Tumgik
librislaura · 1 year
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Luzes de emergência
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JINGLE BELL ROCK
Em um voo na véspera de natal, a chefe de cabine Elena se pergunta se terá outra chance com a piloto, uma mulher casada que parece ignorar seus sentimentos. Suas preocupações logo escalam quando o avião sofre uma pane e cai no Polo Norte, deixando a tribulação à merce do frio, fome e escuro. Quando passageiros começam a aparecer mortos de maneira misteriosa as tensões aumentam e histeria coletiva logo se instaura.
O livro tem uma tensão enorme, apesar de ser bem curtinho. O pânico dos tripulantes é construido de uma maneira muito boa, e eu fiquei uma boa parte de livro tentando descobrir se era tudo de fato um caso de histeria (talvez apenas da Elena, talvez da população como um todo), ou uma situação um pouco sobrenatural.
O livro flui super bem e da pra ler em um único dia. E é um suspense tão bom que você vai ler em um único dia mesmo, incapaz de largar. Minha opinião negativa é que eu gostaria que a história fosse mais longa, talvez se desenrolando por alguns dias e não apenas algumas horas. Acredito que isso aumentaria mais o suspense.
Nota: 9/10
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librislaura · 1 year
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Depois daquela viagem
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A AMEAÇA DA MORTE TE FAZ QUERER VIVER?
Valéria tinha 16 anos quando foi diagnosticada com AIDS, em 1973. Na época, o diagnóstico era uma sentença de morte e ela, que tinha sido contaminada aos 15 anos, já tinha perdido um ano de vida. O livro, um "diário de bordo da doença", acompanha os próximo dez anos da vida de Valéria enquanto ela lida com a AIDS, a vida, e a constante ameaça de morte causada pelo diagnóstico.
Desde o seu desespero pelo doença, o medo de rejeição e a falta de perspectivas, acompanhamos Valéria enquanto ela tenta se habituar à nova vida e tentar aceitar o quão curta essa vida pode ser. A falta de perspectiva faz com que ela não consiga fazer planos: durante um ano de intercâmbio nos EUA, a única meta que ela estabelece para si mesma é ver neve no final do ano, para a confusão de seus colegas. O que eles não sabem é que para Valéria aqueles podem ser seus últimos meses de vida, e ela não ousa sonhar mais alto que aquilo.
Acima de tudo, o livro é honesto nas dores dela, tanto físicas quantos emocionais, e não dramatiza a situação. Como criar vínculos, quando você sabe que o outro vai sofrer quando você se for? Como ter um namorado, uma familía, corresponder aos sentimentos de outros e aos seus, quando você se sente uma bomba prestes a explodir?
O livro é muito bom e traz uma visão muito realista do que significava viver com a doença em um período histórico em que o diagnóstico significava morte (afinal, é autobiografico). Por mais que tivesse apoio financeiro e familiar, o peso e a solidão da doença eram altos e não podiam ser levantados por ninguém além dela. Honesta, solitária e marcada, Valéria narra suas desventuras com uma linguagem simples e com informações importantes, que não são passados em forma de palestra ou sermão.
Nota: 10/10
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librislaura · 1 year
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Circe
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A BIOGRAFIA FICTÍCIA QUE EU NÃO SABIA QUE PRECISAVA
Apesar de ter sangue de titãs e ser uma feiticeira poderosa (quiçá, a mais poderosa de todas), Circe nunca deixa de ser vista por seus semelhantes como "apenas uma mulher". Ela ocupa todos os papéis femininos definidos, seja um por vez ou todos ao mesmo tempo: filha, irmã, mãe, tia, amante, mulher apaixonada e feiticeira cruel. Ao longo da sua história todos os papéis se acumulam, tal como acontece na vida. Em meio a todos os papéis que desempenha, Circe luta para ser verdadeira consigo mesma.
O final feliz de Circe não tem a ver com romance, ainda que ao longo do livro ela se envolva com algumas pessoas. A felicidade de Circe é vinculada a seus desejos, sua insatisfação com tudo que considera de errado no mundo dos deuses e a sua deslocação em ambos os mundos após centenas de anos no exílio. Ela percebe ainda no ínicio da sua vida que os homens são cruéis, e os deuses ainda mais, e que assim como existe uma abismo entre homens e mulheres, existe outro entre deuses e deusas. Acima de tudo existe o abismo mais intransponível de todos: entre deuses e mortais.
Além disso, o livro também explora outras faces da feminilidade além das de Circe. Algumas que ela sequer entende e outras que sente na própria pele: a ambição e egoísmo da sua irmã, como forma de autoproteção; a crueldade da sobrinha, desesperada por amor após uma vida de abusos nas mãos do pai; a submissão de Penélope, disposta a tudo para garantir a proteção do filho e a satisfação do marido. A vida de Circe toca a de todas essas mulheres, de uma forma ou de outra.
Ela lida também com a crueldade e benevolência dos homens: a escravidão de Dédalo, uma estrela que logo se apaga; as mentiras dos irmãos e do pai, que a desprezam; a companhia de Hermes, de Odisseu e de outros, que também contribuem para a sua História. Sua eternidade é uma odisseia própria, narrada sob a perspectiva de uma mulher, com dores e prazeres que apenas a vida das mulheres proporciona e que, muitas vezes, apenas as mulheres conseguem entender.
