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undertheiron-sea · 26 days
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Para pessoas retrógradas, pipipí popopó: o que o show da Madonna tem a ver com a política sexual da carne?
Se você me encontrou essa semana, provavelmente ouviu da minha boca: acho que estou ficando meio radical.
Então é exatamente assim que pessoas inconformadas com a realidade se sentem?
Que exagero.
Por algum motivo, uma aula do mestrado sobre ecologia pipocou na minha cabeça e lembrei do nome Carol Adams, uma ativista antes de feminista. Não faz ideia de como essas duas coisas podem se unir?
Sim, sim, existe uma ligação entre a opressão das mulheres e a dos animais não humanos. O nome é patriarcado. Esse sistema que dá a impressão a nós, mulheres, de que temos escolhas.
Ah, você acha que tem escolha?
Vem comigo.
Carol tem um relacionamento muito forte com o livro que demorou 11 anos para escrever: ela não estava pronta.
Ela não se diz acadêmica, porque, mesmo estudando os conceitos, era uma ativista no final das contas. Ela sentia um incômodo na ponta da língua, mas não sabia dizer o que era. Ler livros policiais, artigos e, principalmente, fazer da sua casa um local de acolhimento para mulheres vítimas de violência sexual e doméstica fervilhavam para virar A Política Sexual da Carne, ou o conceito de referencial ausente.
Em algum momento ela percebeu uma grande quantidade de feministas que eram vegetarianas ou veganas, além de notar que não fazia sentido advogar contra a violência dentro de casa e praticar violência ao comer um pedaço de carne.
Absurdo, né?? O referencial ausente está ali: a carne já não é mais um animal.
É possível ir mais além: a mulher também.
As mulheres são referenciais ausentes em nossa cultura, sendo vistas como um corpo a ser consumido e usado pela publicidade e de muitos outros modos. Afinal, na política sexual da carne, é simplesmente impossível ser homem sem comer carne.
Dei um salto. Não vá embora, fique um pouco mais. Vou te dar um exemplo.
Você provavelmente já ouviu falar do restaurante chamado hOOters, onde o logotipo são os olhos de uma coruja. No menu dos restaurantes você pode encontrar uma breve explicação da história do nome hOOters, que é uma gíria para seios:
"Eis a questão, que nome vamos dar à casa? Simples: o que, além de cerveja, asas de frango e uma eventual vitória do time na temporada de futebol (no caso, futebol americano para eles) em qualquer lugar faz os olhos dos homens brilhares?"
Sim, seios.
Imagens de consumo como essas oferecem à nossa cultura um meio de falar abertamente sobre a objetificação das mulheres, e de brincar com o fato.
É o modo pelo qual os homens podem se celebrar publicamente tendo a misoginia como aglutinador, conscientes ou não disso. A degradação das mulheres parece divertida e inofensiva.
É só uma piada, ninguém precisa ser responsável!
Desse modo, os homens podem se divertir com a degradação das mulheres, animais, "gostosas", "vacas", sem ser honestos quanto a isso.
Essas questões estão na nossa cara o tempo inteiro, não as percebemos porque... estamos muito acostumados com nossa cultura patriarcal que reflete essas atitudes desde que você nasceu e nunca parou para pensar: quem tem tempo?
Ainda tem mais uma problematica que não vou me aprofundar, mas existe a superstição de que a carne fortalece e de que os homens precisam de carne.
Mas hoje, não é isso que me incomoda.
O que me incomodou foi o show da Madonna.
Não sou fã dela, não fez parte da minha história, sou uma 90s kid deprimida com tendências suicidas, muitíssimo obrigada. Isso não quer dizer que eu não entenda a relevância artística, musical e social dela. Mas assim, achei o show... normal? Até eu sair da minha casa.
Ao ler Mariana Enríquez em "as coisas que perdemos no fogo", o conto que carrega o título do livro é brutal: mulheres decidem elas mesmas se atirarem em uma fogueira e adquirir uma "beleza" queimada ao sobreviverem. Por que? O índice homens matando suas parceiras ateando fogo nelas aumentou.
Cada vez mais mulheres eram incendiadas até a morte por seus maridos, namorados, seja lá o que esse homem fosse delas.
E isso foi tido como absurdo! Onde já se viu, as mulheres terem o DIREITO de atearem fogo em si mesmas!! O corpo delas não pertencem a elas de verdade.
