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#politeísmo helênico
piristephes · 2 years
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Ó Hécate das duplas tochas Que no triplo caminho vagueias Acompanhada de cães umbrais E das sombras dos idos te cercas Vem perto, Guia das Almas, levar O que já não nos pertence E abre com tua chave de todo reino O sacro novo caminho luminescente
engilish:
O Hekate of the twin torches Whom wanders in triple ways Shadow-hounds make you company With the dead, you're surrounded with shades Come hither, O Guide of Souls, to take What is no longer ours And open with thy all-realms' key The sacred and new bright path
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sorceressofeana · 1 year
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A importância da ortopraxia ou como a ortopraxia mudou a minha prática
Nunca dissociei a minha prática mágica ao culto de vários deuses. A identidade que eu construí como bruxa sempre esteve ligada à magia e ao paganismo. Era assim que eu me enxergava e ainda é assim como eu gosto de me ver, mesmo depois de 7 anos de prática.
E mesmo depois de 7 anos na comunidade bruxa, sentia que não havia encontrado o meu lugar. O que eu sabia? Ler algumas cartas de tarot (que eu não lia mais porque ler para as pessoas me deixa exausta)? Meia dúzia de propriedades de alguns cristais? Fazer a Lei da Atração? Quantas vezes eu havia realmente posto a mão na massa e feito um feitiço? Nenhuma. Porque para ser bruxa exige meditação, mas é a meditação quietinha, no silêncio, aquela que você conscientemente se impede de se apegar a certos pensamentos. Porque para ser bruxa você precisa de correspondências exatas, da hora certa, da lua certa, da quantidade certa de movimentos. Mas e quando além de bruxa, você também é ansiosa? E quando além de bruxa você pensa que se não exercer esses exatos passos com esses exatos materiais nessa ordem exata nos dias propícios na quantidade de vezes imposta, então algo de ruim e catastrófico irá acontecer? E quando mesmo você frequentando a terapia e tomando suas medicações esses pensamentos são inevitáveis porque, na verdade, esse tempo todo, a prática mágica tinha sido um gatilho pra você?
E por isso a magia parecia como andar na areia movediça, correndo sempre sem sair do lugar, se esforçando e recebendo migalhas. E por isso chamar os deuses parecia como tentar ouvir alguém em um quarto de isolamento acústico, as vozes completamente abafadas do lado de cá e do lado de lá, cada um sem entender exatamente o que o outro queria, falando com dificuldade em um telefone sem fio. Isso além de me gerar ansiedade, me gerava medo. Medo de me aproximar dos deuses, medo de entrar em contato, medo de eles exigirem mais do que eu tenho pra dar, já que nem o básico da magia eu conseguia executar por conta da minha indisciplina na meditação e da minha falta de disponibilidade para exercer rituais grandiosos em uma casa na qual não sou abertamente praticante de magia e, muito menos, abertamente politeísta. Como eu poderia justificar os dentes de leão, a hortelã e a canela roubada da cozinha guardadas na última gaveta da minha mesinha de cabeceira?
A melhor solução, portanto, foi me afastar tanto da prática mágica quanto do politeísmo. Toda vez que eu me aproximava dos deuses parecia que algo dava errado na minha vida e eu já estava desacreditando da credibilidade de certas magias. Será mesmo que queimar um sigil e junto das suas cinzas colocar pimenta preta e turmalina realmente iriam proteger o meu quarto de energias negativas? Se eu estou questionando a minha fé, então ela não deve mais ser válida.
A ortopraxia chegou para mim em um momento de amadurecimento pessoal e estudos. Estava afastada havia alguns anos da bruxaria, mas sentia falta todos os dias. Hoje, olhando em retrospecto, não sei dizer do quê exatamente eu sentia falta porque a comunicação que eu havia tido com os deuses era ínfima perto do que a ortopraxia dos costumes helênicos me trouxe. A ortopraxia me fez ressignificar toda a minha prática de bruxaria.
O ritual, inicialmente, parecia muita coisa, muitas etapas, muitas oportunidades para errar.
1. Cantar um hino a Héstia e oferecer a vela a ela.
2. Queimar uma folha de louro no fogo da vela dedicada a Héstia e mergulhá-la em água limpa a fim de fazer a khernips, mais conhecida como água lustral.
3. Agora devemos aspergir a água lustral em nós mesmos e no nosso altar a fim de purificar o ambiente.
4. Isso feito, é hora de chamar quem queremos contactar — mas sem esquecer de Héstia, sempre a primeira e a última.
5. Chamada a(s) divindade(s), então é hora de recitar um hino de sua preferência a ela(s).
6. Ao terminar de recitar o(s) hino(s), é o momento de fazer suas preces, oferecer o seu presente, fazer uma libação, pedir algo. Pode fazer uma dessas coisas ou todas elas, esse momento é seu para agir como o seu coração mandar.
7. Acha que o momento chegou ao seu fim? Agradeça a presença da(s) divindade(s) e apague a vela.
Assim, tão simples quanto começou, terminou o ritual. Sem números repetidos, sem momento certo do dia, sem dia da semana exato, sem mover três vezes pra direita.
Esses simples passos foram capazes de salvar a minha fé. Antes se eu escutava abafado, hoje não só escuto claramente, como também sei que sou escutada. Meus olhos se abriram e hoje posso perceber a esfera de ação dos deuses na minha vida.
Eles não me negaram nada, mas também não pedi nada que fosse absurdo. Pedi apenas orientação e eles me orientam todos os dias, os caminhos tão claros quanto a luz do sol ou o luar na penumbra. Athena, Ártemis e Apolo me guiam nas dificuldades diárias da minha vida.
A ortopraxia permitiu que eu finalmente não tivesse mais medo de achar que em vez de estar me aproximando dos deuses eu estava, na verdade, lidando com um espírito mentiroso. A ortopraxia me deixa mais segura em conversar com os deuses, em sentir a sua presença, em oferecê-los flores e incensos, em pedir sua orientação e ação em minha vida porque eu sei que são eles. Porque eu sei que a calmaria que sinto após ler o Hino à Héstia é porque consegui sintonizar o meu rádio à estação deles. Porque eu sei que se eu me embolar com as palavras no meio do caminho eles irão me compreender porque, a verdade, é que eles são sim compreensivos e benevolentes e não uma aura de terror te julgando a cada passo errado pronta para lançar uma maldição.
Eu sou grata todos os dias por tê-los encontrado nessa vida. Sei também que irei encontrá-los na próxima.
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angelanatel · 7 months
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As Norns (nórdico antigo: norn, plural: nornir) no politeísmo nórdico são seres femininos que governam o destino dos seres humanos, possivelmente uma espécie de dísir (fantasma, espírito ou Divindade associada ao destino), e comparáveis aos Moirai (também chamados de "Os Destinos") no politeísmo helênico. As três nornas mais importantes são Urðr (Wyrd), Verðandi e Skuld. Além dessas três nornas, há muitas outras que chegam quando uma pessoa nasce para determinar seu futuro. Diz-se que as nornas visitam todas as crianças recém-nascidas. As Matres e Matronas germânicas, Divindades femininas veneradas no noroeste da Europa e frequentemente retratadas em objetos votivos e altares quase que inteiramente em grupos de três, foram propostas como conectadas com as dísir, valquírias e nornas germânicas posteriores, possivelmente derivadas delas.
A obra de arte é de um artista desconhecido.
