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A história da Carine com o TA
(T) Carine (I) Marina Kanzian & Caio Yuzo (D) 09.10.2023 
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Tenho 37 anos e, pela primeira vez, consigo coragem para compartilhar minha história com transtornos alimentares. Há muito tempo que quero trazer esse relato, mas a vergonha e o medo do julgamento sempre me limitaram. 
Eu era uma criança de peso saudável. Nem magra, nem gorda. No início da adolescência, na puberdade, meu corpo começou a mudar. E eu, que era só uma menina pequena comecei a ganhar curvas. E gordura.
Nesse momento, os comentários da família denunciaram meu ganho de peso. Na escola não foi diferente. Isso, somado a um episódio de assédio sexual e a um perfeccionismo extremo, me levaram a sofrer com a insatisfação corporal e a buscar a perda de peso constantemente.
Com isso, por volta dos 12 anos, lia muitas revistas e ficava buscando dietas alimentares para seguir objetivando o emagrecimento. Fui desenvolvendo medo de me alimentar e uma perda de peso progressiva que chegou a um ponto em que estava com um peso muito abaixo do esperado. Ainda assim, me considerava "gorda".
Com risco de morte pelo baixo peso e desnutrição, recebi, de meu endocrinologista, o diagnóstico de anorexia nervosa. Embora a internação fosse a alternativa mais indicada, diante da relutância dos meus familiares de lidar com o problema fui encaminhada para acompanhamento psicoterapêutico e renutricao.
Foi muito difícil. Na minha cidade, na época, não existiam profissionais especializados em transtornos alimentares, então, eles não tinham preparo suficiente para o meu caso.
Assim, para poder me manter viva, precisava lidar com os meus maiores medos: me alimentar e, consequentemente, enfrentar o ganho de peso, que era algo necessário para restabelecer minha saúde. Mas era um pesadelo.
Sentir a roupa apertando, o ponteiro da balança subindo, os olhares das pessoas me julgando... Era tudo muito difícil... Me questionava por que tudo aquilo acontecia comigo.
Por que eu não poderia ser como as outras pessoas que simplesmente comiam?
Sem sofrimento.
Sem medo.
Sem culpa.
Essa dúvida me acompanhou durante muito tempo. Achei que jamais me livraria dela. Que passaria a vida inteira nesse ciclo: comida, medo, desjo e culpa.
Felizmente, mesmo sem tratamento com profissionais especializados, aos poucos, fui me libertando.
Hoje, embora, a alimentação seja um pouco difícil ainda pra mim - tenho dificuldades em períodos de maior ansiedade - consigo identificar gatilhos que possam me induzir a uma crise e entendo melhor essa distorção de imagem corporal.
Mas é um processo infinito.
Acho que encontrei meu caminho de cura. Ainda que o medo e a insatisfação  façam parte de meus dias, não permito que me limitem.
Amo meu trabalho, minha profissão.
Encontrei uma pessoa especial que me adora. 
Sou muito feliz.
Tenho uma vida maravilhosa!
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Marina Kanzian
Me formei em Design pela FAU USP em 2011, onde descobri que o que curto se chama ilustração. Já ilustrei revistas e campanhas, mas sempre ganhei a vida fazendo design gráfico. Atualmente moro na Alemanha, onde estou em busca de novas experiências. www.cargocollective.com/marinakanzian
Caio Yuzo
Formado em design pela faculdade de arquitetura e urbanismo da usp, interpreto a comunicação como parte vital do meu trabalho.Como membro do coletivo oitentaedois desenvolvo projetos gráficos e produções autorais que exploram linguagens e processos experimentais. Acredito que entender o outro, em suas singularidades, é essencial para qualquer manifestação, tanto no âmbito profissional, quanto pessoal.
www.oitentaedois.com
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Conversa com Manu Aliperti e Paula Kim sobre o filme Diário de Viagem
(P) Manu, Paula & Tainá (I) Sam Ka Pur Filmes (D) 02.10.2023 
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Relato: “Esse e-mail é a primeira vez que eu irei falar...”
(T) Tati (I) Caio Yuzo (D) 19.08.2019 
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Meu nome é “Tati”, tenho 33 anos. Sou formada em marketing, mas trabalho em um banco na área de investimentos. 
Tenho uma filha de 2 anos e meio e há apenas dois dias comecei a entender o que tenho e busquei ajuda (minha primeira consulta com o psiquiatra será amanhã).
Lógico que eu sabia que eu era diferente, que não tinha uma relação saudável com o meu corpo, mas por medo e desconhecimento nunca busquei entender o que de fato eu tinha.
Esse e-mail é a primeira vez que eu irei falar de forma aberta sobre o que tanto me faz mal e vejo nele o início de uma nova fase de descobertas na minha vida.
O meu sentimento de insegurança e inadequação começou de forma muito precoce por isso durante toda minha vida foi resumido pela minha mãe como "você já nasceu assim".
Segundo os meus pais com apenas 2-3 anos eu já tinha crises de choro quando riam de qualquer gracinha minha e já odiava tirar fotos. Como eles relatam eu aprendi a falar cedo e mesmo com menos de 3 anos já tinha um bom vocabulário para idade. 
Sempre que riam de algo que fazia eu gritava "eu não gosto que riam de mim" e chorava muito. Ainda nessa faixa etária meus pais me colocaram em uma creche e mesmo muito pequena tinha dificuldades em me relacionar com outras crianças e vivia isolada nos horários de recreação. Lógico que não lembro desta fase, mas vendo as fotos é possível ver uma criança muito lindinha (a cara da minha filha por sinal), porém com um olhar triste e distante.
Segui assim durante toda a minha primeira infância, mas as minhas lembranças mais claras são a partir dos 5 anos. A minha primeira lembrança clara do quanto me sentia diferente das outras crianças foi de uma ocasião em que estava na padaria com o meu pai e uma senhora falou que eu parecia com a atriz mirim famosa na época (Tatyane Goulart). 
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Apesar de ter se passado 28 anos lembro com clareza desta cena pois fiquei muito feliz, pois na minha cabeça eu era uma criança diferente e tinha muita vergonha de mim por isso. O fato de ser comparada me fez me sentir aceita por um dia.
Ainda na primeira infância a minha relação com a comida já começou a dar sinais de compulsão.
Segundo meus pais, desde muito pequena adorava ir à restaurantes e sempre quando ia comia tanto que em quase todas as ocasiões vomitava após as refeições. 
Com o tempo fui engordando e além da minha autoimagem ferida desde muito cedo passei a sofrer bullying na escola. Como nesta época meu pai era pouco presente na minha criação e minha mãe não tinha boa compreensão dos fatos que eu relatava eu fui ficando cada vez mais fechada, guardava todo o meu sofrimento para mim e sempre inventava alguma desculpa para que me trocassem de escola. 
Por sinal, essa era minha "solução" para tudo, entrava no balé, me sentia inadequada, tinha vergonha de estar ali e pedia para trocar para outra aula, que me fazia me sentir da mesma forma e trocava para outra e assim foi para tudo, nunca me dedicava a nenhuma aula na qual era matriculada.
Mesmo visivelmente insegura e deslocada, minha mãe, por total falta de tato e conhecimento piorava ainda mais minha baixa autoestima com frases como "Nossa você não serve para nada! Não completa nenhum curso que entra!".
Do jardim ao segundo grau foram 4 escolas e cada vez que eu mudava de colégio tinha a esperança que ia ser diferente, que ia ser aceita. Porém, era muito nova para perceber que a principal mudança deveria ser de dentro para fora e como eu era a mesma a história sempre se repetia: isolamento, apelidos cruéis e uma tristeza incompatível com a minha idade. 
Meus pais chegaram a me colocar em uma psicologa ainda na infância, mas como tinha muita vergonha das situações que eu passava eu simplesmente não contava nada à terapeuta e o meu tratamento não surtiu efeito.
Como tentativa de ser mais parecida com as meninas da minha idade e de me sentir mais bonita, comecei a fazer dieta muito cedo. 
Minha primeira ida ao Vigilantes do Peso foi aos 8 anos e de lá para cá a briga com a balança tomou um grande peso na minha vida. 
