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#Gonçalo Pena
divagadortragico · 3 months
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Gonçalo M. Tavares – “Homem”
Gostava de vos dizer uma coisa para terminar. Às vezes tenho medo, muito medo. Às vezes sofro. Às vezes, penso nas pessoas que amo e penso na possibilidade de as perder. Às vezes vejo alguém doente e fico incomodado. Pode não ser um amigo ou um familiar. Posso estar a vê-lo pela primeira vez. Mas fico incomodado. Aquela doença pertence-me. Todas as doenças pertencem a toda a gente. Todos os sofrimentos pertencem a toda a gente. Todas as mortes pertencem um pouco a toda a gente. Às vezes sinto isso muito,outras vezes sinto menos. Quando sinto menos posso preocupar-me com o mundo, brincar com a poesia, com a filosofia e com as palavras.Mas quando sinto, deixo de conseguir pensar. Quando sofro ou sinto o que alguém sofre, deixo mesmo de querer ser inteligente. Deixo de querer parecer inteligente. Se estivermos cheios a sentir, não temos espaço para pensar. Não fazem sentido as lógicas, as filosofias, as discussões. Todo o nosso corpo sente. E o que resta? Nada.Só existe aquela morte, aquela doença, aquela velhice. Só aquele pai que amo e está a envelhecer. Só aquela mãe que amo e está a envelhecer. Só aquele amigo que morreu num estúpido acidente. Só aquele amigo que se tornou amargo porque a mulher o deixou. Só o amor e a falta de amor. As mulheres que nos enganam e as mulheres que são enganadas, as mulheres e os homens que enganam. Os amigos que deixam de o ser, alguns inimigos que morrem, e temos pena. Que importa o resto? Onde está o livro importante? O filme que resolve? Podemos chorar à frente de um quadro, mas não resolve nada. Podemos pintar um quadro, escrever um poema, mostrar às mulheres bonitas como somos bonitos, exibir o nosso corpo, mas que adianta? Estamos sozinhos. Se não estamos, vamos estar. Os amigos vão-nos deixando, vão-nos deixar. Vão morrer ou nós vamos morrer. Ou então deixam de nos telefonar, ou então deixamos de lhes querer telefonar. Estamos sozinhos. As pessoas que amo vão morrer. Os livros não resolvem nada. A poesia é bonita e por vezes descansa, acalma, mas não resolve nada, não resolve nada. Somos artistas ou não somos, e qualquer coisa que seja não adianta nada e nada impede. Escrevemos poemas, mas não ajudam ninguém. Escrevemos peças de teatro, sorrimos, tentamos pensar, tentamos ter ideias, tentamos distrair as pessoas, tentamos fazer pensar as pessoas, tentamos fazer chorar as pessoas, e isso é bom, e até pode ser bonito, mas não adianta nada, não resolve nada, não adianta nada.
in Gonçalo M. Tavares, O homem ou é tonto ou é mulher. Porto: Campo das Letras, 2002. pp. 74-76
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oraculodosbasbaques · 5 months
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janeiras
Parece que hoje é Janeiro, está um frio de rachar. O mundo não se uniu especialmente para me tramar, existe porém um espírito-do-tempo paranóico que convoca as gentes para se sentirem mesmo lixadas, sobretudo por outras. Como se a qualquer momento alguém fosse surtar, descarregando tudo nos cárpicos. A estupefacção com que assistimos à decadência das relações pessoais e internacionais e a surpresa com que vimos os porcos triunfarem, deu lugar a uma apatia que já nem silêncios ensurdecedores grita. É outra coisa mais fria.
Andamos cansados e gelados. Os juros altos, a precariedade, a miserável liderança, sempre vestiram aos dias lusos um habitual casaco sem penas. Juntando a isso, calçamos agora os traumas da sobrevivência a confinamentos passados e o medo do mal humano, a medrar a Este e a Médio-Este, desaperalta os nossos corações. A imagem da desumanidade nos olhos abertos de uma criança palestiniana morta, fita os nossos olhos vivos e covardemente fechados de adulto português sem guerras.
Esfrego as mãos voltando da Volta do Duche, caminham à minha direita e à frente várias chaminés, não só as duas colossais, as Reais, como também as humanas. Exalo também eu fuligens. A curiosidade é - me omnívora, perco tempo a indagar-me, sobretudo. E sobre nada. Coisas muito importantes e outras menos. Quantos frangos poderiam ser churrascados em simultâneo naquele Palácio? E se o ciclo da vida desses poucos humanos que atingem a glória fosse começar por ser uma estátua cagada pelos pombos, depois nascer da pedra velho, receber aplausos e enfim passar o resto da vida a ser apenas um miúdo ou miúda, simplesmente ociosos, a não tentar desesperadamente ser aceite pelo resto da espécie?
Já na Estefânia, cruzo o MuSa vislumbrando o IEFP, o “Centro Dzemprego “ como errada e fatalisticamente o apelidam tantos sem trabalho. Um centro de desemprego à frente de um museu de arte. Sorrio. Ponho o carro a trabalhar e a aquecer-me. Este mês fez cento e cinquenta mil quilómetros. Falta pouco mais do dobro para aterrar na lua e dezassete para aterrar em casa.
Travo, saio, escurece. Puxo o fecho do casaco. Ecoam-me as frases feitas da propaganda política gamando tempo de antena à rádio há segundos. Os políticos são as pessoas mais bem preparadas do planeta para esconder vícios e sublinhar virtudes, ao contrário de nós, os menos políticos. Ou estaremos cada vez mais políticos e menos correctos? Relembro a criança de dez anos que ontem, apresentando-se a votos num projecto de democracia na sala de aula que estamos a criar, respondeu aos seus eleitorzinhos: “não tenho qualidades, às vezes nem sou boa pessoa. Mas sou bonito e tenho ideias”.
