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#Movimento Abolicionista
antonioarchangelo · 7 months
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A Noite que Mudou o Brasil para Sempre: A Sessão Épica de 13 de Maio de 1888
Na histórica sessão que levou à extinção da escravidão no Brasil, ocorrida em 13 de maio de 1888, houve intensos debates e reflexões profundas sobre a questão da escravidão no país. Os participantes, incluindo figuras proeminentes da política brasileira da época, expressaram uma variedade de opiniões e emoções, revelando as complexidades e desafios enfrentados durante esse momento crucial. A…
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petiteblasee · 1 month
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A Odisseia de Kehinde | Um Defeito de Cor - Ana Maria Gonçalves
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"Um Defeito de Cor" é um romance histórico escrito por Ana Maria Gonçalves, publicado em 2006, que acompanha a jornada de Kehinde, uma africana escravizada no Brasil do século XIX. Trazida ainda criança da África, a história da protagonista é marcada por uma série de eventos traumáticos, desde a sua separação da mãe até os abusos e injustiças que enfrenta ao longo de sua vida como escrava no Brasil. Através dos olhos de Kehinde, somos confrontados com questões de identidade, pertencimento e justiça num contexto completamente desfavorável. Sendo uma personagem com uma forte ligação com o espiritual, e este definindo o caminho longo que ela deveria seguir, o livro é dividido em cinco partes, cada uma marcando uma fase significativa da vida da protagonista, Kehinde, e sua jornada através da escravidão no Brasil. Essas partes são:
Infância na África: parte inicial que retrata a infância de Kehinde em sua aldeia na África, juntamente com sua mãe, avó e irmãos, antes de ser capturada e vendida como escrava.
Ilha de Itaparica: recém chegada na Bahia, é levada para a Ilha de Itaparica, onde conhece e entende não apenas a brutalidade do sistema, mas também a humanidade e a resistência dos escravizados. Aqui, mesmo diante dos abusos, sua base familiar brasileira é formada.
Salvador: na grande capital, Kehinde amplia seu conhecimento a respeito do mundo em quem vive e seu amadurecimento imposto e natural encontra lugar para ela se estabelecer como alguém importante na sociedade e na luta pela liberdade através de sua participação em movimentos de resistência contra a opressão dos senhores de escravos.
Jornada pelo Brasil: após diversas perdas, Kehinde viaja para os demais estados do Brasil, entre eles Rio de Janeiro, São Paulo e Maranhão e Minas Gerais, para se reconectar com suas raízes espirituais e a busca pelo filho perdido. Nessa vigem, que parece ser eterna, vive novas experiências e encontra novos desafios em sua luta pela liberdade e dignidade.
Reencontro e Redenção: Kehinde retorna à África em busca de quem era para poder retornar ainda mais forte na sua busca pelo filho amado perdido.
Essas partes estruturam a narrativa do romance, proporcionando uma visão abrangente da vida de Kehinde e das condições sociais e históricas do Brasil durante o período da escravidão, e nos dá dimensão da grandeza da história de uma mulher que, ao longo do retrato de sua vida, resgata a história do povo afro-brasileiro, tirando os da passividade e trazendo personagens resilientes que anseiam a liberdade e luta contra as adversidades. O romance foi inspirado na vida de Luísa Mahin, uma revolucionária brasileira no século XIX, mãe do advogado abolicionista Luís Gama, e que pouco sabendo sobre sua história real, muitas foram as possiblidades. Não procurei saber além disso para não lidar com spoilers, principalmente sobre a vida do Luís antes dele se tornar advogado, e recomendo que façam o mesmo. Diante de tudo isso, confesso: a leitura não foi nada fácil.  O romance revela ao longo das mais de 800 páginas a brutalidade do sistema, e acompanhar isso acontecendo das formas mais perversas, é devastador. A resistência e luta por liberdade é muito bem explorada, mas nenhuma vitória é conquistada sem grandes perdas, e a Kehinde sabe bem disso. Essa é a história de uma mãe em busca do seu filho, mas também a história de uma vida que buscou ir além da sobrevivência num contexto onde a existência era vista como nada. A Kehinde é uma personagem cheia de defeitos e não esconde nenhum, até justificando ser por isso que perdeu tanto na vida. Mas o que pôde fazer para ter controle sobre a própria vida e ser vista como uma pessoa de respeito, ela fez. Nesse meio, mostrou que a vingança vem, e é merecida, e que qualquer lição necessária não precisa ser acompanhada de tanto horror, pois ela nasceu para a grandeza.
Com o passar dos anos, o tom da narrativa também vai amadurecendo, e foi muito interessante acompanha-la sendo mais verdadeira com ela mesma e com o mundo. Ela não faz rodeios quanto aos seus pecados e aos dos outros e, mesmo sentindo certa culpa em viver diante da busca, não se arrepende. Quando ela cita que toda a história é uma carta escrita para que o filho a conheça, o coração vai apertando com a possibilidade dela nunca o encontrar para poder dizer tudo pessoalmente, e tudo acaba até de forma abrupta. Muitas vezes parei a leitura e considerei que muita coisa ali poderia ter sido descartada, mas depois de viver de forma tão grandiosa, superando os obstáculos colocados na vida terrena e espiritual, não julgarei muito a falação de uma idosa nas últimas. O fim não me deixou desolada - apesar de não ter terminado com a visão que ela tanto queria - porque o destino do filho se provou e ele foi feliz. Diante disso, só me resta sonhar com ele lendo a vida da mãe e se orgulhando de ter em tão pouco tempo juntos, tanto dela para construir tudo que ele construiu e foi.
Recomendo!
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aguis · 1 year
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Resenha do livro “Lugar de fala” de Djamila Ribeiro
Lugar de Fala (2019) é um livro da coleção Feminismos Plurais da editora Jandaíra escrito por Djamila Ribeiro. O livro traz um pouco da história do feminismo negro e discorre sobre o assunto com muitas referências à grandes autoras do tema, como Angela Davis e Bell Hooks. A obra busca uma reflexão do que é lugar de fala e tem como objetivo trazer ao leitor esse tema de forma didática e acessível.
No livro a autora cita Sojouner Truth (nome de Isabella Baumfree, mulher negra nascida em um cativeiro em Nova York) abolicionista afro-americana, escritora e ativista pelos direitos da mulher. Essa primeira parte do livro nos conta um pouco da história da ruptura do feminismo negro em relação às mulheres do Movimento Sufragista (como se chama o movimento das feministas brancas da época), ao entender que as demandas e necessidades da mulher negra não eram as mesmas das mulheres brancas. Truth faz duras críticas ao movimento feminista de sua época, devido ao fato das feministas brancas não incluírem a questão do racismo, fortemente enraizado nos costumes e pensamentos americanos da época em que ela viveu. Essa primeira parte do livro também traz um pouco do pensamento de Lélia Gonzales (pensadora e feminista negra), que tem como uma de suas propostas a descolonização do conhecimento.
No terceiro capítulo a autora nos traz diversas citações, uma delas a citação à autora Grada Kilomba sobre “[…] a invisibilidade da mulher negra nos debates acadêmicos e políticos”. Para Kilomba é importante lutar contra esse apagamento, essa invisibilidade, nos quais mulheres negras são submetidas. Essa parte do livro também nos traz a triste realidade de mulheres negras no Brasil da década de 1980, onde elas eram forçadamente esterilizadas. Também mostra a pesquisa de Jurema Werneck, que o movimento de mulheres negras é protagonista na luta contra o genocídio da população negra do país. Essa luta tem como resultado, em 1991, a CPI da esterilização como ficou conhecida, que constatou que essa prática realmente existiu.