Já tomei diversos remédios (e tomo ainda), já fui viciada em laxante, já fiz diversas dietas, já fiz lipo e mesmo chegando a pesos bem baixos nunca me senti suficientemente magra.
Na adolescência fiz teatro e percebi que apesar de insegura tinha facilidade em falar em público, o que sempre foi uma surpresa para todos que me cercam. A partir do teatro também comecei a disfarçar melhor minha inadequação ao meu corpo e pela primeira vez tive um grupo grande de amigas. 
Comecei a sair para festas e, apesar de recorrentemente ouvir piadas dos garotos da sala de que eu era gorda e feia, eu sabia fingir melhor que aquilo não me afetava. E foi desta forma que segui até hoje, insegura, complexada, porém vivendo de forma relativamente normal disfarçando as minhas fraquezas. 
Atualmente sou casada, tenho uma filha, um bom emprego, porém sou a mesma “Tati” que se vê como um "monstro" desde os 2 anos. 
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Apesar de saber que a minha insatisfação com a minha imagem vai muito além de uma eterna insegurança feminina normal, somente após ler "Fazendo as pazes com o corpo" ( da jornalista Daiana Garbin) e de me ver em várias partes do livro tive a certeza que precisava de tratamento e não podia mais guardar todo esse sofrimento para mim.
Sei que o meu relato foi extenso, mas passar para palavras vivências que me fizeram tão mal foi um ato simbólico de mudança. 
Além da cobrança cruel da sociedade que resume a mulher ao seu corpo, sei que assim como eu outras pessoas, por razões que ainda desconheço, se sentem desajustadas e diferentes desde criança e têm receio de se expressar. 
Espero que esse meu desabafo ajude outras pessoas, que, assim como eu precisam descobrir porque carregam no peito tanto ódio pela sua própria imagem.
Tati
Eu sou o recorte de várias pessoas e falo pelos outros.
Caio Yuzo
Formado em design pela faculdade de arquitetura e urbanismo da usp, interpreto a comunicação como parte vital do meu trabalho.Como membro do coletivo oitentaedois desenvolvo projetos gráficos e produções autorais que exploram linguagens e processos experimentais. Acredito que entender o outro, em suas singularidades, é essencial para qualquer manifestação, tanto no âmbito profissional, quanto pessoal. www.oitentaedois.com
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[SNVD responde] Pessoas na faixa dos 30 anos podem desenvolver transtornos alimentares?
(T) Tati (I) Bruno Harnik (D) 02.05.2019 
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Os transtornos alimentares (TAs) afetam pessoas de todas as faixas etárias, inclusive pessoas na faixa dos 30.
Os TAs mais comuns em adultos são:
Transtorno de Compulsão Alimentar
Caracteriza-se por episódios recorrentes de consumo de grandes quantidades de alimentos com sensação de perda de controle. Eles não são seguidos por comportamentos compensatórios inapropriados, tais como indução de vômitos ou abuso de laxantes. O diagnóstico é clínico. O tratamento é com terapia comportamental cognitiva ou, às vezes, psicoterapia interpessoal.
Bulimia Nervosa
Caracteriza-se por episódios recorrentes de compulsão alimentar seguidos por alguma forma de comportamento compensatório inapropriado como purgação (vômitos autoinduzidos, abuso de laxantes ou diuréticos), jejum ou exercício vigoroso; os episódios devem ocorrer pelo menos 1 vez/semana durante três meses. O diagnóstico se baseia na história e no exame. O tratamento é feito com psicoterapia.
 Anorexia Nervosa
Caracteriza-se por busca incansável por magreza, medo mórbido da obesidade, imagem distorcida do corpo e restrição da ingestão relativa à necessidade, levando a peso corporal significativamente baixo. O diagnóstico é clínico. A maior parte do tratamento consiste em alguma forma de psicoterapia.
 !!! ATENÇÃO PARA
Transtorno Alimentar Não Especificado ou "Eating Disorder Not Otherwise Specified", de acordo com seu próprio nome, é o diagnóstico para aqueles casos que não preenchem critério para transtorno específico.
São muitas vezes denominados como quadros subclínicos, e sua prevalência é maior do que da AN e BN. Incluem os quadros parciais de AN ou BN, como casos sugestivos de algum dos dois transtornos, mas que não apresentam todos os critérios diagnósticos. Tanto o DSM da American Psychiatric Association (APA) como o CID 10 da Organização Mundial de Saúde (OMS) listam exemplos de quadros considerados como um TANE.
Outra nomenclatura sugerida recentemente pela Associação Dietética e de Psiquiatria Americana é o comer transtornado do inglês "disordered eating" que pode ser definido como "todo espectro dos problemas relacionados à alimentação da simples dieta aos transtornos alimentares clínicos". Incluem práticas purgativas, compulsões, restrição alimentar, e outros métodos inadequados para perder ou controlar o peso que ocorrem menos frequentemente ou de forma menos severa do que o exigido pelos critérios diagnósticos dos transtornos alimentares.
A importância de se observar este comportamento é que ele é muitas vezes mais freqüente que os quadros de AN e BN e segundo algumas pesquisas, uma porcentagem considerável de pessoas com comer transtornado evoluem para um quadro completo de TA.
Tati
Eu sou o recorte de várias pessoas e falo pelos outros.
Bruno Harnik
Sou designer, artista plástico e VJ. Nos meus trabalhos artísticos procuro retratar os comportamentos do ser humano em sociedade sob diferentes óticas www.brunoharnik.com.br
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[SNVD responde] Como consigo identificar que estou com transtorno alimentar?
(T) Tati (I) Erick Fugii (D) 01.05.2019 
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Por ser uma patologia, o transtorno alimentar é diagnosticado por um médico.
Se você acredita que pode ter uma alimentação transtornada ou que pode vir a desenvolver uma relação não saudável com a alimentação (tendência) ou já ter desenvolvido um transtorno alimentar (doença), você deve se consultar com médicos especializados e tentar reverter a situação por meio de tratamentos indicados pelos profissionais.
Para que um comportamento alimentar incomum seja considerado um transtorno, o comportamento precisa continuar por um certo período e causar prejuízo significativo à saúde física da pessoa e/ou à capacidade de desempenhar funções na escola ou no trabalho ou afetar negativamente as interações da pessoa com outros.
De qualquer maneira, qualquer pessoa que sinta que não tem uma relação pacífica e/ou normal com a alimentação deve procurar ajuda e tentar normalizar a situação como prevenção, pois os transtornos alimentares são doenças seríssimas que demoram no mínimo meses, muitas vezes anos e em alguns casos décadas para serem tratados (quando são). São doenças tratáveis, mas com tratamento difícil e multidisciplinar. Melhor prevenir do que remediar.
Tati
Eu sou o recorte de várias pessoas e falo pelos outros.
Erick Fugii
Gosto de observar pessoas – expressões, gestos, proporções – e pôr tudo no papel através de rabiscos. Faço isso desde pequeno e, durante minha adolescência, encontrei nessa qualidade um meio de interação, de reconhecimento, de construção da minha própria identidade. Hoje sou formado em Design, muito por conta do que aprendi a ser, e desejo um dia ser reconhecido no campo das artes visuais. Dedico-me integralmente ao coletivo oitentaedois, onde realizo projetos de Direção de Arte em Audiovisual e tenho as melhores conversas sobre qualquer coisa. www.oitentaedois.com
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[SNVD responde] Não comer nas horas “certas” pode ser um tipo de transtorno?
(T) Tati (I) Jackson Duarte (D) 30.04.2019 
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Não comer nas horas “certas” não pode ser considerado um transtorno por si só, mas pode ser um (de muitos) recurso(s) utilizado(s) por uma pessoa que desenvolveu algum tipo de alimentação transtornada ou que já sofre com um transtorno alimentar.
O transtorno alimentar (TA) é um transtorno mental que se define por um padrão de comportamentos alimentares desviantes que afetam negativamente a saúde física e/ou mental do indivíduo.
