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excentricidadebanal · 4 months
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Art & Language.  incident in a museum
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excentricidadebanal · 6 months
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A tempestade
Chove muito. As guerras crescem, e o que chega até nós é a chuva.
O mundo parece viver nesses últimos anos o que não vivia há trinta. Voltamos a história. Os valores, ou não-valores, que guiaram a sociedade fracassaram gloriosamente na sua tentativa de parar a roda dialética da história: a alternativa está clara, e é preciso tomar lado.
O mundo que herdamos não é tão claro quanto o de cem anos atrás. A modernidade que temos é contraditória, abatida, tardia, mas não dá mais pra negá-la ou fingir tê-la superado. O que vemos é a volta de questões não resolvidas na primeira modernidade, dominadas pelo reacionarismo, mas sem tempo de postergá-las: é anticolonialismo ou extermínio na Palestina, é ruptura ou fome no Brasil. É a questão do socialismo ou barbárie voltando ao palco internacional.
O marxismo precisa tomar as rédeas da história novamente. O desenvolvimento socialista chinês é um sinal positivo, mas não contribui em nada se não for direcionado pelas esquerdas nacionais, que repetem os mesmos erros que permitiram sua derrota por Bolsonaro, Macri e tantos outros. Ignoram a necessidade de revolta, confortáveis com enxugar o gelo sacrificando a vida da classe trabalhadora, anestesiadas pelos mecanismos religiosos e midiáticos que a “conciliação” permitiu e cada vez mais exploradas. Se não tomarmos conta, o fundamentalismo religioso é capaz de varrer nosso país.
É preciso examinar os nossos erros passados: o foco acadêmico, o eurocentrismo, a incapacidade de conversar com as camadas mais exploradas da sociedade. Tudo deve ser levado em conta e há de entrar na cabeça de todo intelectual e militante brasileiro que precisamos dar certo. Estamos condenados ao moderno desde o princípio, e se perdermos o tempo da mudança mais uma vez as condições só hão de piorar.
Por enquanto o que nos chega é a chuva, a destruição, genocídio, superexploração, tudo tão embaçado. É nossa tarefa canalizar essas águas para o dia de céu aberto.
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excentricidadebanal · 7 months
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Diário de tradução
Tomei vergonha na cara e assumi a missão de traduzir um livro para o arquivo marxista, é algo que queria fazer a um tempo e finalmente estou fazendo - mas que trabalho complexo!
Essa complexidade de traduzir de um idioma pra outro um texto, mantendo seu conteúdo e com clareza pra alguém com dificuldade na escrita como eu vem se mostrado um desafio, cansativo mas imensamente satisfatório a cada capítulo concluído.
O texto que decidi traduzir foi "On Architecture" (Sobre a Arquitetura) de Kim Jong Il, o que torna esse trabalho secreto pros meus amigos e familiares, até mesmo os marxistas, por enquanto. Particularmente, sempre me fascinou a arquitetura socialista e é admirável o quanto a Coréia Popular se dedica na criação artística, desde o seu brasão da foice e martelo com um pincel no meio - sempre que posso reivindico esse símbolo - até o Estúdio Mansudae, que é o maior estúdio de arte no mundo, como que isso ainda é tão pouco conhecido pelos criativos de esquerda?!! Tenho planos de depois de traduzir esse livro fazer uma pesquisa mais afundo sobre as políticas artísticas do país.
É claro que nem tudo que eu tenha lido e traduzido foram as mil maravilhas, mas nada que me espantou. O livro começa fazendo uma história do surgimento e função de classes da arquitetura, brilhantemente. Kim Jong Il é honesto na necessidade de um estado proletário interferindo na criação arquitetônica contra maneirismos burgueses, algo que seria utópico de mim discordar, mas é quando o culto à figura do líder aparece que fico com um pé atrás. No segundo capítulo, fica evidente essa centralização do poder no líder - o próprio autor do texto na época, mas escrito de maneira surpreendentemente impessoal - quando é escrito sobre sua genialidade e a lealdade que os arquitetos devem ter aos seus planos arquitetônicos. Tenho dúvidas sobre o quando desse culto foi aumentado pela tradução inglesa, a qual me baseio na tradução, já que não falo coreano e não achei a versão original na internet.
