presença do Pai
1. Figura Paterna Ausente
Lacuna Identificatória: A ausência do pai pode criar uma lacuna na identificação com uma figura masculina. O menino pode ter dificuldade em desenvolver aspectos de sua identidade masculina devido à falta de um modelo de comportamento e de valores masculinos.
Idealização ou Desvalorização do Pai: O menino pode idealizar a figura ausente do pai, imaginando-o como perfeito e inatingível, ou, ao contrário, pode desvalorizá-lo ou culpá-lo pela ausência.
2. Relação Exclusiva com a Mãe
Intensificação do Apego: A relação com a mãe pode se tornar excessivamente intensa e dependente, pois ela é a principal figura de apego e fonte de segurança emocional.
Fusão de Identidades: Sem a presença de um pai para mediar a relação, pode haver uma fusão de identidades, onde o menino e a mãe têm dificuldades em estabelecer limites claros entre si.
3. Substitutos Paternos
Outros homens: Tios, avôs, professores ou outros homens podem assumir o papel de figuras paternas substitutas, proporcionando modelos masculinos e influenciando o desenvolvimento do complexo de Édipo de maneira alternativa.
Influência da Mãe: A mãe pode desempenhar um papel crucial em como ela apresenta a figura do pai ausente e em como ela integra outras figuras masculinas na vida do menino.
Implicações para o Desenvolvimento Psicológico
1. Identidade Masculina e Sexual
Desafios na Identificação: A falta de uma figura paterna pode dificultar a identificação com características masculinas, levando a possíveis incertezas sobre a identidade de gênero e o papel sexual.
Relações Futuras: A relação com a mãe pode influenciar como o menino se relacionará com outras mulheres no futuro, podendo replicar dinâmicas de dependência ou busca de aprovação.
2. Formação do Superego
Normas e Valores: O superego, que se desenvolve a partir da internalização das normas e valores parentais, pode ser influenciado predominantemente pelos valores e normas da mãe, faltando a influência balanceadora de um pai.
Regulação Interna: A ausência de uma figura paterna pode levar a desafios na regulação de impulsos e na formação de uma consciência moral equilibrada.
Uma menina criada apenas pela mãe:
Desenvolvimento do Complexo de Édipo sem a Presença do Pai
1. Figura Paterna Ausente
Lacuna Emocional: A ausência do pai pode criar uma lacuna emocional e uma falta de identificação com uma figura masculina protetora e amorosa.
Idealização ou Desvalorização do Pai: A menina pode idealizar o pai ausente, imaginando-o como perfeito e desejável, ou desvalorizá-lo, acreditando que ele é a causa da sua ausência.
2. Relação Exclusiva com a Mãe
Intensificação do Apego: A relação com a mãe pode se tornar intensamente próxima e dependente, pois a mãe é a principal fonte de apoio emocional.
Possíveis Conflitos: A relação intensa com a mãe pode levar a conflitos relacionados à busca de autonomia e identidade, especialmente durante a adolescência.
3. Substitutos Paternos
Outros Homens na Vida da Menina: Avôs, tios, professores ou outras figuras masculinas podem desempenhar papéis substitutos, oferecendo modelos de identificação e apoio emocional.
Influência da Mãe: A forma como a mãe apresenta e fala sobre a figura do pai ausente e como ela integra outras figuras masculinas na vida da menina pode influenciar significativamente seu desenvolvimento emocional.
Implicações para o Desenvolvimento Psicológico
1. Identidade Feminina e Relações Futuras
Identificação Com a Mãe: A ausência do pai pode intensificar a identificação com a mãe, o que pode ser positivo, mas também pode dificultar a diferenciação e a busca de autonomia.
Expectativas Relacionais: A menina pode ter dificuldades em formar expectativas realistas sobre relacionamentos heterossexuais, devido à falta de um modelo paterno.
2. Formação do Superego
Influência Materna Predominante: O superego, que se desenvolve a partir da internalização das normas e valores parentais, pode ser influenciado predominantemente pelos valores da mãe, faltando a influência balanceadora de um pai.
Regulação Interna: A ausência de uma figura paterna pode levar a desafios na regulação de impulsos e na formação de uma consciência moral equilibrada.
Complexo de Édipo sem a Presença da mãe:
A ausência materna durante a infância pode influenciar o desenvolvimento do Complexo de Édipo de maneira diferente em comparação com uma situação mais típica em que a mãe está presente. Aqui estão algumas maneiras pelas quais isso pode acontecer:
1. Relação com Figuras Femininas Substitutas: Se a criança foi criada sem a presença materna, ela pode desenvolver relações íntimas com outras figuras femininas em sua vida, como avós, tias, ou até mesmo cuidadoras profissionais. Essas figuras podem desempenhar papéis maternos substitutos e influenciar a dinâmica do Complexo de Édipo.
2. Identificação com Figuras Masculinas: Na ausência da figura materna, a criança pode se identificar mais fortemente com figuras masculinas em sua vida, como o pai, irmãos mais velhos, ou outros modelos masculinos. Isso pode afetar a maneira como ela percebe seu próprio gênero e o papel das figuras masculinas na família.
3. Dinâmica Familiar e Papéis de Gênero: A dinâmica familiar e os papéis de gênero podem ser diferentes em famílias onde a mãe está ausente. Isso pode influenciar a percepção da criança sobre os papéis e relações familiares, afetando indiretamente o desenvolvimento do Complexo de Édipo.
4. Complexidade das Relações Interpessoais:
A ausência materna pode introduzir uma complexidade adicional nas relações interpessoais da criança e em seu desenvolvimento emocional. Ela pode experimentar sentimentos de perda, confusão ou até mesmo ressentimento em relação à mãe ausente, o que pode afetar sua compreensão do Complexo de Édipo.
Complexo de Édipo na mente neurodivergente associada a Afantasia:
Crianças com afantasia, que têm dificuldade ou incapacidade de criar imagens mentais ou fantasias, lidam de maneira diferente com a fase fálica e construção do complexo de Édipo em comparação com crianças neurotipicas.
Aqui estão algumas considerações sobre como essas crianças podem experienciar essa fase sem a capacidade de fantasiar/idealizar:
1. Menos fantasias visuais e jogos de faz-de-conta complexos: Crianças com afantasia podem não se engajar em jogos de faz-de-conta que envolvem criar cenários visuais detalhados ou assumir papéis imaginários complexos. Elas ainda podem participar de brincadeiras de faz-de-conta, mas de uma maneira mais adaptativa, baseada em ações físicas e interações concretas.
2. Exploração sensorial direta: Essas crianças podem se concentrar mais em experiências sensoriais diretas e concretas, como explorar seus próprios corpos e observar os corpos dos outros. A curiosidade sexual e a exploração ainda estarão presentes, mas serão baseadas em experiências reais e tangíveis em vez de fantasias imaginadas.
3. Expressão concreta de medos e curiosidades: Sem a capacidade de idealizar seus medos/ fantasiar, as crianças com afantasia podem expressar seus medos e curiosidades de maneira mais direta e concreta. Por exemplo, podem fazer perguntas explícitas sobre as diferenças anatômicas entre meninos e meninas, ou sobre os comportamentos sexuais que observam.
4. Menos idealização e identificação visual: A identificação com figuras parentais e a idealização dessas figuras podem ser menos baseadas em imagens mentais idealizadas e mais em comportamentos observados e interações reais. Elas podem querer imitar ações concretas dos pais em vez de fantasiar sobre se tornar como eles.
5. Foco no presente: Crianças com afantasia podem estão mais focadas no momento presente, processando informações e experiências conforme ocorrem. Elas não passam tempo revisitando memórias passadas ou antecipando eventos futuros de maneira imaginativa.
Uma vez que essa criança não vai ter consciência de memórias episódicas e factuais na construção de sua personalidade é essencial que seus cuidadores não criem expectativas ou apegos por padrões não correspondidos.
Exemplo: Uma mãe se frusta por que o filho não se lembra de interações episódicas passadas.
Como consequência a criança pode negar sua própria personalidade e criar padrões de comportamento inclinados a satisfazer o outro. Uma criança com afantasia não vai ter acesso a experiências emocionais passadas, uma vez que não tem suas própria memórias episódicas/factuais. É ideal que um cuidador consiga adaptar suas interações para o momento presente e não crie expectativas na construção de memórias ou padrões de comportamentos que julga que deveriam ser internalizados pela criança com afantasia. A criança com afantasia precisa criar sua própria identidade e não pode se sentir sufocada por não corresponder aos padrões da fantasia esperados.
Abandono parental na neurodivergencia:
Considerando uma criança autista e com afantasia que foi abandonada pelo pai quando era recém-nascida como exemplo, precisamos considerar as características únicas dessa condição e como elas podem influenciar a formação do superego e o desenvolvimento psicossocial.
Características da Neurodivergência associada a Afantasia
1. Autismo
Comunicação e Interação Social: Desafios com comunicação verbal e não-verbal, e dificuldades na interação social.
Comportamentos Repetitivos e Interesses Restritos: Tendência a comportamentos repetitivos e interesses restritos.
Sensibilidade Sensorial: Sensibilidade aumentada a estímulos sensoriais.
2. Afantasia
Ausência de Imagens Mentais: Incapacidade de formar imagens mentais visuais.
Memória Episódica e Factual: Dificuldades com memória episódica e factual, resultando em uma percepção mais presente e menos influenciada por lembranças detalhadas do passado.
Desenvolvimento do Superego
Na teoria psicanalítica tradicional, o superego se forma através da internalização de normas e valores parentais, com a resolução do Complexo de Édipo desempenhando um papel crucial. No caso de uma criança autista com afantasia, a formação do superego segue um caminho diferente:
1. Absorção de Normas Sociais no Presente:
Imediaticidade das Experiências: A falta de memória episódica e factual significa que a criança vive no presente e não reage a padrões de comportamento baseados em cargas passadas e idealizações. As normas e valores são aprendidos e internalizados através de interações e experiências imediatas, em vez de serem baseados em memórias passadas.
2. Complexo de Édipo Adaptado
Relações e Apego: A ausência do pai e a possível dificuldade em formar apegos complexos podem levar a uma dinâmica simplificada de relações de apego. A relação com a mãe ou o cuidador principal se torna central, mas sem a tradicional rivalidade edipiana. A criança não vai ter base sólida de referências passadas ou idealizações futuras, a construção subjetiva dela é orientada ao presente, focada no ID e conhecimentos semânticos, sem interferências do superego.