Os TAs mais comuns e suas características são:
transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP): padrão de ingerir uma grande quantidade de alimentos num curto período de tempo
anorexia nervosa (AN): padrão comer muito pouco para ter um baixo peso corporal
bulimia nervosa (BN): padrão de comer muito e, em seguida, tentar livrar-se da comida;
transtorno alimentar restritivo evitativo (TARE): padrão de possuir falta de interesse por comida
Tati
Eu sou o recorte de várias pessoas e falo pelos outros.
Jackson Duarte
Sou formado em design gráfico na Universidade do Vale do Itajaí. Atualmente trabalho como designer de estampas. Amante de Artes Visuais, sempre gostei de desenhar mas não acreditava em um futuro profissional. Foi só na faculdade que fiquei conhecendo melhor as possibilidades da ilustração no mercado. Onde me encontro hoje.
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[SNVD responde] Como participar desse grupo? Eu preciso do SNVD.
(T) Tati (I) Chico Zullo (D) 29.04.2019 
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Para participar do SNVD basta clicar no link https://sobrenossavisaodistorcida.com/conte
e enviar a sua história para o [email protected]
Tati
Eu sou o recorte de várias pessoas e falo pelos outros.
Chico Zullo
Comecei minha carreira criando storyboards para propagandas de televisão, séries de TV, curtas e longas metragens. Em 2003, co-fundei o Estúdio Mol, estúdio de animação, ilustração e design gráfico, onde produzi ilustrações e histórias em quadrinhos para o mercado editorial e publicitário, além de dirigir e animar diversas propagandas para televisão e internet. Em 2010 fui um dos artistas convidados para participar do álbum MSP+50, segundo volume da antologia que homenageou os 50 anos de carreira de Maurício de Sousa. Dirigi a série de animação “Os Ecoturistinhas”, veiculada na TV RáTimBum, além dos episódios pilotos das série “Jajá Arara Rara” e “O Zoológico Espacial do Sr. Skrutnik”, todas já pela minha produtora de animação, a Mol Toons, criada em 2010. Em 2014, criei a websérie “Na Reserva”, dirigindo 13 episódios veiculados entre os meses de abril e julho, com mais de 1,5 milhão de visualizações em no meu canal do YouTube.
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[SNVD responde] Para quem tem a compulsão alimentar / restrição típica da bulimia como se alimentar?
(T) Tati (I) Caio Yuzo (D) 17.04.2019 
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Só há duas entidades que podem opinar em relação a isso:
1.       Você
2.       Os profissionais que cuidam de você.
Mas quem vai dar a palavra final é você mesma/o.
E só há uma entidade que você não pode escutar em nenhuma hipótese:
1.       O transtorno alimentar.
Tati
Eu sou o recorte de várias pessoas e falo pelos outros.
Caio Yuzo
Formado em design pela faculdade de arquitetura e urbanismo da usp, interpreto a comunicação como parte vital do meu trabalho.Como membro do coletivo oitentaedois desenvolvo projetos gráficos e produções autorais que exploram linguagens e processos experimentais. Acredito que entender o outro, em suas singularidades, é essencial para qualquer manifestação, tanto no âmbito profissional, quanto pessoal. www.oitentaedois.com
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[SNVD responde] É normal a distorção de imagem piorar ao longo do tratamento?
(T) Tati (I) Caio Yuzo (D) 16.04.2019 
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Não é normal a distorção de imagem piorar ao longo do tratamento de um transtorno alimentar.
Mas é esperado que quando o tratamento comece a funcionar (o/a paciente comece a se alimentar de maneira saudável e se aproxime de um peso adequado à sua estatura) haja uma explosão de sensações e sentimentos que não eram enfrentados/acessados durante a doença. E é comum haver um estranhamento do corpo caso ele esteja se modificando (aumentando, no caso da anorexia nervosa).
Bom, é um eufemismo dizer “estranhamento”: é ABSOLUTAMENTE NORMAL SENTIR DESESPERO e ter a impressão de que a vida, o corpo, as emoções, sentimentos e impulsos estão fugindo ao controle do/a paciente durante o tratamento.
Este aparente desequilíbrio é 100% saudável. E esta é a grande ironia do tratamento mental.
Portanto, se isso acontecer, respire fundo e conte até cinco mil. Se acontecer de novo, conte até dez mil. E siga contando, até o desespero momentâneo diminuir. Estes “ataques” podem voltar com a frequência de semanas, meses ou até anos. Mas um dia a tempestade desaparece. Sim, desaparece, e sobram outros anos para se viver de forma saudável e menos sofredora. É uma sensação de buraco negro, de estar caindo sem ter onde se segurar. Quando isto acontecer, tente ao máximo expor àqueles que se preocupam com você que você precisa de ajuda naquele momento. Ou encontre uma forma de lidar com o desespero: desenhando, escrevendo, cantando, contando carneiros, gritando, dando socos no pufe... O que funcionar.
O tratamento é um momento emocionalmente e psiquicamente muito delicado para a pessoa tratada, pois todos os sentimentos e elementos que foram “abafados” pelo transtorno alimentar, no geral sentimentos bem ruins, tendem a voltar com toda a força, principalmente quando começa a haver o re-equilíbrio hormonal.
É como se acontecesse uma nova adolescência. Mas bem pior...
E essas mudanças podem ser aumentadas pelo medo do desconhecido (equilíbrio para aquele/as que não conheceram muito bem o que é estar bem consigo, semelhante ao prisioneiro que é libertado após muito tempo encarcerado) e pode haver o retorno dos problemas que vieram a causar o desenvolvimento do transtorno alimentar (desconforto com a sexualidade, solidão, problemas emocionais relacionados a relacionamentos, etc). Mas para que o tratamento seja efetivo e completo, é essencial que o/a paciente reconecte com essas sensações e aprenda a lidar com elas de forma saudável, sem cair na armadilha do transtorno alimentar.
Tati
Eu sou o recorte de várias pessoas e falo pelos outros.
Caio Yuzo
Formado em design pela faculdade de arquitetura e urbanismo da usp, interpreto a comunicação como parte vital do meu trabalho.Como membro do coletivo oitentaedois desenvolvo projetos gráficos e produções autorais que exploram linguagens e processos experimentais. Acredito que entender o outro, em suas singularidades, é essencial para qualquer manifestação, tanto no âmbito profissional, quanto pessoal. www.oitentaedois.com
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[SNVD responde] Como reduzir a distorção de imagem? Pavor de fotos, por exemplo.
(T) Tati (I) João Pirolla (D) 15.04.2019 
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Primeiro, é importante saber O QUE É imagem corporal. Explicamos isso em 29/09/2015 com este post, escrito por Cybelle Weinberg.
“A imagem corporal pode ser definida como o modo como percebemos e representamos o corpo em nossa mente.”
Portanto, por se tratar de uma imagem subjetiva, a imagem corporal é SEMPRE peculiar a cada um e está ligada ao sujeito e à sua história (independente se a pessoa tem ou não transtorno alimentar e/ou de imagem). E ela está em constante mutação. Sofremos mudanças ao longo da nossa vida: crescemos, envelhecemos, ficamos doentes, somos influenciados pela cultura e pelas pessoas que cruzam conosco. E assim, a percepção que temos sobre nós mesmo/as são construções multifatoriais mutáveis.
O importante sempre são as relações que as pessoas constroem entre si e a comunicação eficiente nestas relações. Quando estas relações são prejudicadas, por exemplo, quando uma pessoa se nega a tirar foto com os colegas por ter medo do que sua aparência possa provocar em si e nos outros, ou que simplesmente não sai de casa para não ter fotos de si tiradas mesmo querendo sair, temos um problema a ser acessado.
Na verdade o transtorno de imagem corporal existe quando uma pessoa acredita obsessivamente que uma parte de seu corpo (ou o seu corpo) é severamente “errada(o)” e portanto realiza medidas excepcionais para esconder ou “consertar” esse “defeito”. Em uma pessoa com o transtorno de imagem corporal, pensamentos intrusivos sobre essa “dismorfia” podem ocupar horas do dia. (Esta pessoa não necessariamente se SENTE gorda ou tem um transtorno alimentar. Pode acontecer com uma pessoa que sofreu algum acidente no rosto e fica obcecada com isso, por exemplo.)
Para acessar um problema, é importante entender qual é o problema e de onde ele vem.
