Tumgik
yndiapoeta · 5 months
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O destino, às vezes, nos atravessa como um raio que cai sem prévio aviso. Coloquei nas mãos do acaso, ou qualquer outra nomenclatura, aquilo que ao longo das madrugadas atrapalhava meu sono. Entreguei, soltei e confiei. Sonhos, planos, desejos secretos, pessoas. Caminhos, expectativas, direções. A intuição aguçada dizia para acreditar e liberar o controle que impedia que eu enxergasse com clareza aquilo que o sol interior tentava mostrar-me dia após dia no alvorecer de um coração. Havia tantos medos, amarras, apegos. Dificilmente conseguiria deixar ir plenamente convicta de que algo maior me guarda se não fosse os “nãos” da vida, as decepções, desilusões, fracassos. O significado de vitória e sucesso é diferente para cada pessoa mas sabia que o meu seria chegar ao ponto de olhar-me no espelho orgulhosa por ter sobrevivido em meio ao campo de batalha, onde trincheiras ou cicatrizes na pele tinha o mesmo sentido, e protegiam-me dos possíveis invasores externos e ataques, me paralisando naquele estado para autopreservação. Quem tivesse que permanecer, permaneceria. Quem tivesse que partir, partiria. Inclusive eu mesma. Não sabemos o que nos aguarda mais adiante ou na próxima porta. Sempre há uma nova chance, uma nova oportunidade, um recomeço bem ao seu alcance. A recuperação ou renascimento daquela chama denominada esperança era que esse tal portal mágico existia e antigamente eu achava que não. Não para alguém como eu.
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yndiapoeta · 5 months
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Na sua estante. II
Achei que nunca mais escreveria sobre finais novamente. Me convenci todas às vezes que te deixei entrar, que dessa vez era outra, era a nova eu quem receberia, dessa vez eu já vesti minha armadura. Você voltou porque realmente queria ficar ou só pra ter certeza do meu amor calejado, maltratado, ferido, mas ainda intacto? Eu estava aqui o tempo todo, só você não viu. Mas me diga você: do que adianta estar de pé, de queixo erguido, se as lágrimas descem como rios incontidos pelo meu rosto?
Te doei meus medos e sonhos, você me doeu até os ossos. Forcei a convicção nas promessas de que aqui iria permanecer. Fechei os olhos quando prometeu nunca mais desistir. Hoje vejo que, pela milésima vez, você só desperdiçou o meu tempo. Será que te é justo retornar e ir embora tão facilmente, pra tentar curar a própria carência? Será que te conforta punir um coração frágil em razão de si?
Porém, haverá vida após você porque houve vida com você. Acabamos porque não consegui mais ver nosso fracasso em seu rosto, ver que o mundo era mais colorido quando estávamos distantes, ver que a vida poderia ser mais que nós — mesmo que eu não quisesse a época. Sonhar seus sonhos, te abraçar nos retornos, te ouvir nas partidas; ninguém nos prepara para ter o coração destruído por boas pessoas. Você foi meu futuro por muito tempo, ironicamente não podendo ser meu presente. Embalei meus desejos de boas coisas, bons futuros e abraços longos e mandei entregar em sua casa com o que te pertence. Assumi que amor não é o suficiente quando o resto é ruína.
Depois de todo choro e sofrimento, termino as nossas oscilações, cheia da certeza do amor, munida da incerteza da reciprocidade. Devolvo aquele tempo, se é que ainda nos resta. Aceito as decisões sem respostas, compreendo o bloqueio sem tentativa. Caminho em direção ao lado oposto. Disposta a dar um passo de cada vez, um dia de cada vez.
[essa abstinência uma hora vai passar].
psicoativos e refeita
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yndiapoeta · 5 months
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O plano era não criar expectativas, deixar tudo por conta do acaso, do universo, do destino. Se tivesse de acontecer, iria acontecer. Sem ansiedade e sem aquele tal medo de perder. Mas tudo foi por água abaixo assim que as borboletas do meu estômago começaram a dar sinal de vida. Quando me dei conta já estava criando histórias, expectativas, e o medo de perder você começou me assustar dia após dia.
me apaixonei por você e nem sei dizer quando me dei conta disso.
bianca dias; nevalisca.
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