No quarto capítulo a autora nos traz alguns conceitos do que é lugar de fala, como na Comunicação e na Psicanálise. Ela também aborda a reforma da previdência no Brasil, com o aumento do tempo de contribuição e idade mínima para as mulheres se aposentarem e diz que a reforma não leva em conta a divisão sexual do trabalho em nossa sociedade.
Djamila Ribeiro é mestre em Filosofia Política pela Universidade Federal de São paulo (Unifesp) e também uma ativista do feminismo negro com forte atuação nas redes sociais.
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jaimendonsa · 2 months
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e-book grátis: O PESO DA COR DA PELE, Tiago Coch
A discriminação, com base na cor da pele tem várias origens.   Não podemos mais ignorar, a influência da cor da pele em todos os aspectos da vida e da sociedade.   As pessoas precisam aceitar as diferenças raciais, ignorar isso, mostra falta de consciência, sobre as consequências do racismo.  Lutar contra preconceitos na sociedade, é crucial.   Todos devem combater os preconceitos. A diversidade é importante no trabalho e na sociedade. Chegamos até o século 21, por causa da conexão entre raças. Existem várias maneiras de combater o racismo, como promover a igualdade e denunciar a discriminação.   A educação corporativa, ajuda a combater os preconceitos e as questões raciais. Utilize sua posição para apoiar as minorias étnicas, recuse convites para eventos que não tenham diversidade e promova a dessemelhança em plataformas públicas.   É necessário  conscientizar-se do poder, de cada pessoa, no combate contra o peso da cor da pele.   Pequenas ações podem gerar grandes mudanças para promover uma sociedade mais justa e igualitária.
Leia, gratuitamente, o e-book: O PESO DA COR DA PELE, acessando o link, na descrição.
_____leia: https://tinyurl.com/y2p2s3yn
*** e-book grátis: UM SÉCULO DE MIGRAÇÃO NEGRA, CARTER GODWIN WOODSON
O livro é um trabalho provocativo do estudioso afro-americano Carter G. Woodson, publicado pela primeira vez em 1918; o livro traça a migração de negros do sul para o norte e o oeste a partir da era colonial até o início do século XX. Documentado com informações de jornais contemporâneos, cartas pessoais e periódicos acadêmicos; é um estudo criterioso e relato vívido de décadas de assédio e humilhação, esperança e conquistas. Carter G. Woodson foi historiador, autor, jornalista e fundador da Associação para o Estudo da Vida e História Afro-americana; um dos primeiros estudiosos a valorizar e estudar a História Negra.
__________Para ler: https://bit.ly/3I7YDtB
*** e-book grátis:  A NARRATIVA DA VIDA DE FREDERICK DOUGLASS, UM ESCRAVO AMERICANO, ESCRITA POR ELE MESMO. Frederick Douglass
Livro de memórias e tratado de 1845 sobre a abolição escrito pelo orador afro-americano e ex- escravo Frederick Douglass durante seu tempo em Lynn, Massachusetts. É geralmente considerada a mais famosa de uma série de narrativas escritas por ex-escravos durante o mesmo período. Em detalhes factuais, o texto descreve os acontecimentos de sua vida e é considerado uma das peças literárias mais influentes para alimentar o movimento abolicionista do início do século XIX nos Estados Unidos.
____________leia: https://tinyurl.com/ycxea7a8
*** e-book grátis: A Escrava Isaura, Bernardo Guimarães
Escrito em plena campanha abolicionista, o livro conta as desventuras de Isaura, escrava branca e educada, de caráter nobre, vítima de um senhor devasso. Clássico de leitura obrigatória.
____________leia: https://tinyurl.com/5sdz2dum
*** e-book grátis: BOM-CRIOULO, Adolfo Caminha
Publicado em 1895, considerado por alguns como um dos primeiros romances sobre homossexualidade da história de toda a literatura ocidental. A obra foi recebida com escândalo pela crítica literária da época e com silêncio por parte do público, devido a ousadia na abordagem de temas considerados tabu em finais do século 19, como o sexo entre pessoas de diferentes etnias e a homossexualidade em ambiente militar.
__________Para ler: https://tinyurl.com/33wt73fn
*** e-book grátis: O NAVIO NEGREIRO, ESPUMAS FLUTUANTES, Castro Alves
O poema descreve com imagens e expressões terríveis a situação dos africanos arrancados de suas terras, separados de suas famílias e tratados como animais nos navios negreiros que os traziam para ser propriedade de senhores e trabalhar sob as ordens dos feitores.
__________Para ler: https://tinyurl.com/348pccfe
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capitalflutuante · 6 months
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O Programa Manuel Querino de Qualificação Profissional (PMQ) foi lançado nesta terça-feira (28), em Brasília, para fortalecer a política pública de qualificação para trabalhadores, principalmente jovens e a população vulnerável, com foco na promoção da diversidade e combate à discriminação. A oferta de cursos foi viabilizada por meio de parcerias firmadas entre o Ministério do Trabalho e Emprego com estados e municípios que aderiram ao Sistema Nacional de Empregos (Sine) e com institutos e universidades federais. Segundo a diretora de qualificação social e profissional do Ministério do Trabalho, Cristina Kavalkievicz, a expectativa é que sejam alcançadas cerca de 60 mil pessoas, por meio do Sistema Nacional de Emprego e 40 mil por universidades e institutos federais, em uma primeira fase. “Em uma próxima etapa queremos firmar [parcerias] com movimentos da sociedade civil organizada, mas ainda precisamos buscar mais recursos”, avaliou. Crescimento da economia O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho (foto), destacou que o Programa Manoel Querino é uma das iniciativas que o governo aposta para fazer a economia crescer. Para ele, é importante conceder a oportunidade para o profissional acompanhar as inovações do mercado.  “É necessário também praticar boas remunerações e, para isso, a política de valorização do salário mínimo vai desempenhar uma tarefa fundamental para aumentar a massa salarial, que leva ao crescimento do consumo e aumento da demanda de produção”, explicou. O lançamento do programa também é, na avaliação do ministro, mais uma frente da política de reconstrução do Brasil, porque a Política Nacional de Qualificação do Trabalhador havia sido descontinuada no governo anterior e agora volta revisada para acompanhar a atualização econômica. “Nós temos que apostar nos acordos coletivos, no aumento de representatividade dos sindicatos, na melhoria do ambiente de trabalho e, acima de tudo, no ambiente da economia com novos investimentos, inovações, transição energética, respeito ao meio ambiente, sem discriminação e sem preconceito, salientou o ministro. Homenagem O nome do programa de qualificação profissional é uma homenagem ao escritor abolicionista baiano de Santo Amaro, Manoel Querino, nascido em 28 de julho de 1851. Ele foi responsável pela fundação de uma das primeiras cooperativas de trabalhadores da construção civil do Brasil, a Liga Operária Baiana. Programa de qualificação profissional presta homenagem ao escritor abolicionista baiano Manoel Querino - Foto - José Cruz/Agência Brasil Como pensador que se debruçou na valorização da cultura africana na Bahia, Querino foi responsável pelos primeiros registros antropológicos existentes no estado, além de ter criado o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, do qual foi membro fundador até o seu falecimento, em 14 de fevereiro de 1923. “Foi um grande intelectual negro que representa esse compromisso do ministério com o resgate do trabalhador, sem preconceitos e de forma diversa”, finalizou o ministro. Com informações da Agência Brasil
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colunatranslacao · 1 year
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OS RITOS DE MORTE QUE NOS CONDUZEM A UMA LUTA BASEADA EM VALORES ÉTICOS E ESTÉTICOS INEGOCIÁVEIS
Ana Beatriz Almeida cria corpos ancestrais para desaparecidos políticos negros que foram mortos na ditadura e nos leva a uma profunda reflexão sobre o universo
A luta não se negocia, e tendo já dito com o próprio corpo – este que é revestido de legítimo material bélico, com a própria pele em chamas por tudo – está quem ressalta aos nossos olhos e ouvidos: “A luta não é negociável, e não se vende a memória”. Vamos assim, de maneira trôpega, acompanhando o movimento das omoplatas, tateando esquinas do tempo, que se dobram para fora do pensamento eurocêntrico, diferente do que nos ensinaram nas escolas. Ainda de mente imatura, vamos ensaiando cuidadosamente embarcar na obra de Ana Beatriz Almeida, uma artista múltipla e apaixonante que nasceu no ano de 1987, no bairro do Fonseca, em Niterói – RJ.
