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“La anciana, el tlacuache y el fuego” / 2016 / © Jesús Muñoz, Ilustrador
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fr00d0 · 1 year
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#principito #thelitleprince #novela #literaturainfantil #tatuajesfullcolor #tatuajesacolor #tattoos #tatuadoresdevenezuela #inkedmagazine #inked #inkedup #ink #tinta #inklife #d0mg0 #torukmak #freddyavendaño #venezuela #caracas #colorstattoo https://www.instagram.com/p/Bk5l3hLnbmK/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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lizaporcelli · 2 years
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¿Cómo hace un monstruo para pedir ayuda?
El de esta historia solo quiere aprender a escribirse bien. Es que él no sabe si es moustro, monstro o moooonstruo. Pero nadie se toma el tiempo de escucharlo y de prestarle atención cuando él se presenta e intenta explicar sus dudas.
Si querés que este monstruo con su pedido de ayuda llegue cuanto antes a la puerta de tu casa (vivas donde vivas del país), pedilo directamente a la editorial a través del link.
Para ventas especiales, en cantidad o para librerías, escribir a [email protected] o llamar a la editorial al 1139099564.
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Escrito por Rodrigo França (@rodrigofranca), ilustrado por Juliana Barbosa Pereira e publicado em 2020 pela editora Nova Fronteira (@novafronteira), O Pequeno Príncipe Preto é uma releitura sobretudo NECESSÁRIA do clássico O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. A história, idealizada pelo ator Júnior Dantas (@opequenoprincipepreto), abriu caminhos para que inúmeros meninos pretos pudessem se ver como verdadeiros príncipes! Em um planeta minúsculo, que, se comparado à Terra, tem o tamanho de um grão de areia, vivem um principezinho preto e uma árvore Baobá. A árvore é a única companheira do menino. Em momentos de desânimo, ele a abraça para recarregar suas energias. Outra forma de se animar utilizada pelo pequeno príncipe preto é viajar por diferentes planetas, conhecendo outros seres e realidades e espalhando sementes de baobá. Ele aproveita as ventanias e voa pelo espaço. Cada voo é uma oportunidade também para disseminar a sabedoria UBUNTU. Certa feita, o menino embarcou em uma pipa que passava ali próximo e foi-se embora explorar mais um pouco do universo que tanto lhe suscitava interesse. Conheceu, assim, muitos outros planetas que não havia visitado e pôde, nessa viagem, ensinar e aprender muito. Que planetas foram esses? Quais ensinamentos e aprendizados o pequeno príncipe preto adquiriu e compartilhou ao longo dessas viagens? O que nós, enquanto leitores, podemos extrair de suas aventuras? Além de exaltar a estética negra, a obra versa sobre relações e afeto, ancestralidade, espiritualidade, sexismo, bullying, individualismo x senso de coletividade, entre tantos outros assuntos, procurando enaltecer e difundir uma visão de mundo onde há espaço para o respeito à diversidade e à natureza. Deixe-se afetar pelo Pequeno Príncipe Preto. Embarque nessa aventura interestelar! ✨ #leiaparaumacriançanegra #leiaparaumacrianca #leiaautorespretos #leiaescritorespretos #leiaintelectuaispretos #leiahomenspretos #literaturabrasileira #literaturainfantojuvenil #literaturainfantil #literaturaafrobrasileira #kidlitillustration #kidlit #opequenoprincipe #opequenoprincipepreto #leiaparaseufilho #resenhadasemana https://www.instagram.com/p/CdWgMFHJwCw/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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ediciones-tomodomo · 2 years
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Nos hace muy felices que #casasconhistorias 🏘de @yoshidaseiji_ haya sido incluido en la vigente Muestra del Libro Infantil y Juvenil de la Comunidad de Madrid. ¡Es todo un honor!🙆 La Muestra es una selección realizada por especialistas que reúne los mejores libros editados durante el año anterior para público infantil y juvenil, y además funciona como una exposición itinerante por las bibliotecas de la Comunidad de Madrid @libroscmadrid No os la perdáis si tenéis oportunidad, ahora mismo por ejemplo puede verse en Usera (bib. San Fermín) o en Móstoles (bib. central Almudena Grandes). #muestradellibroinfantilyjuvenil #literaturajuvenil #literaturainfantil #literaturainfantilyjuvenil #lij #yoshidaseiji #seijiyoshida #ものがたりの家 #吉田誠治 #tomodomo #tomodomoediciones https://www.instagram.com/p/CfB526WDNhy/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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Adriana Cassa é uma educadora com mais de 27 anos de experiência no magistério. Sua paixão pela escrita, por contar histórias a levou a se aventurar como escritora, buscando encantar e inspirar crianças de todas as idades, oferecendo um conteúdo de qualidade e repleto de aprendizado.
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pochaulloac · 17 days
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saulodanielarts · 18 days
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Xilogravuras – A Lebre e a Tartaruga
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​Olá pessoal.
Nesse vídeo mostro um pouco sobre a técnica da Xilogravura e falo também sobre o projeto do livro infantil “A Lebre e a Tartaruga - Tempos Modernos”, o qual foi contemplado na Categoria D – LIVRO E LEITURA – PRODUÇÃO LITERÁRIA do edital de SELEÇÃO PÚBLICA DE EMERGÊNCIA CULTURAL Nº 025/2023 – LEI PAULO GUSTAVO DE APOIO ÀS ÁREAS CULTURAIS. Publicado pelo município de Natal (Rio Grande do Norte).
As xilogravuras produzidas durante a Oficina Rossini Perez, que está sendo ministrada pelo professor Erick Lima nas dependências da Fundação Jose Augusto, aqui em Natal-RN.
Foi uma oportunidade maravilhosa poder experimentar e produzir várias peças com as técnicas de xilogravuras aprendidas durante o período da oficina. 
O livro está sendo produzido com a colaboração com o Miguel Rude (@miguelrude).
youtube
Ilustrações: 
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@natalprefeitura
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maletasdehistorias · 1 month
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Entre trocas e encantos
Lina era uma garotinha adorável, cuja presença irradiava alegria e sorrisos por onde passava. No entanto, havia uma coisinha, só uma coisinha, que ela fazia com “certa” frequência que tirava sua mãe do sério: Lina tinha uma paixão particular por “palavras feias” (era assim que sua mãe costumava se referir a elas). Portanto, “Cocô”, “pum”, “xixi”, “bumbum” eram algumas das palavras favoritas de seu vasto repertório.
Quando Lina se irritava com algum colega na escola, ela soltava:
— Seu cabeça de cocô!
 Enquanto brincava com seus primos na casa da vovó, ela falava, dando risada:
— Punzão... Cocozão...
E quando sua mãe pedia para ela abandonar aquelas “palavras feias”, era como se sua mãe estivesse falando com as paredes. E ainda pior, parecia que a menina se divertia cada vez que soltava suas pérolas. Lina sentia-se como uma super-heroína desafiando a temível vilã das regras, que nunca se cansava de repetir:
— ESTÁ PROIBIDO USAR PALAVRAS “FEIAS”!
No entanto, uma tarde ensolarada, após sua mãe buscá-la na escola, Lina ficou surpresa quando o carro parou em frente a um prédio bastante incomum.
— Ué... Que lugar é esse, mamãe? — Lina quis saber.
— Vamos entrar rapidinho, filha. Vem comigo! — Sua mãe desligou o carro, com um sorriso misterioso, convidando Lina a acompanhá-la.
O prédio que havia diante delas era uma explosão de cores, como se a paleta de um pintor tivesse ganhado vida nas suas paredes. Cada tijolo parecia ter sido cuidadosamente escolhido, pintado com tons vibrantes, que refletiam a criatividade de seu construtor. Definitivamente, aquele não era um prédio comum. Para Lina, era como se ela estivesse olhando para um cenário de um conto de fadas moderno, criado a partir da mente criativa e habilidosa de uma criança. Que lugar mais curioso, pensou Lina.
