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keliv1 · 4 minutes
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Sobre observações e meios
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Escrevo este texto um dia após completar 42 anos. Porém, dando uma de Steve Jobs, para seguir em frente é preciso “ligar os pontos”.
Para tanto, volto alguns dias, mais precisamente no dia 27, sábado, quando fui à meditação. Fazendo a conexão entre o trem e o metrô, eis que esbarro da ação #CirculeUmLivro, uma prateleira-árvore de livros em que o esquema era pegar um livro e deixar outro.
Fiquei em graça porque não tinha no momento um livro para deixar, mas a mocinha que estava no local, na estação Tatuapé, disse que não havia problemas.
Peguei um exemplar de lendas amazônicas, que futuramente vai ficar para minha sobrinha.
À noite, assim que cheguei em casa, fui a prateleira de livros do quarto e onde repousam em caixas os Quadrinhos, abri uma delas e peguei alguns exemplares que farão sentido para outrem.
No dia seguinte, fui comemorar o aniversário do jeito que gosto: indo ao cinema. Fui ver o Wagner Moura correndo dos tiros. Até minha mãe ensaiar tirar foto na estação.
Antes, contudo, passei a catraca da conexão e cá estava mais uma vez a mocinha.
Contei a ela o ocorrido do dia anterior e, com um sorriso, agradeceu pelo gesto: “Pode pegar mais um livro”, disse-me.
Na hora, não ia aceitar, até porque não tinha muitos exemplares, mas aí dei de cara com a capa do livro de Luciano Huck. Admito discordar de bastantes coisas que emprega (e isso não é uma crítica negativa, diga-se), mas levei para casa: “Vamos ver o que ele tem a nos contar”, agradeci a mocinha.
E como todos os anos, tirei uma carta do baralho egípcio para ver como será o meu Ano Novo: saiu “O Testemunho”, que fala de mudanças, ajudas, novidades por vir.
Não sei se virão das mãos da meditação, da Amazônia, do Jobs, do Wagner Moura, de até do Luciano Huck, mas sei que para seguir em frente é também preciso observar os meios.
Observemos, portanto.     
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keliv1 · 6 days
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O Manual do Usuário, blog/site/iniciativa do jornalista Rodrigo Ghedin, tem um espaço bem legal que é para os leitores enviarem as mesas de trabalho.
Tomei vergonha e enviei a minha.
Confira o relato que escrevi neste link.
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keliv1 · 14 days
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Sobre verbos e reencontros
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Escrevo este texto em plena segunda-feira, depois de um sábado tão intenso e um domingo de (semi) descanso, em meio a tantos sentimentos que povoam a minha mente até agora.
Sábado, aliás, foi um dia pitoresco, em que eu até fiquei o olhando o povo cruzando pela estação Sé do metrô e admito: tava bem pensativa.
Mas a vida vai nos dando esses insights.
Vai vendo!
Falo do Sarau #UmaPuxaaOutra, promovido pela editora Hortelã e parceiras durante a feira O Coletivo, que rolou no dia 13 de abril, no bairro da Aclimação. Sim, foi nossa segunda participação no evento, mas dessa vez com apresentação.
O dia tava lindo e o sarau foi ainda mais bonito, com direito a rabeca, verso, verbo, e, principalmente reencontros.
Declamei, mais uma vez, “Por um dia”, o único poema de minha autoria que sei de cabeça (os outros, só uns versinhos), e o trecho de “Relembrar”, um dos verbos conjugados em “Alguns verbos para o jardim de J.”, meu segundo livro.
Nessa parte, Jéssica relê o diário dela, relatando o passado no abrigo, quando adolesceu. Engraçado que ela revisita esse momento tão complicado após uma celebração (não vou falar mais se não dá spoiler, rs), ou seja, era para ela estar sentindo ainda esse gostinho de alegria.
Mas às vezes, o destino nos pede para revistar passados, olhar para eles com olhar de cura, sem dores, sem julgamentos.
