Tumgik
#ever thindrel
neevcn-archive · 4 years
Text
ㅤㅤᵈᶤᵃ ᵈᵃ ᵇᵉˡᵉᶻᵃ ᵉᵐ ᵃᵈᵉʳᵉᵐ ᶜᵒᵐㅤㅤㅤㅤㅤᶰᵉᵉᵛ ﹠ ᵇᵃˢʰ ﹠ ᵉᵛᵉʳ ﹠ ᵃˡʸ
Com o vazamento das fotos íntimas de sua colega de quarto, Neevan sentia que precisava fazer algo que a animasse. Na noite anterior, os dois haviam fugido do quarto enquanto os outros dormiam para irem até a cozinha, onde o príncipe havia preparado algo para os dois comerem, conversaram um pouco e voltaram ao quarto. Ambos precisavam se animar, e a pequena escapada durante a madrugada havia alegrado um pouco o príncipe e o distraído dos problemas recentes. Pensava, agora, no que poderia fazer para prolongar o momento e, de quebra, gerar um momento possivelmente divertido na companhia dos amigos e colegas de quarto.    “   Seguinte, amigos!   ”    Falou, adentrando o quarto e vendo os outros dois rapazes ali.    “   Eu queria animar a Aly de alguma forma, e eu lembrei que esses dias a minha irmã fez algo como um dia da beleza com as amigas dela. Basicamente elas ficaram fazendo cabelo uma da outra, e unhas, e limpeza de pele, coisas assim. Achei que poderíamos ser bons amigos e colegas de quarto, e passar a tarde com a Aly hoje. E aí, topam?   ”    Falou num tom animado, esperando que os outros dois aceitassem e pudessem organizar as coisas rápido, antes da fada chegar ao quarto. Seu rosto ainda continha machucados, mas estava levemente melhor após uma poção que vinha tomando para dor e melhorar a aparência de seus ferimentos.    “   Aliás, organizem as coisas aí porque eu já tive a ideia. Até porque sabemos bem que os organizados do quarto são vocês dois. Só falarem o que precisam e eu busco com minhas irmãs.   ”       @nutbasher @tresdedoze @golittlebluefairy @wildkieran 
Tumblr media
7 notes · View notes
opsjaxon · 4 years
Text
Estava pelo campo das aulas de voo com uma garota da Anilen, e quando se despediram e partiram para direções opostas, acabou passando por perto da estufa bem na hora em que viu Ever sair de lá com uma planta na mão que fez Jaxon franzir o cenho ao se aproximar.  —— Que planta estranha! Parece que tem corpo e um rosto. Bizarro... ——  Comentou, meio sem jeito. Não era muito bom em se aproximar de pessoas que falava pouco para uma conversa casual. Não era bom em ser simpático gratuitamente. Não era bom em relações interpessoais, no geral. Colocou as mãos nos bolsos.  —— Cadê aquela bola de pelos que fica te perseguindo? 
Tumblr media
1 note · View note
breuast · 3 years
Text
O sinal da campainha tocou cinco vezes, mas não foi suficiente para que Astro levantasse da cama. O sonho estava muito bom apresentando uma dança de valsa em um castelo feito de cristais, embora ele não conseguisse entender o significado daquele rosto ser tão familiar, mas ao mesmo tempo tão estranho. Ele queria saber mais, queria poder reconhecer aqueles traços que lhe traziam sentimentos profundos; porém, o tocar da campainha pela sexta vez, acabou irritando-lhe e levantou-se estressado da cama. Apenas vestido de cueca, ele abriu a porta abruptamente com um tom de voz grosseiro:
- O que tu quer? -
O senhor do lado de fora olha Astro de cima para baixo levantando uma de suas sobrancelhas ao estranhar aquela conduta totalmente diferente daquela que conhecia. Pigarreando, ele responde-o em seguida:
- Isso são modos para receber o seu patrão, Beaumont? -
Ele sabia que era necessário manter uma postura de formalidade, pois presenciou Astro acordar do incidente sem memórias, ou seja, não sabia quem era ele. O incidente. Havia sido absurdamente doloroso para todos, principalmente para aqueles dois parados na porta. Derek não gostaria de lembrar, principalmente, naquele momento. Assim, sacudiu a cabeça para afastar as lembranças rapidamente; enquanto isso, Astro com seus olhos arregalados ao saber que estava na frente do seu cara que lhe tinha contratado recentemente ficou paralisado por alguns segundos, como se sua mente tivesse travado.
Então, caiu na realidade. Afastou-se rapidamente, mas deixando a porta aberta e procurou um calção para vesti-lo no mesmo instante, ao mesmo tempo que dizia:
- Desculpa, senhor Thindrel-Zraa. Eu pensei que nos encontraríamos apenas às 10:00 horas. -
- Meu rapaz… - Derek começou devagar, enquanto suspirava e entrava dentro do apartamento do rapaz. - Já são 13:00 horas! Então, eu vim atrás de você para saber o que havia acontecido com meu contratado e parece que está tudo bem. - Comentou dando uma olhada no local que se encontrava totalmente bagunçado com várias roupas, garrafas de cerveja e caixas de pizza espalhados pelo chão.
Engolindo em seco, Astro encara o homem mais forte: - Peço perdão pela minha demora e pela bagunça… Não tenho tido muito tempo para limpar, e meus sonhos não estavam deixando eu me levantar… -
Ao encarar os olhos de Beaumont, Derek soube da mesma hora do que se tratava, mas resolveu não comentar nada sobre o assunto. Não sabia como ajudar Astro como também não soube no passado. Suspirando, assentiu levemente com a cabeça e virou-se em direção à saída:
- Não se preocupe com isso. Precisamos ir antes que o portal desapareça. -
- Ok, espera aí… Portal?! -
Perguntou confuso com aquela ideia, mas foi tarde demais. Derek já tinha saído do apartamento. Resolvendo deixar aquela dúvida de lado, Astro se veste rapidamente uma blusa, enquanto pega sua mochila que graças ao seu resto de bom-senso estava arrumada para a sua nova tarefa. Então, seguiu o mesmo caminho de Derek.
(...)
- Você entendeu tudo? -
Havia sido muita informação recebida no caminho até o portal que Derek lhe falou, mas Astro tentava compreender o que significa tudo para não fracassar na missão. Enquanto o carro levava-os para o portal mencionado por Derek, o qual comentou que a entrada ficava de frente da floresta sombria do seu antigo castelo abandonado.
- Sim, espero que sim. Entrar no reino encantado pelo portal, procurar por rastros sombrios que vão levar até o ser das sombras que vive lá e trazê-lo… vivo?! Eu só não consigo compreender essa parte, senhor. Por que deseja que eu capture-o vivo? Uma criatura que só lhe trouxe destruição. Não seria melhor matá-lo? -
Derek sabia que poderia ser um risco mandar seu genro amnésico atrás de seu filho, mas não tinha outra escolha. Astro era a única pessoa confiável que controlava as sombras, ao contrário de seu pai, Breu, que poderia trazer mais sofrimento a todos. Ele esperava que Beaumont pudesse relembrar de Ever e de tudo que viveram. Então, colocando sua mão esquerda no ombro do rapaz, encarou-o no olho:
- Astro, preste atenção no que vou dizer: quero ele vivo. Eu sei o que estou fazendo e só peço para trazê-lo vivo… e bem. Essa é sua tarefa, e não deve mais questionar nenhuma decisão minha, entendeu? -
Engolindo em seco, ele concorda com a cabeça rapidamente: - Sim, não se preocupa. Voltaremos vivos…
- Espero que sim, Beaumont. Bem, chegamos. -
Derek retira sua mão do ombro de Astro virando sua cabeça para a janela para observar o seu antigo lar. Beaumont encarou também o local e algumas lembranças surgiram em sua mente, mas foram embora no mesmo instante. Ignorando aquela sensação, Astro olha uma última vez para Derek apertando-lhe sua mão, depois saltou do carro andando em direção ao portal que brilhava intensamente e perigosamente. Respirou fundo e pulou dentro caindo em um vasto vazio.
(...)
Gritando intensamente, o único pensamento seu era se aquilo teria um fim. Parecia impossível até que sentiu a areia invadir sua boca. Sussurrou um xingamento, levantando-se e espanando a areia de suas roupas. Então, seus olhos focaram no ambiente. A única descrição que vinha em sua mente era que vale estranho. Árvores grandes impediam que qualquer feixe de luz iluminasse o caminho composto de areia sem vida alguma por perto. Tudo parecia estar morrendo. Tremendo um pouco, pegou seu casaco preto de dentro de sua mochila e vestiu-o, além de tirar uma lanterna para clarear o caminho da frente. Então, começou a andar.
Enquanto caminhava, Astro sentia-se observado, como se tivesse alguém lhe vigiando; além de que aquele lugar parecia lhe familiar, mesmo não sabendo como poderia acabar em um canto tão triste. Sabia que as sombras podiam deixar um local assombroso e desanimado, mas não havia visto algo tão semelhante ao que via atualmente. Aquelas paisagens estavam lhe causando calafrios e arrepios, os quais só tinham sentido quando encontrava seu pai…
crash!
Virou-se imediatamente em direção ao som com suas mãos esticadas em modo de defesa: - Quem está aí? - Mesmo com uma postura valente, os olhos do Astro não enganavam ninguém que ele estava morrendo de medo.
Tumblr media
14 notes · View notes
devlishsmile · 4 years
Photo
Tumblr media Tumblr media
                  TASK SIX: THE ROAD SO FAR.
1. Trilha sonora: qual seria a música que definia o seu personagem no primeiro dia deste semestre e qual se encaixaria melhor pro atual cenário de Aether?
No início do semestre, a música que melhor descreveria Araminta seria Villain, de Stella Jang. A música fala sobre a diferença (ou falta dela) entre o bem e o mal, ser um herói ou ser um vilão, e como esta dicotomia é limitadora e irreal. O inimigo de alguém pode ser o herói de outro e vice-versa, de forma que, no fim, todos são vilões. Araminta sempre acreditou que o mundo não é categorizado entre preto e branco, mas possui diversos tons de cinza, e que ninguém é inteiramente bom ou ruim. Isso também é refletido na maneira como vê os descendentes de mocinhos e, principalmente, a realeza.
So many shades of gray Oh how can you still not know? Good easily fades away Think twice before you like me Because I’m a villain What makes you think otherwise? You don’t know what a wicked little devil I am You’re a villain What makes you think otherwise? The villain you failed to notice breathes within you
[...] We all pretend to be the heroes on the good side But what if we're the villains on the other?
Já no período atual, seria Hey Look Ma, I Made It, de Panic! At The Disco. Prestes a se formar, com um futuro certo e as pessoas que ama por perto, Araminta parece ter encontrado quem quer ser e qual caminho seguir. Ela também representa a importância da aprovação e apoio de Cruella, visto que as duas têm um relacionamento próximo e a descendente deseja honrar o nome de sua família.
Are you ready for the sequel? Ain’t ready for the latest? In the garden of evil I’m gonna be the greatest In a golden cathedral I’ll be praying for the faithless And if you lose, boo-hoo Hey look ma, I made it, hey look ma, I made it Everything’s comin’ up aces, aces If it’s a dream, don’t wake me, don’t wake me I said, “Hey look ma, I made it”
2. Relação com contos: considerando o seu desenvolvimento, nesse exato momento você acreditaria que seu personagem assumiria qual papel num conto?
Antigamente, Araminta acreditava que seu futuro seria o de uma vilã. Fora o rótulo atribuído a ela, sendo filha de uma das figuras mais infames de Mítica e também aprendiz da Casa de Jafar — além de possuir uma personalidade nada convidativa —, e, após anos o carregando, aceitou-o como uma parte de si mesma. Ser filha de uma antagonista não era motivo para sentir vergonha, não quando tantos ditos “heróis” mostravam-se grandíssimos hipócritas: sua bondade era direcionada apenas àqueles que os importavam, mas nada era feito pelo restante. Empatia? Altruísmo? Pffft. A verdade era que ninguém ligava para os vilões e seus filhos, mesmo depois de sofrerem mais que o suficiente por seus atos. E os contos menores e personagens secundários? Bem, eles que procurassem a salvação por conta própria. A educação que os reis e rainhas transmitiram a seus herdeiros mostrava exatamente como pensavam. Sim, se tornaria uma vilã, mas não porque o mal era seu chamado; recusava-se a fazer parte das mentiras e fachadas dos mocinhos e provaria que todos os atos traziam consequências, até para eles.
Contudo, se por um lado havia a regra, no outro havia a exceção, e Araminta teve a sorte de conhecê-la através de alguns de seus colegas aprendizes. Talvez nem todos os filhos de heróis fossem uns acéfalos de ego monstruoso. Então, em seu último ano no Instituto Aether, veio o ponto de virada: sua moralidade, crenças, sentimentos e senso de autopreservação foram colocados à prova diante dos acontecimentos imprevistos dos últimos meses, e, como resultado, a descendente descobriu partes de si mesma que tardaram a aflorar. Fora obrigada a confrontar o fato que, no fundo, não queria ser uma vilã, mas também estava longe de identificar-se com o heroísmo. Depois do convite de Hugo Asablanca para ser sua conselheira real, quando ambos formarem-se no instituto e o príncipe assumir o trono de seu reino, Araminta compreendeu qual caminho gostaria de seguir: seria coadjuvante do conto de seu melhor amigo, a mão direita a guiá-lo e tomar as decisões que um rei não poderia tomar, e a voz da racionalidade e realismo quando ele precisasse de uma. Nem má, nem boa, e este seria exatamente seu ponto forte; uma anti-vilã.
3. Casa de Aether: o seu personagem se considera parte da casa na qual ele está inserido? Se pudesse, você acredita que ele faria uma mudança para entrar em alguma outra casa?
Araminta não se vê em nenhuma outra Casa além da sua. Imre, apesar da má fama, é o lugar a que pertence, com convicções e valores que também são seus (sem falar que não trocaria o uniforme vermelho e preto por nada).
4. Lembranças: qual é a primeira lembrança que seu personagem tem de Aether? Que idade tinha quando aconteceu? Foi algo importante?
Araminta chegou a Aether aos catorze anos e tem como sua primeira memória os grandiosos portões do instituto. Ela não tinha planos de tornar-se uma aprendiz de Merlin, já que a saúde de Cruella era frágil demais para que a deixasse sozinha — e ela, em contrapartida, não aceitava ninguém além da filha como cuidador —, mas eventualmente rendeu-se à insistência da mãe. “Posso cuidar de mim mesma, muito obrigada”. Tendo passado a vida inteira entre as paredes descascadas e escuras de Hell Hall, Araminta deslumbrou-se com a beleza, luxo e magia do palácio Dillamond e o restante do terreno; nunca havia visitado reinos a não ser o seu e, mesmo assim, estava distante da parte abastada de Londres. Foi o contato com o instituto e a diversidade de seus aprendizes que despertou nela a vontade de aprender mais sobre outros lugares e culturas.
5. Passado: cite algum acontecimento desse semestre que marcou fortemente o seu personagem. Quando aconteceu e como isso o afetou?
Muitos dos acontecimentos do semestre marcaram Araminta, mas talvez o de maior impacto tenha sido o ataque dos ogros na abertura dos Jogos Intercasas. Fora a primeira vez que arriscara a própria vida pelos outros e, após isso, percebeu não ser tão individualista quanto sempre acreditara; faria tudo outra vez se significasse manter os amigos a salvo, mesmo que tenha saído da batalha machucada (e sem poder usar saltos por quase um mês). Este momento, no entanto, foi um resultado de todos os outros desafios superados pelos aprendizes ao longo do ano letivo — enfrentar maldições, desaparecimentos, sombras misteriosas, vozes do além e uma redoma mágica provou-se um meio efetivo de desenvolver empatia em alguém. Tudo isso culminou em sua mudança de alinhamento moral ao fim da Jornada do Herói: de Neutral Evil, Araminta transformou-se em uma personagem True Neutral. Enquanto permanece agindo pelas próprias regras, sem que os ideais de bem e mal, ordem e caos a manipulem, seus princípios de lealdade e igualdade a impedem de pender completamente para a vilania.
6. Família: como seu personagem tem lidado com as suas relações familiares? O contato com seus pais tem sido mantido? Existe alguma pressão para que ele deixe o instituto?
Araminta e Cruella estão sempre em contato uma com a outra, e embora a mãe tenha perguntado se não prefere voltar para casa, a aprendiz decidiu permanecer em Aether por não querer que seu último ano seja desperdiçado. Por Cruella depositar grande confiança na filha, ela respeitou sua decisão. Ao contrário do que se pode presumir, há um respeito mútuo entre ambas que torna a relação mais próxima a uma amizade do que à típica hierarquia entre mãe e filha.
7. Rotina: como tem sido a rotina do seu personagem em Aether? A sua participação em clubes/atividades escolares têm sido frequentes? E como tem estado os seus estudos? Transcreva o último boletim do char, utilizando a grade curricular escolhida por ele.
A rotina de Araminta em Aether é completamente caótica, pois ela faz questão de ocupar-se com o máximo de coisas possível. Além de suas atividades extracurriculares (dança contemporânea e costura), ainda assiste aulas de outras grades especializadas como ouvinte, somente pelo prazer e curiosidade em aprender. Neste semestre, escolheu Antropologia, Debate, Formação de Leis e Tratados V e História dos Reinos III da grade de Monarquia; já da grade de Criaturas Mágicas, assistiu a aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas, Maldições, Aritmancia e Ether e suas Propriedades VII. Também é tutora de Ever Thindrel-Zraa e faz roupas para os outros no tempo livre — por um preço, obviamente. Com tantos afazeres, é surpreendente que ela consiga manter a posição de uma das melhores veteranas da grade de Artesãos e Similares, mas o faz com tamanha maestria que parece ser até fácil. Eis seu último boletim:
Alquimia – 9,8 Cálculo V – 10,0 Carpintaria – 9,0 Costura – 10,0 Física Teórica III – 9,6 Geografia Interdimensional II – 10,0 Metalurgia – 9,0 Projeto Biomédicos – 10,0 Projeto de Materiais – 10,0 Projetos Hídricos – 9,5 Projetos Metalúrgicos – 9,2 Projetos Aeronáuticos – 9,0 Projetos Bélicos – 9,1 Projetos de Alimentos – 9,5 Projeto Têxtil – 10,0 Química Teórica III – 10,0
8. Obstáculos: que hábito ou pessoa mais atrapalha a vida de seu personagem? Ele tenta fazer algo para superar essa dificuldade ou tem esperança de que o problema se resolverá sozinho? O que ele faria ou até onde iria se não houvesse um obstáculo para detê-lo?
