Guerras de Midgard, Cap. 9: Voltar Para a Frente de Combate
Eu estou a começar a questionar que “guerras de Midgard” são estas porque a este ponto, tendo em conta que o capítulo abre na página 87, já teríamos uma indicação de que é que isto está a falar, mas a única guerra que vemos é a primeira, e aliás, lembram-se da praga de ratedo que eliminou toda a Islândia por causa de uma torre no capítulo um? Ainda não voltou a ser mencionado, portanto, nem sequer percebo qual é o propósito disso. Eu nem consigo dizer se ainda estamos no acto um ou onde é que vamos, mas continuando.
Questões e intervenções:
@rhythmlessgay disse: Espera lá, quando é que o Zuzas estabeleceu que dinossauros ainda existem???
Ele já no Filho de Odin tinha introduzido umas espécies mutantes de dinossauros ou que caralho era aquilo bem bizarras que apareceram do nada, portanto, nem vou questionar mais lmao
@reyavie disse: Dude não se percebe nada! Pk é k está gente está a ir para onde quer que estão a ir? Quem são? Onde estão? Mas o gajo está tipo a escrever com droga no bucho? ... Se o soldado no final é o Hitler outra vez, eu vou partir kk coisa
Imagina eu que levei uma eternidade a escrever isto porque passei a vida a virar páginas para trás e para a frente para ter a certeza de que li bem, e acredita quando te digo que estava mais preocupada em ser clara e fazer-vos perceber do que perder neurónios a entender este tronco.
@contrasinfonia disse: Isso do poema parece-me tb ser "influência" do senhor dos anéis. E a ampulheta pode ter saido harry potter
Em boa verdade, lançar feitiços tem aquela cena de ser sempre em poema, o que não consigo compreender. Spellcasting é sempre foda e orienta-se ou por mãos ou por voz, o que faz sentido, sendo que é necessário um veículo, mas porque é que tem de ser em poema??? E se não rimar??
...
Antevisão: no qual Jonatã 2.0 experiencia o Natal nos Hospitais em primeira mão.
James dorme durante três dias (LOL) e acorda numa cama da “ala hospitalar do exército inglês”, de olhos vendados. Um médico diz-lhe que não está cego, só todo rebentado, e que teve sorte. O médico acrescenta ainda:
-- Bem, está mesmo com sorte, capitão, por dois bons motivos. O homem que o salvou deveria conhecê-lo muito bem, pois só com grande dedicação o poderia ter transportado tão depressa até nós e, felizmente para si, acrescentou -- ficará com uma das nossas melhores enfermeiras à nossa disposição.
Eu vou ignorar aquela atrocidade de regras de sintaxe já que o Zuzarte ainda não percebeu que: travessão significa início do discurso directo, e para o interromper, coloca-se outro travessão, indica-se a deixa do narrador, e prossegue-se colocando outro travessão antes de continuar com o discurso directo do personagem. É realmente muito simples.
E ADIVINHEM LÁ QUEM É A ENFERMEIRA? Claro que vocês sabem a resposta:
-- Ah capitão, esta é a enfermeira Amy Isläimr, ela estará ao seu dispor sempre que precisar.
Amy olhou para o seu paciente e reconheceu-o logo: James Strongheart, o homem que ela sempre amara mas temeu quando se lembrou do demónio que tinha visto dentro dele.
1) viste-o FORA dele.
2) Nada, até agora, nos mostrou “amor”. À parte daquela cena hyper-cringe da chavala a sacar de um fio do pescoço tipo lenda do Green Ribbon e dizer “sOu eU a TuA pRenDa”, ou as demasiadas instâncias em que Dark Jonatã se comportou como um puto de 12 anos que descobriu uma erecção no cinema a ver uma filme com a Carmen Elektra em 2002, nada deu qualquer química entre os personagens. O narrador simplesmente disse com o mesmo tom com que um incel olha para a sua body pillow de anime enquanto lhe toca nas tetas 2D e murmura “tu amas-me não amas, yoko-chan?”
3) bebam um shot sempre que o Zuzarte diz o apelido Strongheart no texto. Vou começar a contar.
