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#Suíça Brasileira
pearcaico · 11 months
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Avenida Santo Antônio, Cidade de Garanhuns Pernambuco - Década de 1940.
Photo IDEAL.
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jovialkingsweets · 1 year
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Brasil vence Suíça, avança às oitavas da Copa sentindo falta de Neymar
Brasil vence Suíça, avança às oitavas da Copa sentindo falta de Neymar
Brasil sofre, sente falta de Neymar, vence Suíça por 1 a 0 e avança às oitavas de final da Copa Qatar 2022. Gol de Casemiro no momento mais crítico do jogo. A vitória indica a Tite algumas decisões importantes. Sem talento de Neymar e suas invenções, Seleção precisa de gente qualificada do meio para frente. Bruno Guimarães é a solução, superando Fred e Paquetá, e Rodrygo tem de ser herdeiro de…
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chicoterra · 1 year
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Copa: com chances de classificação, Brasil e Suíça duelam pelo Grupo G
Copa: com chances de classificação, Brasil e Suíça duelam pelo Grupo G
Partida tem iniciou às 13h desta segunda-feira, no Estádio 974, em DohaEm busca do hexacampeonato na Copa do Mundo do Catar, a seleção brasileira de futebol masculino encara a Suíça, nesta segunda-feira (28), pela segunda rodada da fase de grupos. Líder do Grupo G, com três pontos, o Brasil busca a classificação antecipada às oitavas de final do Mundial, assim como a Suíça, também com três…
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emsergipe · 1 year
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Brasil tenta vencer a Suíça pela primeira vez em uma Copa do Mundo
Brasil tenta vencer a Suíça pela primeira vez em uma Copa do Mundo
Este é o terceiro encontro entre as equipes em mundiais de seleções São Paulo parou no dia 28 de junho de 1950, uma quarta-feira. Mais de 42 mil paulistanos rumaram para o estádio do Pacaembu, no qual a seleção brasileira comandada pelo técnico Flávio Costa enfrentaria a Suíça, um time que tinha sido humilhado pela Iugoslávia na primeira rodada da Copa, derrota de 3 a 0.   Flávio Costa treinava o…
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savemebrics23 · 7 months
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Em Nova York, Lula aposta em reuniões bilaterais para viabilizar acordos comerciais
Presidente do Brasil se reuniu com oito autoridades durante Assembleia da ONU e abordou financiamento ambiental e investimentos em energia renovável
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou a ida a Nova York, nos Estados Unidos, durante a 78ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), para se reunir com ao menos oito autoridades em encontros bilaterais. Ele privilegiou acordos e discussões sobre questões ambientais e energias renováveis.
Na quarta-feira, 20, Lula se reuniu com o presidente dos EUA, Joe Biden. O encontro era o mais aguardado. Os dois assinaram um documento em defesa do trabalho digno, iniciativa criada pelos governos brasileiro e norte-americano. Os líderes também falaram sobre democracia, transição energética e proteção ao meio ambiente.
Estados Unidos
“É muito importante que vejam o que está acontecendo no Brasil neste momento histórico de transição ecológica, mudança de matriz energética, de investimento em energia solar, eólica, biomassa, biodiesel, etanol e hidrogênio verde. Ou seja, há uma perspectiva de trabalho em conjunto excepcional entre Brasil e Estados Unidos”, afirmou Lula.
Já o presidente americano ressaltou a preservação do meio ambiente. “Trabalharemos juntos para resolver a crise do clima, mobilizando centenas de milhões de dólares para preservar a Amazônia e os ecossistemas cruciais da América Latina. Trabalharemos na cooperação atlântica, promovendo crescimento econômico. As duas maiores democracias do hemisfério ocidental estão defendendo direitos humanos no mundo”, declarou.
Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Em 2022, o comércio entre os dois países movimentou US$ 88,7 bilhões, sendo US$ 37 bilhões em exportações brasileiras.
Noruega
Lula se encontrou com o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre. Os dois conversaram sobre financiamento ambiental e investimentos em fontes renováveis de energia. Segundo o governo federal, a Noruega é um dos principais investidores estrangeiros do Fundo Amazônia, juntamente com a Alemanha, e tem liberado verbas para projetos na região desde o início do ano.
A reunião também abordou questões comerciais, uma vez que o Brasil é o principal parceiro da Noruega fora da Europa. O país europeu tem investimentos nas indústrias de petróleo, gás e mineração, com destaque para o alumínio em território nacional. Em 2022, o volume comercial entre os dois países foi de US$ 2,35 bilhões. O Brasil exportou US$ 1,35 bilhão em alumínio e soja e importou US$ 1 bilhão, principalmente em adubos e fertilizantes.
O Brasil e a Noruega mantêm parcerias nas áreas de energia, ciência, tecnologia, educação e meio ambiente. Em vigor estão acordos que estabelecem iniciativas bilaterais em pesquisa e desenvolvimento no setor de petróleo e gás, aquicultura e recursos pesqueiros, tributação, cooperação econômica e entre administrações aduaneiras.
O premiê norueguês ainda falou sobre a importância da presidência brasileira no G20, grupo que reúne as 20 principais economias do mundo. O mandato é rotativo, e o Brasil assume o cargo em 1º de dezembro.
Suíça
Lula também se reuniu com o presidente da Confederação Suíça, Alain Berset. Em pauta esteve o acordo comercial entre o Mercosul e a Associação Europeia de Comércio Livre. O grupo é formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein.
No ano passado, o comércio entre Brasil e Suíça movimentou US$ 3,6 bilhões. A parceria se estende para projetos de neurociências, saúde, energia e meio ambiente. Há perspectivas de cooperação em nanotecnologia, tecnologia da informação e das comunicações, energias renováveis e ciências humanas e sociais.
Na reunião, Berset disse que vê com bons olhos o papel do Brasil no combate às mudanças climáticas. Foram citados a onda de calor que atinge o Brasil e os eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul e na Líbia.
Alemanha
A Assembleia da ONU foi uma oportunidade para o presidente se encontrar com Olaf Scholz, chanceler alemão. Nas redes sociais, Lula escreveu: “Conversamos sobre o acordo Mercosul-União Europeia, que considero importante fecharmos ainda neste ano, e sobre a atual conjuntura mundial. Visitarei a Alemanha em dezembro, quando teremos dois dias de trabalho entre nossos governos para aprofundarmos a cooperação, os laços e os investimentos entre nossos países”.
Áustria
A preservação do meio ambiente, a transição energética e a industrialização verde estiveram em discussão no encontro com o presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen.
“Falamos sobre a COP30, em 2025, em Belém, e sobre a importância da transição energética. Ele falou do interesse das empresas austríacas em buscar oportunidades de investimento no Brasil, e o convidei a visitar nosso País com uma missão empresarial para estreitarmos laços econômicos”, informou Lula nas redes sociais.
Paraguai
Com o presidente do Paraguai, Santiago Peña, foi debatida a integração entre os países, que estão ligados pela Itaipu Binacional. A usina responde por 8,72% da demanda de energia elétrica brasileira e é responsável por 86,4% da energia consumida no território paraguaio.