É um ABSURDO uma senhora de 65 anos simular atos sexuais na forma de celebração e porque... ela quer. O corpo é dela. Homens? Eles fazem isso? Mas eles são só homens...
Me surpreende vocês acharem que isso ser um absurdo é escolha de vocês. Não é, você só está reproduzindo o que te ensinaram. Pensar diferente é desconfortável.
Sinto muito, mas como diz Chappell Roan, de 26 anos:
Ladies, you know what I mean and you know what you need. And so does he.
But does it happen? (No) Well, what we really need is a femininomenon (a what?)
A femininomenon
DID YOU HEAR ME? PLAY THE FUCKING BEAT!
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undertheiron-sea · 1 month
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Eu não fiz nenhuma reflexão sobre fazer 30 anos porque não tive nenhuma. Até agora.
Correr os 30km não foram tão fáceis quanto nadar os 7,4km. Eu fiz isso virar meu propósito para não quebrar. Fui demitida antes de qualificar, quase não qualifiquei, não podia parar de treinar. Luto? Luta: não tinha tempo para isso.
Ainda não sei se é uma coisa boa ou ruim. Na verdade, acho que não preciso saber de fato. Acho que não quero decidir.
Mas hoje eu chorei. Chorei no banheiro olhando pro teto, melancolia.
Eu fazia isso quando tinha 15 anos enquanto me cortava para aliviar a dor que eu não entendia porque sentia, mas ninguém perguntava porque parecia machucado de esporte. Que horror ter sentindo isso até os 25. Ninguém pergunta, ainda. Mas agora, eu falo. Você vai saber sim.
Hoje eu chorei, depois de treinar também trancada no banheiro. Mesmo esporte, motivos diferentes. Eu nem acredito que consegui? Eu consegui. Sozinha? Não. Muita gente não compartilha essa sensação que posso sentir.
30 com mais raiva do que tristeza. Eu não quero mais morrer, eu tenho rancor: me disseram que eu não ia me formar, eu me formei. Depois disso, ninguém ousou mais dizer que eu não conseguiria fazer, mas sempre exatamente o contrário:
eu achava que EU não conseguiria. Mas tenho essa licença poética, ela é minha.
Não só me formei como minha frustração com a vida virou mestrado. Eu acredito no que faço, acredito no meu trabalho e na minha competência.
Eu achava que não ia conseguir correr 30km em um ano, mas acreditaram em mim mais do que eu. Corri horas e horas na esteira só com os meus pensamentos. Minhas metragens na água aumentaram: fiz meus 10km.
Comecei a trabalhar com coisa nova. Não tem problema, o novo é tão incrível para mim! Não me assusta, me move. Por favor, me ajude e eu aprenderei. Nem acredito que tive a oportunidade de compartilhar essa vida com quem falou: lógico que te ensino, vamos.
Ainda sinto raiva por ter sido tão doído e tão confuso. Queria muito chacoalhar as pessoas que fizeram disso uma experiência tortuosa. Por favor, não voltem. Mas se voltarem, eu não tenho mais medo.
Arrogante, dona da verdade, cética. Que alívio esses serem meus adjetivos para quem não me conhece, são coisas que posso mudar. Imagina se fossem medrosa, covarde, apática. Ao menos as coisas andam, e melhor, andam para frente.
Ah, se esse teto soubesse que eu já olhei para tantos outros sentindo minha alma fundir ao meu corpo, desesperado, pesaroso. Eles não sabiam que eu teria ideias incríveis. Amigos incríveis. Amaria mais ainda o gore, o terror, o horror, o incômodo. E pasme, ninguém se incomoda, você achou gente igual. E não tão igual que te abraça.
Dores dilacerantes que não me fariam querer me quebrar em pedaços de pele... elas seriam tratadas com paciência e coragem.
Paciência. Uma coisa que nunca tive. Afinal, eu só começo bem o dia depois de uns 5km, 40mim de exercício sem ninguém falar comigo.
Passei duas semanas em um vale, porque meus picos foram muito altos e, não adianta, eu estou pronta pros próximos 30. 40. 50. Até mesmo 60 anos se alguém encher meus saco.
✨ good luck, babe! ✨ (by Chappell Roan)
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undertheiron-sea · 4 months
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Poor things, Pobres criaturas, filme do meu diretor favorito Yorgos Lanthimos saiu e eu estava ansiosíssima. Ele é para mim o David Lynch que decidiu incomodar as pessoas.