Ela, que é uma estudiosa sobre a morte e iniciada na religião Vodoun, nos deu a honra de ser nossa entrevistada na terceira edição da Coluna Translação. É um alento poder ouvir Ana Bee, batizada carinhosamente por esta coluna como a nossa Abelha Rainha. É precioso imergir em suas mágicas construções e perceber como é bonito redescobrir o desejo de aprender outros desejos, outras narrativas, que não passem pelas mãos brancas da história. “Eu criei entidades para desaparecidos políticos que tiveram seus corpos sumidos pelo Estado. O trabalho considera essas pessoas que lutaram pela democracia e eram negras. Então, na verdade, elas estão lutando numa luta contínua que vem desde a escravidão. E assim, acabam vindo para aconselhar a gente como forças atuais, poderosas, que impactam o porvir. Tudo isto aconteceu em 2016, durante o impeachment da Dilma. Ainda não vendi estas obras no Brasil, é uma performance ritual e o que crio são entidades”, antecipa Ana Beatriz, sobre a obra Kalunga, que dá inicio ao segundo ciclo de danças de cura, criadas a partir de ritos de morte do candomblé do Recôncavo baiano.
O projeto é uma parceria com o artista Thiago Consp e a cineasta Luara D, onde Ana Bee desenvolveu rituais de transição para duas personalidades vítimas da tortura na ditadura militar no Brasil. Numa instalação-rito, percorre-se um trajeto composto por três fases onde imagem, corpo, texturas e cheiros guiam o público através de um rito de passagem. Nesta travessia, o mar aparece como metáfora para a morte. Entre sensorialidades, fotografia e videoarte, o público é introduzido com beleza profunda e cuidadosa ao universo simbólico da morte na cultura afro-brasileira. Guiada por duas vertentes distintas da resistência política da época: o líder operário da greve na Fábrica de Perus, João Breno, e a estudante negra que abandonou o curso de letras da USP para aderir à guerrilha do Ararguaia, Helenira Resende Nazareth – a quem Ana nitidamente cultiva uma ligação ancestral de resistência que virá ser o foco principal deste trabalho. Através de Sumaia Leite, uma amiga que já sabia da pesquisa em andamento, Ana conheceu Helenalda Resende Nazareth, que, infelizmente, ainda em 2015 buscava o corpo da irmã assassinada pela ditadura. “Sem um corpo não há crime, eles não querem encontrar o corpo, pois um corpo é uma evidência de um crime bárbaro com magnitude suficiente para devastar quem ficou aqui sentindo saudade. Eu quis dar algo para esta irmã, era o mínimo que eu podia fazer naquele momento”, relembra.
Sua paixão pela pesquisa sobre a morte se deu por um acaso profissional, embora já fosse engajada desde os 17 anos na prática do butô, dança que surgiu no Japão pós-guerra. Foi só em 2010 que Ana soube da existência da Irmandade da Nossa Senhora da Boa Morte. “Cheguei no município de Cachoeira sem querer. Na verdade, fui para estudar tecidos de santo, através de pesquisa antropológica para uma ONG. Me falaram desta antiga irmandade, provavelmente o primeiro grupo feminista abolicionista da América Latina, que se instaura por volta de 1820 em Cachoeira. Lá foi o local que recebeu o maior número de pessoas durante a escravidão. O mais louco é que eu nunca mais parei de ir lá e nem de pesquisar sobre isto. O tema da minha última obra se chama o Sacrifício Ritual, e fala justamente sobre este corpo ancestral que criei para Helenira Resende, a única mulher negra do curso de Letras da FFLCH-USP, foi torturada por Sérgio Fleury na ditadura. Depois ela foge para o Araguaia e vira líder de destacamento de tiro. Helenira morre em 1972. Ela merecia um portal preciso de comunicação, porque a vida dela significou muito, é urgente recordar esta existência. O trabalho quer relembrar que ela foi a filha de um dos mais antigos médicos da cidade de Nazaré das Farinhas, provavelmente um dos primeiros médicos da Faculdade de Medicina da Bahia, e que era comunista como o meu avô era. Tem umas narrativas, uns deslocamentos que se repetem, e justamente é esta a lógica do candomblé”, explica Ana.
Com uma ternura ácida e irreverente na maneira de doar-se, a artista tece uma infalível trama, de liga potente, capaz de transformar o conhecimento de sua ancestralidade em um verdadeiro presente para nós. A partir dos olhos dela, a lógica do retorno, junto com as dobraduras do tempo, vai nos ensinar o que ninguém nos contou, mas precisávamos finalmente saber. Ana é capaz de mover a energia da morte através de ritos de renascimento e também transitar entre mundos desconhecidos através de suas performances, baseadas em experiências profundas de autoconhecimento. Sua pesquisa e seus trabalhos lançados nos dão fortes indícios de que é inútil tentar separar a linha da vida e da morte, e esta dedicação virtuosa tem levado a artista pelo mundo afora.
Ela foi curadora convidada da Bienal de Glasgow 2020, é mestre em História e Estética da Arte pelo MAC-USP e doutoranda no King’s College (Reino Unido). Depois do final de 2018 e início de 2019, realizou workshops em instituições africanas e europeias com sua pesquisa sobre novas ferramentas de crítica de arte contemporânea da África e Ritos de ascendência africana (Instituto ANO – Accra / Gana, Zinsou – Cotonou / Benin, Tate Modern-London /Inglaterra, CCA- Glasgow / Escócia, KM Institute for Contemporary Art- Berlin / Alemanha).
Dotada de uma paciência também irreverente, a artista segue esmiuçando para nós a dinâmica dos ritos com origens no candomblé, e nos empresta conhecimento para avançar, fazendo o exercício instigante de pensar conosco sobre o mercado de arte brasileiro, que, ainda muito atrasado, continua excluindo cinicamente artistas negres, através da lógica do racismo estrutural de uma elite branca defasada. Na militância artística, Ana desenvolve um brilhante trabalho com a 0101 Plataform, onde atua há um ano como curadora, captando, projetando, apoiando grandes artistas contemporânies, proporcionando visibilidade, lutando por equidade. Metaforicamente, cumpre o papel da águia bravia, protetora de seus filhotes: não negocia suas obras, nem as des artistas que representa, sem que haja uma política de reparação, ações afirmativas em relação à porcentagem de vendas das obras destes artistas negres.
tem os odus, como se fosse a cabala dos iorubás, mas ela também existe nos Ewe, produzir estas divindades em forma de ritual vai de encontro com o sentido de produzir novos Orixás. Provavelmente a Helenira é um Orixá meu. Assim é, um ori que tem uma trajetória proxima à minha. Que eu estou cuidando com carinho para não ser esquecida. Querem que ninguém saiba que Helenira existiu, mas eu sei que ela existiu. E aí, olha a curva do tempo se formando, esta obra está sendo desejada por grandes galerias aqui no Brasil. Queremos vender, mas não em valores que repitam uma vulnerabilização estrutural. Tem coisa que não pode ser negociada, a luta não tem preço. Você não negocia a luta, a vida dela já foi roubada, já foi extirpada. Até hoje ninguém sabe cadê o corpo de Helenira, eu não posso simplesmente vender o ‘corpo’ dela, né? A construção destes ritos vem daí, produzir novos Oris. Quebrar a lógica do sistema. Somos 1% no mercado de arte, ou menos, é um dado triste e cruel, estamos bem ligados sobre a perpetuação destas práticas, queremos reparação”, diz Ana.
