O rímel borra minhas mãos, meu rosto, o travesseiro. Cada lágrima arde. Minha garganta clama baixinho, numa oração lamuriosa, buscando esperança no invisível. Deus, tira esse amor de mim... Eu escuto a tua voz na imaginação e nela você diz que está comigo. A rouquidão do teu timbre combina tão bem com a minha dor. A solidão do escuro me faz gritar silenciosamente. Que dor. Eu só sei repetir isso - que dor. Você foi um carinho calmo. Você é uma faca bonita fincada no estômago. E a sua voz rouca faz sangrar. Eu queria não te amar. Eu queria não te sentir. Eu queria não te amar. Num sussurro eu imploro pra Deus.

- MRG.

Você chegou, acampou, deixou marcas da sua estadia e se foi. Você sempre teve um lar para o qual retornar. Eu sabia disso. Você me disse. Mas, eu, o seu acampamento, quis que você fizesse morada. Eu quis. Tanto. Você voltou pra casa e o que eu faço com essa pegada na grama? Com essa fogueira recém apagada? Com a marca que ficou no lugar da sua barraca? Devo acomodar outra barraca sobre esta? Mas... eu sempre vou saber que você esteve ali. O problema é a lembrança. É ela. Voltemos no tempo. Voltemos, por favor. Eu quero não te conhecer. Eu quero não te deixar chegar. Eu quero não ter marcas suas. Voltemos no tempo. Por favor. O que eu devo fazer com essa pegada?

- MRG.

Meu corpo pesava uma tonelada.

Na manhã de quarta-feira, abri meus olhos e tentei sair da cama. Mas meu corpo sentia a gravidade e toda a sua fúria. Fechei os olhos, novamente, e repassei tudo que eu deveria fazer naquele dia. Planilhas a preencher para auditoria na quinta, folhas de pagamento esperando para serem fechadas, papéis, papéis, responsabilidade, responsabilidade. E meu corpo pesando uma tonelada. Não demorou muito até que minha cabeça também começasse a gritar por clemência. Por favor, nós precisamos dormir, era o que uma parte remota do meu cérebro dizia. E, ali, contra o travesseiro e a luz entrando pela janela, eu chorei. Chorei por me sentir inútil, chorei por não cumprir minha responsabilidade firmada em contrato, chorei por não aguentar mais. Meu coração, traiçoeiro que só ele, resolveu acelerar e o ar ficou insuficiente. Virei-me de modo a olhar o teto e tentei me concentrar na tinta branca e na maciez do colchão. Meu quarto, minha segurança, eu não poderia sair dali. Com dedos ágeis e olhos embaçados de lagrimas digitei uma simples mensagem avisando aos meus chefes que estava acontecendo de novo. Tudo bem, descanse; um jóinha em forma de emoji e 940 kilos saíram como água de cima de mim. Senti meu estômago roncar, mas em vez de pão e um copo quente de café, eu chorei. Um choro manhoso, lamuriento, que estava machucando a minha garganta e eu me perguntei por que. Não tinha motivo. Eu tinha um teto, uma casa, comida na geladeira, o amor de um homem e um trabalho. E a tristeza como amiga. Essa que apertava meu ventre, acelerava meu coração e machucava a minha garganta. Levantei-me correndo, fui ao banheiro e num vislumbre do espelho, vi os olhos da mulher de 23 anos; vermelhos e inchados. Eu não gostei dela. Mulher fraca, reclamona, preguiçosa, está querendo chamar a atenção. Saí do banheiro sem olhar pra ela.

Meu estômago roncou e eu comi um pão, bebi um café e me sentei no sofá macio, com meus pés descalços sobre o tapete fofinho. Meu batimento cardíaco voltou ao normal, minha cabeça foi parando de doer e eu respirei fundo, enchendo os pulmões. Parecia ter voltado de um mergulho sem cilindros de oxigênio. Quase me afoguei, mas consegui vencer o que me puxava cada vez mais fundo.

Amanhã é quinta.

Eu não quero pesar um tonelada.

Te vi num mar de gente. Num relativo mar de gente. E meus olhos, embebidos na tua cor, não deixaram mais que minha atenção fosse desviada.

