Minha casa tem olhos por todos os lados. Tem bocas escancaradas como arapucas em cada canto. Ouvidos atenciosos em cada parede. É coberta por pele que, por sua vez, é recoberta por cascas, escamas, penas e pelos. Minha casa está em todo lugar. Está ciente de sua presença. Ela o vigia, calada, ouvindo cada um de seus passos, sentindo-o destruí-la e assistindo-o trocar partes de seu corpo por algumas poucas moedas. Ela sabe que vale muito mais que qualquer ouro ou prata possa pagar e seu sangue ferve ao vê-lo vendê-la. Ela conversa sozinha, aos sussurros, sonhando com o dia no qual, por um mero descuido, você tropeçará em uma de suas armadilhas e, então, prazerosamente, ela o engolirá, absorvendo sua carne putrefata para sua própria arquitetura, cuspindo seus ossos e qualquer lembrança de ti para longe.