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Recanto Sonhador
Aspirante a escritora. Nordestina, sonhadora, 27 anos, lufana e leonina.
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Musings From The Medusa Cascade
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Artanema
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Esperança é um disfarce de escamas
Uma concha de retalhos que se prende
no desespero humano.
Indo de encontro aos destroços.
Migalhas, restos, sobras do que já se foi.
Falam sobre viagens no tempo, pontos de vista e consertos, escondendo o que já se sabe.
Escondendo lá no fundo.
Se enganar é a maior sinceridade
do oposto do não sentir
do oposto do que é dito.
O inverso se mostra na sua contradição ambulante.
Você já sabe o que esperar.
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Inexplorado
Achei que nós fóssemos para sempre.
Pensei mesmo que não havia nada que me fizesse me afastar de você.
Apesar da minha idade, era uma certeza.
Eu respirava essa certeza.
Transbordava floreios.
O tempo é mesmo metamórfico. Ou desilusório. Ou só cansado das máscaras que impregnam os rostos dos não-sabem-tudo.
Ou…
Ou o tempo é a desculpa do que já sabíamos, mas guardamos no fundo do baú; no escuro do porão.
Acorrentados pelo medo do desconhecido.
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A felicidade encontrou a tristeza brincando de não existir.
Do seu modo, ela quis resolver o problema
Ela deu um looping e fez uma pose magistral.
A tristeza quis mostrar que aquilo tinha sido importante
Então deu o seu melhor sorriso;
apesar dos olhos.
Marejados.
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Houve uma batida
É o que há para lembrar
Algum zumbido, luzes ecoantes
O início do fim. Ou o fim do início.
Lembro de um soluço teimoso
Raiva de dente, de punho, de olhos
Antes alguma coisa que já não me lembro
Agora a realidade se mostra
nas unhas
Com sombras de migalhas
perdidas em uma hipérbole do tempo
Um presente.
Agora somos alagados.
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Agridoce
Maria queria cantar, mas não tinha enredo
Maria queria dançar, mas não tinha flexibilidade
Maria queria brincar, mas não tinha dinheiro
Maria queria estudar, mas não tinha oportunidade
E de tanto querer, quis deixar de querer
Se contentou com uma vida elementar
Só tinha o luxo de pessoas socorrer
E elas não paravam de chegar
Maria não teve tudo - ou nada - que queria
Só tinha fé, amor, nome e voz
Um coração puro e em harmonia
Que floresceu em resistência ao mundo algoz
Resistência sua em nós
Quem diria que assim o mundo encantarias?
Cativou saudade; ensinou sororidade
Maria inspirou milhares de outras Marias.
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Nada, enfim.
Nada, pois.
Nadadeira.
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Princípio
Eu espero. Não tem problema.
A esperança é uma virtude.
Espero você se acomodar, se sentir confortável.
Espero você confiar.
Espero se entregar.
Espero você descobrir que isso é mais do que paixão.
Espero que se dar conta disso.
Espero você se arrumar.
Deus, espero que sejamos para sempre.
Espero não me machucar.
Espero você do lado de dentro.
Espero, eu realmente espero, que seja você!
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RESILIÊNCIA
A humanidade tem a incrível habilidade de superar
Transformar os espinhos em flores e colorir futuros com esperança
Traçando novas formas de se viver
Pincelando os sabores mais exóticos
Após a pandemia de 2020 que se instalou
A sociedade resolveu repensar o que lhe eram mais caros
A economia deu um freio, afundou
E, com isso, realmente mostrou que dinheiro é algo inventado
As mudanças aconteceram feito brisa de praia
Houve muita tristeza que não pode ser ignorada
Mas também trouxe a sorte de amigos, de família, de tempo
De não se permitir nenhum arrependimento
No novo mundo construíram homenagem às vítimas, que nunca iremos esquecer
De um vírus sim, mas também de ganância e de poder
Lembrando a todos como é fácil se corromper, mas que temos a chance de,
Um dia, melhores ser.
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Cosmos Literários
Quando ele vem, eu vou
Ele Moysés, eu Candido
Ele universo, eu no verso
Tu - ali, aqui, dobrando a esquina
Fica boba, mas destemida
Até o próximo episódio, é claro
Aí posso pedir dengo, viver de mimo, ler Drummond
Ler as cartas floridas de afeto
Até mais um verso
As danças, as músicas, as brincadeiras
Qual é o filme da vez?
Chazelle não. Já cansei de Chazelle.
18 é melhor que dois, três,
28, 30, 31…
E mais borboletas no estômago e Quintana na veia.
Como é bom os cosmos literários.
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Roubo
Foi-se a noite e foi-se o dia.
Levaram meu sonho.
Policial, prenda-os.
Traga de volta.
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Há uma oposição entre a cabeça e o coração.
A cabeça pensa, reflete e age com penhor.
O coração, esse masoquista, apenas quer sentir dor.