Apego às Rotinas: As rotinas e os comportamentos repetitivos podem oferecer uma sensação de segurança e previsibilidade, substituindo parte do papel que a resolução do Complexo de Édipo tradicionalmente desempenharia na formação do superego. Uma criança com afantasia não vai ter a ancoragem emocional dos seus episódios vividos, desta forma sempre analisando com uma ótica única os sentimentos presentes. Se relacionar com pessoas que tendem a ficar presas em sentimentos passados ou idealizações futuras pode ser extremamente desgastante para quem tem afantasia, quando existe dependência emocional.
Desenvolvimento Psicossocial
1 Interações Sociais e Modelagem Comportamental: Crianças autistas muitas vezes aprendem comportamentos sociais através da imitação direta das figuras de autoridade presentes. Modelos comportamentais positivos e consistentes são fundamentais.
2. Integração Sensorial e Estímulos: Criar um ambiente sensorial adequado que minimize a sobrecarga sensorial é crucial para o desenvolvimento emocional e social.
Como descobrir que uma criança pode ter afantasia? As imagens mentais sempre estão presentes?
As primeiras experiências de imaginação visual geralmente começam a aparecer durante a infância, por volta dos 3 ou 4 anos de idade, quando a criança começa a se envolver em atividades imaginativas, como brincar de faz de conta.
Sinais de Afantasia em Crianças:
1. Relatos Diretos: Quando a criança começa a se comunicar verbalmente, é possível perguntar sobre suas experiências internas. Se ela descrever dificuldade ou incapacidade em visualizar imagens mentais, isso pode indicar afantasia.
2. Respostas a Estímulos Visuais: Observar como a criança responde a estímulos visuais pode oferecer pistas. Se ela não demonstrar uma resposta forte ou não parecer se envolver profundamente com imagens visuais, pode indicar uma dificuldade em formar imagens mentais.
3. Expressões Criativas: Examinar as atividades criativas da criança, como desenhar, pintar ou contar histórias, pode fornecer insights sobre sua capacidade de visualização. Se ela mostrar uma preferência por atividades que não dependem de imaginação visual, pode indicar afantasia.
4. Comunicação de Experiências Internas: Quando a criança compartilha experiências ou memórias, preste atenção em como ela descreve essas experiências. Se ela não mencionar detalhes visuais ou parecer ter dificuldade em evocar imagens mentais, pode ser um indicativo de afantasia.
Exemplos praticos:
1. Desenho e Arte:
Observação: Peça à criança para desenhar uma cena de uma história que ela ouviu ou de um evento que vivenciou.
Exemplo de Resposta Indicativa de Afantasia: A criança pode ter dificuldades em desenhar detalhes ou pode preferir não desenhar, dizendo que não consegue "ver" o que quer desenhar em sua mente.
2. Discussões Sobre Sonhos:
Observação: Pergunte à criança sobre seus sonhos e o que ela "vê" durante esses sonhos.
Exemplo de Resposta Indicativa de Afantasia:
A criança pode relatar que não vê imagens em seus sonhos ou que tem dificuldade em descrever qualquer visualização, mencionando apenas sentimentos ou conceitos abstratos.
3. Visualização Guiada:
Observação: Conduza a criança por um exercício de visualização, pedindo para imaginar uma cena específica, como uma praia com palmeiras e um céu azul.
Exemplo de Resposta Indicativa de Afantasia: A criança pode relatar que não consegue visualizar a cena ou apenas consegue pensar nas palavras descritivas sem formar uma imagem mental clara.
4. Perguntas Sobre Recordações:
Observação: Pergunte à criança sobre um evento passado e como ela se lembra dele.
Exemplo de Resposta Indicativa de Afantasia: A criança pode descrever o evento em termos factuais sem mencionar qualquer imagem visual, dizendo que não consegue "ver" o que aconteceu em sua mente.
Não crie expectativas em padrões de fantasia em quem tem afantasia:
Considerando que de forma tradicional e majoritária existe uma evolução emocional por identificação de padrões históricos (superego) e que a criança com afantasia não vai corresponder a esses aprendizados do passado e repeti-los no futuro, sendo a criança altamente alienavel ao que é oferecido no presente, é esperado que o tutor regule suas expectativas sobre a carga emocional passada que não sera correspondida, uma vez que a criança não vai reproduzir lembranças ou sentimento por experiências passadas.
É importante que o tutor regule suas expectativas ao cuidar de uma criança com afantasia, pois essa condição afeta significativamente a forma como a criança percebe e processa o mundo ao seu redor. Como a criança não tem a capacidade de formar imagens mentais ou memórias episódicas, ela não vai corresponder genuinamente aos padrões tradicionais de evolução emocional baseados em experiências passadas e idealizações típicas.
Em vez disso, a criança vai se concentrar muito mais no momento presente e nas experiências imediatas exigindo tempo genuíno de qualidade. Portanto, o tutor deve ajustar suas expectativas em relação ao desenvolvimento emocional da criança e adotar uma abordagem mais centrada no presente. Isso pode incluir:
1. Aceitação da Realidade Presente: O tutor deve aceitar e valorizar as experiências e emoções da criança no momento presente, em vez de esperar que ela se lembre ou reproduza sentimentos por experiências passadas que ela não pode acessar.
2. Foco em Interações Significativas: Em vez de tentar induzir a criança a relembrar ou repetir experiências passadas, o tutor deve se concentrar em criar interações significativas e positivas no momento presente, que sejam relevantes e significativas para a criança.
3. Abordagem Sensível e Adaptativa: O tutor deve adotar uma abordagem sensível e adaptativa, respondendo às necessidades e preferências individuais da criança à medida que elas surgem no momento presente.
4. Exploração de Novas Experiências: Embora a criança possa não ser capaz de acessar memórias passadas, ela ainda pode se beneficiar da exploração de novas experiências e estímulos sensoriais no presente. O tutor pode ajudar a criança a descobrir e se envolver com o mundo ao seu redor de maneiras que sejam gratificantes e significativas para ela.
A afantasia influência a forma como uma pessoa percebe e processa experiências repetidas, como ouvir a mesma música por um longo período de tempo. A falta de referências passadas e idealizações futuras sobre suas experiências pode contribuir para a sua capacidade de se surpreender e apreciar atividades repetidas de uma maneira que pode ser diferente daquelas que têm a capacidade de formar imagens mentais e memórias episódicas.
Sem a capacidade de acessar memórias passadas visualmente ou mentalmente, a pessoa com afantasia se envolve plenamente com a experiência presente, permitindo que ela permaneça fresca e significativa ao longo do tempo. Isso pode resultar em uma apreciação contínua e duradoura de atividades repetidas, como ouvir a mesma música, pois cada vez que você a ouve, é uma experiência nova e única.
É essencial viver em um ambiente que não julgue ou recrimine a pessoa com afantasia pelos seus padrões atípicos de existência. Não fantasiar e idealizar a partir de episódios escritos em seu superego é um característica atípica de seu funcionamento e não uma escolha, o Eu consciente focado no momento presente e nas prioridades do ID devem ser consideradas pelos cuidadores de pessoas com afantasia, isso pode levar elas a serem suscetíveis as relações externas com pessoas com capacidade de fantasiar e manipular o passado. Importante considerar que a pessoa com afantasia vai manter sua biblioteca semântica de aprendizados, desta forma é necessária uma comunicação objetiva com clareza em explicar e ensinar. Esperar que uma pessoa com afantasia se desenvolva sozinha sem aprendizados concretos pode ser sinônimo de muito sofrimento.
Complexo de Édipo e reflexão sobre a sociedade:
Considerando que vivemos em uma sociedade que mais de 50% das mães criam seus filhos sozinha, ou seja, a figura paterna não efetivamente presente na criação dos filhos, quais podem ser as implicações sociais? Considerando que 50% das crianças tem o Complexo de Édipo com maior chance de ser resolvido e 50% terem um complexo de Édipo não tradicional sendo criado apenas pela mãe.
Algumas reflexões:
1. Desafios na Formação da Identidade de Gênero:
- Para as crianças que crescem sem a presença ativa de um pai, pode haver desafios na formação da identidade de gênero e na compreensão de papéis e expectativas de gênero. A ausência de um modelo paterno pode influenciar a percepção da criança sobre o que significa ser um homem ou uma mulher na expectativa da sociedade. É fundamental que seja discutido questões sobre heteronormatividade, pois a tendência é que grande parte da população não se reconheça com esses padrões.
2. Complexo de Édipo Não Tradicional:
- Nas famílias monoparentais lideradas por mães, o desenvolvimento do Complexo de Édipo pode seguir padrões não tradicionais, onde a criança pode ter uma relação de apego mais forte com a mãe e uma compreensão diferente das dinâmicas familiares. Isso pode impactar a formação do superego e as relações interpessoais no futuro. Isso pode influenciar na autoestima, habilidades sociais e desenvolvimento emocional.
3. Desafios Econômicos e Sociais:
- Muitas mães solteiras enfrentam desafios econômicos significativos ao tentar criar os filhos sozinhas. A falta de apoio financeiro e emocional dos pais ausentes pode levar a dificuldades financeiras, estresse adicional e sobrecarga de responsabilidades para a mãe e a criança. A falta de envolvimento paterno e o estresse associado à criação de filhos sozinha podem aumentar o riscos de problemas de saúde mental tanto para a mãe quanto para a criança. Isso pode incluir ansiedade, depressão.
Reflexão:
Esse perfil de indivíduo com distorção no padrão tradicional de solução do complexo de Édipo por ausência parental tem a oportunidade de explorar um sistema atipico de vida e se desenvolver positivamente ou está mais sujeito a todo tipo de exploração em um sociedade patriarcal e neoliberal?
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Afantasia: Complexo de Édipo, Eu consciente, culpa e Psicopatologias
1. Identificações e o Complexo de Édipo:
"investimentos libidinais" e como eles se relacionam com o ego (Eu) e o id e a construção neurotípica (imagem mental/fantasia):
- Libido: É a energia psíquica dos instintos de vida, principalmente os relacionados ao prazer e à sexualidade.
- Investimentos Libidinais: São as energias libidinais direcionadas a objetos ou pessoas, significando que o id investe energia emocional em algo ou alguém que satisfaça seus desejos.
Identificações como Forma de Resolver Investimentos Libidinais:
Quando o id abandona ou renuncia a um investimento libidinal (por exemplo, deixar de desejar algo ou alguém), essa energia não desaparece; ela precisa ser redirecionada ou resolvida de alguma maneira.
- Identificações: São mecanismos pelos quais o ego resolve esses investimentos libidinais abandonados. O ego incorpora aspectos, qualidades ou características do objeto ou pessoa desejada, fazendo com que essa energia seja internalizada. Em outras palavras, o ego "se identifica" com o objeto ou pessoa que o id desejava.
