Ethan se desculpou com o homem que acabara de lhe atender por derrubar o café que acabara de lhe entregar. Estava um pouco corado se é que pode se chamar assim, por ter sido tão desastrado na frente da garota. Ele a olhou sorrindo meio desajeitado e finamente aceitou sentar-se com ela. Ele queria se sentar ali, mas não achava certo tirar sua privacidade. Depois de estar ali a longos 45 segundos, depois de a cumprimentar, dizer seu nome e de falar de mais o que não devia, o garoto sorriu e respirou fundo um tanto aliviado pela garota conversar com ele normalmente.

- Era meu sonho vir aqui. Na verdade eu queria mesmo conhecer e passear, mas meu pai fez eu me inscrever em uma das melhores faculdades, e pra minha sorte, ou azar, eu acabei passando. - riu nasalmente e deu de ombros logo sorrindo para a garota. Ela falava de Beatles. Simplesmente sua banda favorita desde que se conhece por gente, era obvio que sabia que John Lennon havia nascido ali, mas não queria ser arrogante, se é que fosse se tivesse respondido daquela maneira. - Oh sim. The Beatles é minha banda favorita, era um dos principais motivos de querer vir aqui. Visitar a cidade onde nasceu uma das melhores bandas do mundo. - 

Chamou o garçom que havia passado a poucos minutos pela mesa, e pediu novamente outro café. - Então, você nasceu aqui? Mora com seus pais? Cursa e alguma faculdade? - balançou a cabeça sorrindo - Oh, não precisa responder, as vezes eu falo dem... -  mas sua expressão mudou e paru de falar quando a viu sem graça pelos cabelos estarem caindo, e as lágrimas escorrerem pelo rosto. Muitas coisas se passaram por sua cabeça ao ver a lágrima escorrer pelo seu belo rosto pálido. Seus lábios eram secos assim como seus fios de cabelo loiro. Ethan não sabia o que dizer, como sempre. - Ei, por que esta chorando? - Sorriu e segurou a mão da garota tentando conforta-la  - Você não precisa se desculpar! - 

What is your last wish, dear?UA!| Elle and Ethan

Deixou uma risada simples escapar de seus lábios enquanto observava a confusão do homem que lhe observava, rolando os olhos ao ter seu pedido negado, porém insistiu com um movimento de cabeça que indicava a cadeira vaga em sua frente. Esperava que ele aceita-se lhe acompanhar em seu chocolate quente, mesmo ele estando bebendo outra coisa, para que pudesse se distrair e esquecer os problemas relacionados a sua saúde. Sorriu contraindo os lábios assentindo para que ele viesse se sentar consigo na mesa.

Não conseguiu ignorar a beleza do rapaz que convidou a se sentar, ainda mais o tom de azul esverdeado de seus olhos, sentiu as bochechas corarem tão levemente que ninguém notaria, pensava, volta seu olhar para frente. Arqueou as sobrancelhas aguardando o homem se apresentar e aceitar seu cumprimento, voltando a sorrir dando de ombros o observando com seus olhos azuis.

- Ethan é um nome bonito - elogiou negando rindo levemente. - Sou do Interior da Inglaterra, mas estou aqui há uns dois anos - abaixou o olhar com tristeza. - Não se preocupa, logo você se acostuma com Liverpool. Sabia que foi nessa cidade que nasceu John Lennon? É claro que deve saber! Afinal, quem não sabe que foi aqui onde nasceu os The Beatles? - perguntou retórica rindo. Passou a mão no cabelo com os dedos entre os fios loiros, escorregou o braço interrompendo sua risada ao notar a quantidade de cabelo na mãos. Abriu e fechou a boca balançando a cabeça sentindo os olhos encherem de lágrimas, pressionou os lábios se desculpando: - Desculpe, é que… - deu os ombros com uma lágrima escorrendo por sua bochecha pálida.