Lá para os idos de Março isto vai ficar mais quente. E bonito?
Gonçalo Fontes
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pacosemnoticias · 10 months
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Mais de 100 internos pedem melhor formação e exigência nas contratações
Mais de uma centena de médicos internos apelaram ao ministro da Saúde para garantir a fixação de médicos especialistas no SNS que assegurem a capacidade e excelência formativa e pedem exigência nas contratações, recusando exceções.
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Numa carta aberta a que a Lusa teve acesso e que é assinada por mais de uma centena de médicos internos de centros hospitalares de Norte a Sul do país, os profissionais manifestam preocupação com o futuro da formação médica e insistem que "só há futuro de houver presente".
"A formação de médicos internos exige que sejam dadas condições para fixar médicos especialistas", consideram os internos, lembrando que "a qualidade dos cuidados de saúde está diretamente relacionada com o grau de especialização dos médicos".
Questionado pela Lusa sobre se a formação dos internos estava já a ser prejudicada, Gonçalo Pinto Soares, que representa este movimento a que chamam "Internos pelos Internos", afirmou: "Tenho mesmo que dizer que dizer que sim".
"O facto de estarmos a perder aquelas pessoas que têm mais conhecimento e são mais capazes para ensinar e formar os médicos mais jovens, faz com que os médicos internos tenham que se desdobrar em muito mais trabalho, (...) estejam a ser chamados a realizar mais horas de enfermaria, mais horas nas urgência (...) não tendo o tempo precioso para realizar as técnicas mais diferenciadas e perdendo contacto com o bloco [operatório]", afirmou.
E acrescentou: "Porque estarmos sempre ser chamados para trabalhos extra (...) acabamos por perder tempo necessário para aquilo que é uma coisa também muito importante que é o estudo autónomo, em casa, para podermos fazer investigação".
Na missiva, os médicos internos lembram que são mais de 10.000 (cerca de um terço de todos os médicos no SNS) e afirmam que são os médicos internos que cumprem "uma percentagem extraordinariamente significativa da atividade hospitalar e nos cuidados de saúde primários, incluindo as mediáticas escalas de urgências".
Defendem que a falta de perspetiva de estabilidade profissional "tem comprometido não só a prestação de cuidados especializados, mas também a capacidade de garantir uma formação de qualidade aos médicos internos".
"Não podemos permitir que este aspeto seja ignorado na discussão pública, pois é nele que reside toda a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde e é, por isso, urgente valorizar e respeitar os médicos especialistas, sob pena de se hipotecar o futuro da saúde em Portugal", escrevem.
Exigem "saúde de qualidade para todos", sublinhando que "não pode haver cuidados de saúde de primeira e de segunda categoria" e que o sistema de saúde português "tem de ser orientado pela excelência".
Isto só é possível -- insistem -- "com processos rigorosos e transparentes que têm estado intrinsecamente associados ao internato médico, ao reconhecimento de qualificações e à sua supervisão técnica, impedindo a usurpação de tarefas de medicina especializada por quem não tem as competências exigidas para a prática clínica em segurança".
Defendem ainda que a contratação de médicos "jamais deverá acontecer sem as devidas provas curriculares e académicas que garantam a sua competência e qualificação".
"Defendemos uma medicina de qualidade para todos, e a única forma de o conseguir é não abrindo exceções no que diz respeito aos cuidados de saúde especializados", escrevem.
Em declarações à Lusa, Gonçalo Pinto Soares acrescenta: "Nós podemos ser uma incubadora de mega projetos científicos, porque os médicos portugueses são todos carolas, é tudo malta que gosta de trabalhar, gosta de explorar e de criar coisas novas. Somos pessoas motivadas que, se continuarmos a levar estas caneladas, vamos desmotivando".
A carta aberta é assinada por médicos internos de diversas unidades de saúde, entre elas o Centro Hospitalar Barreiro Montijo, Centro Hospitalar de Leiria, o Hospital da Senhora da Oliveira (Guimarães), o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Hospital Garcia de Orta e Centro Hospitalar Universitário São João.