E, então, veio o Oi. Puxou um “tudo bem” que deu enredo pra assuntos vagarosos. Eu me sentei ali diante de ti e, por Deus, coitado daquele que tentou me tirar tua presença.

Tu é feita de poesia.

Oh, que grande clichê.

Mas, quem não ama os clichês. São deles que somos feitos. E eu os amo.

O inverno perdeu sua frieza. O inverno se tornou quente e tenho vontade de não mais estar no verão.  Mesmo tendo sido queimada várias e várias vezes pelo frio.

Naquela manhã de domingo você quis me deixar. Outra queimadura. A mais dolorida, posso assim dizer. E que estrada esburacada até eu te encontrar novamente. Também, pudera. Sem o vento gelado do meu inverno eu quis acreditar que gostava do verão. Nele, eu tentei respirar e que grande idiota eu fui. Nada cheira melhor que o meu inverno, nenhum sorriso é tão bonito quanto o do meu inverno.

Seus olhos, sua pele, seu cabelo. Como pensar em outra coisa que não o inverno.

E, mesmo com medo, meu cérebro idiota teve de admitir em voz alta pro coração.

Eu te vivo.

- Mariana R. Gonçalves.

Hoje assisti um filme sobre meninas que se apaixonaram. Pensei em você em cada segundo. Senti uma dor ao respirar, um vazio dolorido no peito e tentei não lembrar, mas a maneira como a personagem do filme chorou, me trouxe as lágrimas que derramei naquele janeiro por você. Elas sorriram e se abraçaram. Disseram que se amavam e que morariam juntas. E o nosso sofá azul, a nossa bandeira do seu time, o cheiro do nosso quarto me vieram à tona, rasgando tudo dentro de mim. Me fazendo só. Elas não poderiam ficar juntas, foi o que disseram. Nós não pudemos ficar juntas. Nem precisaram nos dizer. Mas eu te amei tão intensamente, tão incessantemente, daquela maneira que só se ama uma vez na vida. Com aquela gana, aquele desejo de prende-la no quarto, envolve-la no abraço e nunca mais sair dali. E jamais fosse preciso outra pessoa, ou alimento, ou dinheiro. O beijo dela, o cheiro dela, a gargalhada e os cabelos finos já completavam a vida sem dar espaço a mais nada. E nós teriamos filhos. E morreriamos juntas, como vimos naquele filme. Filmes. Podem ter sido os culpados por esse engano. Mas de que adianta culpado agora? A garota do filme chorou e implorou o amor da outra, que a negou e virou as costas. E foi como se eu estivesse novamente naquela noite em que você ameaçou tomar todos os remédios se eu não voltasse e converssasse contigo. Ah, você nunca saberá o medo que senti naquele dia. Por isso voltei correndo. O fim do que era nosso também estava declarado, mas eu te amava e, mesmo que esse amor não fosse tudo o que nos bastava, eu teria que garantir que você estaria lá, me amando amanhã de manhã, como em todos os dias. Tua falta me corrói. Mas, tudo bem. Eu continuo aqui, esperando você me dar "Oi", esperando que seu dia tenha sido muito bom e que você não tenha se apaixonado de novo. E, exatamente como no filme, não tem final feliz aqui.

Essa frase...