O Brasil é o principal destino das exportações paraguaias, com 36,9% do total. Desde 2021, o País é o que mais investe no Paraguai, superando os EUA. Outras obras, como o corredor bioceânico para facilitar o fluxo de mercadorias e a conclusão da ponte entre Presidente Franco e Foz do Iguaçu, foram mencionadas na conversa.
Ucrânia
No primeiro encontro com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, o tema em foco foi a solução para o conflito entre Ucrânia e Rússia. “Tivemos uma boa conversa sobre a importância dos caminhos para construção da paz e de mantermos sempre o diálogo aberto entre nossos países”, escreveu Lula.
Já o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou que os presidentes instruíram as equipes a continuarem em contato. Lula garantiu que um representante vai participar das reuniões do Processo de Copenhague, para discutir possibilidades de paz entre os países.
Palestina
O outro encontro bilateral aconteceu entre Lula e o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, que cumprimentou o presidente pelo discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU e o convidou para uma visita oficial ao país.
No evento, Lula criticou o sistema de governança global, que ainda não conseguiu chegar a uma solução para o conflito entre Palestina e Israel.
“Não haverá sustentabilidade nem prosperidade sem paz. Os conflitos armados são uma afronta à racionalidade humana. A promoção de uma cultura de paz é um dever de todos nós. Construí-la requer persistência e vigilância. É perturbador ver que persistem antigas disputas não resolvidas e novas ameaças. Bem o demonstra a dificuldade de garantir a criação de um Estado para o povo palestino”, afirmou Lula.
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aplausosbrasil · 1 year
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A atriz Maria Ribeiro, que interpretou a Sinha Vitória no clássico filme "Vidas Secas" (1963), de Nelson Pereira do Santos, obra seminal do Cinema Novo baseada no romance homônimo de Graciliano Ramos, completou 100 anos de vida no último dia 25 de março. Tendo atuado em filmes pela última vez em 2003, hoje está aposentada e vive em Genebra, na Suíça.
Maria Ribeiro provavelmente é a mais idosa atriz brasileira ainda viva.
Aplausos, Maria Ribeiro!
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lune-sz · 1 year
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De Fernando Sabino para Clarice lispector
Nova York, 10 de junho de 1946
Clarice,
Esta é a quarta carta que inicio para responder a sua. A primei­ra eu deixei no Brasil, só trouxe a primeira página, que vai junto. A segunda eu rasguei. A terceira eu não acabei, vai jun­to também. Hoje recebi uma carta do Paulo [Mendes Campos], dizendo que não tinha mandado até agora a resposta dele. Positivamente somos uns cachorros irremediáveis. Você por favor não ligue para isso não. Pode ter certeza de que não te esquecemos. Ainda ontem me lembrei muito de você, porque um america­no me perguntou se o meu relógio era suíço. A Suíça existe mesmo? Serão daí mesmo os queijos suíços? Me escreva, Clarice, sou tão cínico que te peço para me escrever, me res­ponder com a pontualidade e a presteza que não tenho, con­tando tudo, suas aventuras e desventuras nessa poética Seminarstrasse.¹ Do Brasil não posso te contar nada, senão o que o Paulo me contou hoje na carta dele: que o Pajé² tem tomado aos domingos porres gigantescos, colossais. Que a sensação de um libertino ao acordar na segunda-feira é a pior coisa do mundo. Que houve um comício no largo da Carioca onde choveu bala sobre os comunistas, mataram um estudante.³ Que o Rubem Braga vai indo bem. Que num chá que os aca­dêmicos ofereceram a outros acadêmicos ninguém pergun­tou por você.
Daqui de Nova York não posso te contar nada além do que você calcula. Outro dia abri um livro do Erico Verissimo sobre literatura brasileira escrito aqui,⁴ mesmo na página em que ele fazia uma referência a você. Tenho sentido muita fal­ta de seu livro que deixei no Brasil,⁵ para plagiar uns pedaços quando vou escrever o meu. Tenho tido muitas dores de cabeça, tenho ouvido histórias de espantar. Uma: o homem mais gordo do mundo fez um regime para emagrecer, ema­greceu cinquenta quilos e morreu. Tenho dado muitas gafes aqui com o meu pobre inglês. Uma: entrei num drugstore para comprar remédio para dor de cabeça e acabei levando uma loção para cabelos. Tenho tido muitos pesadelos. Um: ontem sonhei com um rato encravado na parede, guinchando de dor. Tenho reformado muitos conceitos, por exemplo: o Jayme Ovalle não é tão chato como eu imaginava. Tenho imitado Otávio de Faria em tudo o que ele não faz. Tenho feito des­cobertas importantes, por exemplo: o pecado é simplesmente tudo o que Cristo não fez. Tenho conhecido sujeitos famosos, por exemplo: Duke Ellington. Tenho tido muito pouco dinheiro. Tenho tido muitas oportunidades de ficar calado. Tenho tido muita decepção com os Correios. Tenho tido can­saço, saudade e calma. Tenho bebido muito, muito, muito. Tenho lido os suplementos dominicais. Tenho tido vontade de voltar. Tenho escrito muitas cartas para você. Tenho dor­mido muito pouco. Tenho xingado muito o Getúlio. Tenho tido muito medo de morrer. Tenho faltado muita missa aos domingos. Tenho tido muita pena de Helena ter se casado comigo. Tenho tido dor de dente. Tenho certeza que não vol­to mais. Tenho contado muito nos dedos. Tenho franzido muito o sobrolho. Tenho falado muito com os meus botões. Tenho tido muita vontade de brincar. Tenho feito muitas manifestações de apreço ao senhor diretor.⁶ Clarice, estou perdido no meio de tantos particípios passados. Estou com vontade de fumar e o meu cigarro acabou, estou com vonta­de de namorar de tarde numa pracinha cheia de árvores, estou com muitas saudades de mamãe. Aqui na minha frente, na minha mesa do escritório, tem uma pilha de 1834 fichas me esperando para serem conferidas. São tão simpáticas, as fichinhas. Me esperam e sorriem burocraticamente: conhecem o meu triste fim. Sorrio também para elas, digo que esperem: agora estou indo para Seminarstrasse.
Só de pensar que você estará lendo esta carta muitos dias depois de ter sido escrita me dá vontade de não mandar. Mas mando, isso é uma desonestidade. Você nos escreveu há um mês. Juro que não faço mais isso, foi só da primeira vez, ago­ra não faço mais. Me escreva, que responderei imediatamente. Como vai indo o seu livro? O que é que você faz às três horas da tarde? Quero saber tudo, tudo. Você tem recebido notícias do Brasil? Alguém mais escreveu sobre o seu livro? É verda­de que a Suíça é muito branca? Você mora numa casa de dois andares ou de um só? Tem cortina na janela? Ou ainda está num hotel? Oh, meu Deus, Seminarstrasse será simplesmen­te um hotel? Qual é o cigarro que você está fumando agora? Pipocas, Fernando!⁷
Clarice, em Belém eu procurei no hotel uma carta do Mário [de Andrade] para você, não encontrei. Eu delirava se pudesse te dar essa alegria. Tinha certeza de encontrar e não encontrei.