Sua mãe, ao contrário, não demonstrava surpresa, mas uma familiaridade suspeita com aquele lugar, como se já tivesse estado lá antes. Estranho, pensou, observando sua mãe com olhos curiosos.
As duas desceram do carro e caminharam lado a lado em direção à entrada, em silêncio. Ao lado da porta, havia uma companhia de bronze. E debaixo da companhia, pendia uma plaquinha, adornada com letras cuidadosamente desenhadas. Lina, ainda aprendendo a dominar a arte da leitura, demorou um pouco para decifrar as palavras ali escritas.
— Lo...ja... das... pa... la... vras... bo... ni... tas — ela leu em voz alta para si mesma.
Ao terminar a leitura, achou melhor reler as palavras, porque tinha a certeza de que não as havia compreendido direito. Que lugar esquisito, ponderou Lina, observando a placa com uma mistura de fascínio e dúvida.
— Loja... das... palavras... bonitas – ela leu de novo, um pouco mais confiante.
Então, seus olhos encontraram os de sua mãe, que já a olhava com um sorriso misterioso. Lina arqueou uma sobrancelha, achando aquela situação muito estranha. E não sorriu de volta. De repente, quando elas estavam prestes a tocar a companhia, a porta da loja abriu, revelando um homem do outro lado. Seu sorriso cativante iluminava seu rosto, como se as histórias de sua vida estivessem ali bordadas. Vestido com um terno roxo escuro intenso, acentuado por uma gravata verde bandeira, ele parecia saído de um filme de fantasia.
— Boa tarde, senhoritas! — ele as cumprimentou. — Eu estava esperando por vocês.
A mãe de Lina respondeu com um aceno caloroso, enquanto ele as convidava para entrar. Sua mãe entrou primeiro, seguida por Lina, que entrou logo atrás, ainda um pouco desconfiada. Dentro da loja, corredores se estendiam como caminhos mágicos, revelando uma sala enorme, como se fosse um labirinto secreto esperando para ser descoberto. Em todos os cantos, barris de madeira enfileirados, identificados como volumes em uma biblioteca, continham tesouros. Lina, com a curiosidade de quem está decifrando um código secreto, começou a ler as etiquetas coladas nos barris.
— Flo... res... A... ni... mais… Co… res… Do… ces… — ela murmurou.
Que engraçado... parece um supermercado... mágico, ela pensou deslumbrada. Em meio aquele cenário incomum, ela se sentia como uma exploradora em terras desconhecidas, onde as regras da realidade não pareciam fazer nenhum sentido. Curiosa, Lina se aproximou dos barris. Dentro deles, palavras dançavam como flocos de neve em um globo encantado, ansiosas para serem escolhidas. Lina pousou sua mãozinha sobre um deles, com uma vontade enorme de abri-lo, mas foi rapidamente advertida pelo dono da loja:
— Cuidado, mocinha! Se abrir a tampa, as palavras sairão voando. E depois será a maior dificuldade pegá-las de volta. Elas são muito levadas!
Que lugar mais esquisito, Lina pensou.
— Venha — ele a convidou. — Eu lhe darei uma cesta. Dentro dela, você poderá guardar as palavras que você escolher levar para casa! Use essa redinha para pescá-las. Mas, tome cuidado, não deixe que elas escapem voando!
Lina olhou desconfiada para sua mãe, buscando sua aprovação. Um sorriso caloroso foi a resposta, indicando que Lina podia aceitar o convite. E assim o fez! Dava gosto vê-la percorrer os corredores de barris, cheia de animação e sorrisos, em busca das palavras que ela levaria consigo para casa. Lina desvendava os segredos, abrindo as tampas com delicadeza e cuidado. E das profundezas dos barris, pescava as palavras mais encantadoras e fascinantes que encontrava.
MARGARIDA... CARAMELO... ALGODÃO DOCE... ABRAÇO... CAMALEÃO... SOLUÇO... ESTACIONAMENTO... BICICLETA... BOLINHA DE GUDE... GARGALHADA... ÔNIBUS...
Quando sua cesta transbordava palavras, Lina procurou o dono da loja. Ele estava conversando com sua mãe perto do que parecia ser o caixa. Com um sorriso no rosto, ela correu até eles.
— Vejo que você encontrou muitas palavras! — ele observou, olhando para a cesta cheia.
— SIM!! Olha só quantas palavras eu peguei — ela respondeu, muito entusiasmada.
— Antes, porém, você terá que pagar por elas. Afinal, estamos em uma loja.
Lina lançou um olhar confuso para sua mãe. Tinha ficado tão envolvida na empolgação da brincadeira de caça às palavras que tinha se esquecido, momentaneamente, de que estavam em uma loja.
— Mas... mas... eu não tenho tanto dinheiro assim — disse Lina, olhando para a cesta cheia de palavras.
— Quem falou em dinheiro? — ele perguntou, fazendo com que Lina levantasse uma sobrancelha, confusa. E continuou: — Aqui não usamos dinheiro. Trocamos palavras. Você me dá as suas, e eu lhe dou as minhas. Vejo pela sua carinha que você ainda não entendeu como isso funciona. É simples: Troco cinco palavras bonitas por uma palavra... hum... digamos, desagradável. Vamos chamá-las assim — explicou, rindo.
Ah... entendi! Isso só pode ser coisa da mamãe e da sua implicância com as palavras “feias”, ela pensou, franzindo a testa.
— Mas se acha que não tem nenhuma palavra desagradável guardada aí com você... Tudo bem! Deixe sua cesta guardada aqui. E quando decidir voltar, faremos as trocas.
Lina continuava imóvel. Pensativa. Em silêncio. Enquanto o dono da loja e sua mãe esperavam pacientemente, tranquilos.
— Eh... eh... acho que tenho algumas palavras para trocar com você — Lina anunciou, lançando um olhar rápido para sua mãe, ainda com a testa franzida.
O dono da loja lhe estendeu um bloquinho e um lápis brilhante.
— Ótimo! Então, escreva uma palavra por vez neste bloquinho — ele explicou. — Depois, destaque as folhas. E me entregue uma de cada vez. Entendeu?
Ela assentiu. Compreendo as regras como se fossem as instruções de um jogo de tabuleiro, Lina estava pronta para começar a brincar. Assim, ela trocou “pum” por cinco palavras da cesta. Trocou “bumbum” por outras cinco. “Cocô” por mais cinco... Terminadas as trocas, Lina carregava um montão de palavras dentro daquela linda sacola, brilhante e colorida! Eram umas trinta e cinco palavras, mais ou menos, que formavam um verdadeiro arco-íris de emoções, que ela levaria para casa.
— Pronto, mocinha, negócio feito! Satisfeita? — ele perguntou. Mas Lina não parecia completamente satisfeita com a troca. — Que carinha é essa?
— É que... é que... eu gosto de falar essas palavras. Mas agora que eu não as tenho mais... Como é que eu vou fazer?
— Você poderá continuar usando-as — ele respondeu, sorridente.
Ué, ela pensou. Não estou entendendo nada mesmo! Esse senhor é muito diferente.
— Você poderá continuar usando essas palavras — ele começou —, mas não poderá mais usá-las para ofender ou desrespeitar outras pessoas. Não há palavras bonitas ou feias, Lina, apenas palavras que têm o poder de magoar ou insultar. E é isso que precisamos evitar. Você entende?