Toda a autoconfiança do mundo não pode esconder o fato que o maior obstáculo de Araminta é ela mesma. Inseguranças são incomuns para a filha de Cruella, mas, quando existem, trazem-lhe grandes problemas. A inabilidade de lidar com os próprios sentimentos é o maior deles, especialmente quando se trata do que sente pelos outros, porque, com a criação que recebera, cresceu acreditando que as únicas pessoas que importavam em Mítica eram a mãe e ela mesma. Como consequência, também passara a acreditar que ninguém mais se importaria com ela, fechando-se para as próprias emoções e perdendo muitas oportunidades no caminho. Hoje, Araminta está aprendendo uma dura lição: se importar com os outros é terrível, mas pior ainda é tê-los se importando com ela de volta. Precisará de um tempo até admitir que seu coraçãozinho de gelo está derretendo, e que ela até que gosta da sensação.
9. Mudanças: caso seu personagem pudesse mudar três coisas em Aether, o que seriam? Por quê? Está disposto a fazer algo para realmente mudar essas três coisas?
Ela bem que tentou, né, Merlin? Exceto que, com as eleições para o Grêmio Estudantil canceladas, o contato entre corpo docente e discente tornou-se ainda mais restrito, e a clara desconfiança do diretor nos próprios aprendizes certamente não o deixa favorável a escutar seus planos. A verdade é que Araminta inaugurou sua campanha para presidente por motivos egoístas (quem não quer ser a patroa de Aether?), porém, ela percebeu que podia usar aquele espaço para contestar certos hábitos e regras sociais presentes no instituto. Seu maior incômodo é a hierarquia por descendência entre os aprendizes, sustentada tanto por eles quanto pelo favoritismo dos professores e diretor. Filhos de personagens secundários, contos menores e principalmente vilões são sempre os maiores prejudicados, até quando sequer têm culpa na situação, e o hábito dos aprendizes de usarem sua descendência como desculpa para tratarem outros como inferiores só prova o quão hostil é o ambiente de Dillamond. Logo atrás, há a falta de uma quinta grade curricular para aqueles que não são contemplados pelas existentes, além das falhas e limitações das mesmas. E, por último, ela adoraria que o diretor parasse de tratá-los como crianças e os ouvisse de vez em quando, afinal, são as vidas deles sendo constantemente colocadas em risco pelo mago.
10. Arrependimentos: há algo que seu personagem desejaria não ter feito no instituto? Quais foram as consequências trazidas por essa ação ou decisão?
Nenhum de seus amigos se surpreendeu quando Araminta e Fa Qi Liang apareceram desfilando como casal por aí, mas eles bem que podiam ter esperado menos que nove anos para admitir seus sentimentos um pelo outro. O que não fazem drogas feéricas e experiências de quase-morte?
11. Decisões erradas: alguma vez seu personagem fez ou decidiu algo que não deveria ser feito no instituto, mas acabou tendo uma boa história pra contar? É algo de que ele se arrepende ou o desfecho do caso fez o erro valer a pena?
Espionagem, chantagem, uso indevido de poderes, guardar um objeto amaldiçoado sem o conhecimento do diretor e entrar na Floresta Assombrada enquanto estava explicitamente proibida de visitá-la são algumas das decisões erradas que Araminta tomou ao longo dos anos, mas não se arrepende nem saiu prejudicada de nenhuma delas. A sorte favorece os mentirosos e astutos.
12. Passatempos: qual o passatempo favorito do seu personagem em Aether? Quando foi a primeira vez que fez isso e com que frequência faz atualmente?
Todo o processo de fazer roupas novas, desde desenhá-las até o momento em que estão prontas. Araminta aprendeu a usar uma agulha antes mesmo de dizer “por favor” e “obrigada”, e, com os anos, seu lado do quarto dividido com Anette Liddell tornou-se um ateliê de moda privativo. Seu maior projeto até agora foi o vestido de Calliope Iraklidis para o Dia do Amor Verdadeiro, coberto de pedras preciosas oriundas do reino de Cinderella e feito dos tecidos mais caros que conseguira encontrar — o que significa os mais caros que tem. Ela é a princesa, duh —, mas a este ponto é praticamente dona de um negócio dentro do instituto. Continua mimando a si mesma, é óbvio, e o guarda-roupa está abarrotado de uniformes customizados pela própria, porém, estar sempre ocupada com novos pedidos a faz feliz como nada mais neste mundo.
13. Amizades: quem são as pessoas com as quais seu personagem pode ser visto com maior frequência? Eles se deram bem desde o início ou tiveram um período de atrito? Conte um ponto mais sobre o que ele pensa das relações com essas pessoas.
Meili, Hugo, Delilah e Astro são seus amigos mais antigos, tendo o (des)prazer de sua companhia desde a adolescência e sendo as pessoas com quem mais é vista pelos corredores. Além deles há Qi Liang, que passou de namorado para amigo para namorado de novo, e desta vez parece decidido a manter o cargo. Zane veio da aproximação com Qili e Hugo, mas Araminta não depende deles para estar ao lado do amigo, que é sua parceria em falar mal de tudo e todos em Aether. Saxa pode não ser uma de suas amizades mais íntimas, porém, as duas dividem muitas de suas visões e gostos, o que faz da duquesa a pessoa mais compatível com De Vil no instituto. Ever começou como seu aluno de reforço em Geografia Interdimensional, mas tornou-se um bom amigo com o passar dos fins de tarde estudando juntos (e finalmente, alguém sensato o bastante para valer seu tempo). A amizade com Hugo também levou-a a Rhea e Calliope, que não só são modelos de suas criações de moda como mulheres incríveis e inspiradoras. Nicolas a fornece tecidos e serve como seu modelo masculino, e os dois vivem de fofocas, risadas e assistir à desgraça alheia. Alexis e Delphine são como projetos pessoais, a primeira sua amadrinhada e a segunda sua vítima de makeovers. Anette é sua colega de quarto e cúmplice, e embora pouco compartilhem de suas vidas pessoais, estão sempre em perfeita sintonia, fazendo-as a dupla infernal da Imre. Por fim, há Maeve, com quem a relação tornou-se conturbada após a sereia quase matar Qili afogado no Calanmai, mas Araminta gostaria de consertá-la até o fim do ano letivo.
14. Inimizades: quem é o pior inimigo do seu personagem em Aether? Por que e desde quando eles se odeiam? Ele faria algo para reverter a situação com essa pessoa?
Araminta tem uma boa porcentagem de desavenças e inimizades (veja bem, quando Merlin perguntou-a se já havia feito mal a algum colega aprendiz, ele deveria ter especificado o como…), porém, para esta lista serão citadas apenas as mais relevantes. A começar por Karou, que, apesar de ter saído do instituto, continua a realizar suas tentativas de homicídio; depois de quase matar Araminta com uma flechada, enviou-a um cachorro feroz e raivoso como presente de aniversário, deixando claras suas intenções de acabar com a vida da De Vil. Com Arend, é um caso clássico de santo que não bate, e a irmã mais nova do rapaz, Autumn, também foi alvo de chacota e inveja por um surto momentâneo de ciúmes (que já passou. Yay, feminism!). Brooke é como uma pedrinha no sapato que volta e meia tende a perturbá-la, mas no geral é inofensiva. Anika é tudo que Araminta despreza no estereótipo de filha de princesa, e a bondade da garota faz dela uma presa fácil. A situação com Njord é especial, pois o príncipe nunca a fizera mal diretamente e tampouco parece interessar-se em sua existência, contudo, não está exatamente nas graças da mulher desde suas peripécias durante a Maldição do Sono. Neevan é como um frenemy sem a parte do friend, mas, por dentro, ela sabe que seus dias seriam muito menos divertidos sem as provocações trocadas. Cheryl, uma das aprendizes desaparecidas, possuía uma relação de amor e ódio com Araminta, porque se concordavam que homem é lixo, discordavam em todo o resto. E há, é claro, o Clube de Proteção aos Animais, a quem ela conta que usa pelo e couro verdadeiros nas roupas somente para despertar sua ira.
15. Segredos: há alguma coisa que seu personagem esconde com todas as forças? Existe alguma chance de que seus colegas venham a descobrir esse segredo?
O segredo do cotovelo de morto. Ninguém nunca saberá a verdade.
16. Fofocas: há algo que seu personagem tentou esconder, mas todos ficaram sabendo? O segredo se espalhou por descuido do seu personagem ou alguém descobriu e contou para outros? Esse é um assunto que ainda marca a sua reputação em Aether?
Honestamente, não há nada que saibam de Araminta que ela não queira que saibam. No máximo, poderia citar o que sente por Qi Liang e o quão terrível fora em esconder de seus amigos, mas não se importa mais com isso nos dias de hoje. Na realidade, a própria De Vil cria e propaga boatos sobre si mesma para manter sua imagem e afastar as pessoas que não a interessam.
17. Descontrole: o que costuma deixar seu personagem estressado e como ele lida com isso? Como ele costuma agir com pessoas irritantes? Ele desconta a raiva em outras pessoas ou guarda pra si? Como identificar um dia de mau humor do seu personagem?
Identificar um dia de mau humor de Araminta não é difícil, pois ela faz questão de atormentar todos ao redor quando tem um. Fica ainda mais propensa a tirar a paciência alheia e fazer de vítima os pobres coitados que não sabem despistá-la, e quando precisa ficar sozinha, vai ao ateliê de costura ou ao dormitório para ocupar as mãos e a mente. Quanto ao que a incomoda, geralmente está relacionado à realeza sendo idiota, a homens sendo idiotas, a filhos de vilões e mocinhos sendo idiotas ou à direção de Aether sendo idiota. Se as pessoas tivessem ao menos metade dos neurônios que ela tem, Araminta não estaria sempre a ponto de arranhar a cara de alguém com suas unhas postiças.
18. Superação: alguma vez seu personagem passou por cima de um obstáculo? Como tem sido a evolução dos seus poderes em Aether? Ele estaria pronto para lutar em um novo ataque?
Os obstáculos de Araminta estiveram mais relacionados ao emocional que às suas habilidades mágicas, mas, por considerar-se uma estrategista e não lutadora, nunca dispôs de muito tempo para o treinamento dos poderes. Neste sentido, a luta contra os ogros trouxe-a um pouco mais de confiança: descobriu que também podia ser de ajuda em combates físicos, por mais que a falte técnica. Assim, pretende praticar mais para que, no caso de um novo ataque, consiga usar ambos seus poderes sem sair com mais uma costela quebrada.
19. Expectativas: quais são as verdadeiras expectativas do seu personagem pro fim do ano letivo? Existe algo que ele ainda esteja com vontade de fazer nesse semestre?
Se formar, pela graça do Narrador! Tão próxima do fim de seu último ano, Araminta só quer usar um vestido bufante em seu baile de formatura e aproveitar a festa com Qi Liang e os amigos antes de deixar Aether sem olhar para trás. Se ninguém desaparecer, for amaldiçoado ou virar ogro até lá, melhor ainda.
26 notes · View notes
tresdedoze · 4 years
Text
◜⋅  ♪  →  𝐓𝐀𝐒𝐊 𝟎𝟎𝟓. 𝑀𝒶𝓀𝒾𝓃𝑔 𝒶 𝓂𝒶𝑔𝒾𝒸𝒶𝓁 𝓁𝒾𝑔𝒽𝓉.
                                                         hidden beneath the ground                                                    is the spring that's feed the creeks                                                            i n v i s i b l e as the wind                                                      that you feels upon your cheeks
trigger warning: o texto abaixo contém cenas com retratos de violência, homofobia, violência contra animais, sangue, aranhas e assassinato. Não recomendada a leitura se, porventura, for um assunto sensível.  
           Venha até mim... Venha resgatar seus amigos ou os que ama serão os próximos...
           Por alguns dias, pensara que era apenas um eco em sua mente; mais um dia no paraíso que se tornara sua cabeça há alguns meses. Conquanto, após Merlin lhe ajudar com alguns feitiços e poções, e o eco interno se tornar apenas um zumbido longínquo, percebera que o pedido não era apenas uma produção sombria para desestabilizá-lo, mas algo externo. Algo que o seduzia para a Floresta Assombrada, a fim de resgatar seus amigos. A ameaça era explícita, causando-lhe desconforto na mesma medida que o temor. Também era sabido que não era único a ouvir o chamado.
           Como era quase o esperado, Ever decidira embrenhar-se na floresta, atendendo ao chamado para descobrir o que havia ocorrido a Cheryl, uma das suas melhores amigas, e aos demais alunos de Aether. Era quase como se fosse o natural para o príncipe se lançar em uma situação extremamente perigosa para proteger aos amigos. Mas, bem, não era essa uma das características marcantes de sua casa? A lealdade? Todavia, não iria se aventurar sozinho.
           Inicialmente, o alemão até achara que sua viagem seria solitária, todavia, tão logo o pensamento passou por sua mente e Bibble estava ao seu lado. A bolinha lilás parecia lhe seguir para os maiores perigos, como se estivesse à espera do momento exato para salvá-lo, apesar de desconfiar que, em uma situação de risco, Bibble seria o primeiro a correr.
           ‘ Pronto, Bibble? ’ Indagou para a criaturinha que assentiu, denotando grande astúcia.
           Preparou-se com o básico para qualquer aventura na floresta: hidrante para mãos e rosto, água micelar, protetor solar, um spray day after, caso seu cabelo se rebelasse com a aura da floresta, e seu transmissor, pois acreditava que ele lhe seria útil. Obviamente, sua varinha, água e alguns alimentos leves estavam na mochila rosa carregada de glitter. Prioridades.
           Como havia quase um toque de recolher implícito, Zraa não esperou a ascensão do crepúsculo para iniciar a pequena aventura pela Floresta Assombrada. Ora, não! O príncipe era tudo, menos idiota. Após os ataques dos ogros, os funcionários estavam em alerta, portanto, ele quem não iria dificultar a própria vida, assim como sabia que ele não teria tanta sorte caso fosse pego. Assim sendo, dirigiu-se ao findar da tarde, com os raios solares pintalgando o céu em cores vibrantes. Os olhos se detiveram no mesmo ao fazer o caminho oposto ao de muitos estudantes que, com a tarde chegando ao seu final, refugiavam-se no Castelo Dillamond. Não poderia culpá-los, é verdade. Deveria estar fazendo o mesmo, afinal, partir naquela empreitada, diante de tudo que ele causara em Aether recentemente, não era a melhor ideia do mundo. Ainda assim, sentia que era o certo a se fazer, mesmo que difícil.
           Estava quase chegando à orla da floresta onde a Casa da Anilen se encontrava, quando ouviu um chamado às suas costas, virando-se para ter a visão de Emil com uma espada embainhada e uma expressão ligeiramente irritadiça. Oh, o irmão mais velho protetor. Conhecia aquela expressão o suficiente para saber que viria acompanhada de um discurso.
           ‘ Você estava pensando em ir para a Floresta Assombrada sozinho?! ’ A indagação fê-lo encolher os ombros. É, era exatamente isso. ‘ Ever! Você é idiota? Eu vi o que aconteceu com muitos que foram. Você estava realmente pensando em ir sozinho e voltar num caixão? ’ Emil era sempre tão dramático! Até mais do que Jasper — o que era quase impossível.
           ‘ Em, eu sei me cuidar. ’ Os dedos se envolveram na varinha, erguendo-a e a balançando defronte o irmão. ‘ Aprendi feitiços novos e não acho que tem uma super ameaça na Floresta Assombrada. É só a busca de uma pista. ’ Procurou tranquilizar o mais velho, embora, em sua mente, ouvisse que não seria apenas uma aventura. Havia possibilidades reais de tornar-se um perigo, em verdade, mas era melhor que não denotasse para Emil. E, utilizando-se de suas habilidades teatrais, a serenidade era visível e transmitida nas íris heterocromáticas do príncipe. Bibble, por sua vez, indicou que ele estava ao lado do alemão caso precisasse de ajuda.
           ‘ Você acha que eu sou idiota, Ever? Eu te conheço desde que estava nas fraldas. Eu daria um cinco pra sua tentativa de mentir pra mim. ’ O irmão lhe lançou um sorriso debochado, fazendo com que o terceiro filho permitisse aos ombros que caíssem ligeiramente. Ora, realmente, mentir para o mais velho dos doze sempre era uma tolice desmedida; o outro parecia saber quando o faziam — e talvez fosse uma habilidade real que o herdeiro da Alemanha escondia por puro prazer de pegar os mais novos em suas inverdades. ‘ E não me leve a mal, Bibble, mas você é muito fofo para lutar contra uma fada maligna. ’ E, ante à fala do outro, a bolinha lilás encolheu-se.
           ‘ Tá! Eu estou indo para a Floresta Assombrada. Feliz? Eu preciso ir, Emil. Eu preciso estar lá, sacou? Preciso. Cheryl é minha amiga e se eu posso saber o que aconteceu com ela, ou o Jason Bee, ou com qualquer outro aprendiz... Eu preciso tentar. ’ Após as conversas com Astro, descobrira que não era o único a ouvir tal chamado, assim como acreditava que todos os aprendizes que retornara para o Castelo Dillamond com diversos ferimentos também tiveram a mesma ideia. Ainda assim, precisava tentar pelo bem de sua família. Não suportaria que um de seus irmãos fosse ferido novamente. Portanto, qualquer argumentação do mais velho Zraa seria completamente desconsiderada por parte de Ever — e o primogênito sabia disso. Assim, proferiu:
           ‘ Eu sei que você não vai voltar para o Castelo e nem quero te dissuadir da ideia. Eu também sinto que precisamos ir para a Floresta e, bem, descobrir o que está acontecendo. Após o ocorrido com nossos irmãos... Isso é pessoal pra mim. Então vamos juntos. ’ Proferiu num rompante, dando o primeiro passo para dentro da floresta.
           Por essa, Ever não esperava; tanto é que ficou alguns segundos olhando o outro, ligeiramente atordoado. Seu novo animal de estimação ergueu seus bracinhos, sem entender nada tanto quanto ele. Segundos mais tarde, após Emil lhe questionar se iria ou não, resolveu segui-lo. Uma aventura entre dois irmãos. O que poderia dar errado?
***
           ‘ Você notou que a voz parou depois que chegamos na metade da caminhada? ’ O questionamento de Ever fora proferido ao retirar o hidratante da mochila, despejando um fio na mão antes de retorná-lo para o devido lugar. Esfregara as mãos uma na outra, o aroma entrando em uma batalha com o odor que emanava pela floresta. Ao que lhe parecia, diversos animais selvagens morreram por aquelas bandas. Bibble, que desde a entrada de ambos naquela floresta se encontrava ligeiramente temeroso, inspirou as mãos de seu dono, como se fosse tranquilizante. ‘ Relaxe, Bibble. Nada vai nos acontecer. ’ A garantia era apenas para manter seu amigo mais tranquilo, embora a certeza não existisse. Ergueu os olhos para o mais velho que parecia centrado em algo que Thindrel não notara. ‘ Emil? ’ O príncipe indagou, recebendo um indicador sobre os lábios como resposta.
           Compreendendo aquilo como um: “alerta, perigo!”, o terceiro filho puxou sua varinha, recitando mentalmente os feitiços de ataque que Upland o ensinara. Utilizara alguns para mover galhos de seu caminho — jamais deixaria uma peça do seu guarda-roupa exclusivo ser tocada por um galho daquela floresta —, mas aquela situação lhe parecia demasiadamente nova. Era o primeiro perigo daquela jornada? Aparentemente, sim. Bibble, como o bom corajoso que era, encolheu-se ao lado do ombro direito de seu dono; os dentinhos batendo enquanto as grandes íris azuladas iam de um lado para o outro, tentando vislumbrar o que os humanos viam.