Pelas imagens que tive acesso, a arquitetura Juche (o socialismo coreano) é um tanto conservadora, mas essa também é uma questão do meu gosto influenciado pela arquitetura contemporânea burguesa. Ainda não cheguei nos capítulos de discussão estética, mas no geral a minha visão do livro é positiva! É muito positivo ler sobre a construção de uma arquitetura para a classe trabalhadora, que é o meu objetivo final no meu trabalho, sendo realizada no mundo nesse exato momento, com seus desafios e particularidades. Traduzir esse e outros textos (planejo até criar uma seção nova no arquivo marxista só para textos sobre arquitetura e urbanismo) vai ser muito importante pra esquerda brasileira, acredito eu. A arte contemporânea foi tão presa pela classe dominante e parece impossível ver uma luz no fim do túnel, com o reacionarismo difundido no povo, e abrir um debate para como outros países conseguiram atingir uma cultura socialista, fora do ocidente é extremamente importante, e espero que esse texto ajude.
Vou atualizando aqui o que eu penso ao longo da tradução.
Obrigada por ler, se alguém leu.
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excentricidadebanal · 8 months
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I'm not used to writing on here, but in the last few weeks there has been a figure I can't stop thinking about and not that many people know: Flávio de Carvalho (1899-1973). He was not only one of the pioneers of modernist architecture and painting in Brazil, but also designed the first Brazilian fashion show in 1951 and is regarded as the first performance and multimedia artist in the country. His most notable work is Experiência n° 3 from 1956 also known as "New Look", where he proposed an unisex garment specific for Brazilian weather and scandalized the public by wearing an early form of miniskirt on the streets of São Paulo.
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excentricidadebanal · 8 months
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Hélio Oiticica: a elevação da forma concreta
Escrito em 02/09/2023
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Já faz alguns dias que a obra de Hélio Oiticica não me sai da cabeça, mesmo que já conhecia e admirava seu trabalho, nunca tinha parado pra pensar no que via, seus diferentes períodos me pareciam incoerentes. Mas ao revisitar sua arte minha visão mudou completamente: a experimentação com a forma em seus trabalhos nos anos 60 é, não só, um resultado lógico da ideia neoconcreta, mas a solução ideal no dilema modernista das funções da arte e da arquitetura.
O neoconcretismo, da onde surge as primeiras obras de Hélio (Metaesquemas), retomava no pós-guerra e inaugurava no Brasil a experimentação abstrata das vanguardas do início do século, tanto no Concretismo pioneiro de Van Doesburg, quanto no Suprematismo russo, ambos movimentos que, ao investigar as formas no espaço, propunham a ruptura com o plano da imagem de um jeito ou de outro, com seus avanços para a arquitetura e escultura. Esse movimento à tridimensionalidade teve um avanço significativo com os brasileiros (como por exemplo os Bichos da Lygia Clark), mas foi nas obras posteriores de Hélio Oiticica onde as ideias concretas atingiram sua mais alta complexidade, ao interferir no espaço real e envolver o espectador na sua forma. Para caracterizar o que digo, vou focar em duas séries que eu acho simbolizam essa transformação: os Penetráveis e os Parangolés.
Começando com os Penetráveis, as cores e formas presentes no seu trabalho em guache são transportadas para a escala humana, possibilitando literalmente a penetração do espectador nas ideias concretistas. Essas estruturas, ao encararem a proporção arquitetônica, questionam sua função e concluem a longa tentativa vanguardista de construção do espaço abstrato, resultando em construções puramente contemplativa. A obra Tropicália (1967) se apresenta como o ápice das ideias desenvolvidas na série: ao colocar suas caixas neoconcretas sobre a areia e o cascalho em forma de barracos, dialogam com a arquitetura das favelas, tocando sambas e convidando o espectador à experiência marginal.