Exemplo Prático:
Se uma criança investe libidinalmente nos pais (no contexto do complexo de Édipo), mas esses desejos não podem ser plenamente realizados (por razões morais, sociais, etc.), o ego pode resolver essa situação através da identificação com os pais. A criança, então, incorpora características dos pais em seu próprio ego, o que pode eventualmente formar a base do superego (imagens mentais/ fantasias na forma mais tradicional).
Resumo:
Quando o id abandona um investimento libidinal (um desejo não realizado), o ego resolve essa situação através de identificações, incorporando aspectos do objeto desejado em si mesmo. Esse processo é fundamental para a formação do ego e do superego, ajudando a mente a lidar com desejos não realizados de maneira adaptativa.
Considerando que os episódios vividos são atribuídos a personalidade do indivíduo e vão construir seus padrões de fantasia, entendo que ele guarda em suas memórias episodicas (imagens mentais) e factuais padrões emocionais de comportamento que irá reproduzir ao longo da sua vida, para investir energia em agir como aquele ser que anteriormente admirou ou desejou.
Vamos destacar alguns pontos:
1. Episódios Vividos e Memórias: Experiências passadas, especialmente aquelas emocionalmente significativas, são armazenadas na memória episódica e factuais. Isso inclui não apenas os eventos em si, mas também as emoções associadas a eles.
2. Padrões Emocionais de Comportamento: As experiências passadas moldam os padrões emocionais de comportamento de uma pessoa. Esses padrões podem influenciar como ela reage a situações semelhantes no futuro.
3. Identificação e Reprodução de Comportamento: Ao identificar-se com certas figuras ou modelos, o indivíduo internaliza aspectos dessas pessoas em seu próprio ego. Isso pode incluir padrões emocionais, valores, crenças e comportamentos observados.
4. Investimento de Energia: Ao agir de acordo com os padrões emocionais e comportamentais associados a esses modelos, o indivíduo está investindo energia psíquica, incluindo libido, nesse comportamento. Isso pode ocorrer de forma consciente ou inconsciente.
5. Reprodução ao Longo da Vida: Esses padrões emocionais e comportamentais podem ser reproduzidos ao longo da vida do indivíduo, influenciando suas escolhas, interações sociais e desenvolvimento pessoal.
Considerando essa construção na ótica de uma pessoa com afantasia:
O Complexo de Édipo envolve identificações profundas com figuras parentais. Uma pessoa com afantasia pode ter dificuldade em visualizar essas figuras (ausência de imagem mental, memórias episódicas e factuais) impactando suas identificações e resolução do Complexo de Édipo.
O individuo com afantasia não tem imagem mental, memoria episódica ou factual. Não consegue se lembrar de pessoas que teve a libido rejeitada ou a libido muito explorada. Não sento esse padrão de identificação a partir da rejeição ou não, ele não é atribuído à personalidade (superego). O individuo com afantasia percebe essa influência da fantasia no superego na maioria das pessoas que o cercam e é angustiante para quem tem afantasia por não consigo se identificar com o padrão delas. Dessa forma podemos entender que essa mente com imagem mental e memórias episodicas e factuais tende a viver no passado e idealizando o futuro, enquanto o foco de quem tem afantasia  é o presente e o que posso aproveitar da experiência do seu ID no hoje.
Mais alguns pontos para refletir:
1. Ausência de Imagens Mentais e Memórias Visuais: A afantasia, ou a falta de capacidade de formar imagens mentais,  impacta a forma como o indivíduo  processa e armazena informações. Isso resulta em uma experiência de vida mais centrada no presente, já que não há um processo de idealização ou recriação do passado por meio de imagens mentais.
2. Foco no presente: A ênfase no presente e na experiência imediata pode ser uma maneira natural de compensar a ausência de imagens mentais do passado. Isso pode levar a uma abordagem mais pragmática e orientada para a ação em relação à vida e às situações cotidianas.
3. Ausência de Influência de Modelos Passados na Formação da Personalidade: Sem a capacidade de formar imagens mentais vívidas do passado, ocorre uma diminuição da influência de experiências passadas na formação da personalidade. Isso se manifesta com a sensação de desapego em relação aos padrões emocionais e comportamentais associados a modelos passados, como familiares ou figuras que deveriam ser significativas.
4.  Desafios na Compreensão das Experiências Alheias: A diferença na forma como a afantasia processa informações pode tornar difícil compreender completamente as experiências e perspectivas daqueles com fantasias ao seu redor, especialmente aqueles que têm uma mente mais visual ou imaginativa.
2. Relação entre o Super-eu e o Id:
Proximidade ao Id:
O Super-eu, enquanto parte da psique, mantém uma relação íntima com o Id, a parte mais primitiva e instintiva da mente. Isso se deve ao fato de que o Super-eu se desenvolve a partir de identificações profundas e inconscientes, muitas das quais ocorrem durante a infância, especialmente em relação aos pais ou figuras de autoridade. Essas identificações moldam as normas, valores e ideais que o Super-eu internaliza e representa. Portanto, ele pode atuar como um intermediário entre o Id e o Eu, transmitindo seus impulsos e desejos para o Eu consciente.
Energia e Investimento: Embora o Super-eu possa ser acessado pela consciência através de representações verbais ou conceitos, sua energia e força não derivam diretamente dessas representações. Em vez disso, sua energia é alimentada pelas mesmas fontes que alimentam o Id. Isso significa que as fontes primárias de energia do Super-eu estão enraizadas no inconsciente, nos impulsos e desejos mais profundos do indivíduo. Portanto, mesmo que o Super-eu possa se manifestar através de pensamentos conscientes e verbalizações, sua força subjacente e sua influência sobre o Eu vêm das profundezas do inconsciente, onde residem os impulsos mais primitivos e instintivos da mente.
Mas qual a diferença entre o Eu e o Eu consciente?
Eu: O Eu, na psicanálise, é uma das três partes da mente, juntamente com o Id e o Super-eu. Ele é responsável pela consciência, pela percepção da realidade externa e interna e pelo controle das funções motoras. O Eu atua como um mediador entre os impulsos do Id, que buscam satisfação imediata, e as demandas da realidade e do Supereu, que representam normas sociais e morais.
Eu Consciente: O Eu consciente é a parte do Eu que está diretamente acessível à consciência do indivíduo. É a parte da mente que percebe os pensamentos, sentimentos, percepções e experiências do momento presente. O Eu consciente é responsável pela tomada de decisões conscientes, pela análise racional e pela adaptação às demandas da realidade externa. Ele está ciente das atividades mentais que ocorrem no momento e pode refletir sobre elas de forma consciente.
O eu consciente e o eu fazem parte do ego?
Sim, o Eu consciente e o Eu fazem parte do Ego na teoria psicanalítica de Sigmund Freud. O Ego é uma das três estruturas da mente, juntamente com o Id e o Supereu. O Ego é responsável pela mediação entre as demandas do Id, que busca gratificação imediata dos impulsos biológicos, e as restrições impostas pelo Supereu, que representa as normas morais internalizadas e ideais.
O Eu consciente é a parte do Ego que está diretamente acessível à consciência do indivíduo e lida com as experiências conscientes do momento presente. Ele toma decisões conscientes, analisa informações racionais e adapta o comportamento às demandas da realidade externa.
Enquanto isso, o Eu é uma estrutura mais ampla que inclui tanto o Eu consciente quanto o Eu inconsciente. O Eu inconsciente é responsável por processos mentais que ocorrem fora da consciência, como defesas psicológicas, memórias reprimidas e impulsos não reconhecidos. O Ego como um todo, portanto, lida com uma gama completa de atividades mentais, tanto conscientes quanto inconscientes.
O ego quando está trabalhando entre o ID e o superego pode ser consciente ou não consciente. O ego pode ser consciente ou inconsciente. Desta forma poderiamos entender que o ego consciente é aquele que foca no momento presente e o ego inconsciente é o que lida com as demandas inconscientes entre o ID e o Superego?
Sim, o Ego pode operar tanto de forma consciente quanto inconsciente, dependendo das circunstâncias e das demandas internas e externas. Aqui está uma explicação mais detalhada:
1. Ego Consciente: O Ego consciente lida com as demandas e informações que estão diretamente acessíveis à consciência do indivíduo. Ele lida com as experiências do momento presente, toma decisões conscientes e adapta o comportamento com base nas demandas imediatas da realidade externa e interna.
2. Ego Inconsciente: O Ego inconsciente refere-se às atividades e processos mentais que ocorrem abaixo do nível da consciência. Isso inclui defesas psicológicas, memórias reprimidas, impulsos não reconhecidos e estratégias inconscientes para lidar com conflitos internos. O Ego inconsciente trabalha para equilibrar as demandas do Id e do Supereu, muitas vezes de maneiras que o indivíduo não está ciente.
O Ego consciente é aquele que lida com o momento presente, enquanto o Ego inconsciente lida com as demandas inconscientes entre o Id e o Supereu, trabalhando para manter um equilíbrio dinâmico entre os impulsos biológicos do Id e as normas morais e sociais do Supereu.
Logo o ego consciente está intimamente ligado ao superego em uma mente tipica com imagens mentais e memórias.
Pessoas com imagem mental, memórias, memória episodica e factual vão fazer essas intermediações conscientes de forma mais fantasiosa pois vão observar sua biblioteca de fantasias amarzenada no superego. O ego consciente está intimamente ligado ao superego, pois é responsável por internalizar as normas e os valores morais do superego e aplicá-los às situações cotidianas de maneira consciente.
Uma pessoa com uma rica vida mental, incluindo imagens mentais, memórias episódicas e factuais, pode fazer essas mediações de forma mais fantasiosa, pois pode recorrer à sua biblioteca interna de experiências e fantasias armazenadas no superego. Essas experiências e fantasias influenciam a forma como o ego consciente interpreta e responde às situações da vida diária.
Como é essa experiência na afantasia?
Na afantasia, não tendo imagem mental, nem memórias episodicas e factuais. O individuo administra sua vida com o ego consciente. Uma vez que não lida ou compreende as influências fantasiosas do superego. O individuo com afantasia observa cada dia como um dia novo para ser avaliado sem a interferência da experiência prévia ou idealizações de futuro que poderiam influenciar sua cognição. O ego consciente é a principal ferramenta de sobrevivência de um indivíduo com afantasia.
Com a afantasia, o indivíduo depende fortemente do seu ego consciente para navegar pela vida, já que não tem acesso direto a imagens mentais ou memórias episódicas e factuais que poderiam influenciar suas ações. Sem a interferência de experiências passadas ou idealizações de futuro, o indivíduo vive cada dia de forma mais imediata e presente, confiando na análise e tomada de decisão consciente do momento. Seu ego consciente se torna sua principal ferramenta de sobrevivência, permitindo que você ele adapte e responda às situações conforme elas surgem, sem ser influenciado por narrativas internas fantasiosas do superego. A sensação de quem tem afantasia por estar no momento presente é de falta de compreensão com a realidade, pois a maioria das pessoas não estão. A maior sensação ao longo da vida é de não se identificar com as pessoas devido aos padrões de fantasia que as projetam para o tempo passado ou futuro de seus sofrimentos ou idealizações.