A militância nos campos da arte e da política foi inevitavelmente inspirada pelos avós maternos de Ana. “Da minha avó [que costurava para drag queens] eu herdei o desejo de ser artista, do meu avô, o chamado urgente de lutar contra injustiças. Ele participou da Var Palmares, um braço da luta armada no Brasil. Era boxeador, depois foi diretor da Central dos Bondes, durante a ditadura permaneceu clandestino com a família”. Para a artista, o universo que lhe sobrava ainda criança era o cotidiano de uma casa afetada pelo medo de perder a liberdade democrática, este foi um fator marcante para encadear o desconhecido e transformar agonia em arte. “Minha mãe sofreu muito com ansiedade infantil. Imagina uma criança de oito anos que vive nervosa pois ela acha que o pai irá desaparecer. Esta noção de um possível sumiço político foi um trauma. E aí usarei a lógica iorubá para pontuar. Você é a sua mãe e sua mãe é você. O seu óvulo estava sendo formado na no útero da sua avó, então você e sua mãe têm mais do que uma raiz. Ela nunca me falou sobre isto claramente, foram coisas que eu descobri muito tempo depois. A ansiedade dela sempre foi visível. Angústia com comida sempre foi visível. Nunca entendi direito de onde isto vinha. Eu sabia que tinha a ver com o momento em que meu avô estava clandestino, mas eu nunca soube em detalhes. O Natal na minha casa era uma loucura. Minha avó adorava fazer a ceia, minha mãe usava os tecidos africanos na mesa e meu avô gritava que éramos iludidos”, relembra a artista.
Ainda em Niterói, num universo em que ela não se encaixava, inclusive por ser uma das únicas alunas negras da escola, a artista sentia que aquele ali definitivamente não era o seu lugar no mundo. “Queria sair deste lugar. Eu não clara, nem branca, não tinha o estereótipo da Malhação. Não tinha vocação pra ser uma Juliana Paes. Esteticamente eu era negra. Não tinha saída para mim, eu não ia ter uma adolescência ok. Eu era esquisita, eu era vista como ‘aquela aluna negra’. Queria saber como seria viver num lugar diferente. Então prestei vestibular para USP, para cursar tecnologia têxtil, mas tinha algumas atividades artísticas e de engenharia. Fiz Tecnologia Têxtil, que é o atual Têxtil e Moda. Eu quis também ir à São Paulo para fazer CPT (Centro de Pesquisa Teatral) e trabalhar com Antunes Filho”, conta.
Outro ponto crucial para alçar voos maiores foi descobrir a verdadeira e brutal história da colonização, através de uma viagem com a mãe na infância. “A minha mãe era muito de boa, ela fazia umas mensagens subliminares comigo, é muito boa pedagoga, não precisa dizer que está fazendo uma coisa para ela fazer a coisa, é canceriana e muito manipuladora. Quando eu fiz seis anos ela me perguntou: você quer uma grande festa ou viajar pela Bahia? Obviamente eu falei que queria viajar. E a gente fez o que eu nunca vou esquecer, uma viagem que ia de Abrolhos, passando por Arraial D’ajuda, Vera Cruz, no primeiro lugar onde os portugueses chegaram, até Salvador. Ela queria fazer esta viagem independente do que a escola iria me contar nos próximos anos. Ela queria que eu visse como meus próprios olhos como se deu a colonização, me transformando para sempre”, conta Ana.
Já estabelecida na cidade de São Paulo, sua vocação artística gritava cada vez mais alto, sobrepujando a rotina acadêmica e seus métodos de pesquisa dentro da USP. Ana precisou reconsiderar o rumo de sua pulsante jornada de descobertas. “Eu queria ser artista, mas eu não queria assumir. Virei antropóloga, aí durante o período que eu estava pesquisando a Irmandade Nossa Senhora da Boa Morte, eu percebi que eu ia ser muito escroto publicar sobre aquelas mulheres. Elas me contaram várias coisas íntimas dos rituais. Liberando para mim coisas muito sérias e importantes. Se publicasse dentro da antropologia, iria instrumentalizar aquele conhecimento que estava sendo confiado a mim. Então, resolvi mudar de antropologia para arte e aí cheguei aqui onde estou, uma pesquisa que já dura quase dez anos”, ressalta.
“Eu queria ser artista, mas eu não queria assumir. Virei antropóloga, aí durante o período que eu estava pesquisando a Irmandade Nossa Senhora da Boa Morte, eu percebi que eu ia ser muito escroto publicar sobre aquelas mulheres. Elas me contaram várias coisas íntimas dos rituais. Liberando para mim coisas muito sérias e importantes. Se publicasse dentro da antropologia, iria instrumentalizar aquele conhecimento que estava sendo confiado a mim. Então, resolvi mudar de antropologia para arte e aí cheguei aqui onde estou, uma pesquisa que já dura quase dez anos”, ressalta.
De tal modo, encontrando seu lugar no mundo, a artista estabelece uma relação afetiva de ancestralidade com a comunidade onde nasceu o candomblé. “Lá é onde tem a igreja de onde saíram os três primeiros terreiros mais antigos, Gantois, Casa Branca e o Ilê Axé Opó Afonjá. Elas tinham uma igreja na Barroquinha, que foi queimada em 1820 pelo Governo da Bahia. Na frente tinha os ritos católicos. E, nos fundos, os africanos e afrodescendentes podiam cultuar suas tradições. Sem interferência, por conta da fachada da igreja católica. Esta irmandade se organizava com o intuito de promover um funeral justo para a os escravizados. Antes da irmandade havia uma deposição dos corpos das pessoas escravizadas na rua. Se você fosse um escravizado sem família, se você morresse trabalhando, não teria um funeral. Você era só uma mão de obra, e como o corpo estava desprovido de alma, eram jogados na rua, provocando desequilíbrio psicológico na população escravizada. Então a Irmandade da Nossa Senhora da Boa Morte se organizava em torno de fazer um ritual justo para aqueles que morriam em situação de escravidão, elas também adquiriram a liberdade de outros escravizados para que eles não morressem dessa forma”.
Outra análise pertinente da artista questiona o conhecimento detido pelos antropólogos sobre os ritos de candomblé. “Acontece que depois desta uma década estudando a Irmandade da Nossa Senhora da Boa Morte para a Unesco, como uma pesquisa da USP, sabendo muito, pois elas se abriram demais para mim, eu fui realmente abraçada pela comunidade a ponto de não conseguir publicar coisas sobre elas, sem elas. Na minha defesa da dissertação mesmo, trabalho com duas irmãs da Boa Morte. É uma disputa de narrativa mesmo da antropologia. Os antropólogos são os que detêm grande poder, grande conhecimento sobre o candomblé. E na maior parte eles são estrangeiros, como Pierre Verger, Roger Bastide, nenhum deles é mulher, nenhum deles é negro, e eles são de cânones do candomblé. Esta pesquisa é um trabalho de transformação, compreensão e generosidade. A irmandade é um grupo feito só por mulheres negras e existe até hoje. Falando com você fica bem nítido para mim que a 0101 Platform, vem desta inspiração. Você tem estas mulheres que se organizam em uma estrutura, que permite tudo, permite a vida. Elas se organizavam nesta estrutura da igreja, na verdade você tinha ali muitas etnias, e elas possibilitavam que eles pudessem cultuar seus ancestrais, qualquer um que tivesse um culto, podendo ser Zulu, Jejes ou Bantus. Enfim, eles podiam cultuar seus ancestrais, que é uma das coisas mais importantes, né? O direito à ancestralidade. É isto que tirava a humanidade das pessoas. Então a organização destas mulheres é justamente construir um lugar onde se podia cultuar estes ancestrais”, conta.
