Tumgik
ins-pira-me · 3 years
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Enquanto a chuva deslizava preguiçosamente pelo vidro da janela, eu lia felicidade clandestina. Cada palavra era declarada com dificuldade para um par de olhos de tom azul límpido que percorria o meu corpo, decifrando cada expressão com as pupilas dilatadas. As gotas de chuva salpicavam cada vez mais o vidro, os ecos da vida lá fora tornavam-se irrelevantes, a língua enfiada entre minhas pernas fazia cada silaba entrecortada sair em um sussurro ofegante. - Declame um conto para esse momento. –Pediu olhando fundo nos meus olhos enquanto passava a língua nos lábios inchados. Minhas retinas se fecharam e pela última vez o barulho da chuva me acalentou, então tremor e arrepios tiraram a minha consciência por vários segundos. Quando abri os olhos, era observada com um desejo obscuro, quase primitivo. Dessa vez, foi o meu corpo que fez poesia.
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ins-pira-me · 3 years
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No vidro embaçado do carro, eu vi o suor que deslizava entre nossas curvas. Quisera eu que fosse só desejo, mas nós dois sabíamos que tinha algo mais, tinha que ter.
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ins-pira-me · 3 years
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Viajar nas teorias do Universo é incrível, mas quando você vai viajar nas curvas do meu corpo?
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ins-pira-me · 3 years
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Hoje eu pensei em você, é esse sentimento transbordou entre meus dedos.
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ins-pira-me · 3 years
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Se você fosse poesia, eu teria cada letra sua decorada na ponta da minha língua.
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ins-pira-me · 3 years
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Sua pele alva é um convite para ser beijada a noite inteira. Entre seus cabelos negros eu me perderia e me encontraria no meio das suas pernas, e lá ficaria até o dia amanhecer ou até você gemer e suspirar.
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ins-pira-me · 5 years
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viver é cada dia mais entediante. 
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ins-pira-me · 5 years
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Memórias da infância parte I
Eu tinha 12 anos. O que teve de tão especial quando eu tinha 12 anos? Meu mundo ou a imagem que eu tinha dele começou a se desintegrar lentamente... e eu, não podia fazer nada para impedi-lo de queimar.
Era nova demais para entender todas as complicações que rondavam a vida.  Só sabia que algo estava errado. Muito errado. Em um dia, eu estava indo para a escola, e no outro estava gritando desesperada porque a minha mãe estava convulsionando. Eu não entendia o que estava acontecendo, meu irmão chorava de jogar as vísceras pra fora, meu pai bufava com a mesma gentileza que sempre tratou todos nós. No meio de toda a confusão, chegou uma figura doce, com um olhar meigo que eu adorava. Era a minha avó. Naquele momento eu sabia que tudo ia terminar bem, mesmo que não estivesse. Eu e meu irmão passamos três meses na casa dela. Foi o tempo que minha mãe e meu pai sumiram. Ambos estavam no hospital, mas estava tudo bem, minha avó dizia. Eu e meu irmão confiávamos, brincávamos como se tudo estivesse pacífico lá fora e para nós estava, tudo ia bem.
Tempos depois minha mãe voltou pra casa, quilos mais magra, debilitada e amarela. Os cabelos longos que desciam em uma cascata negra encaracolada até cintura haviam desaparecido, a aparência esquálida era quase assustadora. Mas, o sorriso, ah aquele sorriso permanecia o mesmo, apesar de parecer que ela tinha passado por algum tipo de tortura medieval, não que eu entendesse alguma coisa sobre isso naquela idade.
Ela foi nos buscar na casa da minha avó. Nós a abraçamos, e acho que o meu irmão deve até ter chorado por não a reconhecer. Ele tinha uns seis anos na época. Deixamos a casa da minha avó e voltamos pra aquela casa fria, e esquisita que sempre moramos. Esquisita porque só eu e meu irmão habitávamos nela, meus pais estavam sempre trabalhando, e quando estavam em casa, ele estava sempre chateado e ela magoada. Ele sempre ia embora. E ela chorava baixinho em algum canto pra nós não ouvirmos. Mas nós sempre ouvíamos, sempre. Eu tentava consolá-la, mas ela se esquivava, tinha que ser forte, ela era a matriarca da família, afinal de contas.
