A Política de um Corpo em Chamas
Esse é o ano das arcadas dentárias
Tão desiguais, tão comércio
Instruído ao desastre absoluto
Ao moldar o ferro por dentro das gengivas
Litoral lisérgico, dedos hipnotizam
A quentura do teu toque me alcança
Como são as vozes da virtude, agora
Barganhando minha piedade
Todo o céu de carne arranhado
Derrama-se bufante
Asfixiando sem aviso prévio
Colorindo arcanjos de prata
Através da paz, viúvo
Não há quem não o prove
Puído ainda entre os segredos
Palácios incendiados de dois sexos
Goles improvisados manuseando
A obra incompleta e o âmago deslumbrado
Satisfação desmembrada para alimentar antagonsitas
Até reunir novamente formigas-vampíricas em torno do cadáver
As grandes feridas fogem, enfim
Há um pacto selado embaixo da língua
Um esforço para mastigar moinhos
E deitar-se abaixo de uma lua estilhaçada
A memória evita teu nome todas as vezes
Mesmo que o meu corpo atraía o teu de volta
É preciso enterrar o encanto pela última vez
Antes que nos tornemos personagens de Oscar Wilde
Um odor de tinta e óleo impregna o ambiente
A textura das tuas mãos sujas de acometer seus desejos
Ao me desenhar paraísos com a língua de carbono
Nem mesmo Ícaro ousaria sobrevoar a estrela de fogo que tu és...
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Dafnomancia
Te sonho e ainda é uma novidade
Há uma prática que visa realizar
Ainda há futuro na decomposição?
Repousos que abdicam de navios
Conceda em mim tal Marte
O impulso que marcha o tato
Sob uma questão intrínseca
Viver é tardar o benefício
Adorar tal convencimento sob você
Os olhos que te espreitam de fora
Teus sentidos soltos do obituário
Atuando como ilha a ser enterrada
Desaparecer pela noite-caravaggiana
Instruir um exercício polido
Queimar ossos, assumir a potência
Extravasar rinhas entre boatos e pragmatismos
Assim crescem os deuses em seu jardim
Nos restos de bustos de bronze
Heróis devolvidos ao anonimato
Esquecidos por civilizações
Mistério teu outro nome é imprevisto
Espalha esses olhares pela culpa
Sem simetria, sem punição
As metades se desprendem do banquete
Digerir os segredos desvendados
Não tão extensos como o pensado
É só a lua iluminando tua ruína
Usando rispidez como a última defesa
Tudo isso fora recitado ao público
Que acompanhava hipnotizado
Pelo ruído de gravetos gritando
A beira da sua extinção perante o fogo
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42 Prodígios
A efígie das harpas em teus dentes
Músculos rimam com abutres
Em vão uma vigília pelo gosto da bílis
Absorver todo ato lânguido e filtra-lo
Ler um futuro anarquista das tecelãs
Os incêndios são punitivos
As lágrimas, são diamantes
Prometeu reage a química insone
Intimidar o panteão de vampiros
cruzar o amargo dos olhos fechados
Ambos convencidos a ricochetearem
Os sons propagados pela noite fugaz
O dia seguinte surge antecipando
O miasma de seus sacrifícios
Seus cervos, seus inocentes
Superando o engodo orgânico
Num território que se ergue por mãos
Todo o remo se torna diplomacia
Toda a criatura se torna ameaça
Atribulado sentimento, um cadáver extorquido
Eis me aqui para ouvir e interpolar
A vingança isolada da face
Condenada a permanecer intacta
Ou germinar as revoltas
Bacantes de ordem dupla manipulam textos
O mau presságio de anjos de barro pulando alicerces
Toda a dor é um anjo caído acostumado a pender traições
Mistifica-la em prazer é um anúncio que ela nunca será prevista
Cantam sua morte como tragédia
Depois dos heróis, sova-se o desatino
A traição é uma pequena serpente
Rodando frases nos ouvidos atentos
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Eis Um Dos Ciclos Descartados de Dante
Tenho em minhas costas o azar do pé esquerdo
Arcaica expressão, túnica de petróleo
Você não quer dançar no polo industrial?