Ethan pegou a pequena xícara de café e levou aos seus lábios avermelhados. Uma careta logo apareceu em seu rosto. Aquele café estava muito amargo, e além do mais, por que ele pediu café...?  Ele odeia isso desde que se conhece por gente. Mas enfim... os seus olhos azulados não saiam dos da loira garota sorridente sentada na quinta fileira do Café, as vezes disfarçando para que ela não percebesse, mas em vão, por que ela logo o chamou a atenção. "Senta aqui!" Ethan olhou de um lado para o outro vendo se era com ele que a loira sorridente estava falando. Oh claro, ele não fora tão discreto na hora de observa-la tão atentamente.

Ethan não podia aceitar sentar ali com ela. Iria atrapalhar de certo modo, a privacidade da menina, então ele apenas sorriu e negou, porém em forma de agradecimento por a garota ter oferecido a mesa para sentar. Mas o que passou em sua cabeça foi: "E se eu nunca mais ver aquela garota que me chamou tanto a atenção?"  não pode nem pensar duas vezes antes de tomar a atitude e quando foi ver, já estava sentado na mesa da loira. 

- Me chamo Ethan. - disse com um sorriiso amigável esticando a mão e logo a cumprimentou. - Você é daqui Elle? Digo... eu não conheço nada, estou meio perdido nessa cidade, cheguei não faz nem uma semana. - logo se calou e respirou fundo. Ethan tagarelava quando não sabia o que dizer ou quando estava nervoso. Naquela situação era dos dois um pouco.

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- Ahn… Obrigado - agradeceu assim que sua bebida fora posta em sua frente. Segurou a caneca com as duas mãos mordendo o lábios inferior, já havia se tornando corriqueiro a garota chorar com medo do resultado do exame que fizera dois atrás. Respirou profundamente tocando levemente no lenço vermelho, que usava para esconder o cabelo seco e ralo, antes de aperta-lo na mão e olhar por cima do ombro.

Não muito longe de onde estava sentada, um belo rapaz de olhos azuis intrigantes lhe observava. Riu quando o homem acabou deixando um pouco de sua bebida cair, voltou a fitar seu chocolate quente com marshmallows sem qualquer vontade de bebe-lo, porém levou a caneca aos lábios pálidos para que beberica-se um pouco do líquido que queimou sua língua e lhe permitiu comer um mashmallow.

Desviou os olhos azulados para a rua aguardando a neve cair com ansiedade. Elle não sabia se poderia ter uma outra oportunidade de ver aquilo que tanto gostava, na verdade a garota não sabia se conseguiria resistir mais uma sessão de quimioterapia ou, talvez, morresse por causa de uma gripe boba. Esses eram os malefícios de participar de um tratamento tão severo contra seu corpo, ficava com baixa imunidade e sujeita a pegar quaisquer tipo de resfriados conhecidos pelo homem. Infelizmente a jovem insistia em não preocupar os pais com sua doença terminal, pois ela sabia que se o tratamento não surti-se o efeito desejado, logo mais se juntaria ao grupo de pacientes terminais do hospital.

Deu de ombros aproximando o rosto da janela a embaçando com o ar quente da boca, mordeu o lábio escrevendo seu primeiro nome no vidro e o fitou antes de desaparece-se. Suspirou incomodada com o insistente olhar contra sua pessoa, virou o corpo de lado com o braço esquerdo sobre o encosto da cadeira e um simpático sorriso nos lábios.

- Senta aqui - falou para o homem que lhe observava dando os ombros, talvez conversar com alguém lhe ajuda-se a esquecer os problemas e contribui-se para sua melhora. Era pouco provável essa teoria, mas não havia porque não tentar. - Sou Elle - esticou a mão para cumprimenta-lo de forma educada.