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noticiassoltas · 1 year
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Schmidt revela o tempo de paragem de Guedes: "Não conseguia continuar"
Avançado português vai estar de fora pelo menos um mês e meio. Roger Schmidt revelou, este sábado, que Gonçalo Guedes estará afastado dos relvados por, pelo menos, um mês e meio, depois do internacional português ter sido operado ao joelho na sexta-feira. “É uma pena. Já tínhamos a situação do Draxler, já faltava um jogador de qualidade. Agora, o Gonçalo voltou ao Benfica, estava motivado por…
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newnoticiasjk · 1 year
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Terceiro bebê dos quadrigêmeos do RJ tem alta e vai para a casa #bolhaedu #bolhadev visite nosso portal de #noticias
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Bebês nasceram em Niterói, no dia 2 de janeiro. Agora só falta o menino Miguel atingir o peso adequado para se juntar às irmãs. Jade: roupinha vermelha para sair da maternidade e sorrisinho pra foto Arquivo pessoal Mais um bebê dos quadrigêmeos nascidos no Rio de Janeiro, no dia 2 de janeiro, teve alta. Quem deixou a maternidade desta vez foi Jade, que atingiu o peso adequado e já pode se juntar às irmãs Bela e Linda, que já estão em casa. Os bebês são filhos do economista Jimes Fernandes, 35 anos, e da monitora de qualidade Pâmela Senna, também de 35 anos. Com a saída de Jade, resta apenas Miguel atingir o peso adequado para que o quarteto todo fique reunido com a família. "Está sendo difícil, as noites têm sido cansativas. Minha mãe está ficando com elas para eu ir ao hospital, visitar o Miguel, mas estou muito feliz. Tem sido uma delícia ficar com as meninas em casa! Elas são muito boazinhas, quase não choram", contou Pâmela. Bela, Linda e Jade: irmãs reunidas Arquivo Pessoal Pâmela enfrentou um novo desafio nesta quarta-feira (8), que foi levar as três bebês ao pediatra. "É cansativo, muita correria, mas vale a pena", disse a mamãe que foi recompensada com a nota dez das filhotas no médico. Ela também contou que Miguel, que é o menorzinho a turma, deve demorar um pouco mais para sair, mas que sua evoluçã é boa e segue dentro do esperado. Pâmela buscando Jade Arquivo pessoal Os quadrigêmeos A gravidez dos quadrigêmeos ganhou contornos dramáticos, pois, a família, que é de Macaé, teve que se mudar para São Gonçalo, para ficar mais perto do hospital em Niterói, que oferecia acompanhamento adequado, já que a cidade em que moravam não dispunha de UTI neonatal. Depois, Pâmela precisou ficou internada, em repouso absoluto por dois meses, para tentar levar a gestação o mais longe possível. Pâmela Senna e seu barrigão: repouso absoluto por dois meses Arquivo pessoal A previsão era a de que os quadrigêmeos nascessem no dia 13 de janeiro, depois mudou para o dia 3, mas Linda, Bela, Jade e Miguel não quiseram esperar e romperam a bolsa de líquido amniótico no dia 2 provocando o corre-corre no hospital. A alta em separado também já era esperada pelos pais, já que os bebês nasceram com grau de evolução diferentes. Bela e Linda não precisaram de respirador, e alcançaram o peso para a alta mais rapidamente. Jade e Miguel ainda estão nesse processo. Super time de médicos para dar conta dos quatro bebês Arquivo pessoal Família foi morar perto do hospital Para dar conta da nova rotina da família, o casal Jimes e Pâmela alugou uma casa em São Gonçalo, também na Região Metropolitana, para ficar mais perto e poder receber os novos membros dela à medida que eles forem deixando o hospital. Também foi montada uma escala de ajudantes para que Jimes e a mulher possam dar de cuidar dos bebês. "Quando vi que eram quatro, foi um susto, mas depois virou uma alegria. Também dá medo de não conseguir manter, comprar as coisas, mas foi dando tudo certo, todo mundo ajudando. Agora já tem até escala para cuidar dos bebês", diz. Jimes e Pâmela com seus bebês: deu tudo certo Arquivo pessoal
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leituranlouisecruz · 1 year
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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
A ilustre casa de Ramires é uma confessada representação de Portugal às vésperas de um novo arranque de colonização na África pela Europa. Encontramos em Eça de Queirós estrutura narrativa de encaixe que permite comparar o presente (final do século XIX) ao passado (século XII), mediante espelhamento de situações e comportamentos que desafiam o julgamento do leitor. Trata-se a narrativa encaixante de narrativa de uma narrativa. Dessa forma, o leitor tem diante de si duas narrativas: a primeira, relativa à vida do protagonista Gonçalo Ramires contada por um narrador de 3ª pessoa; e a segunda, encaixada, relativa a um episódio do passado medieval, recontada pelo protagonista.
Escrita e publicada em meio à instabilidade política da passagem da Monarquia Portuguesa para a República e, ainda, sob a humilhação do Ultimato inglês, a obra sugere um retorno ao colonialismo e à aristocracia como saída para Portugal. Dessa forma, o romance encontra forte comprometimento com a identidade cultural portuguesa.
A Ilustre Casa de Ramires é um romance da última fase de Eça de Queirós, voltada para a busca de uma solução para Portugal, depois dos romances-inquéritos da 2ª fase em que o autor focalizou as falhas da sociedade e da política portuguesas.
A obra tem uma dimensão simbólica e sintomática ou “alegórica”, ao apontar para a situação de Portugal na época do Ultimato inglês quando, ao atraso socioeconômico do país, se soma o sentimento de inferioridade dos portugueses.
Sob o ponto de vista formal, o romance é complexo e de escritura duplicada, pois representa o próprio Eça no seu processo de produção textual, seja pelas dificuldades da pena que emperra, seja pelos escrúpulos em relação aos textos do passado que o possam ter influenciado. Do mesmo modo, a polêmica solução colonial para o país permanece dialeticamente ambígua e aberta à avaliação do leitor.
OBSERVAÇÃO: Amigos leitores, peço-lhes gentilmente que respeitem os direitos autorais. Caso queiram utilizar algumas passagens de quaisquer textos meus aqui postados no Tumblr, por favor, referenciem meu nome e minha página nessa e em outra(s) redes sociais. LEITURAN® agradece! ❤️
Lei de direitos autorais n° 9610/1998
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wrcl · 1 year
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Igreja da Santa Cruz das Almas dos Enforcados
«A história é antiga. Remonta ao ano de 1821 quando, em abril, D. João VI volta a Portugal com toda a corte. Existia nesta época uma rixa entre brasileiros e portugueses em especial nas tropas. Os portugueses recebiam soldos mais altos e tinham preferência na ordem de recebimento. Aos soldados brasileiros ficavam as sobras, que nem sempre eram suficientes e, com isso, ficavam sempre com o pagamento em atraso por meses, às vezes anos. D. João VI, numa tentativa de pacificar esta situação decretou a igualdade nos soldos e eliminou a ordem de preferência. Mas como obedecer ao decreto se na partida o rei raspou o fundo do Tesouro e deixou D. Pedro, príncipe regente, na penúria? Na prática tudo permaneceu como antes.