A trajetória política de Ana ganha mais fôlego em 2016, onde passa a atuar diretamente na Ocupação Preta, da Funarte. “Depois do impeachment ficou tudo muito estranho. Me movimentei bastante. Fizemos a ocupação virar uma ocupação preta, depois fomos para o Aparelha Luzia, centro cultural e quilombo urbano de São Paulo. O Aparelha foi criado pela ativista, artista, educadora e deputada estadual Erica Malunguinho. Evidenciamos as candidaturas de mulheres negras, principalmente a Erica e ela foi eleita. Estar neste movimento e na luta contra a criminalização do candomblé. Foi isto que eu fiz enquanto a Helenira estava dormindo. Nesta época fiquei pensando, cara eu sei tudo isto. O que que eu vou fazer? Continuei a pesquisar a Boa Morte e pensei na Tia Ciata [Hilária Batista de Almeida, com 16 anos, participou da fundação da irmandade na Bahia], que perseguida, veio para o Rio de Janeiro e acabou fazendo o carnaval. Quase tudo que a gente vê de carnaval foram conceitos da Tia Ciata. A ala das baianas é uma homenagem à irmandade. As passistas também, e elas são referências a esta mulher, durante o período fértil. E é aí que ela é perigosa, o período fértil da mulher é próximo do sangue. Pensei no sacrifício da Tia Ciata, o sacrifício das mulheres negras negligenciadas”, ressalta.
Carnaval, democracia destroçada, o corpo deposto da mulher negra, o sacrifício da existência de uma, acontecimentos que conduziram Ana a viver na pele a emblemática figura da passista, na Vai-Vai, em São Paulo. Literalmente na avenida, ela rasga mais uma camada de sua pesquisa, complexificando para sempre a objetificação da mulher negra. “Somos sacrificadas em prol da construção no país. Principalmente a figura da passista e como este ícone da identidade nacional carrega uma consagração ao estupro deste próprio corpo. Ao mesmo tempo é um fundamento da Tia Ciata, que relaciona a mulher negra, nesta fase fértil e jovem. Como que ela pode negociar finalmente. Pois ela está longe da morte e perto da vida. Ela negocia o sexo, ela negocia a festa, a alegria, ela negocia com o corpo. O corpo vira a própria arma bélica dela com a sociedade. E a passista é rainha de qualquer forma. Aquela para onde todos os olhos estão olhando. Ela é um sujeito. É muito difícil matar uma passista no carnaval. Tem muita gente olhando para ela. E aí está a ferramenta usada pelas mulheres da periferia. De tentar ser passista para garantir que não vai morrer. Uma garantia que você não vai ser condenada ao trabalho doméstico. Fiz o processo seletivo de passista mesmo, e aí volta o lado do antropólogo, né? Tudo para entender o que é isto. Este corpo criado pela Tia Ciata, pela irmandade. Pensando nas yamis, que também é uma figura da cultura e iorubá e funciona na atualidade. Esta zona de negociação. Consegui virar passista, curto muito esta obra, que se chama o Sacrifício Ritual”, conta a artista, que já teve a obra exposta no Can Serrat, em Barcelona, e na Bienal de Glasgow, Escócia.
Deitando novamente sua obra aos ritos de morte no candomblé, Ana dá seguimento ao sacrifício e vai fundo numa outra fase do ritual-performance. “O corpo da passista entrou em vários lugares. Toda hora alguma instituição brasileira pede este trampo. Aí é isso, é o corpo estuprado que deu origem à nação. Ela tem este poder que a Tia Ciat Home a falou, poder de negociar que tipo de vida se vai ter. Na sequência vêm os fundamentos do candomblé. O frango tem uma função, daí eu fiz o tchiodohun, que é o rito de divinização do ancestral, na cultura Ewe. Eu peguei o corpo da passista, que no caso era o meu corpo mesmo, e botei numa canoa de madeira maciça e enviei este corpo para a pedra que tem o assentamento mais antigo das divindades femininas primordiais, Nanã, Olokun, Oxum e Iemanjá, e eu mandei este corpo para este assentamento que fica em Cachoeira, é o assentamento mais antigo do Brasil dessas divindades”, explica Ana, que com a obra faz uma reencenação artística do rito de divinização dos reis de Uidá e Daomé. O thiodohun consiste em colocar o corpo do rei morto em uma canoa que atravessa o rio que une o país de vives e o país des mortes, afim de que ele adquira poderes sobrenaturais.
Ao finalizar a obra O Sacrifício Ritual, algo parece de fato mover o tabuleiro dos Orixás. As confluências que não passaram despercebidas pela jovem artista agora lhe darão uma espécie de licença para explorar geografias mais profundas de sua ancestralidade. “Logo depois que terminei o ritual fui para uma viagem curatorial que passou por Gana, Togo, Benin e Nigéria, na qual eu encontrei artistas que eram Ewe e jogaram Fa para mim. No jogo eles me falaram que, se eu cheguei ali, é porque devia ter feito um sacrifício para voltar. Disseram que sou do grupo de pessoas que não poderiam voltar para o continente depois da escravidão. Mas, já que eu tinha conseguido voltar, me questionaram se eu tinha feito algum sacrifício antes de chegar lá. E na hora eu pensei, claro que sim, fiz O Sacrifício Ritual. Mas eu precisei fazer outro sacrifício lá, para poder voltar à África. Me deram algumas opções de locais, depois fui saber que era onde estavam espalhados os Almeidas. Acabei chegando ao Benin, e lá conheci-os, uma parte deles, são a cara da minha família paterna de São Gonçalo. Meus tios são um a cara do outro. Quando nos encontramos teve um jogo de Fa para confirmar se eu era mesmo da família. Meu Vodoun é o mesmo que de meu ancestral que retornou ao Benin [Joaquim de Almeida, Zoki Azata], significa que sou muito da família. E tem umas brisas, minha função é de Bokor Visionaire, que significa aquele que tem a missão de comunicar o material com o imaterial, e o visível com o invisível”, revela.
Dentro de tão amplo aspecto, a trajetória artística que passeia pela geografia ancestral vai se fortalecendo e ganhando novos sentidos. “Depois de tudo que vivi, ficou bem mais nítido, meu foco era a Nalda, irmã da Helenira. É ela quem está viva para sentir saudade. Foi assim que eu fiz Onira. Se você ver a fotografia, tem uma árvore enorme, eu fiz esta roupa como quem faz roupa de Egun mesmo, embora eu não possa me iniciar no candomblé brasileiro, daí depois eu descobri que é por conta detsa história do Vodun. Pois a lógica do candomblé é esta, quando você é iniciado no candomblé você está se reconectando com seus ancestrais. Como o meu ancestral acabou conseguindo morrer onde os avós deles morreram, não faz sentido me reconectar com os meus ancestrais aqui, porque de alguma forma eu posso voltar, e os meus ancestrais estão lá. Estão aqui também, mas a conexão mágica deles é lá. Então, não faz sentido eu me conectar com eles aqui. Eu nunca fui iniciada no Brasil, mas aqui eu seria de Oya Balé, que é divindade que separa a alma do corpo, e é a divindade que cuida da roupa do Egun. A roupa que o ancestral vai vestir para vir falar com os ancestrais. Para falar com quem ficou sentindo saudade. Então, eu fiz a roupa, depois a gente foi para esta árvore na Ilha de Itaparica, é um lugar sagrado de Baba Egun, na Gameleira. Uma igreja que foi construída em 1530. Uma Gameleira que é conhecida como Baobá brasileiro na memória da África. Ela cresceu em torno da igreja que estava em ruínas, agora a igreja é sustentada pela árvore. Foi lá que eu fiz o ritual de iniciação do corpo novo de Helenira, que se chama Onira.
