Tumgik
nhlplots · 3 months
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One Day | Luke Hughes Pt. 2
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Oi! Esse imagine foi inspirado no livro “Um Dia” do David Nicholls e terá três (ou mais) partes. A personagem principal contém o nome fixo de Magnolia.
plot: Magnolia e Luke sempre foram melhores amigos e, ao mesmo tempo, apaixonados um pelo outro. No entanto, quando a roda do destino decide intervir, colocando obstáculos em seu caminho, eles se veem incapazes de reconhecer o momento certo para ficarem juntos.
casal: Luke Hughes x Personagem Fixa (Magnolia Hastings)
avisos: narrado em terceira pessoa, contém palavrões e cenas +18. leia com responsabilidade. história feita de fã para fã sem intenção de denegrir o atleta ou buscar fins lucrativos.
boa leitura! :)
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2° parte — De volta para Michigan.
O momento em que Luke e Magnolia se cumprimentaram praticamente se esvaiu quando a campainha tocou. Luke tinha esquecido completamente que Ethan havia marcado uma mini comemoração, considerando que quase todos os meninos haviam sido selecionados para time profissionais e poderiam iniciar suas jornadas no hóquei assim que o ano acabasse, daqui seis meses. Soltou um suspiro fundo quando todas aquelas pessoas que ele mal conhecia começaram a entrar, e se não fosse por Mason Kolh do time de futebol americano, ele praticamente ficaria sozinho.
Mason já tinha se formado, mas era um daqueles caras que tem dificuldade de aceitar isso e continua frequentando as festas universitárias e beijando veteranas como se fosse uma lenda que todos aplaudiriam quando passasse pelos corredores. A maioria acha que ele não soube lidar com o fim, principalmente porque sofreu uma lesão no joelho dois meses depois que se formou e sua carreira profissional acabou tão rápido quanto começou. Hoje em dia ele anda com uma muleta para cima e para baixo e finge que sofreu a lesão tentando fugir de um assalto à mão armada, quando, na verdade, ele se machucou jogando Airsoft com o pai e uns velhotes que jogam xadrez no country club de Michigan.
Já Magnolia não se sentia parte daquele lugar, fazia sentido, não pisava ali há três anos e de repente todas aquelas pessoas que costumava conhecer estavam prestes à se formar e iniciar a vida adulta de verdade, assim como ela. Estava sentada na varanda, com os pés entre as grades, balançando na corrente de vento fria vendo algumas pessoas passando de bicicleta ao redor do complexo de apartamento esportivo do campus, todos com headphones grandes e roupas de academia, provavelmente voltando de lá. Nola havia ficado ali porque seus olhos podiam se concentrar no céu nublado onde a luz dos postes do campus mal iluminavam as nuvens, e não precisaria lutar com urgência de querer olhar melhor para Luke.
Ele parecia mais velho, obviamente. Os traços levemente mais maduros, aquele rosto de calouro que acabou de atingir a maior idade parecia ter praticamente sumido, ele parecia de fato um jovem adulto agora, com os fios de cabelo maiores e cachos definidos, como se alguém o tivesse ensinado a finalizar o cabelo. Se perguntava se Luke estava namorando, não era da conta dela, não quando eles tinham passado anos sem nenhum contato, mas era muito difícil perceber que pessoas podem ir de: você é meu melhor amigo para algo como eu mal te conheço.
“Você ainda bebe?” Luke se aproximou como se tivesse ouvido os pensamentos dela. A voz mais aguda dele ressoou na varanda e a pele de Magnolia se arrepiou só com o som. Se sentou do lado dela, segurando duas cervejas long neck em uma só mão. Magnolia assentiu e ele estendeu em sua direção, onde ela agradeceu com a cabeça e tomou um gole.
A iniciativa de falar com Magnolia se fez na cabeça de Luke antes que ele pudesse entender o porquê. O plano dele, assim que a viu, era fingir que ela não estava mais lá pelo resto da noite, aproveitar, brindar por seu futuro premeditado brilhante e esquecer que alguma vez já teve seu coração partido por aquele par de olhos castanhos que ele achava os mais bonitos de todo o mundo. Precisava parar de pensar nela daquele jeito, mas apesar de tudo, não conseguia fingir que ela não existia, não quando cada vez que o vento forte batia em seus cabelos, o cheiro doce do perfume que ela sempre usou dispersava pelo dormitório e invadia Luke como veneno.
“Como estavam as coisas em Yale?” ele questiona finalmente depois de um silêncio constrangedor sem saber se era mesmo aquela pergunta que queria fazer depois de ficar sem vê-lá por anos.
“Você quer a resposta sincera ou a que estou contando para todo mundo?”
O bom humor de Magnolia ainda estava lá. Era o mesmo que ele se lembrava. Não precisava de esforço, só dizia alguma coisa com um sorriso torto e parecia que nada a incomodava.
“A que está contando para todo mundo, e se for uma resposta péssima, você me conta a sincera.” retruca e ela assente.
“Foi ótimo.” ri. “Me transferi porque senti saudade daqui, mas fiz ótimos amigos durante o tempo em que estive lá.”
“Sério? Três anos em Yale e essa é sua mentira? Precisa ser mais elaborada, com detalhes mais mentirosos, por exemplo, você fazia parte de algum clube?”
“Ah, sim.” ela busca algo no fundo da mente. “Jornal do campus, escrevia as colunas, adorava o trabalho, quase troquei a graduação para jornalismo.”
“Viu? Agora soa verdadeiro. E festas? Eram boas?”
“As melhores, os ricos sabem dar festas com bebidas caras e duvidosas.”
“Seria muito mais fácil de acreditar assim.” ele ri balançando a cabeça.
“Bom, em minha defesa, Duker não só acreditou na minha resposta de cinco palavras como me pediu para apresentar alguma amiga de lá para ele.”
“É, ele fez uma aposta com Ethan de quem conseguia transar mais no ano da formatura e eles estão levando com uma seriedade realmente impressionante.” Magnolia ri. “Mas agora a resposta sincera, por que você voltou?”
“Minha mãe está morando aqui, em Michigan.”
Luke não sabia nem que Nadine havia se mudado em algum ponto, mas esse era o preço que se pagava por ter sumido de todas as comemorações familiares por medo de ouvir qualquer nome da família Hastings. Ninguém sabia sobre ele e Magnolia, ninguém ousava descobrir o que eles tinham vivido juntos, tudo que faziam sempre foi escondido para evitar que o pior ocorresse caso um dia terminassem. Exatamente como aconteceu. Quando Magnolia foi embora, todo mundo só assumiu que eles tinham brigado como amigos ou perdido contato em algum ponto da caminhada. Duker desconfiava, era nítido como Luke prendia a respiração quando o nome dela era dito em voz alta, mas não tinha o suficiente para provar. Passou por ali com seu copo de tequila nas mãos, vendo os dois sentados na varanda e apenas deslizou a porta de vidro que separava os dois ambientes, para que ninguém os interrompesse.
“Isso é ótimo, quer dizer, então ela está…”
“Você pode dizer a palavra: sóbria.” ela confirma balançando a cabeça. “Há um ano e meio já, ela frequenta reuniões, conseguiu um novo trabalho com a sua mãe e agora mora em um apartamento perto da nossa antiga casa. Você sabia que os White estão morando lá?”
“Laura White?” Luke ri. “Sua casa agora deve ser um espaço aberto de cultos ou sei lá, eles não eram super evangélicos?”
“Passei lá na frente com Jack verão passado e eles estavam usando uns vestido medonhos medievais, algo assim.” dá de ombros até perceber que mencionou o nome de Jack cedo demais. “Eu… Uhm… Eu soube que você não passa mais o verão lá.” Luke a encara “Digo, em Michigan.”
“Me surpreende saber que você passa, a última vez disseram que você ficava por New Haven.”
E não era mentira. Magnolia passou todos os verões desde que foi transferida para a Yale em New Haven, dentro da cidade universitária, trabalhando de barista durante o recesso para juntar dinheiro e ajudar sua mãe. Na época, Nadine ainda precisava de ajuda para equipar o apartamento, Ellen Hughes ajudou em quase tudo, doando móveis antigos que ficavam trancados no depósito da casa do lago e oferecendo mobiliar a casa, eles sempre foram mais ricos, mas com Luke e Quinn jogando na liga nacional de hóquei, estavam transbordando dinheiro e oferecendo para quem precisasse. Era nobre, Magnolia achava pelo menos, mas não precisava daquilo, sempre trabalhou para conseguir dinheiro depois que Richie morreu.
Quando tudo foi consolidado e Nadine arrumou oficialmente o emprego em uma boutique, trabalhando com moda por indicação de Ellen que era muito querida pelas funcionárias, Magnolia foi passar o verão com ela, no ano passado, e acabou revendo os Hughes… Ou pelo menos uma parte deles. Ver Jack ainda parecia estranho mesmo depois de tanto tempo, ele ainda estava mais bonito, mais forte por conta do hóquei, mas era inegável como eles não tinham química antes e muito menos teriam agora, isso ajudou Nola a abandonar essa sensação de incômodo que surgia e Quinn ainda parecia o mesmo, exceto pela barba e os músculos no braço que poderiam segura-lá com um braço só se quisessem. Foi também nesse verão que Magnolia descobriu que Luke estava há dois anos sem ir para Michigan e caiu a ficha que talvez demorasse para vê-lo de novo.
“Ficava até minha mãe se mudar.” explica brevemente. “Disseram que você estava no acampamento de hóquei.”
“É, eu estava.” deu mais um gole na cerveja. “Depois que fui draftado precisei frequentar por algum tempo.”
“Parabéns por isso, Ethan me disse que você entrou para os Devils.” ela abre um leve sorriso, o encarando.
“Entrei.” responde sem nenhuma expressão, encarando a linha do horizonte. “Junto com Jack, parece que estamos sempre dividindo as mesmas coisas.”
Luke sabia exatamente o que ia causar dentro de Magnolia dizendo aquilo e talvez quisesse mesmo que acontecesse, queria ver o rosto dela triste, suas sobrancelhas caírem da expressão feliz para algo mais doloroso, seu sorriso murchar e o castanho dos olhos ser tomado por uma linha fina d’água. E era claro que ele havia conseguido. Magnolia apenas levantou o olhar para Hughes sem entender por qual razão ele estava dizendo aquilo repentinamente, mas sentiu que mereceu, ela que foi embora, e ela que o deixou sem explicação alguma, confusa com sua própria cabeça. Umedeceu os lábios engolindo o choro que esquentou a garganta.
“Melhor eu entrar, ainda não desfiz minha mala.” ela deixa a cerveja pela metade no chão de concreto, batendo na saia preta assim que se mantém em pé. Ao contrário do que Luke achou, não foi divertido ver ela assim, foi péssimo.
“Tudo bem.”
Luke e Magnolia se evitaram por todo o tempo em que estiveram dividindo a fraternidade, alguns momentos eram mais fáceis, principalmente porque ambos tinham rotinas corridas para o ano da formatura. Magnolia se envolveu com o pessoal do anuário universitário na tentativa de criar algo que pudesse expandir seu currículo assim que se formasse, então estava sempre ocupada em reuniões e saindo com o pessoal que havia conhecido, bebendo casualmente. Já Luke, ocupado demais com seu carreira atlética, mal parava em casa com Duker e Ethan, os três estavam sempre treinando, tendo algum jogo por aí ou estudando para as finais, já que precisavam do diploma de qualquer maneira.
Em outros momentos era difícil para cacete. Magnolia estava sempre presente nas festas por estarem no mesmo espaço e quase sempre significava que Luke precisava ver algum babaca do time dando em cima dela, o que causava esse ciúmes incessante e desnecessário em cima da situação. Não que Luke pudesse reclamar, não quando ele estava namorando há quase oito meses com Alex Chen. Luke e Alex se conheceram quando ambos reprovaram em biologia aplicada e precisaram refazer a matéria juntos, os dois começaram a se encontrar casualmente para estudar na biblioteca e logo Luke a convidou para um de seus jogos. Mesmo há oito meses juntos, ele não sabia muito sobre ela, Alex estava sempre mais preocupada em frequentas festas de fraternidade do que trocar uma conversa de mais de cinco palavras com Luke, mas se tinha algo que ela adorava fazer quando estavam juntos era transar e ir embora antes de Luke acordar. Ethan tira sarro dele sempre dizendo que o relacionamento dos dois é mais casual do que sério, mas Luke repeliu qualquer coisa casual desde tudo que aconteceu, então apenas dava de ombros e dizia que o amigo não entendia.
“Aquele cara é um idiota, por que fica com ele toda festa? Sabe que ele só sai com calouras, não é?” Luke diz chegando perto do barril de cerveja, vendo Magnolia colocando o refil dentro do copo. Ela apenas levanta o olhar. Os dois estavam dançando juntos há poucos minutos atrás.
“Ok?” apenas responde soltando um suspiro, dando um gole. “Ele não me pediu em casamento, só uma dança, e o nome dele é James, aliás.”
“Não me importo, só estou avisando.” suspira encostando na bancada.
“Aviso recebido.” suspira. “Você me vê com ele toda festa, não passamos por essa fase de você fingir que está preocupado?”
“Preocupado?” Luke ri. “Não estou preocupado, só te avisando que quando ele começar beijar outra menina de dezoito anos na sua frente, não fique tão chateada.”
“É, tudo bem, vou me esforçar, Lukey.” revira os olhos, passando por ele, voltando para perto de James.
Magnolia não imaginou que as coisas com Luke seriam daquele jeito quando pisou no dormitório a primeira vez, mas depois de seis meses já havia aceitado que esse era seu destino e parou de se culpar por algo que, na época, não tinha controle. De vez em quando, ainda ansiava um universo paralelo em que ela e Luke voltassem a ficar amigos, mas naquele cenário parecia impossível. Eles conversavam às vezes por educação, mas sempre que precisava de algo acabava pedindo para Ethan que cedia depois de passar cinco minutos reclamando.
Não era fácil ver Luke e Alex se beijando em cima do sofá, parte de Magnolia ardia por dentro. Alex não se dava bem com ela, na verdade, frequentemente a ignorava. Era claro que ela ainda tinha sentimentos por Luke e era claro que ele ainda tinha sentimentos por Magnolia. Os dois sabiam disso bem, ou talvez estivessem com raiva ou mágoa o suficiente um do outro para perceber aquilo naquele momento. Ficava sempre sentada no canto, fingindo não perceber que Alex o beijava e mantinha as mãos suspensas e não afundava os dedos no cabelo dele, do jeito que ele gostava e sempre pedia para ela fazer mais.
“Se eu perder esse recital, ela vai me matar!” Luke bate no volante. “Quanto tempo está dando no GPS?”
“Mais quarenta minutos.” Magnolia suspira. “Não tem o que fazer, está chovendo e um trânsito terrível, não pode só mandar uma mensagem dizendo que não vai conseguir?”
“Ah, claro, seria muito nobre da minha parte dizer para minha namorada que não vou conseguir ver o recital que ela trabalhou duro planejando por pelo menos cinco meses.” revira os olhos e Magnolia se encolhe no banco. “Maldito dia que essa porra de cidade inteira resolveu voltar do lago!”
Luke e Magnolia passaram o recesso de verão em Michigan. Eles não passaram propriamente juntos, mas foram juntos e voltaram juntos de carro porque ela não sabia dirigir e Ellen jamais deixaria que ela viesse de ônibus ou trem sabendo que Luke estava ali, livre para uma carona. Acabou virando um evento, principalmente porque era a primeira vez que eles estariam todos reunidos de novo desde a morte de Richie e apesar dos desejos escondidos de Magnolia de tentar reconquistar a amizade de Luke durante essa viagem, ela perdeu as esperanças depressa, porque só apareceu que ele a odiava mais. O caminho todo de ida foi em silêncio, horas torturantes do motor sendo o único barulho presente no carro, momentos em que Magnolia quis abrir a boca e dizer muitas coisas durante o trajeto, coisas sobre o artigo que estava escrevendo e o livro que estava trabalhando, mas nada pareceu suficiente, não sentiu abertura nenhuma de Luke.
As férias no geral foram extremamente divertidas, foi bom para Luke estar de volta com a família e sem o peso gigante nos ombros de tentar lidar com toda a situação da melhor amiga, ou ex melhor amiga. Ele ainda não tinha definido exatamente, mas conseguia perceber todas as investidas de aproximação de Magnolia, só nunca retribuiu nenhuma delas porque não parecia o momento certo. Ele nunca tinha superado o que havia acontecido entre eles, porque, de todas as garotas que já conheceu, ela era a única que ele amou.
Uma semana antes de voltarem, Magnolia chegou com Jack e Quinn quase meia noite na casa dos Hughes, eles foram dar um mergulho noturno no lago, pulando diretamente do barco e cronometrando quem demorava mais tempo para cair com o corpo na água. Magnolia vestia um biquíni azul marinho com lacinhos amarrados que destacavam sua pele agora mais pálida visto que fazia algum tempo desde que se bronzeou pela última vez e quando Luke a viu passando pela porta de vidro com o cabelo molhado e a toalha branca felpuda cobrindo parcialmente o corpo, sentiu uma pontada na parte inferior, perto do quadril, lembrando da textura da pele dela contra a dele, mas ignorou esse pensamento rápido, voltando sua atenção para o jogo de futebol que passava na televisão.
“É o último dia do verão, é claro que todo mundo está voltando hoje.” ela suspira olhando a fila de carros na frente do deles e a joga intensificada fazendo um barulho incessante contra a lataria do capô.
“Obrigado por dizer o óbvio.”
“Sério?” Magnolia vira o rosto para Luke. “Até quando você vai me punir, Luke?”
“Punir? Eu não estou te punindo por nada.” agarra mais as mãos no volante, sem retribuir o olhar.
“Não sei o que mais eu preciso fazer, tentei ficar distante, tentei não ficar no seu caminho, pedi desculpas pelo o que aconteceu e mesmo assim parece que nós nunca vamos sequer voltar a ser amigos!”
“Você nunca pediu desculpas pelo o que aconteceu.” ele pontua com o tom ainda neutro. “Nenhuma vez. Nunca chegou aqui e disse ei Luke desculpa ter ido embora sem te avisar, te ignorar por dois meses e me sentir no direito de ficar brava quando Sarah Duray te beijou depois do jogo.”
“Inacreditável.” suspira passando a mão no rosto. “Luke, fui embora porque eu teria destruído você com meus problemas, tá legal? Minha família estava aos pedaços, não foi certo da minha parte ter me envolvido com você naquela época, eu deveria ter ficado de fora, me resolvido e depois tentado ir atrás de você, e acredita em mim, se eu pudesse voltar atrás, eu teria desfeito tudo e guardado essa chance para agora.”
“Seu problema é achar que sempre vou esperar por você.” Luke finalmente retribui o olhar dela. “Não é assim que funciona, se você tivesse voltado agora, eu estaria com Alex e não terminaria com ela por você. Com ela é fácil. Nunca teria dado certo entre nós dois.”
“O que é fácil? O jeito que você começou beber loucamente desde que começou namorar com ela? Ou as festas que você frequenta? Ou o jeito que ela nem sabia seu nome do meio? Qual é, Luke. Nós dois sabemos que é fácil com ela porque vocês não se conhecem, não tem muito o que dificultar.” Magnolia ergue um pouco o tom de voz, ofendida com as palavras dele.
“É fácil como ela é persistente e defende o que quer.” retruca, também levantando o tom. “Quando a conheci, ela disse que queria aproveitar toda a vida universitária e eu disse que queria focar no hóquei, surpreendentemente é o que nós dois estamos fazendo, e você? O que você fez além de fugir feito uma criança assustada para New Haven?”