Ela assentiu com a cabeça, ainda processando as palavras do dono da loja. Sua mãe lançou lhe um olhar sério, que Lina respondeu com um sorrisinho nos lábios. Então, com um aceno de despedida, elas se viraram para sair da loja. Lina ofereceu um sorriso para o dono da loja, e ele lhe sorriu de volta. E ao trocar sorrisos, ela prometeu que voltaria sempre que tivesse novas palavras para trocar com ele, porque apesar de um pouco pesarosa de ter que abandonar suas palavras preferidas, tinha achado aquela brincadeira muito divertida.
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“El romance de la mujer volcán con la mujer montaña” / 2016 / © Jesús Muñoz, Ilustrador  
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luizmarques1 · 2 months
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lizaporcelli · 2 years
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Volvió a salir este clásico de las cumbres andinas...
Una novela para chicos y chicas de entre 7 y 10 años. Albertina, su protagonista, junto con Domingo, su perro, buscará la manera de ser parte de la Historia Argentina, conquistando a San Martín para que confíe en ella como ayudante, rival al ajedrez, espía, escritora de cartas y por qué no, niñera de su hija Merceditas.
Podés adquirirlo desde cualquier parte del país, directamente de la editorial y te llegará a domicilio, a través del link.
Para ventas especiales, en cantidad o para librerías, escribir a [email protected] o llamar a la editorial al 1139099564.
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sofiatlove-blog · 3 months
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Un encuentro bastante peculiar puede convertirse en una buena amistad.
🕊☁️🐑
https://repositoriodspace.unipamplona.edu.co/jspui/handle/20.500.12744/7541
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felixdealcantara · 7 months
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Traços do ódio
Uma leitura sobre A casa no Mar Cerúleo, de TJ Klune
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O mundo em que vivemos é povoado de preconceitos: o racismo, a homofobia, a misoginia, o capacitismo, e assim inúmeros outros ódios. No entanto, poucos ódios são tão invisíveis e pouco questionados quanto o ódio contra a criança.
A naturalidade com que adultos dizem “não gostar de crianças” é bastante assustadora, visto que uma simples inversão de papéis mostra a fragilidade desse pensamento. Não faz qualquer sentido odiar todas as crianças, pelo simples fato de que “criança” é um termo guarda-chuva. Uma criança de alto poder aquisitivo não pode ser posta em igualdade à criança em vulnerabilidade. Para além disso, assim como adultos, há crianças mais explosivas e há crianças mais calmas. E podemos ficar presos em variáveis de “a respeito de qual infância se fala?” e chegaremos ao ponto de questionar “qual criança te dá ódio?”.
Neste artigo, além de falar sobre crianças em um orfanato, com mais incisividade adiante, abordaremos o fato de que a criança vulnerável possui características muito específicas. Isso não quer dizer, porém, que outra criança também em situação de risco não possa ter diferentes características, mas há uma massa considerável de crianças e adolescentes negras em situação de abandono no mundo, como constata a pesquisadora Daiane Souza, pelo Instituto Palmares (2011). Mais à frente, comentaremos sobre essa pesquisa e seus dados que sintetizam, ao menos no cenário brasileiro, essa realidade complexa e dolorosa.
As literaturas infantil e infanto-juvenil possuem seus meios de dialogar com problemas sociais de modo sutil. Com base nas argumentações do humor carnavalesco, de Mikhail Bakhtin, e a História da Feiura, de Umberto Eco, tentaremos estabelecer um diálogo sobre como a violência da sociedade afeta os personagens de A casa no mar cerúleo, de TJ Klune. Para tanto, também usaremos das abordagens de Virgínia Woolf, em O valor do riso e outros ensaios, e Diana Wynne Jones, em Reflections: On the Magic of Writing, além da dissertação de Valquíria Pereira Alcântara intitulada Roald Dahl: estudo comparativo de “Chapeuzinho Vermelho e o lobo” em língua inglesa e as traduções para o português.
Seguindo esse percurso, precisamos brevemente definir uma infância com a qual lidamos, uma vez que, como Alcântara (2018) percebe em sua dissertação, o conceito de infância varia de época para época, mas, além disso, depende de situações sociais. Este artigo lida com crianças em vulnerabilidade; assim, apesar de Alcântara (2018) retomar o que Shavit discute sobre uma infância “geral” (que podemos ler como burguesa), há no texto um comentário que nos é pertinente:
Shavit observa que o Iluminismo possibilitou mudanças ideológicas que favoreceram a mudança de percepção em relação às crianças, ou seja, até a Idade Média a criança era vista como adulto em miniatura, e a percepção teológica de que o ciclo da vida consistia em nascimento, vida e morte corroborava esse ponto de vista. A associação da imagem inocente, doce e angelical da criança às pinturas religiosas e, posteriormente, a continuada presença da imagem infantil nas artes contribuíram para a paulatina mudança de percepção. Pouco a pouco a criança passou a ser vista não como um adulto em miniatura, mas como fonte de entretenimento para os adultos, particularmente nas camadas abastadas da sociedade; itens de vestuário e diversos objetos como brinquedos e jogos, por exemplo, passaram a integrar o universo infantil sofrendo simplificações e reduções enquanto, simultaneamente, deixavam de fazer parte do universo dos adultos, gerando-se, assim, uma polarização que opunha a esfera do adulto e a da criança. Com isso, desenvolveu-se a visão de que as crianças deveriam ser protegidas pelos adultos, educadas e disciplinadas em ambiente apropriado. Não é possível, contudo, deixar de observar que crianças das classes menos favorecidas estavam inseridas em situações diversas e as famílias tinham necessidades prementes que muitas vezes resultavam na participação das crianças em ambientes de trabalho apesar da inadequação da idade. (ALCANTARA, 2018, p. 14)
A construção da infância perpassa por uma queda na natalidade, pois, em uma sociedade onde pode haver quinze ou mais filhos em uma única família e a morte ronda a vida constantemente, essa prole não pode ser tão bem tratada e, portanto, não se inspira o sentimento de infância relacionado ao cuidado. Talvez o ódio tenha seus fundamentos no medo do apego. Lembro nesse momento, apenas para ilustrar, Vidas Secas, obra em que a cadela Baleia possui nome e as crianças são chamadas apenas de Menino Mais Velho e Menino Mais Novo. Essa desumanização da infância é visível em situações de vulnerabilidade. No caso de Vidas Secas, a questão da natalidade já não é mais importante; a mortalidade, relacionada à instabilidade socioeconômica, sim, e leva à desumanização das crianças. Apesar disso, seria incongruente jogar toda a responsabilidade da violência contra criança sobre o colo das pessoas que sofrem com a miséria.
Novamente, para ilustrar a violência e o pouco valor da criança, trago um exemplo onde uma rainha e feiticeira mata duas crianças. Como vingança por Jasão trocar Medeia por Creuza, a feiticeira Medeia assassina seus próprios filhos em uma caverna. Essa cena foi reproduzida no cinema e no teatro várias vezes, inclusive no Brasil na adaptação de Chico Buarque e Paulo Pontes, chamada Gota d’água.
A morte ronda a infância, fato que torna essa fase paradoxal, visto que a criança é o mais próximo da longevidade. Não há nada mais perto do natal do que a criança. Mesmo assim, a mortalidade sempre foi um assunto com o qual se preocupar. Na literatura infantil, a Morte ronda a vida da criança em diversos momentos. Baba Yaga devora meninos nos contos tradicionais russos. As personagens de As Bruxas, de Roald Dahl, transformam crianças em ratos. A Cuca, no folclore brasileiro, rouba crianças que não querem dormir. O Lobo Mau devora meninas que não obedecem a mãe. Podemos ainda lembrar milhares de situações em que a Morte vem como uma punição. Talvez, dessas, a única história que possui um intuito menos agressivo, apesar da linguagem carnavalesca, é, ironicamente, o violento texto de Dahl, As bruxas. Apesar da intenção vil de punir crianças pela própria existência e tornar suas mortes dolorosas e agonizantes, isso não afeta o garoto protagonista e sua avó, pois eles enxergam a morte como uma renovação, algo muito próximo da Literatura Carnavalesca, teorizada por Bakhtin. Além, é claro, do fato de que o texto inverte a punição: a crítica não é para a criança malvada, e sim para o adulto.