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matriarca-inodora · 4 years
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Canções de Noumenia
Algumas palavras que espero serem encorajadoras nesse primeiro dia do mês lunar. Não percam de vista a luz, mesmo em plena escuridão.
(Here are some short poems/hymns I wrote for Noumenia. I think we all need some warmth and light. I wrote them in Portuguese because that`s what felt right)
Canção de Noumenia
Canto hoje, na alvorada da noite
O chamado do tempo que muda se faz entre os silêncios. Lá surge ela, a primeira luz, arco argênteo da aurora vindoura. Chamo aos nobres soberanos que este dia regem, canto-os com ternura e solenidade.
Canto aos que atentos à porta estão, e que vêm a encruzilhada
Canto aos que a entrada cobrem de sua atenção e que como égide se prostram entre nós e o desconhecido
Canto aos que no cerne ficam, acalentam e  que aquecendo, lembram
Daquilo que tentamos proteger
Canto aos que pelo vidro adentram, com luz, vento e lembrança
Canto ao que na dispensa fica, sagrado alimento cuida, silente e atento, tão pouco pedindo em retorno
Aos que nos dão esperança, a todos canto. Venham, e sejam bem-vindos, através da chama sagrada sejam chamados.
Aqueles que não menciono, aqueles cujo nome tenho na ponta da língua,
Todos canto, neste dia e noite que começa.
Que eu possa dar a ajuda a aqueles que me pedirem
Que eu possa ter a ajuda daqueles que me vierem
Que o ciclo permaneça e que o dia raie
ainda que separados todos estejamos, estejamos juntos!
Louvados sejam, poderes, e bem-vindo seja o novo ciclo.
A Apolo Noumenios
Ei-la, a primeira luz! Surge o filete arqueado na face lunar.
É teu arco argênteo, soberano, que vejo entre os astros, é tua luminosa presença que se aproxima nesta noite.
Inicia-se nova jornada, novo caminho de incerta direção. Dentre as sombras e brumas, ergue-nos, senhor, tal qual flecha em tuas mãos, e nos lança no caminho certo. Que resplandeça nossa passada pela penumbra, que sejamos certeiros em nossas decisões. Brilha nesta noite, Apolo Noumenios, esteja conosco neste mês que se inicia, em que a clareza e a razão são chama vital, traga-nos a aurora após longa noite.
Seja bem-vindo.
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bruxurso · 4 years
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╔═════ೋೋ═════╗
🌙 Há um princípio divino real e incompreensível, mas perceptível a muitos povos e culturas. Alguns vêem como apenas um único agente criador (um único Deus, monoteísmo), outros vêem como vários agentes que compõe o Universo (politeísmo). Tanto o monoteísmo quanto o politeísmo nos apontam para o mesmo princípio criador. Tenhamos isto em mente em primeiro lugar.
Desde o início dos tempos, a humanidade manteve um forte sentimento com a Natureza, os ciclos, a fertilidade, e também com a alma, os acontecimentos. Durante os Tempos Áureos este vínculo era ainda mais forte, éramos mais ligados às divindades. Por divindades entendemos que são personificações de forças divinas que atuam na natureza e em nossa vida. Muitos ainda entendem por divindade como sendo seres divinos e conscientes, atuantes dentro de um mistério, neste caso o milenar mistério helenista. Podemos dizer que no paganismo helênico, tanto o antigo quanto o mais moderno, não segue um único modelo unificado do divino, pois há várias formas teológicas diferentes, várias compreensões, que embora diferentes umas das outras, possuem uma lógica semelhante. É o que discutiremos ao decorrer desse artigo.
Na antiga religião pagã grega e também noutras religiões, atribui-se a criação do Universo e da vida terrestre a partir da união de dois princípios (dualismo), muitas vezes o Céu (Urano, espírito, princípio masculino) com a Terra (Gaia, matéria, princípio feminino). Essa dualidade está presente fluindo em todo o Universo e também dentro de nós. Alguns aspectos gregos de dualismo são Réia e Cronos, Afrodite e Ares, e Ártemis e Apolo.
Réia representa a mãe, que nutre, e Cronos representa o pai, que instrui. Afrodite e Ares possuem um sentido sexual e atrativo, a união do homem com a mulher. Ártemis representa a Lua, a Alma, enquanto Apolo representa o Sol, o Logos.
Este conceito de Alma e Logos está presente em muitas escolas filosóficas da antiga Grécia. O Logos é a razão, a meditação, enquanto a Alma é o sentimento, a contemplação.
Não se pode aplicar a todo o Universo o princípio de "Bem" e "Mal". O Bem é a união, a harmonia cósmica, o Mal é a separação, a desarmonia cósmica.
No dodecateísmo podemos dividir as divindades em, basicamente, duas grandes categorias: divindades primordiais, e divindades arquetipadas (lembrando-se que nenhuma delas é do Bem ou do Mal).
Os "Três Reinos", apresentado na religião grega refere-se aos três planos da criação. O Reino de Zeus é o plano da vontade, o Reino de Poseidon é o plano astral e intuitivo, o Reino de Hades é o plano espiritual e racional. Respectivamente referem-se às três qualidades presentes na criação: cardinal, mutável e fixo. Eis a Trindade Divina helênica.
Há uma idéia de Setenário entre os antigos gregos e romanos, além de diversos outros povos, na qual há sete Deuses principais que regem o universo, como vibrações divinas. A partir dessas sete vibrações todas as outras divindades firmam seu poder e todas as coisas são originadas. Os antigos apontavam essas vibrações pertencendo à certos astros do sistema solar. Podemos perceber isto no próprio sistema de sete dias da semana, no qual cada dia pertence a um deus, no qual usamos até hoje, isto é uma herança de nossos ancestrais. Essas sete vibrações que regem todas as coisas (Deuses) são: Apolo (o impulso), Hermes (a expansão), Afrodite (a união), Ártemis (a criação), Ares (a ordem), Zeus (o equilíbrio) e Cronos (a transmutação).
Também há presente no dodecateísmo o simbólico número 12. É o número simbólico dos ciclos e da plenitude (4 elementos x 3 planos da criação). É o número dos titãs e olimpianos. São as doze emanações que vêm do divino até nós. É também o número de signos do zodíaco. Os gregos foram grandes precursores da astrologia ocidental que temos hoje. Cada divindade olímpica pode ser associada a um signo do zodíaco. Hermes, por exemplo, é associado ao signo Gemini, pois as características desse Deus são semelhantes às das pessoas que são desse signo (loquacidade, conhecimento, etc), e, tais pessoas têm fortes ligações com esta vibração divina, que é o Deus Hermes. Com o tempo os gregos nomearam 14 Deuses como olímpicos (burlando o esquema).
As divindades são sustentadas pelo que elas abrangem e pela egrégora de devotos. Cada divindade tem sua particularidade, seu simbolismo, possui as suas cores, suas oferendas, seu abrangimento, e até seu animal, porém é basicamente simbólico e tradicional. As imagens de divindades ("ídolos") não são feitas para adorar a imagem, e sim para que visualizemos a divindade, e nela meditemos. Cada divindade possui sua própria imagem, com seus atributos e símbolos, para identificar o que ela abrange e representa. Têmis, Deusa da justiça, por exemplo, possui como atributo uma pequena balança, representando a igualdade, uma venda nos olhos, representando que a justiça é cega, e uma espada, representando a punição.