Brindando narizes de celofane a cada cinco minutos
Dedique teus hábitos em meus braços
Quilômetros tiranos de batinas
Sufocando toda a terra desse país
Desinibidos em inibir palavras
Existe um Eros se esvaziando
Ano, após ano. Sobrando clínicas
O paisagismo urbano desatina
Outras basílicas para fora do marco zero
A beira de olhares que rejeitam
Caí em mim o peso do sonho
Você pode me ter abaixo desses escombros
Bebendo o sumo de décadas de frustração
Saciar todas as lacunas cranianas
Preencher faltas com fugas
Afetos com disciplina
Penhorar a infância em troca de paz
Aos crimes da arcada dentária
Eu deixo tão somente meu bojo
Meu vício autêntico é possível prescrever
Um vale onde todos os moinhos sejam homeopáticos?
Mordo o carbono, não tão frágil quanto se espera
Julgo quem tatua os labirintos dessa cidade infausta
Evidentemente, há um jogo de intenções desnudas:
Homens traçando fronteiras do que é belo e do que é visceral
Guarda a fruta-grosseira
Um caroço em teu peito
Aqui jardins são shoppings
E bustos são erguidos a generais exumados
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XXVII
Eu estou quase implorando por homenagens
Muito além de um desejo que pulsa e vela meu corpo
Uma crise que não deteriore nenhuma moeda em meus olhos
Já se encontram derretidas por entre as minhas pupilas
Esses encantos com a crueldade
Empilhando cadáveres como se fosse pétalas
Banalizar o mal, nós mesmo damos corpo
Aquilo que é grotesco, transformando-o em prêmio
Reconheça-me todas as vezes que tiro minhas veias para você
Continua incitando os passes dessa encruzilhada
Poder de desfazer o inevitável, o destino que me embriaga
Seus vislumbres são frutos dessas intuições que cores em profecias
Eu atiraria barganhas na minha própria boca
Para remedia-las ao meu ímpeto
De profanar as cicatrizes que tenho hospedadas
Eu não devo. Eu devo. Eu me esqueço
Se calça dúzias de cabeças de Medusas
Uma ausência imprudente sem contexto
Elabora uma paralisia dilatando pupilas
Girando corpos, mesclando caleidoscópios
Minha mente tem uma coroa
Composta com a cabeça de saúvas
Escancarando quem eu referencio
Cada vez que insisto na palavra amor
Amarrado aos coelhos vulgares de prata
Uma ideia que Marquês serve de teatro
Cada tempo marcado é uma devassidão
Admitida em voz alta para fora de divãs
As pernas são amparo e estímulo
Acolher como um orfanato, ferir como a alfaiataria
Enquanto isso a canela hasteia inimigos
Usando de línguas-adagas para descobrir feridas
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Paraísos Paranoicos
O tecer das intrigas oferece abrigo
A cabeça desgovernada pela prata
Lua cheia faz o encontro uma tensão de hoje
Refletirá para sempre promessas adormecidas
São irmãos a vontade e a oportunidade
Gestando a cobiça, amantes sem filtro
Mesclando-se um ao outro sem cerimônia
Naufragando vislumbres ancestrais
A carne é uma indústria e um ritual
Que fabrica a mágoa e a semântica
Velada nos atos imprudentes
Auferindo um controle despretensioso
Ciscando dentes em queimaduras
Afundando as unhas em feridas
Ocasião tão familiar quanto insegura
Sete dias para a prestação de contas
Embalsamado ao desejo de Deus
Os rios que engolem seu corpo
Façam um grande esforço
Que nenhuma força o poupe
Similar ao minério posto em detrimento
Tais olhos aquecem ressentimentos nessa noite fria
Mancha as tais estrelas com seus nomes
Deus é vago como qualquer outro alívio
É o que resta, mitos e metáforas
Onde tudo é apodrecido
Objetos manipulando com luz e poeira
O querer que não se sustenta
A ternura finda as perdas
Há apenas o barro
Tentem reerguê-lo
Aquilo, tratado como lar...