Neste ponto, vemos que Roald Dahl e seus interlocutores, como David Walliams, são pontos muito fora da curva da literatura infantil moderna e contemporânea. Limito‑me a essas duas eras, pois a literatura infantil não poderia existir antes de um conceito bem estabelecido de infância. Apesar disso, sempre houve a literatura oral e suas ramificações, como os contos de fadas e as fábulas, ainda que nem sempre essa literatura esteja bem documentada, sendo por vezes ignorada. Alcântara, ainda retomando Shavit, lembra-nos de que:
A sociedade está tão habituada com infância, assim como a existência de livros para crianças, que se esquece que ambos os conceitos, infância e livros para crianças, são relativamente recentes; ou seja, a percepção atual de infância está muito distante daquela que havia há somente dois séculos atrás. Além disso, literatura para crianças começou a ser desenvolvida somente depois de a literatura para adultos ter se tornado uma instituição bem estabelecida. Livros especialmente para crianças eram raramente escritos até o século dezoito e a indústria do livro para crianças teve seu florescimento somente na segunda metade do século dezenove. (SHAVIT, 2009, p. 3, apud ALCÂNTARA, 2008, p. 13)
O maior ódio contra a infância é a negação de suas qualidades. Adultos menosprezam dia após dia a inteligência e a capacidade infantil. E, quando se trata de uma criança marginalizada, esse ódio fica ainda mais escancarado em discursos que pregam a menoridade penal em um país que mata diariamente crianças negras que estão indo para escola.
E é justamente a criança marginalizada que nos leva até TJ Klune.
Antes de avançar à discussão do livro, há uma última questão para se tratar. A criança marginalizada ainda é uma criança dotada de capacidades de rir e imaginar. Observa-se que há um ódio nítido das classes dominantes, pois a arte da periferia é mal dita e maltratada. A criança que ama o funk é colocada como um futuro marginal. A que ama o rap, o hip‑hop, idem. E aí vêm duas questões: a quem interessa uma criança aculturada de seus próprios valores? A quem interessa tornar uma criança apátrida?
Não tenho intenção de formular uma resposta fechada para essas perguntas, mas trago duas mulheres para argumentar sobre essas questões.
Virgínia Woolf, ao lembrar do poder do riso, recorda uma das histórias infantis onde o valor da esperteza da criança se mostra sobre a idolatria cega dos adultos:
É porque o riso das crianças tem essa característica que elas são temidas por pessoas que estão conscientes de afetações e irrealidades; e é provavelmente pela mesma razão que as mulheres são vistas com tal desfavor nas profissões liberais. O perigo é que elas possam rir, como a criança em Hans Andersen que disse que o rei estava nu, quando os mais velhos adoravam a esplêndida indumentária que não existia. (WOOLF, 2015, s/p)
Onde a opressão é real e violenta, o riso é um escape. É justamente por considerar que todos são cegos para não ver que o rei está nu que a criança vê o óbvio e zomba. Esse riso grotesco, que retorna o sagrado/real ao profano/mundano, é que toma de súbito a criança. Talvez o ódio surja em reação a esse riso, mas não desenvolverei essa ideia muito além deste ponto. Apenas reafirmo a violência contra a inteligência da criança na perspectiva de Diana Wynne Jones, que afirma que:
A irresponsabilidade desses escritores que clamam que a imaginação te direciona para o mal é ambígua. Primeiro, eles desejam cortar o processo de “e se” que permite a fruição da mente; e­, segundo, eles estão preocupados em fazer isso quase totalmente sem diversão – sem considerar o fato de que crianças são acima de tudo pessoas que brincam, particularmente com ideias. (JONES, 2000, s/p)[1]
O medo da imaginação da criança gera expectativas sobre o que essas crianças serão. Podemos debater sobre o valor desejado nesse ódio, que argumenta que “crianças deveriam ter pés no chão para que possam crescer e ser humanos com estabilidade”, o que permitiria pontuar sobre os crescentes traumas nos adultos, o burnout e a depressão decorrentes desse valor, mas o foco destoaria. Trouxemos esse debate porque A casa no mar cerúleo lida com o que a sociedade mais odeia: crianças marginalizadas.
TJ Klune é um premiado escritor contemporâneo estadunidense. Usando como bandeira sua assexualidade, o autor escreve em sua literatura fantástica questões de sexualidade e gênero, o que torna sua escrita queer. Klune foi laureado com o Mythopoetic Fantasy Award e Alex Awards por A casa no mar cerúleo em 2021. Além disso, o autor escreveu um romance vencedor do Lambda Literary Award for Best Gay Romance em 2014.
O livro de TJ Klune tem como personagem principal Linus Baker, um assistente social do Departamento Encarregado da Juventude Mágica, o DEDJUM. Isso quer dizer que sua função é assegurar que crianças mágicas estejam salvas de si e de outros dentro dos orfanatos. Isso, pelo menos, é o que Linus imagina. Sua constante insistência em manter uma distância emocional das crianças, a qual o torna um funcionário exemplar, é nítida nos primeiros capítulos. Primeiro, porque nunca questiona nada, ao contrário, possui como livro de cabeceira o manual do DEDJUM. Segundo, porque ele é extremamente metódico e preciso em seus relatos.
A vida de Linus é um tédio, vivendo ao lado de uma vizinha que zomba de seu estilo de vida e sua sexualidade. O assistente social também vive com uma gata irritada, em uma casa pequena dentro de uma cidade em que nunca para de chover, e possui uma chefe agressiva e cruel.
Linus nunca tira mais que dois dias de férias. Quando é chamado a comparecer ao Alto Escalão, pensa que poderia ser o momento de ganhar férias ou, pior, de ser demitido. Na verdade, é convocado para uma missão supersecreta: vistoriar por um mês um orfanato do qual nunca ouviu falar. Quando Linus está no trem, a caminho do orfanato, leva o primeiro choque: a chuva acaba e no lugar aparece um ambiente ensolarado e com uma linda praia. Ao seu lado, foi Calíope, a gata arisca.
Então, quando desembarca em Marsyas, cidade onde está a ilha do orfanato, tudo começa mudar. Primeiro, para pior. Linus sente um grande impacto por uma descoberta e um encontro terrível com a dona da ilha: Sra. Chapelwhite, uma sprite da ilha[2]. Linus definitivamente não é bem recebido por ela, pois há algo muito errado com o DEDJUM.
A cidade de Marsyas odiava todas as criaturas mágicas, mesmo as crianças. Há uma aura de medo no lugar, mas ainda maior de ódio. As pessoas que ali viviam realmente temiam o que estava do outro lado – aonde a balsa do barqueiro Merle levava–, mas, para além disso, sentiam fúria pelo desconhecido, como se houvesse um direito de ferir o que não se conhece, principalmente quando a fé interfere nas visões de mundo.
Apenas quando Linus chega ao orfanato é que somos apresentados às seis crianças mágicas que ali habitam, a Arthur Parnassus – o diretor – e a Zoe Chapelwhite – a sprite da ilha.
Neste ponto, fazemos uma pausa do resumo para retomar a fala de Virginia Woolf (2015) afirmando que o riso da criança possui um poder transformador, pois desconserta o adulto. Fazendo um paralelo com Bakhtin (1996, p. 4), quando o Carnaval humaniza o sagrado ou o oficial, ele se utiliza de uma linguagem violenta e grotesca. Essa linguagem distorce tudo o possível para gerar graça em quem vive o Carnaval e horror em quem observa de um mundo à parte.