Os mitos servem de exemplos para nossa vida, ou de metáforas para acontecimentos e fenômenos naturais. Alguns mitos possuem um fundo real, pois há divindades que, antes de serem cultuadas, são relaccionadas à pessoas que fizeram grandes feitos no passado, e então foram divinizadas. Zeus pode ter sido o primeiro grego a estabelecer um sistema de leis. Hefesto o primeiro grego a trabalhar com forja. Ares um hábil guerreiro grego. E então foram cultuados após a morte, e com o tempo suas devoções se tornaram algo mais divino e transcendente, e até simbólico.
Lembremos que os Deuses são manifestações do princípio criador (Céu e Terra aos dualistas; Uno, Alma e Razão aos neoplatonistas; etc). Deuses são arquétipos, avatares criados por nós, baseados em forças divinas, como fenómenos naturais ou aspectos da mente humana. São arquétipos baseados em determinadas vibrações emanadas do princípio criador. Depositando fé nesses arquétipos, criamos um fluxo divino com eles, e com nossos ancestrais que os cultuavam, criando uma egrégora, então essas forças tornam-se poderosas, avivadas através de nossa fé. 🌙
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ㅤ— [✿🖤Meus Estudos✿] - -❀ೃ .
○°•°♡Bom esse foi o meu blog espero que tenham gostando. Que os Deuses nos abençoe sempre!♡°•°○
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hermeneutas · 22 days
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Outros Deuses e Seus Epítetos - Agathos Daimon, o Nobre Espírito.
Continuando nossa série de postagens sobre os Deuses, hoje focaremos em uma deidade peculiar e, principalmente para aqueles fora da religião, pouco conhecida integralmente. Falaremos hoje de um daimon muito importante -- Agathos Daimon, o Bom (Ou Nobre) Espírito!
Representado como um jovem com uma cornucópia ou como uma serpente, o Daimon é um espírito dito responsável pela prosperidade do lar, sua proteção e, no caso de locais com plantação, um guardião da boa colheita.
Em outra visão da mesma deidade, o Agathos Daimon também é descrito como um espírito atribuído a cada pessoa. Um daimon pessoal de cada um, capaz de guiar, ensinar e proteger, similar ao eudaimon descrito nos escritos de Platão. Era por vezes dito que o Agathos Daimon era o consorte de Tique, a Sorte, e por isso tinha domínio sobre nossa própria prosperidade.
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Em termos de culto, o Agathos Daimon não era uma deidade com templos cívicos na maior parte da Hélade. Seu culto era de natureza doméstica quando acontecia, com libações simples dedicadas a ele.
Por vezes, o Daimon era sincretizada com diversos aspectos de Zeus, como o Zeus Meilichios (Zeus, o Afável) que era representado como uma serpente (uma representação ctônica) e Zeus Ktésios (Zeus dos Bens), onde era honrado com a feitura de um kathiskos -- um pequeno recipiente selado com azeite, comida, grãos e mel, dedicado mensalmente ao Deus do céu neste aspecto doméstico, invocando sua prosperidade.
Além de Zeus, os Deuses Baco e Hermes são alguns dos que levam a associação direta ao daimon, tendo-o como epítetos endereçados a si próprios. A forma de honrá-lo seria com uma libação no segundo dia do mês helênico, onde costumeiramente se derrama uma libação de vinho na terra para este espírito auxiliador.
Na região de Kemet (o Egito), o Agathos Daimon fora sincretizado com o Deus Sérapis e era cultuado em templos na era helenística principalmente. Sua origem é debatida mesmo nos tempos antigos, com Hesíodo afirmando em seu Os Trabalhos e os Dias, que os bons espíritos da "Era de Ouro" eram estes daimones que guiam os mortais.
Independendo da forma e origem, todos se complementam no aspecto benévolo do Agathos Daimon, tal é a nobreza de seu nome aqui. Estabelecer um vínculo com este espírito, faz parte de uma comum prática entre os politeístas helênicos modernos.
Por fim, encerramos o post com o Hino Órfico 73, que sincretiza o Agathos Daimon com o próprio Zeus: "Ao Daimon [Zeus]. A ti, poderoso governante Daimon temeroso, eu chamo, Zeus brando, doador de vida, e a fonte de tudo: grande Zeus, muito errante, terrível e forte, a quem vingança e torturas terríveis pertencem. A humanidade de ti em riqueza abundante abunda, quando em suas habitações alegres tu és encontrado; ou passa pela vida aflito e angustiado, os meios necessários de bem-aventurança por ti suprimidos. É só teu, dotado de poder ilimitado, para manter as chaves da tristeza e do deleite. Ó santo e abençoado pai, ouça minha oração, disperse as sementes do cuidado que consome a vida, com mente favorável aos ritos sagrados, e conceda à vida um final glorioso e abençoado.
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hermeneutas · 3 months
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Outros Deuses e Seus Epítetos - As Cárites/As Graças
Neste post seguimos nossa série de postagens sobre os amados Imortais. Desta vez focando em mais uma comitiva de divindades -- As Cárites, as Deusas da alegria, dança, glória, festividade e júbilo.
Também nomeadas "Graças", são as divindades responsáveis pela manutenção destes prazeres supracitados. Frequentemente agrupadas em três ou versões onde são deusas mais numerosas, elas são frequentemente descritas como atendentes das Deusas Hera e Afrodite.
Elas eram representadas frequentemente juntas, nuas ou com vestes leves, segurando as mãos umas das outras em um círculo enquanto exibiam expressões sorridentes. Elas portam coroas de murta ou rosas em seus aspectos. Na maioria das vezes são descritas como filhas de Zeus e Hera, mas com outras mães também sendo atestadas, como Harmonia, deusa da concórdia e filha de Ares, assim como Eurínome, a titã dos pastos e ermos.
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Em relação ao culto às Cárites, seus maiores espaços sagrados ficavam na cidade de Orcómeno na Beócia e na ilha de Paros. Entretanto, as Deusas eram frequentemente cultuadas em conjunto com outras deidades olímpicas (Hera, Apolo, Afrodite, Dionísio e muitos outros) em cidades como Atenas, Argos e na região da Lacedemônia.
Os nomes das Cárites
O número atestado de Cárites varia em cada uma das polis, com o escritor romano Pausânias indo em detalhes para cada uma. Ao invés de epítetos aqui listados, traremos um compilado dos nomes das Deusas que já atestam em si seus atributos comuns em relação ao seu domínio sobre os aspectos positivos da vida.
Aglaia - "Esplendor", também chamada de Kharis (Graça) ou Kalleis (Beleza), é a esposa de Hefesto, personificando o esplendor da beleza.
Antheia - "Florida", uma das Graças associadas às flores.
Auxo/Auxesia - "Aumento", é por vezes descrita como uma das Graças ou como parte das Horai, deusas das estações do ano. É a divindade do crescimento primaveril. Era cultuada em trio com as outras Cárites Damia e Hegemone em Atenas.
Eudaimonia - "Felicidade", deusa da felicidade e opulência, representada ao lado de Afrodite em algumas cerâmicas.
Eufrósine - "Bom ânimo", é a deusa da alegria de espírito e comemoração. Também chamada de Eutimia.
Kleta - "Famosa", cultuada em Esparta ao lado da graça Faena, são as deusas da fama e da glória.
Paidia - "[relacionada à] Infância", a Graça das brincadeiras e diversão. É representada ao lado de Afrodite em pedaços de cerâmica.
Pandaisa - Graça associada aos banquetes fartos, representada ao lado de Afrodite nos vasos de cerâmica.
Pannychis - "Todas [as] noites", é a Graça associada às festividades noturnas. Representada como parte da comitiva de Afrodite nas artes de cerâmica.