           Com o canto dos olhos, um vulto fora percebido por Ever. Logo em seguida, galhos cederam ao peso de outrem, quebrando em altos cracks. Fosse pelo silêncio naquela parte da floresta, fosse apenas pela criatura ser, na verdade, maior do que o príncipe imaginava, mas ouviu-se o som muito mais alto do que realmente era. Ainda assim, nada viam, apenas ouviam; uma risada altíssima e fascinante, até mesmo sedutora, mas que lhe deixava verdadeiramente atemorizado. Na mente do aderense não se passava sequer um feitiço para utilizar naquele momento! Ao menos, não um que fosse previamente testado. Sabia, em teoria, diversos, mas como fazê-los, na prática...  
            Novamente, os vultos se multiplicaram, as vozes na sua cabeça se tornando intensas no momento de ansiedade. Você não fará nada para salvar seu irmão e seu animalzinho? É um grande covarde! Poderiam estar lidando com algo extremamente perigoso e o príncipe pensando se havia praticado um feitiço ou não. Ou poderia tentar, matando a todos por sua incapacidade de fazer qualquer coisa.
           O aprendiz fechou os olhos com ligeira força, afastando-se do eco interno. Não poderia perder o controle naquele momento; poderia destruir Aether outro dia, mas não agora. Precisava centrar no que estava fazendo antes que perdesse a cabeça. Precisa, em verdade, saber com o que estavam lidando.
           Com os olhos fechados, e os passos da criatura cada vez mais altos, Thindrel tentava se utilizar de sua audição para captar de onde os mesmos se originavam. Os dedos apertaram a varinha com força, abrindo os olhos e lançando-os para sua direita. ‘ Aresto Momentum! ’ Proferiu, observando a criatura parar no tempo., enquanto Bibble cobria seus olhos. Ambos os filhos de Derek se aproximaram, Emil sendo o responsável por pegar a criatura em tom verde-limão e um nariz de dar inveja em pinocchio; as orelhas pontiagudas também eram uma característica para a criaturinha.
           O feitiço durou alguns segundos antes do pequeno elfo se mover inquieto nos braços do primogênito. ‘ Não precisam se exaltar, Alteza! Era só uma brincadeira! Vocês humanos se estressam atoa, credo. ’ O elfo se manifestou ligeiramente contrariado, mas não havia nenhuma possibilidade de ser solto naquele momento.
           ‘ Você estava claramente querendo mais do que brincar. De nada pelo feitiço. ’ Proferiu Jasper em tom ligeiramente arrogante. ‘ É você quem está chamando os aprendizes para a floresta? ’ Indagou o príncipe sem tantos rodeios.
           ‘ Eu só falo se vocês me soltarem. ’ A criatura tentou negociar; todavia, quando os irmãos apontaram suas respectivas armas para o pescoço do elfo, ele não tivera alternativa, tampouco uma barganha. ‘ Eu vou processar vocês por abuso de força física contra criaturas da Floresta! Estejam avisados! ’ Remexeu-se ligeiramente desconfortável, mas continuou: ‘ Olha, príncipe, eu não chamei ninguém. Vi vocês correndo aqui e pensei em dar um oi, sei lá. Eu não falo com ninguém há séculos, sabe? É meio solitário. Pensei em fazer essa brincadeira também. Mas se vocês querem saber quem tá chamando, eu não faço ideia. Essa floresta tá estranha mesmo, mas eu que não vou procurar saber. Todo mundo já tá ligado no que tá pegando lá em Aether. Maluco, eu que não me meto nessa merda. ’ Negou com a cabeça rapidamente, mas seus olhos brilharam na direção da varinha de Zraa. ‘ E essa varinha aí, meu chapa? Faz mais alguma coisa além de petrificar a gente? ’
           ‘ Pra que você quer saber? ’ Na defensiva, o príncipe respondeu, vendo o elfo lhe responder com um revirar de olhos.
           ‘ Então não faz nada, né? Já sabia. Tem cara de que uma força que eu botar nela, ela vai quebrar toda. Não é nada como a varinha de luz que pode fazer qualquer coisa. ’ O comentário da criatura fizera com que ambos os irmãos se entreolhassem. Ora, quem poderia culpá-los pela curiosidade inerente à casa Thindrel? Além do mais, se era tão poderosa, poderia revelar alguma coisa.
           ‘ Que tipo de varinha é essa? ’ Indagou Emil. A criatura, percebendo o interesse, abriu um sorriso ardiloso.
           ‘ Não querem me soltar, então não falo! Tenho o direito de ficar calado e não produzir provas contra mim mesmo! ’ Informou ao pressionar os lábios, indicando que não falaria mais nada. A única alternativa era ceder ao pequeno chantagista! Bibble parecia incerto, mas não tinha voz ativa. Dois contra um. Democraticamente, eles possuíam a decisão.
           ‘ Olha, eu tenho uma varinha que pode te petrificar a qualquer momento, então melhor não estar inventando sobre a tal varinha. ’ Alertou Ever ao assentir para o irmão deixar a criatura sair.
           ‘ Valeu, cara. Eu sou um homem de palavra, eu não minto. ’ No entanto, era perceptível que o outro era tão ardiloso quanto uma cobra; apenas esperava o momento certo para dar o bote. Ainda assim, Zraa manteve-se impassível, encarando com firmeza o elfo diante de si. ‘ Tá, tá, a varinha. Bom, varinha de luz, ou varinha das varinhas, é uma varinha tão poderosa que pode fazer qualquer feitiço; nada é demais pra ela. Mas, segundo as lendas, pode até mesmo trazer pessoas de volta à vida! Mas apenas por um único dia, nada muito longe disso. Do nascer do sol, ao pôr do sol, você pode trazer qualquer um de volta. É a varinha mais poderosa do mundo! ’ E ele parecia saber o suficiente para seduzir qualquer um com aquele discurso.
           ‘ Trazer qualquer um de volta? ’ O volume de sua voz era baixo, comedido, mas em sua mente algo trabalhava. E, talvez, Emil tivesse pensando o mesmo, pois o olhar que dera para o príncipe carregava uma esperança antiga. Por um dia, poderiam apresentar mamãe aos irmãos mais novos, que nunca a conheceram. Por um único dia, mas era mais que tiveram em onze, quase doze, anos. ‘ Onde achamos aquela varinha? ’ Indagou o aderense.
           ‘ Ah, a varinha das varinhas não é encontrada, mas tem de ser construída. ’ Utilizou-se de uma encenação, deixando com que sua voz assumisse um teor dramático para proferir as palavras seguintes: ‘ As linhas da lenda diz: com uma medida de coragem, um anel de amor e uma joia acesa pela chama da esperança eterna, você pode construir uma varinha de luz. ’ Gesticulou, fazendo um arco sobre a sua cabeça, diante das faces dos irmãos.
           ‘ Só isso? ’ O tom de Emil era sarcástico, mas as íris de Ever brilhavam.
           ‘ São só três coisas, Em. É possível! Por onde começamos? ’
           ‘ Se eu soubesse como achar tudo, tava de posse da varinha, né, Alteza? Te vira, a minha parte eu fiz! ’ E, pulando da pedra onde se apoiara, o elfo desatou a correr. A criaturinha corria demasiadamente rápido.
           ‘ Acho que vamos ficar mais tempo nessa floresta. ’ O terceiro filho proferiu, com Bibble estremecendo ao seu lado.
***
           Uma medida de coragem. Era tão abstrato! Como raios ele poderia saber o que seria uma medida de coragem? Entrar naquela floresta já não era o suficiente? Ainda assim, os irmãos continuavam sua caminhada, sem tanto objetivo, mas ainda pensando na possibilidade do que fazer quando conseguissem a varinha de luz. Emil estava comedido, deixando seus pensamentos mais para si mesmo do que os compartilhando; Ever, por sua vez, tagarelava sobre como poderia contar para sua mãe sobre seus relacionamentos, perguntar sobre técnicas de danças que, agora, ele poderia aplicar melhor; até mesmo dançar com ela! Tantas possibilidades! O bastante para que se perdesse em seus pensamentos, ignorando que estavam em uma floresta com diversas armadilhas — e os irmãos pisaram em uma.
           As redes envolveram os corpos dos príncipes, Bibble continuando a voar com uma borboleta. ‘ Merda! ’ O príncipe não percebeu que sua criaturinha de estimação se encontrava em perigo até que ouviu seus gritinhos desesperados, deixando-o momentaneamente absorto naquilo para se preocupar em sair. ‘ Bibble! Bibble! ’ Os gritos foram silenciados com um: “shh” de seu irmão que cortou o fundo da própria rede com a espada, voltando-se para a aderense.
           ‘ Para de gritar! Pode ser qualquer coisa. ’ O alerta, porém, não recebera tanta importância. O aprendiz se colocou de pé, dirigindo-se para o local gênese dos gritos de Bibble. ‘ Ow, o que você está fazendo? ’ Emil segurou o braço do mais novo, impedindo seu avanço. Já o aderense, olhou-o desconfiado, surpreso por sua ação descabida.
           ‘ Indo atrás do Bibble! ’ Desvencilhou-se do aperto alheio, lançando ao outro um olhar carregado com a obviedade que seu pronunciamento representava aquele momento. ‘ Vamos logo. ’
           ‘ Não. ’ A firmeza do mais velho fez com que a face de Ever fosse pincelada pela surpresa, piscando incrédulo contra o que ouvira. Não possuía sequer uma resposta para replicá-lo, mas o primogênito de Genevieve não hesitou em seus dizeres. ‘ Temos uma chance aqui, Ever! Temos a chance de termos nossa mãe de volta e você quer ir atrás de um bichinho de estimação? Amanhã compramos uns quarenta se você quiser, mas não vamos nos meter no meio de sabe-se lá o que e sair da nossa rota! ’ Não parecia em nada com Emil. Tentou se lembrar das histórias que relatavam o modo como a Floresta Assombrada moldava o caráter alheio; quanto mais tempo na Floresta, mais distorcida era a sua personalidade. Poderia ser uma ação para com o irmão, entrementes, tal como os demônios do primogênito deixaram suas coleiras para cirandar consigo, os de Ever possuíam portas abertas há meses.
           ‘ Você não pode estar falando sério! Não quero um bichinho qualquer, é o Bibble! ’ Contrapôs, exasperadamente; o irmão negou diante de tamanha burrice presenciada.
           ‘ Uma bolinha de pelos qualquer! Ever, nós podemos ter a mamãe de volta; podemos ter o nosso reino de volta!. ’ E, gradualmente, a ficha caiu; a razão por detrás do silêncio alheio durante a caminhada pela floresta e até mesmo o súbito interesse. Ora, Emil era o mais comedido, desconfiado, racional dos irmãos; ocupava o posto de herdeiro como ninguém; preparado para tal. Deveria haver um motivo racional para se embrenhar na floresta, lutando contra os galhos retorcidos e ameaçadores, cortantes tal como a navalha. O mais velho não queria apenas ter a mãe de volta, mas queria mais do que isso; queria poder. Ele sempre quisera a volta da monarquia absolutista na Alemanha — motivo de discussões calorosas com o terceiro Zraa —, mas Jasper jamais imaginou que chegaria tão longe para ter isso.
           ‘ Você está fazendo isso pra controlar a merda de um reino? ’ A fúria adornava a própria fala, entretanto, não era tão presente quanto a decepção por perceber quão ambicioso o outro se tornara ao longo dos anos. Sabia de seus desejos, entrementes, não o imaginava deixando um animal indefeso a própria sorte apenas para satisfazer os traçados megalomaníacos.
           ‘ Eu não julgo o seu modo de viver, Ever. ’ Retorquiu o outro, o desdém implementado no proferir alheio. O modo como seu irmão se mexeu indicava que não pararia, portanto, o mais novo não se manifestou para repreendê-lo, ou responde-lo em sua acusação. ‘ Você não entende o que está em jogo, não é? Nossa família! ’ Argumentou o mais velho, porém, Ever não desejava saber.
           ‘ Não vamos discutir agora, Emil. ’ O aderense negou, mas seu irmão não se calou.
           ‘ Você não está nem aí porque é fútil, Ever! Fútil! Você trouxe hidratante para uma Floresta Assombrada! Você vive nesse seu mundo estúpido e cor-de-rosa, achando que o mundo é perfeito e tudo se resolve com o beijo do amor verdadeiro. Surpresa: não resolve! ' O príncipe, exasperado, movimentava as mãos. ‘ Isso aqui é o mundo real! Mas você é arrogante demais para ouvir qualquer um, a não ser você mesmo. “Hey, gente, eu vou fazer um manifesto para podermos falar com o Merlin e melhorar a situação de Aether, você quer participar?” ’ Emil imitou a voz do irmão, tal como seus trejeitos, de forma jocosa e até mesmo violenta. ‘ “Porque eu sei que vai funcionar!”. Arrogante, é isso que você é. Acha que só sua opinião importa, que você tem a resposta, que você pode fazer qualquer coisa. Surpresa de novo: você não pode! Mas não vê isso. Você acha que sabe de qualquer coisa, diz que não podemos voltar no Reino Encantado porque “sente uma energia ruim” e temos de acatar. Todo mundo te segue como se você fosse a mamãe e você tenta ser a mamãe em tudo porque nem sequer é original, Ever! Puta biscoiteiro, é o que você é! ’ Os dizeres do irmão machucavam, é verdade, mas pareciam um eco do que ele ouvia constante em sua cabeça. ‘ Você acha que é inteligente, esperto, vai sair de qualquer coisa. Ter magia não faz de você o chefe da família, viu? Faz de você um bosta com poderes! E nem vamos falar que você roubou flores do Reino Encantado e não nos falou! Descobrimos agora com você quase nos matando durante a noite porque não sabe nem controlar os poderes que tem! E ainda nos proíbe de ter os mesmos poderes que você! ’ Havia mais do que a ira do momento, mas algo que se fazia presente após anos. Não parecia Emil, mas era seu irmão. Era todos os pensamentos acerca de si. O aderense não possuía nenhuma reação.
           ‘ Eu- ’ o mais novo parou, inundo o pulmão com o pútrido da Floresta Assombrada. Era um local cuja magia era sombria, denotando sua prática em um odor perceptível e desgradável às narinas humanas. Finalmente, todas as palavras se assentaram, os olhos denotando o quão afeto se encontrava ao marejarem. Feri-lo não era difícil, principalmente após eventos recentes; quando seus irmãos o faziam, porém, era quando o príncipe sentia. ‘ Eu vou salvar Bibble. Se quiser, volta para o Castelo. Eu não me importo. Vou achar a varinha sozinho. E eu não sou só um bosta com poderes. Entre nós dois, eu sou o único bosta com poderes. ’ Foi o que conseguiu dizer após uma pausa, o dorso de sua mão esfregando os próprios olhos. Correra o olhar pela face de Emil antes de simplesmente deixá-lo para trás, preocupando-se com seu amigo pequeno e rechonchudo.
           O outro príncipe? Bom, meu caro, estava irado o bastante para, de fato, preocupar-se com o irmão. Ele também pensava em construir sua própria varinha de luz. Esta atenderia aos seus planos — e somente a eles.
                                                          ***
           Bibble fora criado direito. O pensamento passou pela cabeça de Zraa quando viu a trilha de pelos lilás que a criatura havia deixado como pista para que o príncipe seguisse e o encontrasse.
           O rastro dera em uma casa extremamente alta, indicando que a criatura que ali vivia era maior que o príncipe. Ótimo. O musgo parecia cobrir por completo o telhado, enquanto o caminho para seu interior era composto por uma trilha de pedras postas na terra, dando em uma porta tão grande quanto os portais de Aether. Havia um carrinho de mão com mais de dois metros de altura na porta. Ao se aproximar — e pular para ver seu conteúdo — o príncipe percebera que estava tomado por legumes e hortaliças. O aroma que saía de dentro da casa também poderia indicar que estava na hora do jantar — e Bibble poderia ser o prato principal.
           Os olhos vasculharam todo o “casebre”, percebendo as grandiosas janelas que se esticavam do chão ao teto. Ao se aproximar, percebeu-a trancada, mas pode contemplar o interior, com Bibble preso em uma gaiolinha e um ogro gigante picando cebolas alguns metros do pequeno animal. Mesmo com poderes, Ever não sabia com o que estava lidando, portanto, não tentou nenhuma loucura — até porque, seu bichinho estava do lado de dentro; e se fosse imune como os ogros que atacaram Aether? Não desejava ser assassinado, obrigado.
           Afastou-se da janela, esquadrinhando seu derredor, pedindo para qualquer possibilidade saltar aos seus olhos. Percebeu que havia uma corda presa ao carrinho, e isso lhe deu uma ideia; estúpida, mas poderia funcionar. Tentou desamarrá-la com as próprias mãos, mas eram nós mais fortes que ele seria capaz de desfazer, portanto, ao sacar a varinha, proferiu um dos feitiços que aprendera para cortar objetos. Ao observar os um pedaços da corda separando-se, o príncipe sorriu, com o comprimento desejado em mãos. Com a varinha ainda empunhada, apontou para a ponta de uma cenoura, recitando o feitiço de levitação para que o legume flutuasse; ao que fizera, o príncipe o lançou para fora do carrinho, pegando-o em suas mãos. Eram realmente grandes, tal como pesados, mas não se incomodou, arrastando-o consigo para trás de um monte de lixo.
           Ever conhecia um feitiço que não havia treinado, afinal, não era simples como os de levitação e explosões, mas não tinha tempo para pensar naquilo. Ao recitar o: “Bombarda” contra o carrinho de mão, observou que o ogro saíra de sua casa. Escondido, ele apontou a varinha para a cenoura. ‘ Sem vida é tristonha, com vida libera energia; contra todas as probabilidades alce voo e seja agressiva. ’ No mesmo instante, a cenoura saiu voando através do espaço, completamente desordenada. O ogro, ao vê-la, saiu em seu encalço, deixando a porta aberta para Ever adentrar o espaço. Não tinha prática, portanto, possuía poucos segundos até a cenoura parar de se mover de forma desgovernada pelo quintal alheio.
           Ao ter acesso ao interior da casa, observou que mais se assemelhava a um grandioso cômodo que servia de sofá, quarto, cozinha, sala de estar... Mas não se deteria em detalhes acerca da morada alheia, afinal, desejava dar o fora dali tão logo quando possível. Seus passos apressados guiaram-no até Bibble. ‘ Alohomora. ’ Proferiu contra o fecho do cadeado, observando-o abrir. O príncipe, então, retirou-o, liberando a criaturinha que fora logo abraçá-lo. ‘ Ah, Bibble! Não se distancie, fiquei- ’
           ‘ Mais jantar! Olly gosta de jantar! ’ Ouviu atrás de si, a porta se fechando.