Dessa mesma forma, rindo das violências vividas, como uma máscara de um arlequim triste, a primeira criança nos é apresentada: Talia, uma gnoma de barba branca. A garota possui um humor peculiar e violento, repetindo várias vezes que gostaria de enterrar o corpo de uma pessoa embaixo de seu lindo jardim para que “talvez eu tenha meu fertilizante humano no fim das contas” (KLUNE, 2022, p. 71).
Esse humor violento e macabro da garota esconde um medo de se sentir dependente de outros. Isso fica claro quando ela diz:
– Onde está o diretor? – perguntou Linus quando deixaram o jardim para trás. – Por que ele não está cuidando de vocês? – Arthur? – indagou Talia. – Por que estaria? – Sr. Parnassus. – corrigiu Linus. – É falta de educação chamar o diretor pelo primeiro nome. E ele deveria estar cuidando de vocês. São crianças. – Tenho 263 anos! – Gnomos só atingem a maioridade aos quinhentos – disse Linus. – Pode continuar achando que sou idiota se quiser, mas seria um erro. (KLUNE, 2022, p. 75)
Há alguns pontos importantes nessa passagem: Arthur Parnassus é um homem que estabelece uma relação paternal com as seis crianças, e por isso há um estranhamento da parte de Linus, o qual gosta de um mundo padronizado que o ensinaram. Outra questão é que a gnoma Talia busca uma independência que está muito longe de conseguir, pois sua idade é a metade da maioridade. E, por último, Talia testa a inteligência de Linus algumas vezes, como ao dizer que Theodore, um serpe, cospe fogo, o que é desmentido pelo próprio Linus. Esse teste não é proveniente de uma má-educação vinda de Arthur, a quem logo somos apresentados e cujo lindo trabalho no orfanato nós vemos, mas pelo ódio que vem da sociedade do lado de fora. Marsyas é palco de um constante “eles contra nós”, mas a verdade é que no orfanato não estão monstros, e sim crianças. E até mesmo Linus precisa cobrar de si a postura de pensá-las não como monstros, mas seres pensantes.
Prosseguindo, Talia “ajuda” Linus a encontrar a gata Calíope, que fugiu do carro onde estava assim que chegou à casa. Em seguida, há o segundo encontro, com Theodore, o serpe, uma criatura bastante inteligente, que, apesar de não ser humanoide – é uma criatura dracônica –, possui inteligência e raciocínios tão bons quanto de humanos. Esse serpe é uma criatura adorável que coleciona moedas e outras coisas com o mesmo formato; pouco se fala sobre ele, pois sua função na cena é ganhar de Linus um botão para sua coleção, mas é dito que sua espécie foi vítima de caça até que se regularizaram leis de proteção às criaturas mágicas. Depois, vemos Phee, uma sprite da floresta. Ela é descrita brevemente como:
uma menina suja de uns dez anos de idade atrás deles. As manchas de terra em seu rosto quase cobriam as sardas que pontuavam sua pele clara. Ela soltou o ar, fazendo uma mecha de cabelos cor de fogo se afastar da testa. Usava short e regata. Estava descalça e tinha as unhas dos dedos dos pés encardidas. (KLUNE, 2022, p. 73)
No capítulo, não é dito muito além disso sobre a personagem, apenas que ela não gostou de Linus.
Há uma antítese entre Talia e Phee em relação a Linus. Talia, apesar de suas piadas mórbidas, demonstra muito interesse em Linus; ela parece testá-lo, pois quer que ele seja um bom amigo. Isso é confirmado um pouco depois na narrativa. Enquanto Phee, um tanto pela espécie territorialista, um tanto pela desconfiança com o DEDJUM e a humanidade, foca seus esforços em ficar afastada.
Então aparecem mais duas crianças.
Sal, um adolescente negro extremamente tímido que brinca com Calíope, mas se sente desconfortável e acuado próximo de Linus. Um dos pontos mais interessantes é como a gata antes vivia estressada na cidade onde Linus morava e como se adequa ao orfanato e parece conversar com todas as crianças de igual para igual, em especial com Sal. Quando confrontado por Linus, Sal se transforma em um Lulu da Pomerânia e foge. Mais adiante na história, somos apresentados ao problema das rejeições que Sal sofreu em outros orfanatos. O adolescente chega melancólico e tímido para a casa de Arthur, e mesmo os esforços do homem para ajudá-lo parecem surtir pouco efeito, pois a situação do jovem é bastante delicada.
Isso nos devolve para a vida real, onde, tomando como exemplo o Brasil, segundo os dados do Conselho Nacional de Justiça, “mais de 30 mil crianças e adolescentes estão em situação de acolhimento em mais de 4.533 unidades em todo o país. Deste total, 5.154 mil estão aptas a serem adotadas.” (RODRIGUES, 2020, s/p). Esses dados deixam nítido o abandono quando “a faixa etária que compõe a maior parte dos abrigados no Brasil são os adolescentes. São 8.643 com mais de 15 anos, sendo mais da metade do sexo masculino” (RODRIGUES, 2020, s/p). Essa é a faixa etária em que os indivíduos têm poucas chances de ser adotados. Segundo Daiane Souza, da Fundação Palmares:
Na semana em que se comemora o Dia Nacional da Adoção, ainda é alta a taxa de crianças negras que aguardam por uma família. Elas correspondem a praticamente metade das quatro mil aptas para adoção entre 29 mil órfãos que vivem em abrigos espalhados pelo Brasil. Junto a eles, outros 21% dos meninos e meninas não são adotados por possuírem problemas de saúde ou algum tipo de deficiência. (SOUZA, 2011, s/p)
A informação da Palmares é um pouco desatualizada em relação à anterior, mas se aplica ao argumento. A criança órfã ou em situação de vulnerabilidade na família é pouco lembrada. E quando é negra, do gênero masculino ou deficiente, possui menos chance de ser adotada. Ainda coloco uma questão sobre a aceitação de uma criança “viada”. Uma família que busca adotar aceitaria um menino afeminado?
Voltemos ao livro. Sal é vítima da sociedade e talvez seja o mais afetado. Sua ansiedade e falta de tato com os humanos deixa nítido seu desconforto causado por seus traumas.
Então, novamente em antítese, conhecemos Chauncey, uma “bolha verde e amorfa com lábios bem vermelhos. E dentes pretos. E olhos em pedúnculos, acima da cabeça” (KLUNE, 2022, p. 79). Além disso, Chauncey possui tentáculos em vez de mãos. A criança sem espécie definida é o que se pensa como feio, grotesco. Ela foge dos padrões estéticos, inclusive do leitor que não possui uma âncora para basear o que é aquela criança. Umberto Eco nos lembra que:
Dizer que belo e feio são relativos aos tempos e às culturas (ou até mesmo aos planetas) não significa, porém, que não se tentou, desde sempre, vê-los como padrões definidos em relação a um modelo estável. Pode-se sugerir também, como Nietzsche no Crepúsculo dos Ídolos, que “no belo, o ser humano se coloca como medida de perfeição;” [...] “adora nele a si mesmo. [...] No fundo, o homem se espalha nas coisas, considera belo tudo o que lhe devolve a sua imagem. [...] O feio é entendido como sinal e sintoma de degenerescência [...]” O argumento de Nietzsche é narcisicamente antropomórfico, mas nos diz, justamente, que beleza e feiura são definidas em referência a um modelo específico [...]. (ECO, 2022, p. 15)
Nesse caminho, o espanto de uma criatura não apenas amorfa, como também completamente longe do que é científico, pois nem mesmo com relação à espécie a dúvida é sanada, é um estranhamento gigante.