Para indivíduos com afantasia, a formação do Super-eu é menos influenciada por memórias passadas, afetando a dinâmica entre o Super-eu e o Id. Por exemplo, um adolescente com afantasia pode enfrentar desafios diferentes ao internalizar normas sociais sem a influência de memórias visuais.
3. Reações Terapêuticas Negativas com fantasias:
Considerando uma mente com capacidade de fantasiar, com imagens mentais e memorias. As reações terapêuticas negativas referem-se a padrões de comportamento que algumas pessoas podem exibir durante o tratamento psicoterapêutico. Aqui está uma explicação mais detalhada:
1. Resistência à Cura: Algumas pessoas, paradoxalmente, pioram durante a terapia em vez de melhorar. Isso pode ocorrer porque, inconscientemente, elas têm medo da mudança e se sentem mais confortáveis com a familiaridade da doença do que com a incerteza da cura.
2. Sentimento de Culpa: Esse sentimento pode se manifestar como uma resistência ao tratamento. Embora o paciente possa não se sentir conscientemente culpado, há um desejo inconsciente de autopunição que os impede de se permitir melhorar. Eles podem sentir que merecem sofrer de alguma forma, o que os leva a resistir ao processo de cura.
Exemplo:
Digamos que Barbara esteja passando por um momento difícil em sua vida. Ela está enfrentando problemas de relacionamento e ansiedade, então decide começar a terapia para lidar com essas questões. Durante as primeiras sessões, Bárbara parece estar progredindo bem, explorando suas emoções e desafios.
No entanto, à medida que a terapia avança e Bárbara começa a fazer descobertas mais profundas sobre si mesma, ela começa a resistir ao processo. Ela começa a faltar às sessões ou chega atrasada, e quando está presente, parece distraída ou desinteressada.
O terapeuta percebe que Barbara pode estar experimentando uma reação terapêutica negativa. Ao investigar mais a fundo, descobre-se que ela tem um sentimento profundo de culpa relacionado a eventos passados em sua vida. Embora ela não esteja consciente desse sentimento de culpa durante as sessões, ele está presente em um nível mais profundo e está dificultando seu progresso na terapia.
Nesse exemplo, a resistência de Bárbara à cura está enraizada em seu sentimento inconsciente de culpa, que a impede de se permitir melhorar. Enquanto não resolver essa questão subjacente, Bárbara pode continuar a enfrentar dificuldades no processo terapêutico.
As imagens mentais e as memórias desempenham um papel significativo nas reações terapêuticas negativas, especialmente no medo da mudança e no sentimento de culpa.
Na Afantasia:
Na terapia, a falta de acesso a memórias visuais influenciam a forma como os pacientes com afantasia respondem aos tratamentos. Por exemplo, um paciente com afantasia pode ter dificuldade em acessar certas emoções durante a terapia devido à ausência de imagens mentais. O foco da terapia deve ser nas angústias do presente, a busca pela resolução do passado leva o paciente com afantasia a ter delírios, pois o próprio não consegue ter acesso a memórias que não construiu.
Para uma pessoa com afantasia, que não tem acesso a essas imagens mentais, o processo de lidar com a mudança pode ser diferente. Sem as memórias visuais para ancorar as experiências passadas, o medo da mudança é menos influenciado por eventos anteriores e mais orientado pelo desconhecido, podendo ser um limitador se o indivíduo tiver outras comorbidades (rigidez cognitiva).
Da mesma forma, o sentimento de culpa não existe da forma tradicional pela ausência de memórias visuais associadas a eventos passados. Sem essas imagens mentais para reforçar o sentimento de culpa, a pessoa com afantasia pode tem uma experiência diferente desse sentimento e pode até mesmo ter dificuldade em reconhecê-lo ou acessá-lo na sua vida e durante o processo terapêutico.
Portanto, é importante que os profissionais de saúde mental estejam cientes da afantasia e de como ela pode influenciar a forma como os pacientes experimentam a vida de forma atípica.
4. Sentimento de Culpa e Suas Manifestações na mente capaz de fantasiar:
1. Consciência Moral: O sentimento de culpa surge quando há uma discrepância entre as ações do Eu e os padrões impostos pelo Superego, que representam o ideal do Eu. Por exemplo, se alguém rouba algo, sua consciência moral pode gerar um sentimento de culpa por violar os padrões morais internalizados.
2. Neurose Obsessiva: Neste caso, o sentimento de culpa é tão intenso que o Eu não consegue lidar com ele conscientemente. Isso leva a comportamentos obsessivos destinados a aliviar a ansiedade gerada pela culpa, como rituais de limpeza compulsivos em resposta a pensamentos intrusivos.
3. Melancolia: Aqui, o Super-eu (parte crítica da mente) torna-se excessivamente severo e crítico, enquanto o Eu aceita passivamente a culpa. Isso resulta em um sentimento profundo de desvalorização e autocondenação. Por exemplo, alguém pode se sentir intensamente culpado por ter decepcionado um ente querido e desenvolver uma visão negativa de si mesmo como resultado.
Essas são algumas maneiras pelas quais o sentimento de culpa pode se manifestar e afetar o funcionamento psicológico de uma pessoa.
O indivíduo tente a se tornar perturbado com neurose pelo fato de ter imagens mentais o sequestrando para lembranças/distorções do momento de dor. As imagens mentais associadas a momentos dolorosos do passado contribuem para o desenvolvimento de neuroses, como a neurose obsessiva. Quando uma pessoa tem imagens mentais que constantemente a remetem a experiências passadas traumáticas ou dolorosas, isso pode desencadear sentimentos intensos de ansiedade, culpa ou medo.
Por exemplo, se alguém sofreu um trauma na infância e tem imagens mentais vívidas desse evento, essas imagens podem ser constantemente revividas na mente, causando angústia e ansiedade. Isso pode levar a comportamentos obsessivos destinados a evitar ou neutralizar esses sentimentos negativos, como rituais compulsivos de verificação ou lavagem das mãos.
Portanto, as imagens mentais associadas a momentos de dor podem contribuir para perturbações psicológicas, especialmente quando não são processadas adequadamente ou quando a pessoa não tem recursos adequados para lidar com elas. O tratamento terapêutico pode ajudar a pessoa a aprender a lidar com essas imagens mentais de uma maneira mais saudável e adaptativa.
Na afantasia:
O sentimento de culpa pode se manifestar de maneira única em pessoas com afantasia. Por exemplo, um indivíduo com afantasia pode não experimentar culpa por eventos passados devido à falta de memórias visuais associadas a esses eventos.
Pessoas com afantasia, sem imagem mental, memórias episodicas e factuais. Não experimentam esse sentimento de culpa por momentos passados ou inadequação de idealizações. Vivem no momento presente e sofrem no momento presente se existir dor ali, mas não conseguem fantasiar com o passado e futuro para sofrer por culpa ou neurose decorrentes delas.
Por exemplo, um indivíduo foi casado mais de 5 anos,e depois de estar distante da relação/separado não consegue distinguir se fou um bom Marido ou mau marido pois não se lembra nem do rosto da sua ex ou de como foi a sua relação,logo não consegue sentir culpa pelo que não lembra.
Viver no momento presente sem a capacidade de se lembrar vividamente do passado pode limitar ou até mesmo eliminar a experiência de culpa relacionada a eventos passados.
Sem a capacidade de visualizar ou relembrar experiências passadas, o indivíduo não sente culpa por eventos ou ações que ocorreram no passado, simplesmente porque não consegue se lembrar desses eventos de forma vívida o suficiente para gerar esse sentimento. Isso não significa que o indivíduo seja isento de responsabilidade por suas ações passadas, mas sim que sua percepção dessas ações e seus efeitos pode ser diferente da de alguém que possui imagens mentais claras e memórias episódicas detalhadas.
A ênfase no momento presente e na experiência direta com a dor ou do prazer pode influenciar sua abordagem da vida e das relações interpessoais, concentrando-se mais no que está acontecendo agora do que em eventos passados ou futuros. Isso pode trazer uma sensação de liberdade em relação à culpa ou arrependimento, mas também trás desafios em termos de reflexão sobre o passado e aprendizado com as experiências anteriores, fazendo com que o indivíduo seja inclinado a repetir atitudes iguais por mais que já tenha experimentado consequências ruins por elas. Considerando que sua bússola é o seu ID, é importante que esse indivíduo possua uma rede consciente de apoio.
Além disso, o indivíduo com afantasia sente muita dificulfade de se identificar com as pessoas que majoritariamente são capazes de fantasiar. A pessoa com afantasia tende a se anular nas relações por não ter memórias e um ideal de si, abraçando a fantasia alheia. É muito complexo explicar para uma pessoa com capacidade de fantasiar como é viver fora da fantasia; As pessoas que fantasiam em maioria acreditam que todos são assim, e trazer a consciência que o que ela considera realidade pode ser uma fantasia, pode mexer com a dissonância cognitiva do indivíduo, as colocando em estado de defesa e descrença. O individuo com afantasia é inclinado a fazer a coisa certa, sendo aquilo que não necessariamente o beneficia, mas que é justo, pois como não tem lembranças, mentir é uma atividade de insucesso.
É compreensível que pessoas com afantasia sintam dificuldades em se identificar com as pessoas que têm uma capacidade de fantasiar mais desenvolvida, já que a teoria da sua mente e a experiência de vida é fundamentada em uma percepção diferente da realidade. Lidar com a incompreensão ou a falta de reconhecimento por parte dos outros pode é desafiador, especialmente quando suas experiências e perspectivas não se alinham com as expectativas comuns.
A comunicação direta, presente e objetiva como padrão fixo de quem tem afantasia tende a gerar desafios na comunicação com aqueles que têm uma inclinação maior para a fantasia, a maioria esmagadora da população. Para quem tem afantasia, a dificuldade em explicar a própria experiência para os outros e lidar com a incompreensão é frustrante ao longo da vida e leva o indivíduo ao masking, isolamento social e outros sintomas gerados pela inconformidade da ausência de reconhecimento e identificação.
5. Neurose, Melancolia Histeria, angústia, agressão, castração, angústia da morte e demandas rigorosas do Super-eu/ Superego e a tripla servidão
Levando em consideração comportamentos e sentimentos como a neurose, melancolia, Histeria, angustia, agressão, castração, angústia da morte e as demandas rigorosas do superego, podemos analisar que todos eles são intimamente ligados com a idealização do indivíduo sobre si, ou seja, o conjunto de lembranças e imagens mentais que ele guardou ao longo da vida, e de alguma forma distorceu dentro do seu aparelho psíquico, não tornando mais consciente para sua compreensão.