           O aprendiz colocou-se de pé, encarando para a criatura que parecia verdadeiramente furiosa com sua cenoura em mãos, mas, ao mesmo tempo, estava contente por ter mais gente para devorar. Sua pele esverdeada parecia desbotada, pálida, como se alguma doença o tivesse acometido recentemente; suas orelhas assemelhavam-se com cornetas minúsculas, tal como nariz era demasiadamente grande; lábios finos e olhos achocolatados. Altíssimo, como o imaginado pelo alemão.
           ‘ Oh, bem, você não quer me devorar... Eu sou todo falsificado. Barbie, sabe? ’ Pensava em alguns feitiços realmente úteis naquele momento, mas nada parecia vir à sua cabeça. Não era um bom momento para se transformar em uma sombra destruidora, tampouco. ‘ Mas, bem, talvez depois de nos devorar você não fique tão franzino. ’ Bibble protestou ao bater em seu ombro, logo em seguida fechando os olhos. Provocar um ogro não era uma boa ideia.
           ‘ Franzino? ’ O ogro não fazia ideia do que aquilo queria dizer, como se seu vocabulário fosse ligeiramente menor do que o aprendiz de Merlin.
           ‘ Sabe, fraco, magrinho... Olha, tem outros gigantes na floresta, bem mais perigosos que você; e eu tenho certeza que você levaria uma bela surra com esses músculos. ’ Ouviu-se proferir, com desdém, embora, em seu interior, o príncipe se encontrasse um tanto irritado por sua incapacidade de pensar em algo, tal como por sua audácia. Era só tentar correr! No entanto, em sua cabeça, o plano se materializava e deveria usar o tempo no teatro para alguma coisa. ‘ O outro gigante é capaz de quebrar toras de madeira com a mão! ’ Ao ouvir aquilo, Olly, o ogro, ponderando por alguns segundos pegou uma tora de madeira, quebrando-a ao meio e lançando as partes aos pés de Ever. Ogros eram burros e vaidosos, portanto, a criatura desejaria se provar.
           ‘ Viu! Olly é o mais forte! ’ Presunçoso, o ogro dirigiu ao príncipe a afirmação de sua glória. ‘ Agora, almoço! ’
           ‘ Isso não é nada! O outro gigante se amarra com uma corrente em um poste e depois se solta com um simples puxão! ’ O proferir do príncipe fora acompanhado de um unir de sobrancelhas do ogro que, ponderando sobre o que ouvira, resolvera fazê-lo. O aprendiz, por sua vez, manteve seu apego à corda que trazia em seu ombro. Ao ver que o ogro se distraíra, preocupando-se em passar a corrente por seu corpo, Zraa se abaixara para amarrar uma ponta da corda em uma tora de madeira a qual o gigante lançara aos seus pés. O click do cadeado se fechando fez com que Ever retornasse a olhar para o ogro, vendo-o proferir: ‘ Quem é o gigante mais forte agora?! ’ Antes de dar um puxão. Tanto o aprendiz, quanto seu animal de estimação, fecharam seus olhos, pensando que a casa iria cair sobre suas cabeças. No entanto, segundos depois, percebeu que não ocorrera. Olly repetiu os dizeres anteriores, mas não possuía tempo para prestar tanta atenção, fazendo com que o príncipe se focasse em Bibble. ‘ Bibble, eu vou fazer uma coisa, mas você precisa confiar em mim e se segurar firme. ’ A bolinha de pelos assentiu e, ao se segurar no ombro do príncipe, Ever sacou a varinha. ‘ Tchauzinho, Olly! ’ Proferiu ao olhar para a tora de madeira. ‘ Sem vida é tristonha, com vida libera energia; contra todas as probabilidades alce voo e seja agressiva. ’ Na mesma hora, o objeto saíra voando sem direção, atravessando uma janela da casa e levando o príncipe para fora antes da corta se soltar da tora de madeira. Aparentemente, Ever não sabia dar um nó muito bom.
           ‘ Volta aqui! Olly quer jantar! ’ Ouviu-se do ogro antes que a casa caísse sobre ele. Ever não iria ficar e assistir Olly se recuperar para ir atrás do jantar perdido, portanto, ao se levantar, ainda com a corda em mãos, correu através do quintal do ogro, sequer notando o quanto as árvores estavam machucadas pela cenoura desgovernada de minutos atrás.
           Ao alcançarem uma segurança considerável, o príncipe parou, colocando as mãos nos joelhos. ‘ Quem diria que iríamos sair daquela casa com magia, minha atuação de instituto e uma corda! ’ Proferiu o aprendiz para Bibble, levantando o corpo e esticando a corda. Bibble, então, colocou as mãozinhas no rosto, proferindo seu característico: “URIBIBALO! Biba uribiba, huriu” ao apontar para a corda. Por mais que fosse completamente inexplicável, era capaz de compreender o que a bolinha de pelos queria dizer. ‘ Minha... Altura? ’ A cabeça girou para lado, percebendo que, de fato, a corda possuía a sua altura. Sua medida exata. Uma medida de coragem.
           Um brilho passou a emanar da corda enquanto faíscas prateadas saíam da mesma, envolvendo-a. O príncipe ergueu o objeto, admirado com o que via, percebendo que, gradualmente, ganhava corpo, torcendo-se até que se formasse um cajado com três pontas em seu topo. Obviamente, ele não tinha mais sua medida, sendo cerca de cinquenta centímetros menor que o próprio Ever; também era em tom amarronzado-escuro, lembrando os troncos durante uma chuva, assim como parecia haver um espaço para uma joia entre as três pontas. Parecia ser formado por diversos galhos retorcidos, tal como emanava um brilho que o deixava mais confiante; era como se encontrasse, ali, sua coragem.
           ‘ Bibble! ’ Sua voz era animada enquanto seu amigo dançava ao redor do cajado. Agora faltava a joia da esperança e o anel de amor.
                                                                      ***
           Uma joia da esperança.
           Após conseguir sua medida de coragem, que, no final, era um cajado, Zraa se sentia mais confortável para correr atrás de uma joia que ele não sabia onde iria encontrar. Seu irmão não voltara a aparecer, o que significava que precisaria continuar sozinho — e o faria; se Emil queria uma prova do quão teimoso e arrogante seu irmão era, lá estava ela: faria o possível para retornar com aquela bendita varinha e, obviamente, iria trazer mamãe de volta à vida para que pudesse passar um tempo de qualidade com a rainha. No fundo, pensava que poderia até evitar o contato do primogênito. Ora, ele fora o que mais tivera contato com a mulher e até mesmo fora o único filho a adentrar em seu quarto, em seu leito de morte. Deixaria a oportunidade para os demais filhos e, já que não quisera fazer parte da jornada, tampouco iria aproveitar-se da oportunidade que era ter a mãe com eles! A verdade, porém, era que o príncipe se encontrava magoado; portanto, seus pensamentos sobre o mais velho eram cruéis. Por mais que fosse contra o que Ever fazia, Emil jamais havia proferido palavras tão duras e violentas para ele outrora; até mesmo o ridicularizara. Era doloroso, mas superaria. Não ficaria chorando por pouca coisa, não.
           ‘ Bibble, você veio da floresta, não é? Sabe onde podemos achar uma joia da esperança? ’ Após mais alguns minutos de caminhada, indagou à sua bolinha de pelos, observando-o colocar uma de suas mãozinhas em seu queixo, indicando que estava pensando. Não queria ficar preso à floresta sem encontrar a tal joia, não é? Queria retornar para Aether até, ao menos, o findar da manhã.
           Ao lançar o olhar para o alto, era capaz de ver, através dos pouquíssimos espaços deixados pelas copas das árvores, o céu noturno pintalgado de estrelas brilhantes. Já era tarde. Procurou por seu transmissor, percebendo que se aproximava do início de um novo dia. Céus, estava perdido naquela floresta há horas! Provavelmente, seu irmão estava falando mal de si para os outros dez, fazendo sua caveira! Era a especialidade do outro! Brigava com o terceiro e logo saía falando os maiores absurdos sobre Ever para os demais. Baixo e vil, mas igualmente possível para uma pessoa tão ambiciosa quanto o mais velho.
           ‘ Jilabilu! Ikiwilla hu! ’ Animadamente, afirmou, tirando o alemão de seus devaneios furiosos. ‘ Ira willy hu kahilahu ibiluke ira pu! Harapo pidipibapo! ’ O tom de Bibble era ligeiramente assustado, fazendo com que o príncipe unisse as sobrancelhas.
           ‘ Você está me dizendo que tem um monstro com cipós mágicos que gosta de colecionar joias e objetos brilhantes? ’ O príncipe indagou e Bibble assentiu. ‘ E ele te dá medo? ’ Oh, aquela parte era importante. Bibble até gesticulou o tamanho da criatura, como se estivesse lhe dizendo que era extremamente perigoso. Mas, naquele momento, sentia-se mais interessado na possibilidade da joia. ‘ Tá, Bibble, já entendi. Você não precisa ter medo, lembra? Nós fugimos do ogro. Vamos, me mostre onde fica esse monstro de... Quantas patas? ’ Manter a criaturinha falante era a melhor forma de distraí-la de seus medos — e notara após algumas semanas de convivência — e era o que o alemão fazia naquele momento.
                                                                      ***
           Quando indicado que chegaram ao habitat da tal criatura que adorava colecionar joias, o príncipe o vasculhou procurando qualquer sinal de ameaça, mas acabara por não encontrar nada que saltasse seus olhos. Passara a conjecturar a possibilidade da criatura se encontrar dentro de alguma caverna, escondida. Isso poderia tornar toda a situação ligeiramente complicada para o alemão, pois, segundo o que Bibble lhe relatara, ele estaria de posse da joia que precisava para construir a varinha.
           ‘ Bibble, onde está? ’ Indagou ao retornar o olhar para a bolinha de pelos. Tal como o príncipe, vasculhava o ambiente, prendendo-se em um ponto mais adiante. Acompanhou o olhar da criaturinha, percebendo que havia um ponto brilhante sobre uma rocha cujo musgo tomara conta, tal como diversos galhos. No entanto, ao se aproximar um pouco mais, notara que não eram galhos, mas diversos objetos, como colares, armas e qualquer coisa que brilhasse caso a luz o tocasse. No seu topo, tão encrustada na rocha quanto a excalibur, encontrava-se uma joia de tonalidade rosa. O príncipe a reconheceu imediatamente.
           Durante a noite do Calanmai, Sonya lhe pedira ajuda para capturar uma pixie e, após toda a conversa quase desastrosa com Draco, que o libertara de um feitiço de pixies, o príncipe acabara descobrindo o que precisava para prendê-las: chamar sua atenção. Sua ideia fora joias, pois aqueles seres poderiam ser verdadeiramente sovinas; portanto, retirou de sua calça uma das pedras que utilizara para decorar a vestimenta — eu digo: príncipe e vocês dizem: ostentação — e a aumentara consideravelmente — parecia ter dez centímetros de comprimento fácil ao olhá-la agora — para poder servir de isca. Obviamente, toda a ideia fora por água abaixo e eles nunca realmente consideram pegar a pixie, perdendo, também, a joia para sempre; ou, ao menos, pensou assim. Agora, olhando-a tão perto, o príncipe quase se sentia nostálgico como tudo parecia realmente mais fácil durante o Calanmai. Tudo bem, estava sofrendo de estresse pós-trauma, um coração ligeiramente partido e suas inseguranças atacaram o suficiente para que chorasse a noite toda, abraçado à sua melhor amiga, mas era mais fácil do que ogros atacando Aether!
           Quando se aproximara da joia, notara que havia algo se movendo dentro dela. A cabeça tombou um pouco, as íris heterocromáticas encarando com avidez o que era capaz de vislumbrar. Surpreendeu-se quando percebera que ele e Sonya eram vivíveis através da pedra. O pensamento inicial, obviamente, fora: como deixaram com que ele saísse com aquela roupa ridícula de sua casa? Era quase um atentado ao bom-gosto! Em segundo lugar, porém, atentou-se ao detalhe, quase tendo uma experiência extracorpórea.
           ‘ Para que você quer a joia, Sonya?’ ‘ Para a revolução, Ever! ’
           O diálogo estava em sua mente. Naquele dia, pensara que os desejos da ex-namorada eram genuínos — e belíssimos. Embora fosse carregada de privilégios, e usufruísse dos mesmos tal como o próprio Ever, Sonya realmente queria um mundo igualitário. Bens de consumo acessíveis ao povo, retirada do poder da mão da monarquia e entregue ao povo, um basta na exploração da mão de obra... Um verdadeiro fogo no parquinho, mas um desejo genuíno de um recomeço para um sistema que já nascera quebrado. A russa desejava, literalmente, um mundo melhor. Era sua esperança e ela depositava na corrente política.
           Uma joia acesa pela chama da esperança eterna... ‘ O que brilha tanto quanto o desejo de mudar o mundo? O que é mais esperançoso e utópico do que igualdade, Bibble? Eu digo: nada. ’ O cajado, em sua mão, parecia concordar com o príncipe, pois parecia se atrair à joia. Aquela era a sua pedra preciosa.
           O príncipe se esticou para pegar a pedra, conquanto, no exato momento que a tocara, percebeu que o chão parecia se mover abaixo de si e, quando a criatura se levantou, o aprendiz acabara caindo no chão e deixando com que o cajado também rolasse de lado. O monstro que gostava de objetos brilhantes, segundo os gritinhos de Bibble; que ele gostava, porém, era indiferente. Precisava se livrar da criatura.
           O corpo, por completo, assemelhava-se a uma tartaruga, isso ele não duvidava; mas era possível perceber que a cabeça da criatura era mais larga, tal como o casco parecia servir quase como uma horta para algumas plantas crescessem, pois, percebeu algumas folhas que caíam para o lado. Mas nada era mais surpreendente que os cipós que saíam de debaixo do casco: dois de cada lado. A expressão da criatura não era nada contente com o príncipe por ter ameaçado um bem preciso para si.
           ‘ Ah, oi. ’ A mão fora para frente do corpo, acenando para a criatura que, em resposta, grunhiu ameaçadoramente em sua direção. Os dedos do príncipe foram para onde sua varinha estava, percebendo que não a encontrava. O desesperou tomou conta de si, obviamente, fazendo com que corresse para encontrá-la. Em seu momento de desespero, porém, acabara tendo os cipós agarrados em seus tornozelos, içando-o para o alto e de cabeça para baixo. ‘ Bibble, ache a varinha! ’ Pediu para o companheiro de aventura que começara a procurar.
           O alemão fora colocado defronte o rosto da criatura, o grito alheio lançando diversas gotículas de saliva diretamente na sua casa. ‘ Qual é, cara! Eu lavei o cabelo hoje! Ele estava com cheirinho de coco por causa dos produtos! E nem vamos falar que sua baba deve fazer muito mal para pele. ’ Argumentou, passando a mão no rosto. Certo, poderia concordar com Emil ao dizer que ele era, realmente, bem fútil. Prioridades, não é mesmo?
           Sem quaisquer cerimônias, o monstro acabara acertando o príncipe contra uma árvore, como se estivesse brincando com um boneco. Ever arfou de dor, sentindo seu corpo reclamar consideravelmente. Mas não foi apenas isso. Ao fechar os olhos, o príncipe era capaz de sentir a magia fluir por suas veias, como se estivesse prestes a se tornar algo que não seria nada útil naquela viagem toda. ‘ NÃO! ’ Ordenou ao abrir os olhos em um rompante. A íris que, geralmente, era preta, começara a assumir um tom dourado. ‘ Bibble! ’ Chamou quando seu corpo fora batido contra o chão.
           Não poderia culpar ao Bibble, coitado; estava fazendo o melhor que podia com pouca iluminação. Espere, iluminação; brilho! Ever ainda estava com sua mochila em suas costas e seu transmissor estava bem guardado em seu interior. Tentou retirar a mochila das costas da forma que podia, tentando não estremecer com às vezes que era chacoalhado no ar, como um espécime sendo avaliado. Com dificuldades — deixando muitas coisas caírem no processo — pegou o transmissor, ligando a lanterna mágica que iluminava qualquer ambiente com perfeição.
           A criatura largou o príncipe, mais interessado no objeto que ele possuía. ‘ Você quer? Você quer? ’ Brincava com a criatura que parecia realmente interessada naquele brilho estranho. ‘ Bibble, me diz que você tem alguma coisa! ’ O príncipe se sentia brincando com um gato. Tentava se esquivar dos cipós que tentavam alcançar o transmissor, protelando até que seu amigo achasse a varinha.
           Segundos após ligar a lanterna do transmissor, o príncipe ouviu a exclamação de Bibble, lançando um olhar na sua direção. Viu-o balançar a varinha, contente, voando na direção de Zraa que, para distrair o monstro, lançou o transmissor em terra. ‘ Obrigado, Bibble! ’ Ao pegar o canalizador que utilizava para sua magia, o príncipe observou a criatura entretida com o objeto novo. Era sua deixa.
           ‘ Do chão cansado estou, lance-me para alto se preciso for! ’ O proferir urgente fora lançado na direção de seus pés, transformando seus sapatos em calçados com molas. Nunca pensou que aprender aquele feitiço seria realmente útil um dia. Duraria poucos segundos, como tudo que fazia atualmente, mas fora o suficiente para que pulasse até a criatura. No entanto, acabara calculando mal o espaço e a quantidade de terreno que deveria pular, precisando segurar a borda do casco para não cair. Bibble até tentara içá-lo, mas sem forças, Thindrel estava sozinho — e com muitas dores.
           Segurou sua varinha com a boca para ter outro auxílio em sua escalada. Com esforço, e utilizando-se de todos os objetos encrustados no casco da criatura para servir de apoio, conseguiu ascender, chegando perto da joia. Quando colocou a mão na pedra, ela se soltou da rocha-casco com extrema facilidade, no entanto, o monstro notou, erguendo sua cabeça para ver o príncipe sobre si; e com sua joia preciosa em mãos. Merda. Colocou a pedra em seu bolso, para mantê-la segura, e encarou suas possibilidades naquele momento. O alemão não poderia ser atacado agora e, em um ato desesperado, lançou-se da criatura, pegando sua varinha e apontando para o chão. ‘ Com a aproximação do chão estou perto de me ferir, desfaça o tempo para impedir! ’ E, com o proferir, o príncipe se aproximou do chão mais vagarosamente, embora, faltando alguns centímetros para chegar ao solo, tenha despencado, batendo com o rosto em terra firme. ‘ Droga! ’ Murmurou ao tocar o nariz. Mas não tinha tempo para sentir suas dores. ‘ Bibble, pegue os produtos! ’ Ora, eram hidrantes caros! E a mochila era exclusiva!
           Preocupou-se com o cajado, correndo na direção de onde ele havia caído e o segurando. ‘ Corre, Bibble! ’ O pedido fora obedecido pela criaturinha que correu junto ao príncipe. É claro que a criatura iria segui-los. E, para os curiosos, não, não era lenta como uma tartaruga, infelizmente.