Preparem-se que isto vai ficar mais cringe.
Amy, embora cagada de medo ao primeiro contacto com este gajo, decide que está imediatamente “disposta a nunca mais o abandonar”. Os dias entretanto passam e James ainda não vê um cu porque continua com as ligaduras nos olhos e “Amy e James passavam muito tempo juntos e puderam conversar sobre as suas vidas” e Amy, desculpa lá fofa, mas tu não tens outros pacientes que atender?
James pedira desculpa pelo que acontecera no baile de Natal e disse que não deveria de ter mais medo, o demónio que residia dentro de dele já não exista [OOF]. Amy disse-lhe que não era culpa dele e que agora já não tinha nada a recear, isso não interessava e deu-lhe um beijo.
A seco. O gajo diz-lhe: “Maria! Tem lá calma que eu já caguei o demónio!”
“Tens a certeza, Jaime? Aquilo foi tão feio da última vez que o vomitaste, e se isso será contagioso, tipo herpes?”
“Está descansada! Já foi! Estou livre da bicha! Anda cá e espeta-me com as beiças que estou com a tusa, fofa! Vamos lá!”
Pináculo do romance moderno.
E epá nUNCA SE DIZ “DEVIA DE” ISSO É DAQUELES ERROS QUE A GENTE CAGA QUANDO SE FALA PORQUE NÃO SOMOS PEDANTES MAS QUE QUALQUER PROFESSOR DE PORTUGUÊS CASCAVA NOS MIÚDOS QUE USAVAM ISTO QUANDO ESCREVIAM COMPOSIÇÕES.
O tempo passava devagar e James dizia que se sentia melhor, embora não tivesse já o dom de ver a longo alcance.
Fezlimente, com o tempo também haveria de recuperar a visão de águia que já vinha do avô.
Ele fala destas duas coisas como se fossem totalmente diferentes e sinceramente não percebo a intenção disto.
Amy, aborrecida porque aparentemente não trabalha, conta o que se passou com os amigos Harry e Gulliver:
Harry ingressou na RAF e vivia para servir o Rei de Inglaterra.
Pausa. A RAF é da segunda guerra mundial, que é dos serviços militares aéreos se calhar mais conhecidos. Antes da RAF---que já existia, mas com outro nome e organização---chamava-se Royal Flying Corps, e que eventualmente convergiu com outro ramo da força aérea para fundar a RAF, mas só em 1918.
Also,
Fora ele que encontrou James e o trouxera para a ala hospitalar quando este estava totalmente vulnerável devido ao gás mostarda.
“Fora ele que encontrou” isto é tipo... nível de quarta classe. Como é que este miúdo com 16 anos não sabia fazer concordância entre tempos verbais.
E agora, uma dica sobre tonalidade, suspense e cliffhangers.
Um cliffhanger é um final em aberto, com a promessa de ofertar uma solução no capítulo/volume seguinte. É para deixar o leitor agarrado, a tecer teorias e a tentar adivinhar o que aí vem. Sim, o objectivo é pôr a pessoa com vontade de ler o seguinte.
Se terminam um capítulo num cliffhanger, a solução desse cliffhanger TEM de ter destaque. Não me interessa se não está à altura do tom épico que estão a criar, nem isso é sequer necessário. O último capítulo terminou com James a cair na inconsciência enquanto um estranho lhe salvou a vida. Esta tonalidade foi reforçada pelo facto de terminar com reticências. Portanto, esperariam um major reveal de quem é esta personagem, certo? Faz sentido. É um momento duro de guerra, de um amigo a salvar o outro num instante de perigo extremo.
Em vez disso, Zuzarte quer tanto esfregar o pénis do seu alter-ego, que nos caga a informação aqui de forma tão seca que me deu assadura só de ler. Isto é o tipo de instâncias que dá potencial ao livro, mas que o autor caga neles repetidamente. São coisas que, numa boa obra, permite-se a mergulhar nas possibilidades de exploração psicológica e nos oferece uma profunda caracterização dos envolvidos. Acresce que estamos na PUTA DA GUERRA, que não há cenário mais ideal para isso que esse mesmo.