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Eu não sou o Resultado da tua Inspiração
Sensações bordam o novo
Museus suspensos, jazigos imateriais
Um povo vela dentro do meu corpo
A luz imprópria desperdiçada com os anos
Guardar é um deleite, pertencer é um parêntesis
Cinema-velório trocando olhos por fissuras
O presente como materialização sobrenatural
A voz em hiato deitada sob pedras de mármore
Ver um tipo de milagre ambulante
Apenas os primogênitos se ajoelham
Os pecadores cerram os dentes
A inveja é uma irmã e um deus
Conhecer tais perssuações
Os sons que contemplam o desespero
Minha pele inexpressiva autuando um teatro
Toda a cor em mim, são seus olhos derretidos
Meu terror oprimido dentro dessa face
Que me gira pesos e diz ser a idade
Que recomenda dores e diz ser calcanhares
Aquiles, você é um motor ou um Lázaro em mim?
Tire a humanidade, tire os músculos
O ridículo suspiro ao desconhecido
Alimentar-se de grunhidos
Azedume e o desmonte de orifícios
Astros desvairados erram os caminhos
Esvaziando o espírito para fora da hesitação
Saudado os filamentos desprendidos da memória
Esquecer é sobre tudo uma vingança polida
Eu não sou uma estrela
Eu sou um devorador de planetas
Eu não sou a imagem pela qual reza
Eu sou a fome de um buraco negro...
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Compatriotas de Espelhos ou Estamos Rezando Para helicópteros
Tombar mãos parodiando canoas
Esquecer brevemente aquele nome
Mascar asas de cera e alfinetes
Arquear bússolas com desprezo
Gestaram um coração vermelho fosco
Posto no centro da cidade, iluminando as noites
Figurativamente farol, seu objetivo era o mais amplo delírio
Rezas, maldições, almoços e jantares para citar apenas o cordial
Tão ingovernável, tão discreto e ignorante
Negar para não pender o ritmo e o hábito
Tão americano esperar por quem não vai voltar
Converter companhias em súplicas
Tenho seis esquinas para arear o réquiem
Medusas dançam a verborragia ao espalharem
Fantasmas de uma Hollywood fatal
Há tempo para James Deen no banquete de hoje
Bocas tortas de botox perfilando cigarros
Os mesmos fracassos dançando com espantalhos
Tão entediados ao moldar romance e epitáfio
Em um mesmo objeto de cobiça
Flertar com fábricas, falar sem cifras
Por cinco anos roubando o sono dos desamores
Inventando nomes a cada nova falha
Descobrir a avenida corroída de carências afetivas
Ainda hoje, abandonado pela sorte
Um em três, é péssimo
Boa sorte na próxima vez
O palpite está pela ordem do dia
Nesse reino, harpas tem o som de ponteiros
Não rezamos para deuses, mas para experiências
Os anjos do agora são helicópteros rodando no céu
Os anjos caídos do amanhã serão drones vigiando padarias
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Eu Costumo Venerar as Tribulações Abaixo dos Trópicos
Eu dancei em festas com baratas
Eu fiz cinema com centopeias
Guardei a língua como se fosse uma roupa nova
Dediquei poucos dias para distinguir o que já era âncora
Um ímpeto involuntário ao rio
Lavo cada ferida cultivada como fruta
Banha minha pele a luz prateada
Conformada em ser lua
Tão distraidamente, exumei teu nome
E o recitei com força, como se quisesse
Lhe trazer de volta ao meu convívio
Cogitei teu cheiro na ponta do céu da boca
Eu cantei um blues seco em troca de pão
Eu cogitei atrair a atenção dos meus inimigos
Desesperadamente, transformar a observação
Em uma moeda valiosa ao meu empenho
E drasticamente ponderei pecados
Adicionei cinzas de um adultério feito de teatro
Eu quis todo aquele zelo posto em meu peito
Não um monólogo suspirado nos meus ouvidos
A tração é um sorriso torto, aspirando beijos
Como quem encanta-se por acidentes
Um abutre descamando o feitio
Para outras expedições e escafandros
O encantamento é a vontade de pertencer
Ao momento, antes de arrepender-se
Beber a culpa que não me encontra mais
