Tumgik
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O QUE EXISTE DEPOIS DO LUTO DE UMA FANTASIA
• Ler ouvindo: POWERS - Lostboycrow
Você pode pensar que o pior luto que exista seja o de perder um algum ente querido, uma fase da vida (sim.. o famoso, perdi minha infância/adolescência é um luto), o término de um relacionamento. Porém, em todos esses lutos alguém ou algo foi perdido, você sabe quase exatamente o que perdeu.
E quando percebi que havia perdido algo que nunca existiu realmente? Foi uma puta fantasia minha... Sabe aquelas de filme? Sabe o desejo de que ao menos aquela relação salvaria e por ela eu abriria mão de tudo? Até de mim mesma, das minhas certezas, das minhas escolhas, da minha sanidade mental.
Sempre me gabei por nunca ter vivido um relacionamento abusivo, mas aí deixei de lado os homens de minha vida amorosa e olhei para os homens de minha família, que tapa na cara.
Observei um pai adotivo que me criou como filha, mas hj só me chama pra pedir favor, que senta na mesa apenas comigo e quando pergunto se ele está bem só faz um jóia com a mão.
Daí eu arrumei um eletricista pra instalar o interfone que estava a dez anos desligado e meu irmão grita comigo de maneira absurda, pergunta se estou apaixonada pelo cara pra dar serviço tão rápido pra ele, não me deixa explicar o que aconteceu, afinal o que de importante eu teria pra dizer já que ele sabe de tudo?
Fiz a promessa de que não me colocaria nessa posição de dejeto, afinal eu sabia quem eu era. Mas bastava eles discordarem de mim e lá estava eu me humilhando pra ser entendida e voltar ao lugar de segurança, lugar onde eu achava que era amada, mas na verdade eram apenas migalhas. Migalhas que eu fazia metonímia de amor, de afeto, de amparo e carinho...
O PIOR LUTO QUE EXISTE É O DA F-A-N-T-A-S-I-A
A perda disso que eu sustentei com meus ossos, com meus traços, com minha estrutura, tudo pra não enlouquecer. Tentei construir uma família unida e amorosa, só esqueci de perguntar se eles tbm queriam.
Me sentia como se estivesse pegando roupas no varal apenas com as mãos, as meias sempre ficam pelo caminho e quando me ajoelho para pega-las o resto despenca, daí preciso catar rápido pra que elas não se sujem.
Mal sabia eu que as roupas já foram penduradas sujas, mal sabia eu que roupa se suja, se rasga, se destrói em casa.
Já tentei pegar todas as roupas de uma vez, mas eu acabava derrubando.
Já taquei fogo nas roupas, mas acabei me queimando.
Já molhei as roupas com minhas lágrimas, mas ganhei risadas e descrédito.
Já joguei as roupas para o alto e gritei, mas ninguém me escutou e depois tive que catar.
Hoje deixo elas no varal para quem quiser pegar.
Hoje não me identifico mais com essas roupas derrubadas, queimadas, desacreditada e deixadas de lado.
Hoje não me identifico mais com a moça nua que catava as roupas no varal.
Hoje não me desnudo perante a opinião deles para fazerem o quiserem de mim, como antes.
Hoje sou a única que me legitimo, que me válido, que sei quem sou, hoje me apresento vestida de GALA, protegida e sustentada por ninguém mais do que eu mesma.
Antes me colocava nua para não perder o amor dos outros e acabava sendo abusada, hoje vivo vestida de autoconfiança para não perder meu amor próprio.
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ESCUTAR E NÃO APENAS OUVIR
• Ler ouvindo: Laços - Tiago Iorc
Um dia me perguntaram "Qual a razão de você ainda estar vivo?", confesso que só agora acho que tenho uma parte da resposta. Muitos diriam "Ajudar as pessoas, os animais e não jogar lixo na rua", mas isso não era o suficiente pra mim, eu precisava de algo mais específico, algo mais meu e de mais ninguém.
Certa vez presenciei uma sena em minha casa que me deixou muito abalada. Algo que me lembrou um trauma de infância que me marcou por anos, algo que caso meus pais soubessem eu temia estragar nossa família. Mas o pior foi quando eu finalmente contei a eles quando tinha 18 anos, eles ignoraram, minha mãe disse que já havia passado muito tempo e meu pai disse que iria ter uma conversa muito séria (que nunca aconteceu). Eles apenas ouviram sem escutar.
Foi aí que de "destruidora de famílias" eu passei a me perguntar "faço realmente parte dessa família?", como alguns pais podem fechar os olhos pra algo tão, mas tão ---- (não achei uma palavra ainda que descreva).
Sei que as vezes pensamos que nossos problemas são muito pequenos comparados com o das pessoas que passam fome na África, com os moradores de rua, com os órfãos que vivem em orfanatos (como a Anne With "e"). Mas eu precisei em um momento da minha vida ser escutada por um desconhecido, receber um ouvido que me escutava era muito mais do que um colo, era existir em meio a tudo aquilo que me assolava e me deixava sem rumo e perdida.
As vezes achamos que nossa família será capaz de sempre nos oferecer o que precisamos e quando ela não dá conta de algo a culpamos sem parar para refletir se eles aprenderam a oferecer o que cobramos deles como sendo o mínimo, o mínimo pra quem? No meu caso o mínimo era ser escutada, mas eles não deram conta...