Infelizmente, estamos a falar de um miúdo com braços de franguinho, que se calhar sofreu bullying, ou uma vez levou com uma bolada na testa a jogar volley com as miúdas, e como não tem qualquer portento para ser gajo para andar à pancada mas claramente jogou demasiado WoW e sei lá que mais, onde as suas personagens eram claramente Barbarians com peitorais à Rob Liefeld, a guerra, para o Zuzarte, é palco de transpiração de macheza. É lugar para explorar os centímetros em falta do seu caracolzinho encarquilhado. O Zuarte é claramente daqueles putos que hoje, com 30 anos, se senta num rooftop a beber gin e diz casualmente “antigamente, havia valores verdadeiros, os homens eram os primeiros a pegar em armas e lutar pelo seu país, mas hoje isso perdeu-se, obrigado esquerda” mas ele próprio borrar-se-ia na cueca com um chunga na estação de Corroios a pedir-lhe 5 cêntimos para o MTS, certíssimo de que estava a ser assaltado, e provavelmente vota CDS mas tem vergonha de dizer porque se acha oprimido.
Adiante que já criei um plot novo com a minha divagação.
Quanto a Gulliver, este era capitão dos morteiros do Rei e era o principal fabricante de bombas e explosivos, sendo o autor da maiora dos engenhos que foram utilizados na I Grande Guerra.
E vende livros nas horas vagas, recordem-se.
Tu que leste Tolkien, estás a fazer o pobre homem, QUE COMBATEU NA PRIMEIRA GUERRA E VOLTOU DE LÁ COM TANTO TRAUMA QUE ESCREVEU O SENHOR DOS ANÉIS, revirar-se na tumba.
Já agora, pequena curiosidade: nunca o livro informou que Amy conhece Gulliver e Harry. São os três amigos de infância, sim, mas como o narrador indicou, James andou em Eton, que é uma escola só de rapazes, e de seguida informou-nos que Amy foi alguém que conheceu a brincar num parque, portanto, existe 0 de ligação entre ela e os outros dois. A ponto algum o narrador 1) referiu que se conhecessem, 2) mostrou instâncias que nos levassem a pensar “ok, eles sabem quem são”. Nada. Eu não faço ideia como é que ela sabe o que quer que seja destes dois.
James começa a ver após duas semanas, mas é obrigado a ficar mais uma, e o man começa a stressar porque “estava ansioso para lutar” e eu vou-te dizer isto com toda a honestidade que Deus me deu, Zuzarte: acredita em mim, o James é literalmente O ÚNICO homem em todos os “Aliados” da primeira grande guerra que está todo esfaimado para lutar. Acredita mesmo em mim quando te digo que é O ÚNICO.
E eu falo de uma guerra onde CENTENAS de gajos se alistaram porque acreditaram nela. Falo de uma guerra apoiada e impulsionada por o movimento Futurista Italiano. Aliás, sabiam que Amadeo de Souza Cardoso era a favor da guerra e chamou-a, inclusive, de “higiene do mundo”?
E sabem o que é que fez assim que a guerra estalou?
Raspou-se para Portugal. Pensem lá nisso.
Foi um momento de muita macheza e muito “bora lá rebentar com merdas” e isto era um sentimento baseado em algo que foi palco de exploração para os ideais dos fascismos que aí viriam (os Futuristas Italianos meteram Mussolini no poder, essencialmente). O pessoal que acreditava nesta guerra fazia-o porque cria que era necessária uma limpeza---sim, “higiene do mundo” era um termo utilizado comummente, não uma coisa que aparece numa ocasional carta do Amadeo. Foi um momento extremamente traumático, e aqueles que acabaram por se juntar porque acreditaram que a guerra e máquina eram necessários para limpar este mundo de gente, 1) voltaram traumatizados e mudaram de ideias (vejam a participação do Apollinaire na guerra, que inclusive levou com um balázio nos cornos que não foi nada bonito), 2) tornaram-se fachos.
