I
enquanto eu brincava de índio na praia
você se transformou em
uma maravilha tecnológica
máquina de bolinar máquinas
II
enquanto o homem de terno
dançava sobre o homem de crachá
que dançava sobre o homem de farda
que dançava sobre o homem de macacão
que cantava músicas para jesus cristo
eu estava na praia
brincando de índio
quando a polícia chegou
III
seu corpo relinchava
enquanto a internet forjava
o novo formato da sua coluna
meu amor
você se parece cada vez mais
com uma cadeira de escritório
talvez com rodinhas
você rodopie
você queria ser bailarina ou veterinária
eu queria ser índio ou astronauta
que bolsa bonita
comprei na zara
adorei seu cabelo
estou fazendo terapia com cristais
enquanto eu brincava de índio na praia
você inventava a pólvora
IV
eu brincava de índio na praia
rezava para os elefantes
comungava com os pássaros
minha igreja era um chá de gosto ruim
ver um elefante
era coisa comum
como avistar um automóvel
minha vida era uma selva
até que a alegria foi considerada
uma forma de selvageria
análoga à barbárie
tipificada como terrorismo
eu brincava de terrorista na praia
quando os americanos chegaram
V
meu amor
seus seios se parecem cada vez mais
com uma tela sensível ao toque
enquanto eu bebia sangue na praia
você fazia exercícios aeróbicos
para salvar sua bunda
da morte certa
às vezes
tenho vontade de largar tudo
comprar um carrinho de coco
virar índio ou astronauta
você ainda está viva
e também pode largar tudo
para ser bailarina ou veterinária
precisamos guardar algum dinheiro
para pagar a faculdade das meninas
precisamos largar tudo
ontem nossa caçula viu elefantes
nas celas do zoológico
— Monumento ao Jovem Monolito (publicado no Jornal Cândido nº47 Jun/2015), André Dahmer
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monumento ao jovem monolito (andré dahmer) I enquanto eu brincava de índio na praia bianca franco você se transformou em uma maravilha tecnológica máquina de bolinar máquinas II enquanto o homem de terno dançava sobre o homem de crachá que dançava sobre o homem de farda que dançava sobre o homem de macacão que cantava músicas para jesus cristo eu estava na praia brincando de índio quando a polícia chegou III seu corpo relinchava enquanto a internet forjava o novo formato da sua coluna meu amor você se parece cada vez mais com uma cadeira de escritório talvez com rodinhas você rodopie você queria ser bailarina ou veterinária eu queria ser índio ou astronauta que bolsa bonita comprei na zara adorei seu cabelo estou fazendo terapia com cristais enquanto eu brincava de índio na praia você inventava a pólvora IV eu brincava de índio na praia rezava para os elefantes comungava com os pássaros minha igreja era um chá de gosto ruim ver um elefante era coisa comum como avistar um automóvel minha vida era uma selva até que a alegria foi considerada uma forma de selvageria análoga à barbárie tipificada como terrorismo eu brincava de terrorista na praia quando os americanos chegaram V meu amor seus seios se parecem cada vez mais com uma tela sensível ao toque enquanto eu bebia sangue na praia você fazia exercícios aeróbicos para salvar sua bunda da morte certa às vezes tenho vontade de largar tudo comprar um carrinho de coco virar índio ou astronauta você ainda está viva e também pode largar tudo para ser bailarina ou veterinária precisamos guardar algum dinheiro para pagar a faculdade das meninas precisamos largar tudo ontem nossa caçula viu elefantes nas celas do zoológico
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