Manuel Bandeira é um sujeito muito triste, Clarice. Também não me despedi de muita gente. Também me esque­ci de muitas coisas no Brasil. Quando eu era menino, chupei uma vez tanta manga verde que fiquei doente de cama por três dias, faltei ao grupo, só vendo. Eu tinha um coelhinho chamado Pastoff. Um dia meu pai pegou o coelho e deu para um amigo, fiquei triste mesmo, chorei muito, papai foi mui­to mau. A coisa que mais gostava era no tempo de frio sair fumacinha da minha boca. Pipocas, Fernando! Clarice Lispector é uma coisa riscadinha sozinha num canto, esperando, esperando. Clarice Lispector só toma café com leite. Clarice Lispector saiu correndo no vento na chuva, molhou o vestido, perdeu o chapéu. Clarice Lispector sabe rir e chorar ao mesmo tempo, vocês já viram? Clarice Lispector é engraçada! Ela parece uma árvore. Todas as vezes que ela atravessa a rua bate uma ventania, um automóvel vem, passa por cima dela, e ela morre. Me escreva uma carta de sete páginas, Clarice.
Fernando
***
Clarice Lispector. Correspondências. Rio de Janeiro: Rocco, 2002, pp. 82-85.
[1] N.S.: Seminarstrasse, número 30, sede da Legação Brasileira em Berna, Suíça, onde trabalhava o marido de Clarice.
[2] N.S.: Pajé era como Otto Lara Resende era chamado no grupo dos quatro mineiros, composto por ele, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino.
[3] N.S.: No dia 26 de maio de 1946, a polícia reprimiu um comício de Imprensa Popular do Partido Comunista Brasileiro, no largo da Carioca. A violência resultou na morte da estudante Zélia Magalhães, de 22 anos, militante do Partido.
[4] N.S.: Brazilian Literature: An Outline. Nova York: MacMillan, 1945. Reúne as conferências de Erico Verissimo do período em que lecionou na Universidade da Califórnia. Publicado no Brasil com o título Breve história da literatura brasileira pela Editora Globo em 1995.
[5] N.S.: Trata-se possivelmente de Perto do coração selvagem (1943).
[6] N.S.: Alusão à primeira estrofe de “Poética”, de Manuel Bandeira, que se encontra no livro Libertinagem (1930): “Estou farto do lirismo comedido/ Do lirismo bem comportado/ Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. Diretor.”
[7] N.A.: Referência à sua predileção por pipocas, que a levou um dia a me assustar com esta incontida exclamação de alegria infantil ao passarmos no meu carro em Copacabana diante de um pipoqueiro.
Fonte: https://correio.ims.com.br/carta/clarice-lispector-parece-uma-arvore/
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vnnmr · 2 years
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Clarice,
Esta é a quarta carta que inicio para responder a sua. A primei­ra eu deixei no Brasil, só trouxe a primeira página, que vai junto. A segunda eu rasguei. A terceira eu não acabei, vai jun­to também. [...] Positivamente somos uns cachorros irremediáveis. Você por favor não ligue para isso não. Pode ter certeza de que não te esquecemos. Ainda ontem me lembrei muito de você, porque um america­no me perguntou se o meu relógio era suíço. A Suíça existe mesmo? Serão daí mesmo os queijos suíços? Me escreva, Clarice, sou tão cínico que te peço para me escrever, me res­ponder com a pontualidade e a presteza que não tenho, con­tando tudo, suas aventuras e desventuras nessa poética Seminarstrasse.[...]
Daqui de Nova York não posso te contar nada além do que você calcula. Outro dia abri um livro do Erico Verissimo sobre literatura brasileira escrito aqui, mesmo na página em que ele fazia uma referência a você. Tenho sentido muita fal­ta de seu livro que deixei no Brasil, para plagiar uns pedaços quando vou escrever o meu. Tenho tido muitas dores de cabeça, tenho ouvido histórias de espantar. [...] Tenho dado muitas gafes aqui com o meu pobre inglês.[...] Tenho tido muito pouco dinheiro. Tenho tido muitas oportunidades de ficar calado. Tenho tido muita decepção com os Correios. Tenho tido can­saço, saudade e calma. Tenho bebido muito, muito, muito. Tenho lido os suplementos dominicais. Tenho tido vontade de voltar. Tenho escrito muitas cartas para você. Tenho dor­mido muito pouco. Tenho xingado muito o Getúlio. Tenho tido muito medo de morrer. Tenho faltado muita missa aos domingos. Tenho tido muita pena de Helena ter se casado comigo. Tenho tido dor de dente. Tenho certeza que não vol­to mais. Tenho contado muito nos dedos. Tenho franzido muito o sobrolho. Tenho falado muito com os meus botões. Tenho tido muita vontade de brincar. Tenho feito muitas manifestações de apreço ao senhor diretor. Clarice, estou perdido no meio de tantos particípios passados.
–Carta de Fernando Sabino para Clarisse Lispector
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nymphsandspace · 1 year
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Nova York, 10 de junho de 1946
Clarice,
Esta é a quarta carta que inicio para responder a sua. A primei­ra eu deixei no Brasil, só trouxe a primeira página, que vai junto. A segunda eu rasguei. A terceira eu não acabei, vai jun­to também. Hoje recebi uma carta do Paulo [Mendes Campos], dizendo que não tinha mandado até agora a resposta dele. Positivamente somos uns cachorros irremediáveis. Você por favor não ligue para isso não. Pode ter certeza de que não te esquecemos. Ainda ontem me lembrei muito de você, porque um america­no me perguntou se o meu relógio era suíço. A Suíça existe mesmo? Serão daí mesmo os queijos suíços? Me escreva, Clarice, sou tão cínico que te peço para me escrever, me res­ponder com a pontualidade e a presteza que não tenho, con­tando tudo, suas aventuras e desventuras nessa poética Seminarstrasse.[1] Do Brasil não posso te contar nada, senão o que o Paulo me contou hoje na carta dele: que o Pajé[2] tem tomado aos domingos porres gigantescos, colossais. Que a sensação de um libertino ao acordar na segunda-feira é a pior coisa do mundo. Que houve um comício no largo da Carioca onde choveu bala sobre os comunistas, mataram um estudante.[3] Que o Rubem Braga vai indo bem. Que num chá que os aca­dêmicos ofereceram a outros acadêmicos ninguém pergun­tou por você.