Suspendê-la, situa onde estuda-se um cadáver
Aqui jaz a esperança, um homem carregando barganhas
Hiato e tragédia, escorridas para debaixo da terra
Roubando cada uma das vitórias da noite
Como se fossem seus próprios troféus
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Sina
Derreteríamos vidros com a língua
Subestima as cinzas desse carnaval
Bocas que vibram Romarias
Em cada desencanto
Transparecer saltos sem significado
Cada grama dessa vã aparição
Era uma cidade acessa pelo desejo
Rompendo com a unha a qualquer sinal de prestígio
Emergido entre tuas pupilas
Derramando um azul predileção
Meu próprio peito um azul dilatado
Apresentado aos ossos da vigília
O ofício é completamente frágil
E eu sou um Lázaro suprimido
Agarrado as palavras exorcizadas
Por esses lábios macios
Aqui eu rezo para que esse toque
Não seja como pedras desafiando o tempo
A matéria suspensa endereçando miudezas
Para respirar cada poro dessa entrega
É um satélite velando tua morte derretida
É um Saturno devorando a pele cordial
São lágrimas que espelham corredeiras
Roendo prisões com os dentes
Repouso as quedas que infringi
Local de sumo, barulho e feras
A cada ordem, moinhos esfarelam
Moendo qualquer angústia que surja
Os corpos agora são um cinema cintilando danças
Cortando o mistério com o corpo das mãos
Espasmos são um tango incentivado pelo instinto
A pressa é um ato que não figura nesse momento...
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O Inventário de Vozes que Não Podem Calar-se
Um hálito de quem desenha o mundo por províncias
Uma casa se esvaindo do corpo, naufrágio pesado
Esvaziando instrumentos de seu significado
Nem mesmo o âmbito do abismo do olhar
Cavalos antes de morrer acovardavam coices
E meu temor já se revira como um clamor
Todas as vezes que atravessei encruzilhadas
Olhando impaciente todas as camadas do labirinto
Possibilidade: Pele e osso, ou pavimentação e aço
Acidente em movimento afugentado a mortalidade
Fixar todos os espíritos e comê-los enfim
Eu os devoro como o fogo um dia o fez
Um grande balé de flashes, perfumes de peixes
O amor é um reino sem rosto e todos nós
Somos os súditos das aparências
Sutis, invocando práticas de belos canários
Me esgueiro outra vez ao mesmo Brutus
Trocando milagres estarrecedores
Há um custo: Cicatrizes guardadas sob o tecido
Recomendável desembrulhar ostras, colhendo pérolas
Fale comigo sem teimar os centímetros que percorro
Essas caixas de fósforos forram uma voz que é tua
Um pouco de sangue doutor antes de estancar-me
O tempo expande um estrondo sem timbre
Esfregar a pele e mescla-la a estas paredes
Infestadas de sujeitos, crimes e decomposições
Toda a arquitetura é um poema e todo grito uma catedral
Cuidado, o espelho é uma aliança que vela sonhos
Vou-me embora para terra que é feita de ouro
Vou-me embora para o céu que é de baunilha
Vou-me embora para os braços de quem me espera
Vou regressar para as cinzas dos meus pertences
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Cenários Especulativos ou Servindo a Alcunha dos Reis
Creio que encontrei acolhimento nas encostas do desastre
Fielmente acompanhadas de meu silêncio
Precisei chafurdar o barro do tártaro
E moldar um futuro torto com meus dedos trêmulos
O glamour é por si só um vale
Capaz de proporcionar a serpentes
O conforto ideal para gestar seus ovos
Um momento incapaz de discernir redenções
E fora do seu rigor, estão as minúcias das Harpias
Escalando um poleiro dos cílios confeccionados em vidro
Olha-los de baixo para cima, um tribunal informal
Desenhando a espiral desta Babilônia moral
O corpo se priva como gavetas
Prestes a serem reviradas
Sorrisos são tarraxas de brincos
Perdidos na imensidão do cotidiano
Forjam-se espantalhos com hastes de guarda-chuvas
Essas companhias aniquilam uma memória autoral
Deus teria o gosto de chuvas torrenciais em janeiro?
