Tumgik
wise-miller · 10 years
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  Liana se limitou a revirar os olhos para o irmão, apesar de ter um sorriso nos lábios. Tudo bem, Liam não acreditava no seu potencial, mas ela não iria deixar que ele pensasse estar na vantagem. Tudo bem, ela estava com a perna machucada e que dificultava um pouco seus movimentos, mas ela já conseguia ter maior liberdade ao executá-los, então não se importaria em suportar um pouco de dor para conseguir se manter estável e firme ao tocar naquelas bolinhas. Parecia estúpido ser competitiva em relação a um jogo de crianças, mas a filha de Atena queria provar que era tão capaz quanto os outros, que não precisava de pena ou que alguém a subestimasse. Quando Liam fez um sinal claro para insinuar que ela deveria começar, a garota fez uma falsa reverência, logo depois se levantando e franzindo o nariz para ele, mostrando a língua logo depois. Aproximou-se do tapete, ficando de frente para a parte mais larga, aguardando o comando do outro irmão.
  Assim que o comando apareceu, a menina analisou seus caminhos, onde seria melhor colocar a mão. Se ela ficasse na ponta, seria mais fácil agora, mas depois ela teria que virar o corpo para completar os outros movimentos. Se colocasse a mão em uma das bolinhas do meio, poderia ser mais difícil no começo, mas talvez depois facilitasse para ela se esticar e alcançar as outras bolinhas, além de –pelo menos ela esperava que sim – dificultar as tentativas do irmão. Com um sorriso no canto da boca e a estratégia montada, Liana deu a volta no tapete, ficando de frente para a parte menos larga, começando a se abaixar. A perna protestou um pouco, como se a pele estivesse se esticando, mas a semideusa ignorou, limitando-se a juntar levemente as sobrancelhas.
  A campista ajoelhou-se ao lado do tapete, pousando a mão esquerda ao lado dos joelhos, para ganhar maior equilíbrio, e esticou o braço o máximo que podia, alcançando uma bolinha quase exatamente no meio do tapete. Ergueu a cabeça, pendendo-a um pouco para o lado, olhando para Liam aguardando sua vez. Em outras ocasiões, ela ficaria um pouco constrangida pela sua posição, quase de quatro no chão da cabine, mas não só estava apenas com seus irmãos, como também conhecia o jogo e as críticas que ele recebera, então sentir vergonha só a atrapalharia. Esperou o irmão girar a roleta que daria o comando de Liam, e quando finalmente parou, ela olhou para o outro filho de Atena, esperando o movimento dele. “Mão esquerda, azul”.
Play Hard || Liam & Liana
Liam faltara o treino de espada e, por seu um aluno tão bom, se premiou com aquela oportunidade, apenas para que pudesse participar da batalha que seus irmãos criaram. Tinha certeza absoluta ao dizer que, quando criança, aquele era um dos jogos que mais jogava, tanto no orfanato em que vivera até os sete anos, quanto na casa de seus pais adotivos, sendo este um jogo tão simples, barato e divertido que vinham caixas aos montes do jogo em doações para a instituição. E seus pais adotivos prezavam sempre a boa entrosarão da família e promovia, dentro da casa mesmo, pequenos torneios com jogos diferentes toda semana, sendo Twister o que mais se repetia. Liam ainda conseguia ver vividamente na mente, flashs da sua infância no orfanato, onde tinha a própria representação com seis, sete anos, encolhido em algum canto com um livro, sendo chamando com um aceno por alguma criancinha da instituição para completar o time. Não gostava de lembrar-se dessa parte do passado, mas Liam tinha que admitir que, modéstia parte, sempre fora bom na brincadeira.
Sobrara apenas ele e Liana no chalé para a partida, e enquanto encarava o tapete de plástico e alongava-se brevemente, apenas o suficiente para estalar as juntas dos dedos, braços e pernas. Não estava tão preocupado com a partida, seguro de que, graças aos membros grandes ― braços, pernas e tronco que compunham seus 1,85 m de altura ―, conseguiria alcançar mais os círculos coloridos do que a baixinha ao seu lado. Teria apenas que se retorcer um pouco, ter a resistência de aguentar permanecer em algumas posições, que em grande maioria seriam constrangedoras, e ganharia sem problema algum o jogo. Inclinou o pescoço sobre o ombro direto e depois sobre o ombro esquerdo, ouvindo o estalo e sorrindo para a meia-irmã antes mesmo de voltar seu rosto para ela. Abaixando a cabeça e encarando a expressão “ameaçadora” da irmã, Liam riu baixo, aproximando-se do tapete e soltando para Liana, ainda com o sorriso no rosto em deboche. ― Ah, vou. Claro que vou. ― Olhou para o irmão que giraria a roleta e assentiu com a cabeça, sinalizando que estava pronto. Voltou-se para a irmã, erguendo uma sobrancelha em desafio e tentando reprimir o riso que tentava escapar-lhe os lábios. ― Se está tão confiante assim de que irá ganhar, por que não começa? ― Fazendo um gesto amplo para que a garota se aproximasse mais do tapete, Liam viu o outro irmão girar a roleta pelos cantos dos olhos.
“Mão esquerda, amarelo.” Ouviu o irmão dizer ainda encarando a roleta, só depois se voltando para os dois em expectativa enquanto Liam ainda encarava Liana com a expressão de desafio e o braço erguido indicando o tapete, induzindo-a a ir em frente e começar, e querendo realmente ver se a garota tomaria o passo à frente. Estava disposto a começar, confiante de que tanto fazia se ele ou ela fosse primeiro, porque sabia que ganharia quase de lavada da irmã. Esperou para ver se ela tomaria a iniciativa de começar, já em posição de “ataque”, que se resumia a joelhos flexionados e coluna curva, apoiando os braços nos joelhos. Encarava Liana com expressão de pura diversão, seus olhos caindo na coxa machucada da garota e sabendo de que aquilo era apenas mais um fator que justificava sua iminente vitoria. 