Ethan sempre fora um garoto muito decidido na vida. Desde pequeno, por influencia do pai, que era um tipo de inspiração, ele queria ser um advogado assim como o mais velho. Ele sempre teve tudo o que queria, não por ter simplesmente uma família rica, mas por ser um menino educado e estudioso, fazia tudo o que os pais pediam, os respeitava, cuidava da irmã mais nova quando necessário, tirava as melhores notas da sala e era muito estudioso. Tinha tudo para ser grande a vida. Estudou sua vida toda e ótimas escolas e sempre se esforçou muito, o resultado disso tudo foi que entrou em uma das melhores faculdades de Direito da Inglaterra. A carta com sua entrada na faculdade havia acabado de chegar. Seu pai, um homem ja na casa de 50 anos, porém com uma aparência jovem veio e lhe entregou a carta. "Esta preparado Ethan?"  Disse o pai. Ele estava ancioso e orgulhoso do filho antes mesmo de abrir a carta. O que deixava o garoto ais nervoso. Não queria o decepcionar, sabia que o sonho de ter o filho nessa faculdade era maior que do próprio garoto. Ethan balançou a cabeça negando, em resposta a dúvida do pai. "Eu confio em você filho... Ande, abra!" Com pouca coragem e muito receio, Ethan apanhou a carta na mão do pai e a abriu vagarosamente. O sorriso apareceu em seu belo rosto e o pai o envolveu com um grande abraço. a era de se esperar, mas agora era certeza de que ele era o orgulho do pai.

Suas malas já estavam prontas para se mudar. Iria ter um apartamento só para ele, um trabalho fixo e digno, e estar em exatos 1259 quilômetros de sua tão amada família. Ele não poderia estar mais feliz. Poderia ser independente. Ter o seu próprio dinheiro, sua própria vida, e quem sabe parar de ser tão certo como é. Sua mãe veio caminhando em sua direção. E com um ar triste o abraçou forte, deixando algumas lágrimas escaparem. - Não chore mãe. Eu venho visita-los sempre... prometo! - A mulhes se afastou com um sorriso, porém ainda parecia triste. Ethan limpou as lágrimas que escorriam no rosto da mulher e depositou um beijo em sua bochecha. "Mande cartas querido, sempre que puder!" O moreno assentiu e a abraçou novamente. Ouviu a buzina do carro do pai soar alto em seus ouvidos. - Ja estou indo pai! - Disse em um tom de voz mais alto na tentativa de que o pai pudesse ouvir. A mãe apanhou uma de suas malas para ajuda-lo, enquanto Ethan pegou as outras duas. Os dois caminharam até fora da casa e colocaram as malas no porta-mala. Ethan não conseguia tirar o olho da casa. Lembrava de tudo o qe viveu ali, sua infância, os momentos  que passou com sua família e amigos... para deixar tudo de lado e finalmente poder viver. Abraçou novamente a mãe e entrou no carro, estava agora a caminho do seu futuro. 

O sol raiava logo de manhã. Seu apartamento estava todo bagunçado, roupas jogadas no chão, cozinha com comidas para todo o lado. Uma semana naquele lugar e ja estava parecendo um chiqueiro. Se levantou da cama que havia chego no dia anterior e andou pela casa na iniciativa de ajeita-lá. - Droga... - exclamou ao observar a pizza que comera no dia anterior cheia de pontos pretos. - Droga, droga, droga. - Respirou fundo e jogou a pizza no lixo. Ethan caminhou até seu quarto e apanhou sua blusa de frio. Desceu  as escadas do apartamento e saiu andando pela enorme avenida movimentada. Um lugar lhe chamou atenção,  "Coffee Marcus", onde uma menina loira dos olhos claros, com um sorriso lindo coo nunca havia visto. Ele ficou a observando por alguns segundos diante da enorme janela de vidro do comércio, até que então resolveu entra no lugar. 

- Um café duplo por favor. - Pediu ao atendente. Em curtos cinco minutos o café ja estava pronto. O garoto não tirava o olho da linda jovem sentada na quinta cadeira do Café. Nunca esqueceria aqueles olhos brilhantes e aquele sorriso feliz em seus belos lábios pouco rosados. 