Daqui de Nova York não posso te contar nada além do que você calcula. Outro dia abri um livro do Erico Verissimo sobre literatura brasileira escrito aqui,[4] mesmo na página em que ele fazia uma referência a você. Tenho sentido muita fal­ta de seu livro que deixei no Brasil,[5] para plagiar uns pedaços quando vou escrever o meu. Tenho tido muitas dores de cabeça, tenho ouvido histórias de espantar. Uma: o homem mais gordo do mundo fez um regime para emagrecer, ema­greceu cinquenta quilos e morreu. Tenho dado muitas gafes aqui com o meu pobre inglês. Uma: entrei num drugstore para comprar remédio para dor de cabeça e acabei levando uma loção para cabelos. Tenho tido muitos pesadelos. Um: ontem sonhei com um rato encravado na parede, guinchando de dor. Tenho reformado muitos conceitos, por exemplo: o Jayme Ovalle não é tão chato como eu imaginava. Tenho imitado Otávio de Faria em tudo o que ele não faz. Tenho feito des­cobertas importantes, por exemplo: o pecado é simplesmente tudo o que Cristo não fez. Tenho conhecido sujeitos famosos, por exemplo: Duke Ellington. Tenho tido muito pouco dinheiro. Tenho tido muitas oportunidades de ficar calado. Tenho tido muita decepção com os Correios. Tenho tido can­saço, saudade e calma. Tenho bebido muito, muito, muito. Tenho lido os suplementos dominicais. Tenho tido vontade de voltar. Tenho escrito muitas cartas para você. Tenho dor­mido muito pouco. Tenho xingado muito o Getúlio. Tenho tido muito medo de morrer. Tenho faltado muita missa aos domingos. Tenho tido muita pena de Helena ter se casado comigo. Tenho tido dor de dente. Tenho certeza que não vol­to mais. Tenho contado muito nos dedos. Tenho franzido muito o sobrolho. Tenho falado muito com os meus botões. Tenho tido muita vontade de brincar. Tenho feito muitas manifestações de apreço ao senhor diretor.[6] Clarice, estou perdido no meio de tantos particípios passados. Estou com vontade de fumar e o meu cigarro acabou, estou com vonta­de de namorar de tarde numa pracinha cheia de árvores, estou com muitas saudades de mamãe. Aqui na minha frente, na minha mesa do escritório, tem uma pilha de 1834 fichas me esperando para serem conferidas. São tão simpáticas, as fichinhas. Me esperam e sorriem burocraticamente: conhecem o meu triste fim. Sorrio também para elas, digo que esperem: agora estou indo para Seminarstrasse.
Só de pensar que você estará lendo esta carta muitos dias depois de ter sido escrita me dá vontade de não mandar. Mas mando, isso é uma desonestidade. Você nos escreveu há um mês. Juro que não faço mais isso, foi só da primeira vez, ago­ra não faço mais. Me escreva, que responderei imediatamente. Como vai indo o seu livro? O que é que você faz às três horas da tarde? Quero saber tudo, tudo. Você tem recebido notícias do Brasil? Alguém mais escreveu sobre o seu livro? É verda­de que a Suíça é muito branca? Você mora numa casa de dois andares ou de um só? Tem cortina na janela? Ou ainda está num hotel? Oh, meu Deus, Seminarstrasse será simplesmen­te um hotel? Qual é o cigarro que você está fumando agora? Pipocas, Fernando![7]
Clarice, em Belém eu procurei no hotel uma carta do Mário [de Andrade] para você, não encontrei. Eu delirava se pudesse te dar essa alegria. Tinha certeza de encontrar e não encontrei.
Manuel Bandeira é um sujeito muito triste, Clarice. Também não me despedi de muita gente. Também me esque­ci de muitas coisas no Brasil. Quando eu era menino, chupei uma vez tanta manga verde que fiquei doente de cama por três dias, faltei ao grupo, só vendo. Eu tinha um coelhinho chamado Pastoff. Um dia meu pai pegou o coelho e deu para um amigo, fiquei triste mesmo, chorei muito, papai foi mui­to mau. A coisa que mais gostava era no tempo de frio sair fumacinha da minha boca. Pipocas, Fernando! Clarice Lispector é uma coisa riscadinha sozinha num canto, esperando, esperando. Clarice Lispector só toma café com leite. Clarice Lispector saiu correndo no vento na chuva, molhou o vestido, perdeu o chapéu. Clarice Lispector sabe rir e chorar ao mesmo tempo, vocês já viram? Clarice Lispector é engraçada! Ela parece uma árvore. Todas as vezes que ela atravessa a rua bate uma ventania, um automóvel vem, passa por cima dela, e ela morre. Me escreva uma carta de sete páginas, Clarice.
Fernando
[1] N.S.: Seminarstrasse, número 30, sede da Legação Brasileira em Berna, Suíça, onde trabalhava o marido de Clarice.
[2] N.S.: Pajé era como Otto Lara Resende era chamado no grupo dos quatro mineiros, composto por ele, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino.
[3] N.S.: No dia 26 de maio de 1946, a polícia reprimiu um comício de Imprensa Popular do Partido Comunista Brasileiro, no largo da Carioca. A violência resultou na morte da estudante Zélia Magalhães, de 22 anos, militante do Partido.
[4] N.S.: Brazilian Literature: An Outline. Nova York: MacMillan, 1945. Reúne as conferências de Erico Verissimo do período em que lecionou na Universidade da Califórnia. Publicado no Brasil com o título Breve história da literatura brasileira pela Editora Globo em 1995.
[5] N.S.: Trata-se possivelmente de Perto do coração selvagem (1943).
[6] N.S.: Alusão à primeira estrofe de “Poética”, de Manuel Bandeira, que se encontra no livro Libertinagem (1930): “Estou farto do lirismo comedido/ Do lirismo bem comportado/ Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. Diretor.”
[7] N.A.: Referência à sua predileção por pipocas, que a levou um dia a me assustar com esta incontida exclamação de alegria infantil ao passarmos no meu carro em Copacabana diante de um pipoqueiro.
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jornale · 1 year
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#qatar #copadomundo #cbf #brasil #selecaobrasileira #richarlison #jornale #curitiba #noticias #copa2022 #vitoriabrasil
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wesleybrasil · 1 year
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Negra Rê: uma ativista que usa o rap como plataforma de ação
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Moradora do Arará (Benfica) viajou o mundo e tem seu nome na história da cultura hiphop nacional
As primeiras batalhas de improviso na extinta sinuca da Lapa 173 despertaram o desejo pela área da educação. As rimas que Negra Rê trocava com seus amigos na Tradicional Batalha do Real eram o início de um discurso forte que acompanharia a história de Renata Almeida dali em diante: a presença feminina no rap, a luta pela educação e a ação efetiva a favor das comunidades cariocas.
Já no seu primeiro ano envolvida com a cultura hiphop (2003), Rê viu o início da sua carreira nos palcos e nas salas de aula com oficinas de reforço escolar através do rap. Passou por lugares como Rocha Miranda (Projeto UNIR - União para Integração e Realização), Vigário Geral (NAH - Núcleo Afro Hiphop), Rocinha (Projeto Pensando Junto, idealizado pelo Rapper Gabriel O Pensador) e Benfica, com Projeto Saciarará que foi criado pela própria Negra Rê e produziu 3 curtas, diversos eventos, shows e Batalha do Passinho. O Saciarará teve ainda o apoio da ong Abides, IPDH, e projeto Saci Tererê (Teresópolis).
Em Rocha Miranda, Negra Rê criou e atuou como educadora na alfabetização de adultos, jovens e crianças com Síndrome de Down.