Já os Parangolés dialogam ainda mais profundamente com a realidade, fazendo o espectador incorporar a obra de arte, vestindo e levando-a aos caminhos que deseja. Similar à Tropicália, os Parangolés são híbridos da cultura popular que o artista tinha entrado em contato desde que passou a frequentar a Mangueira com sua formação vanguardista, e ao mostrar as contradições desses dois mundos, como no episódio onde é barrado de entrar no MAM com a escola de samba na abertura da Opinião 65, propõe uma antropofagia artística com protagonismo finalmente popular.
Até o momento, o caminho de Hélio Oiticica me parece o ideal nas duas questões: o balanço da arte/arquitetura e no desenvolvimento de um intelectualismo nacional-popular, sem medo de ser expulso das instituições e servir unicamente ao povo.
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excentricidadebanal · 8 months
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Uma conversa proibida
Escrito em 21/04/2023
Essa semana, o presidente Lula voltou de sua viagem à China e Emirados Árabes, recuperando nossa soberania diplomática perdida no pós-2016 e desafiando a hegemonia global do dólar com o anúncio da comercialização com a China em yuan. Esse movimento, que já pôs Washington em alerta, marca os primeiros passos de um momento histórico onde seremos finalmente capazes de nos relacionar com o mundo sem o intermédio das potências ocidentais.
Já que não sei de economia ou geopolítica para comentar o assunto, vou falar sobre o que me cabe que é a arte. As culturas “orientais” tiveram um papel talvez não tão óbvio à olho nu, porém inquestionável na formação da identidade cultural brasileira. Na arquitetura, nossas janelas com gelosias, muxarabis e azulejos trazidos no processo de colonização se adaptaram às nossas terras de modo quase imperceptível e se tornaram motivos nacionais no modernismo, porém quase sempre atribuídos aos portugueses.
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Casa Kugayama, Kazuo Shinohara, 1954 / Grande Hotel de Ouro Preto, Oscar Niemeyer, 1938.
Nossos colonizadores ibéricos já não se encaixavam perfeitamente na homogênea ideia de “cultura ocidental”: havia há pouco acabado a era de dominação árabe, e suas construções, costumes e caravelas permaneceriam nos reinos de Portugal e Espanha. A verdade é que ao atravessarem os trópicos, as tradições do norte africano eram muito mais compatíveis com o nosso ambiente que os ideais europeus, e mesmo sendo continuamente censurados, permanecem a nos servir muito melhor.
Há muito o que nos aproxime desses povos, desde o clima às condições históricas, nossas virtudes e nossa pobreza compartilhada para o enriquecimento de uma mesma parcela minúscula do globo. O nosso diálogo que por muito tempo limitado pelo o que era trazido da Europa é finalmente capaz de existir por si só, de forma soberana e bilateral.
É aberto assim um novo leque de exploração das fronteiras culturais. Um exemplo do qual sou admiradora é a obra de Adriana Varejão, sua exploração pós-colonialista da nossa relação com a China por meio dos azulejos e nanquim é na minha opinião uma das mais interessantes narrativas nas artes plásticas contemporânea.
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“Passagens de Macau à Vila Rica”, Adriana Varejão, 1992.
Acredito como Darcy que somos um povo novo e, mais do que qualquer outra civilização no mundo, a identidade brasileira está no início de seu processo de formação, e essa há de se relacionar com outros povos para desses adaptar, ainda assim seguindo nosso próprio caminho. Nosso futuro me parece positivo, mas somente pela ação é que poderemos alcançá-lo.
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excentricidadebanal · 8 months
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O caminho necessário para a arte na era da inteligência artificial
Escrito em 30/04/2023
O tópico da inteligência artificial pouco me importava até pouco tempo, quando, de forma contrária em relação ao meu meio, me encontro positiva ao seu desenvolvimento como uma oportunidade de repensar o significado da produção artística futura.
O debate público acerca das novas tecnologias de criação de imagens é um tanto pessimista, com um consenso geral de que a inteligência artificial trará o “fim da arte”. Qualquer um que já estudou pelo menos um pouco de história da arte percebe essa declaração como um exagero repetido cada vez que surge uma nova tecnologia: o quão diferente foi o advento da fotografia sendo capaz de retratar a natureza como a pintura realista do século XIX?