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wise-miller · 10 years
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   Aos aplausos finais, Liana já conseguia sorrir sem ter tanta vergonha. Depois de as três terem queimado suas respectivas mortalhas, era como se um peso tivesse saído dos seus ombros. Finalmente, haviam se livrado de tudo que pudesse fazer o assunto missão surgir – tirando, é claro, as memórias não muito agradáveis que a filha de Atena tinha certeza de todas ali terem – e era extremamente bom se sentir apenas uma campista normal de novo. Bem, provavelmente ela seria a nova líder de cabine do Chalé 6, já que o atual comandante nunca havia ido em uma missão, e, como o sistema funcionava, a garota teria direito ao título. Não que aquilo importasse ou fizesse muita diferença, já que normalmente ela fazia grande parte do trabalho de organização de cabine, horários e esquemas mesmo. Para ser bem sincera, Liana nem queria esse título, mas também não faria a desfeita rude de recusá-lo.
  Continuou observando as chamas extinguirem os três tecidos ali jogados, um leve sorriso no rosto, e quando sentiu que as duas garotas estavam perto delas, a menina ergueu a cabeça, ainda sorrindo, e olhou para as duas. Podia realmente considerá-las amigas agora. O que haviam feito uma para a outra naquela trajetória vali muito mais do que pequenas provas de confiança. Ouviu a voz de Jasmine, e voltou à realidade, vendo que a garota se afastava. ­ - Acho que podemos ir sim – respondeu, olhando ao redor para ver se alguém iria impedi-las de sair do palco, mas todos estavam calmos, ainda sorrindo, e os irmãos das três campistas as chamavam. As mãos que antes estavam entrelaçadas na frente do corpo, brincando com os dedos uma da outra nervosa e timidamente, foram agora na direção das de Jasmine, enquanto Liana puxava a filha de Hefesto para um abraço. Não disse nada, esperando que o gesto explicitasse toda a gratidão e felicidade que sentia, e quando finalmente a soltou, ainda estava sorrindo. ­- Nem um pouco. Pode ir.
  Depois de vê-la se afastar, a filha de Atena voltou seu olhar para Stella, e ficou na ponta dos pés para envolver o pescoço da loira com seus braços, em outro abraço. Deu um pequeno risinho enquanto tentava se esticar, feliz pela amiga não ter morrido enquanto tentava protegê-la. – Você foi uma ótima líder – sussurrou, voltando à sua postura inicial. Lembrou-se, então, que a filha de Apolo iria fazer seu show na festa, e deu um pequeno soco no braço dela, sorrindo largamente. – E muito boa sorte com o show. Estarei vendo dali. – apontou com o indicador onde seus irmãos estavam reunidos, rindo e acenando para que ela se juntasse à conversa. Com mais um sorriso e um leve aceno, Liana desceu com cuidado do palco, sendo recebida com abraços na pequena aglomeração que a maioria da cabine 6 formava.
Festa; Burn it down · @Jasmine, Liana & Stella
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wise-miller · 10 years
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Ah, não é nada demais, maninho. Você só vai ter que levar uma garota para a Casa Grande e fazer sete minutos no céu com ela, indo até a segunda base. Mas na frente de Quíron e dos instrutores. 
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Então, Liam, verdade ou desafio?
Vindo de você é realmente preocupante, mas… Desafio.
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wise-miller · 10 years
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Então, Liam, verdade ou desafio?
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wise-miller · 10 years
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Hmm, essa é uma boa. Acho que seria Caleb, e eu faria ele sair do jeito que está e vir aqui dar um abraço em Jasmine, e depois ir tentar acalmar Kitty. Nada de extraordinário.
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Lianaaa, verdade ou desafio?
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wise-miller · 10 years
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Vindo de você, Sarah... Mas aahn...  Acho melhor verdade.
Lianaaa, verdade ou desafio?
Vou ser boazinha, juro juradinho. 
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wise-miller · 10 years
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  Depois de ter queimado sua mortalha, em algum momento, Liana se separou das outras garotas. Bom, Stella havia ido cantar, e pelo tanto que a filha de Atena havia visto só até agora, podia concluir que ela era realmente muito boa. Jasmine, contudo, a garota já não conseguia achar. Talvez estivesse falando com seus irmãos, como a própria menina havia feito, indo agradecer pela mortalha. Agora, contudo, que estava sozinha, decidiu ficar ali com seus irmãos, observando a filha de Apolo cantando e rindo com o que os outros campista da cabine 6 falavam. Seu rosto estava iluminado por um enorme sorriso, enquanto todos os pensamentos sobre a missão ficavam para trás.
  Ainda estava um pouco envergonhada pela roupa, mas graças aos deuses seus irmãos não haviam falado nada, mesmo que uns mais velhos a olhassem estranho sempre que alguém a cumprimentava e comentava sobre a vestimenta verde, ao que a semideusa só respondia com um revirar de olhos e uma expressão impaciente. Quando sua perna começou a doer, Liana se sentou em um dos vários bancos, mordendo o lábio, olhando de leve para a coxa ainda vermelha que começava a doer. Franziu o nariz, desviando o olhar, agradecendo a bebida que haviam lhe entregado, um pouco receosa de beber, os acontecimentos da outra festa que Brian havia anfitriado voltando a surgir em sua cabeça. Ao sentir, porém, sua garganta seca, talvez pelas chamas da fogueira e sua roupa de borracha apertada, decidiu tomar um gole, nada demais.
  Liana começou a conversar com seus irmãos, mas logo se distraiu, brincando com a arma em forma de secador que acompanhava sua fantasia. Claro, não funcionava de verdade, assim como a mochila a jato nas suas costas, mas os detalhes eram incríveis. Era uma pena que as “três espiãs” tivessem se separado, o que poderia dar a impressão de serem apenas três meninas em roupas de borracha coladas ao corpo. Mais uma vez, a importância dos acessórios. Voltou a se levantar, tirando um pouco a mochila das costas para guardar o secador, e se surpreendeu ao ter seu rosto puxado na direção de alguém. Por instinto, Liana juntou os dois lábios, precavendo-se, mas quando reconheceu Ethan, retribuiu o beijo rápido, sentindo-se corar um pouco. – Oi – respondeu, fechando a mochila e voltando a colocá-la nas costas, ficando de frente para Ethan. Ao receber outro beijo, mordeu os lábios, baixando um pouco a cabeça timidamente. – Ah, obrigada. Você também não está tão mal. Talvez seja porque não mostre muito seu rosto –brincou, batendo de leve no elmo do garoto, ainda sorrindo.