Se uma pessoa tem pavor em aparecer em fotos por considerar que tem algum defeito pavoroso em seu corpo, o defeito não está no corpo (não quer dizer que a pessoa tem “corpo de modelo”, mas pode querer dizer que a pessoa acredita que tem que ter um “corpo de modelo”), mas em como a pessoa vê o que vê. E, portanto, o que deve ser tratado não é o ato de tirar ou não fotos, ou o corpo em si, mas a cabeça da pessoa.
E para tratar da cabeça, é importante re-acessar as relações e valores desta pessoa. Cuidar de si, frequentar lugares e selecionar com quem se anda e o que se vê é uma forma ativa eficiente de recriar ou resgatar valores que beneficiam a saúde mental. Neste post damos dicas de alguns exemplos (há muitos outros que o auto conhecimento ajudará a pessoa que busca se curar a desenvolver) do que pode ser feito na prática para ajudar a criar bons hábitos.
Fora isso, vale sempre buscar ajuda profissional para a saúde mental e social.
Voltando à imagem corporal, o início da formação desta imagem se inicia na relação da mãe com o bebê. Segundo Margareth Mahler, autora que pesquisou profundamente essa relação, existe uma fase no início da vida em que acontece uma verdadeira simbiose entre a mãe e seu bebê. Essa simbiose é necessária porque vai permitir que a mãe, fusionada e em plena sintonia com o bebê, o proteja das excitações externas (luz, barulho, mudanças de temperatura) e o atenda nas necessidades internas (fome e afeto). 
Esse é apenas o início da formação da imagem corporal. No decorrer da vida, vamos nos aprimorando, nos desenvolvendo, conhecendo pessoas diferentes e passando por experiências que podem prejudicar uma imagem corporal que antes era saudável. Ou melhorar uma imagem corporal que era ruim.
No caso da mãe com o bebê, da mesma forma que a simbiose é necessária nos primeiros tempos de vida, faz-se necessário que também ocorra, em seguida, o processo de separação. Ele acontece no interjogo entre a mãe e o bebê, quando este, com sua boca e mãozinhas, brinca com o rosto e cabelos dela, percebendo, paulatinamente, que ele é um e ela é outro. É dentro desse interjogo que tem início a formação da imagem corporal. “O bebê apreende, inclusive através do olhar da mãe, uma imagem de si mesmo, recheada de sensações.” (Bulgarão, 1999)                   
Usando esse exemplo (metáfora?) da mãe, podemos repassar essa experiência de separação (amadurecimento) com diferentes relações que temos no decorrer da vida. É necessário que uma pessoa com transtorno de imagem corporal entenda que ela é uma pessoa autônoma, ela é ela e o “outro” é o “outro”. Uma pessoa emocionalmente dependente tende a não desenvolver essa separação.
Quando você coloca, por exemplo, a razão de suas alegrias (“felicidade?”) ou razão de existência em outro ser ou coisa (pais, relacionamentos, filhos, dinheiro, poder, beleza, aprovação...), você está confundindo a sua individualidade com a individualidade de outra pessoa/coisa.
Para poder “se livrar” dessa “distorção” do que faz você ter ou não estima por si mesmo/a, é necessário, portanto, se entender e buscar maneiras de existir com autonomia. A partir desta autonomia, que vem do gerenciamento do autoconhecimento, – uma lição de casa constante e para todos, que inclui tropeços, claro, pois ninguém nasce sabendo - se torna mais fácil se enxergar como um ser independente e criar, ativamente, relações e expectativas saudáveis em relação aos “outros”.
É difícil acessar traumas emocionais que podem levar uma pessoa a sofrer de distorção de imagem corporal. Muitas vezes não é possível saber de onde vêm esses traumas. Isso porque, obviamente, não nos lembramos das primeiras sensações que tivemos em vida. Mas elas permanecem como uma memória inconsciente de todo o vivido relacional. Ela é a síntese de todas as nossas experiências emocionais - arcaicas ou atuais -, de todas as sensações vividas desde o nascimento e, segundo alguns autores, mesmo antes dele. Em outras palavras, “a imagem corporal é uma sensação que perdura”. (Nasio, 2009)
No caso das meninas, mulheres e minorias (e de maneira crescente dos meninos e homens), vivemos em uma sociedade que valoriza muito o corpo e objetifica as pessoas. Neste contexto, torna-se cada vez mais importante ser ativo(a) e criterioso(a) ao selecionar e desenvolver relações e frequentar ambientes.
Tati
Eu sou o recorte de várias pessoas e falo pelos outros.
João Pirolla
Nasci em 1981 na capital paulista. Artista autodidata, desenvolvo trabalhos autorais desde 2002. Tive minha primeira obra publicada na revista eletrônica Ideafixa na edição com o tema “Underground”, em 2010. Influenciado por mestres como Robert Crumb, Harry Clarke e Lourenço Mutarelli, colaboro para revistas (Rolling Stone, Mundo Estranho), participo de exposições coletivas e individuais e atuo na publicidade e no cinema, produzindo ‘storyboard’ e ‘concept art’. No início de 2015, meu primeiro grande trabalho editorial, “O Dia Em Que Sherlock Holmes Morreu”, uma coletânea com 17 contos de Arthur Conan Doyle traduzidos por Daniel Knight, foi lançado pela editora Tordesilhas.
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[SNVD responde] Indivíduos com TAs tratados por profissionais gordos é um obstáculo na recuperação?
(T) Tati (I) João Pirolla, Fer Silva (D) 10.04.2019 
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Essa é uma pergunta interessante, honesta e complexa. A primeira resposta é NÃO. Não É um obstáculo. Pode ser? Depende.
O elemento que rege essa pergunta não é a questão do tamanho (ou peso) do/a profissional, mas a relação de confiança da pessoa que já tem um problema com sua imagem corporal (provavelmente teme ser gorda/o) e um profissional que seria a concretização física do medo desse/a paciente.
Podemos criar diversos cenários aqui, sempre pensando numa relação inicial e superficial entre profissionais e/ou pacientes, uma vez que pressupomos que ainda não exista uma relação de confiança. Alguns deles são:
1.       O/A paciente é gordo(a)
Neste caso, dependendo do que a pessoa tratada está passando, pode tanto haver uma aversão pela semelhança (“esse médico é igual a mim, como poderá me ajudar?”) quanto pode ser um fator de aproximação (“essa profissional não vai me julgar, pois deve sofrer os mesmos preconceitos que sofro”).
2.       O/A paciente tem anorexia ou bulimia (é gordofóbica/o)
Principalmente quando se trata de anorexia - e principalmente quando se trata de um tratamento imposto por pais e/ou familiares não desejado pelo/a paciente - QUALQUER elemento será usado como obstáculo para a recuperação. Neste caso o problema não é o/a profissional gordo/a, mas a situação, que influencia negativamente a aceitação do tratamento. Aqui, é importante tentar passar a ideia a(o) paciente de que o/a profissional quer o seu bem, independente da situação que fez esse/a paciente chegar ao profissional.
Tanto na anorexia quanto na bulimia, pode ser que o/a paciente inicialmente julgue o corpo do/a profissional (o que não chega a ser algo determinante para a relação a ser desenvolvida a partir disso), mas é muito mais provável que, havendo alguma abertura para que a ajuda aconteça, a/o paciente esteja mais focado/a em seus medos, formas e conflitos internos e nem perceba se o profissional é gordo ou magro. No entanto, se o/a profissional chamar atenção para esse fato em contraste com o corpo da/o paciente, este/a se sentirá julgado/a e com o seu problema tratado com superficialidade e, portanto, não respeitará o/a profissional (por não ter se sentido respeitada/o).
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É sempre importante lembrar que um(a) profissional que não esteja evidentemente satisfeito/a com sua própria imagem corporal será sim percebido pelo/a paciente, e será sim julgado caso o/a paciente sinta que o/a profissional julgue o transtorno alimentar ou tente criar uma hierarquia entre eu, o/a profissional saudável, e você o/a doente. Isso pode ser mais forte entre o/as pacientes adolescentes. Quando se tratar de um(a) profissional da área mental (psiquiatra, psicólogo/a, terapeutas...) essa relação pode ser um obstáculo maior para a aceitação e comprometimento com o tratamento. Mas neste caso, não se trata de o/a profissional ser ou não ser gordo/a, e sim, de ele/a não estar satisfeito com a própria imagem corporal (que independe de o/a profissional ser ou não gorda/o). Por isso, é sempre importante para cuidadores e profissionais primeiro estarem bem para depois, cuidarem dos outros.