           O príncipe virou o corpo para trás, proferindo feitiços que ocasionaram ligeiras explosões nas árvores, distraindo a criatura, mas jamais a parando de fato. Só conseguiria distraí-lo se desse o que ele desejava: um objeto brilhante.
           Ever parou. Ora, por alguns segundos, ele poderia ter isso. Pegou uma pedra, proferindo um feitiço para aumentá-la e, então, um feitiço para adicionar um pouco de brilho. Era um objeto brilhante, mesmo que, talvez, não fosse ser eterno. ‘ Você quer isso? Vá pegar! ’ Com toda a força que possuía em si naquele momento, o aderense lançou a pedra brilhante para trás do monstro, fazendo com que ele fosse na direção enquanto ele e Bibble corriam atrás da Floresta Assombrada.
                                                                      ***
           Um anel de amor.
           Os passos do príncipe dirigiam-se através da Floresta, fugindo de um monstro com corpo de tartaruga e um grandíssimo colecionar, e diversos hematomas pelo corpo. A dor não era o maior dos problemas, no final; boa parte de seus pertences se perderam ao abrir a mochila, conseguindo salvar apenas a água micelar — que utilizava agora para limpar o seu rosto — e um hidratante. Ao menos, esperava que as criaturas da Floresta Assombrada fizessem bom uso dos produtos que ele trouxera. A água também se perdera, fazendo com que a sede que sentia agora não fosse aplacada por nada. Ora, não confiava tomar água da floresta; poderia ser amaldiçoado ali.
           ‘ Temos dois objetos, Bibble. Só mais um e teremos a varinha! ’ E teriam sua mãe de volta! O príncipe pegou a joia de dentro da mochila — onde a guardara ao conseguir fugir — e tentou colocá-la no pequeno encaixe na ponta do cajado, mas sem sucesso. Parecia precisar de algo que a ligasse, como se faltasse alguma coisa; e, bem, faltava. O anel de amor. Não possuía uma mínima ideia de onde poderia encontrar esse anel — pensando que, talvez, fosse bem mais relacionado com uma ação intrínseca ao amor do que necessariamente um anel comum —, mas não desistiria. A ideia de reaver, mesmo que por um dia, a presença de sua mãe em sua vida era o suficiente para deixá-lo preso àquela floresta por uma semana, se fosse o caso. Não se importava com o que seu irmão dissera.
           Os passos hesitaram, pensando em Emil. Onde ele estaria agora? Será que havia retornado para o Castelo? Sem seu transmissor, não poderia ver o horário, mas imaginava que avançaram na madrugada; já estava perdido na floresta há horas na companhia de Bibble e algumas pouquíssimas vozes — que diminuíram consideravelmente, tal como o chamado, desde que ele começara a pegar os objetos da varinha de luz. Decerto, esperava que seu irmão estivesse bem e seguro no instituto. Tudo bem que Emil fora um tremendo babaca com ele, mas ainda era seu irmão mais velho e não queria que ele virasse comida de lobos famintos ou qualquer coisa que pudesse ser encontrada naquela floresta. Era família, no final das contas; dolorosamente insuportáveis, geralmente maldosos, mas que lhe rendera os melhores momentos de sua vida.
           Enquanto caminhava, sem destino, Zraa pensava acerca das memórias com Emil. O dia em que o irmão o ensinara a andar de patins, às vezes que dançaram juntos para o concerto musical da família, quando discutiram com papai a medida de proibir música, as primeiras idas ao reino encantado... Tudo estava em sua mente agora, borbulhando. Emil estava presente quando ele entrou em Aether, lhe recebendo e mostrando todo o castelo — inclusive as passagens secretas. Seu irmão estava com ele quando começou seu primeiro relacionamento, tal como quando este acabou. Também estava com ele nos momentos divertidos, em família, assim como nos momentos tristes, consolando os mais novos durante o ataque dos ogros. Era, de certa forma, o ponto que acabara por manter sua família unida após a morte de sua mãe e a doença de seu pai. Ever usualmente dizia que sua criação dependera bem mais de Emil do que dos demais funcionários. Ele precisava conversar com o mais velho.
           Sua mente parecia desejar o retorno para o Castelo Dillamond quando um grito grave e visivelmente torturado o alcançou, fazendo com que Bibble estremecesse e encolhesse em seu ombro, olhando para todos os lados.
           Devido aos estudos em Aether, sabia dizer que a Floresta Assombrada era o lar de diversas criaturas; das mais inofensivas às mais perigosas. Com isto, era possível que estivesse diante de uma armadilha, tal como, ao ouvir novamente o grito de uma pessoa em perigo, Ever não se dera ao luxo de questionar se era, de fato, uma ilusão. Ora, tal como o irmão era capaz de ouvir o chamado para a Floresta, todos os aprendizes também eram, ele supunha; poderia ser um aluno que se aventura e se metera em problemas que poderiam custear a sua vida. Ademais, provara que poderia vencer alguns perigos e tentaria mais um.
           Seguiu o grito que se tornava cada vez mais alto, mesmo com os protestos de Bibble, sendo recebido por uma visão diferente da imaginada.
           ‘ Emil? ’ Indagou o príncipe, avançando um pé para se aproximar do irmão.
           ‘ Não, Ever! É uma armadilha, ela-’, mas não houvera tempo para que o outro concluísse o que desejava falar ao mais novo. Bibble gritou, escondendo-se atrás de seu dono e lançando as íris azuladas para algo acima da cabeça de Emil. Ever acompanhou o olhar, dando de cara com quatro pares de olhos avermelhados e um par de pinças que se batiam, indicando a felicidade da criatura em estar de posse de mais alguns convidados.
           ‘ O bruxinho que sobreviveu ao Venorock e ao Olly. A floresta inteira já está falando sobre você... ’ O príncipe encarava a descida da teia, observando que a envergadura das oito pernas dava-lhe um tamanho considerável de uns quatro metros, no mínimo. O corpo era completamente tomado por pelos mais grossos e negros. Parecia estar diante de um elefante, embora o tal elefante fosse preto e se assemelhasse mais a aranhas. Acromântula. Venenosas, fortes, fala com humanos, gostam de carne humana e imune a quase todos os feitiços que ele conhecia. O que poderia dar errado? ‘ Dizem que você está atrás da varinha de luz e conseguiu dois objetos. Seria interessante tê-los por aqui. ’ A acromântula se aproximava vagarosamente; o alemão, por sua vez, retrocedia em seus passos com a mesma velocidade do monstro.
           ‘ É, hm, eu poderia saber seu nome já que vai cometer um latrocínio? ’ Protelou, os dedos agarrando-se ao cajado com força. Ora, não passara por um ogro faminto e um monstro de pedra — se recusava a falar venorock; era um nome horrível — para entregar sua chance a uma aranha gigante. ‘ Eu nem sou tão gostoso. Como falei com o Olly, inclusive, eu sou quase todo falso. Essa pele? Muito produto, sabe? ’ Encolheu os ombros, sacando a varinha. O príncipe murmurou um feitiço na direção da aranha, deixando-a ligeiramente atordoada antes de lançar-se em uma corrida para evitar os oito olhos alheios. ‘ Aguenta firme, Emil! ’ Proferiu sem olhar para trás.
           ‘ Ah, bruxinho, te comer vai ser a coisa mais prazerosa que eu farei hoje. ’ A acromântula se lançou em perseguição ao príncipe que, ocasionalmente, procurava se lembrar de diversos feitiços que poderia ajudá-lo. Nada era realmente funcional, visto que a criatura era praticamente imune a qualquer coisa. Ele precisava pensar em uma alternativa! Bibble, por sua vez, apenas gritava e voava o mais rápido possível ao seu lado. Não desejava abandonar seu dono, mas, ao mesmo tempo, também não estava tão interessado em virar comida de aranha tanto quanto o alemão.
           O aprendiz procurou em sua mente qualquer informação sobre acromântulas e como vencê-las. Enquanto corria, tentando fazer aquele percurso mental, o príncipe sentia algo o incomodando em seu dedo. Pressionara com tanta força o cajado, como se temesse perdê-lo, que agora o anel de sua mãe começava a machucá-lo.
           Genevieve deixara um anel para cada filho. Sua forma era quadrada, com a flor favorita da rainha visível no centro; todos possuíam inscrições de seus nomes no interior do aro, assim como a fala recorrente da alemã para os filhos: pequeno ou grande, há sempre uma diferença que somente você pode fazer. Quando triste, Ever geralmente olhava para seu anel, pensando no que sua mãe dissera, revivendo cada memória que possuía com ela — sendo muitas perdidas através do tempo. Havia apenas uma diferença que ele poderia fazer; uma forma de matar a aranha gigante, mesmo que lhe custasse um bem precioso demais para se desfazer.
           ‘ Bibble, você vai ter de me ajudar. Pegue o cajado e continue. Quando eu der o sinal, você vem na minha direção. ’ Proferiu ao entregar para a criaturinha o cajado, retirando seu anel do dedo anelar esquerdo. O aderense sabia o que poderia destruir a criatura e salvar seu irmão.
           Escondeu-se da acromântula, deixando com que perseguisse o pobre coitado do Bibble que fora utilizado como isca — uma boa, diga-se de passagem; ele não era tão forte, mas ainda era capaz de carregar o cajado e voar relativamente rápido. O aprendiz, ao vê-la passar por si, escalou uma árvore cujos troncos eram retorcidos e pareciam ser demasiadamente finos, mas suficientemente fortes para suportar seu peso. Quando alcançou uma altura agradável, o garoto proferiu um feitiço que fez com que, da ponta de sua varinha, diversos feixes de luz fossem produzidos, revelando sua localização para Bibble. A pequena bolinha de pelos refez o caminho, passando por cima da acromântula, trazendo o cajado na direção do príncipe. Com a varinha, o príncipe pegou o anel, sabendo que aquela seria a última vez que o veria. Uma diferença que só você pode fazer.
           Colocou o anel na palma de sua mão. ‘ Pequeno demais para ser usado, cresça o suficiente para ser apreciado. ’ Faíscas deixaram a varinha na direção do anel. Ao término do proferir do feitiço, o objeto que ganhara de sua mãe fora crescendo, tornando-se até mesmo mais pesado. ‘ Corre, Bibble! ’ Proferiu para a bolinha de pelos que tentava voar o mais rápido que era capaz. O anel já estava grande o bastante para que Ever simplesmente fosse capaz de segurá-lo, soltando-o, observando-o aumentar na sua queda.
           Tudo se passou em câmera lenta para o príncipe. Observou o anel cair, aumentando gradativamente seu tamanho; Bibble passando por debaixo dele um milésimo de segundo antes da acromântula fazer o mesmo, embora não tenha tido mais sorte. O círculo dourado a envolveu completamente, prendendo-a na armadilha criada pelo filho de Genevieve. O príncipe ainda estava sobre a aranha, sabendo que não gostaria do que teria de fazer agora. Lançou-se para fora da árvore, um baque produzido pela queda e um tornozelo dolorido.
           ‘ Tire-me daqui, criança insolente! ’ A aranha proferiu. O príncipe, no entanto, proferiu: ‘ Grande demais para ser carregado, encolha até que não seja encontrado! ’ Os feixes de luz que saíram de sua varinha foram ao encontro do anel que, gradualmente, escolhia-se.
           ‘ O que você está fazendo? Não, não, não! ’ Era possível ver a agonia daquilo, fazendo com que o príncipe simplesmente pegasse seu cajado, sua bolinha de pelos e varinha, manquejando para fora da cena — que não seria nada bonita. Ouviu os sons de suas pinças batendo uma contra a outra, tanto em furor, quando em desespero, sendo capaz até ouvir um “não” ser proferido e, depois, nada mais. Não precisava olhar para saber que o sangue da aranha estava espalhado pelo solo.
           ‘ Vamos, Bibble. ’ Chamou o príncipe ao se dirigir para a armadilha em que o irmão estava preso. Ao voltar, Emil estava ligeiramente inquieto, tentando se livrar.
           ‘ O que aconteceu? Eu ouvi gritos! Se eu conseguisse pegar a espada, me livraria disso aqui! ’ A irritação do príncipe era divertida de assistir.
           ‘ Eu posso ser preso por violência contra uma acromântula. ’ Brincou, embora se sentisse realmente péssimo pelo que ocorrera; no entanto, ou era ele, ou a aranha e gostava mais de si mesmo. ‘ Usei o anel da mamãe para matá-la. ’ O príncipe proferiu, observando a face do irmão. Ever se desfez de um bem de sua mãe para ajudar o mais velho mesmo após tudo o que ele lhe dissera. ‘ Eu achei que já estivesse no castelo. ’ Comentou, engolindo em seco. Fazer magia era desgastante, portanto, mesmo sabendo um feitiço, o príncipe apenas pegou a espada caída de Emil e cortou as teias de aranha. Já estava exausto de tanta energia mágica sendo consumida.
           ‘ Eu pensei em fazer isso, mas... ’ O mais velho parou, lutando para encontrar os dizeres certos. ‘ Eu não poderia deixar você aqui dentro sozinho. Me desculpe pelo que disse. Eu não sei o que deu, eu só... Não queria ter dito muito do que eu disse. Quer dizer, queria, mas não é o que eu penso. ’ Nunca havia visto o irmão tão constrangido em sua vida e, sem cerimônias, Ever envolveu o irmão mais velho em um abraço fraternal. Bibble também participou, ao abraçar o ombro de seu dono.
           ‘ Irmãos brigam, Em. Isso não quer dizer que eles não são irmãos, certo? ’ O príncipe proferiu ao se afastar do aprendiz. ‘ Eu consegui dois objetos da varinha, olha. ’ Indicou para que a bolinha de pelos lilás pegasse o cajado. A mochila ainda estava consigo e, ao passá-la para frente, retirou a joia da esperança. Mostrou-as para o irmão que estava verdadeiramente impressionado com o que o mais novo fizera sozinho. ‘ Agora precisamos de alguma coisa para unir a joia ao cajado. O anel. ’ Que não parecia ser tão fácil de encontrar.
           ‘ Você pode usar o meu anel. ’ O primogênito pegou seu anel — o mesmo que Ever havia destruído minutos atrás — e o mostrou para o aderense. ‘ Você se desfez do anel da mamãe para me salvar e eu sei o quanto ele era importante para você. ’
           ‘ Você não precisa fazer isso. Eu sei o quanto você ama esse anel. É a última coisa da mamãe que te restou. ’ Talvez Ever fosse o mais ligado à sua mãe, artisticamente, mas apenas Emil sabia o quanto ele sentia, todos os dias, a perda de Genevieve. ‘ Era só um anel e você é meu irmão. Eu te amo e não poderia te deixar morrer. Eu me livraria de todas as coisas da mamãe se isso significasse mantê-lo seguro. ’ E era uma verdade que esperava não colocar à prova.
           ‘ Eu preciso, Ever. Eu sou o irmão mais velho, mas, desde que essa viagem começou, eu só te botei pra baixo. Eu sei o quanto você ama a mamãe e é ligado a ela. Eu amo você e amo a ideia de ver a mamãe uma última vez, saudável; e sei o quanto é importante para você ver a mamãe uma última vez também. Então, se temos uma chance de fazer isso, eu quero fazer algo para ajudar porque eu não fiz nada a viagem inteira! ’ O humor presente não escondia o quanto aquilo era tão dolorido para ele quanto para Ever. ‘ E não é a última coisa da mamãe que me restou. Você é a última coisa da mamãe que me restou. Você não é só um imitador dela, você é a mamãe toda. Eu vejo ela todos os dias em você. ’ Se Emil queria ver o irmão chorando, conseguiu; mas a verdade era que até o mais velho estava com as íris cor de caramelo ligeiramente úmidas. Ao abrir a palma da mão, contudo, o anel do Zraa brilhava. ‘ O que é isso? ’
           ‘ Um anel de amor. ’ O príncipe colocou todos os objetos próximos à mão do mais velho, observando-os brilhar. ‘ Segure. ’ Pediu para o irmão, passando a joia da esperança para ele. Tomou o cajado de Bibble e o anel alheio, colocando-o na pequena fissura no topo do cajado. O anel não cabia perfeitamente, mas, ao tocar o espaço que parecia destinado para si, viu-o tomar a forma. Era possível ver a atração do anel para com o cajado, pequenas linhas douradas sendo perceptíveis; quando o alemão soltou o objeto, este se encaixou perfeitamente. Em Ever, percebeu que uma corrente de baixa intensidade percorrer o próprio corpo. ‘ A joia. ’ Comentou, olhando para o irmão que o obedeceu. Ao aproximar a joia do local onde ficaria, observou-se que a mesma atração estava presente, mas com feixes rosados envolvendo a pedra preciosa. O príncipe soltou a pedra, observando o brilho envolver tanto o objeto quanto o próprio corpo.
           Quando o brilho se dissipou, observou-se que as roupas de Ever não eram as mesmas. Assemelhava-se às vestes comuns de um baile, o príncipe encantado perfeito, em tons rosados e detalhes dourados. Todavia, diferenciava-se diante da presença de uma capa — lilás — que tão bem parecia com as utilizadas por magos, em muitas das histórias em Aether. O príncipe, curioso, observou-se. Bibble estava admirado enquanto Emil tentava não rir. ‘ Eu não estou surpreso nem com as cores, nem com você trocando de roupa agora. ’ Indicou com deboche, fazendo Ever lançar-lhe um sorriso. Mas o momento entre irmãos durou pouco.
           Ventos oriundos de todas as partes inundaram o local, Bibble segurando-se em Ever para não sair voando enquanto o príncipe colocava ambos os braços sobre a face, tentando se proteger. ‘ Obrigado, Vossa Alteza. Sem a sua ajuda, eu não teria conseguido a varinha das varinhas! ’ Ouviu o pronunciamento alheio, fazendo com que o alemão baixasse os braços para ver quem falava consigo. Olhou a tempo de ver o elfo que lhe falara no início de sua jornada pela floresta. ‘ Isso é meu! ’ Proferiu ao esticar um cajado na direção do príncipe; este possuía uma ave em sua ponta. Ever sentiu a varinha de luz sair de suas mãos, sendo levada até as mãos do elfo que, ao tê-la, transformou-se. Parecia um homem de meia-idade, barba longa e um olhar tão perigoso quanto outrora. Provavelmente um bruxo com poucos poderes, perdidos nos territórios de Aether; ouvia muitas dessas histórias. ‘ Eu sabia que você não iria falhar comigo. Príncipes encantados são tão previsíveis. Bastou que eu falasse sobre a probabilidade de ter a mamãe de volta que os dois bocós foram atrás da varinha. ’ A risada ecoou pelo espaço. ‘ Como vocês foram idiotas. Ninguém volta dos mortos, garoto! Nem hoje, nem nunca! ’
           Os príncipes se encontravam confusos, mas o feiticeiro fez questão de lhes explicar. ‘ Eu enganei os idiotas. Eu queria a varinha. Não há nada sobre alguém voltar à vida, precisava convencê-los com isso. Sempre temos alguém para trazer de volta dos mortos, não é? Vocês humanos são dotados de sentimentos e são burros por isso. Mas eu não poderia construí-la; usei os idiotas para fazerem por mim. Meus poderes foram roubados por aquele velho do Merlin. Eu vou matar aquele mago e assumir seu lugar em Aether e em Mítica. Obrigado trazerem a destruição de Mítica, Altezas. ’
           Ao perceber o que acontecera, Emil fora o primeiro a atacar, brandindo a espada. Entretanto, assim que se aproximou, o mago proferiu um feitiço em língua desconhecida, envolvendo o corpo do irmão com um jato de luz que o fez voar vários metros para o lado. Bibble correu para auxiliar o outro enquanto Ever encarava o ser mágico. ‘ Você é poderoso, garoto. Pode se juntar a mim. Ou pode morrer com seu irmãozinho.’ Ouviu-o proferir tal proposta. O aderense sentia o sangue latejar, a ira se apossando de si enquanto a sua cabeça voltava a ser o conhecido turbilhão. Você foi passado para trás, que novidade! Você é sempre passado para trás. Fraco, ingênuo, fútil, arrogante... Achou que iria conseguir o que queria, bah! Burro!