Luke não quis dizer nenhuma das palavras que saíram de sua boca. Magnolia ficou em silêncio enquanto as palavras atingiam ela como um soco no estômago. Prendeu a respiração. As discussões com Luke sempre acabavam assim ultimamente, com ela parada, segurando o choro e sem saber o que dizer.
"Vou voltar para casa a pé", disse ela, sua voz firme apesar dos lábios trêmulos. Magnolia desceu do carro com determinação, seus passos decididos ecoando no asfalto molhado pela chuva, assim como os pingos pesados que caíam violentamente sob seu couro cabeludo, molhando quase toda a raiz dos fios castanhos.
Luke Hughes pulou do carro tão depressa, tirando apenas a chave da ignição e enfiando no bolso da calça da bermuda azul escura, apressadamente, fechando a porta com um estrondo abafado pelo som da chuva. Os passos marcados no asfalto molhado enquanto ele corria para alcançar Magnolia. As gotas frias de chuva batiam em seu rosto e os carros parados formando uma fila na estrada.
“Magnolia, volta para o carro, não tem como você ir a pé.” ele a alcança finalmente, segurando seu braço. “Eu não… Eu não quis dizer aquilo, por favor, volta para o carro.”
“Desculpa.” ela morde a boca, depois de alguns minutos, respirando fundo, deixando a voz chorosa transparecer. “Por tudo que eu disse e por tudo que eu fiz, você não merecia nada daquilo, eu estava assustada… E se Alex te faz bem e as coisas são fáceis com ela, eu fico feliz por você, mas isso não te dá o direito de dizer o que disse, e não venha com essa, você quis dizer cada uma daquelas palavras!” aponta para o rosto dele, fungando.
“Eu não… Só volta pro carro, por favor.” a encara. “Quando você foi embora, fiquei arrasado, tá legal? Fiquei arrasado e quis te punir, queria que sofresse como eu sofri.”
“E você acha que eu não sofri, Luke? Acha que foi divertido ficar em New Haven sozinha? Sem amigos? Tentando mandar ajuda financeira para minha mãe enquanto ela tentava não se matar por causa do meu pai?” ela balança a cabeça. “Eu sabia que se a gente se envolvesse as coisas sairiam de controle em algum ponto, e tudo bem, culpa minha por ter continuado, mas não pode me punir para sempre como se eu tivesse feito de propósito. Eu gosto muito de você, Luke.”
Luke e Magnolia se encararam na chuva forte, os pingos grossos encharcando seus cabelos e roupas. O tênis branco dela estava com coloração distinta pela chuva e o cabelo de Luke já estava em aspecto quase liso, escorrido pela água.
“Somos melhores como amigos.” ele suspira. A pior mentira que já saiu da boca dele. “Desculpa ter sido um merda com você o verão todo, e antes do verão também… Só… Merda Magnolia, você é difícil de esquecer.” o rubor cresceu nas bochechas dela e aquela maldita palpitação no peito voltou, mesmo nervosa.
“Sinto falta do meu melhor amigo.” praticamente sussurra. “Será que não podemos só… Recomeçar isso, por favor?”
Luke assentiu com a cabeça e sabia que a partir daquele momento, teria que honrar com seu compromisso de vê-la só como amiga. Foi o que os dois fizeram por um tempo. Voltaram naquele mesmo dia depois de cinco horas, haviam quase quinze ligações perdidas de Ellen no celular dele e umas vinte de Ethan no celular dela, além de Alex, que estava furiosa e recebeu Luke quase com um tapa na cara quando os dois saíram molhados do carro. Magnolia abraçou o próprio corpo, ela usava o moletom personalizado do time de hóquei e isso quase fez Alex ter uma crise nervosa na frente de todo mundo dentro do dormitório, principalmente porque era o moletom de Luke, o qual ele emprestou pra ela quando os dois voltaram ensopados da chuva e tremendo de frio.
Faltava um mês para a formatura, três meses haviam se passado depois do recesso de verão. O fim de recesso que havia trazido de volta a amizade de Luke e Magnolia, o que foi um alívio porque o clima no dormitório melhorou cem por cento. A universidade de Michigan não conseguiu alocar Magnolia em um dormitório justamente por ser o ano da formatura, e ficaria inviável que ela pagasse taxas por apenas um ano sendo aula de transferência, a política da faculdade era restrita, mas graças a boa convivência com Luke, não foi um problema abriga-la até o fim do ano. Afinal, ela estava dormindo perfeitamente bem no colchão no chão do quarto de Ethan e às vezes no sofá quando ele trazia alguma garota.
“Vem dormir logo no meu quarto, Magnolia!” Luke sussurrava bravo na sala, tentando puxar a melhor amiga do sofá mas ela abraçava as almofadas e se recusava a sair dali.
Dois dias depois da maior nevasca antecipada da cidade, onde Magnolia ficou presa no ponto de ônibus congelando com a neve e Luke foi andando busca-la já que os ônibus haviam sido proibidos de circular e ela não fazia ideia porque tinha quebrado o celular quatro noites antes, eles enfrentaram juntos a maior gripe que já tiveram. Ficaram de cama e dividindo o mesmo quarto para não espalhar o vírus para o resto dos meninos, afinal, se Luke continuasse doente no dia do jogo, Ethan e Duker também não podiam estar, alguém precisava estar jogando sem ser um jogador reserva. Eles não podiam avacalhar na fase final da temporada universitária, faltando um mês para a formatura.
Luke e Magnolia assistiram mais de dez filmes, ouviram toda a playlist que ela tinha feito durante o verão e Luke, escondido, dividiu com Magnolia as sopas que Alex trazia para que ele ficasse melhor logo. Eles ainda estavam namorando embora um rumor de que Alex estava dormindo com o professor Rivera de espanhol estivesse rodando o campus nos últimos dias e Luke não estava dando a mínima.
“Algum dia ela vai parar de me odiar?” Nola riu, tomando um pouco da sopa, emaranhada entre os edredons com Luke enquanto um reality show passava na televisão. O quarto estava digno de uma cena de filme; papéis espalhados, caixas de remédio em cima da cômoda, garrafas de água cheia, termômetros e muitos pés de meia jogados no assoalho de madeira.
“Ela tem certeza que transamos no meu carro naquele dia que voltamos e perdi o recital dela, então não.” Luke dá de ombro. “Quer dizer, se ela soubesse que antes…”
“Vou te parando bem aí, Hughesy.” Magnolia ri tampando a boca dele com a mão, usando o apelido que os meninos o chamam na fraternidade. “Não falamos mais disso, lembra?”
“Verdade.” Luke balança a cabeça, colocando a colher na boca. “Você acha que ela está mesmo transando com o professor Rivera? Digo, Alex. Ele tem mesmo uma obsessão com asiáticas bem doentia, lembro que achei o facebook dele no começo dos boatos e a capa do perfil dele é uma boneca de anime com uns peitões para fora.”
“Você conhece ela mais do que eu, acha que ela faria isso com você?” pergunta curiosa, o encarando.
“Não sei.” suspira. “É estranho eu não ligar muito para isso?”
“Não, só confirma o que todo mundo sabia: a química de vocês é quase negativa.” ela diz e Luke ri. “Mas mesmo assim não deve ser legal ouvir que sua namorada está dando para um professor, então…”
“É, bom, chega de falar de mim, como estão as coisas com James? Você não parava de falar no telefone ontem, sabe que meu headphone é só um pedaço de plástico e não tem anti ruído, né? Ainda posso te ouvir.” ri pelo nariz. “Ai James, você é tão engraçado!” Luke imita Magnolia, afinando a voz e leva um tapa no ombro que o faz rir mais alto.
“Ele é legal, mas sei lá.” dá de ombros. “Ele não encosta em mim direito, deve ser por isso que as calouras gostam dele, elas não tem como comparar.”
“Como assim ele não encosta?”
“É, tipo, os braços dele ficam nos meus ombros ao invés de, não sei, encostar na minha cintura, deslizar para minha bunda de propósito e dizer que foi sem querer, essas coisas que vocês homens fazem e nós fingimos que não percebemos.” ela ri. “Ele me convidou para sair sábado.”
“Já cogitou a possibilidade dele ser gay?” Luke arqueou a sobrancelha, levando um outro tapa de Magnolia. “Tá, tudo bem, às vezes o cara só fica tímido perto de você.” deixa a tigela no colo de Nola. “Vou tomar banho, termina isso, se eu sentir o cheiro do frango dessa sopa mais uma vez, vou vomitar.”
Luke entra na suíte enquanto Magnolia assente, devorando a sopa, Alex podia ser uma vadia com ela, mas sabia como fazer sopa de galinha como ninguém. Hughes puxou a toalha verde de cima da cadeira perto da porta do banheiro, e entra fechando a porta, não tranca com o trinco porque ela não escuta o barulho de metal, mas escuta o chuveiro ligando e a água corrente batendo contra o chão de mármore do box. Volta sua atenção para o reality show na televisão até sentir a rajada de vento atravessar a janela ferozmente, fazendo Magnolia se envolver mais na coberta e pelo canto do olho, ver que a porta do banheiro em que Luke tomava banho, lentamente se abriu, revelando parcialmente o box de vidro. Engoliu em seco, mantendo seu foco no que estava assistindo, mas ao mesmo tempo sentiu uma urgência de apenas espiar pelo vão.
Luke estava virado para trás, suas costas estavam definidas enquanto ele esfregava os cachos com shampoo, assim como as panturrilhas marcadas e os bíceps se levantando cada vez que ele fazia movimentos no cabelo. A bunda dele era extremamente redonda, lisa, nada que ela já não tivesse visto antes, mas ver agora enquanto a água desliza pelo corpo dele era quase como visitar todos os pontos que Luke Hughes alcançava quando se tratava em trazer prazer. Umedeceu os lábios se sentindo mal por estar espiando, quase como uma pervertida sem escrúpulos e voltou para a cama em uma velocidade impressionante quando Luke desligou o chuveiro. Estava ofegante, ofegante como se tivesse acabado de esconder um corpo.
“Viu um fantasma?” Luke riu, secando o cabelo, sem camisa, apenas com uma calça de moletom preta. “Está pálida para cacete.”
“Acho que não estou me sentindo bem, só isso, vai ver a Alex envenenou a sopa porque sabe que você está me deixando tomar mais.” tenta rir sem parecer forçado, mexendo no cabelo. De repente só de imaginar Luke ao lado dela na cama fez seu estômago revirar de ansiedade.
“É provável que sim.” ele ri, deixando a toalha na mesma cadeira que antes e deita ao lado de Magnolia de novo. Ele cheirava como creme de barbar e shampoo fresco, e sabia que ele tinha usado o sabonete líquido dela de morango porque estava exalando de sua pele. Normalmente, contestaria isso e o faria pagar um novo, mas não conseguiu se mover quando o peso dele afundou mais o colchão, anunciando que agora estavam deitados juntos, da mesma forma que estiveram nos últimos quatro dias quarentenados, exceto que agora Magnolia só conseguia pensar na bunda dele.
“No que você está pensando?” Luke encarou o relógio na cômoda, vendo que era quase meia noite e desligou o abajur que iluminava parcialmente o quarto, deixando agora só a luz da televisão, virando o corpo para Magnolia, a encarando.
“Nada, acho que só estou cansada.” mente, se ajeitando, mas não encara Luke, apenas continua encarando o teto.
Luke estica o braço de volta para a cômoda, virando parcialmente o corpo, puxando uma moeda de dentro do pote de porcelanato que deixava alguns trocados, voltando para sua posição anterior e entregando uma moeda para Magnolia: “Uma moeda por seus pensamentos?”
“Obrigada.” ela puxa a moeda, deixando do seu lado da cômoda, e ri. “Posso te fazer uma pergunta?”
“Pode.” quase sussurra, mantendo o tom de voz baixo, ela finalmente vira o rosto para encara-lo, deixando um dos braços embaixo do travesseiro.
“Você acha que algum dia vamos acabar ficando de novo?”
“Eu prometi para mim que não faríamos mais isso, então não.” Luke responde de imediato.
“Você prometeu para si mesmo, eu sei, mas você acha?”
Luke fica em silêncio por um instante, pensando, com medo de dar sua resposta.
“Acho.” ele suspira. “Acho que um dia, daqui uns vinte anos, quando estivermos nos quarenta e poucos, vamos sair para beber alguma coisa perto do hotel que você vai estar porque será uma escritora muito famosa e eu um jogador muito viajado, e aí vamos beber por horas o vinho mais caro do local.” ele narra a encarando, com um sorriso maroto. “Vamos relembrar os velhos tempos, falando da época da faculdade e você vai dizer que nos divertíamos muito juntos e vou concordar, as pessoas da mesa ao lado vão achar que a gente enchia muito a cara mas nós dois vamos saber que estamos falando sobre sexo.” Magnolia ri. “Então na hora de voltar para o hotel, vou te convidar para ir até meu quarto conversar mais e vamos transar a noite inteira até você ir embora no dia seguinte e conhecer um cara legal uma semana depois, provavelmente seu marido.”
“Uau, você andou planejando isso?” ela ri alto, jogando a cabeça para trás. Luke ri e quando o silêncio predomina, eles se encaram em silêncio. “Às vezes parece que não vamos ter que esperar tanto.”
Luke encara os olhos dela tão profundamente que parece que desaprenderam a falar. Estava bem ali a sucessão de sentimentos que ele estava tentando evitar desde o começo; querer ficar com Magnolia de novo, mesmo tendo se comportado extremamente bem nos últimos meses, sem nem ter cogitado olhar para ela com outros olhos e a ajudando sair com outros caras. Mas aquela conversa já tinha ido longe demais, ele poderia contornar, mas não sabia o que dizer, nem mesmo sabia se ela tinha alguma noção do que estava fazendo ou se só estava deixando sua boca falar mais rápido do que o cérebro: “A última vez que fizemos isso… Nola, não deu certo.”
“Eu sei.” ela sussurra de volta. “E você está com an Alex ainda e isso é�� Não precisamos disso.”
“Não, não precisamos.” Luke desvia o olhar, puxando o controle da televisão, indicando que eles voltassem a ver o filme sem precisar verbalizar e Nola entende o recado tão rápido, tentando se desvincular do clima embaraçoso que acabou criando, que deixa os olhares presos na tela, sem ousar olhar para Luke ao seu lado, mas mesmo lutando contra essa urgência, os dois não conseguiram prestar atenção em uma só palavra e dez minutos depois, os lábios de Luke beijaram o ombro de Magnolia e ela sabia que não teria mais volta.
A língua dele brinca com a mandíbula dela após seus lábios terem subido de seus ombros, para a extensão do pescoço e agora em seu queixo, como uma trilha desajeitada prestes a devorar sua boca e ela apenas presta atenção em cada movimento. Os lábios se encostam no beijo mais quente e sensual de todo o planeta, com as línguas desesperadas correndo de um lado para o outro de forma que eles desaprenderam a respirar. As bocas estão coladas ainda quando Luke a ajeita na cama, deixando Magnolia de lado, com a bunda virada para ele, enquanto se colocava atrás dela, descendo seus dedos habilidosos pela extensão da barriga por cima do tecido de cetim do pijama.
“Odeio não conseguir tirar esse vício que tenho em você de dentro de mim.” Luke sussurra com a voz grossa antes de enfiar a mão por baixo do short que ela usa, alcançando a calcinha muito mais depressa que o esperado. A pulsação de Magnolia parece sair do limite permitido quando a ponta do dedo dele estimula o clitoris por cima da calcinha e ela solta um gemido manhoso. Um riso rouco e arrastado sai da boca de Luke e ele aperta mais o indicador. “Assim tá gostoso?”
“Sim, nossa, sim.” morde a boca com os olhos fechados, erguendo o quadril com pressa, querendo mais daquilo. “Acho que já estou muito molhada, não sei como você faz isso, só você me deixa assim.”
“Só eu te deixo assim?” ele sorri satisfeito enquanto ela assente, aquele sentimento de posse o faz delirar. O jeito que ele perguntava as coisas para ela com o tom sacana fazia o desejo entre as pernas de Magnolia aumentar cada vez mais. Ela se vira na cama, tirando os dedos de Luke, subindo por cima dele do jeito que fazia antes e devorando os lábios dele com urgência enquanto ele apertava a bunda dela, forte, do jeito que ela gostava, abrindo com sua mão livre o botão da blusa de pijama que ela usava, expondo seus seios médios pulando para fora.
A porta de madeira do quarto rangeu e Duker ficou parado na porta boquiaberto por dez segundos até perceber o que tinha interrompido. O melhor amigo de Luke ficou paralisado, até que Luke tirou Magnolia de seu colo, a cobrindo com o edredom: “Fora, agora!” ele grita, mas Duker parece em choque, ainda encarando. “Porra, não ouviu o que eu disse? Fora!” grita mais uma vez, levantando da cama, empurrando o amigo para fora.
“A… Alex está la embaixo.” Duker sinaliza voltando para a realidade.
“Merda.” Luke sussurra passando a mão pelo cabelo e desce as escadas rápido, deixando Magnolia sozinha na cama, ofegante, com o edredom em seu corpo, se sentindo horrível.
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One Day | Luke Hughes
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Oi! Esse imagine foi inspirado no livro ‘Um Dia’ do David Nicholls e terá três partes. A personagem principal contém o nome fixo de Magnolia.
plot: Magnolia e Luke sempre foram melhores amigos e, ao mesmo tempo, apaixonados um pelo outro. No entanto, quando a roda do destino decide intervir, colocando obstáculos em seu caminho, eles se veem incapazes de reconhecer o momento certo para ficarem juntos.
casal: Luke Hughes x Personagem Fixa (Magnolia Hastings)
avisos: narrado em terceira pessoa. contém palavrões, cena explícita +18, leia com responsabilidade. história feita de fã para fã sem intenção de denegrir o atleta ou buscar fins lucrativos.
boa leitura :)
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1º Parte — Faculdade.
“E com o tempo todo mundo vai esquecendo de todo mundo.”
Aquela foi a primeira vez que Luke Hughes discordou parcialmente do professor Monroe. Ele encerrou a aula pedindo para que os alunos lessem dois capítulos do livro que ele havia postado na plataforma da faculdade, e o garoto de cabelos cacheados soltou um suspiro tão profundo que se Agatha Jensen não estivesse com o corpo virado para trás, sendo insuportável tentando chamar a atenção dele falando um monte de coisas que Luke não conseguia prestar atenção, o professor Monroe teria ouvido.
“Bom, é isso, te vejo depois, Lukey!”
O cabelo loiro de Agatha cheirava como hortelã, e, toda vez que ela andava, a essência exalava e fazia Luke espirrar mais de uma vez. Os olhos migraram para a porta de vidro da sala, Agatha sai, jogando os fios dourados para trás mas a imagem de Duker está ali, o chamando com a mão. Luke murmura um ‘tchau’ baixo para o professor, deixando a aula de sociologia com a dor de cabeça que o rodeava toda vez que pisava na sala rústica, amadeirada e de luz baixa. Estranhou Duker não seguir Ágatha imediatamente, ele estava tentando chamar a atenção dela há meses, desde que a viu na arquibanca do último jogo que eles jogaram contra a universidade Boston e até lançou na direção dela um puck autografado, mas tudo que ela fez foi revirar os olhos.
“O que foi? Saiu mais cedo da sua aula de novo?” questiona com a voz calma, arrumando a mochila transversal no corpo.