Escrevi “Alguns verbos...” em 2021, após uns sete anos que tinha lançado “São Miguel em (uns) 20 contos contados”, meu primeiro livro, de crônicas, pelo Jornalirismo.
Depois desse primeiro lançamento, não tinha mais visto o Guilherme Azevedo, editor do site e do livro.
Após tanto tempo, após ter lido esse trecho do livro, saindo da tenda do sarau, eis que sinto uma mão no ombro: sim, o Guilherme tinha se materializado na minha frente.
Mano, nem vou falar que pensei que fosse uma assombração, sem cerimônias!
Foi um momento tocante, que ficou na memória...
Mais engraçado ainda foi horas antes, assim que cheguei na tenda da Hortelã: o artista Anderson Maurício levou o seu “Realejo do Cultivo”, uma experiência imersiva sobre descoberta da nossa própria natureza.
Você se senta numa cadeira, coloca um fone de ouvido todo “crochetado”, fecha os olhos e ouve uma inspiração. Uma delas, que eu me lembro falava de lágrimas, nossa primeira irrigação.
Faço, portanto, minhas as palavras de um dos poemas dele, presente no livro “Oráculo da missão”: “O coração é fértil. Tudo que planta, nasce”.
 Brotou aqui dentro mais um ramo de gratidão.
Passado é isso: passagem para o hoje em direção ao futuro.
É sobre ser grata e seguir em frente.
Agradeço demais a todes que passaram na banquinha da editora, ao pessoal d’O Coletivo, o Anderson, o Celso e o Ruano, o Vitor (e família) e o Liberto, ao Guilherme, e claro, a Débora e o Jorge pelo trabalho hercúleo e pela parceria.
Mais imagens do evento neste link
E sigamos reencontrando, agradecendo, agindo.
(As fotos são da editora e algumas minhas e conforme forem saindo, publico aqui no post)
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keliv1 · 20 days
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Convite!
Mais uma vez, a editora Hortelã, que publicou o segundo livro que escrevi, estará na feira O Coletivo, na Aclimação, SP, e a partir das 11h terá o Sarau #UmaPuxaAOutra, com as parceiras.
Claro, estarei lá!
Venha passar (vergonha, brincadeira!) o sábado com a gente!
Bora?
Feira O Coletivo
📍 Sábado, 13 de abril • das 10h às 19h - Sarau a partir das 11h Endereço: Av. Eng. Luiz Gomes Cardim Sangirardi (Pedra Azul), 120-640, saída do Parque da Aclimação (portão 3).
Metrô Ana Rosa
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keliv1 · 21 days
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Lançamento Histórias Interessantes – Biblioteca Raimundo de Menezes – 06 de abril de 2024
Avisto cruzando os portões da biblioteca, um senhor de cabelos bem brancos, quase nuvens, vestindo o básico: jeans, camiseta branca, tênis. Eis que surge Natanael Tomaz da Silva para lançar o seu primeiro livro: “Histórias Interessantes”, da Estúdio Aspas, uma editora do bairro de Vila Verde, Zona Leste de SP.
À espera, parentes, chegados, e gente que parou ali para ver o “sr. alegria”, como os amigos e parentes o chamam. E eu tava lá... fiquei um tempinho, admito, mas foi o suficiente para perceber o quão transformadora é a publicação de um livro, de uma história, mesmo que seja simples, mesmo que não seja best seller.
“É uma autobiografia, mas também um livro de cabeceira, porque escrevi 366 reflexões sobre a vida. É aquele livro para você deixar na cabeceira e, a cada acordar, você abre o livro e lê um pensamento”, disse-me, segurando firmemente minhas mãos.
Ainda teve sarau, música com Rodrigo Sestrem e, claro, a presença da palavra.