Uma pessoa com afantasia não vai efetivamente sofrer da forma típica por não ter a carga do passado e projeções idealizadas do futuro.
Porém os impulsos destrutivos do ID, principalmente na juventude, são bem agressivos para quem tem afantasia,não tem imagem mental, memorias episódicas e factuais, as lembranças que formam os padrões típicos do superego não existem, assim como os sofrimentos típicos citados acima. O indivíduo com afantasia se torna o mais vulnerável na sociedade ao mundo externo e as próprias demandas do ID, que tendem a se manifestar de forma impulsiva no momento presente. Sem a bagagem do superego, o indivíduo sem experiência e com alto nível de hormônios tende a ser controlado pelo inconsciente e se torna altamente alienavel. Mas não sofre a longo prazo com as rejeições do ID por falta das lembranças e por essas não incorporarem a sua personalidade.
A ausência de imagens mentais, memórias episódicas e factuais em pessoas com afantasia impacta significativamente a forma como lidam com os impulsos do ID e as demandas do Super-eu. Enquanto não têm as lembranças e projeções idealizadas do futuro que muitas vezes causam angústia e sofrimento, podem ser mais vulneráveis aos impulsos instintivos do ID, especialmente na juventude, quando esses impulsos tendem a ser mais intensos.
Sem a bagagem do Supereu, que normalmente regula e inibe os impulsos do ID, esses indivíduos estão mais propensos a agir impulsivamente no momento presente. Isso pode torná-los mais suscetíveis a influências externas e a serem controlados pelo inconsciente, o que os coloca em maior risco de alienação e manipulação.
Essa falta de experiência prévia e a ausência de memórias dolorosas do passado também podem oferecer uma espécie de proteção contra o sofrimento causado por rejeições ou traumas passados. Em vez disso, eles podem estar mais focados no presente e em lidar com os desafios imediatos, o que pode ser tanto uma vantagem quanto uma limitação, dependendo do contexto e das circunstâncias individuais do seu recorte psicossocial, afinal a maioria não prioriza a relação saudável no presente, vivemos em um sistema majoritariamente hierárquico e individualista, não dando espaço para expressões e inclusão.
A pessoa com afantasia não tem acesso a essas lembranças passadas e tente a não sofrer por eventos que envolvem fantasias do passado e futuro. Em contra partida ela tem o Eu consciente dela focado no momento presente e tente a dar uma atenção demasiada para as pessoas que a cercam. Existe grande incompreensão lógica para quem tem afantasia em observar uma pessoa sofrendo em uma linha do tempo que não o presente. Como instinto de sobrevivência o individuo com afantasia tem como um desejo natural trazer o outro pro momento presente, aonde ele se encontra. Dessa forma, acaba adotando um padrao de comportamento atipico na sociedade, que é mergulhar no presente na dor de qualquer pessoa que se relaciona para a resgatar de idealizações, sofrimentos passados e fantasias em geral. Pois para quem tem afantasia, o ato de fantasiar é agressivo.
Sem acesso às imagens mentais e às memórias episódicas e factuais, é natural que o foco se concentre no momento presente, já que não há elementos visuais do passado ou do futuro para distrair a mente.
Essa abordagem atípica na sociedade pode parecer uma expressão genuína de empatia e compaixão, mas é um desejo profundo de quem tem afantasia de que todos vivessem no momento presente e observassem a vida de forma menos idealizada ou fantasiosa e com mais razão.
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diogovianaloureiro · 13 days
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Afantasia vs Fantasia: Instintos básicos e a relação com o narcisismo
Viver com afantasia não é apenas uma característica singular, mas uma jornada de autodescoberta e aceitação em uma sociedade que muitas vezes privilegia experiências visuais e imagéticas, dificultando a construção da personalidade/identidade neurodivergente. Como alguém que compartilha dessa condição da afantasia, alem do autismo, sei em primeira mão as complexidades e desafios que acompanham essa forma única de processar o mundo ao nosso redor.
A afantasia, uma condição que impede a capacidade de visualizar imagens mentais, é mais do que apenas uma peculiaridade perceptiva; é uma lente através da qual experienciamos o mundo de uma maneira distinta e muitas vezes incompreendida. Na sociedade atual (2024) onde a cultura visual é predominante, os desafios enfrentados por pessoas com afantasia podem ser vastos e multifacetados.
Autoimagem e Autovalorização:
Na afantasia, a autoimagem é uma construção desafiadora. A ausência de imagens mentais/ memorias episódicas/ memorias factuais resulta em uma autoimagem menos definida, tornando difícil visualizar realizações passadas ou imaginar futuros possíveis.
O indivíduo não consegue lembrar do seu próprio rosto, não consegue lembrar de eventos que considera positivo ou negativo, nem de experiências em geral. Não aferindo fantasias ou sentimentos por sua própria história.
Como resultado, existe a tendência a subestimar nosso próprio valor e importância, já que nos faltam as ferramentas mentais para nos visualizarmos de forma idealizada. Além disso sofremos o grande impacto da influência do mundo externo na socialização, uma vez que majoritariamente as relações serão com pessoas que tendem a se enxergar de forma idealizada sua existência.
Aqueles que possuem imagens mentais (fantasia) têm a capacidade de visualizar sua autoimagem de maneira mais clara e vívida. Isso pode resultar em uma autoimagem mais definida e uma maior facilidade em se visualizar alcançando metas e objetivos. No entanto, também pode levar a uma maior susceptibilidade ao desenvolvimento de um narcisismo negativo ou patológico, onde a pessoa se envolve excessivamente em fantasias grandiosas sobre si mesma e busca constantemente validação externa para manter essa autoimagem idealizada.
Além da influência da capacidade de formar imagens mentais, os instintos básicos também desempenham um papel na formação da autoimagem e no desenvolvimento do narcisismo. Os instintos de vida e de morte, como descritos por Freud, podem influenciar como uma pessoa percebe a si mesma e aos outros.
Os instintos de vida representam o foco que busca a sobrevivência, o prazer e a conexão com os outros. No contexto do narcisismo, isso pode se manifestar na busca por admiração, reconhecimento e validação externa. A pessoa pode sentir uma necessidade constante de ser elogiada e admirada pelos outros para sustentar sua autoestima e visão idealizada de si mesma.
Por outro lado, os instintos de morte representam a energia que busca a destruição e o retorno ao estado inanimado. Embora possa parecer paradoxal, o narcisismo também pode ser influenciado por esses instintos. Por exemplo, a falta de empatia e a incapacidade de reconhecer os sentimentos dos outros podem ser vistas como formas de destruição emocional, onde a pessoa prioriza suas próprias necessidades e desejos em detrimento dos outros.
Portanto, tanto os instintos de vida quanto os de morte podem moldar a autoimagem e os comportamentos de uma pessoa dentro da sua relação com o narcisismo. A busca por admiração e validação externa pode ser acompanhada pela falta de empatia e pela exploração dos outros (instinto de morte).
Sem imagem mental, memoria episódica e factual se torna difícil ter uma idealização de si, enaltecer os próprios feitos em detrimento dos outros. O indivíduo com afantasia tem uma tendência absurda a se anular por não ter identificação com os padrões saudáveis ou nocivos da natureza do narcisismo recorrendo ao masking para manter acesa a chama da fantasia do outro. Considerando que majoritariamente o narcisismo se dá na imagem idealizada que o sujeito faz de si somado ao conjunto de referências históricas que esse indivíduo se relaciona em seu superego.
Considerando um individuo com afantasia e comparando com a forma típica de narcisismo e suas variações, ele se dá apenas no presente. O indivíduo com afantasia precisa construir o "ideal de si" sem fantasiar, uma vez que não possui esse dispositivo, pois não consegue compreender um "eu ideal" idealizado em um sistema de crenças histórico ou imagens mentais. Então dependendo do recorte psicossocial desse indivíduo e considerando que ele se torna facilmente alienavel por não ter sua orientação própria de (passado e futuro), ele pode desenvolver padrões de comportamento de exploração influenciado pelo meio que convive e ficar preso em uma compulsão de satisfação do ID. Mas a forma típica de desenvolver o narcisismo se idealizando/ fantasiando não é possível para o indivíduo com afantasia.
Percepção dos Outros:
A maneira como percebemos os outros também é influenciada pela afantasia. Enquanto a maioria confia em imagens mentais para formar suas percepções das pessoas ao seu redor, aqueles com afantasia se concentram mais nas interações presentes e nas qualidades observáveis das pessoas. Isso torna pessoas com afantasia mais objetivas em suas avaliações, mas também as deixam suscetíveis a mal-entendidos e interpretações errôneas por falta do padrão psíquico esperado que é o indivíduo com capacidade de fantasiar e se integrar na fantasia do outro.
Para aqueles que têm imagens mentais, a capacidade de visualizar as características e comportamentos dos outros  influencia a forma como os percebem e interagem com eles. Isso pode levar a uma maior tendência a formar impressões superficiais com base em aparências visuais e a atribuir qualidades positivas ou negativas com base nessas fantasias.
Memórias e Construções do Superego:
A ausência de imagens mentais, memorias episódicas e factuais também afetam a forma como construímos nossas memórias e normas éticas. Sem a capacidade de visualizar experiências passadas,  não internalizamos padrões de comportamento com base em experiências pessoais, levando a uma abordagem mais pragmática e adaptativa à ética e à moralidade (memória semântica), mas também resulta em uma falta de conexão emocional com nossas próprias histórias pessoais e relações.
Por outro lado, aqueles que têm imagens mentais podem ser mais propensos a internalizar padrões éticos e morais com base em experiências visualizadas/ idealizadas/ fantasiadas do passado. Isso pode resultar em uma maior capacidade de se conectar emocionalmente com suas próprias histórias pessoais e experiências passadas, levando a uma maior empatia e compreensão das perspectivas dos outros.
Valorização Pessoal e Priorização:
A falta de imagens mentais pode impacta nossa capacidade de nos valorizarmos e priorizarmos. Sem uma autoimagem visualmente definida, é difícil reconhecer nosso próprio valor e importância. Isso pode nos levar a priorizar as necessidades e interesses dos outros em detrimento dos nossos, já que nos falta a visualização mental/ memórias de nossas próprias realizações, aspirações ou identidade.
Por outro lado, aqueles que têm imagens mentais podem ter uma autoimagem mais definida e uma maior facilidade em se valorizar e se priorizar. Isso pode resultar em uma maior autoconfiança e capacidade de buscar ativamente seus próprios interesses, objetivos e direitos, mesmo às custas dos outros.