Pasitéia - "Deusa adquirida" é a esposa do Deus Hipnos, o Sono e a divindade do descanso e relaxamento.
Peitho - "Persuasão" é a divindade da persuasão e sedução. Geralmente retratada como atendente direta de Afrodite, por vezes sendo descrita como um epíteto dela. Também era listada entre as Cárites.
Tália - "Festividade" é uma das Cárites cultuadas ao lado de Eufrósine e Aglaia, tida como irmã de ambas. Curiosamente partilha o nome com a Musa da Comédia, embora seu domínio esteja mais ligado aos banquetes fartos e luxuosos, é por vezes descrita como a mesma deidade que Pandaisa.
As Graças são numerosas e descritas como imprescindíveis para os aspectos positivos da vida. São suas nutrizes, representações vivazes da celebração e alegria que frequente abençoa a vida dos mortais sob os olhos atentos de Afrodite e várias outras divindades. Diz Píndaro em seu hino que sem estas Deusas, as doçuras da vida não florescem, seja a sabedoria, amor ou a beleza.
Apreciamos as honrosas Cárites por fim neste post e que suas doçuras sempre nos encontrem!
Ode Olímpico às Graças, de Píndaro. (Honraria feita a um vencedor dos Jogos Olímpicos)
"Cujos refúgios estão perto do rio Céfiso, vocês, rainhas amadas da canção dos poetas, governando Orcómenos, aquela cidade iluminada pelo sol e terra de adoráveis ​​corcéis, vigiem e protejam a antiga raça mínia, ouçam agora minha oração, vocês, Cárites, três. Pois em seu presente estão todas as nossas alegrias mortais e todas as coisas doces, seja sabedoria, beleza ou glória, que enriquecem a alma do homem. Nem mesmo os deuses imortais podem ordenar em seus comandam as danças e festas, sem a ajuda das Cárites; Pois vós sóis as ministras de todos os ritos dos céus, cujos tronos estão colocados em Pytho (Delfos) ao lado de Apolo do arco dourado, e que com honra eterna adoram o Pai, senhor do grande Olimpo. Eufrósine, amante da música, e Aglaia reverenciada, filhas de Zeus, o Altíssimo, ouçam, e com Tália, querida da harmonia, olhem para nossas canções de festa, com pés leves pisando para agraciar esta hora alegre. . . Venho elogiar Asópico, cuja casa mínia, Thalia, agora a seu favor ostenta o orgulho do vencedor olímpico."
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hermeneutas · 1 month
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Sobre os Primordiais - Gaia, a Mãe-Terra.
Começando esta nova série onde trazemos detalhes relevantes sobre os Protogenoi, iniciaremos por uma das mais populares deidades. Amplamente retratada na mitologia, frequentemente descrita como uma antagonista dos Deuses nestes escritos e sendo uma potência inegável de vida e fertilidade, falamos hoje de Gaia, a Terra. Note que usaremos aqui nestes escritos, propositalmente, o nome das divindades e seu domínio de modo intercambiável, uma vez que os protogenoi são literalmente estes elementos que compõem o Cosmos.
Também chamada Gê ou Géia, a Mãe Terra emergiu do Caos Primordial (mais sobre ele em um próprio post!) segundo Hesíodo em sua Teogonia, escrito que narra o nascimento dos Deuses compilando os mitos em narrativa. Uma grande mãe por excelência, Terra tem inúmeros Deuses, daimones e seres divinos como parte de sua descendência.
Em seu domínio está a terra em todas as suas expressões - desde vãos na terra à cavernas, campos e florestas, pois Gê é o próprio chão onde se pisa. Nas descrições de ritos ctônicos da Odisséia, Gê está entre os Deuses para os quais Odisseu dedica um sacrifício, pois abaixo dela é onde se encontra, segundo os antigos, o Mundo Inferior.
Nas suas representações antropomórficas, Gaia é retratada como uma matrona com vestidos longos, adornada com frutos da terra ou com os karpoi, os daimones dos frutos e filhos dela. Um dos símbolos visíveis também é uma cornucópia recheada de alimentos. Nos vasos de cerâmica, Gaia é frequentemente representada se erguendo da terra.
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Diferentemente da maioria dos Primordiais, Gaia era uma divindade com um culto consistente em alguns locais, presente em santuários menores de outras deidades como Zeus e Deméter. Seu culto estava presente na região da Ática, Lacedemônia, Aquéia e também na Arcádia, mas há poucos relatos de algum templo dedicado inteiramente à Mãe Terra.
Listamos aqui alguns nomes e epítetos de culto usados para Gaia.
Nomes alternativos
Khthon/Khthonie (Χθον/Χθονιη) - É uma palavra alternativa para "terra", origem da expressão "ctônico", ou seja, "da terra".
Epítetos
Meter Panton (Μητηρ Παντων) - "Mãe de Todos" Euristenos (Ευρυστερνος) - "De amplo seio" Megale Thea (Μεγαλη Θεα) - "Grande Deusa" Olimpia (Ολυμπια) - "de Olímpia", uma das cidades do peloponeso com um proeminente culto a Zeus. Havia um altar para ela no templo. Gasepton (Γασηπτον) - "Terra sublime" Kourotrophos (Κουροτροφος) - "Nutriz dos jovens" Anesidora - "Dispensadora de bens"
Como podemos ver, os epítetos de Gê referem-se grandemente a sua fertilidade, capacidade enquanto cuidadora e nutriz de toda a criação.
Nas narrativas míticas, Gaia é frequentemente citada como a sustentadora da vida terrena e seus hinos a descrevem como fonte da felicidade dos mortais. Clamada na Ilíada como testemunha para juramentos e honrada em altares como o poder por trás da vida que fervilha na terra, Gê é de importância inestimável e dá forma ao planeta que habitamos.
Por fim, encerramos este post com seu hino homérico, traduzido por Alexandra Nikaios.
De Geia eu canto, Mãe firme de tudo, a mais antiga, que alimentou a vida na terra, sempre que caminhava no solo ou nadasse no mar ou voasse; Ela sustentou cada uma de suas riquezas. Através de ti os povos são abençoados de filhos e frutos, Ó Rainha, que dá e reclama a vida dos mortais; enriqueça quem quer que te agrade e honre; toda a abundância para eles; que suas terras férteis sejam frutíferas; através dos campos seus rebanhos prosperem; sua casa seja repleta de deuses. Eles regem os estados bem-ordenados com formosas mulheres, e ampliam as riquezas dos que os seguem; seus filhos exultam com júbilo jovial; suas filhas brincam em danças de espalhar flores com o coração feliz, e pulam pelos campos floridos. Tal coisa tu dás, Rica Divindade Sagrada. Então te saúdo, Deusa-Mãe, Esposa do Céu Estrelado; recompense minha canção com um sustento prazeroso! De ti eu me recordo, e de outra canção também.
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hermeneutas · 4 months
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A pluralidade e o politeísmo
Um elemento crucial a ser discutido entre os grupos politeístas e devotos dos Imortais é o inerente pluralidade com qual lidamos quando nos aproximamos da espiritualidade em geral. Mesmo olhando somente para a religião helênica encontramos -- desde a antiguidade -- um considerável número de variações nas noções que envolvem nosso caminho com os Divinos.
Discutamos aqui um pouco sobre isso, então.