Algumas vezes, Chauncey acaba indo para o quarto de outras pessoas para assustar. E é por meio de uma frase corriqueira de Arthur sobre o garoto que se percebe mais uma dor. Aquela criatura, cujo sonho é ser um atendente de hotel, é vítima de um mundo onde a estética fala mais alto, e para a sociedade seu papel é o de assustar, mesmo que seja um garoto doce e prestativo.
E então chegamos ao último nome, o mais temido do mundo e que gera uma inquietação, pois a sua presença é a profanação no sentido mais religioso. Enquanto vemos a reação de Linus, podemos acompanhar o relatório do DEDJUM sobre o garoto:
Ele abriu o primeiro arquivo. No alto da primeira página, havia a foto de um menino de seis ou sete anos, com um sorriso um tanto diabólico. Faltava-lhe um ou dois dentes da frente, seu cabelo estava todo bagunçado, parecendo apontar em todas as direções, e seus olhos eram... Bom, seus olhos tinham saído vermelhos, como se não houvesse havido tempo para as pupilas reagirem ao flash. Em volta do vermelho, via-se um anel azul. Podia ser um pouco assustador, mas Linus já havia visto aquilo muitas vezes. Era uma questão de luz. Nada mais. Abaixo da foto, havia um nome em letras maiúsculas. LUCY. — Um menino chamado Lucy – disse Linus. – É a primeira vez que vejo isso. Me pergunto por que escolheram... o nome... Lucy... A última palavra saiu engasgada. A escolha estava explicada bem ali. A ficha dizia: NOME: LÚCIFER (APELIDO LUCY) IDADE: 6 ANOS, 6 MESES E 6 DIAS (QUANDO DA ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO) CABELO: PRETO COR DOS OLHOS: AZUL / VERMELHO MÃE: DESCONHECIDA (PROVAVELMENTE FALECIDA) PAI: O DIABO ESPÉCIE DE JUVENTUDE MÁGICA: ANTICRISTO Linus Baker foi ao chão. (KLUNE, 2022, p. 50)
A reação de Linus é imediata. E então surge a questão: o ser vivo nasce naturalmente mau? Um anticristo pode ser apenas uma criança cujo pai é visto como o mal encarnado?
Para Arthur Parnassus, Lucy não é um caso perdido. O homem trabalha todos os dias para que o garoto cresça saudável. De início, podemos pensar que Parnassus quer “curar” Lucy, mas é nesse ponto que vemos que Lucy é só uma criança e que, como qualquer outra, é extremamente alegre e cheio de amores e medos. Lucy é uma criança proibida, sua presença é malvista pelo simples fato de que isso foi o imposto pela sociedade. Claro que sua primeira cena não ajuda sua imagem, ao dizer:
[...] ouviu uma voz assustadora, que parecia vir de toda parte. Do ar, do chão, das próprias paredes que os cercavam. –_ Sou a encarnação do mal – disse a voz ignóbil. – Sou a praga que infesta a pele deste mundo. E farei todos se ajoelharem. Preparem-se para o fim dos dias! Sua hora chegou, e o sangue de inocentes correrá como um rio! Talia suspirou. — Ele é tão drama queen[3]... (KLUNE, 2022, p. 80)
A presença de um anticristo serve para dois efeitos: chocar e questionar a moralidade do leitor e dos personagens. A existência desse choque se dá pelo cristianismo, pois, como Umberto Eco descreve brevemente, “o primeiro inimigo com o qual o cristianismo se defrontou foi o vigário de Satanás, o Anticristo” (ECO, 2022, p. 185). Deste modo, o Anticristo, é, como o nome diz, uma versão demoníaca do filho do deus cristão. Sua vinda é tida como um prenúncio do fim do mundo e a existência dessa criatura pressupõe uma profanação. Na citação em que Lucy descreve os terrores que provocaria na Terra e em Linus, é possível perceber uma relação com o livro do Apocalipse da Bíblia, pois, como Umberto Eco explica no capítulo III (O Apocalipse, o inferno e o Diabo), a figura do Anticristo não é citada nominalmente, mas o “falso profeta” (ECO, 2022, p. 74) é lido como o Anticristo pelos cristãos. A ideia do falso profeta foi inclusive utilizada para acusar opositores políticos dentro das vertentes cristãs. Como nas guerras político-religiosas travadas por papas autoproclamados contra os papas legitimamente eleitos pelo Conclave.
A partir disso, podemos considerar alguns pontos. O choque ao nome de Lucy pressupõe que há um Cristo e, consequentemente, o Cristianismo, ou pelo menos algumas das religiões que creem em anjos caídos, pois assim diz Harold Bloom:
Demônios pertencem a todas as épocas e a todas as culturas, mas anjos caídos e diabos emergem essencialmente de uma série quase contínua de tradições religiosas que começa com o zoroastrismo, a religião mundial dominante durante os impérios persas, e passa dele para o judaísmo na época do Cativeiro da Babilônia e no pós-cativeiro. Há uma transferência bem ambivalente de anjos maus do judaísmo tardio para o cristianismo inicial, e depois uma transformação positivamente ambígua das três tradições angélicas no islamismo, difícil de rastrear, precisamente porque sistemas neoplatônicos e alexandrinos como o hermetismo entram na mistura. (BLOOM, 2008, p. 17)
Isso serve perfeitamente para explicar o espanto de Linus e da cidade. Outro ponto muito interessante que faz com que a hipótese de haver um cristianismo seja válida está na tentativa de exorcismo que ocorre quando as crianças vão à cidade. Nessa passagem, o personagem Marty, sobrinho da prefeita da cidade, usa uma cruz para tentar atacar Lucy. A cruz é a punição usada para matar Jesus e foi adotada como um símbolo cristão.
Em resumo, esse medo social de Lucy está ligado ao fato de que houve a profanação de uma humana para gerar o filho de Lúcifer e consequentemente haverá o início do Apocalipse.
Dito isso, precisamos voltar a uma questão que o próprio livro de TJ Klune nos levanta: Pessoas nascem imorais ou são ensinadas a ser imorais? Arthur discute com Lucy sobre o Imperativo Categórico de Kant, explicando ao garoto que nenhum ser humano é imaculável e todos hão de cometer deslizes na vida, mas que isso não é um pressuposto de que são imorais permanentemente. Mais à frente, Linus entra em uma discussão com Parnassus sobre a ideia de Kant e acaba mencionando Schopenhauer, mas a alusão já faz Arthur desviar da conversa, dando a entender que é uma ideia com a qual não concorda.
Mas isso se aplica exclusivamente a Lucy?
Consideramos que não. Lucy nos chama a atenção, sendo inclusive um atrativo para comprar o livro. É fato que a figura de um Anticristo esconde fascinações e repulsas. Talvez até haja quem considere que A casa do mar cerúleo é uma peça profana e que só sirva para macular os jovens, quem sabe? É possível, dada a presença de uma figura tão assustadora. O fato de Lucy ser uma criança doce, apesar de suas tentativas de ser assustador, é uma antítese perfeita para essa figura do “falso profeta” que pregará contra o exército de Deus. Ele é só uma criança.
Mas e quanto a Chauncey? Ele não é o Anticristo, mas se sente constantemente perseguido pelo pensamento imposto a ele de que monstros assustam criancinhas debaixo da cama.
E quanto a Sal? Foi rejeitado por várias instituições, inclusive sendo agredido fisicamente quando tenta comer algo, e por reação morde a cozinheira e a “transmite” o poder, transformando-a em cachorro.
Essas duas perguntas podem parecer avulsas, mas não são. A figura do mal que permeia Lucy também permeia as outras crianças, porque a questão não é o Cristianismo. Essa história não tem a menor intenção de discutir se cristãos estão ou não errados em suas crenças, mas sim discutir a existência da marginalidade, no sentido menos pejorativo, de que são crianças jogadas à margem. Aquele ambiente, ultrassecreto, é a última saída antes de serem jogados para o “lixo”, por assim dizer.
