O auto do corneado - Johnny Suh
N/a: Fiz algo inspirado no "Auto da Compadecida". Eu amo essa obra em todos os níveis. Como nordestina acredito que a comédia foi um marco para a nossa história, sendo assim, fiz essa fic com o Johnny pq imagino muito que ele aceitaria as gaias da Dorinha. Kkkkk Espero que gostem! ❤ Ah! Coloquei algumas gírias de Recife, a maioria coloquei entre aspas para vocês conseguirem pesquisar e descobrir o significado. Boa leitura!
Johnny tinha certeza de duas coisas:
1. Era uma homem trabalhador que fazia o possível pelo sustento da casa e da esposa;
2. Que na surdina sua esposa lhe botava vários chifres, mas se recusava a assumir a galhada a todo custo.
Por mais que toda a vizinhança lhe avisasse sobre as traições, o estrangeiro preferia fechar os olhos a acreditar que a sua querida Dorinha estivesse o trocando por outro homem qualquer. Não era feio, tampouco pobre. Claro, não era rico como o coronel ou o padre, mas ainda assim possuía mais condições que o restante da cidade. Um singelo padeiro, que todos os dias acordava antes do canto do galo, tendo como pedra no sapato dois ajudantes que mais o atrapalhavam, Mark e Donghyuck, estes que aceitaram o trabalho em troca de comida e um teto em suas cabeças. Fora isso, sua casa era bem arrumada, tinha uma cacimba somente sua no quintal, galinhas vistosas e uma vaca que sua sogra havia lhe presenteado antes de bater as botas.
Então, por qual motivo ela o trairia? Tinham uma vida perfeita, não?
Assim ele pensava ao passo que já notava a ausência da esposa e o sereno lá fora.
— 'Mar não é possível que essa mulher ainda não chegou! — reclamou enquanto se apoiava na meia porta procurando pela silhueta feminina na rua — Eu ainda hei de enlouquecer com Dorinha, vão me ver andando sem rumo na rua "falando água" pelos becos — concluindo, tratou de deixar a porta bem fechada antes que fosse dormir — Vai demorar? Pois então que durma na rua!
Passos apressados foram ouvidos contra o piso de terra, era ela, trajando um vestido lindo e branco, os cabelos escuros bem encaracolados e o batom vermelho borrado no canto da boca. Ele fingiu não ouvir, mesmo assim se encostou na porta para tentar descobrir se ela estava sozinha ou acompanhada.
— Johnnyyy... — arranhou a porta de leve, tal como uma felina — Oh meu dengo, abre essa porta, vai? — a voz doce fazia o coração do Suh derreter, só que ele precisava ser forte pelo menos naquela vez.
— ISSO SÃO HORAS DE SE CHEGAR NUMA CASA DE RESPEITO? ME DIGA! — abriu somente a parte superior da porta, mantendo a outra trancada — Tu acha que tu tá certa me botando gaia mundo a fora?
— Gaia? Meu "fi", e eu lá sou mulher disso?
— Ah não é? Então por qual motivo seu Zezinho do peixe veio essa manhã me dizer que tu 'tava de chamego com Jaehyun? — sua voz tremulava, ele parecia querer chorar, e ia. Dizem que dor de corno é terrível e ele estava sentindo com toda a intensidade.
— Jaehyun? — fingiu desentendimento e ele riu desacreditado — Oxe, menino! Jaehyun só me ajudou na feira hoje de manhã. 'Tás ficando doido, é?
— Então Nena está mentindo? — citou a vizinha, ela que logo abriu uma fresta da janela para poder ouvir melhor — Ela me disse que ouviu teus miados de "quenga" nessa casa, e Jaehyun só saiu depois de três horas. O que tu vai me dizer agora? Que tava rezando com ele esse tempo todo?
Ela o olhou abismada, de fato tinha aproveitado a tarde com o rapaz só não queria admitir para o seu querido esposo.
— Meu dengo...
— Não me chame de "dengo"
— Meu amor, eu não fiz nada com ele, não. Olhe, eu vou explicar — caçou a mão do esposo e iniciou uma massagem na pele calejada — Eu encontrei Jaehyun na feira, conversamos sobre a nossa infância e ele me ajudou a trazer as compras para casa. E essa história de ouvir miado, dona Nena precisa é limpar os ouvidos, — aumentou o tom da voz só para que a mais velha pudesse ouvir — estávamos dançando xaxado, depois passamos para o forró e Jaehyun pisou no meu pé sem querer. Oh, meu amor, você sabe bem como sandália de couro dói quando toca nos dedinhos. Se brincar arranca até o "samboque".