Em três de junho daquele ano os soldados do Segundo Batalhão de Caçadores, estacionado em São Paulo, se revoltaram e exigiram o recebimento dos soldos atrasados. A revolta não teve grandes consequências. Tudo foi resolvido com uma conversa enérgica e convincente dos líderes, que acabaram acatando a exigência dos revoltosos, a situação se normalizou e ninguém foi punido.
Alguns dias depois, em Santos, talvez pelo exemplo do sucedido em São Paulo, aconteceu coisa parecida, mas com graves consequências. Na noite de 28 para 29 do mesmo mês, uma sexta-feira, os soldados se amotinaram, arrombaram o arsenal, tomaram as armas e munições e saíram em revolta pela vila. Líderes políticos locais e o comandante do Batalhão foram detidos, conduzidos ao quartel e obrigados a fazer o pagamento dos soldos atrasados. Não satisfeitos os revoltosos espalharam-se pela pequena vila de Santos assaltando moradores e o comércio local. Houve luta com marinheiros portugueses, tiros, feridos, mortes e mesmo disparos de artilharia contra um navio português que se encontrava no porto. O caos prosseguiu por toda a semana aterrorizando a vila de Santos, até que se enviou a tropa estacionada em São Paulo, a mesma que se rebelara dias atrás, que acabou controlando a situação.
No inquérito que se seguiu dividiram-se os amotinados em dois grupos: o dos cabeças do motim juntamente com os que cometeram mortes e roubos e os outros menos culpados. Estes ficaram para ser julgados depois, mas foram separados em grupos e enviados para trabalhos forçados em obras nas estradas. Acabariam sendo perdoados por D. Pedro em 1822 e reincorporados à tropa.
Quanto ao primeiro grupo, após o Conselho de Guerra e revisão por uma comissão nomeada pelo Governo Provincial, do total de 33 réus, sete foram condenados à pena capital e os outros receberam outras punições. Decidiu-se também que aqueles nascidos no litoral, em número de cinco, seriam executados em Santos imediatamente, e os dois nascidos no Planalto seriam executados em São Paulo.
Como não havia forca em Santos, os cinco condenados foram executados em uma das vergas do navio “Boa Fé”, o mesmo que havia sido alvo das cargas de artilharia dos revoltosos.
Os dois nascidos em São Paulo acompanharam o grupo daqueles que vieram cumprir suas penas de galés no Planalto. Aqui chegando foram presos na Cadeia Pública que ficava no Largo de São Gonçalo, atual Praça João Mendes. O prédio, que abrigava também o Senado da Câmara ficava exatamente onde hoje começa o Viaduto D. Paulina, ao lado da Igreja de S. Gonçalo.
Nesse meio tempo construía-se a forca em São Paulo, pois a que existira antes estava deteriorada por falta de uso. Era localizada no Morro da Forca, onde hoje é a Praça da Liberdade. O morro seria aplainado muitos anos depois e sua terra usada nos aterros da baixada do Glicério. Ficou pronta em sete de setembro daquele ano e as despesas todas montaram a 76. 620 réis. Entre as despesas, duas curiosidades: 640 réis para duas meadas de barbante para a corda e 480 réis ao barbeiro para afiar o cutelo. Não existia corda pronta para vender em São Paulo. Mas para que afiar o cutelo tratando-se de enforcamento? A explicação está na cerimônia macabra que era a pena capital. Após o enforcamento, a vítima era retirada da laçada e o carrasco a decapitava. O corpo então era enterrado no cemitério dos Aflitos, uma quadra e meia abaixo. A cabeça era salgada, colocada num caixão e levada para a cadeia. Depois seria transportada e exibida em outras vilas do interior da província como exemplo.
Os infelizes que subiram a serra para o suplício eram o cabo Francisco José das Chagas e Joaquim José Cotindiba. Este não era conhecido do povo de São Paulo, mas o primeiro era filho de pessoas estimadas e muito popular entre a pequena população da cidade. A família, humilde, residia numa casa simples da Rua das Flores, atual Silveira Martins, onde Chaguinhas, como era conhecido, passara a infância.
No dia 20 de setembro, após os condenados passarem o dia anterior em retiro espiritual no oratório da Cadeia com assistência de um sacerdote, colocaram as alvas, espécie de camisolões, e foram levados ao Morro da Forca. Uma caminhada de uns 200 metros.
O primeiro a subir foi Cotindiba. As mãos foram atadas às costas e depois de encapuzado foi ajustada a laçada ao pescoço. O enforcamento deu-se sem incidentes. Depois foi Chaguinhas que passou pelo mesmo ritual sinistro. Mas quando foi retirada a tábua que o sustentava e o corpo caiu no vazio, a corda arrebentou! O povo clamou por Misericórdia e os membros dessa Irmandade cobriram-no com sua bandeira para dar-lhe imunidade. Mas os apelos não surtiram efeito, as autoridades ignoraram a tradição e optaram pela pena exemplar. Mais uma vez Chaguinhas sobe ao patíbulo e enfrenta o ritual da morte. E mais uma vez, para surpresa geral, acorda se arrebenta. Outra vez clama o povo à Comissão do Governo pelo perdão tradicional. E mais uma vez é negado e desta vez, por ordem de Martim Francisco de Andrada, toma-se um trançado de couro no Matadouro à guisa de corda para o suplício. Chaguinhas é finalmente executado.