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A Ártemis Orthia de Esparta foi descrita pelo romano Pausânias como um objeto de discussão mesmo na antiguidade, reza o mito que a sacerdotisa e heroína Ifigênia a trouxera da Táurida para aquela região nos tempos heroicos como relatados no ciclo teatral da Orestéia por Eurípides. Este fato, entretanto, é discutível tendo em vista que outras regiões da Hélade clamavam o mesmo.
Embora existam elementos unificadores quanto a religião (o maior deles sendo o culto e a ideia quanto a soberania de Zeus), os Deuses principais de determinadas partes diferiam substancialmente. Mesmo os integrantes dos Dodekatheon (Os Doze Deuses) não eram uma ideia fixa, com pensadores antigos como Heródoro de Heracleia descrevendo os olimpianos como Zeus, Hera, Poseidon, Atena, Ártemis, Apolo, Dionísio, as Graças, Cronos, Réia e o Deus-rio Alfeu.
Havia também locais onde a reverência aos Deuses tomava formas graças a mitos locais e variações culturais: Em Rodes, o culto a Hélio, o Deus-Sol, tomava uma proporção grandiosa e focal quanto ao modo de vida dos habitantes de lá, assim como Hera figurava como a deidade mais louvada da região de Argos. Acontecia também de uma mesma divindade ser louvada de maneiras diferentes, com mitos diversos atrelados a sua localidade, história e tradições de cada local, como Zeus, uma divindade representada de modo vastamente celestial (urânico) sendo cultuado sob o aspecto de uma cobra, um símbolo ctônico em grande parte, com o epíteto Meilikhios -- o afável.
Os Deuses são louvados e cultuados de maneiras diferentes há milhares de anos, com um espectro de variações míticas e de tradicionais ricas presentes na cultura de cada povo do Mediterrâneo. A pluralidade é uma realidade inerente ao politeísmo helênico desde as suas raízes mais antigas e conforme tracejamos esta linhagem até os tempos modernos onde ocupamos, a devoção aos Deuses toma novas formas.
Hoje em dia há devotos mais alinhados ao reconstrucionismo, onde há um esforço de revisitar o passado das tradições religiosas como inspiração para celebrações e na busca de conexão com os Divinos. Há também aqueles que buscam louvar os Imortais em outras tradições que pouco dialogam com a história helênica em si, mais alinhados a outras vertentes de paganismo. Entre discussões e atritos possíveis, por Zeus e os Imortais nos guiamos em busca de uma reciprocidade virtuosa com os Divinos em suas belas e plurais formas.
No fim, cada grupo de devotos, estejam eles se reunindo presencialmente ou não, forma um corpo vivo destas espiritualidades que se enlaçam no politeísmo helênico em suas expressões vivas -- estejam aqui no Brasil ou não.
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hermeneutas · 2 months
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Outros Deuses e Seus Epítetos - As Horas
Khairete philloi!
Damos continuidade neste post da série sobre os Deuses e seus epítetos mais conhecidos. Desta vez focaremos em um outro grupo de deidades importantíssimas para a manutenção do ciclo natural - as Horas.
As Horas, do grego Horai (Porção de Tempo), são as Deusas do fluxo natural do tempo, a passagem das estações e das mudanças nas constelações. Elas também são descritas como guardiãs da entrada para o Olimpo e organizadoras das estrelas nos céus.
Representadas em maior parte como um agrupamento de três jovens bem-vestidas, as Horas dançam em círculo e cumprem suas funções, dando o dinamismo e movimento ao Cosmo. Em grande maioria das vezes, elas são descritas como filhas de Zeus e titã Têmis, a Deusa das leis sagradas e dos costumes divinos. Já os autores Quinto de Esmirna e Nono atribuem a parentagem delas a Hélio e Selene, ou somente Hélio, visto que os titãs do sol e da lua também estão atrelados à passagem de tempo.
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Concernindo o culto às Horai, vemos que elas não possuem relatos abundantes de templos dedicados ao coletivo de deidades em si, salvo um templo dedicado a uma dupla de horai em Atenas -- a Talô e Karpô, descritas como horai da primavera e do outono, respectivamente, que compartilhavam um altar com Dionísio no mesmo templo.
Entretanto, há vários santuários e representações delas nos templos de outras divindades: No templo de Zeus em Mégara, no templo de Hera em Argos, no de Apolo em Amyklae (perto de Esparta) entre outros.
Interessantemente, elas são representadas junto às Cárites (as Graças) nestes espaços supracitados também.
Quanto aos nomes das divindades descritas como membros das Horas, segue uma descrição breve de cada agrupamento mais comum.
Nomes das Horai
Diké, Eunomia e Irene - Respectivamente, "Justiça" (Δικη), "Boa Ordem" (Ευνομια) e "Paz" (Ειρηνη), são Deusas filhas de Zeus e Têmis. Estas horas são as divindades associadas às virtudes encarnadas por seu nome. São descritas por inúmeros autores, como Hesíodo, Píndaro e Hígino.
Karpô, Talô e Auxo - Respectivamente, "Fruto" (Καρπω), "Talo/Crescimento" (Θαλλω), "Aumento" (Αυξω). Descritas essencialmente por Pausânias e Hígino como divindades associadas ao fluxo da natureza, cada uma aqui representa o ciclo natural de crescimento das plantas.
Talô é descrita em Atenas como a hora da primavera e Karpô como a hora do outono, com cultos bastante antigos atribuídos a ambas. Nos ritos de passagem para a maioridade, os jovens atenienses mencionavam Talô como parte de seu juramento ao se tornarem efebos, ou seja, adolescentes em treino para serem considerados adultos. Na Teogonia de Hesíodo, Talô é um epíteto de Irene, a hora da paz.
O poeta romano Hígino eleva o número de Horai à dez, descrevendo as seguintes e somando-as como parte deste coletivo.
Auxêsia, Damia, Ortôsia e Ferusa - Do grego, respectivamente, "Crescimento (Αυξησια)", "Terra-nutriz (Δαμια)", "Prosperidade (Ορθωσια)" e "Traz-substância" (Φερουσα).
As seguintes são um quarteto de horai descritas na qualidade de Deusas das estações do ano.
Eiar (Ειαρ), Theros (Θερος), Ftinóforon (Φθινοφωρον) e Químon (Χειμων) - Respectivamente, "Primavera", "Verão", "Outono" e "Inverno".
Importantes divindades descritas como benevolentes e nutrizes da natureza, dos mortais e ministras dos Deuses celestes, as horai são companheiras frequentes das deidades que tanto nos cobrem com benesses.
Honremos estas grandiosas Deusas e busquemos invocá-las junto aos Imortais por suas graças tão benévolas à humanidade. Encerramos o post junto ao hino órfico às Horas, tradução de Rafael Brunhara do blog "Primeiros Escritos" (recomendamos para quem curte hinos e literatura antiga!).
Das Horas; fumigação: Ervas Aromáticas
Horas, filhas de Têmis e Zeus soberano, Bensoência [Eunomia], Justiça [Díke] e Paz [Eirene] multiafortunada, vernais Deusas dos prados, puras e multiflóreas em flóridos sopros, de todas as cores, de muitos odores, Horas volventes e  viçosas sempre, de face doce,   (5) que vestem véus feitos do orvalho de rosas virentes, brincais com a pura Perséfone quando as Sinas [Moirai] e as Graças cantando e dançando em roda a elevam à luz, a Zeus agradando e à mãe doadora de frutos. Vinde aos neófitos nos auspiciosos e consagrados ritos (10) trazendo sem falha frutos nascentes das estações.