— E tu acha que eu vou acreditar nessa mentira? "Apois viu!" — retirou a mão de perto dela e se preparou para fechar a porta outra vez — Quer saber de uma coisa? Hoje tu vai dormir é na rua, para a vizinhança conhecer a qualidade de mulher raparigueira que eu tenho em casa.
— Mas Johnny, espere...
— MARK, DONGHYUCK!
— Sim, senhor? — falaram em uníssono, descendo da cama improvisada e indo direto até ele.
— Vão lá na igreja chamar o padre, ele precisa ver com os próprios olhos essa safadeza — deixou-os para trás e seguiu para o quarto, deitando na própria cama de qualquer jeito.
— Olhe, Mark, eu já vi me pedirem atestado de tudo, mas de corno é a minha primeira vez — satirou Donghyuck e Mark o puxou para que chegassem na igreja o mais rápido possível.
— SE VOCÊ NÃO ABRIR ESSA PORTA EU VOU ME JOGAR NA CACIMBA! — gritou a mulher pelo lado de fora
— E eu lá tenho essa sorte? Se pelo menos tu fizesse isso eu não seria mais conhecido como corno nessa cidade.
— EU NÃO DIGO É NADA, TU VAI MORRER É DE REMORSO.
— Vou nada! Eu vou ficar é feliz de ter me livrado da peste que tu é.
— VÃO DIZER QUE FOI TU QUE ME MATOU!
— 'Tão nem doido
— E POR CIÚMES!
— Para de graça, Dorinha, que tu não é doida de fazer isso.
A mulher arteira como era, aproximou-se da cacimba com uma pedra, curvou-se até que o ângulo estivesse bom para o eco de sua voz e o barulho do objeto que pretendia jogar.
— Eu não aguento mais essa vida. Adeus mundo, adeus Johnny, MEU ÚNICO AMOOOOR... — acompanhou a pedra caindo até que fizesse "pluft" e quando assim aconteceu o homem correu pela casa em desespero. Ela então se levantou rapidamente e se esgueirou ao lado da porta.
— Dorinha, meu amor, não faça isso pois eu sou louco por ti — debruçou na cacimba e foi só o tempo de ouvir a porta ser fechada e trancada, revelando a travessura que sua mulher tinha cometido.
Contornou então a casa e como um dejavu viu a cena de minutos atrás se repetir, dessa vez ele sendo o errado da história.
— Dora, abre essa porta! — esmurrou a madeira duas vezes e ela abriu a parte de cima, o olhando com desgosto — Me deixe entrar.
— ISSO. SÃO. HORAS. DE. UM. HOMEM. CASADO. ESTAR. CHEGANDO. NUMA. CASA. DE. RESPEITO? — gritou pausadamente fazendo questão de atirar nele algum objeto nos espaços de tempo. Quando mais nenhum lhe sobrou, ergueu o balde que tinha separado e lhe tacou a mistura de água e cachaça que tinha feito — POIS VAI DORMIR É NA RUA, 'PRA TODO MUNDO SABER A QUALIDADE DE HOMEM CACHACEIRO QUE EU TENHO EM CASA!
— Johnny, encontramos o padre — Mark anunciou e o homem idoso encarou a cena assustado.
— Minha nossa senhora! O que... — aproximou-se do Suh e voltou alguns passos ao sentir o cheiro forte do álcool — Por Deus, meu filho, que cheiro é esse?
— 'Tá bebinho, padre, não sabe nem o que diz — a mulher forçou um choro e cobriu os olhos com as mãos — Todo dia isso, gasta o dinheiro da casa com cachaça e "mulé".
— É MENTIRA, SEU PADRE, FOI ELA QUE...
— Calado rapaz! Não tem vergonha de querer acusar sua esposa fedendo a enxofre que nem o próprio satanás?
— Mas eu não fiz na...
— Peça desculpas a ela. AGORA! — ordenou e Dora prosseguiu fingindo o choro — Vamos, pegue na mão da moça e peça perdão por isso, e claro, depois vá a igreja para que Deus possa perdoar seus inúmeros pecados.
Mesmo a contragosto, Johnny pegou a mão da esposa, ajoelhou-se no chão molhado e a olhou com raiva.
— Me desculpe.
— Dorinha... — o lembrou do apelido e ele respirou fundo
— Me desculpe.... Dorinha. — rosnou a última parte e beijou o dorso da mão magra, fazendo-a aceitar o pedido e permitir a entrada dele dentro de casa.
— Muito bem, meus filhos, e lembrem-se que o casamento é uma união divina, valorizem o que vocês tem em mão.