Ao povo consternado e convencido que um inocente havia sido supliciado só restou orar pela alma dos enforcados. Conforme o antigo costume alguém providenciou uma cruz que foi colocada ao lado da forca. Outros providenciaram uma pequena mesa onde sempre se acendiam velas pelas almas. Conforme o local ia se alterando e sendo habitado, a cruz e sua mesa foram sendo deslocados até o local onde hoje está a Capela atual.»
(Por Edison Loureiro - São Paulo Passado)
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petrosolgas · 2 years
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Mineradora Vale abre 700 vagas exclusivas para candidatos SEM EXPERIÊNCIA de cinco estados brasileiros
A Mineradora Vale, multinacional brasileira e uma das maiores operadoras de logística do Brasil, está com vagas sem experiência para aqueles que buscam seu primeiro emprego. O seu programa Jovem Aprendiz conta com oportunidades em 5 estados do país com foco em pessoas com idade entre 18 e 22 anos. Os aprendizes terão a chance de trabalhar em uma grande empresa, com direito a curso de qualificação profissional e vários benefícios. A empresa disponibiliza, ao total, 700 oportunidades no Espírito Santo, Maranhão, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pará.
Lista de cidades contempladas com as vagas sem experiência da Mineradora Vale
O Programa Jovem Aprendiz da Mineradora Vale é uma oportunidade essencial para a população jovem, tendo em vista que, além da experiência profissional, os mesmos terão curso de qualificação gratuito e com emissão de certificado. Para concorrer às vagas de emprego é necessário estar dentro dos requisitos exigidos, como ter idade de 18 a 22 anos, é importante ressaltar que, para pessoas com deficiência não há limite de idade, residir na mesma cidade da vaga, ensino médio completo e estar disponível por um ano para participar do programa Jovem Aprendiz.
Confira a seguir as localidades que contam com vagas sem experiência abertas:
Minas Gerais:
Ouro Preto;
Montes Claros;
Itabirito;
Jaíba;
Rio Piracicaba;
Mariana;
Brumadinho;
Conselheiro Pena;
Belo Horizonte;
João Monlevade;
Ouro Branco;
Barbacena;
São Gonçalo do Rio de Baixo;
Nova Era;
Governador Valadares;
Congonhas;
Barão dos Cocais;
Itabira;
Santa Luzia;
Conselheiro Lafaiete.
Pará:
Parauapebas;
Canaã dos Carajás;
Curionópolis;
Marabá;
Ourilândia do Norte;
Belém;
Murucupi (Barbacena).
Maranhão:
Paço do Lumiar;
Raposa;
São José de Ribamar;
São Luís.
Espírito Santo:
Aracruz;
Linhares;
Vitória;
Serra;
João Neiva;
Cariacica, Colatina.
Rio de Janeiro:
Duque de Caxias;
Rio de Janeiro;
Itaguaí;
Mangaratiba.
Saiba como enviar seu currículo para as vagas sem experiência da Mineradora Vale
Os interessados nas vagas sem experiência de jovem aprendiz devem se inscrever por meio da página do programa até o dia 12 de dezembro deste ano.
O processo seletivo do Programa Jovem Aprendiz é totalmente feito às cegas em todas as etapas, com o objetivo de evitar qualquer tipo de influência na escolha dos candidatos.
O foco da empresa é promover um processo com base na avaliação de potencial e capacidade de realização futura. Sendo assim, informações como gênero, estado civil, etnia, deficiências, entre outras, serão omitidas durante o processo seletivo.
Para as inscrições é necessário preencher um formulário com dados básicos. Após as inscrições e avaliações online, os candidatos para o programa Jovem Aprendiz da Mineradora Vale passarão por uma dinâmica de grupo online, exames médicos admissionais, painel virtual com gestores e divulgação dos resultados. A empresa oferece aos aprovados benefícios como Programa de Assistência ao Empregado, seguro de vida, assistência médica, vale-refeição ou acesso ao refeitório na Vale durante a fase prática, bolsa auxílio, vale-transporte ou transporte no local de atuação.
INSCRIÇÕES AQUI
Sobre a Vale
A empresa oferecerá aos aprovados nas vagas sem experiência desenvolvimento teórico e prático em carreiras como eletromecânica industrial, serviços administrativos e operação de equipamentos, acompanhamento e supervisão junto aos orientadores técnicos mais qualificados da empresa, inserção qualificada no mercado de trabalho, ampliando as possibilidades de crescimento profissional.
De acordo com Mayara Machado, Jovem Aprendiz no Rio de Janeiro, sua dica para quem quer ser Jovem Aprendiz na Vale é: estude a empresa e seja persistente. Machado afirmava que duvidava muito sobre si, achava que não conseguiria, pois a concorrência é muito grande, mas tudo é possível se acreditar no seu potencial.