Para Linus, é difícil apagar a imagem já estabelecida dessa criança marginalizada. As próprias vivências e pesadelos de Lucy, sua imposição de voz, seus terrores e suas atividades paranormais o fazem ser amedrontador à primeira vista. No fundo, porém, ele é uma criança de seis anos com carinha de encapetado, no sentido mais simples e metafórico que pode existir, pois ele, além de ser um Anticristo, também é amante de música, como Beyond the Sea, de Bob Darin, e é um grande aventureiro que tem grandes amores por sua família no orfanato. Isso é bastante claro quando, com seu jeitinho assustador, tenta mostrar seu quarto para Linus ou quando mostra admiração pelos aspectos físicos de Linus:
_ Qual o problema com o seu tamanho? – perguntou Talia. Ele corou. – É grande demais. Ela franziu a testa. – Não tem nada de errado em ser rechonchudo. Linus garfou um tomate. – Não sou... – Eu sou. – Bom, é. Mas você é uma gnoma. É para ser assim mesmo. Ela apertou os olhos para ele. – Então por que você não pode ser? – Não é... É uma questão de saúde... Não posso... – Quero ser rechonchudo – anunciou Lucy. E pronto. Num momento, era um menino magrelo sentado numa almofada para ficar mais alto. No outro, começou a inchar como um balão, o peito esticando, os ossos estalando. Seus olhos se agigantaram nas órbitas, e Linus teve certeza de que iam saltar para a mesa. – Olha! – disse Lucy por entre os lábios comprimidos. – Sou um gnomo, ou o sr. Baker! (KLUNE, 2022, p. 99)
Lucy, assim como as outras crianças do orfanato, é uma criança carente, com muitos traumas que o perseguem, inclusive em forma de pesadelo, mas com muito amor. Talvez a única coisa que proteja essas crianças, além da mágica de Zoe Chapelwhite, é o amor de Arthur Parnassus, porque ali, como todos os outros orfanatos, é um “depósito” de crianças indesejadas para a sociedade. E com essa informação Linus é confrontado por Arthur: “Ver crianças que ninguém quer prosperando. Sabe tão bem quanto eu que o termo orfanato não é muito preciso, sr. Baker. Ninguém vem aqui pensando em adoção.” (KLUNE, 2022, p. 112). É claro que Linus, não estando preparado, fugiu da real intenção da fala de Parnassus, mas logo compreende o que é dito por ele.
Aqui é importante acrescentar dois pontos a essa discussão. Apesar de ser um burocrata e tentar manter distância sentimental em seu trabalho, Linus não é uma pessoa à parte do mundo. Ele de fato se preocupa com a segurança das crianças, mas nunca teve força de vontade suficiente para questionar seu trabalho, que consiste em analisar se casos de incidentes com crianças mágicas eram graves o suficiente para fechar os orfanatos. Linus, e isso é questionado por Arthur, nunca pensou no que aconteceria com as crianças depois de seu relatório final e seu parecer, que determinavam o destino da criança ou instituição. Isso talvez condene Linus por negligência, mas talvez o inocente. É uma questão de ponto de vista.
Outro ponto é que as crianças sentem desconforto perante os primeiros contatos com Linus e não é para menos, como já comentado. As crianças de Parnassus são marginalizadas e vítimas da sociedade, em especial daqueles que deveriam cuidá-los: o DEDJUM.
Em uma das conversas entre Linus e Arthur, temos uma revelação dolorosa sobre o adolescente mais melancólico da casa:
– Não é necessariamente você que o assusta, enquanto pessoa. É mais o que representa. Trabalhando como assistente social. A maior parte das crianças aqui tem uma vaga compreensão do que isso significa, mas Sal lidou com pessoas como você diretamente. É o décimo segundo orfanato pelo qual ele passa. Linus sentiu o estômago se revirar. – Décimo segundo? Não é possível! Ele teria... – Teria o quê? – perguntou o sr. Parnassus. – Sido despachado para uma das escolas geridas pelo DEDJUM, de que o departamento parece gostar tanto ultimamente? É para onde as crianças vão depois que vocês acabam com elas, não? Linus começou a suar. – Eu não... Eu não sei direito. Faço... o que me cabe, e nada mais. (KLUNE, 2022, p. 108)
É claro que, adotando o ponto de vista de Arthur, ficaríamos contra Linus, pois a necessidade de seguir as regras conservadoras é bastante incômoda da perspectiva progressista. Contudo, basta voltar um pouco nas páginas para ver, no primeiro contato de Linus com Talia, uma preocupação:
– E quanto à sua gata? Você não quer encontrar antes que seja comida e só sobre o rabo, que é fofinho demais pra engolir? – Isso é muito perturbador e irregular. Se é assim que esse orfanato é administrado, precisarei informar... Talia arregalou os olhos antes de pegá-lo pela mão e puxá-lo. – Estamos bem! Viu? Está tudo bem. Não estou morta, você não está morto, ninguém está ferido! Afinal, estamos numa ilha na qual não se pode entrar ou sair sem pegar a balsa. E a casa tem eletricidade e banheiros funcionando, algo de que nos orgulhamos muito! O que poderia acontecer conosco? Fora que Zoe fica de olho na gente quando o sr. Parnassus não está disponível. (KLUNE, 2022, p. 76-77)
Dessa forma, trata-se de uma falta de compreensão da situação por parte de Linus. Se ele compreendesse melhor a psique das crianças daquele ambiente, certamente não teria essa posição. Nessa passagem destacam-se dois pontos: Linus importando-se com o bem-estar e a educação das crianças e Talia desarmando-se de suas piadas grotescas[4] por medo de que Arthur fosse punido ou talvez o orfanato acabasse.
As crianças de Parnassus, aos poucos, vão se revelando boas mesmo com seus traumas. E, aos poucos, Linus vai se unindo à história delas. Talvez o maior laço tenha sido o menos provável, Lucy e Linus.
Uma das cenas que melhor representa essa mudança de sentimento é quando Linus está inspecionando os quartos de todos, mas tem medo do quarto do pequeno Lucy. Mesmo com toda insistência do menino em levá-lo até lá, Linus é resistente. Ele pensa que pode haver algo mórbido, algo que remeta ao discurso violento da criança, mas o que ele acha é completamente diferente. Algo que os conectou com muita força:
Havia discos de vinil nas paredes, pendurados em tachinhas pelo buraco do meio: Little Richard, Big Bopper, Frankie Lymon and the Teenagers, Ritchie Valens e Buddy Holly. Na verdade, havia mais discos de Buddy Holly que de qualquer outro. Linus se sobressaltou com aquela visão. Reconhecia a maior parte dos discos, porque os tinha em casa. Quantas noites não havia passado ouvindo “Peggy Sue”, “That’ll Be the Day” e “Chantilly Lace”? Mas, tirando Little Richard e Frankie Lymon, todos tinham algo em comum. Eram um pouco mórbidos quando se pensava a respeito, mas fazia sentido. (KLUNE, 2022, p. 142)
Linus compreendeu as crianças com o tempo e passou a ser alguém menos rigoroso.
Quando, em um pesadelo, Lucy destrói seus discos, o assistente social propõe que as crianças vão até o vilarejo fazer compras. Há uma resistência por parte de Arthur Parnassus. É fato que o diretor amava muito suas crianças e, sabendo o que elas sofreriam perto de uma sociedade cruel, não queria que se expusessem, mas é a sutileza não falada de Lucy, ao se ver triste por causar problemas aos irmãos, ao pai e a Linus, que mostra que estava na hora de enfrentar o mundo.