Onira é uma qualidade de Iansã que está relacionada com a borboleta, também está relacionada com os heróis que morrem no campo de batalha. Na verdade, é como se a borboleta fosse a alma de um herói que morreu num campo de batalha. O que as galerias querem comprar é isto, o registro de imagem destes rituais, entende? A luta tem um valor ético e estético inegociável. Porque ela, em si, já é o último recurso de negociação entre as pessoas e os sistemas”, termina Ana Bee.
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filmes-online-facil · 2 years
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Assistir Filme Jornada Pela Liberdade Online fácil
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Jornada Pela Liberdade - Filmes Online Fácil
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A vida de William Wiberforce (Ioan Gruffudd) mostra como a perseverança e a fé de um homem mudaram o mundo. Líder do movimento abolicionista britânico, o filme mostra a luta épica para criar uma lei com objetivo de acabar com o tráico negreiro. Durante esta jornada, Wilberforce encontra oposição intensa dos que acreditavam que a escravidão estava diretamente ligada à estabilidade do império britânico. Em seus amigos, incluindo John Newton (Albert Finney), um ex-capitão de navio negreiro que compôs o famoso hino Amazing Grace, encontrou suporte para continuar lutando pela causa.
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bichodacapoeira · 1 year
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13 De Maio Representa a Luta Pela Liberdade
O dia 13 de maio é uma data histórica no Brasil, pois marca o fim da escravidão no país em 13 de maio de 1888. Essa medida histórica foi resultado de décadas de lutas e mobilizações de movimentos sociais, abolicionistas e dos próprios escravizados. A escravidão foi uma das mais brutais formas de exploração e opressão da história do país, deixando marcas profundas na sociedade brasileira até os…
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30em78rpm · 2 years
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1. Ó, Abre Alas (texto)
Composição: Chiquinha Gonzaga (1899)
Interpretação: Banda da Casa Edison, arranjamento de Santos Bocot (1911)
Os versos a seguir são da publicação original de Chiquinha Gonzaga
Ó, abre alas,
que eu quero passar!
Ó, abre alas,
que eu quero passar!
Eu sou da lira,
não posso negar.
Eu sou da lira,
não posso negar.
Ó, abre alas,
que eu quero passar!
Ó, abre alas,
que eu quero passar!
Rosa de Ouro
é que vai ganhar,
Rosa de Ouro
e que vai ganhar.
Ó, abre alas,
eu quero passar!
Ó, abre alas,
eu quero passar!
Rosa de Ouro,
não pode negar,
Rosa de Ouro.
A Chiquinha
Filha bastarda de um militar branco e de mãe negra alforriada, Francisca Edwiges Neves, a Chiquinha Gonzaga (1847-1935), foi a compositora mulher mais conhecida do início do século XX e uma das figuras-chave na consolidação da música popular brasileira, fundindo ritmos europeus com os populares brasileiros. Chiquinha teve uma educação que a preparou para ser uma mulher “da casa”, aprendendo, inclusive, a tocar piano. Após o escândalo do primeiro divórcio, é expulsa da família e começa a tocar no mundo boêmio para sobreviver, além de compor e publicar, atividades majoritariamente masculinas à época por escaparem do ambiente doméstico. Depois de alcançar certa notoriedade, começa a ajudar financeiramente o movimento abolicionista com o que ganhava na música. Contribuiu com seu piano na criação do choro, no grupo de Joaquim Calado, além de ter criado, em 1912, a primeira associação para proteção dos direitos autorais dos artistas.
Os cordões e as marchinhas
A composição “Ó, Abre Alas” foi feita em 1899 para o cordão Rosa de Ouro e é a primeira marchinha com letra da história, feita especialmente para a ocasião. Festa precursora dos carnavais, nos cordões desfilavam, fantasiados, moradores das áreas mais humildes do Rio de Janeiro. A composição não vingou na época, e apenas em 1939 a peça foi publicada na íntegra nas pesquisas da jornalista Mariza Lira, e em 1971 ocorreu a primeira gravação fiel à versão de Chiquinha, por Linda e Dircinha Batista. Gravações anteriores, como a presente na coletânea, foram de versões alteradas ou arranjadas. A letra simples reflete a espontaneidade e vigor que caracterizaram os cordões e que seriam essenciais aos carnavais na década seguinte da sua pioneira composição, que praticamente fixou o gênero das marchinhas, tocadas até hoje: uma composição pequena feita para embalar o desfile.
Referências bibliográficas
DINIZ, Edinha. Chiquinha, uma História de Vida. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2009.
SAVELLI GOMES, Rodrigo Cantos. Samba no Feminino: Transformações nas Relações de Gênero no Samba Carioca nas Três Primeiras Décadas do Século XX. Orientador: Acácio Tadeu de Camargo Piedade. 2011. 157f. Dissertação - (Mestrado), Programa de Pós-Graduação em Música,  Universidade do Estado de Santa Catarina. Disponível em: https://sistemabu.udesc.br/pergamumweb/vinculos/00006a/00006ae3.pdf
No site oficial https://chiquinhagonzaga.com/wp/ podem ser encontradas diversas informações sobre a compositora escritas por sua biografa, Edinha Diniz.
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aloneinstitute · 2 years
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A Igreja de Nossa Senhora da Corrente é uma das edificações católicas da cidade brasileira de Penedo, Alagoas.
É tombada pelo IPHAN, com detalhes arquitetônicos do barroco, rococó e neoclássico, decorada com azulejos portugueses do Império e piso de cerâmica inglês.
Origem
Foi iniciada em 1764 pelo capitão-mor José Gonçalo Garcia Reis e concluída por volta de 1790 pelo capitão de ordenança André de Lemos Ribeiro.
A origem do nome do templo é explicada por várias origens, associadas ao imaginário popular. A primeira está associada ao sobrenome de uma das suas benfeitoras, Ana Felícia da Corrente, e à padroeira da igreja, Nossa Senhora, além da proximidade com um rio. Outros acreditam que o nome foi dado pelo português José Gonçalo Garcia Reis, que, conseguindo libertar-se de uma prisão da sua pátria, fugiu para o Brasil e chegou a Penedo ainda com um pedaço da corrente.
Detalhes arquitetônicos
A igreja tem como elementos decorativos destacáveis o altar-mor, arco-cruzeiro, sanefas e púlpitos. O concheado tem sinuosidade preciosa, colocado sobre um fundo jaspeado com detalhes em vermelho e ouro, valorizado pelo fundo branco e por feixes de luz que chegam da fachada.
Pequenas estátuas portuguesas, em estilo presépio, também são elementos graciosos do conjunto.
Germain Bazin disse que a decoração da igreja é "um conjunto admirável", o que faz do templo "quase desconhecido", "um dos mais bonitos do Brasil".
A Igreja Nossa Senhora das Correntes está localizada na Praça 12 de Abril e é considerada uma das Igrejas mais belas de todo o País. Foi construída no século XVIII e no começo foi uma Igreja privada da família Lemos, mais tarde durante o movimento abolicionista foi utilizada como lugar de refúgio pelos escravos. Destaca-se por seu belo frontispício em estilo barroco, em cujos lados se sobressaem suas duas torres campanários de planta quadrada separadas por um belo frontão rematado por uma cruz. No seu interior destacamos seu altar-mor revestido e decorado com peças banhadas a ouro, lugar onde ainda encontra-se a passagem secreta utilizada pelos escravos para poder escapar.