E eu digo isto porque o Zuzarte está aqui a construir um fascistazinho.
James visita ainda os seus homens na ala hospitalar que
Mal o viram, ficaram felizes,
Vê, contudo, uma cama vazia (sim, de todo o seu batalhão, ninguém morreu. Nunca ninguém morre sob a alçada dos Strongdicks) que Amy diz pertencer a
um homem de nacionalidade egípcia cujo nome, de momento, não se recordava.
Tal como James pensou, era Rassid.
Foda-se,
génio.
Mas Rassid não bazou, só não gosta de estar deitado, e adivinhem lá onde é que o James o vai encontrar?
Rassid estava numa ala hospitalar de crianças a dar um espectáculo de fantoches.
Isto é muito giro mas eu gostava que me dissessem o que é que faz uma ala hospitalar de crianças num hospital militar. Não é que não houvesse crianças, evidentemente---e infelizmente---havia, era necessário, mas darem-se ao trabalho de criar uma ala hospitalar para crianças num hospital que, por definição (de campanha) tem de armar e desarmar tenda e andar de um lado para o outro, e ainda meter ali a Make a Wish para belprazer dos moços soa só conveniente para o plot para o esgalho do micro-pénis do Zuzarte que vem aí:
viram dois fantoches, um de James e outro do Rei Kaleth “Angïll” Durthang; os dois chocavam as suas espadas de pano, fingindo uma luta.
Aposto que crianças que acabaram de sobreviver a ataques aéreos, de gás mostarda e algumas delas possivelmente com estilhaços de bomba nos crânios estão a adorar ver um espectáculo infantil sobre pancada, né?
As crianças riam e torciam por James que também se ria.
-- Hãa! (sic) -- disse o fantoche de Kaleth. -- Eu vou utilizar o meu dragão para ganhar a guerra e destruir tudo e todos, incluindo as crianças que estão a ver este espectáculo HAHAHA! E não há ninguém que me detenha!
Crianças salvas de um cenário violentíssimo de guerra, algumas delas inclusive devem ter pedido famílias inteiras, inalado gases perigosos, possivelmente com queimaduras nos corpos e levado até com balas.
-- Eu vou deter-te, Kaleth, eu sou o grande Strongheart e vou ganhar esta guerra para o bem de todos.
Crianças vítimas de guerra, que escaparam por pouco a ataques horríveis.
O boneco que representava James espetou a espada no boneco de Kaleth e este foi arremessado para fora do pequeno palco.
CRIANÇAS QUE VIRAM VIOLÊNCIA QUE AS MARCARÁ PARA O RESTO DA VIDA.
MAS ISTO FICA MAIS CRINGE
Rassid apresentou um outro boneco, representando Amy, que as crianças tinham feito propositadamente para uma peça de teatro.
Rassid falou com uma voz aguda:
-- Oh! James, conseguiste derrotá-lo, derrotaste o Rei Kaleth! -- disse o boneco de Amy.
Já agora, quero relembrar que o Rei Kaleth foi introduzido no Filho de Odin, no penúltimo capítulo, e que foi o pai de Jonatã quem o matou.
O boneco de James ergueu a sua espada e disse:
-- HA! HA!! Não há ninguém que me ganhe no uso da espada, eu sou bom demais, HA! HA!
De repente, surgido do nada,
portanto, bem dentro do espírito deste livro,
Rassid mostrou mais um boneco, mas desta vez era um boneco dele mesmo:
-- Eras, até eu, o grande Rassid, chegar! Agora vamos ver quem é o melhor. HA! HA!
Este é o momento do livro em que alguém deveria simplesmente ter entrado pelo quarto do Zuzarte adentro e ter posto um fim a esta merda, mas infelizmente, ela aconteceu e aqui estamos.
Os dois bonecos iniciaram uma luta e caíram no exterior do palco imrpovisado. Rassid saiu do outro lado do palco e perguntou:
-- Quem ganhará a luta entre Rassid e o grande Strongheart? Não percam o próximo episódio.
ANTÓNIO SEMEDO*, DIZ A FRASE!