A verdade é que nem tudo termina bem. Em um mundo feito de ódio, sobretudo às crianças, não se pode crer em mudanças bruscas. Uma sociedade que marginaliza as crianças está fadada a ser uma sociedade corrompida no futuro.
A casa no Mar Cerúleo é um dos mais doces romances que li. A descoberta de Linus sobre si é cativante e cada personagem desse mundo tem uma tridimensionalidade que faz com que busquemos interlocuções para completarmos nossas percepções, pois é apenas desse jeito que entendemos por que o Anticristo é tão amedrontador, por que um garoto negro vítima da sociedade é tão amedrontado, ou por que uma gnoma é tão agressiva. Parte das respostas pode vir de outras leituras, mas muitas vêm da vida real. Assim como Lucy e Sal, há crianças e adolescentes abandonados pelo Estado e pela sociedade. A grande maioria jamais será adotada, tanto por desinteresse das pessoas, quanto por problemas da sociedade, como racismo e homofobia institucionais.
O livro está longe de ser pessimista, mesmo com toda a carga que ele carrega silenciosamente. Temos a certeza de que todos podemos e devemos ter um lar, pois, como a prefeita da cidade de Marsyas diz:
Nosso lar nem sempre é a casa onde moramos. Também são as pessoas de quem escolhemos nos cercar. Você pode não morar na ilha, mas não venha me dizer que não é seu lar. Sua bolha estourou, Baker. Por que permitiria que ela se reconstituísse? (KLUNE, 2022, p. 316)
Talvez a lição final seja até comum, mas, para quem busca uma família, o amor de Linus pelas crianças e por todos os outros, construído de grão em grão, é mais do que suficiente para aquecer um coração.
[1] Minha tradução de “The irresponsibility of those writers who claim that imagination drives you mad is twofold. First, they wish to cut off the ‘what if’ process at around the level of turning on taps; and, second they are concerned to make it almost wholly joyless - this regardless of the fact that children are above all people who play, particularly with ideas.”
[2] Há uma ausência de informações no livro de TJ Klune sobre o que são sprites. A criatura sequer é traduzida. Na busca de uma definição em livros de folclores, também há uma difícil missão. Não há definição em The Encyclopedia of Fantasy de John Grant e John Clute, apesar de ser citada nominalmente dezoito vezes. Em The Greenwood Encyclopedia of Folktales and Fairy Tales, de Donald Haase, há uma associação entre sereias e sprites, quando se fala que “Mermaid lore found its way into literary fairy tales (another case of mixed ancestry), where mermaids, Undines, Melusines, nixies, selkies, nymphs, water sprites, and kelpies often merged.” (JARVIS, 2008, p. 621). Também é difícil encontrar uma definição satisfatória em bestiários, como nos exemplos de A Wizards Bestiary A Menagerie of Myth, Magic, and Mystery de Oberon Zell-Ravenheart e Ash Dekirk, The Bestiary: A Book Of Beasts, do renomado autor de O único e eterno rei, TH White e The Book of Barely Imagined Beings: A 21st Century Bestiary, de Caspar Henderson, onde não há nenhum verbete sobre a espécie. Já no bestiário dedicado ao universo de As Crônicas de Spiderwick, de Tony DiTerlizzi e Holly Black, há um verbete muito mais detalhado do que todos os livros supracitados, mas não cabe como referência para o livro de TJ Klune, pois são descritos como seres pequenos que vivem dentro de árvores (BLACK, DITERLIZZI, 2005, p. 40). Há algumas semelhanças com as sprites de Klune, como as asas e a proximidade com a natureza. Os seres também são “considerados por muitos como o tipo mais comum de fadas.” (BLACK, DITERLIZZI, 2005, p. 40). Para além disso, pouca informação é relevante sobre a espécie.
[3] “Alguém atento percebe como a problemática queer não é exatamente a da homossexualidade, mas a da abjeção. Esse termo, abjeção, se refere ao espaço a que a coletividade costuma relegar aqueles e aquelas que considera uma ameaça ao seu bom funcionamento, à ordem social e política. [...] A abjeção, em termos sociais, constitui a experiência de ser temido e recusado com repugnância, pois sua própria existência ameaça uma visão homogênea e estável do que é a comunidade.” (MIKOLSCI, 202O, p. 24)
[4] “No realismo grotesco, a degradação do sublime não tem um caráter formal ou relativo. O "alto" e o "baixo" possuem aí um sentido absoluta e rigorosamente topográfico. O "alto" é o céu; o "baixo" é a terra; a terra é o princípio de absorção (o túmulo, o ventre) e, ao mesmo tempo, de nascimento e ressurreição (o seio materno). Este é o valor topográfico do alto e do baixo no seu aspecto cósmico. No seu aspecto corporal, que não está nunca separado com rigor do seu aspecto cósmico, o alto é representado pelo rosto (a cabeça), e o·baixo pelos órgãos genitais, o ventre e o traseiro.” (BAKHTIN, 1996, p. 18 - 19), é também baixo corpo a ato devorar, urinar, vomitar ou defecar, pois todos estão ligados a degradação, resto ou simplesmente, por causa da física, as partes inferiores ao corpo.
Referência
ALCANTARA, Valquíria Pereira. Roald Dahl: estudo comparativo de “Chapeuzinho Vermelho e o lobo” em língua inglesa e as traduções para o português. Dissertação (mestrado). São Paulo: USP, 2018.
BAKHTIN, Mikhail. A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: O Contexto de François Rabelais. São Paulo -  Brasília: Edunb / Hucitec, 1996.
BLACK, Holly; DITERLIZZI, Tony. “Sprite”. In Arthur Spiderwick field guide to the fantastical world around you. New York, Simon & Schuter, 2005.
BLOOM, Harold. Anjos Caídos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008.
ECO, Umberto. História da feiura. Rio de Janeiro: Record, 2022.
JARVIS, Shawn C. “Mermaid”. In HAASE, Donald (org),The Greenwood Encyclopedia of Folktales and Fairy Tales. London: Greenwood Press, 2008.
JONES, Diana Wynne. Writing for Children: A Matter of Responsibility. In: _____. Reflections: On the Magic of Writing. Austrália: HarperCollins Publishers, 2000.
KLUNE, TJ. A casa no mar cerúleo. São Paulo: MorroBranco Editora, 2022.
MIKOLSCI, Richard. Teoria queer: um aprendizado pelas diferenças / 3. ed. rev. e ampl. ; 2. reimp. - Belo Horizonte: Autêntica Editora. UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto, 2020;
RODRIGUES, Alex. “Mais de 5 mil crianças estão disponíveis para adoção no Brasil”. In Conselho Nacional de Justiça. 2020. Disponível em <cnj.jus.br/mais-de-5-mil-criancas-estao-disponiveis-para-adocao-no-brasil/#:~:text=Dados%20do%20Sistema%20Nacional%20de,est%C3%A3o%20aptas%20a%20serem%20adotadas.>, acesso em 28 de fevereiro de 2023.
SOUZA, Daiane. “Crianças negras têm menor chance de adoção nos abrigos brasileiros”. In: Palmares fundação cultural, 2011, disponível em <https://www.palmares.gov.br/?p=12105>, acesso em 28 de fevereiro de 2023.
WOOLF, Virginia. O valor do riso. In: _____. O valor do riso e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2015.
Revisado por Isabela Lee
Publicado originalmente na Revista Viagem Literária nº 1 - Maio 2023
Revista Viagem Literaria N 1 -1.pdf - Google Drive
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Adriana Cassa é uma educadora com mais de 27 anos de experiência no magistério. Sua paixão pela escrita, por contar histórias a levou a se aventurar como escritora, buscando encantar e inspirar crianças de todas as idades, oferecendo um conteúdo de qualidade e repleto de aprendizado.
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pochaulloac · 18 days
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