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blogdolevanyjunior · 2 years
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SÃO GONÇALO DO AMARANTE RN-PRAZO DE 8 ANOS DE INELEGIBILIDADE PASSA A CORRER APÓS CUMPRIMENTO DA PENA IMPOSTA POR TRIBUNAL COLEGIADO
SÃO GONÇALO DO AMARANTE RN-PRAZO DE 8 ANOS DE INELEGIBILIDADE PASSA A CORRER APÓS CUMPRIMENTO DA PENA IMPOSTA POR TRIBUNAL COLEGIADO
PRAZO DE 8 ANOS DE INELEGIBILIDADE PASSA A CORRER APÓS CUMPRIMENTO DA PENA IMPOSTA POR TRIBUNAL COLEGIADO PRAZO DE 8 ANOS DE INELEGIBILIDADE PASSA A CORRER APÓS CUMPRIMENTO DA PENA IMPOSTA POR TRIBUNAL COLEGIADO Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reafirmaram, por unanimidade, na sessão plenária jurisdicional desta terça-feira (18), a jurisprudência da Corte segundo a qual o prazo…
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gazeta24br · 2 years
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Maria Dolores, Maria Madalena, Maria do Socorro, Maria Aparecida, Maria das Graças, Maria Bonita, Maria Batista, Maria José, Maria do Carmo, Maria Edvirges, Maria Norma e Maria Flor. Mulheres com o nome mais comum do Brasil, de acordo com os 11,7 milhões de registros levantados pelo Censo de 2010 do IBGE, ganham voz no livro de contos Silêncio de Marias, de Núbia Pimentel. As histórias narradas pela escritora podem ser familiares para os brasileiros. Muitos já conheceram, ou pelo menos leram em uma matéria de jornal, casos de mulheres que sofreram violência doméstica. Também devem ter visto meninas que, com a vontade de se aventurar por um universo de brincadeiras considerado masculino, tiveram suas criatividades reprimidas. Nesta obra, o objetivo da autora é dar visibilidade àquelas situações que, de tão recorrentes, passam despercebidas por grande parte da sociedade. Uma das narradoras, por exemplo, relata a dura realidade de uma conhecida vizinha. No bairro, todos sabiam sobre o contexto violento em que a mulher estava inserida, mas ninguém fazia nada. O silêncio imperava. Cresci em uma rua onde a maioria das mulheres apanhava dos seus maridos. Era uma rua de família. De família de mulheres que se calavam. Algumas delas ousavam expor seu penar e alimentar a falta de assunto do lugar. Certa vez, uma que sempre apanhava em público foi parar no hospital com quinze por cento do corpo queimado pela água fervendo que o marido atirara nela. (Silêncio de Marias, pg. 8) Escritora negra, Núbia Pimentel não se restringe à estrutura patriarcal do Brasil, mas também demonstra os problemas do racismo em seus textos. Uma das personagens, ainda na juventude, descobre as diferenças nas relações entre pessoas pretas e brancas. São casos de vida como estes, com desfechos trágicos, outros felizes, alguns sem um ponto final, que são expostos em Silêncio de Marias. Nascida em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, a autora, que atualmente vive em Salvador, na Bahia, é pós-graduada em literatura brasileira pela UFRJ e formada em arte dramática pela Escola Técnica de Teatro Martins Pena. Há 20 anos, trabalha como professora de português para estrangeiros, além de atuar como atriz no circuito alternativo de teatro. Ficha técnica Título: Silêncio de Marias Autor: Núbia Pimentel Editora: Chiado Books ISBN/ASIN: 978-989-37-1154-5 Formato: 14cm x 22cm Páginas: 48 Preço: R$ 37,40 Onde comprar: Livraria Atlântico Sinopse: “Silêncio de Marias” é composto por doze contos curtos que apresentam casos da vida de mulheres simples. São histórias singulares, mas com um fio condutor que as costuram compondo uma narrativa única. Maria é a personagem alegórica que tece as vidas de outras tantas Marias. A voz do narrador se confunde com as dos outros personagens, revelando ciclos de silêncios peculiares ao universo feminino os quais, em certa medida, atravessam a existência de todos nós. Sobre a autora: Núbia Pimentel nasceu em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, em 1978. Com graduação em Letras e pós-graduação em Literatura Brasileira, ela trabalha como professora de português para estrangeiros desde 2002. Também tem curso técnico em Teatro e atua como atriz no circuito alternativo de artes cênicas. “Silêncio de Marias” marca sua estreia como escritora.     Conheça as redes sociais da autora: LinkedIn Facebook
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dougmota · 2 years
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Pra onde expandir o metrô do Rio?
Aqui na minha bolha da internet gostamos muito de metrôs e meios de transporte sobre trilhos e eficientes – usuários sofredores que somos. Olhar com certa inveja para os sistemas de Londres e Nova York, que começaram a ser construídos ainda no século XIX, é óbvio e previsível. O que revolta mesmo é o avanço, por exemplo, dos metrôs chineses num período bem menor (basicamente, o meu tempo de vida).
É ano eleitoral e o assunto voltou à pauta, ainda que ocupe bem pouco espaço nas discussões. No geral, todos concordam que: 1) a linha 4 deve ser concluída, com o término da estação Gávea em dois níveis; 2) o Leste Fluminense (Itaboraí, São Gonçalo e Niterói) tenha uma linha para chamar de sua (só há uma divergência se ela deve terminar em Nikity ou atravessar a Baía até o Centro do Rio); e 3) uma expansão é necessária para a Baixada Fluminense, algo que recentemente foi anunciado, com a construção de uma linha de "metrô leve" (?) da Pavuna até Santa Rita, nos rincões de Nova Iguaçu (mas sem passar pelo centro deste município), atendendo também São João de Meriti, Belford Roxo e Mesquita.
Antes de expor minhas humildes e leigas ideias para a expansão do metrô do Rio, preciso descontruir algumas ideias que me parecem equivocadas ou não prioritárias. Vamos por partes:
Linha 3: possível é, mas será que valeria a pena construir uma linha de metrô por debaixo da Baía de Guanabara, quando há (ou poode haver) um sistema eficiente de barcas? A meu ver, a prioridade deveria implementar um modal sobre trilhos para desafogar os ônibus e, consequentemente, o trânsito de uma região tão povoada.
"Metrô leve" na Baixada: a linha 2 comporta mais gente? Será que seguir esticando uma linha como uma tripa vai melhorar o sistema? Pode soar bonito para a campanha falar em expandir o metrô para a Baixada, mas na prática não acredito que este seja o projeto mais adequado.