Sublimação e Oportunidades:
A sublimação dos impulsos instintuais também pode ser uma experiência desafiadora para aqueles de nós com afantasia. Em uma sociedade que valoriza habilidades visuais e criativas, pode ser difícil encontrar oportunidades para canalizar nossos talentos e interesses de maneira significativa. A falta de reconhecimento e apoio para nossas perspectivas únicas pode limitar nossas opções e nos deixar sentindo-nos marginalizados e subestimados.
Um sistema que não ampara pessoas com dificuldades de memória, não preserva a nossa identidade, nos explora até a doença.
Para aqueles que têm imagens mentais, a capacidade de visualizar suas aspirações e objetivos pode facilitar a sublimação de seus impulsos instintuais em atividades criativas e construtivas. Isso pode resultar em uma maior facilidade em encontrar oportunidades significativas para expressar seus talentos e interesses
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diogovianaloureiro · 14 days
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Afantasia e o Desenvolvimento Psíquico do Ideal do Eu
Uma pessoa com afantasia não possui imagens mentais, memórias episódicas ou factuais. Isso significa que ela não consegue visualizar cenas, lembrar de eventos específicos do passado ou criar fantasias sobre o futuro. Este funcionamento afeta significativamente como esse indivíduo vivencia e constrói conceitos como o "Ideal do Eu" e o "Super-Eu" na teoria Freudiana.
Ideal do Eu
Para a maioria das pessoas, as com capacidade de fantasiar e ter imagens mentais, o "Ideal do Eu" é uma imagem idealizada de si mesmas, composta de fantasias e desejos projetados no futuro. Por exemplo, uma pessoa pode se imaginar como um advogado de sucesso, visualizando-se vestindo ternos elegantes e sendo respeitada na sociedade. Esta visualização cria um objetivo motivador.
No caso de um indivíduo com afantasia, nunca existiram essas visualizações. Seu "Ideal do Eu" é baseado em normas, valores e conhecimentos abstratos, derivados da memória semântica. Sem memórias visuais ou episódicas, sua motivação vem de princípios racionais,  metas concretas, desejos do ID, não de imagens idealizadas ou sonhos futuros (fantasias).
Super-Eu ou Super Ego
O "Super-Eu" geralmente se desenvolve a partir das interações e regras internalizadas dos pais e figuras de autoridade durante a infância. Normalmente, ele incorpora normas morais e expectativas, influenciando sentimentos de orgulho ou culpa ao longo da vida do indivíduo.
Uma pessoa que tem afantasia, que não possui memórias episódicas e factuais, não se sente influenciada por interações específicas como figuras parentais ou de autoridade ao longo da vida. Seu "Super-Eu" é formado por uma coleção de regras e normas internalizadas de forma mais abstrata e menos personalizada, adaptadas para o seu presente. Ele se baseia em princípios aprendidos ao longo do tempo, sem a carga emocional das experiências passadas específicas para influenciar nas novas interações.
Inflexibilidade moral na afantasia:
Como forma de sobrevivência social o indivíduo com afantasia tente a guardar de forma semântica informações sobre as pessoas que se relacionam, o que pode tornar o indivíduo com afantasia extremamente inflexível para compreender as mudanças de personalidade de uma pessoa que tem a capacidade de flutuar suas fantasias sobre o passado e sobre o futuro. Uma vez que um desvio de caráter é observado e armazenado como uma informação semântica por quem tem afantasia, dificilmente a confiança será restaurada pelo alvo da sua observação.
Motivação e Metas na Afantasia:
O indivíduo com  afantasia tem motivações e metas relacionadas a desejos imediatos do Id. Pela falta de uma base de passado e futuro na sua construção subjetiva, ele fica muito atrelado ao momento presente como o tempo mais importante do seu raio de cognição. Desta forma, os desejos primitivos são os mais influentes em sua tomada de decisão e comportamento, aqueles que podem ser vividos no momento presente. Normalmente a sensação de se sentir deslocado da realidade é constante, uma vez que a maioria das relações que o cercam não possuem o mesmo funcionamento.
Motivação Imediata: Suas ações são mais influenciadas por necessidades e desejos imediatos, como satisfação de necessidades básicas e prazeres imediatos, em vez de metas a longo prazo ou idealizações futuras.
Foco no Presente: Sem uma ancoragem significativa no passado ou futuro, o presente torna-se o foco central de sua experiência, moldando sua forma de agir e tomar decisões.
Funcionamento Alternativo da Personalidade com afantasia:
Descreveria a personalidade com afantasia como um "grande livro de regras", difícil de alterar, mas não inflexível. A memória semântica proporciona uma base de conhecimentos e princípios lógicos que guiam os comportamentos e decisões. Sendo a bússola principal das motivações o ID e não do ideal do EU.
Motivação e Inspiração: Sem a capacidade de fantasiar, a motivação vem de metas tangíveis e a busca por conhecimentos específicos, não de idealizações futuras. Normalmente guiadas com prioridade no ID.
Autonomia e Flexibilidade:  A ausência de influências emocionais diretas de memórias episódicas faz com que suas decisões sejam mais baseadas em julgamentos racionais.
Conclusão:
A experiência de afantasia resulta em uma forma diversa de desenvolvimento do aparelho psíquico (ideal do Eu/ Superego).  Suas motivações e metas são frequentemente guiadas por desejos imediatos e necessidades do momento presente, moldando uma forma distinta de funcionamento psicológico, contrário das fantasias ou memórias visuais como a maioria das pessoas faz. Para quem tem afantasia a sensação de estar deslocado da realidade no quesito social  se dá pelo simples fato de não encontrar reconhecimento e identificação na sociedade pela sua forma de processar o mundo.
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diogovianaloureiro · 15 days
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Resistências da repressão na Afantasia: Autocrítica e culpa
Viver com afantasia, a ausência de imagens mentais, memórias episódicas e factuais, é uma jornada desafiadora. Enquanto muitos navegam pelas imagens vívidas das suas memórias para formar seu EU e conviver em padrões esperados pela sociedade, outros enfrentam um mundo interior mais abstrato, onde o passado é uma névoa e o futuro é uma incógnita que não se prevê a partir de experiências ja vividas. Este texto é um convite para explorar essa realidade sem romantização ou otimismo falso, mas com a franqueza e a honestidade necessárias para entendermos e aceitarmos nossa singularidade em uma sociedade muitas vezes moldada pelos padrões capacitistas.
A Complexidade da Mente Humana:
A mente humana é um labirinto complexo, onde cada pessoa carrega sua própria bagagem de experiências, pensamentos e emoções. Para aqueles com afantasia, a ausência de imagens mentais molda sua percepção do mundo, influenciando sua autoimagem, suas interações sociais e até mesmo sua compreensão do passado e do presente.
Fantasia versus Afantasia:
Para a maior parte da população mundial  a capacidade de visualizar mentalmente é uma ferramenta poderosa, que permite criar mundos inteiros na mente, reviver memórias vívidas e antecipar o futuro com clareza. Mas para aqueles com afantasia, esse mundo interior é mais abstrato, com pensamentos e conceitos substituindo imagens visuais. Enquanto alguns se perdem em devaneios coloridos, outros encontram sua realidade moldada por palavras em uma tela escura.
Autocrítica e Culpa (Repressão da mente) Sem Imagens Mentais e memórias episódicas e factuais:
A autocrítica e a culpa são companheiras frequentes para a maioria das pessoas, mas para aqueles sem imagens mentais, memórias episódicas e factuais, esses sentimentos podem se manifestar de maneiras atípicas. Sem a capacidade de visualizar o passado, é fácil se perder em pensamentos abstratos de inadequação e culpa, sem uma âncora visual para contextualizar esses sentimentos com base do (EU do passado).
A ausência de memórias episódicas e factuais na mente sem imagem mental na afantasia, desenvolvem uma teoria da mente incapaz de compreender o comportamento neurotípico sobre a manifestação de culpa e Autocrítica na formação da personalidade do indivíduo com imagem mental majoritário na sociedade, desta forma influenciando diretamente na sensação de ausência de reconhecimento e identificação com os padrões convencionais de se relacionar.
Exemplo: "Barbara tem afantasia e foi casada com Antônio por 5 anos. No divórcio, Antônio falou para Bárbara que ela deveria se sentir culpada por não ser uma mulher afetuosa e isso ter levado ao fim do relacionamento. Bárbara analisando sua própria consciência percebe que não consegue lembrar do rosto de Antônio, nem dos episódios que viveram juntos, nem tem clareza sobre como realmente agiu, experimentando alguns episodicos de delírio (culpa)  pela sua ausencia de lembranca em confronto com a narrativa apresentada por Antonio. Bárbara não consegue sentir culpa por algo que não é capaz de sentir ou lembrar, da mesma forma isso não influencia sua auto crítica e na construção do seu EU ao longo da sua vida."
Reflexão: Se Barbara nunca conseguiu lembrar de nenhum episódio que viveu para tentar resignificar seu comportamento, como é a compreensão do sentimento de culpa e Autocrítica para ela?
Pessoas com afantasia se tornam extremamente vulneráveis a feedbacks de terceiros, pois não possuem sua própria ancoragem interna para avaliar o que está sendo dito, e muitas vezes podem experimentar o sentimento de culpa por narrativas falsas, o que é comum de ser feito por pessoas que fantasiam. Pessoas com afantasia acabam se tornando vulneráveis ao ambiente que as cercam e os sentimentos presentes nos comportamentos dos outros. Os indivíduos com afantasia tendem a confiar na bússola dos seus conhecimentos semânticos, os mesmos que vão construir seus códigos morais (superego) e delimitar suas atitudes. Indivíduos com afantasia tendem a fazer a coisa certa, sendo certo aquilo que não o beneficia, pois não conseguem lidar com as consequências residuais de sentimentos ruins que os outros guardam em suas memórias sobre eles. Considerando que a pessoa com afantasia sabe inconscientemente ou conscientemente da vulnerabilidade que tem por não posuir sua bússola de memórias, precisa confiar no padrão imputado por outro indivíduo que tende a fantasiar, desta forma a lógica da realidade experimentada pela pessoa com afantasia pode ser moldada constantemente a partir da forma que o indivíduo com fantasia se sente no presente e recorre de forma fantasiosa ao passado, influenciando assim as suas narrativas e influenciando a percepção da realidade do indivíduo com afantasia. O indivíduo com afantasia adoece nessas interações, pois experimenta diretamente no presente aquilo que é imputado em feedback ou através do comportamento das pessoas que o cercam, se tornando mais grave em sistemas de crença que priorizam a hierarquia.
