você é minha fortaleza
primeiro abraço de mãe
e afago antes de dormir;
coberta quente em dia frio e ventania
alivio e brisa suave em dia de sol
é a minha casa,
olhar devoto de freira crentíssima
o próprio respiro no momento
de meditação.
escape de contorcionismo forçado
é completo e o tudo o que é real,
única peça que faz sentido
dentre todas que se quebraram.
{breath}
estou viva porque me amas
fico viva porque me sustém.
é por causa da tua existência
que tudo é bom, mesmo em dia mau.
coisa inocente, pura e idílica
uníssona no doce som d’água
risada do meu vô no repeat
palavra amiga {conversa de telefone old school}
me faz passageira e peregrina
ter ambiguidade de lares,
de achar casa em um punhado de palavras
encaixar abraço sempre no único homem,
ter nome apesar de tudo {registro}
sentir liberdade,
M A RA VI L H A MEN TO
temor e c o s q u i n h a
és tudo de mais bondoso e abundante
és definidor, é “!!!!!!!” e MUITO.
montanha e rugido de onda,
neve despejada de açúcar branquinho e doce
no céu de peneira flocada
é o que despeja em mim
coisa boa e verdadeira.
{beleza e verdade no caos}
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dia de uma depressiva
enrolado na toalha
tão pequenininho e frágil,
meu gato escaldado com os pelinhos
eriçados.
meu marido o segura, enxuga com carinho.
cozinho arroz com milho,
frango de forno crocante e macio.
peço para que todo dia seja assim,
com alegria mil, com a tristeza no mudo.
hoje tive energia, como se o sol me recarregasse.
mas está frio.
eu sou eu.
sento preguiçosa na cadeira macia.
escolhemos bem a cadeira, esfreguei os dedos
na madeira, no tecido fofo.
olho o gato, o amor, sentados próximos.
se aquecendo um no outro e conversando
não me lembro quando foi a última vez
que acordei assim.
penso numa viagem futura.
penso numa viagem passo-a-passo
e depois ponho blusa, lavo as mãos
passo álcool em gel periodicamente nas coisas,
arrumo as máscaras esticadas no vento
me lembro da primeira vez que senti meu corpo
pender, exausto, mesmo ao acordar.
quando esqueci de sonhar de verdade,
insone, indeterminada, brasileira.
firme cristal de acordar e dormir de novo.
eu acordo todos os dias, penso em escrever
essa é a primeira vez que sento, após
o sol descer e a lua desaparecer,
e escrevo.
que sombrio e misterioso o descer dos astros.
que momento em que eu digito meu coração,
caio,
caio,
estrela cadente queimando.
-queimando dentro, quente-
ponta da língua que arde de afta,
ouvido que dói e cabeça que se assusta
na dor.
caio,
despenco,
suspensos no momento dos céus em escuridão
entre a luz
e a completa treva.
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Ojou to Banken-kun
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melão.
quero me esconder.
o gato fita o melão,
desejoso de sua água.
constantemente me sinto ferida.
me dói um pouco as juntas,
mas não sou velha,
nem carcomida.
olho com desejo para a vida.
aguardo a próxima cena,
o clímax.
não há na hora que espero;
sem rufar tambores, anúncios
gaseificados, textos mal escritos.
desço e subo o feed
sem significado.
falo com as paredes, deixo
minhas mãos quentes deslizarem
no gelo.
jogo água gelada no rosto, toda noite.
fechar os poros, congelar meus
acelerados pensamentos.
pego de pinça um por um
penso no país e já não quero pensar
em nada.
penso na coceira de sarna,
que teima-teima e não passa.
pego pela mão esse desamparo
o cobertor azul todo enrolado,
tem cheiro de casa, de pele,
de amaciante, de lavado.
afago os ombros, digo palavras
doces:
você vai conseguir,
está sendo espremida, é só.
você está crescendo,
dor é dor, sem dó.
basta a cada dia o seu próprio mal,
na homília da minha vida,
basta para todo dia este
fim de vendaval.