  Franziu o nariz à menção da queima. Bom, claro, era ótimo que ela pôde viver para queimar a mortalha, mas só o pensamento de ter uma, e de ser tão bonita que doía no coração estragar não exatamente a animava – Normal, eu acho – deu de ombros, olhando para a fogueira, lembrando de sua precaução com a roupa e perna na hora de jogar o tecido nas chamas, mas logo voltando a olhar para Ethan e sorrir, pensando em como eles haviam feito aquela mortalha. Entrelaçou seus dedos nos do garoto, chegando mais perto. Abruptamente, lembrou-se que estava na frente dos irmãos, e foi só virar um pouco para ver que alguns a encaravam com olhos semicerrados. Lentamente, ergueu a mão, dando um tchauzinho para os irmãos, com um sorriso amarelo no rosto, e começou a puxar Ethan dali. – Ahn, vamos pra outro lugar tá? – perguntou, já andando como podia, evitando olhar para a reação dos outros. 
And the reason is you - Ethan and Liana (FESTA)
Ethan não sabia se ficava feliz ou medo. Feliz por ser uma festa de celebração a volta de sua namorada e das outras campistas, ou com medo pelo simples fato de ser uma festa e aquilo sempre o assustar. E além do mais era à fantasia. Para sua sorte ele e Brian já estavam de bem um com outro, já que era o filho de Dionísio e sua irmã que estavam no comando, assim ele se sentiria um pouco melhor, sabendo que não arranjaria nenhuma confusão.
A fantasia que havia escolhido era a de cavaleiro da idade media, ele nem mesmo sabia o motivo, mas apenas gostava bastante deles e seria uma roupa fácil de achar, afinal eles tinham equipamentos de sobra. Mas mesmo tendo uma roupa um tanto legal, ele ainda se sentiria envergonhado de ir daquele jeito, sua única motivação era Liana. Ela com certeza era o motivo dele estar indo para lá, caso contrário apenas daria os parabéns as campistas que haviam voltado e ficaria no seu chalé, dormindo a noite toda.
Ao deixar seu chalé, não pôde deixar de lançar um olhar de despedida a sua cama, ela parecia realmente confortável naquele momento. Foi lentamente andando o caminho todo de cabeça baixa, evitando contato visual com as outras pessoas, não queria que ninguém risse dele. Sabia que pela hora que estava indo, provavelmente já tinham queimado as mortalhas, e agradeceu por aquilo, mesmo sendo um ato de comemoração, como os semideuses pareciam ver, ele não queria ver a cena e imaginar o que aconteceria se a missão tivesse dado ainda mais errada.
Olhou ao redor, vários campistas riam, se divertiam e bebiam, alguns se atreviam a dançar de um jeito um tanto estranho, mas Ethan sorriu, deveria ser legal não ter vergonha de fazer tudo aquilo. Depois de um tempo andando pela festa, encontrou uma garota com uma roupa verde, rasgada na perna. Não pôde deixar de dar seu típico sorriso bobo que sempre dava quando a via. E ela estava linda naquela roupa de espiã, principalmente pela Sam sempre ter sido a preferida do garoto. Nossa Ethan, você é gay? Pensou, rindo de si mesmo.
Caminhou lentamente, passando por entre as pessoas para que a morena não notasse sua aproximação. Foi um pouco difícil com aquela roupa, mas ele finalmente conseguiu, parando ao seu lado e puxando delicadamente seu rosto em sua direção e colando os lábios aos dela, dando um rápido beijo.  – Oi – disse sorrindo ao se afastar. – Você está muito linda! – deu mais um rápido beijo, não resistindo. – Então, como foi a queima? É assim que chamam? – perguntou um pouco confuso, nunca havia estado em uma, então não fazia a mínima ideia de como era, só sabia que também não tinha a menor curiosidade, principalmente quando era uma feita para o corpo de Liana, que graças aos deuses não precisaria ser usada.
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wise-miller · 10 years
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gata, você ta parecendo um aipo, e eu to muito afim de ter uma alimentação saudável...
Ai, que bom para você, mas sabe o que é ótimo para uma dieta balanceada? Caminhadas. Então por que não vai ver se eu estou na esquina?
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wise-miller · 10 years
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Whatever happened to that new day rising || Liana & Ethan { Flashback }
  A pior parte era manter-se estática durante o sono. Para alguém que era acostumada a se virar e revirar enquanto dormia, até que Liana estava se saindo bem, tirando algumas várias vezes nas quais ela acordava ofegante, com uma dor excruciante na perna, percebendo que havia virado de lado e encostado a ferida ainda aberta no tecido da maca. Era quase tortura ter que se controlar para não mexer o braço de modo brusco ou manter as pernas separadas e ficar deitada de barriga para cima, preocupada se seu sangue iria melar de novo seu leito e fazê-la ficar em pé em uma perna só enquanto tentava trocá-los antes que os filhos de Apolo descobrissem. Então, de novo, a pior parte era ficar parada enquanto dormia. Especialmente quando vinha tendo sonhos tão perturbadores. Bom, o que os semideuses veem quando dormem nunca é algo bonito, ou, de qualquer modo agradável. O máximo que pode ser feito é rezar por uma noite sem sonhos. Mas com o Olimpo fechado, era quase impossível manter-se afastada desses pesadelos que assombravam a filha de Atena.
  Claro, nada relacionado aos deuses, já que eles praticamente abandonaram seus filhos, em um sumiço misterioso – por mais que tentasse, a garota não conseguia achar algum fator que houvesse causado aquilo, mas ainda estava longe de desistir –, e sim flashes da missão. Sua mente, contudo, era tão seletiva que só mostrava as partes onde tudo dava errado. Quase toda noite, Liana reviveria a capotagem do carro, os pedaços de vidro cortando sua pele, seguida pela luta com a Quimera e a sensação do veneno se espalhando em seu corpo. E claro que seu cérebro evoluído não deixaria de lhe relembrar sobre como um estúpido lestrigão havia atingindo sua perna com uma bola de fogo e da queda do elevador, vendo sua missão fracassar. Argh. Só de pensar nisso, a semideusa se encolhia, para rapidamente se arrepender. Fez uma careta, abrindo os olhos e virando a cabeça para o lado, deparando-se com a visão de Stella, ainda desacordada.