— Pode deixar, seu padre, ficarei de olho para que ele não volte a beber. Donghyuck, Mark! — chamou os rapazes que gargalhavam atrás do mais velho — Leve o padre de volta e lembrem-se de dormir cedo, amanhã tem trabalho — ambos concordaram e seguiram até o local destinado.
— Satisfeita? — questionou irônico, se enxugando no tecido mais próximo que encontrou.
— Oxe! Largue o meu vestido novo, eu nem usei e tu já tá esfregando esse rosto seboso nele? — tirou a peça das mãos molhadas do homem e levou para longe — E estou satisfeita sim. Não acredito que estava me acusando de traição.
— É o que dizem na vizinhança, só se fala isso.
— E tu prefere acreditar no povo ou em mim?
— Em você, é claro.
— Pois então trate de saber que eu não trocaria meu homem por nada, quem dirá pelo "tabacudo" do Jaehyun.
— Tem certeza disso, meu amor? Você sabe como eu te amo e não conseguiria te ver com outro.
— É claro que tenho, meu dengo. Mas agora venha, eu preparei algo maravilhoso para você — desabotou os primeiros botões do vestido e deixou que ele deslizasse pelos ombros — Venha cá me mostrar o homem selvagem que só você sabe ser.
— 'Tô indo, Dorinha. Mas saiba logo que hoje eu estou com "sangue nos olhos".
— Pois então venha quente que eu já 'tô fervendo.
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A CULTURA PERIFÉRICA EM FOCO: MÍDIA E CINEMA RELEVAM SUAS CORES
A cultura periférica brasileira é uma rica tapeçaria de histórias, ritmos e vozes que ecoam pelos becos e vielas das grandes cidades e pelos rincões do país. Ela é pulsante, diversa e cheia de vitalidade. Neste blog, mergulharemos fundo nas características e relevância da mídia e do cinema brasileiro, explorando filmes conhecidos internacionalmente, séries brasileiras, novelas e músicas e cantores famosos, tanto em território nacional quanto além-fronteiras.
"No dia que quiser lembrar de mim dá uma olhada no retrato que a gente tirou junto."
- Central do Brasil.
Filmes Conhecidos Internacionalmente:
O cinema brasileiro conquistou o mundo com obras que lançam luz sobre as nuances da sociedade brasileira. Alguns filmes que se destacam internacionalmente incluem:
Tropa de Elite (2007): Dirigido por José Padilha, este filme lança um olhar brutal e realista sobre o combate ao tráfico de drogas no Rio de Janeiro, através dos olhos do BOPE, a unidade de elite da polícia.
Cidade de Deus (2002): Um épico urbano dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund, que retrata a vida nas favelas do Rio de Janeiro, explorando temas de violência e superação.
Central do Brasil (1998): Dirigido por Walter Salles, este filme comovente narra a jornada de Dora, uma ex-professora, e Josué, um órfão, enquanto viajam pelo interior do Brasil em busca da família de Josué.
Estômago (2007): Um filme instigante dirigido por Marcos Jorge que explora a relação entre gastronomia, poder e sobrevivência em uma narrativa única.
Que Horas Ela Volta? (2015): Dirigido por Anna Muylaert, este filme aborda as complexidades das relações entre classes sociais no Brasil, através da história de uma empregada doméstica.
O Auto da Compadecida (2000): Baseado na obra de Ariano Suassuna, esse filme dirigido por Guel Arraes é uma comédia brilhante que incorpora a cultura nordestina e o humor brasileiro de forma magistral.
Carandiru (2003): Inspirado no livro de Dráuzio Varella, esse filme de Héctor Babenco retrata a vida de presos no notório presídio de Carandiru, trazendo à tona questões sobre sistema carcerário e humanização.
Esses filmes não apenas cativaram audiências em todo o mundo, mas também ofereceram visões profundas e multifacetadas da sociedade brasileira.
"Já parou para pensar o quanto é difícil acordar todo dia e encarar a própria vida? Mesmo na beira do precipício, a gente hesita. Nosso instinto é sobreviver."
- Bom Dia, Verônica.
Séries Brasileiras:
As séries brasileiras têm experimentado um crescimento significativo e estão conquistando fãs não apenas no Brasil, mas também em outros países. Algumas notáveis incluem:
Bom Dia, Verônica (2020): Esta série de suspense segue a vida da escrivã Verônica Torres, que se envolve em investigações complexas de crimes contra mulheres.
Irmandade (2019): Ambientada em um presídio nos anos 90, a série retrata a história de uma advogada que se infiltra em uma facção criminosa para proteger seu irmão.