“Não, na verdade, vim te falar uma coisa.”
Duker nunca aparecia só para ‘dizer uma coisa.’ A última vez que ele disse isso, Luca tinha sido suspenso do time porque o treinador o pegou usando maconha do lado de fora e Luke precisou intervir, é a responsabilidade dele já que é o capitão do time; livrar a bunda dos amigos quando se envolvem em confusão, e eles se envolvem em muitas, desde beber tequila do corpo de desconhecidas no bar do centro da cidade ou corresponder ao flerte e de professoras estrangeiras mais velhas.
“O que vocês fizeram dessa vez?” Hughes respira fundo, esperando o pior. “Você transou com a Rebeca de novo? Porque sinceramente…”
“Não, Deus, não.” Duker balança a cabeça. “Já disse que não é mais minha praia transar com calouras.” suspira. “Vim te avisar que Magnolia está de volta.”
Os pés de Luke travam no chão de mármore do corredor da universidade como se ele tivesse desaprendido como dar o próximo passo, seus olhos claros transitam entre os sapatos e os olhos do melhor amigo que o encara sabendo que o impacto de suas palavras seria exatamente aquele.
Só quem conheceu Luke e Magnolia sabia que a situação deles era complicada.
“Por que?” é tudo que os lábios finos de Luke conseguem projetar para perguntar.
“As coisas não deram certo em Yale e ela voltou para a UMICH, foi o que Ethan me disse.”
“Ah.”
Luke Hughes era um homem de muitas palavras, mas não conseguiu verbalizar muito mais do que aquilo, apenas passou a mão pelos cachos um pouco incomodado com toda a situação, como se o universo desde manhã estivesse mandando sinais de que aquilo poderia acontecer, afinal, ele tinha sonhado com ela noite passada e hoje o professor Monroe estava falando casualmente sobre como as pessoas se esquecem eventualmente. Luke discordava justamente por aquilo, não importava quanto se passasse, ele não conseguia esquecer Magnolia. E havia tentado. Genuinamente tentado. Tentado muito.
“Você veio até aqui me dar essa notícia? Não precisava.” Luke morde a boca tentando esconder a curiosidade em saber mais sobre aquilo.
“Precisava sim, você teria morrido do coração se tivesse entrado no dormitório e visto ela sentada no sofá.”
“Por que ela estaria no nosso dormitório?”
“Bom.” Duker coça a garganta. “Como ela pediu transferência e não conseguiu uma vaga nos quartos do campus de Letras, vai ficar um tempo conosco já que, você sabe, Ethan é primo dela e ficou mais fácil, se não fosse por isso, ela perderia o ano de formatura e teria que se formar ano que vem, seis meses depois.”
“Ela vai ficar com a gente? Por quanto tempo?”
“Não sei, até livrar uma vaga no departamento dela.”
Magnolia era a representação do verão de Michigan para Luke, talvez esse fosse o principal motivo de sua presença ser tão marcante, principalmente porque Luke cresceu em Michigan e estar com ela era como ter um gostinho de casa. Magnolia era diferente, desde o nome até o cabelo longo castanho, com algumas mechas douradas espalhadas por conta do sol e as sardas escondidas embaixo dos olhos exatamente pelo mesmo motivo. Luke a chamava de Nola alguns anos atrás, era o apelido diferente que ele havia dado para ela porque todo mundo a chamava de Maggie e ela detestava porque banalizava um pouco do seu verdadeiro nome e o significado dele.
Magnolia era filha de pais divorciados, hoje ela carrega um pai morto e uma mãe que se afundou no álcool depois que isso aconteceu, então a única lembrança boa que tem dos dois é de quando contaram para ela como decidiram que aquele seria seu nome. Acontece que Richie e Nadine Hastings tinham dificuldade para engravidar, Nadine sofria de ovários policísticos e sabia que talvez aquela fosse uma jornada difícil, de fato foi, além de difícil, era estressante e de uma pressão quase inimaginável porque a partir do momento que você verbaliza que quer ter filhos, as pessoas vão te perguntar sobre isso o tempo inteiro, como se fosse da conta delas.
Nadine engravidou um ano depois, dentro dela sabia que era uma menina, havia sonhado duas noites antes. Era uma gestação de risco, delicada e um mês faltando para o nascimento, Nadine parou de sentir o bebê se mexer na barriga e todo o trajeto da sala de estar até o escritório de Richie foi pedindo para Deus, mesmo não sendo religiosa, que, de todas as pessoas do mundo, aquilo não acontecesse com ela. Antes de abrir a porta do escritório, os olhos castanhos de Nadine passaram de relance pelo quintal e uma magnólia estava florescendo na divisa da parede que tinha com o senhor Benson, o vizinho. Acontece que magnólias só florescerem na primavera e era início do verão, então Nadine encarou aquilo como um sinal de que tudo ficaria bem.
“Pode ir indo na frente Duker, vou passar no vestiário antes, meu uniforme ficou lá desde jogo passado.” Luke diz assim que os dois param na porta do dormitório.
“Ah, Luke, qual é, nós dois sabemos que isso não é verdade.” suspira. “Uma hora você vai acabar esbarrando com ela, sabe disso, não é?”
“Te vejo depois.” é tudo que ele responde, voltando para o ponto de ônibus do outro lado da calçada.
Se Luke Hughes tinha tanta afeição por Magnolia Hastings e ela o fazia lembrar de casa, por que estava do outro lado da rua, segurando sua mochila e levando pingos gratuitos de chuva na cabeça quando poderia estar dentro da fraternidade junto com Duker?
Luke e Magnolia eram como dois astros em órbita, constantemente atraídos um pelo outro apenas para serem lançados em trajetórias opostas pelo destino implacável. Sempre foi assim.
A primeira vez que Luke viu Magnolia, ela usava um vestido azul claro. Eles tinham doze anos e ele se lembrava perfeitamente de pensar como aquela cor ficava bonita na pele bronzeada dela. Era verão, quase cinco da tarde quando eles foram apresentados pelos pais, eram vizinhos, os Hastings tinham acabado de comprar a casa do lago ao lado dos Hughes. Luke pensou dentro de si que Magnolia parecia o sol, principalmente porque a pele dela era muito dourada pelo bronzeado e os olhos castanhos vibrantes pela luz alaranjada que refletia do céu. Ela cheirava como coco e cenoura, um cheiro típico do bronzeador da farmácia. Os dois sorriram um para o outro, e em cinco horas de conversa depois que os Hastings aceitaram o convite dos Hughes para um passeio de barco, Luke descobriu que Magnolia era chamada de Maggie pela mãe, filha única – enquanto ele era o irmão mais novo de três filhos –, e que ela falava muito, disparadamente, sem limite e ele adorava cada segundo.
No fim do verão, Luke já tinha certeza sobre outras coisas de Magnolia; ela odiava seu próprio nariz, amava ver os jogos dos Maple Leafs com o pai dele e estava completamente apaixonada por Jack. Filho do meio dos Hughes, o que não foi chocante para Luke, nem um pouco. Jack tinha quatorze anos, era naturalmente engraçado e sempre fazia Magnolia rir. Além disso, estava acostumado, as meninas sempre gostavam de Jack, ele tinha um charme natural e conquistador que fazia qualquer desastre embaraçoso dele passar despercebido.
Luke não ligou, ele não via Magnolia como alguém que ele pudesse se interessar embora a achasse bonita. Os dois eram tão próximos que se encaravam como melhores amigos e noventa e poucos dias antes dos dois voltarem para suas respectivas cidades e iniciarem as aulas, foi o necessário para que eles trocassem mensagem, ansiando o próximo verão em que pudessem se ver e antes de se despedirem. Luke sempre deixava algo dele com ela, apenas para que isso iniciasse a próxima conversa no dia seguinte, quando eles compartilhavam tudo sobre o primeiro de aula pós verão.
Foram cinco anos frequentando a casa do lago todo verão até Richie falecer. Luke e Magnolia que antes tinham doze anos e precisavam ficar restritos em casa jogando videogame durante dias chuvosos em Michigan, agora tinham dezessete e arrastavam o carro da garagem e dirigiam por horas na chuva rala, sem nenhum tipo de preocupação com o mundo lá fora. Nola namorou Jack por todo o verão naquele mesmo ano, o último antes da casa ser vendida após o falecimento. Foi com Jack que Magnolia deu seu primeiro beijo e perdeu a virgindade. Também foi com Jack que ela teve seu primeiro coração partido, principalmente porque os Hughes eram todos envolvidos com hóquei e Jack terminou pouco tempo depois que entrou no time nacional.
Não fazia sentido nenhum Jack e Magnolia estarem juntos. Os dois eram atraídos um pelo outro, o beijo se encaixava e certamente ele a fazia sentir coisas que nunca tinha sentido antes. Mas não combinava. Eles tampouco se entendiam. Ninguém entendia Magnolia como Luke.
Luke sempre esteve lá por Nola, a abraçando até que ela terminasse de chorar para dormir, desde o término com seu irmão mais velho até o momento em que Richie faleceu. Era primavera. Os Hughes receberam a ligação quatro da tarde, assim que aconteceu, porque Nadine estava desesperada e sem forças para lidar com as questões da única filha. Luke e Maggie moraram na mesma casa por seis meses até ela ser aceita na universidade de Michigan, junto com Luke, e foi o processo mais difícil da vida dela. Sua mãe, antes cheia de vida, que adorava usar vestidos longos, manter o cabelo sempre impecável e andar com elegância por onde quer que fosse com acessórios balançando em sua pele, agora passava o dia inteiro deitada no sofá, definhando no destino que a vida havia submetido.
Magnolia e Luke arrumaram o mesmo emprego antes de ingressarem na universidade, os Hughes haviam oferecido auxílio financeiro para os Hastings, mas foi negado por ela, preferia trabalhar na lanchonete Burgers & Shakes no período noturno junto com o melhor amigo que a vida havia dado, a única pessoa que sentia que ainda tinha. Foi em um desses expedientes, quando três da manhã, onde nem uma só alma ousava pisar dentro da lanchonete no dia mais frio do ano, que Luke e Magnolia subiram para o terraço, o local estava envolto em uma bruma gélida e os olhos se encontraram em meio ao vapor de suas respirações. Foi a primeira vez que eles se olharam diferente, talvez tivesse sido a forma que os cílios dela pareciam maiores porque estava chorando dez minutos antes no banheiro, ou talvez fosse o jeito que os lábios de Luke se curvaram ligeiramente para o lado, em quase um sorriso clínico, e isso captou atenção.
Eles se beijaram naquela noite. O nariz de Magnolia estava muito gelado por conta da temperatura e cada vez que Luke ria entre os lábios, um pouco chocado de que aquilo estava acontecendo, o vapor branco subia como uma fumaça. Ele não sabia exatamente em qual momento tinha aceitado que estava apaixonado por Magnolia, na verdade, foi um conjunto de pequenos detalhes que cresceram o sentimento dele. Mas naquela noite… Aquela noite só parecia que tudo seria diferente.
“O que você acha que vai acontecer?” pergunta entre os beijos enquanto Luke empurra a porta do depósito da lanchonete com a mão, impulsionando o corpo de Magnolia para dentro, concentrado demais naquele beijo.
“Hum?” questiona segurando a cintura dela.
“Quando formos para a faculdade, como vai ser?”
“Uhmmm… Eu não sei.” Luke murmura. As costas de Nola estão apoiadas no gabinete preso na parede e a lâmpada amarela acima dos dois é a única coisa que ilumina o depósito. “Você quer falar disso agora?” pergunta um pouco ofegante, com a mão no botão da camisa do uniforme.
“Vamos para lá em um mês, se não falarmos agora, quando vai ser?” arqueia a sobrancelha.
“Não sei, Nola. Talvez amanhã? Quando não estivermos, sei lá, nos beijando?” ele ri pelo nariz, arrancando um sorriso dela. “Está falando isso para deixar menos vergonhoso que estamos nos beijando?”
“O quê? Não.” revira os olhos. “Não estou com vergonha de estarmos ficando, talvez com vergonha desse lugar asqueroso que não sabe o que é uma vassoura há anos provavelmente.” dá de ombros.
“Tudo bem.” suspira, soltando a cintura dela, encostando as costas também no gabinete. Agora estão lado a lado. “Vamos falar sobre a faculdade.”
“Não quero falar sobre ela, só quero saber o que vai acontecer, você vai entrar no programa de hóquei e depois o quê? Ir para o time nacional e nunca mais falar comigo?” cruza os braços com um riso provocante.
“Jack já fez por isso mim.” ironiza e ela ri. “Nada vai mudar, Magnolia.” a encara. “Vou entrar no time, jogar, pegar minhas aulas de crédito extracurricular, torcer para me formar sem reprovar em nada e, com muita sorte, ser draftado para um time profissional.”
“Você vai virar um clichê universitário, sabia disso? O time de cara popular que as meninas vão falar sobre.”
“A gente acabou de se beijar e você já tá com ciúmes?” Magnolia bate no ombro de Luke, rindo. “Gata, não precisa disso.”
“Ha ha, muito engraçado.” sorri.
“E você? O que você vai fazer?” ele abotoa o único botão que havia tirado, sabendo que não existia mais clima palpável para voltar ao que estavam fazendo. Não se importava.
“Ler, ler muito e escrever muito.” suspira, ajeitando o cabelo. “Quero fazer o que meu pai queria que eu fizesse, entende?”
“Mas é isso que você quer? Só porque seu pai era escritor não significa que você precisa seguir esse mesmo passo.”
“É o que eu quero fazer, talvez eu possa escrever sobre o luto e uma mãe alcoólatra.” ela morde a boca com um riso fraco. “Desculpa, a gente tava se beijando e do nada tô falando do meu pai morto”
Luke ri.
“Honestamente não consigo imaginar outra situação com você que não seja completamente assim, Nola.” a encara.
“Assim como? Te beijando em um depósito com cheiro de fritura?”
“Não.” balança a cabeça. “Uma situação completamente imprevisível.” ela ri mordendo a boca, concordando. “Você quer continuar ou…”
“Deveria guardar seus lábios para suas futuras admiradas secretas.” dá uma piscadela, saindo do depósito.
Luke não queria não beijar outra boca, na verdade, fazia anos que ele não queria aquilo, mas sabia que Magnolia não conseguiria lidar com nada naquele momento, muito menos com os próprios sentimentos, imagina os dele. Era complicado demais. Os dois voltaram a trabalhar até o fim do turno e no dia seguinte foi como se nada tivesse acontecido. Magnólia não era o tipo de pessoa que fazia disso tudo um grande estardalhaço, apenas seguia seu dia como se fosse a coisa mais normal do mundo, embora não fosse. Era claro que ela queria ter continuado beijando Luke, mas existiam duas coisas em sua cabeça que não davam um mínimo descanso; a primeira era que ela estava prejudicada demais para encher Luke Hughes com seus problemas pessoais, ele merecia alguém melhor, alguma loira bonita e padrão do curso de moda ou fotografia da faculdade. A segunda era que ela já tinha namorado seu irmão e não queria ser a garota taxada de vagabunda por ter ficado com dois caras da mesma família.
E então na faculdade foi quando as coisas mudaram entre Luke e Magnolia. Eles aproveitaram completamente os primeiros seis meses, frequentaram todas as festas, beberam todos os tipos de uísques e transaram juntos no banco de trás do carro de Luke praticamente toda semana, no mesmo horário, quando Duker colocava todo mundo para fora do dormitório do time perto das cinco da manhã e eles ficavam horas estendendo a conversa entre os dois, bebendo e ouvindo música no rádio até levarem as coisas para um nível maior. Para quem só havia tido um beijo em um depósito duvidoso, agora eles estavam transando, tendo a primeira vez deles no vestiário do time de hóquei, falando entre os lábios ofegantes que era casual, mas ambos sabiam que não eram porque sequer ousavam olhar outra pessoa.
Era fim de jogo quando transaram a primeira vez, os dois estavam trocando olhares a semana toda sem saber exatamente o que significava. Ficou estranho depois que se beijaram de novo em uma das festas do time, mas Luke vomitou no chão pouco tempo depois de Magnolia soltar o sutiã, e embora ela tenha rido alto e dado banho em Luke naquela noite, nada aconteceu e os dois só ficaram se olhando como: ‘sei como seu peito é’ e ‘caraca você vomitou em mim.’ O time todo já tinha deixado o rinque e também saído do vestiário, então ela sabia que Luke estava sozinho lá dentro. Ele tinha brigado, distribuído alguns socos no gelo e mesmo preocupante, ela achou aquilo sexy, merecedor de alguém entrar ali e chupar ele por horas como agradecimento.
Magnolia estava parada ali, dentro do vestiário após empurrar a barra de ferro e Luke se virar para ver quem tinha entrado. Ela apenas caminhou na direção dele, e sabia que ele perceberia o que ela estava prestes a fazer quando suas mãos soltaram a mochila pós treino que ele carregava para agarrar sua cintura, enquanto ela encostava a boca na dele.
As bocas deles se chocavam rapidamente, as línguas desesperadas, e ela precisava parar por dois segundos para recuperar o fôlego, mas Luke não parava. Ele a encostava no armário de metal, e suas mãos subiam para sua nuca, onde ela se agarrava em seu cabelo molhado, deixando que os lábios dele descessem pela extensão do seu pescoço. Sua pele se arrepiava, e ele sorria entre seus lábios, dedilhando o corpo dela.
Ele estava apenas com uma blusa segunda pele preta, e ela escorregava a mão para o cós da calça de moletom cinza que ele estava vestindo. Luke abaixou o olhar para acompanhar seus movimentos, e Magnolia achou aquilo a coisa mais sexy que já viu — o jeito que seus olhos não saíam da sua mão, ansiosos pelo próximo passo. Levantou um pouco a bainha da blusa, encostando seu dedo na pele gelada dele, provavelmente por causa do banho. Luke era tão alto que dessa vez não precisava se esforçar, apenas ficava um pouco na ponta dos pés e deixava um beijo no pescoço dele.
“Você não vai querer fazer isso aqui, Nola.” ele soltou uma risada entre os dentes.
“Tenho certeza que quero.” sussurrou contra sua pele. O volume na sua calça de moletom aumentou, e a marcação evidente, longa e dura fez com que ela firmasse os pés no chão e percebesse que já estava molhada o suficiente. Beijou o pescoço de Luke novamente, sentindo a pele dele tensionar cada vez que seus lábios deslizavam por ali.
Luke levantou o olhar para ela, as pupilas dilatadas a faziam sentir desejada de um jeito que nunca se sentiu antes. Ela segurou a barra da blusa dele, puxando para cima, e ele ergueu os braços para que o tecido passasse por sua cabeça, deixando a peça cair no chão molhado do vestiário. Ela podia listar outros mil lugares em que preferiria transar, mas apesar do cheiro de homem suado que exalava do vestiário, não queria se livrar do jeito que Luke a encarava.
Seu tórax desnudo chamava sua atenção, o peitoral definido, assim como o abdômen marcado, faziam com que ela mordesse o lábio sem pensar direito. Ele tinha ombros grandes, largos, e braços definidos pelo treino pesado que tinha com o hóquei: “Você não vai me tocar?” ela perguntou, vendo que os braços dele estavam suspensos no ar, embora seus olhos estivessem repletos de fome. Luke sorriu de lado, um sorriso perverso.