Eu, que sempre sou de ficar um tempão, pegar o microfone e falar umas bobagens, me vi ouvinte e saí (não só à francesa, mas) com a certeza que nossas memórias são edificadas em diversos suportes: o livro é um deles.   
  Sigamos!
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keliv1 · 28 days
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No feriadão, peguei para desenhar de novo. Saiu essa dália.
Hoje, 1 de abril e não é mentira, saiu essa frase da caixinha de Sementes de Reflexão: "Sonhos ou ideias não são obras do acaso. Estudar, informar-se, conhecer novas pessoas ajudarão a desenvolver mais a sua intuição para um crescimento pessoal e profissional. Aproveite". Tomara!
Que o mês seja leve!
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keliv1 · 1 month
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Como criar (e retratar) memórias em São Miguel Paulista?
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Cartografia Periférica – Histórias de São Miguel Paulista, mapa produzido pelo Passeando pelas Ruas e exposto na biblioteca – foto: Keli Vasconcelos
Keli Vasconcelos*
 Escrevo este texto de um jeito, digamos, pitoresco: em vez de digitá-lo, primeiramente eu escrevi, literalmente, à mão para depois montá-lo no note. Penso eu que esse trâmite se deu por conta da experiência vivida durante o Festival da Memória, promovido na sexta-feira, 22.03, na Biblioteca Raimundo de Menezes.
A ideia foi do coletivo Passeando pelas Ruas, composto por três historiadores, Philippe Arthur, Paola Pascoal e Renata Geraissati; e uma pedagoga, Paloma Reis, que há uma década se dedica a mapear por meio da Arte uma zona leste de SP tão rica de histórias e potências.
Tive a alegria de ser uma das contempladas a participar da primeira mesa, que contou ainda com a pedagoga Amanda Silva, que falou de sua experiência dos Quadrinhos para quebra de estereótipos em sala de aula, no caso a Escola Arquiteto Luís Saia (já falei aqui), e da professora e futura historiadora Leticia Queiroz, autora do livro ilustrado “São Miguel Paulista, meu bairro, minha história”, que retratou com mais proximidade a Capela de São Miguel Arcanjo, patrimônio histórico não só de São Paulo, mas também do Brasil.
“Nosso objetivo com a intervenção com o uso das HQs da Mulher de Ferro na escola [a atividade foi em 2017] não era mudar o mundo, mas mudar o olhar em relação às questões de gênero e de raça na cultura pop”, expressou Amanda em sua apresentação.  
Vale também lembrar que Leticia Queiroz fez parte da RAP (Residência Artística Periférica), uma das ações do Passeando nesse resgate de memórias, resultando na publicação. “Antes, não entendia bem o que era aquela igrejinha em meio à praça do Forró (como é conhecida a praça Padre Aleixo Monteiro Mafra), depois da residência vi a sua importância e como precisa ser valorizada”, disse ela em sua fala.
E por falar do tema, após a apresentação de Amanda e a fala de Leticia, Philippe me perguntou da experiência que vivi como oficineira em 2019, quando promovi a ação de escrita afetiva e que também me ajudou a escrever “Alguns verbos para o jardim de J.”
Não contei apenas a história de Jéssica e Joia, as crônicas escritas em “São Miguel em (uns) 20 contos contados”, meu primeiro livro, mas falei da importância em criarmos e compartilharmos nossas vivências, experiências e descolonizarmos nossos conceitos, e reverberam futuramente.
Eu disse que quando (re) conhecemos como pessoas em nossas individualidades, consequentemente questionamos nossos territórios, nos vemos como (a) gentes no mundo e entendemos nosso passado, verificarmos nosso presente e podemos propor mudanças hoje para vislumbrarmos um futuro. Não é fácil, mas é um passo possível.