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As bochechas coradas espremidas em um largo e feliz sorriso, os olhos azuis cheios de vida enquanto movimentava os longos fios loiros, mostrava como era a baladeira Elle antes de descobrir o sentimento de morte. As bochechas já não eram mais coradas e espremidas em seu radiantes sorriso, longe disso, hoje sua pele está cada vez mais pálida e sem aquele brilho extasiante nas iris azuladas ao mesmo tempo que os longos fios loiros caiam. Ela sentia saudade de seus dias de glória, das festas para qual era convidada e de seus amigos. Amigos. A garota nunca tivera amigos de verdade, e tão pouco teria a chance de ter, mas apenas descobriu a verdade por trás dos sorrisos falsos quando a notícia já estava rondando as rodinhas de amigos: ”A Callaway está com um pé na cova”, afirmava um, "É ela que tem câncer”, apontava outro, "Acho que foi os cigarros que causou o câncer dela. Por isso não fumo”, e supunha outra pessoa que apenas conhecia os boatos.

Os olhares de pena, na opinião da enferma, era a pior parte de tentar continuar com os estudos na faculdade. Evitava ser vista com um lenço na cabela ou após as sessões de quimioterapia, já que a radioterapia não surtiu o efeito desejado contra seu tumor, que lhe deixavam cada vez mais debilitada. Detestava cada ida ao hospital para realizar mais uma sessão daquilo que lhe matava aos poucos, ela se lembrava muito bem o que o médico lhe disse no dia de sua sentença: "Infelizmente a radioterapia não está surtindo efeito contra o tumor, então teremos que passar para algo mais forte e que consiga atingir o câncer”. Ainda relutante e optando por morrer sem tratamento, Elle aceitou fazer o tratamento sugerido pelo médico.

Levou a mão até a cabeça para coça-la, sentindo os fios ralos e secos com tristeza, fechou os olhos umedecendo os lábios escultando a palavra que tanto ansiava "Por hoje é só, srta. Callaway”. Sorriu de forma contida levantando da poltrona azulada, pegou seu lenço vermelho para cobrir o cabelo enquanto se retirava da sala sentido-se fraca. Estava tendo constantes enjoos com vômitos seguidos de febre alta, esses sintomas sempre a traziam para o último lugar que ela gostaria de visitar naquele momento e por lá permanecia por uma semana. Isso a fazia perder muitas matérias da faculdade de psicologia e sempre precisava repor-las, aquilo atrasava sua formação, se eu me formar, dizia para si mesma.

Pegou um táxi até uma cafeteria próxima de seu apartamento, pagou a corrida ignorando o olhar de pena do motorista e engoliu uma resposta mal-educada. Suspirou fitando o nome do local "Coffee Marcus" arrumando a alça da bolsa, piscou adentrando na cafeteria e como qualquer outro cliente se dirigiu a uma mesa vaga perto da janela. Retirou o celular do bolso do casaco para mandar uma sms para os pais, a garota não havia os noticiados sobre sua doença e talvez nunca o faria, coçou o olho aguardando o aparelho novamente no bolso e fazendo seu pedido a garçonete.

- Um chocolate quente com marshmallow - sorriu fraco fitando a rua sem demostrar emoção.

Eu sei que pareço, eu sou!

Que lugar chato

Acha que eu estou mentindo? - se finge de ofendido -

Que lugar chato

Não a de que

Que lugar chato

Você vai melhorar, acredite nisso que logo vai sair daqui. - sorri -

Que lugar chato

Muita sorte. Nossa. Seria horrível!

Que lugar chato

Ah nossa que pena, depressão. Péssimo. - balançou a cabeça - Sociopatia

Que lugar chato

Legal. Você ê nova aqui, qual seu diagnostico?

Que lugar chato

Tchau

Olá

Ethan e você?

Que lugar chato

- franze o cenho -

Que lugar chato

- olhou para ela -

Olá

Seguir em frente? Quem chora pelo passado é você e não eu. Me deixe em paz Elle.

Olá

Se mate você! Oh! verdade. Você já está morto e não passa de um maldito fantasma que não consegue seguir em frente!

Eu sempre estou certo

Que lugar chato

Então você sabe que eu estou certa e você errado.

Se mata Elle. Antes que eu faça isso por você

Olá

Tchau para você também! Isso sim foi uma conversa agradável, pena que você foi ridículo o suficiente para me ignorar.