“Magnolia, por que não vamos para meu dormit…”
Calou a boca dele com outro beijo, um beijo mais forte e pesado que até machucava suas bocas quando o fazia, e todo o controle que Luke ainda tinha no corpo de tentar convencê-la a fazerem em algum lugar mais confortável, sumiu no mesmo instante. Segurando seu queixo com uma mão, Luke facilmente levou a outra até a blusa que ela estava usando, desencostando suas bocas para dar espaço para tirar a peça dela. Ela a arrancou tão rápido que nem se preocupou onde jogou, e ele habilmente tirou seu sutiã, deixando o tecido preto cair em cima dos pés dela. Ela gostava dos seus seios, mas gostava ainda mais de como Luke olhava para eles.
A parte traseira da sua coxa estava beirando a ponta do banco de madeira, onde logo em cima tinha a placa de metal com o nome dele. Isso deixou tudo mais sensual, e ela não sabia explicar o motivo. Luke empurrou seu corpo contra o banco, e sua calça jeans encostando ali fez com que ela entendesse que não só sentou, como o puxou para cima de si, e suas costas se apoiaram no uniforme pendurado dele, trazendo um pouco mais de conforto. Magnolia tinha quase certeza que soltou um gemido muito alto, porque pôde ouvir o eco por toda parte enquanto ele explorava seu corpo, passando a língua por toda sua barriga e peito, fazendo sua cabeça tombar para trás de prazer.
Seu quadril se impulsionava para ele mais depressa, implorando por um pouco mais de contato, e Luke ria entre os dentes, desabotoando sua calça, deslizando o tecido leve por suas pernas, puxando a calcinha junto para facilitar. Sempre teve vergonha de se sentir exposta desse jeito, principalmente em uma luz tão clara como aquela do vestiário, mas com Luke não sentia nada além da vontade insana de desejá-lo dentro dela.
Estava muito vulnerável, e ele sorria satisfeito, abrindo sua perna, se colocando no meio, de joelhos, segurando suas coxas para ter uma visão aberta dela, e afundando a língua no seu clítoris, chupando forte. O prazer disparava pelo seu corpo, lhe dando até uma pontada na coluna, indo até a nuca, seguido por um arrepio tão forte que só se intensificou quando Luke colocou dois dedos dentro dela, e pareceu que algo quebrou dentro do seu corpo porque bastou uma estocada com o dedo para que ela gozasse.
“Puta merda, você tá tão molhada.”
Magnolia gozou mais rápido do que imaginou, e Luke riu, sabendo que não tinha mentido quando disse uma vez, enquanto conversavam, que sabia fazer uma mulher gozar rápido e implorar por mais. E ela queria mais. Muito mais. Uma onda de desejo insano tomou conta do corpo dela, uma excitação pulsante e avassaladora.
“Estou tomando anticoncepcional,” ela avisou, vendo que Luke abaixava a calça de moletom, e sabia que essa provavelmente seria a hora certa de avisar isso.
“Estou sem camisinha aqui,” ele anunciou mesmo assim, colocando uma mão em cada lateral do corpo dela, inclinando o tronco forte e roçando a boca na dela. “Quer mesmo fazer isso?”
“Quero,” ela sussurrou, o beijando mais uma vez. Luke abaixou a cueca, e sua ereção pulou para fora da boxer branca tão depressa que os olhos dela migraram na direção. Ela queria tocá-lo e chupá-lo, seu clitóris pulsava de prazer, mas Luke não parecia querer esperar para entrar dentro dela. Na verdade, ele segurou o pênis no momento em que o mesmo saltou do tecido e colocou somente o começo da glande nela, fazendo seu corpo enrijecer.
Luke era muito maior do que os outros caras com quem ela já tinha transado, e honestamente fazia um tempo desde a última vez. A sensação não se comparava com uma primeira vez, mas certamente precisava de um tempo, afinal o pênis dele era muito mais grosso do que um dedo indicador, e é claro que a princípio, apesar do prazer inicial, ela sentiu um desconforto leve. “Tudo bem?” ele perguntou, a voz arrastada e rouca ecoou pelo vestiário, seus olhos estavam nos dela, preocupados.
“Tudo,” ela confirmou. Luke impulsionou o quadril para frente, seu pênis não entrou por completo, mas era mais da metade. Ela soltou um gemido, fechando os olhos, o prazer a invadiu.
“Isso, desse jeito, por favor,” Magnolia implorou, e os lábios dele esboçaram um sorriso, inclinando o corpo e a beijando enquanto mexia o corpo, estocando dentro dela em movimentos de vai e vem. Ela agarrou seus ombros, queria que ele fosse mais forte, mais fundo, e sentiu que ele entrou por completo.
“Minha nossa, puta merda!” foi tudo que escapou da boca dela.
“Você é tão gostosa,” ele arfou enquanto suas unhas fincavam em sua pele. “Senta em mim um pouco,” ele pediu no pé do ouvido dela.
Ótimo, era a vez dela de provocar. Sempre gostou dessa parte do sexo, mas os caras gozavam muito rápido e ela nunca tinha seus cinco minutos de prazer, mas Luke não parecia esse tipo de cara. Ele se ajeitou no banco de madeira, e ela estava de pé, completamente pelada na frente dele, seus olhos passeavam por cada centímetro do corpo dela. Dessa vez, ela ajoelhou na frente dele.
“Antes posso te chupar?”
“Porra, claro que sim,” ele suspirou, jogando a cabeça para trás.
O pênis dele enrijeceu na mão dela antes que ela fizesse qualquer coisa, estava pulsante, quente e molhado por estar dentro dela antes, os olhos de Luke não desgrudaram dos dela até o momento em que ela enfiou sua glande inteira na boca dele, deixando em contato com sua bochecha quente e macia a ponto de seus dedos segurarem no banco de madeira polida. Ela enfiou ele fundo na boca, colocando a ponta do pau dele no fundo da sua garganta, tirando e colocando em segundos, fazendo Luke gemer baixo com os olhos fechados, apoiando sua cabeça no armário atrás de si. “Vou gozar,” ele anunciou.
“Não, não vai não,” ela soltou o pau dele, se aproximando, colocando um pé de cada lado de sua coxa, sentindo o frio da madeira nos dedões, e Luke entendeu o recado, segurando seu pau ereto nos dedos.
“Você vai me deixar maluco,” ele arfou assim que ela sentou, envolvendo seu pau inteiro, remexendo o quadril em seu colo, enlaçando sua perna ao redor de sua cintura. “Isso, linda, assim.”
“Assim?” ela perguntou com um sorriso, indo com movimentos de vai e vem incessantes enquanto Luke se perdia no meio dos seus seios, colocando quase o rosto inteiro ali, passando a língua enquanto segurava sua cintura e logo descendo para sua bunda, onde ele apertava forte, muito forte, distribuindo uma onda de prazer. Magnolia estava em uma mistura insana de sensações e em algum ponto, explodiu num orgasmo tão intenso que sua respiração ficou presa na garganta e ela precisou jogar seu corpo para cima de Luke, sentindo suas pernas tremerem enquanto o som mais rouco e sensual do mundo escapava de sua boca.
Era isso. Ela tinha acabado de transar com Luke Hughes.
“A gente não deveria estar fazendo isso.” Magnolia diz ofegante, deitando no peito de Luke no banco de madeira desconfortável do vestiário. “Somos só amigos, certo?”
“Certo…” Luke engole em seco, deslizando o indicador pela pele desnuda do braço dela. Magnolia levanta a cabeça e os dois se encaram por algum tempo. “Você me olha nos olhos por muito tempo e ainda tem coragem de dizer que somos só amigos?”
“Ei, você concordou!” ela ri baixo, ainda o encarando.
“Eu sou um romântico incorrigível, Hastings. Não sei lidar com casual.” revira os olhos.
E não sabia mesmo. Luke era honesto com seus sentimentos mas Magnolia sempre ria porque não sabia a linha tênue entre a verdade e brincadeira quando se tratava de Luke, mesmo sendo amigos há quase dez anos nessa altura. Seu corpo criou um mecanismo de defesa tão potente e grande que ela tinha dificuldades de levar a sério qualquer sentimento que saísse da boca dele e isso foi ficando tão claro e desgastante com o tempo, que os dois desaprenderam a se comunicar. De repente era difícil transar com prazer porque temiam a conversa pós sexo, temiam sair e esbarrar com outras pessoas, temiam aquele ciúme agonizante de algo que não era concretizado. Magnolia fugia do assunto, ainda fragilizada, confusa com tudo que havia acontecido em sua vida no ano anterior e Luke cansou de tentar falar sobre.
Faltando um dia para as férias, onde os dois mal haviam se falado durante todo o mês, muito menos se visto, que Magnolia viu Luke e Sarah Duray se beijando quando o time de hóquei venceu o último jogo contra a universidade da Pensilvânia. A buzina de fim de jogo estava muito alta, misturada com os gritos incessantes dos alunos fanáticos pela faculdade berrando à plenos pulmões e seu melhor amigo beijando uma loira do curso de moda, do jeito que ela sabia que acabaria. Suas dificuldades de se comunicar estavam a consumindo por dentro, era eternamente uma dúvida entre sentir pena de si mesma por chegar em casa e ver sua mãe na mesma posição no sofá com três garrafas vazias de cerveja do lado do estofado e ser egoísta por estar transando com seu melhor e se sentindo feliz com isso. Segundo sua mente, não merecia aquilo, não merecia se sentir amada e feliz quando sua mãe havia perdido o homem que a fez se sentir desse jeito.
“Eu fui atrás de você por semanas!” Luke tentou não levantar o tom, eles nunca tinham discutido. Magnolia colocava as roupas na mala. “Para onde você vai? Não acha que devemos ao menos falar sobre isso?”
“Sobre o quê, Luke?” ela suspira, virando o corpo para encara-lo. “Sobre o que você quer tanto conversar, hum?”
Quando Magnolia viu Luke e Sarah, Ethan, primo de Maggie e também companheiro de time de Luke, o avisou e quando Hughes finalmente conseguiu alcançá-la, ela estava com a mala aberta em cima da cama, dobrando suas roupas.
“Sobre a gente!”
“A gente? O que você quer falar da gente? Não era eu que estava com a língua na boca da Sarah Duray!”
Luke ainda vestia seu uniforme do time, estava levemente suado, com os cachos molhados perto da nuca pela adrenalina do jogo.
“Não, você não tem direito de dizer isso!” Luke rebate. “Eu estive atrás de você por meses, meses! Acha que não soube que você trocou seus horários para não me ver nas aulas que tínhamos em comum? Ou como começou estudar no quarto porque sabia que ia me encontrar com o grupo de estudos na biblioteca? Deus, Magnolia!” ele passa a mão pelo cabelo. “Você sumiu, transamos no meu carro, como sempre fazíamos e você desapareceu, ignorou minhas ligações e acha que tem o direito de por a culpa em mim? Por ter, não sei, seguido em frente? O que era para eu fazer?”
“Pedi transferência para a Yale.” é tudo que ela diz, suspirando.
“Você… O quê?”
“Eles aceitaram semana passada.”
Luke respirou fundo, sentindo toda a raiva em sua feição desaparecer. Ainda estava lá, o sentimento pulsante de nervoso corroendo seu peito, mas havia desaparecido de seu rosto porque o desespero real de que Magnolia estava indo embora, agora estava bem ali, presente.
“Você vai embora.” ele confirma, tentando convencer seu próprio cérebro. “Você vai embora, não me disse nada, fugiu de mim… Uau.” ele funga, balançando a cabeça.
“Você não entende, você nunca vai entender e esse é o problema. Como eu posso estar aqui? Feliz, fazendo faculdade, transando com meu melhor amigo, frequentando boas festas enquanto cinco horas daqui, minha mãe está internada? Hum? Presa em uma maldita clínica por vício porque me ligaram dois meses atrás dizendo que ela tinha sido encontrada desmaiada em uma encruzilhada?” Magnolia limpa o rosto, as lágrimas salgadas insistindo em pingar. “Como que eu poderia sequer ter tempo de chegar e decidir o que nós tínhamos?”
“Magnolia, você podia ter me contado, antes de qualquer coisa eu sou seu amigo, eu estou sempre lá por você, nós teríamos dado um…”
“Nós teríamos dado um jeito, eu sei, e é por isso que não te contei porque isso não é problema seu.” ela o interrompe. “Tá legal? Não é problema seu! Você teria largado seu time, sua carreira, suas provas para me ajudar e eu não posso fazer isso com você.” continua colocando as roupas na mala. “E é por isso que preciso ir embora!”
“Eu queria ter ajudado, Nola!” o tom dele cresce.
“Você não sabe o que você quer, Luke!”
“Eu quero você!” ele praticamente grita, se aproximando, segurando o rosto dela com as pupilas trêmulas. “Porra, eu quero você! Eu teria feito… Eu teria feito qualquer coisa e não é você que decide o que eu preciso ou não.”
Magnolia fecha os olhos. Sentir o polegar de Luke em sua bochecha fazia seu corpo queimar, dilacerar por dentro. “Nada aconteceu do jeito que eu queria.”
“Fala comigo, tá bem? Fala comigo, explica do seu jeito, eu juro que eu tento…”
“Não! Eu não quero falar sobre, por favor, vai embora!”
“Nola…”
“Vai embora, Luke. Por favor.” ela praticamente sussurra, se afastando dele, apontando para a porta. “Por favor.”
Luke Hughes atravessou a porta do dormitório 340 e desceu as escadas com a cabeça girando tão depressa que precisou se segurar no corrimão. Seus ombros estão curvados, seus olhos estão nublados com lágrimas não derramadas, e sua expressão é uma mistura de tristeza e resignação tão grande que ele parece não conseguir respirar, um grito travado na traqueia desesperado querendo sair.
Depois de três anos, Duker ter dito o nome de Magnolia depois da aula do professor Monroe foi a primeira vez que ouviu a pronuncia do nome dela depois de todo esse tempo. Evitou todos os verões em casa para não ter que ouvir seus pais comentando, ou Jack relembrando algo antigo. Colocou mais treinos em sua agenda, foi para o acampamento de hóquei e até os natais acabou passando com a família do melhor amigo, aparecendo de vez em quando em Michigan para o aniversário de sua mãe ou comemorações específicas como o feriado de 4 de julho.
Parado agora na porta do dormitório, Luke respira duas vezes antes de girar a maçaneta. O corredor que divide o lounge de entrada até a área de convivência do prédio está ecoando as vozes e ele ouve o tom dela de longe, rindo de algo que Ethan acabou de dizer. Uma mistura de emoções o dominava: angústia, saudade, receio do que poderia vir a seguir. Lentamente, ele se aproximou da área, como se temesse que aquela conexão frágil pudesse desaparecer a qualquer momento e a viu de costas. Seu cabelo estava curto, bem mais curto do que se lembrava, um pouco abaixo dos ombros, ainda castanho e ainda com as mechas douradas de sol. Ela estava com uma blusa de gola vermelha, uma saia preta um pouco acima dos joelhos e tênis branco, com meias da mesma cor.
“Hughesy, finalmente!”
A voz de Ethan ressoou ainda mais alto, Luke umedeceu os lábios. Quando finalmente estavam frente a frente e os olhos castanhos dela se prenderam nos dele, o silêncio pairou por um breve momento e dava para ver que ambos seguraram a respiração. Ela ainda estava ali, bonita como ele se lembrava, carregava uma espécie de franja agora na testa, as unhas pintadas de azul marinho e os lábios levemente carnudos marcados por um gloss leve.
“Oi, Luke.” ela diz primeira, puxando coragem.
“Oi, Nola.” ele responde.
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Angel With A Shotgun | Nico Hischier
Parte 1
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plot: existiam duas coisas que nico hischier tinha certeza sobre si mesmo; a primeira, é que ele era um semideus e a segunda é que ele era completamente apaixonado por seunome.
casal: nico hischier x leitora.
avisos: narrado em primeira pessoa pelo Nico e protagonista feminina será chamada de seunome do começo ao fim da história. o sobrenome DeMarco é fixo.
observações: contém cenas +18, violência, linguagem explícita. leia com responsabilidade. história feita de fã para fã sem fins lucrativos, nenhum fato aqui realmente aconteceu e puxa coisas/referências do universo de Percy Jackson.
Pedido muito especial feito pela minha amiga Gaby, a maior stan do Nico que eu já conheci.
Boa leitura! :)
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Olha, eu não queria ser um meio sangue.
Assim como eu também não queria ser completamente apaixonado por seunome DeMarco, mas essas são duas coisas que você não consegue escolher muito bem; ser filho de um Deus grego e controlar seu próprio coração.
Quer dizer, acho que minha mãe poderia ter sido um pouco mais flexível e talvez minimamente mais inteligente em perceber que meu pai não era comum, e que ele tinha um perfil específico de um cara que meteria o pé e deixaria ela sozinha criando um filho aos dezoito anos de idade na Suíça. Sou filho de Apolo, o Deus do sol, e também da arte e um pouco do atletismo e acho que minha mãe podia ter sacado de primeira que ele não seria um bom pai porque a lei é um pouco óbvia: esses caras que tiram o violão no meio de uma festa para começar tocar uma música deprimente são o mesmo tipo de cara que vão lançar um álbum de 23 músicas sobre você mesmo que o relacionamento tenha acabado porque ele te traiu com pelo menos 89 mulheres diferentes.
Eu não sei se Apolo traiu minha mãe ou só abandonou ela grávida, honestamente ela pula um pouco essa parte da história e vai direto ao ponto em que eu nasci e ela tentou me proteger do mundo exterior até eu alcançar a idade certa para chegar aqui, no acampamento meio-sangue.
Cheguei com treze anos, eu era um pirralho teimoso e introvertido que preferia ficar o dia inteiro encarando o teto do chalé de Hermes ao invés de aperfeiçoar minhas habilidades do lado de fora, mas meu pai me reclamou sem eu precisar me esforçar, o que foi um pouco chocante porque alguns campistas e até irmãos que descobri no chalé demoraram anos até serem reconhecidos, mas eu só precisei ficar um pouco depressivo por um mês e ele deve ter pensado: esse moleque precisa reagir, e aí, bom, eu fui reclamado. Minha vida de meio-sangue começou de verdade depois disso, eu fui descobrindo coisas sobre mim mesmo que aparentemente todo mundo já tinha uma ideia, mas pra mim era novidade. Acontece que sou ótimo no arco e flecha e corrida, nem precisei treinar, minha mira funcionou como um dom, meus pés deslizavam por qualquer superfície tão depressa que às vezes eu não entendia tamanha velocidade e também tenho dedos bons para tocar qualquer instrumento.
Mas isso era quando eu era um campista assíduo que, diga-se de passagem, ganhou praticamente todos os jogos de roubar bandeira, mas agora com 24 anos tudo que eu fazia era ver meus irmãos mais novos seguindo os mesmos passos que eu, o que certamente te causa uma crise existencial em não ser especial ou o filho favorito do seu pai, mas fazer o quê? A vida é como é. Era para eu ter vazado do acampamento com dezoito anos, mas quase implorei para o senhor D me deixar por aqui, prometi pra ele roubar todos os vinhos da adega escondida do acampamento porque eu preferia morrer do que tentar voltar para minha vida normal. Ele não se solidarizou comigo, na verdade riu bem alto e me chamou de estúpido, mas surpreendentemente, ninguém nunca tentou me expulsar, só me dão um bando de tarefas e me considero o funcionário do mês toda vez porque trabalho mais do que todo mundo aqui.
“Ei, Nico! Uma forcinha aqui?” Seunome grita de longe, sua voz misturada entre os sons das folhas do chão. Ela passa as costas da mão na testa tentando carregar um tronco de árvore pequeno nos braços, ofegante.