Indo além da cultura urbana, Rê também atuou na doação de 1.000 mudas para reflorestar o Parque Nacional da Araucária (Mauá, Rio de Janeiro). Ainda no campo ambiental, produziu e atuou na divulgação e produção do projeto 'Papel Artesanal': uma série de exposições de quadros com papel botânico artesanal produzido em Mauá pelo artista plástico Maurício Rosa, idealizador da atividade.
No campo musical, onde é amplamente conhecida, contribuiu com uma série de iniciativas: foi vocalista da banda PARVATI (composta por cinco Mulheres Musicistas).
Foi contemplada com uma viagem para a Europa após participar de um processo seletivo dentre 5.000 inscritos. No Velho Mundo, participou de Workshops e diversos eventos. Também se apresentou em um dos teatros mais icônicos da Inglaterra, o Queen Elisabeth Hall, além de outros lugares na Inglaterra, França e Holanda. Gravou em Birmigham e na Radio Manchester FM - onde participou como convidada especial junto com o Músico Soweto Kinch e Apples and Snackes.
De volta ao Brasil, produziu seu primeiro álbum (o EP Nata da Selva) editado e produzido pelo Produtor Musical Ramiro Mart, com participações de Cone Crew Diretoria, Chimpo e Skeatlles, Green Team (Don Negrone, Mell, Sheep Rimador e Gordo). O álbum teve ainda apoio da Caverna do Dragão Records, Toma da Suíça, Aori Anaga, Guilda Beatmático e D'outro lado estúdio.
Ao lado do produtor musical Ikky Castilho, participou em 2012 na track '21 Comandando o Show'. Foi também atração Do Red Bull Music Academy no Rio Scenarium. Por falar em atração, foi a principal em diversas lonas culturais do Rio de Janeiro. Participou de campeonatos e batalhas do eixo Rio, São Paulo e Juiz de Fora: naturalmente sendo campeã em várias.
Sua relevância na cultura hiphop, especialmente entre as mulheres, foi alvo de um reconhecimento inédito: em 2017 o troféu da Batalha das Musas foi construído em sua homenagem pelas mãos da grafiteira Aila, entregue no Museu de Arte do Rio (MAR), que é um dos principais aparelhos de cultura do país.
Até hoje é integrante do Grupo Musical MESA DE RIMA e é Mestre de Cerimônia da festa JAMBRA (Festa Jamaicana de Música Brasileira). Rê também é idealizadora e produtora do Baile da Rainha RJ e do Baile do João Black (ícone Black da comunidade do Arará).
Seu mais recente trabalho é o Clipe HERESIA, com o cantor, compositor e professor Kellvn.
Atualmente está produzindo o EP IDENTIDADE, onde conta sua história de vida. Nas letras, Rê encara de frente pautas que cruzam sua passagem pela Terra como o Racismo, Afrodecendência e a luta de mãe solo preta periférica pra sobreviver na Babilônia, falando de fé e amor ao próximo. Em breve em todas as plataformas.
Além do álbum, Rê continua seu trabalho como ativista: durante a pandemia do coronavirus criou o jantar Laroyê, que distribui quentinhas para moradores de rua da comunidade do Arará e entorno (Manguinhos e Jacaré). Atua também na doação de cestas básicas para 20 famílias de sua comunidade com ajuda de amigos e projetos parceiros, incentivando e convocando doadores.
Mantendo as origens dos tempos em que Renata se tornou Negra Rê, hoje é possível encontrá-la no palco e nos bastidores da Batalha do Real, onde tem feito direção de palco.
SERVIÇO Negra Rê YouTube - https://www.youtube.com/channel/UCG5gcE2mQewMaJM1XwtHX4A/ Instagram - https://www.instagram.com/negraremc/ Facebook - https://www.facebook.com/negrarerap
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pearcaico · 1 year
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Avenida Santo Antônio, Cidade de Garanhuns Pernambuco, Em 28/8/1930.
Photo Siqueira.
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kauazinhosblog · 2 years
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Partida de abertura será entre Catar e EquadorA abertura da Copa será no dia 20 de novembro. A partida de abertura será entre Catar, o país anfitrião, e Equador, domingo, às 13h (horário de Brasília).
Confira os dias e horários das três partidas da seleção brasileira na fase de grupos: Brasil x Sérvia – quinta-feira 24 de novembro às 16h (horário de Brasília); Brasil x Suíça – segunda-feira 28 de novembro às 13h (horário de Brasília); Brasil x Camarões – sexta-feira 2 de dezembro às 16h (horário de Brasília).
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claudiosuenaga · 2 years
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Tatunca Nara e a Crônica de Akakor 
Parte 1 - O encontro de Karl Brugger com Tatunca Nara
Por Cláudio Tsuyoshi Suenaga
Na América do Sul, o continente mais interessante da Terra, ainda remanescem rumores de civilizações avançadas e antigas cidades que foram engolidas pela selva amazônica. Há também lendas de longa data da Cidade Perdida de Z, de Percy Fawcett, Eldorado, Paititi e muito mais. A Crônica de Akakor é a história contada por Tatunca Nara de uma cidade perdida escondida nas profundezas das selvas do Brasil e nos seus subterrâneos que já fez e continua fazendo inúmeras vítimas atraídas por sua busca. Estaria Tatunca Nara por trás dessas mortes misteriosas? É o que você irá saber agora.
Em 1976 era lançado na Alemanha pela Econ Verlag, com prefácio de Erich von Däniken, o livro Die Chronik von Akakor (A Crônica de Akakor),[1] do sociólogo e jornalista Karl Brugger (nascido em 1941 em Munique), correspondente no Brasil da associação de emissoras de rádio e televisão estatal ARD[2] desde 1974.
O furor foi imediato. A edição norte-americana apareceu logo no ano seguinte,[3] mas estranhamente nenhum editor brasileiro se dispôs – até hoje – a publicá-lo, apesar de – ou justamente por estar – inserida dentro do ciclo de aventuras da busca de uma cidade perdida em nosso país que redundou em um sem número de mortes e desaparecimentos inexplicáveis. A única tradução disponível é a de 1980 da editora portuguesa Bertrand.[4]
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A corrida detonada pela Crônica de Akakor – e que prossegue até hoje – por gigantescos edifícios, templos, pirâmides e instalações subterrâneas na Amazônia brasileira, as quais abrigariam supostos artefatos técnicos deixados por deuses extraterrestres, se deu ao mesmo tempo em que a expedição de Stanley Hall descia às profundezas da Cueva de los Tayos na Amazônia equatoriana, as quais abrigariam supostos tesouros deixados por uma avançada civilização desaparecida.
O que começou como uma versão expandida do mito de Eldorado, evoluiu para um enredo policial – até hoje – sem solução. Em 1971, em uma rua de Manaus, um veterano piloto comercial da Swissair (companhia aérea suíça fundada em 1931 e que cessou suas operações após o colapso do grupo SAir Group em 2001) chamado Ferdinand Schmid (também grafado como Schmidt ou Schimidt), conversava com um membro de sua tripulação em alemão quando foi abordado por um esfarrapado indivíduo que, dirigindo-se a ele fluentemente no mesmo idioma, pediu que lhe pagasse uma refeição.