  Abruptamente, seus olhos se encheram de lágrimas, e antes mesmo que conseguisse Pará-las, a menina sentiu-as escorrendo pela sua bochecha, silenciosamente. Deuses, como ela se odiava! Havia saído em uma missão, sua primeira missão, havia fracassado, se machucado, visto toda a ajuda que poderiam receber indo embora pelo ralo, sido fraca o suficiente para desmaiar no meio de uma luta só por causa de uns ferimentos imbecis, e visto outra campista que rapidamente virara sua amiga tentar defendê-la, quase morrendo quando o fez. Era como reviver Alfie mais uma vez, mas dessa vez o sentimento de culpa muito mais profundo, machucando-a ainda mais. Isso. Muito obrigada, cérebro. Já não bastava essa porcaria de perna, esses pensamentos tinham que ir à tona. Fantástico. Liana não tinha nem palavras para descrever o quão mal se sentia, então só deixou as lágrimas rolarem, controlando-se para não soluçar, virando apenas seu tronco para o lado, encarando Stella, as duas mãos debaixo da bochecha, sua visão ficando mais embaçada à medida que ia perdendo o controle. Pensou ter escutado alguma coisa atrás de si, mas não se mexeu, tentando passar despercebida ao visitante, não querendo que ninguém a visse chorar.
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wise-miller · 10 years
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  Liana não pôde deixar de rir com o comentário de Stella, balançando a cabeça e deixando seus cabelos ricochetearem em seu rosto. O alisamento temporário já estava saindo, e seus cachos voltavam a se formar, mesmo que de forma não tão enfática. Tirou algumas mechas de seu rosto, colocando-as atrás da orelha, e sorriu para as amigas, já começando a andar para o local, ficando um pouco para trás por ainda estar mancando. Por onde passavam, os campistas olhavam para elas, alguns acenando, outros lançando calorosos sorrisos, e pela primeira vez na noite, a filha de Atena não achou a festa tão ruim. Talvez até fosse boa toda aquela agitação, e ver os campistas torcendo por elas enquanto abriam espaço entre as pessoas para onde a fogueira estava, era decididamente algo a favor do evento.
  Quando finalmente alcançaram o palco improvisado, a menina se permitiu olhar ao redor, percebendo que a música havia diminuído e todos os olhos recaíam sobre as três semideusas com roupas chamativas perto da fogueira. Sorrindo timidamente, Liana deixou seus olhos vaguearem pelos convidados, recebendo outros sorrisos de seus irmãos, e alguns gestos de incentivo, o que a fez sorrir mais abertamente. Outros pares de olhos se fizeram presentes em sua visão, e, por um momento envergonhada por ter tanta atenção sobre si mesma, a campista olhou para seus pés, as bochechas quentes, tanto pelo calor emanado pelo fogo quanto por não estar acostumada a ter atenção em si mesma. Observou Jasmine queimar a mortalha dela, e começou a aplaudir, juntando-se aos outros semideuses, sorrindo para a amiga. Quando o barulho de palmas cessou, a filha de Atena respirou fundo, se aproximando cautelosamente do fogo na direção do campista que trouxera as três mortalhas, rapidamente reconhecendo a sua.
  Não conseguia colocar em palavras o quão linda a mortalha estava. Seu coração deu um aperto ao lembrar que seus irmãos e amigos haviam feito aquilo enquanto pensavam que ela poderia não voltar da missão, se esforçando para colocar tudo o que a menina gostava ali. Quase tinha pena de queimar aquele pano tão delicado e detalhado, mas não conseguiu parar de sorrir quando se aproximou da fogueira. O tecido prateado parecia brilhar à luz das chamas, e os pequenos desenhos eram simplesmente perfeitos. Bom, sim, os integrantes da cabine 6 tinham um dom especial para tecelagem, já que Atena era a padroeira daquela atividade, mas a precisão com a qual haviam feito a neve e as pequenas luzes, era espantosa. Liana levantou os olhos para seus irmãos, sorrindo mais uma vez, inclinando a cabeça como em um “obrigada”. A oliveira que tomava quase a mortalha toda se estendia elegantemente, com algumas azeitonas ainda pendentes, uma coruja de olhos cinza e uma bandeira muito parecida com a que a própria Liana havia capturado em seu primeiro jogo no Acampamento. Deu outro passo para perto das chamas, um pouco emocionada, mas também reticente quanto a se aproximar demais, já que a memória da queimadura estava recente. Fez um movimento com sua mortalha como se estivesse estendendo-a, e viu a fogueira rapidamente consumir o tecido, queimando-a, o cheiro invadindo suas narinas e a fumaça subindo. Com outro sorriso envergonhado enquanto ouvia mais aplausos, a garota deu alguns passos para trás, a cabeça abaixada e mordendo os lábios, contente por estar de volta ao seu lar.
Festa; Burn it down · @Jasmine, Liana & Stella
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wise-miller · 10 years
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Liana e um irmão analisando o mais novo plano de batalha.
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wise-miller · 10 years
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Play Hard || Liam & Liana
 Que tipo de irmãos eu tenho? Liana se perguntava sempre que reconsiderava as alternativas que tinha. Quer dizer, ela tinha acabado de voltar de missão e queimado sua própria mortalha, ainda tinha alguns ferimentos e mancava um pouco, mas aquilo não parecia importar para seus oh, tão criativos irmãos. Com o Olimpo fechado e as coisas no Acampamento começando a dar errado, era de se esperar que a cabine 6 fosse a mais madura para lidar com aquilo tudo. E bom, na verdade era. A filha de Atena ainda não gostava muito do fato de ser a nova líder de cabine, mas não podia simplesmente negar o posto. Ela havia ido em mais missões que seu irmão anterior, mesmo que fosse um fracasso, e como já fazia quase tudo por eles apenas pelo fato de a própria deusa da sabedoria tê-la levado para a Colina, não houve muita discussão nem duelos de qualquer tipo entre os dois. O título simplesmente passara para ela com naturalidade, e mesmo não gostando de ter mais um peso para carregar, por outro lado era bom mostrar que conseguia lidar com tudo aquilo.