 A tristeza sempre me trouxe inspiração. Eu sei, coisa de gente dramática demais, melancólica demais... Mas é assim. E, ultimamente, tenho tido muita inspiração. Tem horas no dia, que minha vontade é vir aqui e escrever escrever todos os palavrões que conheço e dizer o quanto odeio aquela pessoa que me machucou. Contar a todos o quanto dói e como eu queria voltar no tempo e nunca ter lhe conhecido. Mas as palavras me fogem enquanto a dor está latejando; só me restam uma cama, um cobertor e muitas, muitas lágrimas. E eu não canso de me perguntar "por que, meu Deus?". Por que a pessoa que me jurou toda a felicidade do mundo, na verdade, foi quem me deu a pior dor? É contraditório, é estranho. Quando penso no passado e em como tudo era tão lindo, tão perfeito... Só consigo chorar mais. É duro ter que acreditar que nada daquilo vai voltar, que nunca vou viver tudo aquilo que sonhamos e que nunca vou acordar cedinho, num domingo no Canadá, e te observar dormir, enquanto uma linda e branca neve cai lá fora. E nunca vamos assistir um filme embaixo dos cobertores, num sábado chuvoso, ou andar na praia numa manhã ensolarada. Eram sonhos tão perfeitos, tão gostosos de ser sonhados; mas você conseguiu destruir qualquer coisa boa dentro de mim. Zombou de tudo que eu sentia e agora toca sua vida pra frente, feliz e vivendo umoutro amor. Mas, sinceramente, acredito que você nem saiba o que é amor, mesmo. Não passa de uma criança que gosta de brincar com os outros, sem pensar nas consequências dos seus atos e nem nas lágrimas que tirarão o sono daquela pessoa que você dizia amar. O problema é que você tem o dom de ser a pessoa mais perfeita quando quer conquistar, transforma tudo no mais lindo conto de fadas e eu nem percebi o quanto cada palavra era falsa; sem nenhum real fundamento. E quando, finalmente, descobri... Nossa, foi o pior tombo que já tomei até hoje. Demorei a realmente acreditar e até agora não aceitei. Pela primeira vez sinto de verdade como é aquela sensação de não ter mais nada ao se perder alguém. Aquela profunda tristeza e falta de animo para qualquer coisa. Tudo perdeu a cor a partir do momento que te perdi e não vejo a hora do colorido voltar e você ser apenas um grande aprendizado, para futuros conselhos para as minhas amigas.

 - Não dá mais. Já chorei demais por você e agora me cansei dessa situação. Você me deu os melhores momentos da minha vida; mas acabou. Acabou e não retornará mais, nunca mais. Adeus. - Só ela sabia o quanto estava doendo cada palavra que acabara de dizer. Com as mãos fechou o casaco, protegendo-se do frio de outono daquele lugar. Inclinou-se e beijou o rosto da garota a sua frente e ambas sabiam que aquilo era um adeus definitivo. Não havia mais sentimento. Então, ela começou a se afastar; deu as costas e andou devagar, olhando para  frente, com o olhar sem foco. Em sua mente, uma frase surgiu e esquentou seu coração que ainde se encontrava disparado: "Sem mais tristezas, sem mais ódio, lágrimas ou dor. Apenas mais algumas lembranças de tempos bons. Vai ser muito melhor assim." O vento balançava as folhas das árvores; e seus cabelos, jogando- os para trás como toda a tristeza que estava sendo varrida daquele coração. Tudo ficando para trás. Agora nada mais restava além de aprendizado e nostalgia... e a descoberta de um grande amor. Mas não o único; apenas o primeiro de muitos que ainda haviam de vir. O adeus estava abrindo portas novas para o futuro, deixando espaço para novos sentimentos e novas pessoas. E agora, mais do que nunca, ela sabia que quando diziam que nada dura para sempre, era apenas a mais real verdade e nós nada podemos fazer contra isso, ou melhor, só temos uma opção: viver cada segundo como se fosse o último e nunca deixar nada pro dia seguinte, pois o amanhã nunca vai chegar e só temos o presente para existir, para sentir, para ser feliz.  E ela andou pela calçada, sem olhar para trás. Não sabia se o seu ex-grande amor ainda estava ali ou não, mas também não ligava muito para isso. Se encaminhou para o banco de praça branco embaixo de uma grande árvore, onde uma garota estava sentada, olhando para o chão. As duas se olharam e a garota do banco se levantou, parecia apreensiva; como se esperasse uma resposta muito aguardada. Naquele instante, ela soube que tinha feito a escolha certa. Era vez de andar para a frente, sem olhar para o passado, e ser feliz novamente. Uma das mãos soltou o casaco e segurou a mão da garota apreensiva que a observava, tentando tirar alguma resposta do olhar, e então, sem dizer nada, selhou-lhe os lábios, tentando responder a perguntava que pairava no ar.  Uma nova história estava apenas começando.                                                                                                                                                                                                                                                                                         je t'aime <3