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Tatunca Nara em frente ao barco da expedição em Manaus em setembro de 1972. Foto de Karl Brugger.
Diante do espanto do aviador, o pedinte poliglota disse se chamar Tatunca (também grafado como Tatunka) Nara e ser filho mestiço de soldado alemão e mãe índia nativa da tribo Ugha Mongulala (também grafado como Mogulala), que entre 1941 e 1945 recebera um contingente de cerca de dois mil soldados nazistas enviados por Hitler, transportando armas e equipamentos diversos, para uma pretendida invasão do Brasil. O contingente teria permanecido na região até o fim da Segunda Guerra, quando alguns retornaram a Alemanha, enquanto muitos preferiram permanecer entre os silvícolas miscigenando-se com os mongulalas. O piloto da Swissair pagou a refeição a Tatunca Nara e tempos depois retornou à sua pátria, onde relatou o que ouvira a Karl Brugger, então um repórter de uma grande revista alemã, que farejou ali uma boa história.
Com os dados fornecidos por Schmid, Brugger viajou a Manaus, e na sexta-feira, 3 de março de 1972, no mesmo dia em que era lançada a sonda Pioneer 10, encontrou-se pela primeira vez com Tatunca em um bar chamado “Graças a Deus”.
O início da conversa se deu não sem certa dificuldade, pois o autoproclamado mestiço, falando em mau alemão, mostrava-se relutante e preferiu priorizar o apelo, que fez na condição de “príncipe e chefe dos Ugha Mongulala, Dacca e Haisha”, para que os seus “maiores inimigos, os brancos”, os auxiliassem perante a “iminente extinção” do seu “povo eleito pelos deuses há 15 mil anos”.
Só aos poucos é que Tatunca, entre um trago e outro, foi se soltando e deixando a reticência de lado, ao que se referiu a duas grandes catástrofes que haviam devastado a Terra, às gigantescas cidades de pedra, às instalações subterrâneas dos divinos antepassados, ao príncipe Lhasa, um filho dos deuses que governou no sul do continente americano e manteve relações com o Egito, à origem dos incas, à chegada dos “Bárbaros Brancos”, à aliança dos mongulalas com os soldados alemães, e finalmente às lutas dos índios contra os espanhóis e portugueses plantadores de borracha, colonos, aventureiros e soldados do Peru.
Todos esses “fatos”, garantiu Tatunca, estavam registrados em um documento chamado “A Crônica de Akakor”, gravado em madeira, pele e pergaminho e guardado por sacerdotes no Templo do Sol, a maior herança dos Ugha Mongulala. O bispo Grotti teria sido o único homem branco a vê-lo e teria levado com ele vários excertos. Tatunca pensava que o seu amigo bispo, antes de morrer em uma queda misteriosa de avião em 1972, os havia depositado nos Arquivos do Vaticano. Ponderou Brugger: “Esta, no entanto, era a sua história. Ia dar crédito ou não? No úmido calor do bar Graças a Deus, foi-me revelado um estranho mundo que, se existisse, tornavam reais as lendas maia e inca”.
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Karl Brugger
Brugger resolveu pagar para ver e manteve mais dois encontros com Tatunca, desta vez em seu quarto de hotel com ar condicionado. Em um monólogo que durou horas, só interrompido para mudar a fita no gravador, ele contou em detalhes a história dos Ugha Mongulala – “o mais antigo povo do mundo” –, do Ano Zero (quando os Primitivos Mestres os deixaram) até 12.453 (de 10.468 a.C. até 1972, de acordo com o calendário da civilização ocidental). O Ano Zero era uma data muito recuada para ser aceita pela arqueologia oficial para a ocupação humana da Amazônia, mas perfeitamente compatível com a teoria do afundamento da Atlântida.
Depois de tornar a ouvir as gravações e transcrever as doze fitas cassete, Brugger procedeu a algumas pesquisas jornalísticas e passou a acreditar na existência real de Akakor – ainda que esta não fosse “exatamente da maneira como Tatunca Nara a descreveu” – e decidiu escrever a história “com boas palavras e uma escrita clara”, como dizem os índios, ou seja, tentou torná-la tão literária quanto possível, a ela acrescentando dados obtidos por ele próprio.
A Crônica de Akakor é dividida em cinco partes: “O Livro do Jaguar” (ou Reino dos Deuses, de 600.000 a.C. a 10.468 a.C., período que vai da colonização da Terra pelos deuses até o período da Primeira Grande Catástrofe mundial), “O Livro da Águia” (de 10.468 a.C. até a chegada dos Bárbaros Brancos), “O Livro da Formiga” (sobre a luta contra os colonizadores portugueses e espanhóis depois de desembarcarem no Peru e no Brasil), “O Livro da Serpente-d’Água” (sobre a chegada de dois mil soldados alemães a Akakor e a sua integração com o povo Mongulala e que também prediz uma terceira grande catástrofe), e finalmente o “Apêndice”, um sumário dos resultados das pesquisas de Brugger nos arquivos brasileiros e alemães. Não obstante os “fatos” narrados por Tatunca estarem em total contradição com a historiografia oficial, Brugger abre cada capítulo com um curto sumário da história tradicional para fornecer ao leitor uma base de comparação.
Os “Primitivos Mestres” teriam chegado a Terra 3.000 anos antes da hora zero (13.481 a.C.): “De repente, navios brilhantes, dourados, apareceram no céu. Enormes línguas de fogo iluminaram a planície. A terra tremeu e o trovão ecoou sobre as colinas”. Essas “poderosas e estranhas criaturas” de pele branca, cabelo e barba negra-azulada e com seis dedos em cada mão, disseram que “a sua pátria se chamava Schwerta, um mundo muito distante, nas profundezas do Universo, onde viviam os seus antepassados e donde eles tinham vindo com a intenção de espalhar conhecimento pelos outros mundos. Os nossos sacerdotes dizem que era um poderoso império constituído por muitos planetas e com inúmeros grãos de pó na estrada. Também dizem que ambos os mundos, o dos Primitivos Mestres e a própria Terra, se encontravam de seis mil em seis mil anos. Então os Deuses voltam”. Em alemão, “schwert” significa espada.
A Idade do Ouro do povo Ugha Mongulala (Ugha significa “aliado”, “partidário”; Mongu, “escolhido”, “exaltado”; e Lala, “tribos”, portanto, “Tribos Escolhidas Aliadas”) teria começado com a chegada desses “Deuses” que escolheram várias famílias humanas entre eles para serem seus servidores e lhes ensinaram as leis políticas e sociais e a língua, o quíchua (ou quéchua), cuja escrita é composta por 1.400 símbolos. Esses “Deuses” mantiveram relações sexuais com eles, daí porque seu povo seria diferente dos demais indígenas do continente e teria pele branca, nariz bem delineado e maçãs do rosto salientes. Os “Deuses” os guiaram na construção de sua capital Akakor, cujo nome também foi dado por eles: Aka significa “fortaleza”, e Kor, “dois”.