Algum tempo depois, eu não lembro exatamente quanto tempo. Tudo passou como uma cortina de fumaça. O que lembro é que em alguma manhã acordamos e estávamos sozinhos. Mais uma vez, minha avó veio nos resgatar. Ela já era especialista no assunto. Minha mãe estava no hospital mais uma vez. Dessa vez, parecia grave, minha avó rezava o terço todas as noites por ela e nós também. Parecia a coisa certa a fazer. Mais uma vez eu não entendia muito bem o que estava acontecendo, só sabia que tinha algo a ver com o meu pai, tinha que ter. Sempre que eles estavam juntos ela ficava triste, mesmo que não quisesse deixá-lo.
Eu não queria visitá-lo. Durante a estadia da minha mãe no hospital, minha avó insistia que nós deveríamos vê-lo. Eu não queria. Parecia que ele deixava todo mundo mal, principalmente minha mãe. Mais uma vez, ela se recuperou e voltou pra casa. Estava ainda mais magra, amarelada e o cabelo mais curto. Ela e minha avó discutiam na sala.
- Você sabe que pode vir morar conosco. Traga as crianças, nós te ajudamos a criar. Eles são meus netos e você é minha filha. Por favor, saia daquela casa.
- Eu não posso, mãe. Não vou deixar minha família. Eu vou lutar por ela.
- Você vai acabar se destruindo, olha o que ele fez com você!
Eu acho que nunca vi minha avó chorar tanto quanto naquela hora. Mas minha mãe era teimosa. Pegou eu e meu irmão e fomos embora.
Engraçado. Casa, Essa palavra deveria trazer conforto, segurança. Mas não trazia. Nunca trouxe.
Minha avó nos visitava todas as semanas, mas depois de algum tempo as visitas passaram a ser quinzenais e depois ela não apareceu mais. Eu gostava quando ela estava lá, parecia que tudo ficava mais leve e delicioso, ela sempre trazia guloseimas na bolsa e nos abraçava com tanta força que parecia que íamos quebrar, ela era uma mulher incrível!
Um dia minha mãe falou porque ela desapareceu. Meu pai proibiu as visitas dela e do meu avô, também censurou qualquer contanto com eles. Eu fiquei triste, mesmo que tenha demonstrado o contrário.
Eu sentiria falta de pescar com ela, dos seus bolinhos de chuva, dela me cobrindo antes de dormir e dos desenhos que ela tentava me ensinar, ou as contas. Mas ela sempre se irritava, porque como eu não entendia muito bem os números. Depois que não a vi mais, os dias se tornaram mais curtos, escuros...
Eu fiz novos amigos, tentei ignorar o fato de sempre encontrar minha mãe chorando depois da escola. Isso quando ela estava em casa, o que nem sempre era o caso. Graças a esse lapso, eu passava a maior parte do tempo nos arredores da nossa casa, que era na verdade um sítio. Gostava de fingir que era uma caçadora, mesmo que não tivesse coragem de matar nenhum animal, adorava correr pela estrada de terra, deitar-se na grama ao anoitecer e observar as estrelas, ou os vaga-lumes. A parte mais deliciosa era quando a jabuticabeira ficava carregada de frutos de um arroxeado suculento. Então, o sol se despedia no horizonte enquanto os pássaros cantarolavam.
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ins-pira-me · 5 years
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Ouvir o cantarolar dos pássaros e o farfalhar das árvores, descobrir pequenos esconderijos entre as folhas, observar as espécies que caminhavam entre a grama salpicada pelo orvalho da manhã, banha-se demoradamente na cachoeira no quintal de casa e correr com o vento beijando cada centímetro do rosto.Crescer naquele lugar afastado de todo caos era, de certa forma, poético.
