"Quando olhaste bem nos olhos meus e o teu olhar era de adeus, juro que não acreditei.
Eu te estranhei, me debrucei sobre o teu corpo e duvidei, e me arrastei, e te arranhei, e me agarrei nos teus cabelos, no teu peito, teu pijama, nos teus pés, ao pé da cama.
Sem carinho, sem coberta, no tapete atrás da porta reclamei baixinho.
Dei pra maldizer o nosso lar, pra sujar teu nome, te humilhar e me vingar a qualquer preço.
Te adorando pelo avesso pra mostrar que ainda sou tua; até provar que ainda sou tua."
Quando criança ouvia minha avó cantar essa música enquanto lavava a roupa.. achava engraçado pq achava que ela estava cantando errado, anos depois entendi que era da música. Na verdade.. gostava de vê-la cantarolar qualquer música♡
A ditadura militar, período que se estendeu de 1964 a 1985 no Brasil, é um capítulo sombrio da história brasileira, marcado por violações de direitos humanos, censura, repressão política e diversos outros atos que contradizem os princípios fundamentais de liberdade e democracia. Apesar dessas evidências, há quem defenda essa época, um posicionamento que revela uma profunda hipocrisia e um desrespeito às memórias das vítimas do regime.
Primeiramente, é fundamental reconhecer que o regime militar suspendeu direitos políticos, perseguiu, torturou e matou opositores políticos, além de implementar uma censura rigorosa sobre a imprensa e as artes, sufocando a liberdade de expressão. Defensores da ditadura frequentemente alegam que o período foi marcado por crescimento econômico e estabilidade política, ignorando que tais "benefícios" vieram a um custo humano inaceitável.
A hipocrisia de glorificar a ditadura reside também na seletividade da memória. Enquanto alguns louvam o suposto progresso econômico, convenientemente esquecem-se dos métodos brutais utilizados para silenciar qualquer forma de dissidência. A "ordem" imposta era uma ordem de medo, onde pessoas desapareciam no meio da noite, famílias eram destruídas, e a tortura era uma prática institucionalizada.
Além disso, a alegação de que o regime militar "salvou" o país do comunismo é um argumento frequentemente usado para justificar as ações do governo militar. Essa narrativa simplista ignora o contexto político mais amplo e serve como uma cortina de fumaça para os abusos cometidos. O combate a uma suposta ameaça comunista não pode e não deve ser usado como desculpa para violações sistemáticas dos direitos humanos.
A defesa da ditadura militar e a negação de seus crimes representam um ataque à memória e à verdade. Celebrar esse período é ignorar o sofrimento de inúmeras famílias que ainda buscam justiça e reparação pelas atrocidades cometidas. A hipocrisia dessa posição fica ainda mais evidente quando os mesmos que a defendem se proclamam defensores da liberdade e da ordem, valores que foram precisamente os que a ditadura esmagou.
É crucial que a sociedade brasileira enfrente esse passado, reconhecendo as violências e injustiças perpetradas, para que possamos aprender com ele e garantir que tais erros nunca mais se repitam. A memória das vítimas da ditadura e o respeito aos direitos humanos devem prevalecer sobre qualquer tentativa de revisão histórica que busque pintar esse período de forma positiva. A verdadeira homenagem àqueles que sofreram sob o regime militar é o compromisso com a democracia e a liberdade, valores opostos à essência da ditadura.
Escrito por: artista025