Por outro lado, é possível criar uma relação de confiança e desenvolver um tratamento efetivo entre um(a) profissional que, mesmo não se sentindo 100% satisfeito/a com a sua imagem corporal, consiga respeitar o lugar da/o paciente. 
É importante lembrar que quem tem um transtorno alimentar se sente muito sozinho/a. Então a companhia e confiança se impõem sobre qualquer julgamento em relação ao corpo do outro (o problema é interno). 
E é muito importante para o/a paciente entender, por meio do/a profissional, que a sua doença pode ser tratada e curada.
Portanto, a resposta é NÃO. Ser um profissional gordo/a não é um obstáculo na recuperação de um indivíduo com TA. O obstáculo é não conseguir desenvolver uma relação de confiança. O/A profissional pode fazer a sua parte, mas mesmo assim, é possível que o/a paciente não esteja aberta/o para receber tratamento para o seu TA. Por isso, é sempre importante investir na prevenção.
Tati
Eu sou o recorte de várias pessoas e falo pelos outros.
João Pirolla
Nasci em 1981 na capital paulista. Artista autodidata, desenvolvo trabalhos autorais desde 2002. Tive minha primeira obra publicada na revista eletrônica Ideafixa na edição com o tema “Underground”, em 2010. Influenciado por mestres como Robert Crumb, Harry Clarke e Lourenço Mutarelli, colaboro para revistas (Rolling Stone, Mundo Estranho), participo de exposições coletivas e individuais e atuo na publicidade e no cinema, produzindo ‘storyboard’ e ‘concept art’. No início de 2015, meu primeiro grande trabalho editorial, “O Dia Em Que Sherlock Holmes Morreu”, uma coletânea com 17 contos de Arthur Conan Doyle traduzidos por Daniel Knight, foi lançado pela editora Tordesilhas.
Fernanda Silva
Ilustradora de São Paulo. Me formei em Design Gráfico, mas nunca deixei de lado o meu maior afeto, a ilustração. Adepta a utilização de materiais palpáveis em meus trabalhos, me inspiro no movimento Pop Surrealista, em acontecimentos do cotidiano, na cor magenta, no humor ácido e na cidade.
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[SNVD responde] Como lidar com a dificuldade de se aceitar tendo a consciência do que é o transtorno alimentar?
(T) Tati (I) Elisa Carareto (D) 09.04.2019 
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Ter alguma consciência do que é um transtorno alimentar é uma etapa essencial para o início de um tratamento de recuperação.
É um passo importante principalmente para a pessoa que está sofrendo com o transtorno alimentar. Mas assim como em qualquer doença, é necessário que o/a paciente se ajude e mude seus comportamentos e hábitos a fim de se tratar. E que mantenha esses hábitos após a recuperação completa, permanentemente alimentando a mente com saúde.
Por exemplo, uma pessoa que sofre um acidente e tem que fazer fisioterapia para recuperar seus movimentos não irá apenas ter a consciência de que sofreu o acidente, a pessoa vai para a fisioterapia e faz os exercícios pelo longo período necessário a fim de recuperar os movimentos. Idealmente, mesmo após a recuperação, a pessoa buscará a manutenção dos músculos e ossos envolvidos no acidente como cuidado preventivo.
Outro exemplo: uma pessoa que se descobre diabética não vai se tratar apenas com a consciência do que é diabetes, mas evitará o açúcar e seguirá os cuidados necessários para o controle da diabetes. É preciso dedicação e tempo por parte do(a)s cuidadore(a)s e da pessoa em tratamento. Quando isso não acontece, a pessoa não tem saúde.
A mente funciona de forma parecida.
Nós podemos buscar a saúde de nossas mentes, recuperá-la. Mas é preciso que o/a transtornado(a) veja a doença de uma forma ativa, e não passiva.
O transtorno alimentar é uma doença também. Portanto, se já houve a consciência por parte de quem sofre dele que não se está bem, e se houver mesmo a aceitação de que esse transtorno existe, (não é a identidade da pessoa, mas uma doença mental) então é necessário que a pessoa que inicia uma recuperação evite ser exposta a elementos que possam alimentar o transtorno.
O que torna tudo muito difícil é que em muitos casos, o transtorno se desenvolve na adolescência, quando a identidade está em formação, e as vítimas confundem sua própria identidade ainda não formada com manifestações da doença.
Quem quer se deixar recuperar não deve frequentar ambientes e se deixar aproximar de pessoas, redes e mídias que supervalorizam a magreza ou ideais inalcançáveis. Essa é uma parcela considerável da sociedade, mas o cuidado com a saúde mental por parte de uma pessoa que se sabe vulnerável a essas pressões é imprescindível para a recuperação.
Não é de um dia para o outro que uma pessoa em tratamento de transtorno alimentar vai deixar de se sentir afetada por mensagens negativas propagadas na sociedade, por isso é importante manter um período de abstinência, até que a pessoa não sinta mais que mensagens com esse teor a afetem negativamente. Mas mesmo após a recuperação mental, a prevenção é a melhor forma de manter uma saúde psíquica estável e duradoura.
Simultaneamente, pode ser interessante buscar lugares e atividades mentalmente seguros, que promovam positivamente o corpo, a comida e a saúde psíquica (autoestima e confiança). Por exemplo, acampar em grupo com pessoas que amam e respeitam a natureza; participar de atividades de desenho de observação e/ou praticar atividades artesanais; tocar um instrumento; meditar. Estas atividades ao mesmo tempo que promovem o autoconhecimento permitem enxergar o mundo, as pessoas e a si de forma que a imagem corporal não tem como ser a mediadora das relações nem a formadora de auto confiança.
Tati
Eu sou o recorte de várias pessoas e falo pelos outros.
Elisa Carareto
Graduada em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (2009). Vivo em São Paulo e trabalho como ilustradora e designer gráfica autônoma. Desenvolvi projetos de comunicação integrada em mídias impressa e online para o File (Festival Internacional de Linguagem Eletrônica), Allianz Seguros, Danone e SESC. Como ilustradora já publiquei em revistas nacionais como: Pesquisa Fapesp, Melissa Plastic Dreams e Nova Escola. Além disso, participo de projetos editoriais independentes, dentre eles: Cozinha Nham, Antílope #1 e Yoyo. Recentemente fui selecionada para integrar o 5º Catálogo Iberoamericano de Ilustração e para participar da exposição “Compulsão Narrativa”, organizada pelo Sesc Vila Mariana.
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[SNVD responde]  O que você acha sobre a relação entre transtornos alimentares e o TOC?
(T) Tati (I) Aimee Ferreira (D) 08.04.2019 
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TAs (transtornos alimentares) são caracterizados por pensamentos obsessivos e compulsivos e por comportamentos ritualísticos em relação à ingestão ou não ingestão de alimentos e à imagem corporal.
Em algumas vertentes, acredita-se que esses pensamentos e comportamentos servem para aliviar uma sensação de falta de controle e/ou uma busca por uma espécie de pureza moral.
De acordo com o DSM-5, TOC (ou transtorno obsessivo compulsivo) é caracterizado por pensamentos intrusivos e repetitivos que levam a comportamentos compulsivos. Estes comportamentos são usualmente usados pelo paciente como forma de aliviar a ansiedade associada a obsessões.
Há distinções importantes entre esses dois transtornos na relação que o indivíduo tem com seus pensamentos e ações. 
Uma pessoa com TOC tipicamente tem uma relação ego-distonica com seus pensamentos e ações, ou seja, acredita que suas obsessões e compulsões estão em conflito ou são aversivas à sua identidade. Nos TAs, a relação entre o indivíduo e seus pensamentos e ações no geral é ego-sintonica, o que quer dizer que a pessoa se sente alinhada com esses pensamentos e comportamentos, muitas vezes associando os sintomas da doença com a sua identidade. Essa distinção pode fazer uma diferença enorme no tratamento.