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hermeneutas · 5 days
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Outros Deuses e Seus Epítetos - Nêmesis
Continuando nossa série de posts sobre os Deuses e suas características principais, focaremos hoje em uma divindade imponente em seus atributos. Hoje, falaremos da Deusa da vingança, indignação e retribuição - Nêmesis.
Representada como uma jovem, por vezes alada, em vestes de caça, portando uma espada e açoite, Nêmesis é descrita na maioria das fontes como uma das filhas de Nix, a Noite, uma Deusa primordial que deu origem a diversas divindades nos primórdios da existência como nos relata Hesíodo. Pausânias, escritor romano, aponta seu parentesco como sendo do titã Oceano enquanto um fragmento da Cípria por Estágino de Ciprus aponta Nêmesis como sendo filha do próprio Zeus.
Retratada em seus mitos e cultos como uma divindade preocupada com a manutenção do equilíbrio, Nêmesis é vista como uma punidora de malfeitores, uma força que preza pela manutenção contra excessos de sorte (Causados por Tique, a Deusa da sorte) ou azar na vida das pessoas e uma divindade particularmente descrita como inescapável. Em suas características, ela é similar a Dice, a Justiça e as próprias Eumênides, sendo retratada como uma força de punição em essência. Frequentemente é representada ao lado de Aidos, a Deusa da modéstia e vergonha, sua aliada na manutenção da reverência e respeito à dignidade.
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Em termos de culto, Nêmesis tinha um templo muito famoso na região ática, particularmente na cidade Ramnos. Era também venerada na Acáia e na Anatólia.
Outros nomes
Além de ser chamada Nêmesis, do grego "Dispensadora de Sentenças", a Deusa da vingança também era chamada de Adrasteia (Αδραστεια) na região da Anatólia, significando "Imparável" e sendo possivelmente derivada de um homem de nome Adrastos, que havia feito o primeiro santuário para a Deusa diante do rio Asopo.
Epítetos
Rhamnousia (Ραμνουσια) - "De Rhamnos", é um epíteto famoso da Deusa por sua associação à polis de Ramnos na região Ática.
Ichnaia - "Rastreadora", mais um epíteto ressaltando a natureza inescapável das punições dadas por Nêmesis.
Dentre suas vítimas mais famosas temos o jovem Narciso nas narrativas romanas de Ovídio, que havia causado a morte de seus pretendentes ao não apenas rejeitá-los, mas humilhá-los e incitá-los ao suicídio. Nêmesis é quem se encarga de punir o jovem sob ordem dos outros Imortais, fazendo-o se apaixonar por sua própria feição diante de um lago e definhar até que se tornasse a flor narciso.
Platão dizia que a Deusa era mensageira de Dice, a Justiça e agia sob suas premissas, punindo aqueles que desrespeitassem seus próprios pais. Algumas outras narrativas míticas, como Pseudo-Higino e fragmentos da Homérica Cípria apontam Helena de Tróia, filha de Zeus, como sua filha com o Rei dos Deuses após ser violentada. Outras narrativas apontam-na como mãe dos Telquines e as demais não fazem menção a quaisquer filhos.
Hesíodo vai em amplo detalhe sobre como as raças da humanidade mudam a cada grande era mítica, alocando seus contemporâneos como membros da "Era de Ferro" da humanidade, cheia de sofrimentos e que Nêmesis, um dia, iria embora para não termos mais quem combatesse os males junto aos Deuses Imortais.
Uma divindade punitiva e poderosa, Nêmesis encarna a retribuição divina contra os malfeitores tal como outras deidades já aqui citadas. Lembremos dela em conjunto com a divina reverência (Aidos) e cultivemos bons movimentos em nossa vida, rezando para termos a Imparável Deusa como nossa aliada.
Encerramos este post com o hino órfico dedicado à Deusa da retribuição, invocando-a por seu poder justo e figura que nos relembra da indignação contra os atos violentos.
Ó Nêmesis, celebro-te, grande Deusa e rainha, onividente a contemplar a vida das muitas tribos mortais, multi-insigne perpétua, só tu te agradas com os justos e transformas as palavras instáveis, multicambiantes, sempre; os mortais,com o jugo no pescoço, têm medo de ti: cuidas do pensar de todos e não deixas passar a alma irrefletida que despreza tuas palavras. Tudo contemplas, tudo auscultas, tudo arbitras: em ti está a justiça dos mortais, supremo nume! Vem, venturosa, pura e eterna defensora dos iniciados, concede-nos nobres propósitos, cessa os mais hostis pensamentos - impiedosos, soberbos e inconstantes.
[Tradução: Rafael Brunhara]
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hermeneutas · 9 months
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Outros Deuses e Seus Epítetos - As Musas
Olá philoi!
Continuamos nossa série de posts dedicados a falar um pouco sobre os epítetos, culto e aspectos relevantes sobre várias deidades com, dessa vez, um grupo de Deusas bastante relevantes para a tradição cultural helênica: As Musas!
Descritas como as inspiradoras dos poetas, pensadores, historiadores e escritores em geral, as Musas são as patronas de toda sorte de arte antiga. É dito que Pitágoras fazia oferendas de bois quando fazia alguma descoberta na geometria e que poetas antigos faziam oferendas a ela antes de iniciarem suas canções. Vemos invocações às Musas dos mais variados autores e poetas, até a atualidade.
Mais comumente as vemos agrupadas em nove, sendo estas referidas na mitologia como as filhas de Zeus, Rei dos Deuses, e de Mnemósine, a Deusa-titã das memórias e inventora das palavras.
Menos comumente, vemos outros agrupamento de Musas, algumas descritas como filhas de Apolo, outras sendo ainda mais antigas que as filhas de Zeus, sendo filhas de Urano, os Céus, e Gaia, a Terra.
Por fim, seguimos detalhando seus epítetos, nomes e descritores mais comuns em seguida.
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Os locais mais comuns de culto às Musas que temos em registro concerne o Monte Hélicon na Beócia e a Piéria, na Macedônia. Ambas regiões icônicas associadas a mitos de seu nascimento que continham templos para as Musas no passado.
Antes de focarmos em seus epítetos, visto que se trata de um coletivo de deidades, focaremos em seus nomes.
As Nove Musas da Piéria (Filhas de Zeus e Mnemósine)
Chamadas de Piéridas (Em grego Πιεριδες, Pierides), estas Musas são as mais conhecidas e representadas em arte. Filhas da união de Zeus e Mnemósine, seus nomes, significado de cada nome e domínios são: Calíope, (Bela Voz) musa da eloquência e poesia épica Euterpe, (Agradável) musa da poesia lírica Tália, (Festividade, Florescer) musa da comédia Melpomene, (Celebrar com música e dança) musa da tragédia Erato, (Amável) musa da poesia erótica e amorosa Polímnia, (Muitos hinos) musa da literatura sacra e hinos religiosos Urânia, (Celestial) musa da astronomia e astrologia Clio, (Glória) musa da história Terpsícore, (Que se deleita em dançar) musa da dança e dos corais.
Dentre todas as variações deste grupo de deidades, as Nove Musas da Piéria são tidas como as mais conhecidas e têm domínios individuais assinalados a cada uma. Até a atualidade são representadas em obras artísticas ladeando Apolo, deus da luz e das artes em geral, como suas companheiras, amantes (em diversos mitos) e parceiras de domínio.
Em epíteto também são chamadas de Castálides (da fonte da Castália), Helikonides (do Monte Hélicon) ou Parthenoi Helikoniai (Donzelas do Hélicon).