Ou eu mesmo sou um túmulo de convenções básicas?
A palavra sempre um reino santo
Investigar nomes abruptos que
Desfiam da garganta a ponta da língua
Queimando e ascendendo em outros céus de carne
É importante fazer-se notar, a confiança retida
É um jogo desinteressante, tais carrosséis de poltronas
Absorvem todas as tensões precipitadas
E desrevelam zoológicos em discursos práticos
Incitar das suas próprias criaturas um produto
A perspectiva que altera o triunfo e a intimidade
Tributos erguidos aos olhos amassados e abandonados
Em epílogos valsando: "Olá, tudo bem?"
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La victoire expulsée de la mémoire
Acolho as cores que saltam da tua boca
A primavera é coletiva e todos a sonham
Não diga mais milagres inexpressivos
Mirando a realização de cada promessa
São jargões jogando contra
Um feitiço desperdiçado
O peito um sudário aberto
Refletindo mil faces de inimigos
Com a língua tranço uma lança
Minha voz obedece a qualquer vaidade
Testemunhas oculares aniquilam a década
O ego é Saturno revirando túmulos
Meu amor é um ultraje premeditado
Um relâmpago e então eis o Lázaro
Reerguido uma vez mais aos teus afetos
Que sempre me encontram
Logo elaborará outro perdão
E com apenas dez anos de atraso
Será definitivo, será hostil
Identificando os autos da cicatrização
Municio a pele com a fragrância da tua volta
Chamando meu nome lentamente
Como se me imitasse todas as vezes
Que rezei teu nome para ninguém ouvir
Acordo valsando o encontro que me fisgastes
Pois isso tudo que tenho é a pretensão de lhe ter
Ainda guardo para você o toque com as duas mãos
Como uma promessa finda de recita-la algum dia
Somos uma natureza selvagem
Expelindo todos os receios
Atraindo o olhar um do outro
Para erguer um monumento ao que não fomos...
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lecteur dynamique physique
Um céu para o tato descalibrado
Evidente minuto marcado por moscas
A sorte é nada mais que um movimento
Intolerante aos homens combalidos
A carne é um sorriso que imita crenças
Ampla atração ao prazer cético que o convém
Insistir em escavar segredos com narinas
Alcançar o cemitério que anjos decaem
Vens a superfície o mal mencionado
Dissecando cada uma das borboletas
Um gosto de pavimentação na oratória
Para concluir: Comícios publicitários
Grifar o inferno com pontos de interesse
Desde as costas do barqueiro
Até a homenagem à Eurídice
E inexistir nas águas do rio Estige
Turismo vital a pulsão de Hermes
Vai e volta, ambíguo ao absurdo
Perfilado nas ocasiões impetuosas
Você sabe, aqui todo suspiro é disputa
Subir em direção ao veneno
Cada palavra era se não ouro de tolo
E toda essa tolice, exumação
Ao que um dia fora a vaidade
Reconhecer o momento de desfrutar
O regresso de matrioshkas
Ou até mesmo bestas sendo tragadas
Para cada porto entre o diafragma
Eis então um intervalo que prega o testemunho
Acolher para então, repentinamente içar
Caninos plenos a cada ataque terno
Ao fundir-se procurar fuga para dentro do furacão
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Olhos-indícios
Teus olhos densos me querem
Imitando voyeurs, tecendo tintas
Teima em seus cílios as provocações
Nada substituíra esse carnaval de apetites
Um vazio agridoce despontando o esforço em excesso
Para vingar-se contra o silêncio, contra os ecos
Que giram a máquina mortífera desta paranoia
Prenuncia a conquista do recanto de leões
Aqui, onde todas as coisas são imagens
E toda a carcaça de elefantes brancos
Originaria os muros de lamentos
Nessa savana de plástico, qualquer detox é voraz
Quando se olha com os olhos da multidão