Entretanto, as crianças sem que tivessem oportunidade de responder, levantaram-se e voltaram para as suas camas
eu sinto que, cada vez que me deparo com uma frase destas, estou a ensinar o meu sobrinho de 7 anos a construir uma frase, porque isto é daquelas construções frásicas que nós sentimos como super estranha, algo não nos faz sentido, mas a razão pela qual nem sempre conseguimos apontar o porquê é porque... são coisas já gravadas no nosso cérebro, automáticas, sobre as quais não pensamos. Daí que explicar isto a uma criança, que está a desenvolver padrões de linguagem e português, faça sentido, mas a um puto de 16 anos é... ridículo.
“sem que tivessem oportunidade de responder” aqui é um complemente circunstancial, e é das raras instâncias em que este complemento pode ser colocado no início, fim ou meio da frase, que ela não perde o sentido, se o complemento estiver inserido entre vírgulas (coisa que o Zuzarte não faz, a vírgula deveria vir imediatamente a seguir a “crianças”). O que isto significa, nesta frase em específico, é que as crianças se levantaram e voltaram para as suas camas, mas houve uma circunstância que as levou a fazê-lo.
Eu já disse várias vezes que estou a usar terminologia antiga (a gramática portuguesa mudou no meu 12º ano, em 2007, e nunca me adaptei às mudanças por razões que vos devem ser óbvias). Tenho a noção que hoje estas coisas têm um nome diferente, que eu acho ser “modificadores”, mas não tenho a certeza. De qualquer forma, não estou muito preocupada porque me interessa mais que vocês percebam o que significa que chamarem as coisas pelos nomes certos (a menos que estejam na escola e isto seja matéria, nesse caso, vão consultar uma gramática e vejam lá como as coisas se chamam!).
A função dos complementos circunstanciais é mesmo essa (e atenção que isto é um tema bem mais complexo que eu agora também não me lembro de tudo, mas isto chega para o assunto em mãos). É indicar uma circunstância que delimita o sentido do sujeito/complemento directo. Afunila-nos o sentido da frase e ajuda-nos a perceber o contexto, ajuda-nos a entender não só o que a frase está a tentar comunicar, mas a anunciar o que vem de seguida.
Portanto, quando a primeira coisa que lemos é “sem que tivessem oportunidade de responder”, imediatamente o que este complemento circunstancial nos diz---e que nos vai definir o resto da frase---é que houve uma interrupção.
E depois lemos que elas “levantaram-se e voltaram para as suas camas”, sem qualquer indicação de que acção poderia ter interrompido a sua possibilidade de resposta. Logo, temos uma bela duma contradição que---epa caralho, e eu não estou a exagerar---um professor de português da quarta classe teria notado e chamado à atenção.
Fim da lição. Prosseguindo.
James aproximou-se e bateu-lhe [em Rassid] nas costas em sinal de camaradagem. Rassid voltou-se e os dois cumprimentaram-se e fingiram uma luta de boxe, fazendo momices, apostando que o seu próprio fantoche seria o vencedor.
Epa o absurdo desta frase é tipo galopante. Quando pensam que esta singela cena não passa de um trope ridículo e super desactualizado de masculinidade à pancada, o Zuzarte enaltece a virilidade mútua com uma luta de boxe simulada, e como se já não sentíssemos vergonha alheia suficiente até aqui, ele usa a palavra “momices”, que nos retira brutalmente da narrativa, e ainda manda fantoches lá para o meio, sem qualquer tipo de evidência que a “luta de boxe” simulada utilizasse mais que os próprios punhos cerrados.
Eu deliro com estes pedaços de escrita porque para mim é tipo BBC Vida Selvagem dos escritores. O Zuzarte fez tão, mas tão pouca revisão, que nós conseguimos ver o processo criativo dele. Claramente o gajo decidiu que haveriam os dois de andar à pancada amigavelente tipo
mas a meio deu-lhe qualquer coisa que o fez perceber que era estúpido e decidiu que afinal estavam a usar fantoches, mas como rever uma puta duma frase e alterá-la dá demasiado trabalho, inseriu a informação no fim, chamou-lhe um dia de trabalho, e foi afagar uma a ouvir Manowar.