Os epítetos das Musas são bastante relativos a seu local de culto, percebe-se, sendo também chamadas de Olímpiades (do monte Olimpo), Ilisíades (do rio Ilísio) ou Pegasides (do Pégaso, o cavalo alado dito ter criado as fontes do Hipocrene no Hélicon com seus cascos, onde as Musas residiam).
As Musas Titânides (Filhas de Urano e Gaia)
Um agrupamento de Musas descrito pelo antigo poeta espartano Álcman e tardiamente por outros escritores como os romanos Pausânias e Cícero. Seu número entretanto varia entre 3 - 4 Deusas, mas não há consenso geral. Segue abaixo os nomes destas Deusas das artes.
Meletê (Prática) / Mneme (Memória) / Aoide (Canção) / Arkhê (Começo) / Thelxinoe (Encantadora de Mentes)
Autores diferentes agrupavam as filhas de Urano e Gaia entre os nomes acima, sendo válido ressaltar que os fragmentos que relatam os nomes destas Musas Titânides são tão antigos quanto o século 7 AEC (Antes da Era Comum), em torno de um século ou dois após a morte de Hesíodo e Homero.
As Musas Apolônidas (Filhas de Apolo)
Um terceiro agrupamento de Musas também era cultuado na antiguidade, particularmente em Delfos. Estas Deusas das artes seriam filhas do Deus olimpiano da luz, sem mãe atestada nos relatos antigos. Seus nomes vêm em duas variações, seguindo abaixo.
Cêfiso (Do rio Cêfiso) / Apolônis (de Apolo) / Borístenis ([?] + Força)
As três eram chamadas por nomes referentes às notas da lira:
Nete (Nota mais baixa da lira) / Mêse (Nota média da lira) / Hípate (Nota alta da lira)
Independendo de qual grupo de Musas, a todas elas são atreladas o domínio sobre as artes, conhecimento e inspiração para diversos processos onde a mente e a criatividade se enlaçam. Para nossa espiritualidade helênica, sua presença é indispensável, visto que o culto e celebração se fazem usufruindo das artes das Musas - cantando, alegrando-se em hinos e louvores que invocam os Theoi.
É interessante analisar, de um ponto de vista moderno, que as Nove Musas em especial sejam filhas da Memória (Mnemósine) e sejam diretamente atreladas a razão pelas quais muito da cultura helênica antiga chegou a nós. As artes, histórias, poesia e hinos nos informam e educam sobre muito das divindades, sendo um componente essencial na espiritualidade e no ethos helênico.
No mais, as Musas são deidades imprescindíveis e com um domínio vasto. Que Elas continuem a nos inspirar e insuflar as belas artes no âmago de nossos corações. Encerremos o post com seu hino homérico, traduzido por Rafael Brunhara.
Que pelas Musas eu comece e por Apolo e Zeus. Pelas Musas e pelo flechicerteiro Apolo homens aedos sobre a terra há e citaredos e por Zeus reis. Feliz quem as Musas amam: doce lhes flui da boca a voz. Salve, filhas de Zeus, e honrai minha canção Depois eu vos lembrarei também em outra canção.
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hermeneutas · 7 months
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Outros Deuses e seus Epítetos - Aristeu
Continuando nossa série de posts sobre Deuses diversos e seus epítetos, prosseguimos agora para um outro filho de Apolo, relativamente pouco conhecido nas narrativas mitológicas: Aristeu, o deus da apicultura, mel, queijo e pastoreio.
Filho da ninfa caçadora Cirene e de Apolo, Aristeu é uma divindade associada a inúmeros feitos heroicos com os quais ele conquistou a apoteose, ou seja, tornou-se divino e não apenas semideus. Majoritariamente descrito como uma deidade benevolente, Aristeu foi treinado pelas Musas e por Quíron nos relatos mitológicos, de quem aprendeu artes proféticas e de cura. Em suas estátuas tardias, é representado como um jovem com roupas de pastor ou um homem maduro portando um cajado pastoril.
Cultuado como um Deus bucólico, pastoril e multifacetado, Aristeu é uma figura fascinante que carrega um curioso significado: Seu nome significa "O melhor".
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Na antiguidade Aristeu foi cultuado em um punhado de localidades diversas: Desde Haemonia na região da Tessália, no norte da Grécia, até mesmo em Cirene, na Líbia, região assim homônima com sua mãe-ninfa. Ele também foi cultuado em outras regiões do mediterrâneo, como Ceos e Euboia na Grécia e também na Itália, na região da Sardínia, onde era associado com o cultivo de oliveiras.
Seus epítetos associados são escassos, mas temos conhecimento dos seguintes:
Agreus (Αγρευς) - Caçador Nomios (Νομιος) - Pastoril
Os relatos descrevem suas jornadas por todo o mediterrâneo após a morte inoportuna de seu filho, Actaeon, destroçado por seus cães após ter desrespeitado Ártemis ao assisti-la banhar-se com suas ninfas. Ele vagueou pela Hélade, salvou Ceos dos ventos quentes da canícula - um período de tempo onde há ventos abrasivos que deve o nome à constelação Canis Minor - ao erguer um altar para Zeus Icmeus, com o qual foi sincretizado e se enveredou por inúmeras outras localidades do mediterrâneo, tendo reinado supostamente na Sardínia e se iniciado nos mistérios dionisíacos. É dito que ele propagou as artes da apicultura, da caça, do pastoreio e da feitura do queijo como parte de suas bênçãos para a humanidade.
O caráter de Aristeu como divindade é complexo, tendo ele dividido nome e funções com diversas outras divindades: Um dos companheiros de Dionísio chamado Astraios, um dos titãs de nome Astreu (do grego Astraios, escrita similar e também associado a constelações e sendo descrito como pai dos Deuses-vento), também dividindo o domínio pastoril e bucólico com Pã, a divindade do Mundo Selvagem.
Uma versátil e venerável divindade, Aristeu figura como um dos mais ilustres filhos de Apolo já louvadas desde os tempos antigos.
Encerramos o post com um poema dedicado ao Deus da apicultura e da vida pastoril:
Deus mui honrado Filho de ilustre heroína Doce como o mel cultivado Da desgraça e quentura, a ruína Vem Aristeu, propício em nome Saúda o Deus-pastor, gentil Seja o herói aqui lembrado Cuidador de mortais, pastoril.
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hermeneutas · 5 months
Note
Quero ser um Pharmakis e gostaria de saber mais sobre as visões gregas sobre as ervas, Herbologia helenica (Pharmakeia). Só conheço fontes como theoi que liberou duas páginas que falam sobre algumas ervas e flores, mas gostaria de saber outras fontes.
Khaire philos!
A herbologia helênica é rica em mitos, como os descritos no Theoi como tu fala. Há também conteúdo para ser observado nos PMG - Papiros Mágicos Gregos, que relatam (entre uma miríade de instrumentos) ervas relevantes para a prática da feitiçaria. Um livro que recomendo para relatos de feitiçaria antiga e comentário de um pesquisador é o Magic, Witchcraft and Ghosts in the Greek and Roman Worlds por Daniel Ogden.
Além dessas, é mais prudente observar escritores ocultistas que transcendem a esfera helênica como inspiração. Afinal, a prática mágica com ervas é tão antiga quanto tudo em nossa espiritualidade.
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hermeneutas · 6 months
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Outros Deuses e Seus Epítetos - Pã
Continuando nossa série de postagens onde exploramos os títulos, domínios e mitos das deidades, dessa vez focamos em uma divindade bastante peculiar em seu próprio mérito: Pã, o Deus do mundo selvagem, dos pastores e caçadores.
