você é minha fortaleza
primeiro abraço de mãe
e afago antes de dormir;
coberta quente em dia frio e ventania
alivio e brisa suave em dia de sol
é a minha casa,
olhar devoto de freira crentíssima
o próprio respiro no momento
de meditação.
escape de contorcionismo forçado
é completo e o tudo o que é real,
única peça que faz sentido
dentre todas que se quebraram.
{breath}
estou viva porque me amas
fico viva porque me sustém.
é por causa da tua existência
que tudo é bom, mesmo em dia mau.
coisa inocente, pura e idílica
uníssona no doce som d’água
risada do meu vô no repeat
palavra amiga {conversa de telefone old school}
me faz passageira e peregrina
ter ambiguidade de lares,
de achar casa em um punhado de palavras
encaixar abraço sempre no único homem,
ter nome apesar de tudo {registro}
sentir liberdade,
M A RA VI L H A MEN TO
temor e c o s q u i n h a
és tudo de mais bondoso e abundante
és definidor, é “!!!!!!!” e MUITO.
montanha e rugido de onda,
neve despejada de açúcar branquinho e doce
no céu de peneira flocada
é o que despeja em mim
coisa boa e verdadeira.
{beleza e verdade no caos}
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retrato dos cinco anos.
com o corpo pendurado no varal
respiro o calor
me dói o abdômen de mulher
vejo um par de meias e fico com vontade de por
calçar os pés e colocar o álbum de 1994
no repeat
espero o horário,
quando o alarme toca
programo mil horas
centenas de minutos
quinquilhões de movimentos.
faço calor com as mãos nos
vãos do joelho
um lugar íntimo e meu,
- atrás dos joelhos -
onde nenhum ser humano prende o olhar
jogo água gelada no rosto
lembro da primavera,
sentada no quintal de pedrinhas em
Minas Gerais
eu olhando flor,
sol estalando nos cabelos
castanhos e as vezes loiros e azuis
uma aranha tecendo teia
meu olhar de criança vê a teia
e vem inseto voando,
se enrola e prende na teia que não viu.
as linhas invisíveis se enredam no
corpo insetóide
para mim, a aranha ri.
eu fico presa no calor,
na teia da vida urbana
sou a aranha na teia,
o inseto preso,
a garota que assiste a cena.
pergunto “por quê?”
nem sempre escuto resposta.
mas me vem vento fresco,
sombra, água.
me vem a gigante-mão protetora
onde me guarneço e resguardo
do escaldante calor.
me vem coisa boa,
mesmo sem todas as respostas.
me vem aranha, inseto, infância,
e alegria,
mesmo com as perguntas
(...)
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melão.
quero me esconder.
o gato fita o melão,
desejoso de sua água.
constantemente me sinto ferida.
me dói um pouco as juntas,
mas não sou velha,
nem carcomida.
olho com desejo para a vida.
aguardo a próxima cena,
o clímax.
não há na hora que espero;
sem rufar tambores, anúncios
gaseificados, textos mal escritos.
desço e subo o feed
sem significado.
falo com as paredes, deixo
minhas mãos quentes deslizarem
no gelo.
jogo água gelada no rosto, toda noite.
fechar os poros, congelar meus
acelerados pensamentos.
pego de pinça um por um
penso no país e já não quero pensar
em nada.
penso na coceira de sarna,
que teima-teima e não passa.
pego pela mão esse desamparo
o cobertor azul todo enrolado,
tem cheiro de casa, de pele,
de amaciante, de lavado.
afago os ombros, digo palavras
doces:
você vai conseguir,
está sendo espremida, é só.
você está crescendo,
dor é dor, sem dó.
basta a cada dia o seu próprio mal,
na homília da minha vida,
basta para todo dia este
fim de vendaval.
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