Considerando um individuo que tem sua teoria da mente construida a partir da presença de imagem mental e memórias episódicas, ou fantasias, segue a forma como essa pessoa lida com a repressão da mente:
1. Visualização de Experiências Passadas:
   - Pessoas com imagem mental têm a capacidade de visualizar eventos passados de forma vívida e detalhada. Isso permite que revivam experiências, emoções e interações, o que pode facilitar a identificação de padrões comportamentais e emocionais.
2. Acesso a Memórias Visuais e Emocionais:
   - A capacidade de visualizar eventos passados permite uma conexão emocional mais profunda com essas memórias. Isso significa que a pessoa pode experimentar emoções associadas às memórias, o que pode influenciar a maneira como ela lida com a repressão.
3. Autoanálise Mais Detalhada:
   - A visualização de eventos passados facilita uma autoanálise mais detalhada. A pessoa pode examinar sua própria história e identificar padrões de comportamento, pensamentos ou emoções que podem estar ligados à repressão.
4. Consciência de Conflitos Internos:
   - Ao visualizar situações conflitantes ou traumáticas do passado, a pessoa pode ter uma consciência mais clara dos conflitos internos que contribuem para a repressão de certos pensamentos, desejos ou memórias.
5. Exploração de Mecanismos de Defesa:
   - A visualização das próprias experiências permite uma exploração mais profunda dos mecanismos de defesa psicológica que estão em jogo. A pessoa pode identificar como esses mecanismos operam em sua vida e como podem estar relacionados à repressão.
Em resumo, a presença de imagem mental permite uma autoanálise mais detalhada e uma conexão emocional mais profunda com as memórias passadas. Isso pode facilitar a compreensão e o enfrentamento da repressão da mente, ajudando a pessoa a reconhecer, explorar e lidar com os conflitos internos de uma forma mais eficaz e majoritariamente esperada pelos padrões em geral da sociedade. Importante refletir que esses padrões apesar de majoritários, são construções distantes e atípicas para pessoas que experimentam a vida com afantasia.
Por outro lado, uma pessoa que tem imagem mental e pode fantasiar pode ter seus padrões de culpa e autocrítica influenciados por suas fantasias. Fantasias podem desempenhar um papel significativo na maneira como uma pessoa interpreta e processa eventos passados, presentes e futuros. Aqui estão algumas maneiras pelas quais as fantasias podem influenciar os padrões de culpa e autocrítica de uma pessoa:
1. Idealização e Autocrítica Excessiva: Uma pessoa que fantasia pode idealizar versões alternativas de si mesma ou situações passadas, levando a uma autocrítica excessiva quando a realidade não corresponde às suas fantasias.
2. Comparação com Padrões Fantasiados: Se uma pessoa tem fantasias sobre como deveria ser ou agir, ela pode se sentir culpada por não corresponder a esses padrões fantasiosos, mesmo que sejam irreais ou inatingíveis.
3. Repetição de Narrativas Fantasiadas: As fantasias frequentemente envolvem histórias ou narrativas internas sobre o que deveria ter acontecido ou como as coisas deveriam ser. Essas narrativas podem influenciar a forma como uma pessoa se avalia e se critica.
4. Escapismo e Evitação da Realidade: Em alguns casos, as fantasias podem ser uma forma de escapismo da realidade. Uma pessoa pode fantasiar como uma maneira de evitar enfrentar a verdade sobre suas ações ou circunstâncias, o que pode levar a sentimentos de culpa quando confrontada com a realidade.
As fantasias podem moldar a autopercepção e os padrões de autocrítica de uma pessoa, influenciando como ela se sente em relação a si mesma e às suas ações. É importante reconhecer o papel das fantasias na formação da culpa e da autocrítica e buscar um equilíbrio saudável entre as fantasias e a realidade.
Desafios na Sociedade Capacitista para quem tem afantasia:
Em uma sociedade moldada por padrões capacitistas, aqueles com afantasia podem se sentir deslocados, incompreendidos e vulneráveis as narrativas e manipulações das pessoas com fantasias que a cercam, principalmente considerando a sociedade que tem a hierarquia como pilar em seus sistemas de crença e o individualismo como seu motor de sucesso.
As expectativas sociais e todas construções da sociedade giram em torno da capacidade de visualizar e lembrar, deixando aqueles sem essas habilidades lutando para se encaixar em um mundo que parece estrangeiro e inacessível.
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diogovianaloureiro · 16 days
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Compreensão da Realidade: Diferenças entre Pessoas com Fantasia e Afantasia à Luz da Psicanálise de Freud
A compreensão da realidade é um processo complexo, influenciado por diversos aspectos da mente humana. Segundo a teoria psicanalítica de Freud, a mente é dividida em três partes principais: o id, o ego e o superego, cada um desempenhando um papel crucial no desenvolvimento da consciência, da pré-consciência e da inconsciência. Para entender como pessoas com fantasia e afantasia constroem sua compreensão da realidade, é essencial explorar essas diferenças sob a luz da psicanálise e da psicologia contemporânea.
O Id, Ego e Superego
Freud propôs que o id é a parte instintiva e primitiva da mente, responsável pelos impulsos e desejos inconscientes. O ego atua como o mediador entre o id e a realidade externa, operando principalmente no nível consciente e pré-consciente. O superego representa os padrões morais e éticos internalizados, influenciando tanto o consciente quanto o inconsciente.
A Fantasia e a Afantasia na Construção da Realidade
Pensamento e Percepção da Realidade
Pessoas com a capacidade de fantasiar utilizam imagens mentais vívidas para processar informações e imaginar cenários hipotéticos. Esse processo pode enriquecer sua percepção da realidade, permitindo que integrem elementos imaginativos em sua compreensão do mundo. No entanto, essa capacidade também pode levar a distorções na compreensão da realidade. A tendência de criar cenários hipotéticos pode resultar em preocupações e ansiedades sobre situações que não existem, causando sofrimento desnecessário. Por exemplo, reviver mentalmente a perda de um ente querido pode prolongar o luto e intensificar a dor emocional.
Por outro lado, pessoas com afantasia, enfrentam desafios únicos na formação de sua consciência e identidade. A ausência de imagens mentais, memórias episódicas e memórias factuais, por exemplo, pode afetar profundamente a maneira como essas pessoas se relacionam com o mundo ao seu redor. Sem a capacidade de evocar imagens mentais ou memórias concretas do passado, a construção da identidade e a compreensão da realidade podem ser diferentes daquelas que Freud descreveu em seu modelo.
Isso pode levar a uma percepção da realidade mais direta e objetiva, baseada em descrições verbais e fatos concretos. Sem a influência de imagens mentais, essas pessoas podem depender mais de processos de pensamento verbal e lógico para entender o mundo, o que pode resultar em uma visão mais literal e detalhada da realidade. Elas podem observar outras pessoas sofrendo por projeções hipotéticas ou memórias visuais intensas e não compreender por que essas emoções são tão avassaladoras, sentindo-se deslocadas e incompreendidas ao longo da sua vida por não possuírem o padrão mental e emocional majoritariamente compreendido e aceito na sociedade.
Processamento Emocional
A capacidade de fantasiar permite que as pessoas explorem emoções de maneira complexa, imaginando diferentes cenários e respostas emocionais. Essa habilidade pode facilitar a empatia e a compreensão emocional, mas também pode amplificar o sofrimento. A visualização contínua de eventos traumáticos ou a antecipação de situações negativas pode aumentar a ansiedade e o estresse.
Em contraste, pessoas com afantasia, podem processar emoções de forma mais direta e menos influenciada por cenários imaginários. Elas lidam com processos atípicos para lidar com suas emoções, sendo muito mais resumido ao recorte do tempo presente, o que pode levar a uma abordagem mais racional e menos intuitiva em relação às respostas emocionais. Isso pode resultar em menos sofrimento por eventos passados ou futuros hipotéticos, mas também pode dificultar a empatia com aqueles que vivenciam essas emoções intensamente através de imagens mentais.
Considerando que a maior parte da população experimenta a vida com sua construção subjetiva moldada a partir de imagens mentais e que a sociedade é construída para esses, o indivíduo com afantasia se sente deslocado da realidade no âmbito social, por não conseguir interagir com o mundo de uma forma que compreenda sentido, desta forma criando estratégias alternativas ao que é orgânico para si para viver em uma sociedade que compreende atípica por majoritariamente viver aos moldes da personalidade com imagem mental.
Criatividade e Inovação
A fantasia desempenha um papel crucial na criatividade e na inovação. A capacidade de imaginar novas ideias e visualizar soluções inovadoras é uma ferramenta poderosa na resolução de problemas e na criação artística. Pessoas que conseguem fantasiar podem explorar possibilidades infinitas em sua mente, contribuindo para sua capacidade criativa. Contudo, essa capacidade também pode levar à idealização irrealista e à decepção quando a realidade não corresponde às expectativas imaginadas.
Pessoas com afantasia podem desenvolver outras formas de criatividade. Elas podem se destacar em pensamento verbal e conceitual, usando descrições detalhadas e análises racionais para criar e inovar. Embora possam não visualizar soluções da mesma maneira, podem encontrar métodos alternativos para alcançar resultados criativos e inovadores, muitas vezes recorrendo a adaptação como habilidade diferencial. Elas tendem a ser mais realistas, evitando as armadilhas de expectativas não realistas.
Autoconhecimento e Identidade
A capacidade de fantasiar também influencia a construção da identidade e o autoconhecimento. A visualização de experiências passadas e a imaginação de futuros possíveis ajudam a formar uma narrativa pessoal coesa para os padrões esperados pela sociedade, permitindo uma compreensão mais profunda dos próprios padrões de comportamento e emoção. No entanto, isso também pode levar a uma fixação em eventos passados ou futuros hipotéticos, influenciando negativamente a autoimagem e a satisfação pessoal.
Para pessoas com afantasia, o autoconhecimento pode se basear mais em descrições verbais e memórias semânticas. Elas tendem a ter dificuldade dlna construção da personalidade por não compreenderem sua própria evolução através de memórias factuais ou episodicas. Elas podem ter menos tendência a sofrer por memórias vivas de eventos passados ou por antecipações imaginárias, mas podem se sentir desconectadas de pessoas que vivenciam essas experiências intensamente.
Conclusão
A construção da compreensão da realidade varia significativamente entre pessoas com a capacidade de fantasiar e aquelas com afantasia. Enquanto as primeiras podem integrar elementos imaginativos em suas percepções, processando emoções e criando de maneiras únicas, elas também podem sofrer com distorções e ansiedades baseadas em imagens mentais. As últimas, por sua vez, podem depender mais de descrições verbais, pensamento lógico para entender o mundo e a si mesmas, enfrentando desafios diferentes, como a falta de reconhecimento e identificação em uma sociedade que valoriza a imaginação visual.