Tudo é Troia, tudo é especulativo
Tais cortes bússolas de intimidades
Reconhecidos por partes do seu corpo
Açougue é o nome que procuras
Músculo embaixo da língua
Exercita todas as mortes obsoletas
Incorriam em tua boca pontes e precipícios
Para afastar qualquer chance de conhecimento
Derreter o esmalte dos dentes a cada álibi
E cada efeito do cálcio verte-se em véu-grená,
Ou renda para que especialistas encontrem a verdade
Erga tuas torres para manifestar minhas torres
Tatear o tormento imposto pela distância
Esse letramento será equivocado
Na maioria da rotina romântica proliferada
Aceite os cordões que designam seus suspiros
Agir sob a suspeita do outro, um teatro irreconhecível
Crer e fundar um olhar vislumbrado que reconheça
Ao mesmo tempo valor em si e no outro, em um único instante
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Eu Penso Em Nomes de Santos Essa Noite
Eu penso nos nomes de santos essa noite:
Adriano e Adelaide aflitos velam
O que se restou da inocência
Justiça a todos os seus pupilos
Eu penso nos nomes de santos essa noite:
Albertina abre os espelhos presentes
No peito sem vida de Alice
E dele saltam mil coelhos sacrificados
Eu penso nos nomes de santos essa noite:
Magno traça um céu sem estrelas
Onde marinheiros perdem-se nas cordilheiras
Naufrágio apressado, que o satélite lhes seja leve
Eu penso nos nomes de santos essa noite:
André ampara amores nos ombros
Como um Atlas moderno, suspirando sua condenação
E ninguém amará André de volta
Eu penso nos nomes de santos essa noite:
Ana que desinibe doutores e tinge porcelanas
Sua casa é viva, cheia de viscosidade e revanches
Caminha as chamas de um boato sórdido
Eu penso nos nomes de santos essa noite:
Ângela molda a paz com suas próprias mãos
Pois ao final de cada ato, encontra açougues
Em lugares que deveriam habitar vinícolas
Eu penso nos nomes de santos essa noite:
Antônio apresentando flechas com a ponta de açúcar
Dissecando as arestas que cupidos invalidam
Pomposamente, bebendo do corpo de todas as simpatias
Eu penso nos nomes de santos essa noite:
Bento em batalhas por terrenos oníricos
Habitando o ideal performático contra a luxúria
Atravessando todas as memórias com a língua
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MMXIII
O anúncio ao ídolo prematuro:
Enquanto houver pó há mistérios e metais
Uma química que se alimenta de cortejos
Rosas brancas enferrujadas ainda nos punhos
Você é jovem demais para compreender
Ninguém se lembrará dos seus feitos
Nenhuma ocasião indaga tua ausência
O ócio é uma pele que te água previsões
Revelar os detalhes de amores
Grandes demais para serem esquecidos
Ou dissolvidos paliativamente entre os dias
Eu me arrependo centenas de vezes por dia
Vagarosamente deglute todos esses anos
Me cabe mastigar com repouso
Para conter todas as inquietações
Florescidas a cada teor reconhecido
Um fato são meus braços serem muito fracos
E a língua pesa como carne fresca no anzol
A esta altura eu já teria a certeza que meu corpo seria dissolvido
Os olhares são esfinges que te arrancam confissões
Devorei o ópio antes da fome abater-me
Antes que meu corpo se cubra de lágrimas
Soterro todo o ódio que escondo
Para ninguém possa conhecê-lo intimamente
Quando tudo aparenta ser um adorno
E a beleza ao sutil não é apreciada
O desfecho não tem data, mas você o enxerga
É sabido que teu toque esfria encontros
Desconvencer a morte é o pior dos fardos
Pois tanto ela como você sabem
Essas frases são um teatro interpretado com zelo
Até o momento triunfante da exaustão...
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