O que escreverei aqui não é uma análise crítica de uma especialista em cinema ou estudiosa do tema, minhas palavras serão mais próximas do que um indivíduo inserido na sociedade sente quando entra em contato com arte.
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Bella Bexter é a nossa criatura, nosso experimento saído diretamente de uma ficção científica. Depois de seu suicidio, por estar grávida, o cérebro de seu filho é implantado em seu corpo, só para, assim, ver o que acontece.
O que não esperávamos é que essa criatura se tornaria independente e ávida por experiências. Sabe quando somos crianças e queremos explorar? O problema é que Bella é uma mulher, e que afronta ela querer viver experiências sexuais em outros países, experimentando cheiros e sabores afrodisíacos antes de se casar! Seu criador a deixa ir. Ele sabe que algumas coisas fogem de seu controle.
Aqui, alguns spoilers serão dados.
Ao aceitar o convite de um mulherengo que apenas usa suas parceiras e, quando elas se apaixonam, ele simplesmente as estilhaçam como uma porcelana frágil, essa tática não acontece com Bella. Ela não foi criada como uma criança do sexo feminino, obedecendo as normas sociais. Por que diabos ela falaria que a comida está boa se ela não está? Por que ela falaria palavras educadas se ela acha a outra pessoa uma chata? Mais ainda, por que ela seria obrigada a conviver com pessoas que não a completam ou compartilham? E por que ela ligaria para um homem que só quer se divertir com ela? Ela também, oras.
Mas isso não cabe na pequena cabecinha de seu amante, que quando vê sua tática sendo usada nele de forma quase ingênua, enlouquece. Literalmente, indo parar num manicômio porque Bella é uma mulher malvada e sem sentimentos. Assim como ele foi com tantas outras.
Ele chega a indagar que nossa protagonista precisa casar com ele ou ele a matará. Bella pergunta: então são essas as minhas opções? Casar com você ou ser assassinada? Como uma criança que passou a maior parte da primeira infância indo e voltando da delegacia da mulher, isso jogado no meu colo foi uma bomba.
E esse não é o único homem que vê Bella como uma afronta. Ela não pode ser ingênua e ao mesmo tempo curiosa. Ela não pode sentar ou dançar do jeito que quiser, pois não são as normas. Ela não pode experimentar todos os jeitos de sexo possível pois será uma puta. Ganhar dinheiro com isso? Jamais! Ela tem uma função social ditado pelo seu órgão sexual. E a parte que mais me impressiona não foi ela ter passado anos e anos se descobrindo como uma mulher sexualmente ativa e que quer ter prazer na cama, nas refeições, nas relações, foi que diversas pessoas ficaram impressionadas quando a Emma Stone disse que ela quis as cenas de sexo explícito. ELA tinha uma história para contar. Que a deixem ter as rédeas da narrativa.
Isso me lembra muito quando minhas fotos vazaram. Nem quando eu decido expor meus corpo a partir das minhas regras, ele não é meu, porque os homens não nos enxergam assim. Somos corpos pertencentes aos ideais deles.
Mas não somos não.
Ao descobrir o que o criador fez com Bella, ela volta a casa onde foi concebida. Sim, ela fica triste com o que aconteceu, mas não horrorizada. Ela fica triste por não terem contado a ela.
Minha mãe teve esse sabor que a protagonista sentiu no peito ao saber, apenas com mais de 30 anos, que era adotada. Isso é um roubo de identidade. Mas ao invés de raiva e ódio, ela decide que gosta de quem Bella é, de suas experiências que formaram sua personalidade e decide se casar com o único homem que parece ter algum tipo de senso, mas não estou aqui pra defender homem nenhum. Essa história não é deles.
No dia do casamento, vem a tona quem Bella era antes: Victoria, esposa de um geral excepcionalmente cruel com as pessoas que cuidam de seu pequeno palácio. O que me lembrou muito a história da Elizabeth Bathory, a inspiração para o Conde Drácula.
Bella abandona o casamento mas não por não querer se casar, e sim por curiosidade de saber quem era Victoria e porque ela cometeu suicidio carregando uma criança em seu ventre.
Ao perceber que Victoria era uma mulher cruel que, ao engravidar, foi assombrada pela dimensão do que ela era para seu marido, um território que deveria ser conquistado, domado e apenas utilizado para a procriação, ela não gosta nada disso. E, assim como sua eu do passado, Bella também prefere morrer do que viver daquele jeito e não trazer um monstro, seu filho, para aquele mundo absurdo, do qual, talvez, ele se tornaria igual ao pai.