Pessoas com TOC no geral estão interessadas em evitar seus pensamentos e sentimentos, enquanto pessoas com TAs se sentem mais amarradas a estes componentes do transtorno.
Quando uma pessoa com transtorno alimentar tem dificuldades em distinguir sua doença com o TOC, é importante que se consulte com um especialista em TOC sempre que possível para que o diagnóstico correto seja feito e o tratamento adequado seja implementado.
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Um tipo de intervenção no entanto que pode ser realizado para os dois transtornos é a terapia por meio da exposição, que envolve a exposição do paciente ao estímulo que ele teme a fim de ajuda-lo a desenvolver uma tolerância a este medo e implementar uma nova associação a este estímulo. Nos transtornos alimentares, o paciente deve tratar o temor em se alimentar e aprender a aceitar a coexistência do seu ego com o seu corpo saudável. No TOC, os pacientes são expostos aos medos que alimentam suas obsessões com ênfase no refreamento da resposta compulsiva. No caso da alimentação de um paciente com TOC, por exemplo, a pessoa não apenas deverá se alimentar de forma saudável, mas deve buscar se refrear dos rituais ao redor do alimento que ela venha a compulsivamente se engajar.
No tratamento via terapia cognitivo comportamental, a maioria dos pacientes com TOC entende que suas obsessões são irracionais, mas têm dificuldades em lidar com estes pensamentos. Já pacientes com TA tendem a sofrer mais em perceber as distorções em seus pensamentos. Por isso, esta terapia tende a ter melhores resultados em pacientes com transtornos alimentares, pois consiste em identificar e desafiar estas distorções cognitivas com foco na ressignificação dos estímulos e construção de um comportamento construtivo/positivo.
Por outro lado, a terapia de aceitação e comprometimento, que tem como foco a mudança de relação de uma pessoa com seus pensamentos e sentimentos, seria a mais apropriada para aqueles que sofrem com TOC, uma vez que estes pacientes já podem identificar as distorções em seus pensamentos.
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Especialistas em TOC e em TAs podem perceber o encontro destes transtornos em seus trabalhos. Identificar as similaridades, diferenças e intervenções é um aspecto importante do tratamento para os dois transtornos, ambos subnotificados na sociedade e que necessitam de tratamento de longo prazo para a recuperação do paciente.
Fonte:
https://www.waldeneatingdisorders.com/eating-disorders-and-ocd-a-complicated-mix/
Tati
Eu sou o recorte de várias pessoas e falo pelos outros.
Aimeê Ferreira
Designer e ilustradora, moro em São Paulo. Sou formada pelo curso de design da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Gosto de desenhar pessoas que vejo na rua. Recentemente, escrevi e ilustrei meu primeiro livro infantil.
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[SNVD responde]  Grupos de apoio para quem está passando por TA?
(T) Tati (I) Aimee Ferreira (D) 06.04.2019 
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Existem diversos grupos de apoio online e presenciais para quem está com dificuldades.
No entanto, o mais importante é que a pessoa doente esteja empenhada e decidida em superar o TA.
Sentir que o tratamento que está sendo realizado (se não estiver em tratamento realizado por médicos e profissionais especializados em TAs, começar imediatamente) é o adequado para você e ser honesta(o) consigo mesmo(a) são as únicas saídas para melhorar de um TA.
Neste tratamento, é importante analisar se os medos, fobias e ansiedades relacionados à comida estão de fato diminuindo ou se ausentando no decorrer dos meses e anos de tratamento.
Enquanto estas sensações permanecerem e prevalecerem, você não está curado(a) de seu TA.
O ideal é, no tratamento, pedir a sugestão dos profissionais envolvidos para te indicar a um grupo de apoio adequado para você.
Tati
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Aimeê Ferreira
Designer e ilustradora, moro em São Paulo. Sou formada pelo curso de design da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Gosto de desenhar pessoas que vejo na rua. Recentemente, escrevi e ilustrei meu primeiro livro infantil.
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[SNVD responde] Transtornos alimentares só afetam pessoas ricas?
(T) Tati (I) Bruna Ferreira (D) 03.04.2019 
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Obrigada pela pergunta!
Resposta: NÃO. TAs afetam rico(a)s e pobres, pessoas de todas as raças e idades com ou sem escolaridade, meninas e meninos, inclusive homossexuais, e são transtornos presentes no mundo inteiro.
Alguns lugares da Ásia (Fiji, Paquistão e Taiwan) tiveram maior incidência a partir da introdução da mídia e da televisão com o ideal de beleza magra.
Em 1986, um estudo no Zimbábue em estudantes do sexo feminino revelou TAs em negras, brancas e em mestiças.
Pesquisas na África do Sul revelaram que estudantes negras no geral apresentaram alimentação mais transtornada e maior insatisfação corporal que alunas caucasianas.
Um estudo realizado na Austrália em 2017 comprova que os transtornos alimentares estão distribuídos igualmente em todos os níveis socioeconômicos.
Uma pesquisa nos anos 2000 revelou que mulheres pertencentes a minorias raciais sofrem com TAs, mas não são representadas na mídia e não são inseridas culturalmente na discussão a respeito de transtornos alimentares.
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Quando as pessoas associam erroneamente o transtorno alimentar a uma doença de menina branca e rica, sérias consequências danosas podem surgir, como:
I. TAs são vistos como uma indulgência em vez de uma doença mental
Adolescentes pobres têm probabilidade 1,5 x maior de desenvolver bulimia do que adolescentes ricas. Tratar o TA como algo menos que uma doença mental seríssima minimiza a imensa dor que o transtorno causa e despreza a força e resistência das pessoas que sobrevivem.
II. Pessoas com TAs não recebem tratamento
As pessoas acham que uma pessoa com transtorno alimentar tem que ser extremamente magra, se parecer como uma típica anoréxica retratada em matérias de jornais e em filmes. Mas a maioria das pessoas com TA sofre de Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica*, e não de anorexia ou bulimia. Portanto, a maioria das pessoas com TA não é extremamente magra.
* ingestão de grande quantidade de alimentos em um período de tempo delimitado (até duas horas), acompanhado da sensação de perda de controle sobre o quê ou o quanto se come. Para caracterizar o diagnóstico, esses episódios devem ocorrer pelo menos dois dias por semana nos últimos seis meses, associados a algumas características de perda de controle e não acompanhados de comportamentos compensatórios extremos para a perda de peso como vômito e laxantes.
 III. Minorias raciais não recebem o cuidado e suporte necessário
Nos EUA, por exemplo, onde há mais pesquisas quantitativas, a porcentagem de pessoas com TAs é a mesma entre todas as etnias. No entanto, minorias raciais (negros, hispânicos, amarelos, indígenas) têm muito menos chance de receberem tratamento. O que contribui para isso são os preconceitos dos parentes, amigos e da própria pessoa doente, que acreditam que TAs não acontecem em suas comunidades.
IV. Homens com TAs são estigmatizados
As meninas têm maior probabilidade de desenvolverem TAs. Mesmo assim, 10 milhões de homens nos Estados Unidos sofrem com transtornos alimentares. 25% das pessoas com bulimia e anorexia são do sexo masculino. Meninos com transtornos alimentares devem procurar e receber tratamento tanto quanto as meninas. TA é uma doença mortal! Devido ao preconceito e à demora na busca do tratamento, meninos com anorexia nervosa têm maior chance de morrer de complicações da doença.
V. As necessidades de comunidades LGBT não são consideradas
A prevalência de TAs em comunidades LGBT é alta. Universitários transgêneros têm 5 vezes mais chance de desenvolver um TA do que seus colegas cisgêneros. Homens gays e bissexuais têm 3 vezes mais chance de desenvolverem um TA do que homens heterossexuais. Esse risco não vem da orientação sexual da pessoa, mas do estigma e da discriminação que essa comunidade sofre, por muitas vezes não obterem o mesmo suporte emocional da sociedade que as pessoas heterossexuais.