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寝落ち
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ouvi o hino do corinthians
e lembrei de ti, vô.
coisa boa ter tido vô,
“vôo” longe que se faz,
como o trompete
o trombone e o sopro metálico
do bocal à campana
o som da minha infância
e da infância em 1954,
vindo do sul de minas
entre vales, serras,
carpindo nos intervalos do sonho
tua algibeira de histórias
era imensa
imensa-imensa
“elocubrava” meus sentidos:
contou-me de futebol,
anedotas,
de tesouros,
de milagres,
olhos vivos e estudiosos
que me fazem até hoje
singrar
coisa boa ter tido vô,
boa coisa no chapéu,
no almanacão de pintar,
no sobretudo grande e cinza
na espada de honra enrolada
no veludo
coisa auspiciosa e dura,
elucubrações do meu coração
injeção de quem me tornei.
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[...]
solidão.
o velho cão me aborda,
afunda suas garras nas partes
fofas do meu corpo,
minha carne ferve como banha
socada num latão
a cantiga lacerante de sua euforia
me arrasta do colchão.
sempre o cão com seus pequeninos
olhos amendoados de inocência fingida
parece-me quieto em alguns dias
quase imperceptível,
até voltar incomodando:
o cílio no globo ocular.
vê se é urso,
se é animal que hiberna.
me sinto só, e não é dor fingida.
peço misericórdia.
peço um alento, uma pausa.
peço um propósito,
proclamo que não ligo,
ignoro a existência do cão,
do urso,
da banha,
do cílio.
peço, por favor, que a sombra terrível
deixe de me envolver.
enquanto estou na caverna,
mesmo se não puder me acender a luz,
se não for a hora de me tirar esta pedra,
se é na escuridão abissal que meu
orgulho deve repousar,
me envolva com suas mãos.
mesmo na escuridão,
por favor,
cubra-me como as folhas dum repolho
que se revolvem no corpo,
por favor,
por favor,
por graça e favor,
me conceda as mãos.
e me ensina a aceitar não a luz,
mas as mãos...
as mãos.
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bagunça matrimonial
fiz caldo de feijão e engrossei com maizena
as borbulhas explodiram seguidas,
umas, outras, plop,
eu desejo ficar na cama
ficar quieta no escuro
sou ambígua porque também quero ir
porque também quero ficar
faço o que eu posso,
luto com o que não posso
e deixo o chuveiro esquentar.
meu marido comeu o caldo com carinho,
eu sou dupla porque também amei,
porque também tive medo.
ele as vezes deseja ficar no escuro
com os olhos bem abertos
sou a mesma porque também quero dormir
porque também quero acordar
penduro a roupa no varalzinho pequeno,
com o pregador vai um, dois, tac,
eu procuro esmagar minha dor de cabeça
com uma boa respirada olhando a mini-horta.
ele também olha porque é exato
sou a mulher porque também quero amá-lo
sou também o dedo que se fura no cacto.
no quinto andar, olhando para a rua,
um carro bate em outro
uma mulher sai chorosa do banco de trás,
sou igual porque também choro,
ele chora as vezes,
quando vemos filme pela primeira vez,
mão entrelaçada nas mãos,
como um filme. é.
como um filme.
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Saudade dos poemas Ale
Oi! Logo mais voltarei a postar com mais frequência :)
Obrigada pelo feedback
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retrato dos cinco anos.
com o corpo pendurado no varal
respiro o calor
me dói o abdômen de mulher
vejo um par de meias e fico com vontade de por
calçar os pés e colocar o álbum de 1994
no repeat
espero o horário,
quando o alarme toca
programo mil horas
centenas de minutos
quinquilhões de movimentos.
faço calor com as mãos nos
vãos do joelho
um lugar íntimo e meu,
- atrás dos joelhos -
onde nenhum ser humano prende o olhar
jogo água gelada no rosto
lembro da primavera,
sentada no quintal de pedrinhas em
Minas Gerais
eu olhando flor,
sol estalando nos cabelos
castanhos e as vezes loiros e azuis
uma aranha tecendo teia
meu olhar de criança vê a teia
e vem inseto voando,
se enrola e prende na teia que não viu.
as linhas invisíveis se enredam no
corpo insetóide
para mim, a aranha ri.
eu fico presa no calor,
na teia da vida urbana
sou a aranha na teia,
o inseto preso,
a garota que assiste a cena.
pergunto “por quê?”
nem sempre escuto resposta.
mas me vem vento fresco,
sombra, água.
me vem a gigante-mão protetora
onde me guarneço e resguardo
do escaldante calor.
me vem coisa boa,
mesmo sem todas as respostas.
me vem aranha, inseto, infância,
e alegria,
mesmo com as perguntas
(...)