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15billionyears · 4 years
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What I’m watching (2020 Edition) / A Última Abolição (2018)
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encantosdobrasil · 3 years
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Essa é a foto de uma mãe e seu filho, em salvador, no ano de 1884, registrado por Marc Ferrez, principal fotografo Brasileiro do século XIX (Acervo Instituto Moreira Salles). Durante a metade do século XIX, a prática da fotografia no Brasil havia crescido com o grande incentivo de Don Pedro II, assim, diversos fotógrafos, alguns com o patrocínio da coroa, puderam registrar a realidade vivida nesse período importantíssimo, principalmente para o movimento abolicionista no Brasil. Dom Pedro II, ao ser banido do País em 1889 pelos republicanos, doou à Biblioteca Nacional uma coleção de cerca de 25 mil fotografias, que foi denominada de Coleção Dona Theresa Christina Maria, sendo considerado o mais diversificado e precioso acervo dos primórdios da fotografia brasileira.
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ecoamerica · 2 months
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Watch the 2024 American Climate Leadership Awards for High School Students now: https://youtu.be/5C-bb9PoRLc
The recording is now available on ecoAmerica's YouTube channel for viewers to be inspired by student climate leaders! Join Aishah-Nyeta Brown & Jerome Foster II and be inspired by student climate leaders as we recognize the High School Student finalists. Watch now to find out which student received the $25,000 grand prize and top recognition!
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Depois que publiquei uma imagem dos atletas de Kentucky desolados após a derrota na final da NCAA de 1966 para o primeiro time universitário formado por cinco titulares negros, algumas pessoas disseram que “ninguém que perde fica feliz”, dando a entender que a tristeza dos atletas, do técnico e da torcida de Kentucky nada tinha a ver com a cor dos vencedores, mas sim com a derrota, pura e simplesmente. Isso me convenceu de que eu precisava contar essa história direito.
Na década de 1960, a guerra civil norte-americana completou 100 anos. Nessa guerra, o norte e o sul dos EUA se dividiram. O motivo do conflito era uma divergência inconciliável a respeito da escravidão: o norte era abolicionista enquanto o sul era escravocrata. O norte acabou vencendo a guerra, mas a um custo alto: 700 mil vidas se perderam, inclusive a do presidente abolicionista Abraham Lincoln - assassinado quatro dias após a rendição do sul. E eu não sei se você já pensou nisso, mas, quando uma guerra civil acaba, o que acontece com o país? Como as pessoas voltam a conviver? Como que você visita seu primo que mora lá naquela cidade que tava em guerra com a sua até outro dia?
Pois é, as coisas não voltam ao normal. Os estados do sul, também chamados de Confederados, perderam a guerra, mas não ficaram felizes, é lógico. Não houve aceitação, houve uma resignação forçada. Na prática, isso significou que a escravidão foi abolida contra a vontade de uma parcela significativa da população, que passou a atuar contra a inserção dos negros e negras na sociedade civil.
O esforço da população racista dos Estados Unidos foi tão notável que demorou mais de um século para que negros e brancos fossem considerados iguais perante a lei. Foi em 1955 que Rosa Parks se sentou num assento reservado para brancos num ônibus da cidade de Montgomery. Quando um branco reivindicou seu lugar e ela se negou a se levantar, foi aí que tudo mudou. A fagulha definitiva que trouxe à tona Martin Luther King Jr., Malcolm X e tantas outras lideranças do Movimento pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Interessante também saber que foi na Convenção de Montgomery de 1861 que os Estados Confederados se estabeleceram. E foi num assento de um ônibus de lá, quase 100 anos depois, que a sra. Parks se recusou a se levantar.
Em 1966, ano da foto da derrota do Kentucky, tava tudo isso acontecendo. Foi o ano da criação do partido dos Panteras Negras, inclusive. O casamento entre uma pessoa branca e uma negra ainda era proibido. Malcolm X tinha sido assassinado no ano anterior. E o basquetebol era um esporte dominado por brancos.
O time de Kentucky era composto só por brancos, como era de se esperar, mas o time da Universidade do Oeste do Texas contava com sete atletas negros. Você tem noção? Os caras eram da Universidade do Oeste do Texas! É o oeste do oeste do faroeste de um estado confederado! Numa universidade especializada em mineração, que não gostava de negro nem se fosse pra ser da equipe de limpeza (preferiam latinos), que dirá da equipe de basquete.
Quando o técnico Don Haskins convenceu esses sete atletas negros a irem jogar pra ele no oeste do Texas, ele sabia que as coisas não seriam fáceis, mas ele não fazia ideia do que estava por vir - ele era branco, afinal. Quanto mais seu time ganhava, maior era a raiva dos racistas: mais de uma vez, eles invadiram os aposentos dos atletas para depredá-los, pixando as paredes com ameaças e insultos.
Tudo isso é contado e dramatizado no filme “Estrada para a Glória” (“Glory Road”), que está disponível no DIsney+. Vale assistir, mas tem que ter paciência com as legendas em português - estão muito ruins, traduzindo ao pé da letra vários jargões do basquete, e por vezes até errando por completo a tradução, como no caso de “Guard” (armador), que eles traduziram como “pivô”.
Seja como for, no dia do jogo da final da NCAA de 1966, a bandeira dos confederados estava lá no ginásio. O recado era claro: a guerra civil ainda estava rolando e aquele jogo era significativo. O técnico Haskins sabia disso e optou por jogar apenas com seus sete atletas negros, deixando os outros cinco atletas, que eram brancos, no banco. E foram esses sete atletas negros, nesse contexto, que ganharam aquela partida.
E foi nesse momento que a foto do banco de Kentucky foi tirada. E você pode dizer “ah, mas ninguém fica feliz quando perde”, mas a tristeza daquele banco, daquele técnico e daquela torcida não era só pela derrota no jogo - era também por uma derrota ideológica, de pessoas que ainda se achavam superiores por serem brancas e que agora tinham a evidência da sua estupidez bem diante dos olhos.
O primeiro time inteiramente composto por negros a vencer a NCAA. E os caras fizeram isso jogando por Texas! Foi um caminho sem volta. Um divisor de águas na história do esporte. Em várias dimensões, foi o jogo mais importante que o basquete norte-americano já teve. O técnico Don Haskins e seus sete atletas, Willie Cager, Bobby Joe Hill, Orsten Artis, Willie Worsley, Nevil Shed, David Lattin e Harry Flournoy, foram todos introduzidos no Hall da Fama de Basquete em 2007.
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historiavermelha · 2 years
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Pan Africanismo e Marxismo: Um debate histórico
O Pan-africanismo, surgido no final do século XIX, se caracteriza principalmente pela luta política da unidade dos povos africanos e dos negros em diáspora, contra a opressão racial, a segregação, a escravidão e o colonialismo pungente ainda nesse período. Mas mais do que isso, é um movimento que tem suas raízes ainda no final do século XVIII, mas que ganha força no século XX, que unem organizações abolicionistas pelo mundo contra a ideologia euro centrista dominante que os subjugava, sendo assim um movimento que unia lutas em comum dos povos negros, africanos e descendentes, espalhados pelo mundo.
Ao longo do tempo, o movimento pan-africanista e os pan-africanos assumiram diferentes formas de luta política dentro de cada contexto político onde estavam inseridos, mas sempre com intenções que visavam o fim da opressão e a libertação tanto dos povos escravizados que defendiam o direito de voltar ao continente, mas principalmente das regiões ainda colonizadas por países europeus em África.
Hoje em dia, é muito comum a apropriação do termo Pan-africanismo para se designar enquanto movimento antirracista que seja anticomunista ou anti-marxista, uma narrativa que liga as duas correntes como se representassem coisas distintas por definição. Intelectuais como Abdias do Nascimento e Carlos Moore defendem essas ideias, no entanto, o pan-africanismo, enquanto movimento histórico real, contou com diversas personalidades como Thomas Sankara, Amílcar Cabral, Kwame Nkrumah que eram marxistas e militantes comunistas, que foram fundamentais para articular a luta dos povos negros em África, enquanto se denominavam pan-africanistas.