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Yorgos fez o seu papel que foi deixar meu cérebro fervilhando durante a semana. A parceria com Emma como produtora só elevou a esquisitisse a fúria de ter que ser mulher. Me lembrou também constantemente como uma amiga diz que percebe que é levada mais a sério quando se veste com roupas mais adequadas.
Me lembrou como já fui criticada por defender de forma calorosa o que acredito e evidenciar de forma mais fervorosa ainda as falhas de algumas ideias. Me lembrou dos meus: e por que é estranho eu fazer isso? Por que eu não posso? Quem foi que disse? Quem inventou essas regras? E por que quem tem que seguir fielmente aos status são as mulheres, enquanto os homens quebram regras e são tidos como pioneiros e gênios?
Eu, a partir de hoje, vou ser mais Bella.
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undertheiron-sea · 6 months
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Existe um lugar que dói mais, mas irei até lá?
Eu não posso escalar; eu preciso descer, tenho que cair lá.
E lamentar o vento, o solo, chorar um oceano, chorar até abrir um caminho de volta ao dia que nasci.
Existe uma história em meus ossos tão antiga quanto a água. Mas não pode ser escutada porque não tenho palavras.
Eu devo ir para baixo e lamentar a minha mãe, lamentar o meu pai, chorar com a criança. Chorar até abrir um caminho de volta ao dia que nasci.
(weep)
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undertheiron-sea · 7 months
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Eu estive assombrando, assombrando por aí. Assombrando sua casa, um fantasma em seus braços.
Quando se revira em seu sono, é porque eu estou assombrando seus sonhos.
E foi por isso que decidi puxar esses velhos lençóis brancos da minha cabeça e deixá-los bem dobrados e arrumados para que você saiba que parei de me esconder.
Eu estive assombrando, assombrando por aí, um fantasma no mundo, sem lar.
Eu me lembro dos dias quando eu te deixava tão assustado. E foi por isso que decidi não assombrar mais sua casa e seu lar.
Você não precisa de espíritos como companhia.
Você não precisa de doces, você não precisa de travessuras, você não precisa de Halloween e você não precisa de mim.
Seria muito ruim se eu ficasse? Eu só sou um fantasma fora do túmulo e eu não posso fazer amor em minha sepultura... Não vou deixar seus cabelos brancos, não vou fazer barulho em suas escadas, serei gentil e doce... Se você parar de olhar através de mim.
Você não precisa de espíritos como companhia, você não precisa de doces, e você não precisa de travessuras
Você não precisa de Halloween.
Você não precisa de doces.
Você não precisa de travessuras.
Você não precisa de véspera de Halloween.
E você não precisa de
mim.
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undertheiron-sea · 8 months
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No light no light
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undertheiron-sea · 8 months
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Ilustração pelo Matheus Lobo com referência aos meus livros favoritos desse ano pro Halloween 🖤
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undertheiron-sea · 8 months
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Find your dreams come true
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undertheiron-sea · 8 months
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I don't know you but I think I hate you: you're the reason for my misery.
Strange, how you've become my biggest enemy, and I've never even seen your face!
Maybe it's just jealousy fixed up with a violent mind, a circumstance that doesn't make much sense...
Or maybe I'm just dumb.
You're the cloud hanging out over my head, hail comes crashing down welting my face. Magic man, egocentric plastic man, yet you still got one over on me.
Maybe it's just jealousy, mixed up with a violent mind, a circumstance that doesn't make much sense...
Or maybe I'm just dumb.
I'm a chump.
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undertheiron-sea · 8 months
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happy autumn equinox!! 🌓 🍂
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undertheiron-sea · 8 months
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A este mundo vim sozinha,
sozinha eu vou morrer.
Quando caminho, apenas respiro. Percebo meus pés valentes comigo.
Neste mundo, não entendo da guerra... A guerra dentro de mim ou de você.
Chega a noite, apago a luz e, na escuridão, sigo sonhando em despertar, em despertar.
Mesmo que para o mundo eu seja invisível, sinto a maré que dança inquieta em minha pele e entrego todas as minhas mágoas ao vento:
se eu choro violentamente, sou um rio até o amanhecer.