  Mas bem, depois de ter preocupado seus irmãos indo para aquela missão e tendo responsabilidades e culpa para carregar, todos acharam digno que o chalé fizesse uma pequena brincadeira para descontrair. Liana não sabia exatamente quem, mas de algum modo surgira a brilhante ideia de uma batalha de twister. Bom, ela não brincava disso desde... Sempre. Juntando as sobrancelhas em uma careta triste, a semideusa lembrou-se de sua infância, na qual não havia brincado de quase nada que pudesse ser caracterizado infantil, porque nunca tivera muitos amigos ou paciência para aquelas coisas chatas que o resto de seus colegas com QI menor sugeriam fazer. Com seus companheiros de Chalé, porém, poderia virar algo divertido. Seria, no mínimo, interessante observar os outros fazendo planos e estratégias para ganhar um jogo bobo.
  Isso, claro, era o que ela pensava até descobrir que estava incluída no jogo. À primeira instância, a garota ficou confusa, já que todos sabiam que ela estava machucada e teria uma tremenda desvantagem, mas depois viu que não poderia recuar. Especialmente agora que era a líder da cabine. Não poderia parecer covarde, e se pudesse provar que conseguia fazer o suficiente para vencer aquela brincadeira mesmo com a coxa machucada, iria ganhar mais respeito ainda. Felizmente, quando chegou sua vez, o local estava todo vazio, exceto por Liam, que seria seu oponente na rodada, e seu outro irmão que giraria a roleta. Zeus abençoe o treino de espadas. Bom, Liana estava dispensada até que sua perna melhorasse, então não fizera questão de ir naquele dia, feliz por poder cumprir seu desafio com pessoas suficientes para comprovar que ela o havia feito, mas não o bastante para rir dela caso falhasse miseravelmente. Ótimo. Chegou mais perto do tapete, e olhou para cima para encontrar os olhos de Liam – Você vai perder muito feio – disse, tentando soar ameaçadora, semicerrando os olhos, mas depois voltando a sorrir, esperando o comando para que seu irmão começasse.
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wise-miller · 10 years
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  Apesar de estar envergonhada, sentindo os olhos de muitos campistas em si, Liana sorriu para Stella, imitando seu gesto de balançar a cabeça. – Não, Stella. Nós três concordamos, lembra? E está tudo bem. É só uma pena estragar uma parte da fantasia, só isso – comentou, mesmo que um pequeno sorriso brincasse no canto de seus lábios. Pelo modo como as outras duas garotas andavam e o modo como a borracha abraçava cada parte de seu corpo, devia ser muito difícil de se locomover. Pelo menos, com aquele buraquinho, não só sua queimadura conseguia respirar, mas também aquela abertura lhe proporcionava uma maior liberdade de movimentos. A filha de Atena notou que ainda estava com os braços cruzados sobre seu estômago, e olhou ao redor, enquanto Jasmine chegava perto das duas. Alguns campistas estavam olhando pras três semideusas, e a garota gostava de pensar que era por causa de Stella e Jasmine, já que ela não se considerava atraente nem nada do tipo. Percebeu que seu modo de se abraçar estufava seu busto, deixando-o parecer maior, e rapidamente mudou a postura, colocando as duas palmas da sua mão no fim de sua coluna, mordendo o lábio enquanto escutava a filha de Hefesto.
  Não pôde deixar de rir com o comentário de Jas, assentindo em concordância. – Não faria muito sentido, já que é necessário as três para a fantasia ser completa. Quer dizer, se ficassem só uma ou duas não teria muita referência às... – começou a falar, mas percebeu que usava seu tom de voz rápido e empolgado de quando conversava sobre assuntos históricos ou algo não tão casual, então se limitou a morder o lábio inferior e se calar, fazendo um aceno com a mão para que as outras campistas deixassem para lá. Não iria estragar a festa com os olhos vidrados e dando muita atenção para o fato de que se as três se separassem, pareceriam desconexas. Olhou para baixo, e percebeu a pequena arma de brinquedo em forma de secador rosa que soltava água que estava amarrada ao seu quadril, onde geralmente sua adaga estava. Segurou-a com as duas mãos, feliz por ter algum trabalho para elas, ainda envergonhada por estar recebendo olhares.
  - Vocês duas podem parar com isso? Já disse que tudo bem. Vocês estão lindas e todos percebem, então vamos apenas nos preocupar em não derrubar nada nessa borracha. Porque se ela encolher... – Liana realmente não gostava que se preocupassem com ela, então só queria acabar com aquele assunto. Ao final da frase, franziu o nariz, em uma pequena careta. Realmente, se aquela roupa, por algum motivo, ficasse ainda menor e apertada, ela provavelmente não conseguiria sair dali. Tirou uma das mãos ao redor do secador, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha, aproveitando a mão solta para ajeitar a alça da mochila rosa em forma de coração, puxando-a mais um pouco para cima. Era realmente incrível como os filhos de Hermes conseguiam fazer um trabalho bem feito quando se pagava a quantidade certa de dracmas. Deu outro sorriso tímido para as amigas, discretamente olhando ao redor, e vendo a fogueira onde queimariam suas mortalhas ficar pronta. Apontou para o lugar, tentando obter a atenção das outras duas companheiras, trocando o peso de um pé para o outro e se arrependendo de tê-lo feito quando se apoiou na perna machucada, segurando um ofego e escondendo-o com um dar de ombros para as outras duas, como se estivesse silenciosamente perguntando se já deveriam começar a se encaminhar para lá.