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Lamine Senghor no congresso da Liga contra o imperialismo e a opressão colonial, Bruxelas, fevereiro de 1927.
Em 1917, a Revolução Russa abre um novo capítulo na história da humanidade, que para além de uma revolução socialista, representou também um movimento anticolonial a nível global desde a sua origem, a perceber que o império russo Czarista mantinha cativos povos dentro do seu território e financiava campanhas para reprimir lutas de libertação nacional pela Europa, como na Polônia, em 1915.
Em todo o mundo, lideres políticos importantes e até mesmo pan-africanistas com vieses reacionários como Marcus Garvey, reconheceram a Revolução Russa no seu primeiro momento, enxergando a autodeterminação dos povos e a luta anticolonial, uma vez que a internacional comunista já nasce com objetivo de defender a luta dos trabalhadores a nível mundial, combatendo o colonialismo e munindo lutas de libertação por todo o globo, assim como a luta antirracista. A exemplo dos Estados Unidos, onde a internacional comunista obrigou o partido comunista dos Estados Unidos a criar políticas que combatessem a segregação racial dentro dos movimentos sindicais para unir a luta dos trabalhadores.
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Comitê negro da liga antiimperialista - 1927
Mesmo líderes pan-africanistas não comunistas, no século XX, reconheciam a importância da União Soviética e da Internacional Comunista para o combate ao racismo a nível global. À exemplo do famoso líder negro Du Bois, autor de “Black Reconstruction in America”, na sua visita a União Soviética em 1926, soltou a célebre frase “Se isso é Bolchevismo, então eu sou Bolchevique.”
Entre as décadas de 1920, 30, 40 e 50, existiam diversas formas de pan-africanismo em disputa, que tinham sua unidade enquanto motivação que era a unidade dos povos negros africanos e em diáspora, porém suas formas de atuação política e propostas de solução eram diferentes. Enquanto, então, a Internacional, mantinha uma distancia de setores reformistas do pan-africanismo, fornecia todo apoio a setores comunistas, nos quais acreditava que estaria a solução para o fim da exploração e do racismo no fim das relações capitalistas e coloniais de produç��o. Defendiam um fim revolucionário do racismo e do colonialismo visando um horizonte socialista que unia os povos negros em torno de um ideal em comum. Percebia-se que, a despeito de todas as particularidades culturais do imenso continente africano, havia mais coisas que os uniam enquanto povo negro, explorado, colonizado, do que os separavam.
Ao fim da segunda guerra mundial, a maioria dos lideres políticos revolucionários do continente africano tinham como ideal de libertação nacional o marxismo, e mesmo aqueles que não eram lideres marxistas, tinham em seu corpo político, ativistas que defendiam a revolução e a luta anti-colonial sob um viés marxista. Essa influencia espalhada pelo continente africano aconteceu devido a anos de debate e disputa de narrativa sobre os caminhos que essas lutas deviam seguir. Enquanto Marcus Garvey defendia por exemplo a criação de um Estado Negro para superar a opressão racial, dirigido e comandado apenas por pessoas negras, existiam também lideres comunistas pan-africanistas , na Africa do sul, Estados Unidos, Cuba etc.
A despeito de problemas reais de análise do que representavam esses povos dentro de África, a partir do olhar europeu da União Soviética, lideres políticos como Thomás Sankara e Kwame Nkrumah, são fruto de um trabalho político importante que consolidou conquistas importantíssimas não são em África, mas nos Estados Unidos com por exemplo o Partido dos Panteras Negras.
A exposição mostra, a partir da história, que sempre houve um pan-africanismo marxista, que no entanto ele é relegado e pouco defendido, principalmente no Brasil, onde o Pan-africanismo pouco tomou esse caráter. Mesmo obras de Amílcar Cabral, que são escritas em português, pouco circulam, mesmo contendo debates importantíssimos sobre educação de Paulo Freire em seu conteúdo. É possível ser pan-africanista e ser também um militante comunista, se as buscas por referencias históricas encontrarem os caminhos certos.
REFERÊNCIAS:
SELIM. Nadi. Pan Africanismo e comunismo: conversa com Hakim Adi. 2017. Disponível em <https://www.buala.org/pt/cara-a-cara/panafricanismo-e-comunismo-conversa-com-hakim-adi>
TEIXEIRA. David Lael Barroso Teixeira. O Lenin internacionalista. Autodeterminação e anticolonialismo. 2020. Disponivel em <https://lavrapalavra.com/2020/09/21/o-lenin-internacionalista-autodeterminacao-e-anticolonialismo/>
BOUNICORE. Augusto César. A internacional comunista e a questão racial. 2015. Disponível em <https://www.marxists.org/portugues/buonicore/2015/03/02.htm/>
TRICONTINENTAL. Amanhecer: marxismo e libertação nacional. 2021. Disponível em <https://thetricontinental.org/pt-pt/dossier-37-marxismo-e-libertacao-nacional/>
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linyarguilera · 3 years
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SIMBOLISMO NO BRASIL
SIMBOLISMO NO BRASIL
segunda-feira, 4 de outubro de 2021
16:33
O simbolismo surgiu como movimento literário em 1880, na França. Suas primeiras manifestação são, porém, anteriores a esse momento, seus iniciantes foram Verlaine e Mallarmé, e de Baudelaire.
O nome simbolimso tem relação com as aspirações da nova poesia: surgir, como um símbolo, ideias abstratas por meio de imagens evocativas de cores, sons, formas etc.
Por influência dos poetas franceses, o simbolismo se manifestou no Brasil no final de 1890, e os principais representantes foram Cruz e Sousa, e Alphonsus de Guimaraens.
Nos poemas de ambos há:
• Presença da religiosidade, do interesse pela morte e da busca pela transcendência;
• as sugestões são expressas por meio de metáforas, de comparações, de prosopopéias, de sinestesias e da musicalidade;
• embora os temas sociais não sejam o centro de interesse dos simbolistas, há na poesia de Cruz e Sousa uma vertente social abolicionista.
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terradearuanda · 3 years
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Movimento Negro no Brasil
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O movimento negro é uma luta utilizada em forma de diferentes organizações para reivindicar direitos para a população negra que sofre com o racismo na sociedade. Atualmente, o movimento negro é plural e reúne além das pautas como o combate ao racismo, diferentes vertentes como o feminismo, a luta pelos direitos LGBT e tolerância religiosa.
O movimento negro começou a surgir no Brasil durante o período da escravidão. Para defender-se das violências e injustiças praticadas pelos senhores, os negros escravizados se uniram para buscar formas de resistência. Ainda de forma precária e clandestina, durante o período escravagista. Grandes personagens se insurgiram contra o sistema e impulsionaram o movimento.
Dentre eles, um dos mais conhecidos é Zumbi dos Palmares (líder do Quilombo dos Palmares). Vale lembrar que os escravizados utilizavam-se da quilombagem (fuga para os quilombos e outros tipos de protestos) e do bandoleirismo (guerrilha contra povoados e viajantes) para rebelar-se contra a escravidão.
Ainda no mesmo período, o Movimento Liberal Abolicionista passa a ganhar força, desenvolvendo a ideia de fim da escravidão e comércio de escravos. Como resultado, foi promulgada em 13 de Maio de 1888 a Lei Áurea, encerrando o longo período escravagista. A população negra inicia então um novo desafio: a luta contra o preconceito e desigualdade social.
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ecoamerica · 2 months
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Watch the American Climate Leadership Awards 2024 now: https://youtu.be/bWiW4Rp8vF0?feature=shared
The American Climate Leadership Awards 2024 broadcast recording is now available on ecoAmerica's YouTube channel for viewers to be inspired by active climate leaders. Watch to find out which finalist received the $50,000 grand prize! Hosted by Vanessa Hauc and featuring Bill McKibben and Katharine Hayhoe!
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