VI. As pessoas assumem que indivíduos acima do peso escolhem seus corpos, e não consideram que algumas pessoas podem ter razões relacionadas à saúde mental e/ou social.
Julgar as pessoas pela aparência é um problema real da sociedade. Não é raro as pessoas associarem gordinho(a)s com preguiça e escolhas ruins. Se a mídia incluísse mais diversidade nas histórias sobre TAs, exibindo uma amostra diversa de corpos, origens, identidades e tipos de TAs, mais pessoas se sentiriam menos sozinhas, e, como consequência, mais pessoas buscariam tratamento e superariam esse transtorno mental tão grave que é o transtorno alimentar.
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(pergunte ao #SNVD pelo nosso insta @sobrenossavisaodistorcida) 
Fontes:
https://teenhealthcare.org/blog/heres-what-happens-when-eating-disorder-rich-white-girl-with-anorexia/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5283666/
https://www.eatingdisorderhope.com/blog/eating-disorders-developing-countries
https://www.huffpost.com/entry/opinion-yarrow-eating-disorders-white-women_n_5a945db3e4b0699553cb1d00
https://www.nationaleatingdisorders.org/statistics-research-eating-disorders
Tati
Eu sou o recorte de várias pessoas e falo pelos outros.
Bruna Ferreira
Aspirante a Designer com influências de mídias digitais e cinematográficas. Acredita que a sala de aula não é o único espaço de aquisição de conhecimento pois um simples cafezinho pode se tornar um aprendizado para a vida toda. Tem o objetivo de utilizar o design como ferramenta de acessibilidade de informação e tenta exercitar a empatia [email protected]
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snvd · 6 years
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Relato de Leitora: da obesidade para anorexia nervosa
(T) Thainy (I) Marina K, João Pirolla, Caio Yuzo, Erick Fugii  (D) 15.10.2018 
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Tenho 20 anos, estudo atualmente Graduação em Adm - Marketing e Publicidade e trabalho no marketing de uma marca de roupas femininas.
Tive uma infância solitária, mas legal, meus pais se separaram quando eu tinha 3 anos e fui criada pela minha mãe sozinha até meus 17 anos.
Minha mãe era muito ausente, trabalhava horrores (tanto que entrou em depressão) pra pagar as contas e sempre me ensinou a ser organizada e responsável; meu pai era alcoólatra e fumante. Apesar disso, era um excelente profissional e muito carinhoso comigo, quando não tinha suas crises quando bêbado...
Eu sentia muita falta de carinho. Sempre fui uma menina muito carinhosa, filha única por parte da minha mãe, passava metade do dia na escola e a outra metade em casa sozinha... comendo. 
Os doces eram meu conforto, sorvete, chocolate, balas, chips, alimentavam minha carência e tempo que ficava em casa enquanto minha mãe trabalhava e  fazia horas extras...
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Neta de negros por parte da mãe e portugueses por parte de pai, sempre tive muitos pelos, e então imaginem... Gorda, peluda e amarela.
Sempre fui muito comunicativa e metida, vivia tentando ser amiga das meninas mais "tops" da escola pra ser aceita... E assim foi até o início do ensino médio. 
Sofri muito bullying quando participei de um grupo de dança da escola que competia, eu dançava muito bem, então nos ensaios sempre ficava na frente pra ensinar as meninas. Porém, na hora de apresentar era colocada no fundo por conta da minha aparência...
Sem contar as panelinhas e piadas, isolamento nas viagens, olhares de nojo...   
Cresci ouvindo que tinha que "fechar a boca", que eu era “gorda mas muito querida" que "só de olhar já engorda" que fazer aeróbico até morrer era rotina diária, que eu sempre tinha que ser maravilhosamente boa em algo pra receber um elogio por que só fazer do meu jeito não era suficiente, tinha que ser sempre "acima do comum" pra ser valorizado.
Até que um dia, indo comprar calça com 13 anos, a nº 42 ficou apertada. Desespero. O que estou fazendo comigo? Eu pensei... Chega! Não quero mais isso pra minha vida.
Comecei a ir numa nutricionista, fazer ginástica todos os dias e tratar as espinhas do rosto.
Durante o ensino médio sai dos 87kg para os 62kg, me considerava na "média" mas ainda nada satisfeita com meu corpo. O último ano do ensino médio foi decisivo na minha vida. Comecei a namorar, a trabalhar, logo em seguida meu pai faleceu, descobri que havia sido traída e ainda tinha um medo enorme na minha cabeça chamado: faculdade.
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O que escolher? Preciso ganhar dinheiro! Por quê? Como vai ser minha rotina? E a academia? 
No ano seguinte (2016) começou a rotina e eu mal me dei conta que já estava em depressão. Em um trabalho extremamente exigente, só ia pra casa pra dormir. Comecei a cuidar da minha alimentação por conta própria, (claro, eu não podia comer muito já que agora não ia mais fazer exercícios.) Porém, a autocrítica pra ser perfeita em todos os aspectos acabou comigo.
Fazia arquitetura e era perfeccionista, não aceitava 9. Perdoei meu namorado (hoje é ex) e vivia infeliz tentando agradá-lo, só discutia em casa... Passei 1 ano sem sair e me isolei.  Não sentia mais fome, comia uma vez ao dia e olhe lá.
Tomava 2L de café, passava a faculdade com trident e quando chegava em casa, caía de boca no pote de açúcar, depois ia pro feijão, depois comia carne, vegetais, farinha de coco pura, canela em pó, nessa sequencia, sem controle... E ia dormir me culpando por mais uma compulsão.
Comecei a treinar musculação durante o meio dia, fazia jejuns enormes, aí fui emagrecendo... Até chegar nos 48kg. Cansada, irritada, infeliz, sem forças. 
Todo mundo a minha volta dizia que algo estava errado, minhas amigas me elogiavam e perguntavam como eu conseguia aquilo, eu me sentia cada vez mais bonita já que agora era convidada até pra desfilar e todas as roupas serviam, meu cabelo caía tanto que pensava estar com câncer... 
O que aconteceu com a minha menstruação? Não vem mais. Vou a endócrinos, ginecologistas, nutricionistas e todos me dizem: coma.
Peso atualmente 53kg, faço de 5 a 6 refeições por dia, mas ainda tenho medo do açúcar. Meu intelecto mudou radicalmente e hoje busco me aceitar a cada dia mais e me amar, mas ainda preciso reconhecer essa mulher que me tornei e colocá-la pra fora, não sei como, mas a terapia tem me ajudado.
Sigo buscando ter paciência, compreendendo que o processo é único e que meu corpo está entendendo que está tudo bem, que o açúcar natural não vai me viciar, que está tudo bem em ser do meu jeito e não ser o que os outros esperam, que a vida é única e estou aqui pra ser feliz, meu corpo é só uma morada por um tempo, sou mais do que isso, vou conquistar meus sonhos com amor e quero ajudar as pessoas, prezo por um mundo melhor, por amor. 
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Dia-de-algo: to everything there is a season
(T) Paula (I) Marina K, Fernanda Y, MOL (D) 13.06.2018 
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Anteontem jantei com uma das colaboradoras do SNVD que teve transtorno alimentar e ela me falou do que está vivendo (fim da faculdade), do namorado, da vida, etc.
Estávamos conversando sobre a importância dos relacionamentos, quando percebi uma coisa que não notava antes, pois a gente conversava mais sobre a doença: a diferença de idade.
Não existe vantagem de idade como hierarquia de experiência nem aumento de sabedoria, eu não acredito nisso. Mas existem fases na vida. Algumas têm a ver com idade, outras têm a ver com profissão, outras com experiências e momentos de vida, outras com prioridades e escolhas. E as pessoas estão sempre em momentos diferentes umas das outras.
Eu consigo perceber hoje o quanto a questão da expectativa de relacionamentos sexuais (algumas pessoas entendem isso como relações estáveis) já foi conversada e primordial na minha vida, momentos em que eu achei que coloquei isso numa posição favorecida e me decepcionei com parceiros em relações que não acompanhavam o que eu achava que no momento eram as minhas prioridades ou visões.