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As publicações feitas pelo coletivo, além dos livros que escrevi e de Leticia Queiroz. Quem participou recebeu um voucher de desconto oferecido pela ed. Hortelã, que publicou meu segundo livro – foto: Keli Vasconcelos
Falando em territórios, a segunda mesa tratou de passado e presente, com Rogério Rai, cicloativista do Pedale-se, Diógenes Sousa, Doutor em História, e Paola, do Passeando, que além de falar do mapa exposto na biblioteca, frisou outro trabalho produzido pelo coletivo, a digitalização dos trabalhos do historiador Paulo Fontes, que fez um extenso levantamento sobre a Nitro Química, fábrica existente no distrito de Jardim Helena, cujo material estava na biblioteca.
“Durante esse processo de pesquisa documental, além do trabalho de Fontes, encontramos muitos materiais que ele coletou, como recortes de jornais, falando da atuação das mulheres em S. Miguel para a vinda do Sistema Único de Saúde, a luta operária e expansão do bairro e até mesmo questionamentos sobre a fundação do bairro”, expressou ela em sua fala.
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Rogério Rai (Pedale-se), Diógenes Sousa (Dr. em História) e Paola Pascoal (Passeando pelas Ruas) – foto: Keli Vasconcelos
Já Rogério levantou várias questões sobre a mobilidade e também deu gancho para a relevância de S. Miguel para o país: “São Paulo não começou no Pátio do Colégio, começou aqui. E a Capela de S. Miguel não é importante só para São Paulo. É importante para o Brasil”, frisou ele.
Já Diógenes, que também faz parte do Bloco Fluvial do Peixe Seco, que também há 10 anos não somente leva o carnaval de rua, mas também mapeia os rios “escondidos” pela cidade, defendeu o acesso da população às pesquisas acadêmicas. “Nós como historiadores também devemos sair dos muros da academia e levar nossos trabalhos para o maior número de pessoas. Atividades como este festival, passeios de bicicleta, a pé, tudo isso é parte do processo”, destacou ele.     
Houve mais uma palestra, com o CPDOC Guaianás, coletivo de teatro Estopô Balaio e projeto Arte e Cultura na Kebrada, mas infelizmente não pude ficar.
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Agradeço demais ao Passeando pelas Ruas, à sempre solícita biblioteca Raimundo de Menezes e claro a todes que estiveram nesse evento tão potente e necessário.
Ururaí, como era chamada pelos indígenas Guaianás (ou Guaianazes) a aldeia que hoje é a São Miguel Paulista, agradece.
Mais fotos do evento (crédito - Passeando pelas Ruas).
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* Keli Vasconcelos (ela - SP) é jornalista freelancer, pós-graduanda em História Pública, arrisca-se no bordado, desenho e na poesia. Autora de “Alguns verbos para o jardim de J.” (romance, editora Hortelã 2022), “São Miguel em (uns) 20 contos contados” (crônicas, 2014), HQ “VooOnda” (online, 2021), além de participar de antologias. Mais pelas redes: Bluesky, X-Twitter, LinkedIn, YouTube, Minus e Tumblr
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keliv1 · 1 month
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Convite! Estarei nesta sexta-feira, 22, lá na Biblioteca Raimundo de Menezes para participar do Festival da Memória, promovido pelo coletivo Passeando pelas Ruas.
Vou falar dos livros que publiquei e claro de memória periférica.
Vou também assistir mais uma palestra, que vai falar de passado e presente de S. Miguel Paulista.
E vou contar TUDO!
Bora?
📍LOCAL: Biblioteca Municipal Raimundo de Menezes ENDEREÇO: Avenida Nordestina, 780
📅 DATA: 22 de março de 2024
⏰HORÁRIO: das 10h às 16h30
✍🏾 INSCRIÇÕES: só chegar
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keliv1 · 1 month
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Feira Dita Cuja - 16 de março de 2024
Nem deu para avisar antes aqui no blog, mas, sim, mais uma vez participamos da Feira Dita Cuja, lá na Benedito Calixto.
Sabadão quente (mesmo), mas o calor humano foi o que dominou, com música boa e história melhores ainda para contar e guardar no coração.