Quando encontramos alguém que reconheça nossas dores como importantes e necessárias, que não nos compare com outras pessoas, pessoas que também sentem dores, outro tipo de dores, dores que as vezes eu nunca sentirei, pessoas que nunca sentirão minhas dores como eu as sentia, pq só eu vivi a minha vida e elas a delas. Dores que para cada um de nós foram extremamente importantes e únicas!
Aí sim, falando de tudo o que havia me ocorrido, com o tempo em meio a todo caos eu me escutei, descobri meu próprio caminho, que foi reprovado por muitas pessoas importantes pra mim, mas aprovado primeiramente por mim.
Aprendi a fazer algo com todos os cacos que fizeram de mim, me ergui na medida do possível e ainda caio várias vezes, mas sabe o mais legal? É que quando me levando e olho no espelho me reconheço e me orgulho de quem me tornei.
Hoje, anos depois, pensando nisso novamente percebi alguns dos motivos que ainda me faz permanecer viva, oferecer um lugar de escuta, de acolhimento e de amparo. Dar a devida importância para os que me confiarem suas palavras e selêncios, não ouvir somente, porque isso muitos fazem.
Escutar e ser escutada é como o ar, não vivo sem!
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DEVASTAÇÃO
Ler ouvindo : Love Is a Losing Game -Amy Winehouse
A devastação começa com a demanda de amor, você pede atenção e o outro não te dá, aí você se culpa por estar exigindo demais, passa um tempo então vc pede algo que é "mínimo" - mínimo pra vc - e o outro não te dá.
Essa demanda aparentemente negada retorna para mim como um ódio mortífero, regado a muito sentimento e choro, eu só queria mais um pouco de atenção, eu só queria ser amada, não queria mais ser tratada como um objeto, uma puta. Mas parece que vc ignora isso..
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Hoje você voltou com um "bom dia" que acabou com o meu dia..
- R: bom dia
- Eu: Bom dia
- R: bem?
- Eu: Ótima e vc?
- R: jóia! Melhorou?
- Eu: O que eu tinha pra melhorar?
- R: Humor kkk
- Eu: Em relação a vc continua o msm
- R: Ah poxa vida kkk
- Eu: Acho melhor vc continuar seguindo sua vida viu..
Pq o trem aqui tá feio pro seu lado
Eu sinceramente acho que vc me procura só pra transar e ok. Mas eu não quero ser essa pessoa. Então acho melhor cada um continuar no seu canto, pq cada vez que vc se aproxima nós transamos e depois parece que não tem mais pq conversar sabe.
Era só isso.
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Você veio saber se eu já havia retornado ao posto de quem faz o que vc quer, ou melhor, fala o que vc quer ouvir, e como sempre me ignora quando não correspondo as suas expectativas... Isso me devasta...
Me sinto rejeitada e depois culpada por não ter correspondido ao seu chamado, se eu assim tivesse feito talvez vc estivesse aqui me dando migalhas.
Depois fico com ódio de mim por estar pensando nisso sabendo que não mereço, mas logo logo o apego pelas migalhas que parece ter nascido comigo volta e duas horas depois da última mensagem que havia enviado eu mando:
- Eu: Mas se vc quiser falar sobre algo que não envolva nós dois está tranquilo.
Claro que eu queria que vc fosse homem o suficiente pra me enfrentar naquele momento, pra lidar com aquele meu desespero por atenção. Mortificado por quase um mês.. pq a um mês atrás vc veio, me procurou e eu comecei com esse msm discurso, mas acabei transando com vc e o pior, eu que dei o primeiro passo..
Aquelas duas horas sem respostas me deixaram desestruturada eu praticamente desfaleci, entrei num torpor, esse é meu terceiro texto sobre vc na esperança de simbolizar essa dor que é a de te ter por doses, doses essas controladas pela sua atenção. Afinal vc só me dá atenção se eu me "comporto", caso contrário vc me ignora, desaparece por semanas, né deixa na geladeira, pra ver se eu "melhoro" e volto a comer na sua mão.
Pena que sou idiota o suficiente pra repetir tudo outra vez, afinal viver de migalhas não engorda, porém devasta.
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ESCREVER PARA NÃO ENLOUQUECER
Hoje decidi criar esse Tumblr como uma forma de compartilhar meus devaneios diários. Alguns podem ser intensos demais, outros nem tanto, afinal essa inconstância faz com que eu me sinta viva e presente em minha vida.
A escrita me atravessou a pouco tempo como um corrimão que me mantém segura e presente no vazio da (ine)existência.
Claro que já a substituí por relações, estudos e trabalho, mas a cada tentativa e a cada rompimento eu me via perdida e frustrada, uma vez que nada pode me completar perfeitamente o tempo todo.
Espero que aqui eu me veja livre pra despir minha alma que grita para ser escrita e revelada, para mim mesma, porque sempre que releio o que escrevo sou levada a novos pensamentos e reflexões sobre quem sou e o que vim fazer nesse mundo tão cruel e fantástico ao mesmo tempo.
A partir dessa incompletude vou vivendo e escrevendo sobre a difícil e maravilhosa missão de existir.
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