Homens e mulheres são diferentes, um pouco por causa de cultura, um pouco porque as pessoas são diferentes umas das outras. Se eu fosse homossexual, me decepcionaria com relacionamentos com outras mulheres se elas não correspondessem às minhas expectativas. Mas tem o tempo, a estação das pessoas. Em alguns momentos pontuais da minha vida pode ser que a decepção fosse vista como uma ameaça à manutenção da minha autoestima. Em outros momentos, pode ser que eu visse como um defeito ou incapacidade alheia. Em outros momentos, pode ser que fosse okay, aceitável e compreensível para mim e a vida continua. E em alguns outros - o que surpreendeu a mim mesma - é que eu não fui gentil nem me apaixonei, mas fui egoísta e desatenciosa. E eu acho que isso não provocou uma sensação bacana na outra pessoa.
Eu acho que pelo menos no meu caso, demorou um pouco para perceber. E depois da conversa com essa colaboradora, achei que fosse relevante escrever um texto sobre isso já que falamos tanto de auto estima e identidade vinculadas a expectativas colocadas em relacionamentos afetivos.
Já recebi cartas de leitoras que me diziam temer (desesperar), não encontrarem namorados ou não casarem, ou serem abandonadas pelos parceiros. É importante entender que vivemos socialmente e a reação negativa ou o abandono de algumas relações que nos são caras nos afeta negativamente. Mas eu sendo eu e estando num momento que almejei desde não-sei-quando na minha vida, percebi que não se trata de homens por homens, como parceiros.
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Se trata de como nos vemos e se conseguimos alcançar ou chegar perto, ou ter esperança na concretização de nossos desejos e sonhos mais íntimos.
Se realmente fo(r)mos atrás deles, e se consegui(re)mos ou não alcançar o que no nosso interior nos ajudará a sermos mais nós mesma(o)s. Se trata do sucesso ou insucesso de termos uma vida mais autêntica e condizente com a nossa expectativa existencial, seja esse sucesso ou insucesso baseado na tentativa (concreta) ou na concretização/materialização dessa vida decorrente da tentativa bem sucedida.
O que projetamos em nossos relacionamentos emocionais nos homens (para quem é heterossexual mulher e almeja no momento um namorado ou parceiro afetivo ou para quem é homem homossexual e deseja o mesmo), nas mulheres (para quem é mulher homossexual ou homem heterossexual que deseja um relacionamento), nos pais, nos professores, nos colegas de trabalho, na sociedade, na audiência (para quem é artista ou comunicador(a))... independente do que almejamos conseguir e vivenciar nós-conosco, independente de a sociedade ser amigável ou não no processo que passamos na trajetória para alcançar os nossos objetivos... é um problema nosso. Não que ele não possa ser dividido ou que não possamos demandar (eu acho que DEVEMOS demandar, é a nossa função existencial para sermos benevolentes e respeitoso(a)s conosco) ou que não seremos julgado(a)s pelo resultado, mas quem vive essas dores e essas alegrias somos apenas nós, ninguém vive isso conosco ilimitadamente.
Somos sozinha(o)s com nossos sonhos. De vez em quando há parceria e torcida. De vez em quando não há.
Recebo muitos relatos de mulheres que têm medo do “fracasso” com homens. A dor sempre deverá ser enfrentada. No entanto, eu tenho esperança (e expectativa) de que um dia essas reclamações e medos se transformem em medo do “fracasso” existencial em não ser uma artista suficientemente ousada, uma médica minimamente excepcional, uma cientista esperançosa e incansável, uma profissional bem paga (isso recebi UMA vez), uma escritora reconhecida... uma cineasta com filme.
Porque o que estamos buscando é uma identidade. E homens podem sim nos ajudarem com nossas carências, nos serem bons parceiros, amigos e colegas. Mas eles não podem nos dar o valor e a identidade. Principalmente porque homens heterossexuais sexualmente interessados em mulheres heterossexuais querem fazer sexo, não? Para fazer sexo, é preciso de um corpo que agrade ao outro. Portanto, para o homem é uma questão meramente visual num primeiro momento, que tem a ver com a cultura, instinto e ambiente DELE. Mas isso foi passado como identidade para as mulheres no geral só porque isso de fato tem como resultado uma sociedade mais feliz, mais praticante, mais prazerosa. Homens que gozam são homens mais felizes e seguros, e homens mais seguros são pessoas mais agradáveis.
Mas precisamos nos questionar o que é a nossa identidade, qual é a nossa necessidade existencial individual, se estamos felizes e seguras. 
Não podemos todas sermos iguais e termos as mesmas necessidades (agradar sexualmente ao “homem genérico”) em todas as nossas estações, isso seria completamente antinatural.
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Simplificar e delegar a própria existência e sonhos, buscar uma vida superficial porque o outro te oferece uma resposta pronta (será que o outro oferece ou temos medo de olhar para dentro de nós?) é, simplesmente, errado. Não tem como sair nada verdadeiro disso.
Tem época da vida que a gente prioriza ser corpo, tem época da vida que a gente prioriza ser cérebro, tem época que poder e dinheiro são benvindos, tem época que só a experiência já é válida, e tem época que queremos apenas viver sem doenças. Não tem certo nem errado, tem o que nós queremos para nós, o que nos torna melhores pessoas conosco para nos relacionarmos como pessoas melhores com os outros.
Então, Dia-de-qualquer-coisa que seja, curtam a parceria, a paixão, a amizade, a fossa, a companhia, a solidão, a carência, o prazer limitado e o ilimitado. Sintam ou não sintam. Mas não se afundem no próprio buraco. É muita energia e identidade perdida, não vale a pena. E é errado. Para nós-conosco existe sim o certo e o errado. Na prática eles mudam, mas para facilitar o processo cabe APENAS A NÓS MESMO(A)S reconhecermos e vivenciarmos da melhor maneira possível. Para isso, precisamos ser bem espertas. O corpo é útil e funcional, mas não basta.
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Paula
Idealizadora, coordenadora, curadora, colaboradora e revisora do SNVD. Adoro a presença física e virtual de gente legal e bem intencionada. Fico no pé de todo mundo, não deixo ninguém ir embora e me deixar só com meus dois computadores ligados e o newsfeed do facebook incessantemente me mostrando as piores notícias do mundo. Sou formada em Audiovisual pela ECA (Universidade de São Paulo), pós graduada em Direção de Filmes pela K-Arts (Korea National University Of Arts) e tenho uma produtora chamada Sam Ka Pur filmes. Atuo como cineasta e em diversas outras áreas e ocasiões. www.paulakim.com.br
Marina Kanzian
Me formei em Design pela FAU USP em 2011, onde descobri que o que curto se chama ilustração. Já ilustrei revistas e campanhas, mas sempre ganhei a vida fazendo design gráfico. Atualmente moro na Alemanha, onde estou em busca de novas experiências. www.cargocollective.com/marinakanzian
Fernanda Yanevisk
Típica prolixa sagitariana com ascendente em gêmeos ou leão (a depender do site), não muito fã de esportes, a não ser maratonas de séries. Aspirante a escritora, roteirista, ilustradora e quiçá um dia – com muita fé no desenvolvimento e futuros investimentos nas produções seriadas nacionais – Showrunner! Graduanda em Cinema e Audiovisual (UFRB); apaixonada pela arte e cultura que circunda o universo infanto-juvenil. Alguém que troca de cabelo como quem troca de roupas. Minha vida segue feito um rio que se adapta às curvas e cores cotidianas. Sou o oposto do ateísmo, creio em tudo aquilo que cabe na palavra ‘possibilidade’.
Galileo Giglio
Morei em Minneapolis, Estados Unidos, entre 1997 e 1998. Formado em Arquitetura na FAU-USP, iniciei a carreira como designer e ilustrador, trabalhando por um breve período na agência TBWA\Chiat\Day em Los Angeles. Ao longo dos anos já fui diretor de criação, diretor de filmes e de animação. Em 2003, fundei o Estúdio MOL, onde atualmente sou o produtor executivo dos projetos para TV, internet e cinema. Em 2012, como diretor de animação, criei a abertura da série "Pedro & Bianca" da TV Cultura, vencedora do Emmy Kids International de 2013 de melhor série. www.estudiomol.tv
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