A IA aparece num momento onde a ideia de contemporânea de arte está no caminho da obsolescência. O nosso mundo está sobressaturado de imagens: a sociedade de consumo do pós-guerra cultivou mecanismos de reprodução em massa de imagens e a possibilidade de sua criação jamais pensadas antes, pela propaganda, televisão e de modo exponencial com as redes sociais. O fato de que agora, somente pela incomensurável quantidade de informação na nuvem, um robô consegue criar novas imagens por conta própria mostra que não é mais essa a finalidade da criação artística.
Embora queremos negar isso dentro do meio, sejamos sinceros em admitir que as artes plásticas contemporâneas já são vistas pela sociedade em geral como irrelevantes, sem qualquer influência no mundo real e tendo como única utilidade prática a lavagem de dinheiro. A cultura de massas tornou a arte como horizonte estético de uma sociedade obsoleta e desde então há essa incerteza no que se deve fazer com ela, como engajar uma população em imagens presas a uma parede de museu, não importa o quão necessária seja a mensagem, quando essa população vive bombardeada por estimulação pictórica em seu dia-a-dia.
O caminho que enxergo para a arte é político. Não diretamente pela agitprop, mas por um caminho de cada vez mais similaridade à arquitetura, que é por sua natureza em igual parte imposta pela criatividade individual e condicionada pelo em torno. O cérebro digital pode ser capaz de tomar o espaço do “gênio artístico” (o conceito já vem sendo problematizado nos últimos anos, porém com pouca mudança efetiva), mas não consegue captar a noção de coletividade do indivíduo, que precisa tanto ser resgatada, não só para a vida do meio, mas para como um caminho à superação do capitalismo tardio.
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excentricidadebanal · 8 months
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O efeito de El Lissitzky
Minha relação com a série Proun
Escrito em 14/04/2023
            O artista constrói um novo mundo com seu pincel. Este símbolo não é uma forma reconhecível de algo que já está acabado, já feito, já existente no mundo – é um símbolo do novo mundo, que está sendo construído e que existe por meio das pessoas. El Lissitzky
Não há outro jeito de começar esse blog senão com o meu artista preferido: El Lissitzky. Objeto de minha admiração constante no meu tumblr oficial , o universo criado em seus quadros é o que me faz querer seguir no caminho da arte, e reproduzir aquela sensação é o meu objetivo final na arquitetura.
Desde que entrei em contato com sua obra eu não consigo separar meu entendimento do que é arte da minha experiência com a série Proun. O universo geométrico criado nos quadros, mesmo com as limitações da tela e com a simplicidade das figuras, obriga o expectador a expandi-lo na mente e mesmo ao desviar a vista suas formas acompanham a realidade.
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Proun 4 B, 1920
Os quadros feitos nos anos de 1919 a 1927, culminando no Prounenraum (Quarto Proun) de 1923 são distintos do movimento suprematista o qual Lissitzky fazia parte: o efeito espacial já presente na obra de Malevich tem seu efeito aprofundado pela tridimensionalidade. A atemporalidade da série é facilitada por não parecem com nada feito em seu período, sem contar com a técnica, cujo o fato de ter sido feitas manualmente surpreende em nossa época de arte digital.
Suas obras tem o efeito de fetiche sobre o espectador de todas as épocas: o modo de sua produção, seu contexto e autor são pouco relevantes para sua admiração. Creio que esse conceito seja ainda mais valioso do que nunca na contemporaneidade.
Por fim, El Lissitzky me fascina pela capacidade que teve de trabalhar suas ideias em diversas escalas, desde a mais experimental esquematização/pintura da Proun aos seus famosos cartazes de AGITPROP (“Vença os Brancos com a Cunha Vermelha” é sem dúvidas sua obra mais conhecida). Sua obra se estende por vários campos e sua influência em seu período é subestimada até hoje, espero que com esse blog possa dar mais luz a esse grande artista.
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