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ins-pira-me · 5 years
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Madrugada entre números e letras
Ah, as madrugadas! Elas são esquisitas, sabe?
Esquisitas como ? Você pode perguntar. 
Ora, a resposta é muito simples. E, se existe algo demasiadamente verdadeiro é que as respostas para as equações mais complexas, são invariavelmente simples. 
Que fantasia há que equipare a madrugada a uma formulação matemática ? Essa é mais fácil até que dois e dois, se é que isso é possível. 
Acontece que a madrugada é, na verdade, algum portal mágico para as realidades invisíveis. A que se considerar a dualidade da frase, que talvez possa ser transformada em uma proposição de negação perfeita de tão contraditória. Aquelas charadas que vivem caindo aos montes em provas de concurso, e que nenhum terráqueo explica pra que cargas d’água servem. 
E, aí está mais um dos mistérios da noite. Veja bem, estou tentando explicar acerca de raciocínio lógico sendo que quando tentei assistir a uma aula, o próprio Morfeu deve ter encarnado em algum espaço entre minhas pálpebras cansadas e a boca quase dormente. 
O fato é que a madrugada é mágica. Portais são abertos para todos os tipos de dimensões imaginárias. Desde as que habitam os amores não correspondidos até as que estão armazenadas as questões filosóficas da existência humana, ótimas para desencadear uma baita crise existencial, navegue por elas com precaução. Recomendo veementemente Schopenhauer, mas só se você não possuir tendências suicidas.  
Na escuridão, todas as partes desse imenso cubo mágico lutam para se encaixarem, mas sabe como é! Sempre fica aquela peça solta que prejudica todo o trabalho já feito. O problema é que uma paranoia não se alinha a outra e, quando por obra do sobrenatural, ambas estão localizadas no mesmo ângulo, de maneira alguma é uma possível estabelecer uma linha reta.
Na tentativa de encaixar é hipotenusa pra lá (aliás, alguém sabe calcular essa dona ?) triângulo pra cá, retângulo acolá e um bando de outras figuras e cálculos geométricos, dos quais eu não tenho vaga ideia do nome. 
É tanta emoção, loucura, pensamento e ansiedade juntas que a alternativa mais viável, nesse caso, é montar um tangram. Você respeita a forma de cada paranoia e tenta colocar elas juntas, de modo que no fim até parecem um desenho bonito ou, nesse caso, um pensamento linear, mais conhecido como “ter juízo na cabeça”. Nem parece que no fundo não passam de um amontoado de linhas sem muito sentido. 
Depois de todo esse blá blá blá sabe realmente qual é a maior esquisitice da madrugada ?  Exatamente este texto. É notável que eu não faço a menor ideia de como resolver qualquer operação matemática. O único propósito dele, para inicio de conversa, é fugir dos portais que me assombram. Pois, veja bem, a resolução dos problemas amorosos é bem mais complexa que qualquer equação do terceiro grau, mesmo que para ambas a resposta seja extremamente simples. 
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ins-pira-me · 5 years
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Que nada nos tire a capacidade de amar. Nem mesmo os likes. 
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ins-pira-me · 5 years
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Eu sou apaixonada pelas coisas que só acontecem na minha cabeça! 
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ins-pira-me · 5 years
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Eu amo a sua melhor parte: as loucuras. E, a pior? Bom, a pior também é a melhor parte. 
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ins-pira-me · 5 years
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Mergulhar em si mesmo é o maior ato de coragem que se pode ter. 
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ins-pira-me · 5 years
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Sim! Algo mudou. Alguma coisa acordou em mim. Um instinto primitivo de viver intensamente. 
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ins-pira-me · 5 years
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As vezes, dois opostos se encontram. Tipo arroz e leite, doce e manteiga, leite condensado e vinho. Outras vezes, a combinação é tão maluca que até se torna gostosa, tipo gêmeos e sagitário. 
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ins-pira-me · 5 years
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Eu te observo a cada movimento, e suspiro, arrepio pensando no seu sabor. 
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