Mais legal foi a mensagem que o organizador desse evento, o Wellington, escreveu. Senti a emoção dele quando eu entreguei um tsuru e disse era autora.
"Primeiro preciso dizer que aqui a ideia é ter um espaço dedicado a todos e todos os segmentos. Gratidão por sua confiança e por fazer parte de nossa família de empreendedores e apaixonados pelo empreendedorismo, literatura e outros".
É sobre isso.
Gratidão e sigamos!
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keliv1 · 2 months
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Na edição janeiro/fevereiro do Projecto ACBD, de Portugal, o tema foi "O Duelo", com roteiro de Marco Fraga da Silva e eu e mais uma galera desenharam essa HQ divertida!
Confira os resultados aqui
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keliv1 · 2 months
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Meu TBT de hoje é das exposições do fotógrafo Sebastião Salgado que tive a oportunidade de ir no Sesc.
As 11 primeiras fotos é de Genesis, de 2013, na unidade Belenzinho.
Já as últimas é Workers, de 2019, na unidade Paulista.
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keliv1 · 2 months
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Lançamento Vidas Periféricas – Biblioteca Raimundo de Menezes – 24 de fevereiro de 2024
Paulo Camargo, professor e cineasta de Ermelino Matarazzo, é daquelas pessoas que você senta ao lado e ouve sem se cansar.
Um cara com um currículo não só de passagens no teatro, séries, livros (são 10), mas um menino que fala com alegria de suas memórias na periferia da zona leste de Sampa, território que ocupa até hoje.
No sabadão, ele autografou seu mais novo livro: Vidas Periféricas, que também é uma série, cujo projeto foi aprovado em edital da prefeitura de São Paulo.
“Fui fazendo várias coisas, várias artes, para ver se tudo daria certo. E estou vendo que vou indo no caminho certo”, disse ele, com um sorriso tímido, mas que transparece a alegria em compartilhar suas vivências.
Múltiplas linguagens para mostrar que arte é resistência, é memória, é levar o passado para o hoje.
Mais uma experiência para o meu currículo! Tô doida para ler esse livro.
Sigamos!
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keliv1 · 2 months
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Revisitando textos: "Namoro (n)a TV"
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Em mais uma (re) visita de crônicas, posto “Namoro (n)a TV”. O texto remete a 2012, quando fui ao canal MTV participar da plateia de um programa de (adivinha?) namoro.
Fazendo uma varredura no note, encontrei as fotos desse momento.
Segue texto e fotos.
Porque relembrar com carinho e deixar fluir é viver.
Namoro (n)a TV
Keli Vasconcelos 16/02/2012
Impressionante o quão é fascinante a televisão. Meio canto da sereia, hipnotiza até o cético. Quem nunca perdeu a senha quando está na fila para fazer um exame médico, por exemplo, porque ficou prestando atenção no que passava na TV?
Não trabalhei em TV, mas já tive a chance de entrevistar apresentador, ver os estúdios – que são, em geral, bem compactos. E quando tinha 4, 5 anos, consegui uma brecha e fui com meus pais à TVS (hoje SBT), mesmo sendo menor de idade.
Ao longe, Silvio Santos no palco do “Qual é a música?”, na prova da vitrola musical, em que os participantes tinham que adivinhar quem cantava os trechos de canções. Aquilo impregnou na mente: o “patrão”, com o seu terno escuro de risca de giz, usando aquele microfone engraçado junto à gravata. Quando lia as fichas, colocava óculos mais divertidos ainda, sem as “perninhas”, na ponta do nariz. Só cinco minutos o vi, uma eternidade.
Pois bem, anos depois, li um post que recrutava interessados em participar na plateia das gravações de um programa de namoro, em um canal na zona oeste da cidade de São Paulo.
Bastava mandar e-mail com nome, idade, telefone, RG e a hora/data da gravação desejada. Engraçado, estamos em 2012, tempos de flertes virtuais e ficadas baladeiras, e ainda o “Namoro na TV” tem espaço, glamour talvez.