           O corpo do príncipe perdeu sua forma humana, assumindo a sombria e destrutiva. Quando acontecia, perdia o foco, o crescente desejo destrutivo em seu cerne. O aprendiz atingira algumas árvores ao se transformar, uma forma maior do que da última. Não apenas queria sua vingança, como também queria destruir tudo naquele espaço. O mago, por sua vez, não se encontrava sequer mexido pelo que o príncipe agora representava. ‘ Escolheu a morte, então. ’ Com a varinha das varinhas em suas mãos, lançou um feitiço na direção do outro, o jato de energia envolvendo a sombra.
           O modo desgovernado com a qual a forma sombria se mexia, envolta por uma energia desconhecida, fazia com que, em seu cerne, o aderense sentisse o que estava acontecendo. Era doloroso; porém, era possível ver que, quanto mais envolvia a sombra com o feitiço, percebia que, gradualmente, sua forma se perdia, o corpo humano retornando ao que era — e com a nova roupagem. Os lábios de Zraa se separaram, o grito de dor exprimido pelo aderense enquanto o feitiço — que o levaria à morte — continuava a ser recitado pelo bruxo.
           Naquele momento, Ever teve sua segunda experiência extracorpórea durante madrugada — quase manhã. Era como se estivesse dentro da sala dos espelhos, na Ilha dos Prazeres; no entanto, não apenas Alma estava se afastando, mas Qili, Astro, Meili, Coral, Anette, Araminta, Neevan, Lux, Melena, Sonya, Brooke, Grimm, Atlas, William, Emil, Arabella... Todos estavam deixando-o sozinho dentro da Casa dos Espelhos, à própria sorte. Sozinho. Um medo real para o príncipe: terminar os seus dias sozinho. Em sua vida, Thindrel conhecia a perda; sua mãe e, depois, seu pai, de forma profunda e que ainda o marcava. Experienciara a sensação de vazio deixado pelo afastamento diversas vezes; amigos, família, namoradas e namorados. Sempre encarava uma indubitável verdade: não era o suficiente para ninguém. Haveria na vida daqueles que se relacionavam consigo algo maior do que ele. E longe do príncipe desejar ser o foco da dependência alheia, conquanto, desejava que fosse, de certa forma, a prioridade de alguém; mas era sempre o segundo. O segundo melhor em sua classe, falhando em matérias relativamente fáceis; a segunda opção, em relações românticas; o último a ser convidado para o baile — e, bem, isto ocorria com grande assiduidade. Era sempre descrito como perfeito, mas nunca perfeito o bastante; nunca bom o bastante.
           Restava apenas o príncipe e seu reflexo o encarando. No final, completamente sozinho, consigo mesmo. Não temia ele próprio, apenas... Era solitário. Não desejava tal vida. ‘ O que você vai fazer, Ever? ’ Indagou o reflexo do príncipe, olhando-o sem qualquer sombra de desdém ou deboche, mas realmente curioso. Agora que estava sozinho, sem ninguém ao seu lado para ampará-lo a fim de que dormisse, embalando-o em braços finos e amorosos, o que ele faria? Agora que se encontrava sozinho consigo mesmo, seus pensamentos, seus traumas, suas cicatrizes, o que ele faria? Iria chorar ou se bater? Gritar ou se isolar? ‘ O que você vai fazer? ’ O aprendiz permaneceu em silêncio, encarando seu reflexo por alguns segundos. Aos poucos, os espelhos da casa foram rachando, vidro sendo lançando por todos os lados. ‘ Eu não preciso de ninguém para ser minha âncora. Eu sou minha própria âncora. ’ Ao tocar o espelho, tudo se quebrou. No final, apenas restaria ele e ele mesmo, pois, tudo o que era, construído a partir da interação externa, agora se encontrava no interno. O acesso era apenas dele e apenas ele se conhecia o bastante. Ora, se, conhecendo sua força e seus medos, o príncipe não se sentisse o suficiente para si, tampouco desejava que os demais, que viam a ponta do iceberg, amassem-no ou o aturassem.
           Os olhos se abriram contra o céu acinzentado, pequenas nuvens esbranquiçadas tornando o painel menos melancólico. Passara a madrugada naquela floresta e a aurora se aproximava, lenta e gloriosa. Sentia-se revigorado mentalmente, como, tal qual o amanhecer, o príncipe estivesse tomado uma nova lufada; uma nova oportunidade do igual diferente. Um homem uma vez lhe disse que, obviamente, o sol retornaria à brilhar no dia seguinte; ele sempre retornava, esperançoso, divino. O corpo ainda estava envolto com o feitiço amarelado, mas não o machucava; via-o com outra perspectiva agora. Percebeu, porém, que se encontrava no ar, levitando — algo que nunca pensou que faria, mas sabia que era feito do bruxo — lançou as íris heterocromáticas ao chão, antes de voltá-las para o feiticeiro que ameaçava sua casa e sua família.
           ‘ Você esqueceu de uma coisa, bruxo. ’ Conseguiu proferir, lançando um olhar para o outro. Com dificuldade, mas sucesso, desvencilhou o braço de um aperto dolorido. Era como se a magia pressionasse seus braços atrás das costas. ‘ A varinha não é encontrada, mas é construída. E tudo que a forma, veio de mim, então, isso é meu. ’ Ele não sabia se funcionaria, mas testou. Esticou o braço na direção da varinha que, tremendo, deixou a mão do bruxo, cessando sua ação mágica contra seu verdadeiro dono. O garoto pegou o cajado, indo ao chão; entretanto, Ever não caiu de forma estabanada, mas com o joelho direito tocando o chão enquanto o esquerdo se flexionava. A sestra segurava a varinha enquanto sua destra se apoiava no solo úmido. ‘ Eu vou acabar com você. ’ Ao levantar os olhos para o feiticeiro, as íris heterocromáticas evidenciavam a frieza; era o mesmo que assistir o afiar de uma lâmina. O príncipe SE colocou de pé. O sentimento usual do aderense era a resolução de conflitos com a famigerada dialética, em seu sentido platônico; no entanto, agora, o pensamento era violento, mas não derreigado. Era uma batalha e não uma barbárie.
           Com a varinha que lhe restara, menos poderosa que aquela que enganara o aprendiz de Merlin para construir para si, o bruxo lançou um feitiço de coloração verde-musgo. Em resposta, o alemão girou a própria varinha diante de si, formando um escudo que impediu ser atingido pelo feitiço alheio. Em sua mente, diversos feitiços dos livros antigos de Merlin, que Grimm o ajudara a decifrar, borbulhavam, como se estivesse vindo à tona, extasiados com a possibilidade do aprendiz utilizá-los; e o fez, proferindo-os um após aos outro. Primeiramente, trouxera de sua mente um que lançara um jato avermelhado em direção ao bruxo, acertando-o no ombro, ocasionando seu empurrou para trás. Ininterruptamente, um feixe azulado saíra da varinha de luz, proporcionando ao bruxo outro ferimento ao que fora atingido em sua cabeça, deixando-o atordoado, mas não o suficiente para que fosse derrotado.
           O contra-ataque fora o mover de uma rocha às costas de Ever — levando-o a grunhir de dor — que precedera diversos outros ataques de árvores assassinas. Os troncos se arrancavam com raízes do chão, correndo na direção do príncipe que recitava feitiços de explosões contra elas, fazendo com que fossem destruídas uma a uma.
           ‘ JIBALUBILU! ’ Ouviu a vozinha de Bibble desesperada, virando-se para trás a tempo de interceptar um ataque direto do bruxo que transformara sua varinha em uma espada. Aparentemente, desejava o prazer de matar o alemão com as próprias mãos. ‘ Que era um covarde eu imaginava, mas atacar uma pessoa pelas costas? Ridículo. ’ Ever desdenhou, lançando-o para trás. Thindrel engatilhou um feitiço em sua mente, mas acabara sendo lento demais. O erro cometido fê-lo ter a varinha arremessada de sua mão por um proferir do feiticeiro, viajando alguns metros. Em seguida, fora acertado com um feixe acinzentado que o fizera acertar duas árvores, quebrando-as ao meio. Quando chegara ao chão, estava de bruços, braço dobrado acima da cabeça enquanto os joelhos tentavam fazê-lo levantar.
           Seu corpo doía, tal como se sentia cansado por ter utilizado tantos feitiços, sentindo sua energia ser drenada a cada tentativa. A mão se esticou para que a varinha de luz viesse novamente na sua direção, mas, antes que ela chegasse, sentiu uma grandiosa pedra acertar-lhe nas costelas, fazendo com que suas costas tocassem o solo. ‘ Eu acho que a única morte a acontecer hoje será a sua, principezinho.’ O bruxo possuía sua varinha sobre a garganta do alemão, pronto para lançar uma maldição da morte no aderense. Bom, era uma boa forma de morrer: lutando contra um mago e lhe dando um calorzinho. Era perceptível o sangue escorrendo do supercílio alheio, lábios e até mesmo o olhar de ódio. Nunca fora desafiado, principalmente por um aprendiz; e saber que era capaz de fazer feitiços mais complexos... Era, realmente, uma boa forma de morrer. Acontece que, embora fosse uma forma honrosa, Jasper não se sentia preparado para morrer; ele não iria se vencer tão fácil.
           Despretensiosamente, a mão do príncipe caiu para o lado, seus olhos denotando um terror teatral. Obrigado, anos de teatro; pensou em sua mente, encarando o bruxo. ‘ Eu vou fazer questão de matar toda a sua família, príncipe, para que saibam que você é culpado. Eu vou destruir o seu reino. ‘ Ameaças e mais ameaças. Um discurso perfeito para um vilão, mas ainda não se sentia perto de angariar o próprio conto.
           ‘ Posso ter um último pedido? ’ Murmurou o príncipe, o olhar desesperado. O assentir alheio viera em desdém. ‘ Sua forma não concede a vitória, transforme-se em espada e mostre-me a glória. ’ O proferir fora alto e claro, as mãos do príncipe envolvendo a varinha de luz ao findar da própria frase; esta se transformou em uma espada brilhante e afiada que, sem pensar duas vezes, o príncipe travessou lateralmente o pescoço do bruxo. O sangue espirrou na face do alemão que lançou o corpo do ser mágico para o lado, se pondo sobre ele.  
           ‘ Herói não costuma matar. ’ Murmurou antes que a vida fosse tragada de si. Ever retirou a espada do pescoço alheio, vendo-a se transformar em sua varinha novamente.
           ‘ Eu não sou um herói, sou um feiticeiro. ’ Sua fala viera ao se colocar de pé, a brisa da Floresta Assombrada banhando a própria face. Os primeiros raios da manha banharam o carmesim que tingia a face do príncipe, o contraste com o ocre de sua pele. Conquanto, assim que sentiu a pele aquecida pela nova esperança, ele desabou.
                                                                      ***
           Piscou algumas vezes contra o teto esbranquiçado, tentando processar o que sentia e o que lhe ocorrera. O corpo estava completamente dolorido, é claro, sentia-o pesado, como se os últimos dias tivessem passado com ele sobre aquela cama.
           ‘ BIRABIDIPU! ’ Ouviu a voz de Bibble que, voando na sua direção, aconchegou-se em sua clavícula.
           ‘ Até que enfim! ’ Ouviu-se ao seu lado, lançando um olhar para Emil sentado em uma poltrona ao lado de sua cama. Percebeu que não era o único; os onze estavam reunidos ao redor de sua cama. ‘ A gente achou que você iria passar o resto da eternidade dormindo. ’ Proferiu o sétimo filho, Wolfie.
           ‘ Há quanto tempo eu estou aqui? ’ Sua voz saíra baixa, frágil e rouca.
           ‘ Uns quatro dias. Você ficou em coma, praticamente. A enfermeira disse que você usou muita energia mágica e quase morreu. ’ Diante da expressão do irmão mais velho, Ever tinha certeza que, de fato, passara perto da morte.
           ‘ Ela nos deixou ficar, mas só uns minutos. ’ Comentou Julian, décimo filho.
           ‘ Eu fico feliz de ter acordado com vocês. ’ O príncipe respondeu aos irmãos, recebendo um abraço do caçula da família. No entanto, ao lembrar-se do motivo para estar na enfermaria, uma pergunta importante veio à sua mente: ‘ Alguém achou meus produtos de cuidado para a pele? ’
24 notes · View notes
namcre-se · 4 years
Quote
Tem pessoas que entram na nossa vida só para lembrar que seu coração está vivo. Vocês são a parte mais divertida dos meus dias! Obrigado por terem me aturado nessa fase da maldição ♥ #502ForLife
Neevan James of Maldonia
Para: Ever Thindrel-Zraa, Lux Morningstar, Howard Rabbit e Alyssa Archeron
@tresdedoze @lxcglr @howie-rabbit @golittlebluefairy
9 notes · View notes
gcrotaverde · 4 years
Photo
Tumblr media
       ❛ ——* ˙˖✶  “ 𝐌𝐄𝐋𝐄𝐍𝐀 𝐔𝐏𝐋𝐀𝐍𝐃; 𝓉𝓌𝒾𝓉𝓉𝑒𝓇. (3/?)
Fala, otários!!! Se liga, voltei para os confins dessa rede social para conseguir o milagre de fazer meu amigo, Príncipe Ever Jasper Thindrel-Zraa, conseguir dar uns beijos por Aether e ser feliz. Ele tá na seca há mil anos e eu assumi a missão de mudar isso. Segue a thread para entender melhor a vantagem!
19 notes · View notes
aetherrp · 4 years
Photo
Tumblr media
Como você nunca ouviu falar que EVER JASPER THINDREL-ZRAA é um descendente direto de GENEVIEVE e DEREK (Doze Princesas Bailarinas)? Ele tem 22 ANOS e foi escolhido para a CASA ADEREM há um certo tempo. Pode ser espirituoso e carinhoso, mas há momentos em que se mostra dependente e reservado. Recomendo que não o confunda com ROME FLYNN porque isso já trouxe confusões o suficiente!
♡               hereditariedade.
Ever é o terceiro filho de Derek e Gennevive. O terceiro de 12 meninos, sendo o quinto e o sexto gêmeos; e os três mais novos trigêmeos. O mais velho tem 25 anos e está em seu último ano em Aether, enquanto os mais novos possuem 11 anos e estão começando seus estudos.
♡               por dentro da história…
Após a descoberta do que as princesas faziam para que suas sapatilhas estivessem tão gastas todas as manhãs, e após o desaparecimento da tia de Genevieve, Derek e a princesa, finalmente, puderam ter seu momento de paz e tranquilidade. Isso significava, portanto, a união matrimonial; o casamento, conquanto, não fora tão fácil. Derek era apenas um sapateiro pobre que não possuía qualquer fortuna ou elegância para estar dentre os nobres, consequentemente, nunca fora lá bem quisto pela corte — tal como era um homem preto. Demorou para que a corte visse que, embora fossem tão distintos, e não possuísse um legado anterior a ele, o sapateiro era um herói. Assim, pela assiduidade em ver o pai lutando contra todas as possibilidades para ter seu final feliz com sua mãe, todos os meninos aprenderam, desde cedo, que precisariam lutar para conquistar seus objetivos; não poderia desistir, jamais, de seus sonhos e desejos. Derek e Genevieve, por sua vez, sempre repetiram para as crianças que eles poderiam ser o que quisessem, desde que acreditassem nisso.
Por falar em meninos… Fosse destino, fosse apenas uma consequência de uma atividade sexual intensa e desprotegida, ou fosse apenas uma peça do Narrador, mas Genevieve e Derek tiveram, tal como a mãe da princesa, 12 filhos. Porém, diferentemente da antiga rainha, não nascera nenhuma menina. À medida que os filhos nasciam, a irmã que mais amava a dança fora tomada por um momento de tristeza por acreditar que jamais poderia passar o amor pelo Ballet aos filhos, meninos; todavia, apreendera ao ver o terceiro filho, Ever, imitando-a que homens também poderiam dança. Com alegria, ensinou a todos à medida que cresciam a arte da dança. Contudo, não tivera tanto tempo para continuar tais aulas magníficas. Genevieve, durante o parto dos trigêmeos, viera a falecer, deixando Derek e os 12 príncipes sem a alegria de sua dança.
Por muito tempo, dançar em sua casa fora proibido. Música fora proibida. Tudo que lembrava Genevieve acabara por ser proibido. Apesar disso, ao que os filhos manifestaram ao pai o desejo, lutando contra as regras impostas, exercendo o que sempre fora ensinado, ele percebera que a melhor forma de honrar a esposa era permitindo a música e a dança. Fora em uma dessas noites, após a revogação da dita proibição, que os garotos encontraram as pistas que sua mãe deixara acerca do reino escondido. Ao lerem o livro favorito dela, encontraram os desenhos das flores que a mãe deixara nas páginas e reconheceram a semelhança entre o desenho nos livros e os desenhos no chão. Talvez tenham demorado mais do que as garotas, contudo, acabaram por encontrar a passagem para o mundo secreto onde, todas as noites, os 12 príncipes bailarinos dançam alegremente — tendo em vista que descobriram como fazer outro portal em Aether.
O que poderia, porém, ser uma história feliz acabara por se transformar em uma verdadeira tragédia para os garotos. Seu pai, acreditando que deveriam ter uma referência feminina para terminar a criação dos filhos, visando o auxílio que a depressão após a morte de sua esposa o impedia de dar, resolvera trazer de sua casa sua irmã, Heloise, para que pudesse ajudar os sobrinhos. Heloise não era nada como Derek, porém; mesquinha e egoísta, sempre fizera da vida dos sobrinhos um inferno. A sorte dos irmãos, contudo, é que, embora sua tia Heloise tenha chegado, todos estavam zarpando para um novo ano em Aether. Era a primeira vez que os doze estariam na instituição.  