Festa; Burn it down · @Jasmine, Liana & Stella
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wise-miller · 10 years
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  Depois de muitos gritos, pontos cirúrgicos, ambrosia quase ao limite entre a vida e a combustão, pomada para queimadura e recomendações não atendidas, Liana se viu livre da enfermaria. Todas as horas que passara ali foram um sufoco para a filha de Atena, que simplesmente odiava o pensamento de ficar ocupando uma maca, sem poder se movimentar direito devido a seus estúpidos membros envenenados ou queimados, sendo uma inútil... Não. Já fora o suficiente saber que Stella ficara desacordada por dois dias, tentando protegê-la e acabando por enfrentar o ciclope sozinha, até que Adam aparecesse. Se algo tivesse acontecido à menina, Liana nunca se perdoaria. Seria como reviver Alfie tudo de novo, e ela não sabia se conseguiria carregar mais culpa do que já tinha nas suas costas. Mesmo com a calorosa recepção em seu Chalé, e sabendo que Brian e seus irmãos estavam dando uma festa só para as três queimarem suas mortalhas “em grande estilo”, a garota não se sentia muito animada.
  Pelo menos já havia conversado com a filha de Apolo e Jasmine, e estavam todas bem recuperadas, graças aos deuses. Bom, não exatamente aos deuses, já que eles não tiveram muita participação naquilo, especialmente depois que os filhos de Apolo ficaram sem suas bênçãos, e, por isso, a campista ainda tinha uma marca vermelho-feio em sua coxa e ainda mancava – se é que se pode chamar aquilo de mancar.  Foco, Liana. De alguma maneira, as três haviam achado engraçado irem de as Três Espiãs Demais, e assim o fizeram. Por ter o cabelo mais próximo do ruivo dentre as três, ela ficara sendo Sam, a garota da roupa de borracha verde. Pelo menos não teria que passar maquiagem ou algo do tipo. Quando a filha de Hermes responsável pela entrega das fantasias lhe deu a sua, contudo, Liana não pôde deixar de hesitar. Bom, o material era borracha, claro, e por isso era tão... Pegajoso. Assim que o pegou, a semideusa soube que teria que fazer alguns ajustes, e um desses seria cortar boa parte da perna esquerda daquele traje. Agora que a queimadura estava melhorando, ela não daria chance para qualquer recaída que a levaria de volta para enfermaria, e tinha certeza de que manter o ferimento abafado poderia ser classificado daquele jeito. Depois de fazer algo decente com sua adaga, a garota achou melhor colocar de vez a roupa e ir para aquela festa.
  Assim que a vestiu, entretanto, Liana quis tirá-la, sentindo-se envergonhada. Ela geralmente era bem confiante, mas havia uma grande diferença em não duvidar de seu potencial e não ligar em sair com uma roupa de borracha totalmente colada ao corpo. Apesar de saber que não tinha um físico ruim – afinal, foram muitos anos de Acampamento -, ela ainda não queria que todos notassem. Mas o que poderia fazer? Havia combinado com as amigas, e meio que devia isso a elas por ter sido apenas um peso morto na última batalha na colina. Com um suspiro derrotado, passou a chapinha que pegara emprestada com filhas de Afrodite pelos seus cachos, alisando-os, mas deixando um pouco ondulado, já que nunca conseguiria um efeito totalmente reto. Prendeu seu franjão com um grampo, e deixou o resto das madeixas soltas. Finalmente, olhou-se no espelho, suspirando de novo ao ver o resultado. Cada centímetro de seu corpo estava sendo ressaltado pela borracha verde, menos a parte de sua perna com a ferida, mostrando sua silhueta feminina, e mais uma vez ela quis se enfiar debaixo das cobertas e não sair, mas teria que enfrentar aquele monte de gente lhe olhando. Olhou o relógio e viu que, àquela hora, a festa já devia ter começado, então saiu de sua cabine, os braços cruzados na altura da barriga, tentando esconder o máximo de si que podia, e caminhando em direção ao anfiteatro. Quando chegou lá, seus olhos logo identificaram uma roupa vermelha, que chamava atenção, e se aproximou de Stella, sorrindo, mesmo que suas bochechas estivessem vermelhas. – Hey – saudou-a, tentando ganhara a atenção da loira, ao mesmo tempo em que procurava Jasmine, não tardando a encontrá-la. Bom, agora elas não pareceriam duas loucas em roupa de borracha, mas sim a ideia inicial da fantasia. – Desculpem por ter que... Vocês sabem – gesticulou para a perna machucada, dando de ombros. Não havia muita coisa que ela podia fazer, certo?
Festa; Burn it down · @Jasmine, Liana & Stella
A roupa amarela de borracha incomodava e pinicava, além de, inicialmente, incapacitá-la de fazer vários movimentos simples, como até mesmo erguer o braço ou esticá-lo. Demorou-se algum tempo no chalé de Hefesto depois que trocara de roupa, fazendo pequenos alongamentos para que não houvesse a limitação de movimentos e tomando coragem para sair com aquela roupa tão justa e chamativa. O pulso já não doía nem parecia que tinha torcido, apenas estalava de forma engraçada na maioria das vezes em que girava a mão, como um alongamento, ou o mexia muito rápido. Já o nariz nem parecia que tinha sido torcido, por mais que Jasmine sentisse-o diferente e mais frágil. Gostava da ideia de que teria algumas pequenas cicatrizes nas costas, mesmo que não realmente soubesse ou tivesse visto se ficaria alguma.
Respirou fundo, olhando seu próprio reflexo num pequeno pedaço de espelho quebrado que tinha perto do seu beliche. Geralmente usava para tirar melhor as manchas de óleo que constantemente ficavam no seu rosto, mas dessa vez, a filha de Hefesto se afastara um pouco mais do objeto, procurando ter uma visão da maior parte possível do seu corpo. Tentava decidir se ia de cabelo preso ou se ia de cabelo solto, apenas decidindo quando já estava faltando apenas cinco minutos para chegar ao lugar combinado para queimar as mortalhas ― solto, pela primeira vez muito bem penteado e sem qualquer resquício de óleo ou nó. Saiu do chalé apressada, deixando tudo em cima da cama e correndo para fora, atrapalhando-se um pouco por conta da roupa.
Rapidamente chegou ao lugar combinado, ofegante e jogando o cabelo para trás do ombro. Procurou por roupas quase tão chamativas quanto a sua, verde e vermelha, sorrindo e acenando quando as encontrara. Rapidamente se aproximou, encarando as meninas com um sorriso no rosto e rindo. Gostava do desenho Três Espiãs Demais quando era pequena e não fazia muito tempo que parara de assistir. A ideia de que estavam exatamente vestidas como Alex, Sam e Clover era tão engraçada que não hesitara em concordar com a ideia de vestir-se como elas na festa, mesmo não lembrando de quem realmente propusera aquilo.