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Instante
Estou parada na minha sombra
Só quero sossego, talvez árvore,
E ela vem timidamente
Formigando no meu nada
Querendo se meter nas minhas compreensões.
— Me deixa, já disse.
Levanto e tenta me seduzir
Faz charme, mostra seus traços.
— Me deixa, já disse.
E vira bicho. Me desconcerta.
Se torce e me joga contra a cadeira.
Quanta violência!
— Me deixa, já disse.
E se revira traiçoeira e brinca de espaços.
Não me deixa e se contorce.
Me escondo e me acha.
Quer iluminar.
Meu ponto final escorrega pra vírgula
E ri vitoriosa. Esmaga e reanima.
Ela me mata e me ressuscita
Depois finge que nada aconteceu
E me olha mutante.
Bobamente, concluo:
Eu sou esse instante.
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EFEITO DO TEMPO SOBRE O CORAÇÃO
Os eus que vêm a mim
Como uma fachada sobre o nada
Alavanca o gosto de sol no profundo ser
Três vezes foi tocado
Mais três pensado
Somente um agora pode ser visto
(Amargura é pra quem não tem tato)
Investi, retribuiu. Um sonoro abismo
Com o coração na mão – ou na boca –
O cheiro da conquista conquistou os destroços do sentir
A escuridão agora dança e brinca de clarear as reticências
Com a cabeça embolada de sentidos torpes
O silêncio coagula a maciez do sofá
Afundando até os pensamentos, deitando nas lembranças de canela
Abraçando o horizonte de pássaros
Eles só cantam as memórias
Desliguei. Cansei. Sumi.
Agora eu faço parte dos espaços
Posso preencher os silêncios com os ouvidos do coração
A melodia acaricia meus ouvidos
Quer brincar com o perfume do interior
Despetalar sorrisos.
#poesia#poema#poeta#novos poetas#literatura#lirismo#autornacional#autoral#leiamulheres#escrita#write#books#coração#tempo
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Contornos
Desci as escadas em direção à sala de jantar. Tentei andar devagar, averiguando se não havia mais ninguém em casa. Com o estômago vazio e a maquiagem borrada, tomei o devido cuidado de não cortar meus pés com os cacos caídos do meu coração partido há umas horas atrás.
Passei por eles devagar,
virando pó.
De repente me sobressalto e dou um pulo. Engulo o grito que estava prestes a se formar em minha garganta e vou em direção à pessoa desconhecida que me encara do outro lado do espelho.
A figura era horrenda, mas - estranhamente - sorriu para mim. Analisando com bastante atenção, comecei a achá-la familiar até. Traços, espinhas, cores e sinais. Definitivamente, a criatura não era tão feia assim. Na verdade, me acostumei com ela. Quis pô-la no colo e cuidar. Dar carinho e atenção.
(algo nela me atraía.)
Dias se passaram. Ela se tornou minha companheira e confidente. Como uma sombra, estava sempre comigo. Era dócil. E notava uma mudança discreta nas suas cinzas.
Meses mais tarde, notei como ela se parecia comigo e como o pó dos cacos, antes caídos na escada, coloria sua imagem cada vez mais.
Finalmente, conheci seus contornos. Ou melhor,
reconheci.
#poesia#poema#novosautores#autoral#autornacional#lirismo#escrita#write#books#poeta#leiamulheres#reflexo
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Sempre (a ele)
Olho para ti. Repetidas e repetidas vezes.
Rio de alguma besteira. Repetidas e repetidas vezes.
Entrelaço os nossos dedos. Repetidas e repetidas vezes.
Eu te amo. Repetidas e repetidas vezes.
Te dou um beijo. Repetidas e repetidas vezes.
Vemos um filme. Repetidas e repetidas vezes.
Brigamos. Repetidas e repetidas vezes.
Fazemos as pazes. Repetidas e repetidas vezes.
Eu te amo. Repetidas e repetidas vezes.
Eu te amo. Repetidas e repetidas vezes.
Fazemos as pazes. Repetidas e repetidas vezes.
Brigamos. Repetidas e repetidas vezes.
Vemos um filme. Repetidas e repetidas vezes.
Te dou um beijo. Repetidas e repetidas vezes.
Eu te amo. Repetidas e repetidas vezes.
Entrelaço os nossos dedos. Repetidas e repetidas vezes.
Rio de alguma besteira. Repetidas e repetidas vezes.
Olho para ti. Repetidas e repetidas vezes.
Planejamos nossa casa. Nosso futuro. Nossa sala.
Nossa biblioteca.
Repetidas e repetidas vezes.
Nossos filhos e (animais de estimação?)
Repetidas e repetidas vezes.
Na minha vida, eu não consigo imaginar um dia que você não exista.
Será uma obliteração niilista?
Mas posso sempre dizer que te amo.
Repetidas e repetidas vezes.
Repetidas e repetidas vezes.
E mais um milhão de vezes.
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