Já vi gente que conheceu seus respectivos pares pela internet e até em anúncio de rádio, mas presenciar ao vivo jovens disputando o amor da mocinha, nunca. Não poderia perder, portanto.
Enviei a mensagem e, horas depois, recebi a confirmação. Fui, no dia marcado – uma tarde de quinta-feira –, à emissora, que fica a alguns minutos a pé do metrô.
Chegando, conversei com o recepcionista, que avisou da entrada para o estúdio na rua de trás, depois de um ponto de táxi. Lá fui eu e mais dois jovens ao local indicado, um muro com trepadeiras e porta de ferro pequenina e estreita, sem glamour para o “padrão televisivo”.
Havia sete pessoas ali, que juntas dariam um século de idade, mais eu e outro homem, que aparentava ter mais de 30 anos (neste caso, só nós dois daríamos meio século, quer dizer, mais).
Perguntei aos primeiros desde que horas estavam lá, já que as gravações foram marcadas para as 14h:
— Eu cheguei ao meio-dia. Não sou de São Paulo e estou na casa de parentes em Guarulhos.
A outra moça, que acabara de completar 18 anos, prosseguiu:
— Eu venho quase toda semana aqui. Temos um fã-clube do canal e vamos sortear uma camiseta autografada por todos os apresentadores. Estamos recolhendo autógrafos!
Já passava das 14h quando a produtora abriu a portinha e foi conferindo os nomes na prancheta. Disse um “boa-tarde” a ela, que simpaticamente pegou meu documento.
Ficamos sentados em banquinhos por mais meia hora. Nesse meio tempo conversei com um moço que estava à minha frente. Aparentava uns 18 anos, piercing na orelha esquerda; portava uma mochila bem grande.
— Já fui a outros programas da emissora. Ontem mesmo teve duas gravações [do programa de namoro]: uma começou às 15h e a outra, às 20h. Saí daqui eram mais de 22h.
“Onde você mora?”, perguntei. “Santo Amaro, e você?”, ele devolveu. “No extremo leste, São Miguel”, respondi. “Então, estamos no mesmo barco”, ele disse e concordei: seriam duas horas de volta às respectivas residências.
Nisso, o segurança chamou de seis em seis pessoas para adentrar o estúdio, alguns centímetros maior do que imaginava. Deixamos as bolsas no canto e subimos na arquibancada vermelha e branca, em formato de ágora, de frente ao centro do palco, onde ficaria a moça que queria arranjar o pretendente.
Luzes encobertas por celofane cor-de-rosa brilhavam e, por um momento, todos estavam rosados, “envergonhados” sem motivo. Uma garota trouxe pãezinhos e distribuiu aos amigos. Tínhamos água à disposição.
A mocinha que iria sortear a camiseta autografada era íntima de vários do estúdio, do maquiador à apresentadora. Esta, aliás, com vestido deslumbrante, cheio de brilho, andava igualmente brilhante em seu salto de 15 centímetros (ou mais).
O diretor do programa ensaiava conosco as palmas, mas não o víamos. Estava na mesa de corte (switcher, no termo técnico). Quando anunciou o começo do programa, todos batiam palmas, mas se policiando: “Será que vamos aparecer na tela?”, perguntava um a esmo.
Antes, porém, um dos produtores conversou com mocinhas próximas a mim, convidando-as a participar, caso fossem maiores de idade, enquanto câmeras as gravavam. “Isso quer dizer que meus pés vão aparecer, certamente”, pensei.
Mas, sinceramente, aparecer não me interessava. O meu programa era analisar os rostos daqueles jovens, em sua efervescência, adolescendo, dos pretendentes, passando pela mocinha-alvo.