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wise-miller · 10 years
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Jasmine, Stella e Liana as Três Espiãs Demais
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wise-miller · 10 years
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  Preto. Escuridão.
  Isso era tudo o que Liana conseguia ver, perdida em sua mente, sem ter a mínima noção de tempo. A última coisa de que se lembrava era sua falha tentativa de lutar contra um ciclope, que resultara em uma dor excruciante e insuportável, e que logo virou aquela escuridão na qual estava inserida. Quando estava sentindo que poderia acordar, ainda sem poder se mexer ou abrir os olhos, mas sua audição voltando aos poucos, a menina só escutava coisas caindo, pessoas correndo, outras gritando, e mais algumas falando coisas rápidas e em tons nervosos e preocupantes. Seu cérebro, contudo, ainda estava muito obscuro para que ela entendesse o que aquelas palavras significavam. Apenas reconhecia algumas vozes de filhos de Apolo, então concluiu que estava na enfermaria. Argos devia tê-la levado para lá, junto com Jasmine. Mas e Stella? A filha de Atena tentou abrir os olhos, fazer alguma coisa, mas não conseguia mover um músculo, apenas escutar. E quando alguém falou alguma coisa sobre sua perna e braço, ela sabia o que estava por vir. Ainda em seu silêncio, seu cérebro trabalhando fracamente, deixando-a para lidar com sua dor sem pensamentos concretos, a menina começou a sentir mãos tentando tratar de seus cortes, mas quando elas rapidamente se viraram para sua perna, a dor foi ainda maior, já que agora ela não tinha mais adrenalina no sangue. Como não conseguia gritar pela boca, aquele som tomou conta de toda sua mente, deixando-a em tal estado de agonia que não se viu com outra opção além de perder os sentidos de novo.
  Não sabia quanto tempo havia passado, mas pelo menos estava retornando à consciência de novo. Quando sua audição voltou, Liana não conseguia escutar quase nada, apenas alguns barulhos bem ao seu lado. Suas sensações voltaram, e ela conseguia sentir uma ardência na perna, mas a dor estava menor. Seu braço direito, onde a Quimera havia lhe picado, estava dormente, e assim que ela conseguiu achar sua voz, sentiu sua boca seca e ainda com gosto de sangue. Deu um gemido de dor, quase involuntário, ao mesmo tempo exprimindo o que sentia e para verificar se realmente havia voltado à consciência. Conseguiu começar a abrir seus olhos, e assim o fez, lentamente, piscando muito, tentando ajustá-los à luz que os invadia. Seu pescoço doía, e quando a menina tentou virá-lo para o outro lado, gemeu de novo, olhando para o que conseguia, suas pálpebras ainda semicerradas. Pelo visto, os filhos de Apolo haviam tentado limpá-la, mas não pareciam ter conseguido muito, já que seus cortes continuavam ali, apenas um pouco menores. Seus membros ainda tinham poeira de monstro e sangue, seu antebraço direito levemente esverdeado, mas parecendo voltar à cor natural. Não sabia o quanto de ambrosia e néctar havia recebido, mas não se arriscaria a comer mais da comida divina. Ela preferia aquela dor enorme na perna a entrar em combustão. Lembrou-se do corte razoavelmente grande em seu lábio inferior, de quando o mordera para não gritar ao ver Stella tentando curá-la.
  Ah meus deuses. Ao pensar naquilo, sua mente voltou a se recordar do Olimpo, de como haviam fracassado, e os deuses os haviam abandonado. Se Stella, uma filha de Apolo experiente, havia falhado em sua tentativa de melhorar a situação que sua perna se encontrava, Liana duvidava que algum outro campista da Cabine 7 conseguisse tal proeza facilmente. Mas se eles não conseguissem, isso significava que a garota teria que passar mais tempo naquela enfermaria, pensamento que ela simplesmente desprezava. Ela odiava se sentir impotente, e ficar deitada em uma maca com uma queimadura enorme em suas perna e um braço dormente não exatamente melhorava aquilo. Ela estava sendo uma inútil. Percebeu que havia fechado os olhos, e voltou a abri-los, ofegando um pouco ao sentir a ardência aumentando. Cravou as unhas na palma de sua mão, abafando um ofego, mas que saiu do mesmo jeito quando sentiu algo que não era sua mão na sua mão.  Virou a cabeça para aquele lado, e ficou mais do que surpresa ao ver Brian ali, parecendo se segurar para não chorar. – Oi – ela sussurrou, só então notando que sua garganta realmente estava seca e que sua voz saíra baixa e um pouco trêmula. 
Sr. Castor. // Brian & Liana.
Brian estava treinando com sua espada favorita e ganhando por sinal quando escutou vários gritos e urros e campistas correndo por toda a parte. No instante o garoto não fazia idéia do que fazer até porque ele não fazia idéia do que diabos estava acontecendo. Até que decidiu verificar, já fazia semanas que Liana tinha saído do acampamento e algo lhe denunciava que toda aquela gritaria poderia ter alguma ligação com as semideusas de volta ao acampamento, a segurança. Mas por que teria tanta agitação, agitação daquele tipo pelo menos, com urros e campistas correndo por toda parte. Brian correu em direção a fonte do barulho até que viu um ciclope enorme atacando a colina e tudo o que estava a sua volta. Brian não pôde acreditar na visão que estava tendo, mas tudo estava fora de ordem. Os deuses negando-se a responder orações, os campistas enfraquecendo, as caçadoras no acampamento porque sua deusa sumiu. O próprio garoto já havia notado que se cansava mais rápido nos treinos e que sua capacidade de embriagar os adversários não tinha mais tanta eficácia.