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O Império Mongulala: as cidades de comércio e as tribos aliadas.
Akakor, portanto, é a “segunda fortaleza”, perto da nascente do sinuoso rio Purus (o último grande afluente da margem direita do rio Solimões, no Acre), em um vale alto nas montanhas da fronteira entre o Brasil, a Bolívia e o Peru, inteiramente “cercado por um muro de pedra alta com treze portões”, onde tradicionalmente costumava-se situar a lendária cidade de Paititi.
A primeira fortaleza é Akanis, que se ergue em um “estreito istmo na região que é hoje o México, no local em que os dois oceanos se encontram” (seria Iucatã, no norte da península de Iucatã, onde se localiza Chichen Itzá, o centro político e econômico da civilização maia?). A terceira fortaleza, não mencionada na crônica antes de 7.315 a.C., é Akahim, nas montanhas entre as fronteiras da Venezuela e do Brasil, a leste do Pico da Neblina, o ponto mais alto do país com 2.994 metros (em sugestiva forma de pirâmide e repleta de cavernas, o Pico da Neblina fica na Serra do Imeri, município de Santa Isabel do Rio Negro, próxima à cidade de São Gabriel da Cachoeira). Da civilização de Akakor, teria se originado a cultura de Tiahuanaco e a civilização Inca.
Pela descrição de Tatunca Nara, Akakor
“ergue-se num vale, nas montanhas entre o Peru e Brasil, protegida em três lados por rochas escarpadas: a leste, uma planície que desce gradualmente alcança a selva de cipós da grande região da floresta. Toda a cidade é rodeada por uma alta muralha de pedra com treze entradas. Estas são tão estreitas que só dão entrada a uma pessoa de cada vez. A planície a leste é guardada por vigias de pedra onde guerreiros escolhidos estão sempre vigilantes, por causa dos inimigos. Akakor é traçada em retângulos. Duas ruas principais cruzadas dividem a cidade em quatro partes, correspondendo aos quatro pontos universais dos nossos Deuses. O Grande Templo do Sol e um portal de pedra cortado de um só bloco erguem-se numa vasta praça, ao centro. O templo está voltado a leste, para o sol-nascente, e é decorado com imagens dos nossos Primitivos Mestres. As criaturas divinas usam um bastão encimado pela cabeça de um jaguar. A figura está coroada por um toucado de ornamentos animais. Os trajes são enfeitados com desenhos semelhantes. Uma escrita estranha, que só pode ser interpretada pelos nossos sacerdotes, fala da fundação da cidade. Todas as cidades de pedra que foram construídas pelos nossos Primitivos Mestres têm um portal semelhante. O mais impressionante edifício de Akakor é o Grande Templo do Sol. As suas paredes exteriores não têm enfeites e são feitas com pedras engenhosamente cortadas. O telhado do Templo é aberto de modo que os raios do sol nascente podem alcançar um espelho dourado que data da época dos Primitivos Mestres e está montado na frente. Figuras de pedra de tamanho natural erguem-se de ambos os lados da entrada do templo. As paredes interiores estão cobertas de relevos. Numa grande arca de pedra embutida na parede fronteira do templo estão escritas as leis dos nossos Primitivos Mestres. Contíguas ao Grande Templo do Sol, erguem-se às instalações dos sacerdotes e dos seus criados, o palácio do príncipe e os aposentos dos guerreiros. Estes edifícios têm forma retangular e são feitos de blocos de pedra esculpidos. Os telhados são de uma espessa camada de relva assente em estacas de bambu. Na época do reino dos nossos Primitivos Mestres, outras vinte e seis cidades de pedra rodeavam Akakor, e são todas mencionadas na crônica. As maiores eram Humbaya e Paititi, na região onde hoje se estende a Bolívia, Emim, na parte baixa do Grande Rio, e Cadira, nas montanhas da atual Venezuela. Mas todas elas foram completamente destruídas na primeira Grande Catástrofe, treze anos após a partida dos Deuses.”
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Império dos Pais Antigos antes da primeira catástrofe.
Além dessas cidades, os deuses extraterrestres de Schwerta
“também ergueram três complexos sagrados: Salazere, na parte superior do Grande Rio, Tiahuanaco, no Grande Lago, e Manoa, no elevado planalto do sul. Estas eram as residências terrenas dos Primitivos Mestres e terreno proibido para os Ugha Mongulala. No centro, elevava-se uma gigantesca pirâmide, e uma vasta escadaria erguia-se até a plataforma, onde os Deuses celebravam cerimônias que hoje nos são desconhecidas. O edifício principal era rodeado por pirâmides menores interligadas por colunas, e mais adiante, em colinas criadas artificialmente, erguiam-se outros edifícios, decorados com placas brilhantes. À luz do sol nascente, contam os sacerdotes, as cidades dos Deuses pareciam estar em chamas. Irradiavam uma luz misteriosa que brilhava nas montanhas cobertas de neve.”
Dos recintos do templo sagrado, Tatunca disse ter visto apenas Salazere, a oito dias de viagem de Manaus, no afluente do Grande Rio, cujos “palácios e templos ficaram completamente cobertos pela selva de cipós. Só o topo da grande pirâmide ainda se ergue acima da floresta, coberto por uma densa mata de arbustos e árvores. Mesmo os iniciados têm dificuldade em chegar ao local onde moravam os Deuses. O território da tribo que vive nas árvores está rodeado por profundos pântanos”. O abandono de teria se dado depois do contato com os brancos, que os obrigou a se retirarem para as florestas inacessíveis que rodeiam Salazere, onde os índios “vivem nas árvores como macacos, matando quem ouse invadir a sua comunidade”. Tatunca disse ter só conseguido alcançar os arredores do templo por esta tribo ser, há milhares de anos, aliada dos Ugha Mongulala.
Segundo Tatunca, haveria treze cidades profundamente ocultas na Cordilheira dos Andes, todas correspondentes à constelação de Schwerta:
“A Baixa Akakor fica no centro. A cidade fica assentada numa caverna gigantesca feita pelo homem. As casas, ordenadas em círculo e contornadas por uma muralha decorativa, têm no centro o Grande Templo do Sol. Tal como na parte superior de Akakor, a cidade está dividida por duas ruas em cruz, que correspondem aos quatro cantos e aos quatro lados do Universo. Todas as estradas lhes são paralelas. O maior edifício é o Grande Templo do Sol, com torres que sobem além dos edifícios onde estão instalados os sacerdotes e os seus criados, do palácio do príncipe, das instalações dos guerreiros e das mais modestas casas do povo. No interior do templo há doze entradas para os túneis que ligam a Baixa Akakor com outras cidades subterrâneas. Têm paredes inclinadas e um teto liso. Os túneis são suficientemente largos para comportar cinco homens lado a lado. Qualquer das outras cidades fica a grande distância de Akakor,”
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Planta do nível térreo da cidade de Akakor.
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Planta do nível superior da cidade de Akakor.
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O subterrâneo de Akakor.