Seus olhares curiosos, enfeitiçados, observando a apresentadora, contavam a história dos participantes, as interrupções devido a uma luz errada, um erro da sequência das provas, a maquiagem borrada da participante, as gargalhadas do público por causa de uma prova em que o eliminado pedia para voltar por meio de uma carta, mas a tal carta não estava no envelope entregue.
Uma mulher, que antes me disseram ser a diretora (da emissora?), apareceu no estúdio, e vi em seu olhar o mesmo sentimento: o feitiço daqueles jovens ali, simplesmente dando os seus “likes” para aquele evento.
Saí dali às 18h30 vendo o vencedor, que antes nos pedira para torcer por ele, beijando romanticamente a mocinha e, ao desligar das câmeras, sair conversando com uma nova “amiga”. Boa parte da plateia pedia para ficar para a próxima gravação, às 19h20.
Pois é, eis a mágica da TV: apagada de borracha nos erros, pincelada de certezas para um programa bem editado, “perfeito”.
Não tem jeito: quem, literalmente, não namora (n)a TV?
(O texto faz parte da coletânea “São Miguel em (uns) 20 contos contados” (Ed. In House - Jornalirismo, 2014) e também está registrado no Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional, ou seja, protegido. Então, caso queira divulgar, por favor, cite a fonte, não plagie. Tenho certeza que sua criatividade será mais valorizada fazendo seu texto com o seu melhor!)
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keliv1 · 2 months
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para todos os dias: poesia e algumas canecas de café forte.
v.
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keliv1 · 2 months
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Quem me conhece, sabe, adoro bordar!
Desta vez, inventei de pegar uma peneira e bordar uma araucária. Ficou divertida, mas deu trabalho.
Tem mais trabalhos feitos por mim aqui no blog!
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keliv1 · 2 months
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Feirinha Dita Cuja - Praça Benedito Calixto - 17 de fevereiro de 2024
Escrevo este texto em meio a um montão de coisas para fazer, mas numa alegria imensa, aquelas que mesmo cansada, fico feliz.
Foi assim que me senti sábado passado, no pós-carnaval indo pela primeira vez à feirinha Dita Cuja, para não só vender livro, mas ver gente, conversar, e APRENDER!
Já começou no metrô, em que ajudei uma pessoa a ir ao terminal do Tietê e outra ao Jabaquara, ambos para viajar (mais um sinal que preciso fazer isso, apesar dos pesares, ainda neste ano).
Depois, fui reencontrar, mais uma vez, o pessoal da editora Hortelã, que me apresentou para mais pessoas, mais livros, mais experiências.
Mano, que rolê!
Só gratidão mesmo e estar com o coração aberto para mais vivências.
Gratidão às duas pessoas que ajudei no metrô; Débora, Nathalia, Nely, seu Alberico (que tem um espaço incrível de literatura), Jorge, Ibsen e todes que passaram pela banquinha da editora.
Sigamos!
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keliv1 · 2 months
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Gentileza (ou sobre marketing afetivo)
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Após o caso da perna que estourou em 2023, agora é a lombalgia que ataca em 2024.
Tava demorando, porque forcei muito a região e tem uns dias que senti um incômodo muscular. No bairro tem uma loja de produtos ortopédicos, que até vou de vez em quando, e fui comprar uma almofada e encosto em gel, que promove alívio das tensões:
– Gostaria de uma flor?, perguntou a atendente ao dirigirmos ao caixa.
Lógico que pegamos essa rosa bonita com os mosquitinhos.
Aquele gesto tão singelo foi tocante.
Claro que tem um MKT no meio, e até amenizou o defeito que veio do produto (uma das correias tava arrebentada, mas nem liguei, consegui arrumar tudo) e a própria “propaganda”, já que é mais um marketing afetivo.
É sobre ir além do "obrigado e volte sempre"!
Em tempos tão frios, uma loja oferecer uma gentileza dessas demonstra que ainda temos motivos para acreditar.
Sigamos – e sem dor nas costas, rs!
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