“Noite da fogueira? De novo?” questiono me aproximando, segurando a outra parte do tronco, ajudando ela a levantar. Minhas botas afundam na terra e nós dois caminhamos com dificuldade, dividindo o peso. “Vocês filhos de Hermes não tem nada para fazer além de organizar essas reuniões?”
“Nós somos em muitos, o chalé está sempre cheio.” seunome retruca rindo. “Se não estamos celebrando, estamos nos matando lá dentro, mas disso você sabe bem.”
É, foi assim que eu conheci seunome. Brigando. As crianças que chegam no acampamento e ainda não sabem onde pertencem ficam no chalé de Hermes, e aí, eventualmente quando são reclamadas, vão indo para seus respectivos lugares. Eu demorei um mês, então foram 30 dias olhando para o teto marcado por infiltração. Seunome arrumou briga tantas vezes dentro do chalé que um dia recebeu um empurrão tão forte que caiu em cima de mim, ela era leve feito uma pena, mas ainda sim o impacto me machucou e ela se sentiu mal. Nós começamos a conversar de vez em quando e minha crise depressiva passou depois de alguns meses quando minha cabeça voltou para o lugar, ficamos inesperáveis. Assim como eu, ela também vive por aqui mesmo não tendo mais idade, é apenas dois anos mais nova do que eu, mas não tem família no mundo lá fora, ela chegou aqui muito pequena e órfã, então não tinha muito que ela pudesse explorar do mundo sozinha sendo que já conhecia aquele lugar como a palma de sua mão.
Seunome tinha sede de sair por aí completando missões, ou vivendo uma grande história e eu não tenho dúvida que ela faria isso muito bem. Era a melhor atiradora que eu conheço, além de conseguir com facilidade dominar qualquer habilidade nova que você tentar ensinar pra ela e acho que essa foi um pouco da razão que me fez ficar apaixonado por ela. Seunome tinha ombros largos embora sua estrutura fosse um pouco mais miúda e estava sempre com a camiseta laranja do acampamento amarrada em um nó, assim como seu cabelo, sempre preso no alto com alguns fios despojados pulando para fora. “Você ouviu o que estão dizendo por aí?”
Toda vez que seunome me perguntava isso, a conversa nunca acabava bem. Como eu mencionei antes, ela tinha certeza que algum dia seria chamada para participar de uma grande missão que fazia sua vida fazer sentido, então qualquer campista novo ou qualquer rumo que atravessasse o acampamento a fazia entender aquilo como se fosse um sinal. Ninguém precisava dizer pra ela, ela sentia que como filha de um Deus que viaja muito, seu destino era apenas receber um empurrãozinho do mundo para ser descoberto. Gosto tanto dela que eu entraria em qualquer cilada que ela se envolvesse, mesmo sabendo que ela me encara como um irmão mais velho e nossa relação nunca passaria disso.
“Não.” digo com sinceridade e colocamos o tronco no chão terroso, finalmente na frente do chalé. “O que estão falando?”
“Da profecia.” seunome praticamente sussurra, batendo suas mãos uma na outra. “Ouvi uma conversa sobre isso enquanto estava estudando.”
“Você estava escondida de novo ouvindo as conversas do Quíron, não estava?” arqueio a sobrancelha, mas ela revira os olhos.
“Não tem muito para fazer por aqui, então só presto muita atenção.” morde a boca, retirando do bolso o pequeno caderno de papel kraft em que anotava sempre suas observações. “Vem cá.”
Seunome me chama com o dedo e eu a sigo por dentre a floresta do acampamento porque confio nela o suficiente, estamos atravessando algumas relvas até chegarmos na parte mais afastada, ainda dentro do acampamento, mas afastada o suficiente para que qualquer pessoa pudesse nos ouvir, as paredes podem ter ouvidos por aqui.
“Aqui, olha.” ela mostra a página amarelada com uma anotação em garrancho, provavelmente porque anotou com pressa e encontro certa dificuldade em ler.
Quando as luas gêmeas estiverem eclipsadas, um antigo poder será libertado das sombras, ameaçando desencadear a fúria dos deuses sobre o Olimpo. Somente aqueles destinados a unir as chamas da esperança poderão evitar a ascensão do caos. Em terras distantes, sob a sombra de uma oliveira ancestral, a chave para selar ou liberar esse poder aguarda ser encontrada.
“Não disse o nome de ninguém, normalmente são tão específicas que não precisa de esforço para entender, só está dizendo que aqueles destinados a unir as chamas podem evitar o caos, e se for eu?” ela pergunta genuinamente, com seus olhos dilatados e os cílios longos. “Nico, precisamos fazer isso.”
“Seunome, você sabe que não consigo dizer não para você, mas mesmo que fôssemos, por onde iríamos começar? Se envolver nessas coisas é loucura, enfrentamos coisas aqui dentro com milhares de pessoas nos auxiliando, lá fora seremos só nós dois.” digo com sinceridade, fechando o caderno. “Se está na profecia é porque não é fácil e nessa altura as piores criaturas devem estar rondando a solução, acabaríamos mortos.”
“Você é pessimista.” suspira puxando o caderno, colocando no bolso. “Eu li sobre a chama da esperança uma vez.” ela puxa fôlego. “Nico, no início do mundo, quando os deuses moldavam a existência a partir do caos, uma chama especial foi criada. Esta chama, chamada de "Floga Elpídos" em grego antigo, simboliza a esperança e a harmonia entre os deuses.” ela explica gesticulando, afundando a sola do sapato na terra. “Acontece que a chama foi selada em um artefato especial pela união de três divindades. Cada uma contribuiu com uma parte de sua essência para a criação da "Chama da Esperança". Essa relíquia foi escondida para evitar que caísse em mãos erradas e fosse usada para propósitos sombrios e precisa ser recuperada antes do eclipse antes do pior acontecer.”
“Certo, e você acha que a chama foi roubada ou caiu em mãos erradas por acaso?” seunome assente.
“Sim, e os Deuses estão bravos, é por isso que estamos lidando com tantos problemas climáticos, solos inférteis, tsunamis, alagamentos.” ela suspira coçando a nuca. Seunome era a pessoa mais inteligente que eu conheço, e embora ela fosse filha do Deus estereotipado por viajar, mentir e flertar para um cacete, eu sabia que ela carregava os genes de diplomata que Hermes usava bem quando queria, ela sabia falar sobre tudo e eu adorava ouvir sua astúcia em falar por horas, mesmo que os planos mais absurdos escapassem de seus lábios pelo menos uma vez por dia. “Precisamos descobrir quem roubou.”
“Como se fosse fácil.” reviro os olhos levantando. “Seunome, sabe quantas pessoas invejadas do Olimpo estão por aí querendo roubar coisas dos Deuses e quantos viajantes devem estar atrás disso antes mesmo da profecia ser trazida pelo oráculo?”
“É? E todas essas pessoas conhecem o Tucker?”
Seunome namorou Tucker durante dois anos e meio, e devo confessar que foi o maior inferno da minha existência conviver com os dois enfiando a língua na boca um do outro do meu lado durante quase todas as tarefas. Tucker é filho do Dionísio, ele tinha guardado os maiores segredos do acampamento porque quando seu pai ficava bêbado demais, saia falando as coisas na mesa enquanto jogava baralho como se fosse uma notícia rasa do dia a dia, mas não era só isso, Tuck ouvia tudo o tempo inteiro porque usava seu poder de manipulação e fazia todos acreditarem que ele era o maior confidente do acampamento; foi desse jeito que seunome descobriu antes de Percy Jackson que Luke, seu irmão, havia roubado o raio mestre de Zeus, porque Tucker contou para ela um dia antes de Percy conseguir recuperar.
“Se Tucker soubesse disse, acha que ele não teria se aventurado?” cruzo os braços mas seunome ri.
“Ele é covarde demais até mesmo para colocar uma maldita armadura e ameaçar uma mosca com uma adaga, ele jamais partiria nisso sozinho.” diz convicta. “Nico, preciso fazer isso, estou exausta de viver assim, o acampamento não agrega mais nada em nós dois e você sabe disso.” suspira pesadamente. “Vou partir amanhã durante a festa da colheita assim que o sol se pôr. Se você mudar de ideia, estarei lá.” ela me encara. “Por favor, mude de ideia.”
E naquele momento eu soube que já tinha sido convencido. Seunome passa por mim, escuto suas botas deixando a floresta, arrastando a sola pelas folhas secas e continuo parado, ponderando. As profecias podiam ser repletas de truques caso interpretada de forma errada e meu maior medo era que caíssemos em uma armadilha da qual não pudéssemos sair. Chamo meu pai internamente, ele sabe de protegidas como ninguém e sendo sincero só faço isso quando estou apavorado, não sei o que pedir porque sei que ele está me ouvindo, apenas peço para que se eu for morrer em algum momento, que ele me ajuda a sair dessa.
Passo a noite inteira revirando de um lado para o outro, uma ansiedade incomum tomando conta de mim por completo, mas consigo passar pela madrugada e por parte do dia seguinte agindo como se nada tivesse acontecido até minha pele se arrepiar por completo de medo quando o sol começa a se pôr. Ainda não vi seunome, mas sei que ela está me esperando perto da saída. Tiro a camiseta laranja do acampamento, faz muito tempo que não uso outras roupas e ando discretamente até avista-la de longe, também com outras roupas.
“Você veio.”
“Você chamou, claro que eu vim.”
O sorriso que ela abriu na minha direção ecoou nos recantos mais profundos da minha cabeça. Naquele instante, o mundo ao redor pareceu desaparecer e o plano não pareceu tão absurdo assim. Seunome ajeitou a mochila nas costas e olhou cautelosamente para os lados, pisamos para fora da barreira de proteção que era nossa única garantia de segurança do mundo exterior, a partir daquele momento, estávamos sujeitos à tudo, desde esmagados até mortos, o que não era um pensamento muito confortável.
“O que você trouxe?” pergunto um pouco curioso vendo que minha mochila é minúscula, já a de seunome parece o dobro da minha.
“Você é mesmo amador demais, eu trouxe água, dracmas de ouro, dinheiro e algumas latas de comida que podemos aquecer fazendo uma fogueira.” seus pés atravessam as raizes das árvores. “O que você trouxe?” ri pelo nariz.
“Água.” dou de ombros, um pouco constrangido. “Sou novo nisso, tá legal?”
“Sem julgamentos, Nico. Mas não é possível que você achou genial só trazer água para uma missão que você acredita fielmente que vamos morrer, quer dizer, pelo menos agora sabemos que não é de sede.”
“Ha ha, engraçadinha.”
Continuamos caminhamos pela densa floresta, meu coração pulsando um pouco mais rápido a cada passo incerto e cada barulho estranho, fosse uma ave pousando ou um grilo cantando, fazia minhas mãos suarem. Seunome, ao meu lado, revela uma destreza invejável porque lendo a dança das árvores e o murmúrio do vento, é como ela guia nosso caminho. Teria sido mais esperto termos contado do nosso plano para alguém mais velho e mais sábio porque tenho certeza que agora teríamos um mapa, um direcionamento e outros milhares de suprimentos que nem seunome com sua bolsa enorme conseguiriam pensar, mas eu a sigo sem dizer nada porque sou péssimo em reconhecer a natureza; tudo sempre parece o mesmo. Seus olhos brilham, enquanto eu, um aventureiro um tanto receoso, tento acompanhar seu ritmo.
Finalmente, emergimos de entre as árvores e deparamo-nos com um lago, provavelmente o maior que já vi em toda minha vida, extenso, escuro e que tenho certeza que era tão profundo quanto a parte mais obscura do oceano. No entanto, a visão idílica logo se tornou desafiadora quando nossos olhos capturaram a presença de Sirenes, criaturas meio mulheres e meio aves, que pairavam sobre o lago, suas vozes ecoando, atraentes e perigosas.
“Se esconde.” ela sussurra. “Sirenes não gostam de homens, foram castigadas por Deméter.” explica e assinto com a cabeça.
“O que você vai perguntar para elas?”
“Tucker me disse que Sirenes são como sereias, escondem segredos obscuros, se essa profecia está causando tanto caos aqui fora, talvez elas saibam de algo, certo?”
“Cuidado, tá bem?” eu peço tocando seu braço de leve e ela assente.
Não consigo ver muita coisa, mas consigo ouvir. Seunome, com passos cautelosos, avançou em direção às Sirenes, cuja beleza era tão cativante quanto ameaçadora. Elas eram mulheres com plumagens exuberantes, asas majestosas e olhos que brilhavam como poços de encanto. Seus cantos eram uma melodia irresistível e era preciso ter um auto controle gigantesco para não se entregar à elas. Sirenes guiavam marinheiros e manipulava cada um deles a entrar na água até conseguirem mata-lós afogados.
“Ah, doce criança, nós estávamos esperando por você.” a voz calma, suave e leve da Sirene ecoa pela floresta. “O que te traz aqui, tão vulnerável?”
“Esperando por mim? Como sabiam que eu estava vindo?”
Engulo em seco, se as Sirenes sabem que estamos por aí e faz menos de duas horas que estamos caminhando, significa que provavelmente o mundo mitológico inteiro sabe também. Ótimo, nossa morte cada vez mais próxima.
“Os ventos sussurraram que a moça de olhos tão meigos, mas ainda sim corajosos, acompanhada de um amor escondido estaria vindo até nós… Ele está escondido, não está? Não se preocupe, criança, nós não iremos captura-lo, basta apenas me dizer o que precisa.”
Meu coração trava.
“Um amor escondido? Do que você… Deixa pra lá.” seunome suspira. “A chama da esperança, quem roubou?”
“Ah, uma informação valiosa demais.” a Sirene sorri perversamente. “Não te ensinaram a ser um pouco mais persuasiva no acampamento?”
“Em troca faço Deméter tirar a maldição.”
O quê? Ela está mesmo prometendo isso para as Sirenes?
“E como você faria isso? Sei que não conhece Deméter.”
“De fato, mas meu pai ajudou quando Perséfone ficou desaparecida, se não fosse por ele, Deméter jamais saberia que Hades a capturou, desde então Deméter disse estar profundamente agradecida pelo meu pai e ficou em dívida com ele. Me conte o que sabe da chama e assim que isso terminar, eu peço para que ela retire a maldição, é uma promessa.”
“Filha de Hermes… Por que eu confiaria em você? Seu pai é um ladrãozinho mentiroso, e sua família também, não foi seu irmão que roubou o raio de Zeus?”
“Isso foi há um tempão atrás e sinceramente…”
“Mas o meu pai não é ladrão.” com uma coragem que escapa dos meus dedos, saio do meu esconderijo atraindo os olhos da Sirene, interrompendo a fala de seunome, que automaticamente me encara como se fosse me assassinar no próximo segundo. “Meu pai é Deus da profecia, muitas das vezes ele interpreta e transmite vontade de outros deuses para manter um equilíbrio divino, sou justo como meu pai e acompanharei ela para me certificar de que está falando mesmo com Deméter.”
As Sirenes, embora manipuladoras, não eram tão inteligentes, sei que as convenci embora tenha me colocado em um risco gigantesco.
“O amor escondido.” ela sorri e fecho meus olhos, seunome me encara um pouco confusa. “Nada pode perturbar mais um homem do que uma mulher que não sabe que ele a ama.” o encara. “Sente-se aqui, docinho.”
A Sirene bate em uma parte lisa tomada pela água do lado na beira da terra, e eu me aproximo com a mão no bolso, pronto para retirar minha adaga se necessário, sentando onde ela me pediu. Seunome está atrás de mim, em posição de ataque também, com a mão pronta para puxar uma flecha se necessário.
“A chama da esperança foi roubada em um momento de vulnerabilidade entre os deuses, e ela manipula e alimenta o desejo do destino, deixando que seu condutor determine caos e destruição. Typhon quer reescrever a história do mundo em que ele não seja uma figura tão mal representada pelos deuses, e vocês podem culpá-lo? Claro que não! O Olimpo sempre querendo parecer tão justo, tão fiel, e tudo que fazem é destruir uns aos outros por inveja.”
“Typhon?” pergunto com as sobrancelhas juntas.
“Filho de Gaia.”
“Com um tártaro.” a Sirene complementa a linha de pensamento de seunome. “Dizem que é uma criatura com cem cabeças de dragão, olhos flamejantes e um corpo que podia tocar os céus.”
“Ele estava aprisionado por Zeus sob o Monte Etna na Sicília.” seunome explica e agora tenho certeza que vamos morrer.
“Ele sabe que vocês estão aqui, ele sabe que estão atrás dele, a chama traz essa vantagem.” a Sirene nos encara. “Não conseguem sentir?”
O sorriso cruel é esboçado e a terra embaixo de nossos pés começa a tremer, vibra tão pesadamente que quase me desequilibro. Levanto da pedra me aproximando ainda mais de seunome, segurando sua cintura quando os pés dela vacilam, evitando que seu corpo caia no chão. A água do lado levanta como uma tsunami, e a Sirene continua sorrindo, levantando um voo ainda baixo. “Regra número um: nunca confie em uma Sirene.” seunome sussurra para mim. “Merda, merda, corre!”
Estávamos de mãos dadas no início mas em algum momento da corrida contra a água que nos perseguia derrubando árvores, acabamos soltando. Corremos desesperadamente pelas margens do lago, a onda colossal de água engolindo nossos passos. A força da tsunami era implacável, uma força da natureza que ameaçava nos devorar. Seunome, ao meu lado, era uma sombra veloz, seus olhos focados no terreno irregular. Pulávamos sobre pedras, desviávamos de árvores e buscávamos refúgio, mas a onda incessante se aproximava, rugindo como um titã furioso. Cada salto era uma corrida contra o tempo, o som do tumulto aquático ecoando em nossos ouvidos. Seunome, com sua habilidade aguçada, identificava oportunidades de abrigo em meio ao caos, e juntos, buscávamos elevações ou estruturas temporárias para nos proteger.
“Entra aqui!” ela grita, apontando para uma estrutura desajeitada que poderia parecer uma caverna. “Me ajuda!” ela pede em um tom estressado, empurrando duas pedras pontiagudas,extremamente pesadas, uma em cada lateral do espaço em que estávamos. A onda atingiu as pedras com um estrondo ensurdecedor, mas o que se seguiu surpreendente. As pedras, como guardiãs indomáveis, dispersaram a água com uma dança caótica, criando uma barreira temporária contra a inundação. No entanto, pequenos respingos escapavam, e uma chuva fria caía sobre nós, encharcando nossas roupas e deixando-nos respingados pela força bruta.
Ainda dentro da caverna, nossos olhos se encontraram em uma mistura de alívio e exaustão e seunome me abraça, ofegante. “Puta merda.” é tudo que ela consegue expressar, seu cabelo encharcado, assim como suas roupas e não estou diferente disso.
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Não tenho noção de horário, eu chutaria que já passa das dez horas da noite. Ao lado de Seunome, nos aconchegamos em pedras gastas, o brilho suave da chama iluminando nossos rostos cansados. A lata de sopa repousava sobre as brasas, aquecendo o abrigo improvisado e comíamos um pouco em silêncio.
“Nico.” ela chama e meus olhos castanhos sobem para seu rosto iluminado pela chama laranja. “O que a Sirene quis dizer com amor escondido?”
“Deixa isso para lá, seunome. Acho que ela quis dizer qualquer coisa para nos desestabilizar.” engulo em seco colocando minha lata de lado.
“Ah.” ela diz brevemente, empilhando a lata em cima da minha. “Eu pensei que… Bem, pensei que você gostava de mim ou algo assim, pelo jeito que ela falou pareceu isso.”
