Pictures of Ghosts (2023)
filme tentando segurar umas lágrimas que, em um certo momento, finalmente escapuliram. Acredito que os temas que Kleber retoma aqui - e que ele domina como ninguém - apesar de universais, apertam mais forte o peito do morador de cidades brasileiras - especialmente as nordestinas - em grande transformação nas últimas décadas. Memória urbana, segurança pública e especulação imobiliária formam um perfume inebriante com cheiro forte de casa. Tão perto, tão perto, que me senti, eu mesmo, um fantasma do próprio filme nas imagens das calçadas do São Luiz durante a pré-estreia de Aquarius em 2016.
No final, uma mulher que sentava ao meu lado me perguntou se existe cinema de rua em Natal. Respondi que no momento não e, depois de explicar como aqui as coisas haviam acontecido exatamente como aconteceram em Recife, ela me disse: “É. No Rio também”.
Imagino que esse tipo de diálogo se torne comum ao final das sessões de Retratos Fantasmas. É uma alegria que esse filme seja lançado no momento em que as pautas que ele aborda estejam tão vivas e, outra vez, não acho que outra pessoa poderia tê-lo feito tão bem quanto Kleber.
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