Majoritariamente descrito como um filho de Hermes, Pã tem a maternidade variada entre diversas possíveis mais: Desde as ninfas Dríope, Oeneis, Tímbris e até Calisto ou mesmo a mortal Penélope, esposa de Odisseu, com a qual Hermes teria se apresentado na forma de um carneiro.
Os mitos de sua origem variam, mas relatam que sua mãe assustou-se ao ter um bebê meio-bode, meio-humanoide. A aparência de Pã é descrita como a de um sátiro, um dos daimones que habitam a floresta, famosos por sua fertilidade, amor por festividades e por representarem o aspecto selvagem da natureza ao lado das ninfas. Ele é retratado como um sátiro barbado portando uma siringe, uma flauta descrita como sua criação. É dito que o Deus foi recebido com alegria por todos no Olimpo, com Dionísio particularmente se afeiçoando a ele e tomando-o como parte de seu cortejo báquico em outros mitos.
Uma divindade associada a toda a vida pastoril, Pã é descrito como um amante da vida bucólica, responsável pela fertilidade do mundo natural, muitos de seus devotos dedicavam-no oferendas em prol de multiplicação de seus rebanhos, boas caçadas e boas pescas. A Pã também eram associadas as sensações de terror que invadiam viajantes que cruzavam o mundo selvagem, sendo o Deus capaz de afugentar quem bem desejasse longe de sua mata.
É dito que o poeta Píndaro fez Pã dançar ao som de sua música e pelas bênçãos a ele concedidas, Píndaro ergueu um altar para ele.
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Em relação a seu culto, Pã era majoritariamente cultuado na região da Arcádia, onde Hermes também tinha considerável culto. Cavernas e locais montanheses eram bastante associados ao culto do Deus-sátiro. Na região de Atenas, na Ática, Pã tinha um santuário no sopé da Acrópole onde foi honrado anualmente com sacrifícios e corridas com tochas após ter auxiliado os atenienses na guerra contra os persas.
Observemos agora os títulos usados para descrevê-lo.
Pã (Παν) - Do grego antigo, "Tudo". É o principal nome atribuído ao Deus. A origem do nome é debatida, mas no Hino Homérico a Pã é relacionado ao fato de todos (pantes) os Deuses regozijarem sua presença e risada.
Epítetos de culto
Nomios (Νομιος) - Pastoril Agreus (Αγρευς) - Caçador Agrotas (Αγροτας) - dos Pastos Forbas (Φορβας) - Assustador
Estes títulos descrevem as funções de Pã como uma divindade associada ao domínio pastoril e ao mundo natural por excelência. Seus outros epítetos reforçam também o caráter amplo do Deus-sátiro, como um amante das travessuras, do festejo e de seu aspecto expansivo no Mundo Selvagem, sobre as montanhas ou mes no mar.
Lyterios (Λυτηριος) - Libertador, epíteto especificamente aplicado após o Deus Pã livrar a região de Trezena de uma praga. Sinoeis (Σινοεις) - Travesso Skoleitas (Σκολειτας) - Tortuoso Akrorites (Ακρωριτης) - do Monte Acrória Haliplanktos (Ἁλιπλανκτος) - Aquele que cruza o mar. Pã também era chamado aegokêros, ou seja, dos chifres de bode, para descrever sua condição de sátiro.
Uma divindade importantíssima para a compreensão do mundo natural, Pã é o divino protetor da natureza, fonte de bênçãos imensas e mistérios importantíssimos para a vivência sobre a terra.
Possamos honrá-lo em nossa comunhão com o mundo natural! Encerramos este post com um fragmento dedicado a ele:
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hermeneutas · 1 year
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Outros Deuses e Seus Epítetos - As Moiras
Continuando nossa série de posts descrevendo características e culto dos amados Imortais, seguimos adiante com um trio de divindades honoráveis e importantíssimas: As Moiras - Ou seja, Láquesis, Cloto e Atropos, as Deusas do destino.
Por vezes descritas como filhas de Zeus, o Rei dos Deuses e Têmis, Deusa das leis divinas, outrora descritas como filhas de Nix, a Noite, as poderosas Moiras regem o destino de cada criatura, assinalando suas porções dos devidos fios da vida de cada um. Representadas como três mulheres maduras portando instrumentos de fiandeira, as Deusas usam seu tear e decidem quanto cada mortal há de viver.
É dito que os desígnios das Moiras são inescapáveis, mas que elas não interferem diretamente nas escolhas tomadas no caminho dos mortais. Sendo Deusas ligadas ao nascimento e a morte de todos os seres vivos, as Moiras contavam com a companhia de Ilítia, a Deusa do nascimento e as Eumênides, Deusas da punição.
Os mitos que narram o destino inescapável de muitos heróis, como Orestes e Agamemnôn, descrevem a influência das Moiras em suas desventuras. Outros mitos descrevem como as Deusas do destino prolongaram ou restauraram a vida daqueles que tiveram sua vida roubada, como o príncipe Pélops ou o rei Admeto, por influência de outros Deuses que os amavam (Poseidon para o primeiro, Apolo no caso do segundo.
Zeus, em seu aspecto de Zeus Moiragetes (O "líder do destino"), exerce influência sobre as decisões das três Moiras com seus desígnios. Apolo também conta com o epíteto Moiragetes, uma vez que seu poder profético consiste em também predizer o destino dos mortais.
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Cultuadas em várias regiões da Grécia, as Moiras eram louvadas ao lado de deidades como Zeus e Apolo em Delfos, assim como tinham santuários em múltiplas regiões, como: Corinto, Esparta e Olímpia.
Segue adiante a lista com seus nomes e epítetos descritores mais achados.
NOMES DAS DEUSAS Cloto (Κλωθω) - "Fiandeira" Láquesis (Λαχεσις) - "Dispensadora de porções" Atropos (Ατροπος) - "Irreprensível/Que não pode ser movida"
Percebamos que os nomes das três Moiras representam suas funções: Cloto fia, Láquesis mensura a porção da vida de cada mortal e Atropos corta o fio quando seu fim é alcançado.
EPÍTETOS DE CULTO
Clothês/Kataclothês (Κλωθω/Κατακλωθεσ) - "As fiandeiras", descreve a função representativa das Deusas em seu ofício. Diantaiai (Διανταιαι) - "Implacáveis", descreve a natureza decisiva dos desígnios das Deusas do destino. Theai Archaiai (Θεαι Αρχαιαι) - "Deusas Antigas", descreve seu caráter como Deusas anciãs. Diferindo da maioria das deidades helênicas, as Moiras tomavam aspectos antigos em suas representações. Diferentes versões dos mitos narram-nas como filhas de Nix, a Noite, o que as colocaria como entidades antiquíssimas, nascidas diversos éons antes dos Olimpianos.
As implacáveis Deusas do destino não têm um dia sagrado específico ou ritual associado, mas seu culto era parte da vida devocional dos antigos também.
O destino - ou seja, a porção alocada pelas Moiras referente a vida de cada um - é uma força narrativa muito bem representada em inúmeras peças helênicas antigas e um elemento relevante para discussão filosófica.
Que as Moiras, benignas e antiquíssimas, olhem sempre com bondade para a maneira pela qual fiamos e trilhamos nosso próprio rumo enquanto mortais. Sejam Elas nossas guias, sábias e gentis!
Terminamos este post com o Hino Ófico às Moiras:
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