Brian correu para ajudar os campistas a se livrarem do monstro, quando viu que Stella ainda lutava com ele, com a ajuda de vários filhos de Ares, mas… Como Stella? Ela estava em missão com Liana. E por que Liana não estava participando daquela batalha? Por um momento o coração do garoto parou, tudo o que ecoava em sua mente era “Então… Tchau.” Que foram as últimas palavras que a garota lhe dissera e a imagem da menina se juntando as outras duas e lhe acenando. Não, ele não acreditava que aquilo era verdade. Liana tinha que estar por ali. Então Brian saiu enfrentando a multidão de campistas que se formava, procurando em cada rosto sua amiga. Quando viu Argos carregando alguém rápido para a enfermaria e quase todos os seus olhos voltados para o monstro na colina. O filho de Dionísio pôde enfim enxergar quem Argos carregava no colo e era Liana. Ela estava desacordada.
O menino correu o mais rápido que pôde para chegar a enfermaria, mas alguns filho de Apolo quiseram lhe barrar na porta. – Não! É minha amiga, ela acabou de chegar da missão, vocês têm que me deixar vê-la. – Brian gritou com os que lhe barraram. Quando notou que não havia realmente forma alguma, que nenhum dos filhos do deus do sol lhe deixariam entrar para ver sua amiga o menino sentou na porta do local, sentindo-se derrotado, com a cabeça entre as mãos tentando fazer de tudo para não pensar no pior. Um conhecido seu de dentro da cabine 7 viu seu desespero e resolveu ir lá fora falar com o garoto, pediu para que ele voltasse mais tarde, durante a noite após o jantar que ele mesmo daria um jeito para que Brian conseguisse ver a amiga.
Brian aceitou a proposta e foi a tarde mais longa de sua vida, correu umas quinhentas vezes. Tomou um bom banho voltando ao seu chalé. Foi ao pavilhão do refeitório e jantou o mais rápido que fosse, ignorando todo e qualquer burburinho que corresse por conta dos acontecimentos recentes, do monstro, da missão que falhara. Nada daquilo importava para o garoto, ele queria notícias da amiga e correu assim que terminou de por a última garfada na boca. Literalmente correu até a enfermaria e conseguiu se comunicar com o seu conhecido lá de dentro. – Vá com calma, ela ainda não acordou desde que chegou e se alguém sabe que eu te coloquei aqui dentro me matam. – Disse o filho de Apolo um tanto quanto preocupado, que Brian fez questão de confirmar com a cabeça e dar-lhe um tapinha nos ombros, agradecendo pelo favor que o amigo lhe fornecera. O coração do garoto parecia estático e a todo vapor ao mesmo instante. Ver a amiga deitada, desacordada e toda a sua perna estava embanhada em alguma pomada para queimaduras. Ele evitou olhar para a perna da amiga, aquilo estava tão feio que embrulhava-lhe o estômago, puxou um banco tentando ser o mais silencioso possível. Segurou delicadamente a mão da amiga, tentando não lhe causar nenhum tipo de dor, baixou os olhos para as mãos dos dois unidas e sentiu vontade de chorar de alegria e felicidade, mas ficou apenas ali, acariciando com o polegar as costas da mão da menina. Tentando lhe fornecer energia, força e saúde só pelo toque.
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wise-miller · 10 years
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  Caminhar ao lado de Brian para a Colina certamente não estava na lista dos dez melhores momentos da vida de Liana. Aquele silêncio dava espaço para sua mente pensar, e por mais que gostasse daquilo, as opções sobre o que poderia pensar naquele momento não lhe agradavam nem um pouco. Não queria pensar que estava saindo do Acampamento para possivelmente não voltar mais, não queria pensar que estaria indo para uma busca por respostas que muito provavelmente não teria um bom final, muito menos que estava deixando para trás seus amigos e irmãos, com a responsabilidade de lhe fazer uma mortalha. Prometeu silenciosamente que voltaria para queimar aquele enorme lençol, e tentou manter sua mente branca, mas era difícil. As lágrimas lutavam para sair, mas ela não iria deixá-las escapar. Ajeitou sua mochila cinza, colocando as duas alças ao redor dos ombros, segurando-as com suas mãos e puxando-as para frente enquanto andava, tentando distrair-se com as pedrinhas no meio do caminho, sem sucesso algum.
  Manteve aquele ritmo de caminhada até chegar ao topo da Colina, onde ainda havia alguns semideuses, entre eles, Stella. Ainda se manteve um pouco afastada da menina, achando que, se chegasse mais perto dela, a filha de Apolo quisesse partir. A filha de Atena ainda não estava preparada para aquilo. Virou-se para encarar Brian, sabendo que era aquilo. Deu de ombros, um sorriso falso sem mostrar os dentes em seu rosto, como um pedido de desculpas. Sentiu o menino a abraçando, e tirou as mãos das alças da mochila para passá-las na cintura de Brian, enterrando o rosto em seu peito e deixando duas lágrimas rolarem, que provavelmente iriam molhar o tecido da camisa dele. Franziu o nariz quando o filho de Dionísio falou em festas, e deu um leve murro nele, apenas para não perder o hábito quando ele a chamava de baixinha. – Não se preocupe. Prometo trazer o Castor de volta são e salvo – respondeu, rindo um pouco. Sabia que não poderia dizer aquilo de si mesma, então se manteve calada em relação a isso.
  Afastou-se quando sentiu o garoto soltando-se do abraço, e o encarou, seus grandes olhos cinza brilhando com o esforço de não produzir mais lágrimas. Quando ele segurou seu rosto e lhe deu um beijo na testa, a semideusa fechou os olhos, seu coração pesado, mas não acelerado, quando aconteceu quando Ethan produzira aquele mesmo gesto. Pensar naquilo também não melhorou nada. Deu um sorriso de lado quando o amigo proferiu aquela frase – Bem, estou indo ao resgate deles, não é? – riu baixo, dando um soquinho no ombro do campista, em retorno ao seu aperto de nariz. Ficou olhando para ele, sem saber o que fazer naquele momento. Não queria mais manter aquele clima, e assim que viu Jasmine se aproximando de Stella, Liana soube que também teria que fazer aquilo. – Então... Tchau. – disse, para Brian, acenando com a mão, caminhando na direção das garotas repetindo para si mesma cumprir sua promessa.
You shouldn't laugh at these things {Flashback} || Liana & Brian
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