“É, pareceu mesmo.” coço a nuca. “Teria sido ruim se fosse verdade? Quer dizer, você teria achado estranho?”
“Não.” ela abraça os próprios joelhos.
Não estava esperando um ‘não’ tão certo vindo dela e isso faz meu coração palpitar.
“Não?” pergunto mais uma vez.
“Não.” confirma. “Sei que está mentindo, Nico.”
“O quê?” a encaro tão rápido que meu coração acelera.
“Sei disso há anos.” ela morde a boca encarando os próprios pés, e minhas pupilas são tomadas pelo constrangimento. “Você… O jeito que você olha pra mim ou fala meu nome, ou me chama de linda sem querer, não pode ser só coisa da minha cabeça.”
“Por que você nunca disse nada?”
“Eu? Por que você nunca disse nada?”
“Não tive coragem, se eu soubesse… Se eu soubesse que você já tinha ideia, eu teria falado há muito tempo.”
“Fiquei com medo disso estragar tudo, eu só tenho você, Nico. Você é tudo que eu tenho.” agarra mais os joelhos. “E eu não sou… Fácil, entende? Você teria se cansado de mim e eu teria que deixar o acampamento e seria questão de tempo até a gente esquecer um do outro.”
“Seunome, eu não acho que eu seja capaz de me esquecer de você.” digo com sinceridade. “Ou me cansar ou aceitar você sair do acampamento caso tudo isso acontecesse. Eu conheço você desde os meus treze anos de idade, sabe quantos anos isso são? Mais de dez, eu conheci você de todos os jeitos, te vi de todas as formas, eu ainda ser apaixonado por você desde a primeira vez que te vi soa como se eu fosse me cansar de você? Eu tive chances o suficiente pra isso.”
“Ei!” ela ri batendo de leve no meu ombro.
“Você nunca sentiu o mesmo e é por isso que eu não disse antes.” umedeço os lábios.
“Você não sabe do que está falando, Nico. É claro que sinto o mesmo.” ela suspira. “Sempre senti… Quando eu e Tuck terminamos, o principal motivo é porque ele não era você.”
Ficamos em silêncio por um momento e eu não soube como me sentir, de repente pareceu tudo tão diferente e confuso que eu precisei de um segundo pra raciocinar. Esse tempo todo seunome também sentia o mesmo e meu coração quis sair pela boca.
“Eu sou apaixonado por você, mais do que isso, eu sou completamente maluco por você e mesmo que aquele monstro de cem cabeças nos mate daqui alguns dias, eu quero que pelo menos você saiba disso.” finalmente digo, sentindo a coragem se instalar depois de anos. “Eu sou apaixonado pelo jeito que você anda, fala, corre, e até o jeito que você briga comigo, desculpa ter demorado tanto para dizer.”
“Nico…”
“Eu concordo com o que você disse, eu também tenho medo de estragar tudo, mas não consigo não te querer.”
“Você está deixando isso difícil pra mim.” ela súplica em um sussurro.
“Posso te beijar, linda? Por favor?”
Seunome fica um tempo em silêncio até concordar com a cabeça. Inclino meu corpo e choco minha boca contra a dela tão depressa que meus dedos pressionaram sua nuca enquanto nossos lábios exploravam um ao outro. Seunome deslizou as mãos pelo meu ombro, como se tivesse gravando cada toque na memória pra jamais esquecer e me abraçou pelo pescoço, puxando pra mais perto. Embrenhei uma mão em meus cabelos e escorreguei a outra até seu quadril, fazendo qualquer espaço que ainda houvesse entre nós sumir. Nossas línguas se acariciavam numa sintonia perfeita, como se já fôssemos íntimos há muito tempo, fazendo meu corpo inteiro formigar.
Eu conseguia ser firme e delicado ao mesmo tempo, segurando seunome perto de mim e provocando sensações novas com o mais sutil dos toques, como nunca ninguém havia conseguido. Como Tucker nunca tinha feito. Fomos intensificando cada vez mais o beijo a cada segundo, até meus lábios ficarem dormentes e meu fôlego acabar. Mesmo ofegante, continuei beijando-a com a mesma avidez, sem querer desgrudar dela nunca mais. Já beijei outras meninas antes, mas nada soava como aquilo.
A abracei pela cintura e subi o corpo de seunome para meu colo. Sem pensar direito, ela envolveu as pernas na minha cintura e o movimento de seu quadril no meu automaticamente me fez enrijecer. Seunome tirou as pernas de sua cintura, mas logo minhas mãos apertaram suas coxas num pedido mudo pra que ela colocasse de volta. Faz o que eu pedi, ficando perigosamente sem ar, mas sem ligar pra uma besteira como oxigênio numa hora daquelas. Segurei a cintura dela com força, me prensando contra seu tronco sem ousar romper o beijo. Acho que todo aquele desejo reprimido durante anos estava se revelando ali, e não era só da minha parte.
Sem conseguir mais resistir, passei discretamente minhas mãos por debaixo da barra de sua camiseta, tocando a pele quente de sua barriga. Seus músculos se contraíam a cada toque, assim como os meus reagiram aos toques dela em meus quadris por debaixo da calça. Como se procurasse fôlego naquele beijo, ela me puxou pra mais perto ainda, e eu fiz o mesmo com minhas pernas, sentindo um volume assustador mais embaixo.
Seunome começou a puxar minha camisa pra cima, sentindo aquele conhecido volume entre suas pernas, e interrompi o beijo por dois segundos pra tirar a blusa. Escorreguei minhas mãos geladas até as suas costas, sentindo seunome arrepiar com cada toque, e respirava pesadamente. Não passava de um amasso como qualquer outro, fora o fato de eu estar sem blusa, mas estávamos tão mais tranqüilos que cada movimento parecia mais excitante, mais caloroso, mais intenso. “Você tem certeza disso?” sussurro entre nossos lábios.
“Tenho.”
Sorri satisfeito com a resposta, agora retirando seunome do meu colo e forrando um pouco o chão frio e rochoso que estávamos, colocando minha camiseta ali e posicionando a mochila para que ela pudesse deitar e relaxar o corpo. Comecei descendo meus beijos pela barriga barriga, segurando firmemente em sua cintura. Quando chego ao cós da calça jeans, lancei um olhar determinado para seunome, como se nada fosse me parar quando eu começasse.
“Seunome, você tem certeza?” confirmo mais uma vez, os olhos deixa recheados de luxúria.
“Nico, por favor.” a voz suplicando, quase implorando enquanto jogava a cabeça pra trás ao sentir minhas mãos apertarem suas coxas com força e logo subirem até o botão da calça. Cinco segundos depois, tanto a calça como a calcinha já estavam longe dali. Abri as pernas com cuidado, observando seunome de cima a baixo com os olhos ardendo de tesão. “Por favor.”
Sem dizer uma palavra, deslizei minhas mãos desde os seios dela até alcançar o interior das coxas, e me inclinei para alcançar sua intimidade com a boca. Seunome agarrou a camiseta do chão como se fossem lençóis da cama quando sentiu minha lingua, devagar a princípio, mas aumentando a velocidade e a intensidade aos poucos. Ela começou a gemer, arqueando suas costas pra cima e quando percebi que ela estava quase chegando, pelo jeito que suas pernas tremeram, parei o que estava fazendo. Seunome me olhou sedenta, tão sedenta que seu corpo levantou do chão em uma velocidade insana e ela me deitou no mesmo lugar que estava antes, puxando o zíper da minha calça com seus dedos habilidoso e me masturbando sem aviso prévio.
Meu gemido quase saiu como um grito porque eu estava pulsando nas mãos dela, meu corpo todo estava à mercê e o jeito que seus olhos dominados pelo prazer e a boca inchada de tanto me beijar me encaravam, eu sentia uma explosão.
“Chega, pelo amor de Deus.” minha voz rouca implorou, não estava aguentando mais e certamente queria chegar ao ápice dentro dela, e não fora. Seunome sorriu sacana, tão sacana que eu poderia ter gozado só de ver o jeito que ela estava me olhando, mas me controlei antes inverter novamente nossas posições. Não tinha camisinha comigo, não estava esperando carregar uma durante e sei que seunome percebeu minha preocupação, mas tudo que ela fez foi colocar a mão em mim e me colocar dentro dela. Achei que fosse morrer. Nunca senti isso antes. A penetrei de uma vez só e com força quando me ajeitei dentro dela por completo, seunome soltou um gemido alto, que logo foi abafado pela minha boca e suas unhas fincaram nos meus braços.
“Tá gostoso assim, hum?” sussurro olhando em seus olhos enquanto mexo meu corpo. Continuei investindo rápido e ela me olhava sorrindo de forma perversamente, o que me fez investir mais furiosamente e profundamente, gemendo contra seus lábios, segurando firme em minha cintura, a puxando pra mim a cada investida.
“Sim, está gostoso para cacete.” ela agarra meu pescoço para que eu vá mais fundo. Estávamos realmente urrando, suados e com os músculos totalmente tensos de prazer, até que nossos gemidos foram ficando cada vez mais cansados e eu finalmente gozei, puxando antes de ir para dentro dela. Estávamos exaustos, meu corpo caiu do lado dela, suado, e ficamos em silêncio por meio segundo. “Você acha que o Typhon conseguiu ver pela chama a gente transando?”
Caio na gargalhada alta, retribuindo o olhar.
“Sério? É essa sua preocupação?”
“Claro!” ela ri, levantando um pouco o corpo, fazendo desenhos no meu tórax com o indicador, olhando meus olhos. “Você consegue imaginar a gente tentando enfrentar um bicho de cem cabeças e saber que ele viu a gente transando?”
“Não.” coloco minha mão em sua nuca, acariciando seu cabelo por baixo, a encarando em silêncio por um tempo. Seunome inclina a cabeça e me beija levemente mais uma vez, sua respiração quente continuava batendo contra meu rosto. “Precisamos dormir, está bem? Amanhã vai ser um dia longo.”
“Eu sei, Nico, eu sei.” ela morde a boca levemente, tirando um fio de cabelo do meu rosto antes de deitar a cabeça no meu tórax e entrelaçar as pernas na minha.
Continua.
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nhlplots · 5 months
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swayman vs famous girl
Is It Over Now? | Jeremy Swayman
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Oi! Pronta para uma carona com seu ex?
plot: jeremy swayman terminou com sua namorada de dois anos sem saber que um álbum inteiro sobre ele sairia pouco tempo depois. um reencontro em uma festa de amigos em comum pode mudar o destino que eles juravam já ter estabelecido.
casal: jeremy swayman x leitora
avisos: fatos apresentados fictícios de fã para fã sem fins lucrativos.
boa leitura! :)
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Estou atrasada.
É literalmente a data mais importante do ano para Delilah e estou atrasada. Calço minhas botas o mais rápido que posso, sentindo o calor da pressa queimar minhas bochechas trazendo um rubor suado e avermelhado enquanto arremesso dentro da minha bolsa minha carteira e celular, espirrando um perfume qualquer perto da orelha e deixando o apartamento tão depressa que quase trombei com a senhora Thrutman, minha vizinha de 83 anos de idade que não faz nada além de passar três vezes ao dia com seu cachorro pelo corredor. Ela gentilmente sorri na minha direção e retribuo um pouco sem graça, chamando o elevador.
Meu celular toca pelo menos quatro vezes até eu chegar no carro, sei que é meu assessor querendo saber se quero ou não ir para um talk show na segunda-feira, mas não estou dando a mínima para minha carreira ou meu álbum novo, tudo que eu queria, era chegar na festa de ano novo de Delilah. Não tinha nada que minha melhor amiga amasse mais do que o ano novo, parte disso porque é o maldito aniversário dela. Nascer no dia 31 de dezembro deve ser uma das coisas mais tristes do mundo, mas não para Delilah, ela fazia ser a festa do ano e como sua melhor amiga desde que me conheço por gente, era meu dever estar lá toda vez.
“Eu estava quase contratando alguém para te assassinar, sabe disso, não sabe?”
“Feliz aniversário e feliz ano novo, D.” reviro os olhos assim que passo a porta da boate desviando dos paparazzis que conseguem duas ou três fotos minhas, me fazendo perguntas sobre Jeremy Swayman. Irmão da Delilah. Goleiro do Boston Bruins e meu namorado até 2 meses atrás. Nunca respondo nada, na verdade, eu controlo a ardência da garganta toda vez e tento passar reto, controlando as lágrimas que queimam meus olhos, alguns insistem e me fazem chorar no banheiro, mas outros tem um pouco mais de bom senso e me deixam passar sem fazer um inferno na minha vida, porque, aparentemente, é um absurdo uma mulher ter sido loucamente apaixonada por um cara e não estar lidando bem com o término.
“Obrigada por ter vindo, sei que você está ocupada.” ela beija minha bochecha. “Aproveita, está bem? Eu vou até lá cuidar do bar, você acredita que estão dando bebida alcoólica para a Lisa? Por Deus, ela tem quinze anos!” diz chocada se referindo à sua prima, e eu rio, passando meus olhos pelo local. Não adiantava, eu sempre procurava por Jeremy quando sabia que estávamos frequentando o mesmo lugar.
O reconheci pelas costas mesmo tentando lutar internamente para isso não acontecer, na minha mente, eu já havia esquecido até o som da sua voz, mas na prática sabia que não era assim. Ele estava conversando com uma mulher loira perto do bar, os dois davam uma risada curta e ele chegava perto demais do ouvido dela para falar alguma coisa. Senti um arrepio na espinha tomado pelo ciúmes que me consumiu quase imediatamente, me senti deslocada, perdida, mesmo sabendo que eu poderia ser a melhor coisa daquela festa.
Com a música pulsando nos meus ouvidos e as luzes dançando ao meu redor, além do ambiente quente fazendo meus peitos soarem embaixo do corset preto, meu tórax aperta com cada riso dele. Observo-o, tentando esconder a tempestade de ciúmes que cresce dentro de mim. Preciso escapar, respirar. Então, decido: vou encontrar alguém na multidão, alguém que possa me distrair, mesmo que seja por uma noite. Caminho decidida, mas meu coração ainda ecoa como se eu estivesse agindo feito uma adolescente imatura que precisa agir na adrenalina para não parecer tão covarde. Travo minha bota no chão mas já parecia tarde porque meus dedos já haviam cutucado as costas de um homem que estava conversando com seu amigo. Merda.
A risada é um disfarce, meu toque leve é um esforço. Descubro que o cara se chama Michael mas os amigos o chamam de Mike, ele parece um cara legal demais para estar sozinho na festa; tem olhos verdes penetrantes, cabelo loiro enrolado nas pontas e uma barba por fazer que marca seu maxilar tão bem que não pareço tão arrependida assim. Depois de alguns shots de tequila e risadas no meio da pista de dança, estou dando uns amassos com Mike no canto da festa, ele enfia a língua dentro da minha boca sem piedade nenhuma e eu me perco no sabor da batida de morango enrolada em seus lábios enquanto ele me beija tão ferozmente, mas quando suas mãos descem e ele tenta por as mãos embaixo da minha saia, meu corpo enrijece.
“Melhor pararmos por aqui.” eu peço entre nossas bocas, mas Mike não parece ouvir.
“Ah, linda, acabamos de começar.” ele sorri de lado, beijando meu pescoço enquanto suas mãos voltam para onde estavam e eu coloco minha mão em seu tórax.
“Mike, estou falando sério.” trago firmeza no meu tom, tentando mais uma vez empurra-lo, sem sucesso.
No entanto, antes que a situação escale, percebo uma sombra furiosa se aproximando. Sei que é Jeremy que está chegando, minha mente me avisa e eu viro meu rosto, os olhos dele injetados de raiva enquanto avança em direção ao Mike como um vulcão prestes a entrar em erupção na pista de dança. Meu coração palpita, não posso estragar a noite de Delilah mesmo que Michael merecesse cada soco que sei que Jeremy está planejando em dar.
“Qual seu problema? Você fica assediando mulheres em baladas no seu tempo livre?” Jeremy grita por conta da música, empurrando Michael que antes passava tanta confiança através dos olhos verdes e agora só parece tomada pelo preto das pupilas por medo. Quer dizer… Jeremy tem quase 1.90 de altura e um corpo grande feito uma muralha, era claro que outros homens se sentiam intimidados.
“Não sabia que ela estava acompanhada, achei que vocês dois já tinham terminado.” ele alega baixando a guarda.
“Você está pedindo para levar um maldito soco no nariz, não está?”
Essa era a parte mais sufocante de ser famosa, saber que as pessoas acham que sabem quem você é, conhecem sobre sua vida baseado em tabloides da internet e acham que podem falar como se fosse uma informação pessoal que você tivesse decidido compartilhar diretamente com elas. Respirei fundo, balançando a cabeça negativamente, já me sentindo mal o suficiente e apenas virei o corpo indo para fora, sentindo os olhos de Jeremy nas minhas costas, não queria a responsabilidade de ser o motivo da briga deles quando a notícia do soco for divulgada em todos os veículos de notícia do país.
Surpreendentemente, Jeremy também não queria estragar a festa de sua irmã mais nova, porque seus dedos tocam meu braço e ele me puxa devagar antes que eu atravesse a porta da balada, como consequência minha pele se arrepia por completo. Tudo que eu estava evitando estava acontecendo, olhar diretamente para Jeremy e sentir ele tocar meu corpo – mesmo que fosse para me impedir de deixar a festa – me causava uma dor física e emocional quase insuportável e a vodca na minha corrente sanguínea não estava me ajudando a lidar com as emoções do jeito que sempre faço. “O que foi?” questiono da forma mais rude possível mesmo não sendo minha intenção.
“Vou te deixar em casa.” ele murmura e eu reviro os olhos, retirando meu braço de suas mãos puxando bruscamente para trás.
“Está brincando comigo? É claro que não vai.” suspiro.
“E qual sua ideia, gênio? Sair da festa mais movimentada da noite depois de ter bebido no bar e correr o risco de terminar a noite na delegacia?” seu tom irônico me faz querer socar seu rosto embora ele esteja certo. “Me dê as chaves.” estica a mão. “Vou te deixar em casa antes que mais um babaca encoste em você.”
Gênio, o apelido que ele me deu toda vez que queria me provocar com um sorriso sacana.
Quero perguntar se a loira do bar não vai ficar chateada, provoca-lo entre as entrelinhas das minhas palavras, mas não faço isso porque estou triste demais para devolver na mesma moeda. Abro minha bolsa caçando as chaves entre as embalagens de chiclete e entrego nas mãos de Jeremy, sabendo que me arrependeria disso na manhã seguinte. Nós saímos pelos fundos, meu carro está estacionado duas ruas atrás da balada e não quero ser fotografada com Swayman, não depois de ter acabado com a raça dele e ter feito dez músicas de como sinto falta dele até mesmo pra dormir. Meu rosto esquenta, será que ele ouviu as músicas? Será que é por isso que ele está me oferecendo uma carona? Porra, preciso relaxar a mente.
“Não estou bêbada, não precisa disso.” afasto a mão dele assim que sento no banco do passageiro vendo que ele tenta passar o cinto pelo meu corpo, provavelmente só querendo ser útil na esperança de deixar minha noite de terror menos pior.
“Foi uma merda o que aquele cara fez.” Jeremy diz colocando a chave na ignição do meu carro e o barulho do motor ecoa por dentro, tremendo um pouco o chão e ele pisa no acelerador segundos depois. “Você está bem?”
“Estou.” respondo curto, encostando minha cabeça no banco, encarando a via expressa vazia por conta do horário.