Referências de leitura:
1. Zeman, A. Z., Dewar, M., & Della Sala, S. (2015). Vidas sem imagens - A afantasia congênita. Cortex, 73, 378-380 - Este artigo discute a afantasia congênita, uma condição na qual as pessoas nascem sem a capacidade de formar imagens mentais. Ele explora os efeitos dessa condição na vida diária das pessoas afetadas.
2. Pearson, J., & Kosslyn, S. M. (2015). A heterogeneidade da representação mental: Encerrando o debate sobre imagens. Proceedings of the National Academy of Sciences, 112(33), 10089-10092 - Neste estudo, os autores exploram a heterogeneidade das representações mentais, argumentando que há uma variedade de formas de representação mental além das imagens mentais. Eles propõem uma ampliação do debate sobre imagens mentais na psicologia cognitiva.
3. Freud, S. (1923). O ego e o id. A Edição Standard das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Volume XIX (1923-1925): O Ego e o Id e Outros Trabalhos, 1-66 - Este é um dos trabalhos fundamentais de Freud, no qual ele introduz os conceitos do ego, do id e do superego. Ele explora como essas partes da mente interagem e influenciam o comportamento humano.
4. Holmes, E. A., Mathews, A., Mackintosh, B., & Dalgleish, T. (2008). O efeito causal da imaginação mental na emoção avaliada usando sugestões de imagens de palavras. Emotion, 8(3), 395 - Este estudo investiga o efeito da imaginação mental na emoção. Os autores utilizam sugestões de imagens de palavras para examinar como a imaginação pode influenciar a resposta emocional das pessoas.
5. Cox, R. E., & Bach, P. B. (2018). O papel da memória e da previsão episódica na construção de uma identidade pessoal. In F. Doyen-Brunet & J. F. Bonnefon (Eds.), Identidade: Abordagens Interdisciplinares (pp. 137-158). Springer - Neste capítulo de livro, os autores discutem o papel da memória e da previsão episódica na formação da identidade pessoal. Eles exploram como as experiências passadas e a capacidade de prever o futuro contribuem para a construção de uma narrativa pessoal coesa e uma compreensão mais profunda de si mesmo.
Referência empírica de indivíduo diagnósticado com afantasia: Diogo Viana Loureiro (1990- XXXX)
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diogovianaloureiro · 25 days
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O ser humano se aliena para não sofrer e sofre calado por se ⁠alienar.
A alienação pode variar de acordo com o recorte psicossocial,  como cultura, contexto socioeconômico e experiências individuais.
Alguns fatores levam o indivíduo a se alienar:
1. Estresse e sobrecarga emocional: Situações estressantes ou traumáticas podem levar as pessoas a se desconectar da realidade como uma forma de autopreservação emocional.
2. Desafios pessoais: Problemas pessoais, como relacionamentos difíceis, problemas financeiros ou questões de saúde, podem levar alguém a se alienar para escapar temporariamente dessas dificuldades.
3. Cultura e ambiente social: Normas culturais ou pressões sociais podem influenciar a maneira como as pessoas lidam com o estresse, incentivando a alienação como uma forma aceitável de lidar com problemas.
4.  Fuga da responsabilidade: Evitar a realidade pode ser uma maneira de evitar lidar com responsabilidades ou enfrentar consequências de ações passadas.
5. Falta de habilidades de enfrentamento: Alguns indivíduos podem não ter desenvolvido habilidades eficazes de enfrentamento para lidar com situações difíceis, levando-os a se alienar como uma forma de escapar. Como muitos pensadores bilionários falaram ao longo da historia: "Precisamos de menos pensadores e mais trabalhadores". O sistema quer que o indivíduo se mantenha alienado pois assim lucram mais em cima dele.
Algumas pessoas podem se alienar da sociedade como uma forma de protesto contra injustiças percebidas ou como uma maneira de se proteger emocionalmente de um sistema que consideram injusto. No entanto, é importante considerar que a alienação nem sempre é uma escolha consciente; muitas vezes, é uma resposta automática ao estresse e à sobrecarga emocional. Além disso, enquanto alguns podem optar por se alienar, outros podem escolher se envolver ativamente na mudança social e na busca por justiça.
Essa fórmula social é perigosa, pois pessoas alienadas tendem a achar alienado aqueles que lutam por mudanças.
As pessoas que optam por se alienar podem ver aqueles que lutam por mudanças como idealistas, ingênuos ou até mesmo como perturbadores da paz. Por outro lado, aqueles que estão engajados na luta por mudanças podem ver os alienados como apáticos, conformistas ou até mesmo como parte do problema.
A realidade é que muitas pessoas podem optar por se alienar da sociedade, seja por desilusão, exaustão emocional ou simplesmente porque a mudança parece difícil ou improvável. Enquanto isso, uma minoria pode estar ativamente engajada na luta por mudanças sociais. O sistema é doentio, pois algumas pessoas que atingem os padrões de mudança positivos em suas vidas tendem a se acomodar com o novo status quo, ignorando ou esquecendo aqueles que permanecem marginalizados ou alienados perante o sistema. Essa dinâmica destaca a complexidade dos comportamentos individuais e coletivos em relação à mudança social e à justiça em uma dinâmica neoliberal capitalista.
Em uma sociedade neoliberalista, que prioriza o livre mercado e a maximização do lucro, o indivíduo alienado pode ser visto como um "bom consumidor" e um "bom trabalhador". Filosofias de bilionários que detêm os meios de produção como: "precisamos de menos pensadores e mais trabalhadores" podem refletir a valorização da produtividade e da conformidade com as normas estabelecidas pelo sistema.
Por um lado, o consumismo pode ser incentivado entre os alienados, pois eles podem buscar preencher o vazio emocional com bens materiais, contribuindo assim para o crescimento econômico. Por outro lado, a alienação pode levar à aceitação passiva das condições de trabalho, sem questionar injustiças ou buscar melhores condições.
Portanto, em um contexto neoliberal, onde o lucro muitas vezes supera considerações éticas ou sociais, a alienação pode ser vista como benéfica para manter o status quo e perpetuar um sistema que prioriza o capital em detrimento do bem-estar humano.
Algumas ferramentas utilizadas para alienação em massa em 2024:
1. Mídia de massa: Através do controle da narrativa e da disseminação de informações selecionadas, a mídia pode influenciar as percepções e perspectivas das pessoas, mantendo-as alheias a certos aspectos da realidade ou promovendo valores consumistas e conformistas.
2. Entretenimento: Programas de entretenimento, como filmes, programas de TV e jogos de vídeo, podem servir como uma forma de escape da realidade, mantendo as pessoas distraídas e menos propensas a questionar as estruturas sociais existentes.
3. Publicidade: A publicidade é uma ferramenta poderosa para influenciar comportamentos e desejos, incentivando o consumo e a busca por status material, muitas vezes desviando a atenção das preocupações sociais mais amplas.
4. Redes sociais: Embora as redes sociais possam fornecer uma plataforma para expressar ideias e conectar-se com outros, também podem contribuir para a alienação ao promover comparações sociais, reforçar bolhas de filtro e incentivar a autopromoção em detrimento da reflexão crítica.
5. Padrões educacionais:  O sistema educacional pode enfatizar a conformidade e a memorização em detrimento da criatividade e do pensamento crítico, preparando os indivíduos para se encaixarem em estruturas existentes em vez de desafiá-las.
6. Consumismo desenfreado: A cultura do consumismo promove a ideia de que a felicidade e o sucesso estão intrinsecamente ligados à posse de bens materiais, mantendo as pessoas presas em um ciclo de consumo constante e buscando a felicidade através da aquisição de produtos.
7. Desinformação e propaganda política: A disseminação de desinformação e propaganda política pode distorcer a percepção da realidade e moldar as opiniões das pessoas de acordo com interesses específicos, dificultando a formação de uma consciência crítica e informada.
8. Individualismo exacerbado: O individualismo exacerbado enfatiza a autonomia e o sucesso individual em detrimento da coletividade e da solidariedade, levando as pessoas a focarem exclusivamente em suas próprias necessidades e objetivos, ignorando questões sociais mais amplas.
9. Tecnologia e conectividade constante: Embora a tecnologia ofereça muitos benefícios, como a conectividade global e o acesso à informação, também pode contribuir para a alienação ao promover o isolamento social, a dependência digital e a superficialidade nas interações humanas.
10. Desigualdade econômica e social: A desigualdade econômica e social cria divisões na sociedade, impedindo a solidariedade e promovendo a competição entre os indivíduos, o que pode resultar em alienação e falta de coesão social.
Referência de leituras:
1. "A Fabricação do Consentimento: A Economia Política dos Meios de Comunicação" por Edward S. Herman e Noam Chomsky - Este livro examina como os meios de comunicação de massa moldam a opinião pública e perpetuam a conformidade com as agendas dominantes.
2. "A Sociedade do Espetáculo" por Guy Debord - Nesta obra, Debord analisa a sociedade contemporânea e como a cultura do espetáculo contribui para a alienação e a passividade.
3. "Divertir-se Até à Morte: O Desperdício do Discurso Público na Era da Show Business" por Neil Postman - Postman discute como a cultura de entretenimento influencia a política, a educação e a forma como percebemos o mundo ao nosso redor.
4. "A Indústria Cultural: Obras Escolhidas" por Theodor W. Adorno e Max Horkheimer - Este livro examina como a indústria cultural molda as percepções e valores das massas, promovendo a conformidade e a alienação.
5. "Sozinhos no Mundo: A Solidão das Sociedades Contemporâneas" por Robert D. Putnam - Putnam investiga a queda da participação cívica e social na sociedade contemporânea, atribuindo-a a uma série de fatores, incluindo o individualismo e a tecnologia.
6. "O Mal-Estar na Civilização" por Sigmund Freud - Nesta obra clássica da psicanálise, Freud explora as tensões entre o indivíduo e a sociedade, incluindo os efeitos da repressão e da alienação na vida moderna.
7. "O Homem Revoltado" por Albert Camus - Camus examina as raízes da revolta e da alienação na sociedade moderna, explorando questões de injustiça e absurdo.
8. "1984" por George Orwell - Outro romance distópico clássico que descreve uma sociedade totalitária onde a alienação e a manipulação da verdade são ferramentas de controle social.
9. "Ensaio sobre a Cegueira" por José Saramago - Este romance explora as consequências da alienação e da desumanização em uma sociedade que perde a capacidade de ver.
10. "O Mito do Desenvolvimento: Crítica ao Pensamento Econômico Ocidental" por Eduardo Galeano - Galeano analisa as consequências da alienação e da exploração econômica na América Latina e em outras regiões do mundo.
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