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já
há em mim um já urgente
já é a palavra de ordem
guardo no espero
um recurso de
sofisticada estratégia
o já que dormia por longo
vem pra goela como sua morada
eu descanso o já
deito-o na esteira dos dias
um já bem colocado
se faz imediato
vira partícula viva
longe da gramática,
o sonho encontra o já de Deus
e se forma em
realidade colorida
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tutorial poético I
lavo os copos com cuidado
um a um, dando atenção ao fundo
fora, dentro, nas bordas
lustro com a esponja limpa
molho-a bem, despejo detergente
limpo para ficar brilhante e sem gordura
fic-fic,o som disso
penduro um a um, dando atenção à forma
passo para os pratos
que empilhados lembram uma torre
a esponja vai de um lado ao outro
fundo, raso e côncavo
empilho de novo
enxaguo bem (mesmo)
água quente, nas panelas
água fria nos talheres mais simples
limpo para ficar sem sujeira
mas eu demoro
minha mãe lava mais rápido
mas eu gosto de demorar
aprecio que eu cuide de cada peça
quero cuidar bem assim de mim
e das coisas ao redor
[me falta energia para amar melhor a casa]
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vidinha
tenho coisa alguma para declarar:
estou bem,
a semana vem voando
de tapete.
gosto de leite bem gelado,
até mesmo no frio.
queria ver a neve, pelo menos uma vez.
frugal assim.
e ando descalço pela casa depois do
café da manhã.
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espaço-tempo-coisa
estou seca
e suspensa no ar
presa apenas pela
uma
hora da madrugada
encaro os minutos que
escorrem densos como geléia
o tempo é apenas minha torradeira
quando penso estar confortável
a propulsão me ejeta,
dura e voando.
o tempo é apenas uma música
no replay
incessantemente ligada no 00:03
abra-te sésamo, diga amigo
para entrar,
me fala uma palavra bonita,
descongela o meu passo.
estou frita
presa no teflon,
um aperto grande na barriga
o tempo é apenas minha casa
vivo nele e, ora gentil,
ora caos,
ele me pressiona
me arranca a gravidade
me reserva novos estados:
queimando como uma
supernova,
vista além do tempo,
pavio quântico em que
queimo,
apago,
queimo.
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sinóptico
chega o sinóptico da sexta-feira
um rabisco tresloucado
leio com cuidado,
total cautela de não adulterá-lo.
a porção de palavras de pontapé
me revelam uma alma antípoda,
que se discute, que não se atinge.
no desenvolvimento, adentro
a campânula.
cubro-a com tecido engrumado,
azul escuro com transparências
imitando o planetário de minha infância.
fico surpresa porque é
o resumo do meu último minuto,
daquelas lembranças
e da vicissitude das coisas.
porque repito falhas,
e repito como e com que me alegro,
por isso este sinóptico é previsível,
e por esta razão é perfeito.
porque diz sobre o meu medo,
e toca meus espantos,
pelo motivo de me pormenorizar,
por elencar
cada passo hesitante
é que me fascina.
é porque sou o pobre, falho, desajeitado,
porque posso olhar para a lama
e dizer: “eis o meu igual”
que este salto adentro é excelente.
a causa de que sou lama,
de que sou pó esfarelado,
que crio identificações inúmeras
com este pedaço de coisa.
este texto, esta massa,
esta sexta.
é lama, não passa de lama,
não passa de profundidade,
porque a lama é mutável,
pode ser vívida,
e pode respirar
porque lama é lama,
mas pode se moldar.
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