Sintonia (2019): Criada por KondZilla, esta série segue a vida de três amigos que crescem em uma favela em São Paulo, explorando temas de música, drogas e amizade.
Cidade Invisível (2021): Uma série que mistura folclore brasileiro com elementos de suspense e investigação, explorando o sobrenatural no contexto urbano do Rio de Janeiro.
Todo Dia a Mesma Noite (2020): Um documentário emocional que narra a tragédia da boate Kiss, em Santa Maria, Rio Grande do Sul, onde 242 pessoas perderam a vida.
Dom (2021): Inspirada na vida do criminoso Pedro Dom, esta série mergulha no mundo do tráfico de drogas no Rio de Janeiro.
“Eu mandei você jogar a Rita no lixo e ela voltou como Nina. É essa porcaria de reciclagem, né? A gente joga uma coisa fora e, na hora que vê, a coisa volta anos depois, reciclada em outra porcaria.”
- Avenida Brasil.
Novelas:
As novelas são uma parte intrínseca da cultura brasileira e têm impacto profundo na sociedade. Algumas novelas icônicas incluem:
Avenida Brasil (2012): Uma trama envolvente de vingança e redenção que cativou audiências em todo o mundo.
O Outro Lado do Paraíso (2017): Uma novela que aborda temas como abuso, vingança e preconceito, com personagens complexos e enredos intrincados.
Cúmplices de um Resgate (2015) e Chiquititas (2013): Novelas infantojuvenis que cativaram jovens espectadores com histórias de amizade e superação.
Totalmente Demais (2015): Uma comédia romântica que aborda questões de moda e autoestima, com personagens carismáticos.
Os Dez Mandamentos (2015): Uma novela bíblica que retrata eventos do Antigo Testamento, com produção de alta qualidade.
Verdades Secretas (2015): Uma novela ousada que explora o mundo da moda e da prostituição de luxo, com tramas complexas e personagens intensos.
"Agora é hora de você assumir e sumir
Não adianta chamar quando alguém está perdido, procurando se encontrar
Tire isso da cabeça e ponha o resto no lugar"
- Ovelha Negra, Rita Lee.
Músicas e Cantores Famosos:
A música brasileira é um tesouro cultural, com uma ampla gama de estilos e artistas que transcenderam fronteiras. Alguns cantores e cantoras que se destacam nacional e internacionalmente são:
Anitta: Conhecida por sua música pop envolvente, Anitta conquistou uma base de fãs global e colaborou com artistas internacionais.
Ludmilla: Com seu talento versátil, Ludmilla transcendeu o cenário nacional e trouxe o funk brasileiro para o mundo.
Pabllo Vittar: Uma das artistas LGBTQ+ mais visíveis do Brasil, Pabllo Vittar é reconhecida internacionalmente por sua música e sua mensagem de diversidade.
Rita Lee: Uma das pioneiras do rock brasileiro, Rita Lee deixou uma marca indelével na música brasileira com sua irreverência e talento.
Seu Jorge: Com sua voz inconfundível, Seu Jorge ganhou destaque internacional com sua interpretação única da música brasileira.
Gilberto Gil e Chico Buarque: Ambos são ícones da MPB, com composições que transcenderam gerações e fronteiras.
Tim Maia: Conhecido como o "síndico" do soul brasileiro, Tim Maia deixou um legado duradouro na música brasileira.
Luiz Gonzaga: O Rei do Baião, Luiz Gonzaga, popularizou o forró e se tornou uma lenda da música brasileira.
Mamonas Assassinas: A banda de rock cômico deixou um legado de humor irreverente e músicas cativantes que ainda são apreciadas por fãs de todas as idades.
Esses artistas representam a diversidade musical do Brasil e têm contribuído para a internacionalização da música brasileira, compartilhando sua cultura e talento com o mundo.
“Você é muito fogosa
Tão bonita e carinhosa
Do jeito que eu sempre quis
Minha coisinha gostosa
Dá aos pobres, é bondosa
Sou corno, mas sou feliz”
- Bois Don’t Cry, Mamonas Assassinas
Conclusão:
A cultura periférica brasileira é um tesouro que merece ser celebrado e compartilhado com o mundo. A mídia e o cinema brasileiro desempenham um papel fundamental em transmitir essas histórias e em tornar a cultura brasileira mais acessível globalmente. Essas formas de arte são janelas para a riqueza e a complexidade do Brasil, permitindo que as vozes da periferia sejam ouvidas e apreciadas em todo o mundo.
Referências
Megacurioso.com
Adorocinema.com
Techtudo.com.br
Artcetera.art
Imagens
Todas as imagens foram retiradas do site/aplicativo Pinterest
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