Ever sente que carrega certa responsabilidade. Por ser o irmão mais ligado à dança, sente-se extremamente conectado a sua mãe e não desejaria, em hipótese alguma, que sua memória fosse manchada. Portanto, a chegada de sua tia mexeu bem mais com ele. É afetuoso, carinhoso, mas esse carinho pode-se demonstrar extremamente desagradável quando recompensado. Ever cria uma dependência muito intensa para com aqueles que demonstraram gostar de si e acaba ficando extremamente triste quando percebe que não é bem assim. No geral, porém, é uma criatura reservada. É até irritante tentar conversar por muito tempo com Ever, pois, caso o assunto não seja de seu interesse, ou ele não vê como prosseguir, simplesmente se cala, desistindo da conversa. É um fato, também, que o terceiro filho ama o reino escondido; a verdade é que seu amor equivale à sua vontade de permanecer, para sempre, naquele lugar, pois é o único lugar que o faz se sentir livre de todo o peso de ser um príncipe.
♡               poderes.
Acesso ao Reino Encantado: Tal como sua mãe e suas tias, todos os meninos têm acesso ao reino oculto através da dança. Ao dançarem sobre as pedras, a entrada para este mundo se abre. Tudo que desejam neste mundo é realizável devido à presença de flores prateadas mágicas; essas flores são capazes de realizar qualquer desejo! Todavia, os irmãos resolveram manter este lugar em segredo, tal como fazem o possível para protegê-lo das garras dos mal-intencionados.
Magia Emocional: Ever, após ingerir as flores do reino mágico, acabara angariando também o poder ligado à magia comicamente associado às bruxas e fadas. Entretanto, por não se tratar de algo inato, e também ser oriundo de um reino cuja personalidade é duvidosa, a magia de Ever é ligada às suas emoções. Quando irado, tende a produzir coisas ruins — não importando a finalidade boa ou má de suas ações; sua emoção no momento irá controlar o que surgirá que tende a ser ruim. Já quando está feliz, ou em um estado de espírito ameno, tende a produzir coisas boas e agradáveis — novamente, sem importar a finalidade; apenas produz algo bom. Com o tempo, assim que aprender a controlar o foco do poder desconhecido, pode aprender a controlar suas emoções, racionalizando a magia.
♡               inventário.
Varinha de Luz, ou Varinha das Varinhas. É uma varinha construída com uma medida de coragem, uma joia acesa pela chama da esperança eterna e um anel de amor. Nada disso é encontrado senão dentro de si mesmo, portanto, torna a varinha parte indissociável de seu portador. Na prática, feitiços realizados contra o construtor do objeto não funcionam, embora a mesma funcione com qualquer feiticeiro/feiticeira; é extremamente poderoso, mas, como qualquer artefato mágico, caso não saiba usá-lo, você nunca consegue seu potencial; entretanto, é fato que qualquer feitiço já testado é possível realizar tendo a varinha das varinhas — o que Ever, com sua experiência pífia, é incapaz de realizar com êxito. No mais, o objeto, em aparência, é formado por um cajado de madeira desconhecida, mas resistente, que possui três pontas; uma joia rosada entre tais pontas com um momento de Ever e Sonya presa à mesma e um anel que conecta a joia ao cajado. Os objetos que formam a varinha representam, respectivamente, a medida de coragem, a joia acesa pela chama da esperança e o anel de amor. 
♡               extracurriculares.
Ballet.
Clube de Música.
Teatro.
5 notes · View notes
golittlebluefairy · 4 years
Photo
Tumblr media
✧ ᘚ Connections: Special Iu Songs
You & I (Childhood crush): Alyssa e Muse estudavam juntos na infância. Aly tinha uma paixão infantil por Muse, porém o mesmo teve que ir para o instituto aos 11 anos. Alyssa ainda não sabia que um dia também passaria a estudar em Aether e reencontraria sua paixão de infância. Será que eles se reconheceram ou esqueceram um do outro? (TAKEN: Ever Jasper Thindrel-Zraa).
Good Day (Unrequited love): Muse não enxerga em Alyssa mais que uma garotinha inocente. A garota, no entanto, possui um crush em Muse, e num momento em que não estava muito sóbria, acabou se declarando. No entanto, o interesse não foi correspondido. Muse acredita que não é o tipo de homem para Alyssa, e que ela é muito boazinha e ingênua para ficar com alguém como ele (dá pra combinar o motivo, tipo ele ser filho de algum vilão e achar isso um impedimento, ou só ter uma personalidade que acha ser oposta à dela). Até hoje ele age como se não se lembrasse das palavras que a garota falou, o que a deixa aflita. (podemos combinar também se ele ignora a declaração que foi feita, ou só não lembra porque estava bêbado no momento, também). (M only)
Love Poem (Confidants): Alyssa não é necessariamente próxima de Muse, mas um encontro casual durante um momento de frustração/tristeza de Muse fez com que ele desabafasse com Aly. Desde então, costuma ligar quando precisa de conselhos ou apenas um ouvido e ombro amigos, sabendo que a garota sempre estará lá por ele. (M or F)
Voice Mail (Is this love?): Muse 1 tratava Muse 2 muito gentilmente, sempre demonstrando que se importava com o outro. Isso causou confusão em Muse 2, que passou a enxergar Muse 1 de maneira diferente e acreditar que toda a gentileza era por algum sentimento a mais. Muse 2 tenta esconder e negar até o último segundo que sente algo, mas não deixa de culpar Muse 1 por ter causado essa confusão em seus sentimentos. A pior parte é não ter certeza se todas essas preocupações afetuosas de fato não significam nada. (esse fica aberto pra Aly ser qualquer um dos dois Muses, ela pode ter se enganado com seu char sendo gentil, mas ela também é sempre preocupada com todos então poderia causar essa confusão) (M or F)
Every End Of The Day (Secret Love): Muse 1não sabe bem em que momento se viu apaixonado por Muse 2, e não sabe lidar com esse sentimento. Por conta disso, acaba por tentar negar de todas as formas - até para si mesmo - o que sente por Muse 2, e consequentemente age de forma fria ou indiferente com o outro. A verdade é que Muse 1 acha que um relacionamento com Muse 2 nunca daria certo, e o medo fala mais alto. (Mais ou menos o mesmo esquema de Good Day, porém nesse o amor é secreto e talvez até seja correspondido mas ambos hesitam pelo mesmo motivo (a combinar). De novo, Aly pode ser tanto Muse 1 como 2). (M or F)
The Shower (First Time): A primeira vez de Alyssa foi com Muse, e ela só possui boas lembranças dessa noite de verão. Ela não tinha uma relação com Muse, e até hoje não o tem, mas se lembra com carinho e se pergunta como é a lembrança que Muse tem. Por ironia do destino, agora Aly e Muse estão se aproximando (motivo a combinar, pode ser uma aula que fazem em comum ou sei lá), porém ainda não tocam no assunto. Foi um acontecimento marcante e agradável, porém nunca mais se falou nisso. Será que com essa aproximação, o episódio entre os dois irá se repetir? (M only)
I Really Don’t Like Her (Friend’s ex-lover): Muse 1 é uma pessoa muito querida por Alyssa, e a garota já o ouviu desabafar sobre sua relação fracassada com Muse 2. Agora Aly não gosta muito de Muse 2 por ter feito seu amigo sofrer, mas Muse 1 continua abalado por Muse 2, o que gera uma enorme frustração na fada. Afinal, o que Muse 2 tem de tão especial para deixar Muse 1 desse jeito, mesmo ele prometendo que já superou? (Detalhes podem ser combinados melhor. Ex: Aly pode ter ciúme de Muse 2 porque gosta de Muse 1, ou só é amiga mesmo de Muse 1 e não gosta de vê-lo sofrer.) (M or F)
Sugiro que assistam os vídeos com as traduções das músicas porque eu literalmente me inspirei no que entendo das letras para criar esses connections, então vai ajudar a entender o que imagino de cada um.
4 notes · View notes
aetherconf · 4 years
Photo
Tumblr media
with @neevcn && @tresdedoze
7 notes · View notes
aetherconf · 4 years
Photo
Tumblr media
with @tresdedoze
5 notes · View notes
aetherconf · 4 years
Photo
Tumblr media
with @tresdedoze
2 notes · View notes
aetherconf · 4 years
Photo
Tumblr media
with @brianlefay && @tresdedoze
2 notes · View notes
aetherconf · 4 years
Photo
Tumblr media
with @tresdedoze
0 notes
tresdedoze · 4 years
Text
INTERROGATÓRIO ╱ TASK 04.
O corpo do aprendiz estava exausto devido ao dia cheio de atividades, conquanto, havia mais. Ao passar horas em uma carruagem, ansioso com seus colegas para saber sobre a motivação por detrás da paralisação tão abrupta, encontrou-se no hall de entrada do Castelo Dillamond, sem acesso ao dormitório --- ou um banho, que era seu desejo --- e deveriam esperar para prestar depoimentos. Sim. Prestar depoimentos. Como se estivessem diante da corte, mas a corte em questão era Merlin e a Fada Azul.
Quando adentrou a sala do diretor, após Karou passar com lágrimas nos olhos, algo dentro do príncipe estremeceu. Certo, a coisa poderia ser pior do que o imaginado. A postura da fada era rígida, à direita do diretor, enquanto Merlin limpava os óculos que geralmente era visto caindo sobre seu nariz tão grande. O diretor levantou o olhar rapidamente, indicando o assento defronte dele.
— Para sua segurança, e para demais consultas, iremos registrar a nossa conversa. — Não era um pedido, mas uma afirmação. A pena mágica, ao lado do cotovelo de Merlin, parecia encarar o príncipe, esperando sua afirmação. Com a cabeça, Thindrel concordou, lançando um olhar para o mais velho. — Identifique-se, por favor. Nome, idade, filiação, raça.
— Ever Jasper Thindrel-Zraa. Thindrel hífen Zraa. Iasper com J. Thindrel da minha mãe, Zraa do meu pai. Vinte e dois anos, três meses e seis dias. Rainha Genevieve da Alemanha, falecida; Rei Derek da Alemanha, vivo. — E parou, sem saber como responder ao questionamento seguinte. — Eu sou humano com poderes mágicos? Ainda não sei o que eu sou agora. — Sua voz decaiu alguns decibéis quando proferiu a sentença, mas não era para lidar com a crise de identidade do príncipe que Merlin estava ali.
— Qual foi a primeira coisa que fez assim que chegou à Ilha dos Prazeres? — Hmm, recuperar a memória em um dia tão difícil não era fácil, fazendo com que tivesse uma pausa de alguns segundos, o cenho se franzindo.
— Fui ao carrossel com meus irmãos mais novos. Tem algum tempo que não vamos ao parque e cuidei deles no início do passeio para os mais velhos se divertirem. Fazemos revezamento com os menores já que é o primeiro ano deles em Aether. — Não que já tivesse passado por um interrogatório, mas sabia que os detalhes eram importantes para dissipar qualquer possibilidade de suspeita.
— Temos doze aprendizes desaparecidos: Cheryl La Bouff, Alizayd de Agrabah, Yeren Ferale, Diana Hatter, Lily of Arendelle, Marzia Chapuletto, Marlene Breadhouse, Aiden Bloodaxe, Lilith Cipriano, Leo Tooth, Phoenix Ruby e Matteo Tan. Viu algum dos aprendizes desaparecidos? Era próximo de algum deles? Tinha inimizade com algum deles?
— Espera, o quê? — A confusão tomou sua face por um momento, os nomes ditos pausadamente lhe atingindo algumas vezes. Mas nada fora tão incômodo e, eventualmente, doloroso quanto o efeito de ter o nome de Cheryl La Bouff citado. Sua amiga. Uma das melhores amigas que Ever sonharia em ter. Ele sabia que alguns alunos desapareceram, mas os nomes lhe eram desconhecidos. Até agora. — Cheryl desapareceu? — Merlin esperou com que a postura ereta de Thindrel se dissipasse, o corpo caindo na cabeça enquanto os dedos encontravam os fios encaracolados. Não se importava com o cabelo desarrumado agora.
— Responda a pergunta, Sr. Thindrel. — Demandou a voz feminina, fazendo-o levantar a cabeça para a fada com sua varinha. O olhar era penetrante, firme, desejando saber se não se tratava de um ato do garoto, afinal, era conhecido por suas performances teatrais.
— Sim, era-sou próximo de Cheryl. Ela é minha amiga. Uma das melhores amigas que qualquer pessoa poderia querer. Yeren... Nós não éramos próximos, de verdade. Ela só me viu nu algumas vezes. — A Fada Azul desfez a expressão por um milésimo de segundo com a fala do príncipe, mas nada dissera a fim de não interromper o raciocínio. — Eu conhecia alguns por nomes, por ter contato aqui e acolá, mas Cheryl... É minha amiga. Como ela pode ter desaparecido? — Ainda estava incrédulo, mas havia outra parte da pergunta que foi refeita por Merlin, fazendo com que o príncipe mordiscasse o lábio inferior. — Eu não gostava de Alizayd, mas ninguém gostava. Ele torturou Melena na frente de todos durante a maldição do sono. Mas eu não queria machucá-lo. Eu não gosto de violência. Na verdade, acho que ele deveria ter sido expulso. Todo mundo ouviu que Njord Westergaard foi expulso, mas Alizayd não? Qual a diferença? Na verdade, é um tanto quanto injusto com um lado.
— Njord Westergaard não foi expulso.
— Podemos ser uma classe de aprendizes, professor, mas não somos burros. Nós sabemos que foi. E, depois, foi incorporado novamente. Ali nunca foi expulso, não é? Por que a ação de um é pior do que a outra?
— Não estamos aqui para conversar sobre as ações do Conselho Gestor, criança.
— Transparência não deveria guiar gestões? — Retrucou encarando as íris azuladas do mago que estreitou perigosamente. Ever poderia jurar que as íris assumiram um teor púrpura. Certo, era melhor não seguir por esse lado, mas provavelmente voltaria para falar com Merlin sobre o assunto naquela conversa. — Foram minhas ações durante o passeio, senhor. Mais alguma coisa?
— Sim. Desejamos saber se fez algo inusitado no passeio?
— Não que eu me lembre. Não. — As respostas assumiram uma objetividade maior.
— Você se lembra de ter visto algo estranho no passeio ou uma presença estranha?
— Não. — Mas sua memória logo tratou de fazê-lo lembrar de algumas coisas. No entanto, a citada acabara sendo o brinquedo cujo funcionamento foi comprometido quando quando ele e Margaery estavam juntos. — A roda gigante parou, na verdade. Quando se encontrava eu e Margaery Pendragon. E... — A pena anotou nervosamente, pois parecia ser um fato importantíssimo. — Também na roda gigante, com MeiMei, nós vimos uma sombra. Estávamos tentando... Na verdade, nada. Estávamos na roda gigante quando nós vimos o que parecia ser uma pessoa perto do carrossel. Depois foi para perto do túnel do amor. Depois da terceira volta, percebemos que não era uma pessoa usando preto em dia de sol, mas uma sombra? A projeção, sabe? Mudou.
A informação parecia importantíssima para Merlin e a Fada Azul, fazendo com que o príncipe se sentisse um tanto esperançoso pelo retorno de Cheryl.
— Tem inimizade com alguém em Aether? — Uh, pergunta dif��cil. Ever não era conhecido por suas inimizades, mas sempre havia um ou outro desafeto.
— Njord Westergaard. Ele me chama de viado, bicha e afins desde meados do primeiro ano. Não tem como você ser melhor amigo dessa pessoa, tem? — Era uma retórica. Conquanto, novamente, não era como se fosse fazer mal ao príncipe. Ever aprendera a ignorar o outro, portanto, não se importava mais com o que dizia. Ou tentava denotar o desprezo que ele merecia por suas ações.
— Você já cogitou prejudicar ou fazer mal a Njord ou qualquer outro colega que tenha te ofendido ou prejudicado?
— A pergunta é: quem nunca imaginou? Isso pode ser suspeito, mas, óbvio. Socá-lo da mesma forma que o fez na festa, para calar a boca. Não é porque eu nunca deixei transparecer que me atingia que não atingia de verdade. Eu passei minha adolescência sendo alvo de piadas, xingamentos e até violência física nessa escola. E a escola nunca fez nada. Você não pode estar falando sério... Mas eu fiz? Não. Eu confiava no sistema. Mas o sistema nunca esteve realmente do meu lado. — O quê utilizado era acusatório, mas rapidamente o príncipe desfez a postura, voltando a encarar as próprias mãos. — Eu não iria devolver violência com violência. Eu sou idiota e burro, mas acredito que há uma luz no fim do túnel para Njord. Ele é ignorante. Todo mundo vive na ignorância. Eu não era quem sou hoje, mas fui aprendendo, desconstruindo muitas falas e pensamentos preconceituosos. Ele pode. Todo mundo pode. Mas eu também acho que isso depende de você, professor. Matérias nos primeiros anos que falem sobre preconceito, diversidade... Somos diversos nessa escola, mas nossa educação é engessada em um padrão que não dá margem nem para sonhar. Vilão se é filho de vilão; mocinho se é filho de mocinho; você é príncipe, case-se com uma princesa, tenha filhos legítimos e herdeiros...
— Ever, podemos discutir todas as suas pautas em outro momento. Agora, temos alunos que desapareceram e preciso que colabore. — Merlin interrompeu a fala do príncipe, lançando o óculos sobre a mesa. — Eu conheço os problemas estruturais de Aether. Diante de tudo que já passamos, você não tem ideia do quanto nós aprendemos, evoluímos, mas é um processo. Eu sei que você está querendo escrever um Manifesto problematizando cada questão. Eu o receberia de bom grado, escutaria seus colegas e iria refletir junto de vocês mudanças, mas agora não é o momento. Nesse exato momento, eu quero encontrar sua amiga Cheryl La Bouff e os demais estudantes. E preciso da sua ajuda.
Merlin tinha razão. Não era para discutir o que quer que quisesse por anos. Portanto, ao assentir, Ever retornou à prestar atenção em cada questionamento que era feito, procurando se ater ao perguntado e não divagar sobre questões sociais.
— Recebemos a informação de que você foi visto em atitude suspeita perto do Trem Fantasma e que já disse ter interesse em “acabar com a raça de Cheryl La Bouff”. Em que contexto disse isso e por quê?
— Eu disse que acabaria com a Cheryl na dança. Nós temos essa-essa brincadeira. Nos desafiamos dançando funk. — Afirmou. Recusava-se a falar que era algo passado, pois, em verdade, não assumiria a possibilidade de esquecimento de Cheryl. Ela voltaria e iriam voltar a ter discussões idiotas sobre tudo. — E perdi minha varinha perto do trem fantasma. Estava procurando. Deve ter sido isso que viram. Fiquei agitado por ter perdido a varinha. Posso ter feito alguns objetos virarem coisas estranhas. — Encolheu os ombros com a fala. Era patético, mas era verdade. O aprendiz quase indagou se as perguntas haviam terminado uma segunda vez quando outra fora proferida, fazendo-o suspirar pesadamente. Estavam ali havia quanto tempo?
— Fomos informados de que se meteu em um desentendimento no final do passeio. Se importaria de explicar o motivo?