Estou nascendo a cada dia, estou partindo de mim a cada dia, de mim
A mim, me apego à vida, a mim, a mim.
A mim, me apego à vida.
A este mundo vim sozinha: sozinha vou morrer.
A este mundo vim sozinha e me apego à vida antes de morrer.
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undertheiron-sea · 8 months
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undertheiron-sea · 8 months
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— Paul Guest, from “1987.”
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undertheiron-sea · 8 months
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safety comes first
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undertheiron-sea · 9 months
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undertheiron-sea · 9 months
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Hoje, no silêncio, gritei pra mim mesma, com todo ar de meus pulmões:
Venha perto do fogo, deite sua cabeça. Meu amor, vejo que você está ficando cansada, então deixe o dia ruim ao lado da cama e descanse um pouco, seus olhos podem fechar, você não precisa fazer nada além de me ouvir.
Eu sei que você sente falta do mundo, aquele que você conhecia, aquele em que tudo fazia sentido porque não sabia a verdade. Mas é assim que funciona. Antes de tudo colapsar e aprendermos, somos todos apenas caçadores em busca de um alicerce.
Não pare de tentar se encontrar aqui no meio do caos, mesmo que não seja possível ver, há uma saída.
Diga em voz alta: não vamos desistir agora.
Sem medo, não seja como Orfeu, fique aqui, segure-se no escuro e quando o dia surgir... Vamos dizer que não desistimos hoje.
Eu vou te mostrar o bem, restaurar sua fé, tentar e de alguma forma mostrar um sentido do veneno neste lugar.
Convencer você, amor, de não levar para o pessoal, tudo está escrito nas estrelas em que estamos nadando.
E não tem nome, não tem garantia.
É apenas a promessa de um dia que alguns podem nunca ver. Por enquanto isso é o suficiente. E se tudo colapsar, espero que meu amor seja o alicerce de alguém.
Eu precisava da Sara de 2019, e mesmo Orpheus nunca ter feito sentido, retornar à casa se fez necessário.
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undertheiron-sea · 9 months
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Tem dois dias que não saio de casa.
O que era para considerar dias de descanso parece dias de regresso: se eu fico em casa, meu cérebro associa com fracasso.
Não quero estudar, não quero trabalhar, não quero sair de casa e ver quem gosto, não quero correr, não quero nadar. E ainda tá muito quente, minha pressão é baixíssima. Mas eu trabalhei, não tenho nenhuma demanda atrasada seja do podcast, mestrado ou editora.
Mesmo assim, sinto o peito fundo de uma tristeza tão grande que não sei mais de ontem vem. Será que é porque não sinto vontade de viver? Eu regredi nesses três meses que me esforcei tanto?
Mas aí veio a virada. Decidi não cancelar meus compromissos: não treinei, mas gravei ontem e hoje.
Surpresa.
Minha cabeça diz que não sei física. Que sou medíocre nessa área. Isso não quer dizer que eu tenha parado de estudar ela até hoje.
Hoje gravei sobre eletricidade em um podcast que me sinto em casa, e foi nele que percebi o quanto eu sabia sobre esse tema? Perdi as contas de quantas vezes reprovei nessas matérias, e mesmo assim a fluidez que falei sobre corrente elétrica, campos magnéticos e elétricos, indução eletromagnética, os cientistas que trabalharam com o fenômeno, as tretas entre eles e ainda sobre o episódio que falo de galvanismo no criminologia (sim!).
Também recebi um pacotinho com mimos de uma artista que amo e sempre que dá, apoio. Dentro dele tinha uma cartinha agradecimento por meu trabalho. As pessoas me enxergam.
A Jey de 2020 NUNCA imaginaria isso. Ela já estaria morta há muito tempo. Aliás, bobagem minha. Ela parou de comparar onde ela estava com onde queria estar. Porque ela sabia que nunca chegaria a lugar algum assim.
Então foi e fez.
O dia acabou e recebi um poema da Bru. Uma ligação da Bru. Que sorte ter encontrado a existência e partilhar um pouco do viver com ela. É incrível ver uma mulher adulta vivendo do jeito que a vida tem que ser vivida, do jeito que ELA quer e me mostrar que é possível.
A corrida me trouxe mulheres assim. Abraço com força esse presente.
Por enquanto, no meu caso, não é força. É não ter opção. Mas termino aqui com o texto enviado pela minha sereia (e uma das seres humanas) favorita:
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