Há um consenso entre especialistas e ativistas de que o metrô deva funcionar como uma rede, não com fluxo único, como o sistema carioca. E isso pode começar a ser feito com uma intervenção relativamente simples: a conclusão da linha 2, que nunca deveria passar pela Cidade Nova, bairro atendido pela linha 1. Segundo o planejamento lá dos anos 60/70, o caminho deveria seguir do Estácio para Catumbi, Cruz Vermelha (Lapa) e terminar no segundo nível da Carioca ou na Praça XV, onde haveria integração com as barcas. Nesse desenho, quem vem da Zona Norte e da Baixada chegaria mais rápido ao Centro; não haveria engarrafamento de metrô, com duas linhas sobre os mesmos trilhos; e o fluxo de pessoas seria dividido em dois pontos (Estácio e Carioca).
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As prioridades, então, seriam completar o planejado e atender uma região que não conta sequer com transporte sobre trilhos (Leste Fluminense). E depois? Há quem diga que seja esticar a linha 4 até o Recreio dos Bandeirantes ou, como disse anteriormente, puxar uma tripa da linha 2 rumo à Baixada. Como usuário e interessado por esse tema, gostaria de propor alternativas mais estratégicas: a transformação em metrô de linhas de outros modais, no caso, o ramal Deodoro da Supervia e o corredor Transcarioca do BRT.
Ramal Deodoro
A pandemia acabou com os trens urbanos do Rio: a Supervia está em frangalhos com o roubo de cabos e a queda do número de passageiros, sem compensação por parte do Estado. As viagens lentas e imprevisíveis e os intervalos longos, mesmo com uma tarifa cara, tornam mais atrativos os ônibus, ineficientes e sujeitos aos engarrafamentos. O ramal Santa Cruz perdeu suas viagens expressas, e o percurso completo demora até três horas. Aos fins de semana e feriados, esse é o tempo de trajeto para quem deseja viajar a trabalho ou lazer.
Todos odeiam o trem parador, que para em mais 13 estações na Zona Norte bastante próximas umas das outras. Muita gente, porém, precisa dessas paradas. Por isso defendo que o ramal Deodoro seja transformado em metrô (é a linha vermelha no gráfico), acabando com os trens paradores dos ramais Japeri e Santa Cruz. A infraestrutura já existe, o que baratearia os custos. Quem mora na Zona Norte sai ganhando com um transporte veloz mais próximo, e aqueles que vivem nas "beiradas" também ganham em rapidez.
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A baldeação entre os ramais dos trens é gratuita. Caso uma das linhas se emancipe da Supervia, o preço ao passageiro aumentaria? Um governo comprometido com a qualidade de vida e a mobilidade, claro, implementaria uma integração tarifária mais justa, ou até uma tarifa única, por que não? Sonhar é de graça.
Haveria integrações com BRT em Deodoro (Transbrasil) e Madureira (Transcarioca) e com o restante do metrô em Macaranã, São Cristóvão e Central do Brasil.
Transcarioca
O BRT também colapsou nos últimos anos. Vandalismo nas estações mal planejadas, inadimplência, má qualidade do asfalto, ônibus degradados. Deu errado. O que nem todos sabem é que plano original do metrô, de 1968, previa a construção da linha 6, que teria quase o mesmo trajeto do corredor Transcarioca.
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Ela seria muito estratégica: cortaria a a Zona Norte longitudinalmente, atravessando bairros e regiões importantes (Ilha do Governador, Madureira, Zona da Leopoldina, Grande Jacarepaguá) e densamente povoadas, além de conectar pontos-chave (Aeroporto Internacional, Cidade Universitária, grandes centros comerciais, Avenida Brasil, etc.). Também haveria conexões com a linha 2 do metrô em Vicente de Carvalho ou Irajá e com três ramais da Supervia (Saracuruna/Gramacho, na Penha, e Japeri e Santa Cruz, em Madureira). Assim, o sistema formaria, de fato, uma rede.
Algumas outras ideias
Posteriormente, vejo como desejável a "metrolização" do Ramal Belford Roxo (o mais degradado), que seria uma bela alternativa à linha 2 e alcançaria a Baixada Fluminense em seu ponto mais densamente habitado – Meriti e Belford Roxo, somadas, são o lar de mais de 1 milhão de pessoas. Imaginem como isso desafogaria a saturada linha 2.
Também creio haver demanda para o Transoeste, BRT que vai da Barra da Tijuca até Santa Cruz e Campo Grande, passando por Guaratiba. Uma linha de metrô sem conexões com outras na mesma cidade é difícil de imaginar. Portanto, a linha 4 também deveria ser expandida até o Terminal Alvorada. Falando nela, seu projeto prevê que atravesse bairros engarrafados da Zona Sul, como Humaitá e Jardim Botânico. Mas, sobre isso, há mais discussões no espaço público (por que será, não é?).
Não existe metrópole sem metrô. É o meio mais eficiente para uma cidade e região metropolitana inchadas como o Rio de Janeiro. No entanto, não se deve esquecer as outras modalidades.
É quase uma unanimidade o desejo de converter todo o sistema da Supervia em metrô, ainda que as chances sejam mínimas. Opinião possivelmente impopular: defendo a permanência dos trens. Quando funciona de forma adequada, esses comboios são uma excelente forma de locomoção. Dá para melhorar sem precisar de mudanças radicais, investindo na estrutura das estações, aumentando o número de viagens e, consequentemente, reduzindo os intervalos entre as composições. Também é urgente investir nos trilhos e sinalização, evitando paradas desnecessárias e incômodas e viagens lentas. O que era considerado o mais difícil, já alcançamos: contamos com todos os trens novíssimos e com ar condicionado nos ramais principais.