Cada silêncio é preenchido com a ressonância dos dias em que éramos mais do que estranhos, era esquisito olhar pra ele sabendo que dois meses atrás ainda estávamos juntos. O nervosismo se instala, meus dedos brincam ansiosos com a borda da minha saia. Estamos há dez minutos na estrada, tem uma música tocando na rádio que não consegui identificar.
“A gente nunca vai conversar sobre o que aconteceu entre nós?”
A pergunta de Jeremy soa quase irreal. Queria que tivéssemos continuado em silêncio.
“Não tem o que conversar.” retruco de imediato. “Você é inacreditável de estar pontuando isso agora, de verdade.” balanço a cabeça.
“Sou? Sou mesmo?” ele nega com a cabeça. “Seunome, você escreveu um álbum inteiro sobre mim e não precisamos falar sobre? Eu achei que as coisas tinham terminado em bons termos entre a gente e de repente eu estou igualado à, sei lá, um traidor? Eu recebi tantas ameaças na internet que precisei até fechar minha conta, fui vaiado nos meus jogos e você acha que não precisamos falar sobre isso? Estou te ligando há semanas.”
“Coitado de você, Jeremy.” reviro meus olhos. “Vamos falar sobre isso, então!” subo minhas pernas no banco, cruzando as pernas, o encarando. “Estávamos juntos há quase dois anos e de repente você termina tudo porque nossas rotinas são muito ocupadas, você tomou essa decisão sozinho!” digo com toda a raiva dentro de mim. “Duas semanas depois você está saindo com outra pessoa, todo mundo está falando sobre isso. Você me conheceu e eu já era quem sou, achou mesmo que eu engoliria minhas emoções sendo que você claramente estava vivendo sua vida? Não mesmo!”
Jeremy ri pelo nariz e meu sangue borbulha, ele passa a mão pelo queixo, indignado.
“Você sempre julgou tanto a mídia e agora está agindo exatamente como eles! Eu não segui em frente em duas semanas, seunome!” ele me encara com as sobrancelhas juntas, as mãos agarradas mais fortemente no volante. “Sarah não é uma garota que estou saindo, Sarah é uma das minhas melhores amigas de infância que veio visitar assim que terminei, ela é casada e vive na França, precisei da ajuda dela porque fiquei miserável e arrependido do que fiz com você, mal conseguia levantar para ir para os treinos:”
“Eu não tinha como adivinhar isso.” passo a mão na nuca sentindo o suor se instalar atrás do meu cabelo.
“Não, mas tinha como me perguntar.”
Um nó aperta meu estômago enquanto percebo, tarde demais, que Jeremy não agiu do jeito que eu achei que ele tinha agido, e era culpa minha ter sido tão imediatista com meus sentimentos, mas eu não pude evitar, estava me sentindo usada e qualquer pessoa no meu lugar se sentiria do mesmo jeito embora não seja desculpa. Mordo minha boca em nervosismo porque a conversa escalou rápido demais e a culpa me invadiu depressa, como uma tsunami.
“Não vou pedir desculpa pelas músicas que escrevi, você mereceu cada uma delas. Eu entendo que quis focar na sua carreira, mas estou com você nessa desde que você começou nisso, não pareceu justo me cortar da sua vida.” dou de ombros. “Estava machucada e foi a reação que eu tive, de qualquer forma, já acabou, não sou mais problema seu.”
“Merda, seunome! Você é tão teimosa, você nunca foi um problema pra mim e sabe disso, na época meu contrato estava independente e eu teria que te fazer ficar mudando de estado em estado com períodos curtos, eu sei que você faria isso por mim, claro que sei, mas sua carreira tinha começado a decolar e eu não queria ser a pessoa a te privar disso! Meu contrato agora é fixo com Boston, mas por muito tempo não foi e você sabe!”
“Por que você nunca me perguntou o que eu queria? Hum? Por que nunca foi uma possibilidade você me perguntar se eu estaria confortável em ir com você? É lógico que eu teria ido, eu sou maluca por você, eu teria recomeçado minha carreira em qualquer lugar porque sou talentosa, e você me cortou sem saber o que eu achava disso tudo!” fecho meus olhos por um momento. “Jeremy, eu teria te amado pra sempre.”
Minhas palavras o atingiram como um soco e sei disso. Sei disso porque ele abriu e fechou a boca várias vezes procurando algo para dizer, mas nada parecia suficiente. Os olhos castanhos foram tomados por uma linha fina d’água, tão fina que só percebi pelo brilho do farol que veio na direção contrária, passando por nós na pista.
“Tomei a decisão que pareceu certa pra mim naquele momento e eu me arrependo dela a cada segundo, tá legal? Você não precisa me lembrar disso.” os olhos fixos na estrada.
Encaro Jeremy com olhos flamejantes, irritada não por ele, mas por minha própria incapacidade de arrancar esse amor teimoso do meu peito. Solto um suspiro tentando controlar meu pensamento. “Para o carro.” peço, mas ele reluta em aceitar minha decisão embora estacione no acostamento. Viro a chave desligando o veículo. “Olha pra mim.” seus olhos castanhos param sobre os meus. “Me mostra que está arrependido.”
“Não faz isso.” ele praticamente sussurra.
“Isso o quê?”
“Isso! Não me peça pra te olhar, não desse jeito.” balança a cabeça. “Merda linda, eu…” ele inclina o rosto para mais perto do meu e prendo a respiração. “Foi um erro, tá legal? O que eu fiz… Me desculpa por aquela noite, eu volto pra ela a porra do tempo inteiro querendo voltar atrás da minha decisão.”
“Shhh.” peço baixinho, segurando o rosto dele com minhas duas mãos. Vê-lo tão vulnerável era quase uma borracha em toda a minha raiva e afundei nossos lábios tão depressa que a respiração curta de Jeremy é interrompida no meio pelo meu ato. Levo minhas mãos para seu cabelo enquanto ele dedilha minha cintura aprofundando mais nossas línguas, cada toque dos lábios é uma confissão silenciosa e o interior do carro se torna um refúgio temporário, onde o tempo se dissolve. “Isso entre a gente… Isso que nós temos, não acabou, não é?” suplico, encostando nossas testas, tomada pela vulnerabilidade de estar ali tão à mercê dele.
“É uma relação interessante.” ele morde o lábio inferior. “Não quero te machucar de novo.” diz entre meus lábios, mas suas mãos ainda estão no meu queixo, como se ele tivesse medo que eu recuasse em qualquer instante.
E foi o que eu fiz, movi meu corpo para trás porque a humilhação tomou conta de mim, eu tinha acabado de praticamente implorar pra ficarmos juntos de novo e a resposta não foi a que eu imaginei, não tinha como imaginar diferente, Jeremy terminou comigo, ele estava seguro disso quando fez mesmo dizendo estar arrependido agora. Mas quando me dei por assunto encerrado e segurei o choro na garganta, Jeremy puxou meu rosto de novo, e nossas bocas se encostaram ainda mais rápido do que da última vez. “Se eu te machucar de novo, você vai fazer pior comigo, ouviu?” o encaro em silêncio, com a respiração descompensada por conta do beijo. “Ouviu, seunome?”
“Ouvi.” finalmente respondo, nossos lábios se chocam em um intervalo de quatro minutos e o gosto quente junto com o hálito fresco me fazem delirar por um momento. Nossas testas se encostam, a ponta dos dedos de Jeremy deslizam pela minha bochecha. “Desculpa ter feito uma música te chamado de sociopata.”
“Vou superar, linda.” ele ri baixo ainda de olhos fechados.
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nhlplots · 5 months
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Have Yourself A Merry Little Christmas | Nico Hischier
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Oi! :) Pronta para a véspera de natal? 🎄
plot: Nico está preso em uma road-trip e não pode voltar para a véspera de natal, então seunome tenta seguir pelo seu dia favorito do ano sem sua pessoa favorita.
casal: nico hischier x leitora
avisos: narrado em primeira pessoa com a protagonista principal sendo referida de seunome do começo ao fim
observações: fatos fictícios com intenção apenas de entretenimento.
Boa leitura!
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Meu celular vibra no bolso enquanto estou sentada no metrô e isso me faz agradecer mentalmente porque estou tempo demais encarando uma criança sorridente, falando com sua mãe enquanto as duas carregam sacolas de presentes enormes. A menina já trocou olhares comigo duas vezes e na terceira ela provavelmente avisaria sua mãe, que avisaria o segurança e eu não estava pronta para passar a véspera de natal na delegacia. Na verdade, acho que não estou pronta para passar o natal em qualquer lugar.
Parker — 08:20 p.m
Não acredito que você não quis passar o natal com a minha família e agora está andando feito uma pessoa triste, carente e sem amigos pela rua enquanto todo mundo está se arrumando para a ceia.
Seunome — 08:25 p.m
Não estou andando feito uma pessoa triste, na verdade, acabei de comprar um burrito por quatro dólares no Taco Bell e ele me fará companhia por quase toda a noite.
Parker — 08:26 p.m
Era melhor você não ter me dito nada porque essa foi a coisa mais deprimente que eu já li.
Seunome — 08:28 p.m
Vou ficar bem, Parker. Aproveita com sua família, seu tio bêbado já chegou?
Parker — 08:28 p.m
Lógico! Ele é o primeiro a chegar e está usando uma camiseta do trump, meu pai vai matar esse velho até o fim da noite. O clima natalino é sempre mágico… Enfim, me prometa que vai tentar fazer algo divertido pelo menos e não assistir o especial de natal da televisão enquanto come um burrito duvidoso. Nico estar fora da cidade não tira toda a magia do natal, você sabe disso.
Seunome: 08:30 p.m
É, bom, tira um pouco, mas prometo tentar não morrer deitada no sofá de tristeza sabendo que meu namorado está preso em uma roadtrip um milhão de quilômetros daqui… Enfim, feliz natal, Parker!
Parker — 08:31 p.m
Ugh, feliz natal, seunome!
Quando Michael Bublé disse que começou a parecer como natal por todo lugar que você vai, ele não estava errado.
New Jersey estava cheirando como natal de qualquer lugar que você fosse, e aquela era minha terceira vez passando o feriado de fim de ano longe de casa, no entanto, era minha primeira vez passando sozinha. A neve delicadamente cobre os telhados, criando um cenário mágico enquanto o espírito natalino envolve tudo ao meu redor; desde crianças correndo com um pedaço de papel nas mãos onde provavelmente escreveram todos seus desejos, senhoras vendendo biscoitos caseiros em formato de árvore de natal dentro das cafeterias e os trens personalizado com música natalina, cheia de personalidades famosas do feriado acenando para as pessoas lá de cima.
Sempre fui muito fã de natal, acho que minha família tem sua parcela de culpa nisso; minha mãe sempre acordava cedo para preparar as comidas da ceia, enquanto meu pai pendurava pregos por toda parte para ajeitar as luzes coloridas ao redor da casa e eu embrulhava os presentes em cima da mesa de centro, assistindo ao especial de feriado que sempre passava na televisão, esperando ansiosa os parentes chegarem mais tarde para começarmos de fato a comemoração.
Acho que as coisas perdem um pouco da magia quando você não pratica uma tradição, uma sensação de não pertencimento ou de zero motivo para celebrar parece acender um pouco no peito.
Parker era minha antiga colega de apartamento aqui na cidade, não era barato custear o estilo de vida em New Jersey e trabalhando com um salário mínimo eu não conseguia alugar nada sozinha sem precisar escolher entre o aluguel e, bem, comida, então precisei me virar para sobreviver e Parker foi a escolhida. Ela tem 1.52, as bochechas mais rosadas que já vi e o cabelo loiro mais brilhante do universo, Parker também coleciona namorados como quem coleciona moedas e é minha melhor amiga, então eu dou um desconto pra ela quando uma vez por semana algum homem de tanquinho trincado sai de cueca do quarto dela e me pede uma xícara de café enquanto estou me preparando para o trabalho.
Me mudei ano passado quando Nico propôs que eu fosse morar com ele, o apartamento era mais espaçoso, ele passava mais tempo fora do que dentro e a casa só parecia muito vazia quando ele voltava. Eu cogitei muito até concordar, se mudar com seu namorado é uma decisão e tanto. Sendo sincera, esperei um pedido de casamento antes, mas ele tem essa teoria que um casal só da certo casado depois de cinco anos sólidos de namoro, e nós só tínhamos três, então eu ainda tinha uma jornada de 24 meses pela frente até me tornar uma candidata apta para meu namorar decidir casar.
Aquele seria nosso primeiro natal na nossa casa e Nico estava preso em uma roadtrip na Filadélfia, eu sabia que a notícia não seria boa assim que meu facetime tocou três dias antes da véspera por vídeo, Nico nunca me ligava aquele horário e seus olhos castanhos melancólicos assim que atendi me entregaram quase de imediato que ele não apareceria para o feriado.
Tentei não perder o espírito no primeiro dia, chorei no banho, lavei o rosto e tentei superar que eu passaria a véspera de natal sozinha. Decorei nosso apartamento com todas as coisas desnecessárias que comprei em toda loja de departamento que passei; as luzes cintilantes da árvore de Natal iluminaram a sala, criando uma atmosfera acolhedora. As guirlandas adornaram as paredes, enquanto os enfeites brilhantes ressoaram no ambiente com glitter e o cheiro de pinheiro do meu arranjo de flores completa a magia do ambiente. Mas do segundo dia até hoje eu mal ligo a árvore de natal na tomada e fico deitada na cama de pijama quase o dia todo alternando cochilos depressivos.
Meu burrito enrolado no papel alumínio ainda está quente e meus olhos prestam atenção nas minhas próprias pegadas enquanto caminho pela neve alta e meus pés deixam uma trilha solitária na calçada silenciosa. A luminosidade tênue dos postes de rua destaca os flocos que dançam no ar. Entro no apartamento retirando as botas na entrada, batendo um pouco a sola no tapete na tentativa de retirar a neve presa, tirando também as luvas das mãos e o casaco vermelho enorme, pendurando atrás da porta.
“Oi, linda.”
“Caralho!” dou um grito pulando para trás.
Nico Hischier está parado na minha sala de estar com as mãos enfiadas no bolso do pijama flanela, assim como o cabelo levemente bagunçado e o sorriso de canto, mostrando sua covinha. Fico pelo menos dez segundos o encarando sem saber se fiquei tão triste que agora meu cérebro estava criando miragens, ou se realmente aquele homem me olhando com o par de olhos castanhos mais bonitos do mundo, as sobrancelhas grossas penumbrando em uma expressão risonha e a barba por fazer acompanhante de um machucado no lábio, estava mesmo ali, envolto pela luz alaranjada da lareira acesa. “Eu…”
“Eu peguei o primeiro voo que eu vi quando Parker me mandou mensagem dizendo que minha namorada estava há três dias se recusando a levantar da cama.” Nico caminha até mim com suas meias felpudas enquanto ainda estou parada perto da porta. “Você fez tudo isso sozinha? Decorou toda a casa?” o sorriso doce formou em seus lábios enquanto suas mãos seguraram meu rosto. O hálito fresco de menta bate contra meu nariz e eu fecho os olhos por meio segundo.
“Merda, senti tanto sua falta.” sussurro, deixando um beijo em seu queixo por conta da nossa diferença de altura, me sentindo aliviada e segura por ele finalmente estar ali. “É nosso primeiro natal juntos, eu queria que fosse especial então eu acho que passei quatro horas na target lutando com uma senhora para comprar essas luzes.” aponto para a árvore e ele ri balançando a cabeça.
“Você é doida, sabia?” dou de ombros. “E é por isso que eu sou completamente apaixonado por você, desculpa ter ficado preso na filadélfia, fugiu do meu controle.”
“Só me beija, por favor.”
Eu queria senti-lo, queria ter o gosto dele contra minha boca de novo, eu queria tão desesperadamente que meu corpo pulsou quando as mãos de Nico apertaram minha cintura com firmeza e sua mão livre enrolou-se embaixo do meu cabelo, segurando meu pescoço com pressão e afundando a boca na minha com tanta força que minhas pernas bambearam; apesar de odiar a distância que ficávamos sempre, beijar Nico quando ele voltava de viagem era sempre mais prazeroso, tinha urgência, desejo e um desespero tão profundo que nossas bocas se estralavam em mini choques.
“Vá vestir algo mais confortável, eu vou colocar vinho para nós.” Nico passa o polegar pela extensão do meu lábio inferior. “E aí vamos colocar uma música, comer pizza de forno congelada até meia noite, parece bom?”
Concordei com a cabeça, meu Deus, como eu o amava. Nico sorriu deixando mais um beijo na minha boca antes de virar de costas e eu recuperei meu fôlego. Fui até nosso quarto, buscando minha calça igual a de Nico, porém em vermelho e o moletom do New Jersey Devils que era o moletom mais quente e confortável do universo, cheirava sempre como Nico então quando ele ia viajar, sempre deixava por aqui para que eu pudesse usar quando quisesse.
Ouvi o vinho descendo taça abaixo assim que voltei para a sala e Nico riu para meu moletom porque sabia que eu escolheria aquilo de qualquer jeito. Sentamos lado a lado na frente da mesa de centro, sentindo o calor da chama de lareira aquecendo nossos pés já envoltos por meias e brindamos levemente, batendo nossas taças de forma delicada antes de darmos nosso primeiro gole.
“Vem cá.” Nico abre o braço para que eu me aconchegue em seu peito, ele tinha um corpo grande, confortável como um urso e eu nunca recusava ficar abraçada com ele porque a sensação era sempre boa e reconfortante. “Você estava mesmo com um burrito na jaqueta?”
“O quê? Quem te contou isso?” movo minha cabeça rindo o encarando. “A Parker é muito fofoqueira, é por isso que você quer me alimentar com pizza? Pra eu não ter que comer um burrito duvidoso de 4 dólares que está enrolado no papel alumínio dentro da minha jaqueta?”
“Honestamente se você quiser dividir o burrito comigo antes da pizza, eu tô dentro.” ele dá mais um gole no vinho. “Mas agora eu queria muito, muito, dançar com você.”
“Você? Dançar?” balanço a cabeça com a sobrancelha arqueada. “Por que isso? Você não é o senhor ‘já movimento muito meu corpo jogando, não tem espaço para dança?!’”
Nico revira os olhos com um sorriso estampado nos lábios, afastando meu corpo levemente e andando em direção à jukebox que tínhamos no canto escorado da sala. Somos muito fãs de músicas e quando me mudei, essa foi nossa primeira compra juntos; era uma jukebox branca com detalhes prateados e um repertório de música invejável, queríamos a mais tradicional possível porque soava como a gente. As meias felpudas de Nico trilham pelo tapete até a jukebox e ele coloca um repertório de jazz natalino. Rio jogando a cabeça para trás.
“Quando eu te conheci, você me disse que seu sonho era dançar em um clube de jazz, com um vestido vermelho, um batom vinho, saltos muito altos e um bom acompanhante que te dissesse que você é a mulher mais bonita da noite… Mas, tinha que ser especial. Você disse que não podia ser em qualquer dia, tinha que ser um dia especial.” Nico anda até mim e nessa altura meu corpo todo já enrijeceu enquanto os pelos da pele se arrepiavam. O sotaque sútil dizendo aquelas coisas me faziam ter tanta certeza que eu o amava mais do que tudo nesse mundo. “Está nevando lá fora, é sua data favorita do ano e acho que sou um bom acompanhante que te acha a mulher mais bonita não só da noite.” ele estende a mão para que eu levanta de frente da lareira. “É especial, não é?”