Nota: 10/10
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librislaura · 1 year
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Boa sorte
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AS ESTAÇÕES DO LUTO
Em "Boa sorte" acompanhamos Julieta, uma garota de dezesseis anos, no ano que segue o suicídio da sua irmã mais velha. Após a separação dos pais, ela e a mãe se mudam para a casa da avó, em uma cidade pequena onde Julieta é a única novata na escola. O livro é dividido em primavera, verão, outono e inverno, e vemos as reações de Julieta à morte da irmã, mudança de cidade e ao divórcio dos pais, ao mesmo tempo que lida com a sua sexualidade.
Eu comecei a ler essa HQ sem informações sobre a história, e gostei bastante. O traço do desenho em incomodou um pouco no início, mas acabei gostando dele porque a história flui tão naturalmente que os traços não são o mais importante (e o incômodo também provavelmente aconteceu porque eu tinha acabado de ler Arlindo, então relevei). O livro é de uma autora nacional, e eu achei a qualidade muito boa, ainda que me incomodasse um pouco alguns elementos norte-americanos no enredo.
Achei que a temática do luto de uma adolescente foi retratada de um jeito muito bom, além de mostrar um pouco também de como os pais dela lidaram com a morte da filha. Até a avó (que no começo é um velhinha religiosa e carrasca), acaba sendo vista por outras luzes conforme a história avança. Eu gostei do fato de não ter uma explicação exata para o suicídio, porque caberia uma explicação mais detalhada se o livro fosse pela perspectiva da Laura (a irmã mais velha), o que não é o caso: nos ficamos tão no escuro quanto a Julieta, perdidos sem uma despedida e sem entender o que de fato aconteceu.
E, conforme a história avança, assim como a Julieta nós também acompanhamos o passar das estações e as fases do luto, esperando que tudo fique bem no final.
Nota: 8/10
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librislaura · 1 year
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O amor é um pássaro vermelho
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O CHOQUE DE CULTURAS NO BRASIL RURAL
Tadashi Tanaka tem apenas 14 anos quando deixa o Japão com destino ao Brasil, onde vai trabalhar em uma plantação de café e tentar enriquecer para mandar dinheiro aos pais e nove irmãos. Sem falar a língua e se passando por filho do velho casal Nakamura, ele logo percebe que a vida no Brasil nem de longe é tão fácil como lhe prometeram, e que terá que trilhar um longo caminho para realizar as promessas feitas ao pai.
A ambientação da história é muito boa, o enredo interessante e realista, é muito fácil simpatizar com o Tadashi. Afinal, é quase impossível não simpatizar com um adolescente imigrante, pobre, com saudades de casa, tentando se adaptar a uma realidade sofrida nos cafezais brasileiros da década de 1930, sem deixar de lado sua humildade e honestidade. Por nove anos acompanhamos a vida de Tadashi e seus esforços para crescer na vida enquanto lida com as barreiras linguísticas e culturais.
A xenofobia na história vem dos dois lados: de brasileiros contra japoneses, e de japoneses contra brasileiros. É o caso do pai que infarta ao saber que seu filho se casou com uma brasileira, da menina japonesa que sofre para aprender português na escola da fazenda, e da família brasileira que não fica contente com o noivado da filha com um japonês.
No geral é uma história muito rica, tanto de enredo quanto de detalhes na narração, e que joga uma luz realista sob a imigração japonesa para o Brasil na década de 1930. O que me incomodou é que em alguns pontos o tempo verbal altera subitamente para o presente, mas talvez o problema seja na minha edição.
Nota: 8/10
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librislaura · 1 year
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Zumbis e garotas de jaquetas de couro
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Começando o ano com leitura nacional!
Nesse livro acompanhamos Luna, uma adolescente que se vê presa em casa com o irmão mais velho após zumbis invadirem a sua cidade. O marasmo em que os dois vivem enquanto as semanas passam é interrompido pela chegada de Hanna Duarte, colega de escola de Luna e por quem ela tem uma quedinha muito mal disfarçada. Os três decidem deixar o lar e atravessar a cidade em busca de um suposto abrigo para sobreviventes.
A leitura é bem rápida e fácil, o livro não chega a ter 150 páginas. Apesar de ser um livro com tema apocalíptico não tem cenas pesadas, descrições gráficas e até a linguagem é bem "family friendly". É uma história gostosinha de ler, boa pra quando você não quer ler nada muito intenso e quer só passar o tempo.
Dito isto, nenhum dos temas apresentados é muito desenvolvido, e nenhum dos personagens evolui ao longo da história. Acho que tinha potencial pra ser melhor, talvez se fosse mais longo e com mais desenrolares poderia ter prendido mais a minha atenção. As referências estadunidenses num livro que se passa no Brasil também me incomodaram um pouco pois ficaram desconexas. Não é comum você ter casas com porões no Brasil, por exemplo, entre outros detalhes que para mim poderiam ter sido mais "abrasileirados".
Minha nota: 5/10
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