As extensões secundárias também precisam de investimentos, principalmente Vila Inhomirim e Guapimirim. Nesses ramais, as viagens são realizadas por trens a diesel, em bitola única, lentos e com pouquíssimas viagens diárias. Por que não colocar um VLT no lugar, com linha dupla e viagens simultâneas em todos os sentidos? (Algo que já foi cogitado, diga-se). Ouso dizer que a linha Vila Inhomirim poderia ser esticada um tiquinho até chegar a Petrópolis, beneficiando o turismo. Falando em expansão, há anos se espera também a reativação dos trens entre Santa Cruz e Itaguaí.
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Quanto às barcas, há a necessidade de remodelar a concessão. É muito mais do que a ligar a Praça XV a Niterói. Deve-se incluir São Gonçalo e a Baixada Fluminense ao transporte aquático. No caso de Magé, por exemplo, seria a reativação de um caminho percorrido no Segundo Reinado. Deve haver ainda a possibilidade de circulação de embarcações menores, que permitam o aumento das viagens para Cocotá (Ilha do Governador) e Paquetá.
Saindo um pouco da Região Metropolitana, ainda enxergo a necessidade da reativação das linhas de trem para o interior do estado, que morreram aos poucos nas últimas décadas. Em algumas localidades, ainda existe a infraestrutura, como no Vale do Café, no Sul Fluminense. Na Região Serrana, o foco seria a Cidade Imperial, como adiantei anteriormente. Outro sonho é ir de trem para a Região dos Lagos no verão, evitando o trânsito caótico e desanimador, e até o Norte Fluminense, área de maior desenvolvimento do estado nos últimos anos.
Não é demais pedir uma metrópole funcional.
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demoura · 2 years
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21 DE JULHO DE 2022 : VALEU A PENA REVISITAR “ I WAS SITTING ON MY PÁTIO…. “ DE BOB WILSON 43 ANOS DEPOIS ? : contra o que é “politicamente correcto “ desde já declaro que não sou idolatra do encenador americano . Não me fascina como Ostermeier , Marthaler e Peter Stein. A encenação do Gotterdamerung em 2006 no Chatelet em Paris a que assisti com a Zaza foi uma desilusão wagneriana . Já “Mary Said what she said” epifania do minimalismo de Wilson atravessada pelo relâmpago Isabelle Uppert foi teatro de alta qualidade. Também a instalação na casa onde nasceu Mozart em Salzburgo encomendada a Wilson nas comemorações do 250o aniversário baseada na « luz da música de Amadeus « foi uma obra bastante conseguida .
Quarenta e três anos após a primeira apresentação de “I was sitting on my patio…” Robert Wilson e Lucinda Childs são substituídos por dois novos artistas nesta produção do Theatre de Ville ( os franceses adoram Bob Wilson).
Encenado 1977 um ano após o sucesso de “ Einstein on the Beach” Patio foi nessa altura um momento deflector do teatro - uma intervenção fora dos cânones de um teatro europeu subordinado ao guião . Um monólogo, desprovido de qualquer drama aparente constituído por um fluxo aleatório de associação de ideias joyceano . Esse « zapping verbal » foi interpretado pela primeira vez pelo poliedrico Robert Wilson e pela fascinante Lucinda Childs. E agora no espectáculo a que assistimos na sala Garrett ?Beleza plástica com minimalismo do cenário e do desenho de luz imaginados pelo autor, os figurinos de Carlos Soto, o som de Nick Sagar (que inclui Bach, Lully, Schubert), tudo com a sabedoria de um ourives do teatro .Junte-se o fulgor das interpretações de Christopher Nell e da bailarina australiana sexagenária Julie Shanahan . Num cenário austero com um telefone uma flûte de champagne e uma projeccao de vídeo mínima a representação mostra afinal duas peças a partir do nada. Na entrevista que concedeu a Gonçalo Frota ,Wilson num comentário de «  vaca sagrada «  do discurso cénico sublinha o quão importante é deixar ao público um “espaço para reflexão”. “A maioria daquilo que vejo não me dá tempo ou espaço para pensar. Prefiro ouvir pássaros. Pelo menos, quando ouvimos os pássaros a tagarelar uns com os outros, não perguntamos ‘O que é que isso significa?’ Ouvimos simplesmente.” “Parem de tentar com que faça sentido”, pede Wilson. “Porque não faz mesmo sentido.” . “Pátio” recorda Samuel Beckett, nas novelas em que mergulhamos em verborreicas memórias em atropelo, dos que recuperam fragmentos soltos da vida passada e o próprio Wilson sauda Beckett como “um dos poucos grandes homens de teatro de tempos recentes” . O problema é esse . Gostei de ver “Pátio” mas não é espectáculo que vá” transportar comigo” como acontece com “Dias Felizes” de Samuel Beckett… . Mas eu fui apenas um dos muito espectadores que estiveram no D.Maria II. Por exemplo o crítico do Público Rui Monteiro escreve “O mistério de Bob Wilson voltou a descer sobre nós e continua a produzir encantamento .”
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pimentadeacucar · 2 years
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thebeatifulones · 3 years
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leitoracomcompanhia · 2 years
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Gonçalo Pena
“Vivia ora em Alma ora em Lisboa, no Hotel Borges. E tinha dois pecados: conspirações e mulheres. Já ia na vigésima governanta.”
Manuel Alegre, “Alma”; pintura de Gaston Linden.
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parkerjosiah · 3 years
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Gonçalo Pena, Unfinished Mandarin
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