Tatunca disse que Akakor estava abandonada e em ruínas há três anos, quando ordenara os guerreiros Ugha Mongulala que a destruíssem. O seu povo se encontrava desde então refugiado nos abrigos subterrâneos. Doze das cidades (Akakor, Budo, Kish, Boda, Gudi, Tanum, Sanga, Rino, Kos, Amam, Tata e Sikon) eram iluminadas artificialmente, com a luz alterando-se de acordo com o brilho do Sol: “Só Mu, a décima terceira e a menor das cidades, tem altas colunas, que atingem a superfície. Um enorme espelho de prata espalha a luz do Sol sobre toda a cidade. Todas as cidades subterrâneas são cruzadas por canais que trazem água das montanhas. Pequenos afluentes fornecem edifícios individuais e casas. As entradas na superfície estão cuidadosamente disfarçadas. Em caso de emergência, os subterrâneos podem ser desligados do mundo exterior por grandes rochas móveis que servem de portões”. Dali os Deuses governavam o seu vasto império, composto de 362 milhões (!) de indivíduos.
Akahim, nação irmã de Akakor, assemelha-se a esta, segundo Tatunca, que garantiu tê-la visitado:
“O caminho para a cidade é marcado por pedra cortada na forma de um dedo estendido. A entrada atual está oculta por uma grande catarata. As águas precipitam-se numa profundidade de 300 metros. Posso revelar estes segredos porque há 400 anos que Akahim jaz em ruínas. Depois das terríveis guerras contra os Bárbaros Brancos, o povo de Akahim destruiu casas e templos que ficavam à superfície e retirou-se para as moradias subterrâneas. Essas habitações são desenhadas como a constelações dos Deuses e têm comunicação entre si por meio de túneis de forma trapezoidal. Presentemente só quatro edifícios são ainda habitados; os nove restantes estão vazios. A primitivamente tão poderosa Akahim alberga hoje somente cinco mil almas.”
As mulheres de Akahim, de acordo com Tatunca, nada mais eram dos que as afamadas “Amazonas, valentes guerreiras que combateram os invasores estrangeiros durante sete anos. Estavam exaustas. Destruíram Akahim e retiraram-se para as moradias subterrâneas”. Lideradas por uma princesa chamada Mena, as mulheres de Akahim haviam se recusado a acatar a retirada aprovada pelo conselho e assumiram o governo e a guerra. Separaram-se das tribos rebeldes e criaram uma nova ordem na cidade subterrânea das montanhas de Parima, onde viveriam ainda 10 mil mulheres, que saíam à superfície apenas para cultivar suas terras e caçar. Cronistas e aventureiros acreditaram piamente durante séculos na existência de mulheres guerreiras sem marido na Amazônia.
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Leia todas as partes desta saga:
Parte 1 | Parte 2 | Parte 3 | Parte 4 | Parte 5 | Parte 6 | Parte 7 | Parte 8 | Parte 9
Notas:
[1] Brugger, Karl. Die Chronik von Akakor: Erzählt von Tatunca Nara, dem Häuptling der Ugha Mongulala, Düsseldorf, Wien, Econ Publishers, 1976.
[2] A ARD [Arbeitsgemeinschaft der öffentlich-rechtlichen Rundfunkanstalten der Bundesrepublik Deutschland (Associação das Empresas Públicas de Radiodifusão da República Federal da Alemanha)], fundada em 1950, é um conglomerado das emissoras regionais de rádio e televisão de todos os canais públicos regionais, com a diferença que a programação é voltada para a Alemanha como um todo, mesmo que os programas sejam desenvolvidos pelas emissoras locais. Além de telenovelas, esportes, filmes e programas musicais, a ARD mostra muitas reportagens, documentários e muitos programas informativos.
[3] Brugger, Karl. The Chronicle of Akakor, New York, Delacorte Press, 1977.
[4] IDEM, A Crónica de Akakor, Lisboa, Bertrand, 1980.
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emsergipe · 1 year
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Boletim: Lasmar atualiza situação de Danilo e Neymar
Boletim: Lasmar atualiza situação de Danilo e Neymar
Um dia após a vitória sobre a Sérvia, por 2 a 0, o médico Rodrigo Lasmar, da Seleção Brasileira atualizou a situação do lateral direito Danilo e do atacante Neymar. Os dois jogadores sofreram uma lesão no tornozelo e desfalcam a equipe na próxima partida, contra a Suíça, na segunda-feira (28). Leia o boletim médico sobre os dois atletas: “Os jogadores Neymar e Danilo iniciaram o tratamento ontem…
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corvodetresolhos · 2 years
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Nova York, 10 de junho de 1946
Clarice,
Esta é a quarta carta que inicio para responder a sua. A primei­ra eu deixei no Brasil, só trouxe a primeira página, que vai junto. A segunda eu rasguei. A terceira eu não acabei, vai jun­to também. Hoje recebi uma carta do Paulo [Mendes Campos], dizendo que não tinha mandado até agora a resposta dele. Positivamente somos uns cachorros irremediáveis. Você por favor não ligue para isso não. Pode ter certeza de que não te esquecemos. Ainda ontem me lembrei muito de você, porque um america­no me perguntou se o meu relógio era suíço. A Suíça existe mesmo? Daqui de Nova York não posso te contar nada além do que você calcula. Outro dia abri um livro do Erico Verissimo sobre literatura brasileira escrito aqui, mesmo na página em que ele fazia uma referência a você. Tenho sentido muita fal­ta de seu livro que deixei no Brasil, para plagiar uns pedaços quando vou escrever o meu. Tenho tido muitas dores de cabeça, tenho ouvido histórias de espantar. Tenho dado muitas gafes aqui com o meu pobre inglês. Tenho tido muitos pesadelos. Tenho reformado muitos conceitos, por exemplo: o Jayme Ovalle não é tão chato como eu imaginava. Tenho imitado Otávio de Faria em tudo o que ele não faz. Tenho feito des­cobertas importantes, por exemplo: o pecado é simplesmente tudo o que Cristo não fez. Tenho conhecido sujeitos famosos, por exemplo: Duke Ellington. Tenho tido muito pouco dinheiro. Tenho tido muitas oportunidades de ficar calado. Tenho tido muita decepção com os Correios. Tenho tido can­saço, saudade e calma. Tenho bebido muito, muito, muito. Tenho lido os suplementos dominicais. Tenho tido vontade de voltar. Tenho escrito muitas cartas para você. Tenho dor­mido muito pouco. Tenho xingado muito o Getúlio. Tenho tido muito medo de morrer. Tenho faltado muita missa aos domingos. Tenho tido muita pena de Helena ter se casado comigo. Estou com vontade de fumar e o meu cigarro acabou, estou com vonta­de de namorar de tarde numa pracinha cheia de árvores. Só de pensar que você estará lendo esta carta muitos dias depois de ter sido escrita me dá vontade de não mandar. Mas mando. Me escreva, que responderei imediatamente. Como vai indo o seu livro? O que é que você faz às três horas da tarde? Quero saber tudo, tudo. Me escreva uma carta de sete páginas, Clarice.
Fernando.
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