— Desent-ah. — Rapidamente se lembrou da discussão com Alistair. Ora, os dois não se conheciam de verdade, mas Alistair havia feito uma piada que despertara a irritação de Ever. Sua fala começara educada, simpática, mas rapidamente a burrice e a ignorância de Charming fê-lo perder o restinho de paciência. — Alistair fez uma piada idiota, quando fui conversar, discutimos. Ele disse para que eu “virasse homem” e depois “parasse de surtar igual uma garotinha”. — Havia se cansado de simplesmente ouvir calado, também.
— Só isso? — A Fada Azul se inclinou, fazendo-se perceptível para o príncipe.
— Sim. Só isso. Gritamos um com o outro e depois me afastei para não perder o controle. Acabei de ganhar esse poderes e ainda não sei exatamente como utilizá-los. — Explanou para a mulher antes de se voltar para Merlin. A pena mágica não parava de escrever e o som do papel sendo rasurado poderia ser irritante, todavia, o mago não deixava tempo para que qualquer coisa fosse perceptível. Ainda havia o luto pela perda de sua amiga a ser vivenciado e o diretor não estava disposto a lhe dar esse tempo naquela sala. Precisava focar nas respostas.
— É verdade que passou quinze minutos sozinho antes de se encontrar com o grupo? E que por isso foi um dos últimos a chegar ao ponto de encontro? Por que isso ocorreu?
— Eu tenho uma ex-namorada. Na verdade, não namoramos, mas tentamos. Só que ela tem tanto medo de me ferir que acabou se afastando. Nos encontramos na sala dos espelhos e ela disse que era nosso adeus definitivo. Que ainda tinha sentimentos por mim, mas isso não importa, não daríamos certo. — Não fora a fala de Alma, mas fora como Ever a interpretara. Não dariam certo porque, no fundo, Ever seria sempre o good guy. O cara que poderiam tirar sarro que se afastaria para não brigar, que não respondia violência com violência e que poderia ser acusado de traição quando não havia traído e ainda assim apenas se afastaria, depois de anos, sem provar seu ponto de verdade. O cara que, bem, você poderia chutar quando acontecesse algum problema porque a relação não era boa o bastante para se manter! Muitas coisas, sentimentos conflitantes e ele... Não precisava estar ali. Completamente descartável. Caras legais eram descartáveis. Começava a ser exaustivo ser o cara legal.
— Você está nervoso, Ever? — A indicação da Fada Azul fizera com que o príncipe olhasse para o ser mágico. Poderia não parecer uma pessoa suspeita àquela altura de seus depoimento, mas, ainda assim, testara a paciência da fada e do mago algumas vezes.
— Eu não estou nervoso, mas frustrado. Tem uma hora estou aqui, sentado. E, pelo que ouvi, falaram que fiz várias coisas suspeitas. Alguém está tentando me incriminar de ter sumido com doze aprendizes? — A melhor defesa era o ataque, certo? Testou, vagando o olhar de Merlin para a fada.
— Existe alguma razão para que algum de seus colegas possa querer te comprometer com respostas falsas? — Indagou Merlin, as mãos unidas sobre a mesa, inclinando-se para frente.
— Não sei. Eu achava possível que os alunos tomassem o poder e transformassem a vida de todos em um inferno durante a maldição do sono, mas aconteceu. Mas eu sei que eu não desapareci com doze pessoas, incluindo minha amiga. — Reafirmou. Se alguém o fizera, não fora Ever; e ele não acreditava que qualquer aprendiz tenha o feito. Não eram capazes.
Antes de efetivamente dispensá-lo, a Fada Azul analisou o príncipe alguns segundos, como se estivesse procurando alguma coisa errada. No entanto, logo o ignorou, voltando-se para Merlin. Não havia nada no rapaz.
— Tudo bem, Ever. Você está liberado. Guardaremos seu depoimento. Pode ir agora. — Assentiu para o príncipe que se colocou de pé para se retirar. Despediu-se com um aceno de cabeça para a fada e para o diretor, mas quando estava na porta, ouviu a voz de Merlin ressoar pelo espaço. — Tem certeza que não há nada mais que queira nos contar, Ever? Depois que passar por essa porta, não há nada que possa nos dizer.
No final, Ever possuía algumas coisas para dizer ou confessar. A primeira: roubara livros antigos de magia da sala do diretor, mas agora estes eram úteis para seu aprendizado. A segunda, havia informações que estavam sendo ocultadas, como, por exemplo, o fato do próprio Ever ter experienciado momentos de turbulência na sala dos espelhos. O fato de que Ever agora parecia ter trevas desejando entranhar em seu coração. Mas nada realmente ajudaria. Nada realmente útil para relatar ao diretor. Nada que traria Cheryl de volta. Então, aos poucos, a ficha finalmente caiu. Uma de suas amigas, aquela que poderia colocar no top 3, estava desaparecida. Poderia ter sido sequestrada, assassinada ou, bem, esquecida. E ele não sabia. E, se seguisse o que ocorreu a Jason Bee, jamais saberia.
— Ela foi esquecida? Cheryl?
— Não há provas que nos leve a descartar essa hipótese. Tampouco provas que corroborem isso.
O príncipe deixou com que uma risada curta e sarcástica deixasse seus lábios, negando com a cabeça. — Eu não tenho nada para dizer, professor. Obrigado.
9 notes · View notes
tresdedoze · 4 years
Text
𝐈 𝐖𝐈𝐒𝐇 𝐌𝐎𝐑𝐄 𝐓𝐇𝐀𝐍 𝐀𝐍𝐘𝐓𝐇𝐈𝐍𝐆 / TASK 003.
       Jovem decide procurar uma forma de acordar os dorminhocos de sua escola e descobre que vivia um relacionamento abusivo com um reino mágico; entenda.
Após compreender que nada que pesquisasse em Grimórios lhe seria útil, afinal, não possuía qualquer poder para aplicar o conhecimento mágico, recorreu a única alternativa que possuía: o reino encantado. O local que sua mãe mantivera em segredo, até que fosse a hora de revelar para os filhos, possuía uma magia antiga, poderosa e provavelmente uma das mais fortes que Thindrel conhecia. Ao menos, era como imaginava. Veja, o local conhecia os desejos dos príncipes --- inclusive, antes mesmo que seu irmão tivesse ciência de qual era seu desejo romântico, apresentara para si a figura de um jovem, da mesma idade que o irmão, com todas as características físicas que ele achava atraente. Assim que atravessavam o lago encantado, no subterrâneo, eram levados para um salão aberto em que poderiam dançar a noite inteira, tal como conversar com princesas e príncipes encantados que pareciam conhecê-los mais do que qualquer outro. E era uma das razões para sempre retornarem, é verdade.
Estava sozinho, pois, quando pensara na possibilidade de roubar uma flor mágica, não imaginou que seus irmãos iriam concordar. Jürgen, o mais velho e o que herdaria a coroa, diria que outros poderiam cuidar disso e que não precisariam envolver o reino de sua mãe, tampouco revelar o segredo que por anos mantiveram bem escondido. Poderia causar um frenesi caso descobrissem. Flores mágicas com poder ilimitado --- até onde sabiam --- era apenas uma receita para o caos completo. Era por isso que não falavam do reino encantado; e era por isso que estava sendo mantido em sigilo, escondido da visão megalomaníaca. Ainda assim, quando a terceira hora do dia chegou, com o negrume intenso da madrugada, o alemão não se demorou em sua cama. Era verdade que não chegara a dormir, pois Njord não o deixaria em paz até que conseguisse o que queria --- que imaginava ser levá-lo à cova, mas Ever sempre foi um tanto quanto teimoso demais. Assim, com cuidado, deixara as dependências do castelo, caminhando até o pátio externo atrás da casa da Aderem.
O local escolhido para o portal era até mesmo adequado, pois, o brilho que irradiava sempre que as escadas douradas se revelava, não chegaria a acordar nenhum aprendiz. Agora, se já estivessem acordados, Ever poderia ter problemas seríssimos. E por isso o cuidado e a cautela para não ser seguido, ou visto, ou até mesmo criasse desconfiança nos demais. Assim, quando alcançara as pedras, não se demorou em começar. Do mais velho, seu irmão Jürgen, para o mais novo, Stefan. E na última pedra, com desenho da flor favorita de sua mãe, ele rodopiou três vezes, como o recomendado no livro que sua mãe deixara para consulta.
Afastou-se rapidamente, pois o solo começou a se expandir até que revelasse a escadaria com corrimão de ouro. O brilho que irradiava pelo local era suspeito, portanto, sendo o único presente, o alemão rapidamente começou a descer as escadas, sentindo-se menor em cada passo. Era sua primeira vez sozinho naquele local, sentia um aperto em seu estômago crescente. Uma ansiedade para saber o que veria sozinho. Com seus irmãos, era mais fácil, pois preenchiam o ambiente com risadas. Agora, era capaz de ouvir os próprios passos.
Ao alcançar o porto onde os barcos geralmente ficavam, viu-se diante de apenas um. O lago encantado brilhavam, e seu reflexo parecia monstruoso ao se aproximar da água cristalina. Estava horrível. Seu cabelo estava sujo, e seus cachos caíram pela testa; orelhas profundas abaixo de seus olhos que somente seriam curadas com muito cuidado em sua pele; claramente precisava de uma hidratação, mas nenhum tempo para tal. Urgh, odiava aquela situação que o impedia de se cuidar! E, bem, era claro que pensaria em sua aparência em um momento como este, não é? Precisava de uma hidromassagem também.
Adentrou a barca com extrema facilidade, afinal, fazia com frequência. O percurso parecia maior quando se está sozinho, assim ele tivera oportunidade de observar como as estalactites que formavam uma abóboda acima de sua cabeça. Não lhe assustava, mas soava-lhe extremamente belo. Ao redor, o espaço parecia bem maior. Tanto que, aos poucos, o tal lago perdera essa definição em sua mente; era tão grande que não se podia ver a margem. Mas nada lhe prendeu mais a atenção que o porto onde atracaria. O cais reluzia, pois também era feito de ouro puro.
A corda da sua embarcação fora presa em uma estaca ao lado, e Thindrel pisou na grama verde e macia, sentindo-se revigorado ao fazê-lo em seu espírito. Entretanto, diferentemente do que imaginava, estava ligeiramente mais cansado que quando chegara. Mas a sensação logo desaparecera ao começar a caminhar no salão de baile a céu aberto, onde os arbustos escondiam em seu interior as flores acinzentadas. Pela história de sua mãe, Thindrel sabia que arrancá-las daquele espaço não limitaria seu poder. Continuariam funcionando e era com isso que ele contava.
Não se demorou em correr na direção de um dos arbustos, procurando por um flor. Acabara por encontrar um broto que nascia, enquanto uma mais velha, que parecia estar há ano ali brilhava para si. Arrancara a mesma, mas por alguma razão, uma só não lhe soou suficiente, fazendo com que arrancasse uma segunda, segurando-a firmemente em suas mãos.
Dizer que não ouviu a música que começou a tocar pelo ambiente era uma mentira. Ele ouviu, mas precisou ignorar. Não queria dançar. Mesmo que, quando virou-se na direção da saída, o príncipe tenha percebido que duas figuras sorriam para si, como um convite. Era o que ele desejava, mesmo que não soubesse, mesmo que tivesse características físicas que lhe chamavam tanta atenção quando a personalidade. Figuras que tinham tudo que ele precisava para permanecer.
Não, não eram rostos conhecidos. Não era como o reino encantado funcionava. Mas era uma versão melhorada, perfeita, de uma princesa que poderia se perder por horas dançando com Zraa, sem se cansar. Um príncipe que poderia lhe mostrar mais do que estava habituado. E, bem, eram fisicamente perfeitos, brilhantes, alegres... Irradiavam algo que fazia com que Ever desejasse permanecer, mas ele não podia, mesmo que quisesse.
— Hum, oi. Acho que não nos conhecemos... — comentou para a figura nova que lhe apareceu. Por alguma razão completamente desconhecida, colocou a mão com as flores para trás, como se pudesse escondê-las. Estava roubando, no final das contas. E era estranho cometer um crime em prol de um bem maior.
— Eu sempre estive aqui, esperando que me deixasse aparecer. — Por uma fração de segundo, pensou que, de fato, poderiam sentar e conversar acerca de todas as ideias confusas do príncipe. No entanto, ele não tinha tempo. Logo poderiam notar que desaparecera.
— Vou pensar isso na próx-
­— Vai nos abandonar sem uma dança, meu príncipe? — O timbre suave e feminino acabara por deixá-lo tonto por um momento. Parecia lutar contra amarras invisíveis, é verdade.
— Eu realmente preciso ir. — Evitando passar perto das figuras que falavam consigo, Thindrel andou em diagonal, mas rapidamente fora seguido. Nunca pensara em como soava mais estranho do que necessariamente encantado.
— Evie, nós estamos aqui. Você mesmo disse que o mundo lá fora é cruel, dividido e jamais vai mudar.
— Aqui o mundo pode ser o que você quiser. Somos o que você sempre quis, mesmo que não soubesse que queria. — A conclusão no tom mais greve e aveludado fizera-o hesitar em seus passos. Era verdade.
O mundo encantado se manifestava de forma estranha para muitos, mas era exatamente o que os príncipes sempre desejaram, mesmo que não soubessem. Era o que Ever sempre desejou. Era a memória de sua mãe, a figura da mulher ainda viva dentro de sua casa; era a possibilidade de um mundo perfeito, sem que se preocupasse com o que viria a seguir; em lugar onde não apanharia por preconceitos externos, em que sua voz seria ouvida.
Ainda assim, seus irmãos menores estavam dormindo, amigos, Merlin... Ele não poderia ficar. Havia pessoas que Ever amava do outro lado, pessoas que estava conhecendo e que não queria se ver longe. Ao mesmo tempo em que pensara de tal forma, percebera o estranho movimento na face da princesa.
— Vai nos abandonar por pessoas que não te amam como nós o amamos?
— Eu não — começou, mas acabara sendo cortado.
— Nós te amamos, Ever. Ninguém vai amá-lo da mesma forma. — Por uma fração de segundo, pensou em Ara, e em como sempre prometeram um para o outro que não importasse quantos namorados tivessem, sempre iriam estar presente.
— Arabella não ama você. Você é o Duff dela. Quando você está por perto, olham para ela; você é só o segundo melhor. É a sombra. O capacho. — Havia inseguranças e pensamentos que passam por sua mente por um milésimo de segundo, quando está em seu quarto, ouvindo sua playlist deprê e pensando em como queria o amor da sua vida e estava muito difícil encontrar. Em momentos como esse, você pensa que não é bom em nada, que ninguém gosta realmente de você e que, bem, será sempre o segundo em tudo.
— Njord vai acabar te matando um dia! Nos disse isso, lembra? Que tinha medo dele. Medo do que ele poderia fazer porque te odeia. Porque odeia viadinho — o modo como a palavra soara, fizera com que Ever se encolhesse. Seu coração parecia correr uma maratona. E era uma verdade. Um dos maiores medos de Ever, por si e por outros, era virar uma estatística de crime de ódio. — É assim que ele te chama todos os dias. Aqui, se ficar, ninguém vai chamá-lo assim.
— Não me importo com Njord! E vocês estão errados sobre a Ara. Ela nunca-nunca
— E Melena? Ela o despreza! Discursou sobre seus ideias com ela e o que ela fez? Ignorou completamente o que você disse. — Uma boa argumentação, é verdade. O suficiente para que o príncipe engolisse em seco, pois a sensação ainda era presente. — E o Fa? Ele também não levou você a sério. Disse que você estava relativizando as ações daquelas pessoas. Ninguém o compreende como nós, Ever. Ninguém.
Aos poucos, as mãos que outrora seguravam a flor, pronto para fazer um desejo, encararam a face daquela que usualmente era sua princesa encantada; que despendiam tempo em conversas e danças. Ela o conhecia como ninguém poderia, jamais, conhecê-lo.
— Seu pai sequer sai do quarto para te ver em seu retorno para casa. Nós estamos sempre aqui para recebê-lo, meu príncipe. Poderia ter o mundo perfeito ao nosso lado. Não precisa voltar.
O alemão levantou a cabeça, olhando ao redor. Era, realmente, um mundo perfeito. Com as flores mágicas, poderia desejar estar em qualquer lugar e ele iria. Poderia transformar aquele espaço em qualquer lugar. E jamais estaria sozinho. Tinha sua princesa.
— Coral sempre te usou. Ela sempre quis um estepe e você estava lá sempre que ela precisou. Nós não fazemos isso. Você é nosso tudo! — Coisas boas de se ouvir, é verdade. Coisas que seduziram ao príncipe de tal forma que não tinha como competir com aquilo. Mesmo que fossem inverdades ditas sobre os personagens da sua vida, o timbre doce sempre completamente evidenciando que, naquele lugar, ele era tudo.
— Ninguém é bom o bastante para você. Grimm, Meili, Neevan, Alyssa... Nós somos. — Havia certas palavras chaves em uma conversa. E, naquela em especial, a ideia de que alguém de veria ser bom o bastante para outra pessoa. Ever aprendera com sua mãe que ninguém era melhor do que ninguém  — e o próprio sempre tivera essa crença, no final das contas.
Genevieve era, e sempre será, a figura que ele conhecera com os ideais mais puros — ainda que os anos na presença da mulher tenham sido mínimos. E, mesmo que não valesse a pena, mesmo que o mundo fosse cruel, sua mãe sempre acreditou que ele merecia ser salvo. Merecia uma chance. Mesmo que as pessoas fossem cruéis, deveria se abrir, deixar com que se aproximassem e conhecessem a figura incrível que ele sempre foi, nas palavras de sua mãe. E aquela imagem de Genevieve jamais seria tocada, mesmo que tentassem fazer o mesmo.
— Minha mãe sempre disse que fazer o que era certo independe do que os outros fizeram com você. E que mesmo que você seja muito bom em algo, jamais será melhor do que o outro porque isso não existe. Posso ser muita coisa para todo mundo, mas se posso quebrar esse feitiço, farei. — E, então, levantou os braços. — Eu desejo voltar para Aether!
As coisas funcionavam bem rápidas com magia, ele percebeu. Bastou que enunciasse o desejo que em segundos estava no pátio onde tudo começara, segundo um par de flores e enjoado. Tão enjoado que Thindrel correu para o arbusto mais próximo, vomitando. Sinceramente, como Ara lidava com aquilo? Ugh. Mas, de qualquer modo, conseguira o que fora buscar. Mesmo que tenha ganhado algumas cicatrizes interiores.
— Eu desejo — parou, olhando para as flores. — Eu desejo, mais do que qualquer coisa, quebrar o feitiço do sono em Aether. — Porque fosse verdade ou não tudo que escutara, sua mãe estava certa sobre algo: independente do que pensavam, ou faziam, se havia uma mínima chance, haveria de tentar consertar as coisas da forma que sabia. Agora, seria isso o suficiente para acordar todo mundo?
9 notes · View notes