Sinto a música preencher a sala enquanto me movo suavemente, guiada pelos acordes e nossos passos entrelaçam-se quando Nico coloca a mão na minha cintura e eu dedilho seu pijama com meus dedos, posicionando a mão em seus ombros. Have yourself a merry little christmas (está ressoando pelas paredes e meu coração estava batendo depressa e tão alto que tive medo de Nico ouvir. Minha cabeça se encostou no tórax dele e seus braços firmes agarraram mais meu corpo contra o seu, a ponto que nosso balanço sincronizasse espontaneamente. O brilho suave das luzes da árvore de natal e o reflexo laranja da lareira transparecem em nossos olhos enquanto giramos suavemente pela sala de estar.
(dê play na música se quiser!)
“Eu sou maluco por você.” Nico sussurra e movo minha cabeça para encara-lo, abrindo um sorriso. “Sou de verdade. Você mexe comigo e eu gosto, gosto do controle que você tem em mim.” os olhos fixos no meu, sem ousar desviar. “Amar alguém com tanta certeza e sem a menor dúvida é bom, tão bom.”
“Nico…”
“Shhh.” ele pede baixinho, inclinando a cabeça, beijando meus lábios mais uma vez. “Casa comigo, hum?” bate o nariz contra o meu devagar, deslizando de um lado para o outro.
O tempo parece congelar. O brilho de uma lágrima feliz em meus olhos reflete o cintilar da aliança que ele delicadamente apresenta, retirando do bolso do pijama, o anel aquamarine delicado que se coloca diante dos meus olhos como se fosse feito para mim. Exclusivamente para mim. A mão livre de Nico está na minha cintura ainda, acariciando, enquanto nossos rostos continuam ainda próximos, separados pelo anel singelo em seus dedos.
“Sim.” meus lábios finalmente formulam a resposta, lutando contra a lágrima solitária que escorre minha bochecha. Nico ri, passando o polegar pela lágrima, delicadamente segurando minha mão e colocando a aliança no anelar. Inclina o pescoço, segurando meu rosto enquanto me beija, me beija de verdade, igual a primeira vez, um beijo tão carinhoso que as borboletas dançam no meu estômago. “Você… Puta merda, eu te amo tanto.”
“Eu sei, linda.” beija o topo da minha cabeça. “E olha só… Já passou da meia noite.” observa o relógio de pulso. “Feliz natal, seunome.”
Eu rio, fungando, encostando de novo minha cabeça em seu tórax. “Feliz natal, Hischier.”
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nhlplots · 5 months
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Lover Of Mine | Quinn Hughes
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Oi! Feliz em te ver por aqui. Pronta para ir no casamento do seu ex-namorado? 😫
plot: ir no casamento de quinn dois anos depois que vocês terminaram sabendo que ainda sentiam coisas um pelo outro, de longe, não era a decisão mais esperta. mas quando você arrisca e os dois ficam sozinhos conversando, muitos sentimentos podem voltar à tona.
casal: quinn hughes x leitora
avisos: narrado em primeira pessoa pela protagonista feminina, referida de ‘seunome’ durante toda a história.
observações: fatos fictícios com intenção apenas de entretenimento.
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Aquela era a igreja mais bonita que eu já tinha entrado em toda minha vida, e sendo sincera, eu não sou religiosa o suficiente para ter entrado em muitas, mas aquela em disparada seria minha referência caso catedrais entrassem em contexto durante algumas de minhas conversas.
O vestido azul claro de cetim desenhou meu corpo enquanto caminhei até um dos bancos e me senti tão nervosa que meus saltos deslizaram pelo tapete vermelho por meio segundo até eu recuperar o equilíbrio. Respirei fundo antes de continuar, segurando com a mão direita minha bolsa minúscula prateada e umedecendo os lábios que já agora devem estar sem a cor vinho do batom que passei. A maioria das pessoas me cumprimentam ali, outros cochicham entre si mas ainda sim esboçam uma expressão minimamente gentil e meu coração trava na minha traqueia de arrependimento de ter vindo assim que me sento no banco de madeira polida.
Os convidados estavam certos de cochichar sobre mim embora eu estivesse observando demais as estátuas nos palanques para prestar atenção, sou um tanto observadora demais e sei que isso me faz perceber quando estão falando bem ou mal. Era claro que era mal, no mínimo com um tom sugestivo de confusão; Quem diabos convida sua ex-namorada para o casamento? E qual ex-namorada, em santa consciência, aceita o convite? É, bem, aparentemente eu.
A igreja lota em menos de trinta minutos, acho que cheguei cedo demais e se eu conseguisse manter uma conversa com qualquer convidado tenho certeza que os trinta minutos não pareceriam como duas horas, mas tudo que fiz foi brincar com meus anéis nos dedos e checar o celular de vez em quando até alguns violonistas se posicionarem em cima do altar e uma batida suave, melancólica e triste o suficiente para me fazer lacrimejar começou ecoar pela estrutura da igreja. Todo mundo levantou, sou nova em casamento, achei que só nos levantávamos para a noiva, então apenas segui o ritmo dos convidados, acompanhando com os olhos os padrinhos e madrinhas entrando, e logo depois os pais dos noivos. Meu estômago revirava só de pensar nisso.
Jack cruzou olhar comigo, dando um sorriso que pareceu genuinamente feliz em me ver e Luke fez o mesmo, este que até mesmo arriscou um mini aceno.
O meu coração pulsava em descompasso, cada batida ressoando como um lamento silencioso. O vestíbulo da igreja, adornado com detalhes que antes encantavam meus olhos, agora parecia um labirinto de memórias amargas. Eu permaneci ali, vestida com uma elegância forçada, esperando o inevitável. Esperando Quinn entrar. A música distante anunciava o início da cerimônia, e fixei meu olhar na imponente porta da igreja. Cada segundo era uma eternidade, sabendo que, do outro lado, ele, estava prestes a dar o passo decisivo rumo a uma vida que não incluía estar comigo.
Os flashbacks de quando terminamos perturbavam minha cabeça de forma avassaladora enquanto eu lutava com a vontade de ir embora; Eu e Quinn no nosso primeiro encontro. Eu e Quinn rindo juntos das piadas que ele fazia o tempo todo. Eu e Quinn dando nosso primeiro beijo. Eu e Quinn transando pela primeira vez. Eu e Quinn passando madrugadas dançando na cozinha. Eu e Quinn nos beijando no estacionamento depois dos jogos de hóquei universitários. Eu e Quinn descobrindo que ele entrou em um time de hóquei profissional canadense. Eu e Quinn comemorando que passei em uma vaga de emprego em Nova York. Eu e Quinn brigando. Eu e Quinn discutindo sobre como eu não podia largar tudo depois da formatura para viver com ele no Canadá. Eu e Quinn terminando depois de quatro anos de namoro.
Não existia mais eu e Quinn. Só existia eu, sozinha em Nova York, e existia ele, prestes a se casar com alguém chamada Rebecca. Eu ainda me lembrava da primeira vez que o vi, o jeito que os olhos dele me olharam de cima a baixo assim que atravessei a porta do vestiário procurando pelo treinador Samuels para tratar de assuntos completamente avulsos de hóquei; não foi um olhar de malícia, na verdade, os olhos de Quinn me encararam tão clinicamente que soou quase como se eu fosse um produto em uma estante, algo que, se ele quisesse, poderia possuir.
Ele sorriu curvando apenas uma das pontas da boca, um sorriso sacana e levemente maroto que mesmo sem emitir um só som, esbanjava um pouco de superioridade. Foi a primeira vez que um garoto me fez ficar desconfortável, os meus olhos podiam até mesmo decifrar cada detalhe dos armários de metal do vestiário de tanto que desviei de Quinn, mas no fim, eu sabia que acabaria embaixo dele em algum momento daquela semana. Acho que procurei em todo homem que tentei me apaixonar depois por alguém como ele, por mais difícil que fosse de admitir.
O murmúrio abafado da multidão dentro da igreja penetrou meus ouvidos, mas meu foco estava na entrada, parte minha quase vomitando pela ansiedade enquanto a outra só queria desesperadamente ver os olhos de Quinn por uma última vez antes de aceitar que nada mais poderia ser feito. Nós terminamos dois anos atrás, e talvez aquele fosse meu tapa na cara final para seguir em frente de uma vez por todas, sem me culpar por ter escolhido fazer meu próprio nome no jornalismo.
Cada passo que se aproximava fazia meu coração afundar mais, como se uma âncora invisível puxasse minhas esperanças para o abismo. A porta de madeira alta, com detalhes em azul e amarelo, se abriu, revelando a silhueta de Quinn, com seu terno azul marinho e sapatos pretos italianos, com o cabelo levemente grande jogado para o lado e a barba rala marcada no maxilar. Bastou cinco passos de Quinn pela extensão do tapete para nossos olhos se encontraram por um instante fugaz, tempo suficiente para que a tristeza se instalasse nos meus olhos de forma espontânea, testemunhando o fim de um capítulo que eu e Quinn não sabíamos como pontuar e eu soube disso porque ele me encarou do mesmo jeito, talvez não imaginasse que eu fosse mesmo aparecer.
Cada sílaba que saía dos lábios dele, desde a leitura dos votos até o “aceito” era um eco doloroso e de repente só pareceu ainda mais esquisito estar ali.
“Meu Deus, seunome! Olhe só para você!” a voz de Ellen ressoa atrás de mim e eu viro meu corpo, os convidados estão saindo da igreja para migrar até o salão da festa e eu não via a hora de beber uma boa e grande taça de champanhe. Olhar para Ellen Hughes depois de todos esses anos era quase como ver minha maior figura materna, ela me acolheu e me tratou como filha durante todo o tempo em que namorei com Quinn, até depois, e sei que o convite foi parcialmente ideia dela. “Você está ótima.”
“Você está linda, Ellen.” digo com sinceridade a abraçando, sentindo o cheiro de frutas vermelhas que seu cabelo loiro sempre exalava. Ela me apertou no abraço, carinhosamente, deixando um beijo estralado na minha bochecha.
“Esse casamento está me deixando maluca, preciso ajudar as meninas do salão agora organizar os drinks, você sabe como eu adoro planejar tudo.” ela comenta com o sorriso simpático refletido nos lábios. “Quinn está nos fundos, antes da festa ele vai trocar o terno para conseguir aproveitar melhor a noite, talvez você devesse ir lá dizer oi, certo?”
Ele acabou de se casar, e a ideia de abordá-lo parecia um fio tênue entre ousadia e respeito. Enquanto as conversas ao meu redor ganhavam vida, ponderava se devia ou não dar esse passo incerto enquanto os olhos de Ellen me incentivavam a ir, apenas assenti com a cabeça, murmurando que era bom ver ela de novo, recebendo mais um beijo na bochecha e caminhando com as mãos trêmulas até o fundo da igreja. Atrás do altar, duas portinhas de madeira estavam localizadas, bati na primeira mas não obtive resposta, e na segunda, a voz de Quinn ressoou com um: pode entrar.
Minhas mãos tremiam ao girar a maçaneta, e a porta rangeu suavemente. Quinn soltou a gravata, me vendo pelo reflexo do espelho, e virou o corpo instantaneamente para mim. Não éramos só namorados, antes disso éramos melhores amigos, confidentes, inseparáveis e parecia tão esquisito estarmos ali, sendo estranhos de novo. Era como se o tempo tivesse se encurtado num instante.
“Oi.” eu digo brevemente, que porra eu deveria falar?
“Seunome… Oi.” ele parece engolir em seco, passando a mão pelo cabelo.
“Parabéns pelo casamento, eu… Eu não sei porque vim até aqui, melhor ir para a festa, você sabe como eu gosto de champanhe e acho que eles já devem estar servindo, e eu…”
“Eu estou te deixando nervosa?”
A pergunta dele soa quase como irreal. Claro que ele estava me deixando nervosa.
“Não, eu só acho que você está ocupado demais com sua gravata e eu ocupada demais aqui perdendo a chance de estar me embebedando no seu salão principal.” retruco e ele ri pelo nariz.
“Você não mudou nada mesmo.” o sorriso de lado volta para seu rosto e a sensação de nostalgia me invade. “Tem muito champanhe lá fora, me ajuda com isso antes.” ele aponta para a gravata no pescoço.
“Você não usa isso antes de todo santo jogo que você joga? E ainda não sabe desfazer o nó?” coloco minha bolsa em cima da mesinha no canto da parede, me aproximando de Quinn. Estar perto dele de novo era assustador.
“Normalmente eu só puxo para cima da cabeça mas esse foi meu pai que fez e está apertado para cacete.”
Rio, dando o passo final quebrando a distância entre eu e ele, colocando meus dedos no tecido de sua gravata, migrando meus olhos por meio segundo para seu rosto, vendo como ele tinha amadurecido em dois anos. “Aposto que esse hematoma embaixo do olho virou algo comum na sua rotina.”
“Sempre vira, tentaram esconder com maquiagem.” diz olhando por cima da minha cabeça, não ousando olhar para mim. “Lembra na faculdade? Aquele fudido do McLauren estava sempre me dando um tempo difícil no gelo e eu quebrei meu nariz duas vezes.”
“E na segunda vez você negou que estava quebrado.” rio, soltando o nó, tirando a gravata dele. “E eu tive que te obrigar a ir na enfermaria quatro da manhã antes do meu teste de ciências sociais, que eu reprovei, diga-se de passagem, porque não cheguei a tempo.”
“E eu te recompensei por isso, não foi?”
O silêncio aparece no ambiente, assim como nossos sorrisos somem do rosto. A pergunta provavelmente escapou de sua boca e o constrangimento subiu.
“Quinn…”
“Não fala nada, seunome. Por favor.” ele suplica entre os lábios, fechando os olhos por meio segundo. “Por que você veio?”
“Você me convidou!” eu retruco, encostada na parede e embora o tom dele pareça um pouco bravo, o meu está tão baixo feito um sussurro. “Por que? Por que você me convidou?”
“Porque….” ele puxa o fôlego. “Porque pareceu a coisa certa na hora, eu não achei que você fosse vir, merda.” ele morde a boca. “Mandei o convite porque queria que você visse como eu estava bem, quis te punir.” ele me encara. “Quis te punir por cada segundo de não ter vindo comigo, de não ser a pessoa com quem estou me casando!” ele admite balançando a cabeça. “Quis que você viesse e me visse com outra pessoa, foi egoísta da minha parte porque quando vi seus olhos ali, desse jeito que você está me encarando agora, eu soube que tomei a decisão errada de ter feito o convite…. Te ver de novo só traria de volta o que eu lutei por meses.”
“Isso é loucura.” nego com a cabeça, pegando minha bolsa. “Você ao menos está feliz?”
“Eu me sinto feliz.” ele responde depois de um tempo em silêncio.
“Não é o mesmo de estar.”
“Mas eu estou!” ele retruca, balançando a cabeça. Nós dois sabemos que ele não está falando a verdade, mas não ouso dizer nada.
“Então por que? Por que está me dizendo tudo isso?” questiono o encarando.
“Porque era pra ser você!” Quinn levanta o tom.
Nos encaramos, levemente ofegantes, as emoções naquele espaço minúsculo eram palpáveis. Seus olhos tinham um brilho intenso, e eu sentia meu rosto esquentar. Ficamos ali, nos encarando, como se o universo tivesse decidido dar uma pausa ao nosso redor. Claro que era errado estar aqui, ele acabou de se casar com uma mulher que acredito que não tenha feito nada de errado pra merecer seu marido com a ex namorada dentro de um quarto da igreja revivendo o passado e dizendo que deveria casar com ela.
“Seunome…” ele sussurra, perto de mim agora, segurando meu rosto com as duas mãos. Seu hálito de menta fresca bateu contra meu rosto tão depressa que eu levantei o olhar no mesmo instante.
“Não, Quinn. Você acabou de se casar, literalmente.” sussurro de volta, mas não consigo recuar, não com o polegar deslizando pela minha bochecha e seus olhos imersos nos meus.
“Só me escuta.” ele pede, me interrompendo. “Promete que quando sairmos daqui você nunca mais vai aparecer, promete que você vai ficar em Nova York e eu nunca mais vou te ver de novo.” ele segura meu rosto com urgência, suplicando entre os lábios com os olhos ao menos se movendo dos meus. “Promete, seunome!” ele diz mais alto, a pressão das palavras consumindo minha garganta.
“Eu prometo.” digo acelerada, era como terminar com ele de novo, igual dois anos atrás, com os olhos ardendo, ameaçando chorar. “Eu prometo, Quinn.” sussurro.
“Ótimo, assim vai ser muito mais fácil de esquecer isso.”
“Isso o quê?”
“Isso.” Quinn inclina o pescoço e afunda a boca na minha tão rápido que minha reação é deixar meus braços soltos no ar, confusos, sem entender de primeira o que estava acontecendo. Mas minha boca sempre foi viciada pela boca dele, sempre ansiou a maciez e quentura dos lábios, a textura da língua e o jeito que encaixávamos perfeitamente sem esforço. As mãos de Quinn se moveram para minha cintura e eu finalmente movi as minhas para o rosto dele, dando uma urgência escancarada para o beijo, sentindo a falta do gosto. Passeio os dedos pelo cabelo dele, enrolando a ponta em seus fios de cabelo enquanto meus pés ficam na ponta, tentando me igualar em sua altura só para beija-lo mais profundamente — se é que isso fosse possível.
Nossas bocas se desencostam, ofegantes e Quinn encosta a testa na minha por dez segundos até se afastar, meu tórax está subindo e descendo depressa. “Eu sempre vou te amar, sabe disso, não sabe?”
“Não torna isso mais difícil, eu vou embora, como prometido.” passo a mão pelo cabelo, suspirando derrotada.
“Só me diz que sabe antes de ir.”
“Eu sei, Quinn. Eu também.”
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Seis anos depois.
Nova York.
A campainha ressoou por toda minha casa, passava das sete da noite e meu macacão surrado, repleto de terra, entregava que eu estava passando por uma fase; meus 30 anos. Eu sabia que as crises que tive aos 20 foram péssimas, mas fazer 30? Qual é, eu tinha um acordo com Deus, todo mundo poderia envelhecer, menos eu.
Comecei explorar alguns hobbies porque senti que estava vivendo demais para meu trabalho, e um deles foi refazer meu quintal dos fundos, ontem foi arrumar a luz da varanda, e na terça feira passada foi tentar cozinhar pratos holandeses porque vi em um filme e achei o máximo. Limpei a mão no pano da cozinha antes de abrir a porta um pouco distraída, e nada me preparou para ver Quinn Hughes parado em pé, embaixo da luz recém consertada da minha varanda. Meu coração tropeçou dentro do peito e eu não soube o que dizer, além de reparar no buquê de tulipas em suas mãos, com garrafa de champanhe.
“Posso entrar?” é tudo que ele pergunta antes de me fazer rir e concordar com a cabeça, dando passagem.
Eu sabia que, algum dia, ele voltaria para mim.
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nhlplots · 5 months
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Oi, é sua primeira vez com a NHL IMAGINES?
Bem-vindo! :)
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Antes de você explorar o que temos de bom por aqui, eu peço por favor que leia algumas das observações abaixo, desse jeito, eu fico beeeem tranquila em saber que você está lendo ciente de tudo que eu escrevi aqui ;)
— Esse blog não foi feito na intenção de denegrir a imagem de nenhum dos jogadores, todas as personalidades abordadas aqui são completamente fictícias; — Nenhum fato apresentado aqui realmente aconteceu; — Blog feito de fã para fã sem intenção de lucrar em cima dos seguidores; — Pedidos +18 são permitidos, porém peça com responsabilidade;
Uma boa leitura sempre!
Com amor.
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