Os 20 anos da escalada ao topo do Monte Fuji
Por Cláudio Tsuyoshi Suenaga (texto)
Fotos de Katsuia e Rogério Atsushi Suenaga.
Há pouco mais de 20 anos, em 9 de agosto de 2002, meu pai Katsuia Suenaga (1937-2020, in memoriam) e meu irmão Rogério Atsushi, completavam a escalada do Monte Fuji, o Fuji-san, a mais alta montanha do Japão, com 3.776 metros, e certamente a imagem mais emblemática desse país, logo associada a ele.
O Monte Fuji com o topo coberto de neve visto de cima do Porto de Tagonoura, na cidade de Fuji.
Ambos partiram de ônibus no final da tarde de Fujiyoshida, cidade na província de Yamanashi, onde residiam e trabalhavam. Por essa rota, entre os quatro caminhos principais desde o sopé da montanha (outro caminho muito acessado fica do lado oposto ao Monte Fuji, na província de Shizuoka), além dos quatro desde a quinta estação (a 2.300 m de altitude, sendo que no total há dez estações ou paradas), iniciaram a escalada a pé no quinto estágio (local onde todos iniciam a subida) por volta das 17 horas e chegaram ao cume por volta das 5 horas da manhã, ou seja, levaram cerca de doze horas para atingi-lo. Tal trajeto poderia ter sido completado em bem menos tempo, mas tiveram de fazer várias paradas ao longo do trajeto por causa de meu pai, que devido a sua idade avançada necessitava de descanso, obviamente.
Não pense, todavia, que eles foram ficando para trás e acabaram sendo os últimos a chegar... Meu irmão relatou que, no caminho, muitos não aguentavam a estafante caminhada e se rendiam, abatidos pelo cansaço, pelo frio e pelos demais obstáculos. Alguns até dormiam.
A descida, apesar de bem mais ligeira e menos cansativa do que a subida, foi realizada por um outro caminho de solo mais fofo, o que ocasionava vários tombos.
Aquele era já o período final (compreendido entre o começo de julho e o final de agosto) em que as escaladas são abertas e recomendáveis ao público, uma vez que depois disso, com o advento das baixas temperaturas, o desafio se torna um empreendimento de alto risco, apenas viável a alpinistas profissionais. Ademais, as cabanas para pouso e descanso e outras infraestruturas de apoio funcionam somente nesse curto período.
Uma das cabanas a 3.400 metros, praticamente no topo.
Mesmo em pleno verão, as temperaturas lá no alto podem chegar a -18 graus centígrados, isso mesmo, então imagine-se o frio durante o pico do inverno.
Apesar de ter se tornado um destino turístico popular a atrair cerca de duzentas mil pessoas anualmente, nunca foi fácil escalar o Fuji, tanto que a primeira ascensão teria ocorrido somente no século VII, em 663, por parte de um monge anônimo, e a primeira de um estrangeiro somente em 1860, pelo médico e diplomata britânico Rutherford Alcock (1809-1897), aliás o primeiro representante a morar no país.
Há um certo sentido religioso na escalada, até porque os lugares muito altos sempre foram considerados sagrados e/ou moradias dos próprios deuses, tanto que o acesso ao Fuji era proibido às mulheres até a Era Meiji (1868-1912).
Em contrapartida, a floresta de Aokigahara, na base do Fuji, que cobre uma área de 38 km² e possui cavernas que não degelam, mesmo durante o verão, é tida como um local assombrado e amaldiçoado, palco de visões de fantasmas, monstros, demônios e alienígenas. É como se houvesse ali um portal dimensional para o inferno ou um reino invertido a atrair muitos para o suicídio. O Aokigahara Jukai (Mar das Árvores) é a zona do Japão onde ocorrem mais suicídios (em média 30 por ano), e o segundo do mundo, atrás apenas da Ponte Golden Gate, em São Francisco, isso mesmo. As autoridades têm procurado, mediante cartazes e avisos, a desencorajar as pessoas de adentrarem na floresta e se sentirem tentadas ao suicídio, embalde. Em 2002, aliás, 78 corpos foram encontrados na floresta, batendo o recorde de 1998, quando 57 corpos foram encontrados.
Confira as fotos da expedição de meu irmão Rogério e de meu saudoso pai Katsuia ao topo do Monte Fuji:
No início, ainda desfrutando do calor.
O meu pai Katsuia Suenaga, já devidamente equipado e provido de um cajado.
O meu irmão Rogério (com a camisa da Seleção Brasileira, que havia acabado de conquistar o Pentacampeonato no Japão, em 30 de junho) e o meu pai Katsuia a 3.100 metros de altitude.
Chegando...
...a 3.250 m de altitude.
Passando por um torii na 8ª estação, a 3.400 metros de altitude. A essa altura já tinha amanhecido e faltava pouco para chegar ao topo.
Dos oito picos, este é o mais alto, e por consequência o mais alto ponto do Japão, com um antigo edifício com um radar, em torno da cratera do vulcão, ainda ativo.
A cratera do vulcão.
Detalhes da geologia do topo, composto por lava basáltica.
No topo do Monte Fuji!
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1975 - Clint Eastwood (Jonathan Hemlock), George Kennedy (Ben Bowman) et Jack Cassidy (Miles Mellough) dans LA SANCTION de Clint Eastwood / 1975 - Clint Eastwood (Jonathan Hemlock), George Kennedy (Ben Bowman) and Jack Cassidy (Miles Mellough) in THE EIGER SANCTION by Clint Eastwood.
Pour voir la vidéo : L'essentiel sur LA SANCTION de Clint Eastwood présenté par Fabrice Calzettoni. / To see the video : The Essentiel on THE EIGER SANCTION by Fabrice Calzettoni
Page YouTube de Fabrice Calzettoni - L’essentiel sur le cinéma
L’essentiel sur Clint Eastwood
Texte : Fabrice Calzettoni © sgdl 2022
Fabrice Calzettoni est responsable de la médiation culturelle à l'Institut Lumière et au Festival Lumière, Lyon. Il est animateur des ciné-conférences.
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📌 [REPLAY] Adapté du manga éponyme signé Jirô Taniguchi, lui-même adapté du roman du même nom de Baku Yumemakura, Le Sommet des dieux est également un film d'animation français récompensé par un César en 2022. Il est jusqu'au 24 février seulement !
📺 Le replay 👉 https://urlz.fr/pDlH
Ce que j’en disais : « Dans le roman, le manga et le long-métrage, le personnage principal (Tsunéo Hase ) est largement inspiré par le destin Tsuneo Hasegawa. Mais qui était donc au juste cet alpiniste japonais ? Sa vie tout entière a été dédiée à la montagne. Il réalise son premier exploit à ses 30 ans, en 1977, devenant le premier Japonais à gravir en Suisse la face nord du… ».
📚 Extrait du livre « Une histoire de l’exploration : neiges et glaces, des pôles à l’Himalaya ». Un ouvrage que j'ai écrit paru aux éditions Glénat.
En savoir + 👉 https://urlz.fr/pDly
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Jacques Amblard : Apocalypse blanche, La sirène sous la cime
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3 % de la population française a survécu. C’est un record mondial. Une série de séismes a ravagé la planète au milieu du XXIe s. tuant l’écrasante majorité de l’humanité. La France, relativement épargnée, reprend sa place au premier rang du concert des nations. Une partie de la Savoie, en particulier la région de Chamonix, tire son épingle du jeu. Ce n’est pas sans importance si l’on considère…
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