E o resultado é tipo
James e Rassid, depois deste duelo de tomates, entendem que já estão prontos para voltar para a frente de batalha e
James aproveitou os últimos momentos para estar com Amy.
E pensam: bom, há aqui romance entre os dois, isto é uma guerra, como será essa despedida? Longa? Profunda? Tormentosa? Carregada de lágrimas e juras de amor?
Ao qual Zuzarte, categoricamente, responde: comam-me o cu.
James despediu-se pela última vez de Amy, jurando que viria vê-la assim que a guerra acabasse.
Nestas merdas é preciso ter MUITO CUIDADO com a linguagem que se usa. “despediu-se pela última vez” pode ser lido de duas formas: 1) ele despediu-se dela várias vezes, e esta foi a última. 2) É foreshadowing, e os dois não se voltam a ver.
Como conhecemos o portentoso esgalho hormonal que jorra das gónadas do autor, todos podemos afirmar com absoluta certeza que não será o último. Contudo, e porque eu estou a torcer para que o Jaiminho morra de uma morte horrivelmente lenta e dolorosa, isto deu-me falsas esperanças.
Rassid também viu Tekmet à saída do hospital.
PORQUE É QUE ESTA GAJA ENTRA E SAI DA NARRATIVA CONSOANTE TE APETECE? FODA-SE. FODA-SE.
O Medjay dispensou-a dos seus serviços e disse-lhe que podia voltar para casa. Ela agradeceu, dizendo que tinha sido uma honra lutar ao seu lado e partiu.
Literalmente não fez nada na narrativa. Ela só foi introduzida para mostrar que o Rassid é um tomate de aço fodido que lhe deu uma coça. Quando reaparece, a única agência que teve foi obedecer ao Rassid---QUE NÃO MANDA NELA---e ir ao Egipto buscar merdas que estavam em falta, usando um poderosíssimo feitiço---que O ZUZARTE ANULOU ALGUNS PARÁGRAFOS ANTES E NOS CONFIRMOU QUE ERA INVIÁVEL E PERTO DE IMPOSSÍVEL. Ele meteu-a na guerra e não nos disse uma única coisa que ela tenha feito. Enobreceu-a e depois retirou-lhe TODA a agência. E agora que o Rassid já está a arrastar os enormíssimos tomates e o Zuzarte já cresceu espontaneamente uma segunda pila, ela aparece para o Rassid---que repito: NÃO MANDA NELA---a dispensar, como se fosse seu superior.
E entretanto Tekmet não tem um traço de personalidade, mas sabemos que tem:
1) lâminas nos sapatos de couro
2) veste seda
3) é dançarina e bastante flexível
4) uma trança cuja ponta parece os espigão de um escorpião
5) a certo ponto usou um lenço a cobrir a cara
6) a pele é da “cor do mel dourado”
Não meto nesta lista que ela é “das melhores espadachins” porque embora o narrador tenha dito, e apesar das várias oportunidades de o mostrar, nunca o vimos.
É por estas merdas que dizemos “proíbam os homens de escrever sobre mulheres”.
Os dois soldados saíram do hospital francês,
TU DISSESTE NO SEGUNDO PARÁGRAFO DO CAPÍTULO QUE ESTAVA NA ALA HOSPITALAR DO EXÉRCITO INGLÊS. PORQUE É QUE NÃO DISSESTE LOGO “NUM HOSPITAL FRANCÊS, NA ALA HOSPITALAR” PORQUE SÓ AGORA, SÓ DEPOIS DE CINCO PÁGINAS DESTE CAGALHÃO, É QUE EU PERCEBI QUE ESTÃO NUM HOSPITAL A SÉRIO, E NÃO NUM DE CAMPANHA, O QUE TERIA FEITO SENTIDO SENDO QUE ESTAVAM NO MEIO DA PUTA DA GUERRA, CAGADOS NO MEIO DA ALSÁCIA OU LÁ QUE ERA eu quero tanto bater-te, meu nabo. Tanto.
E não é qualquer hospital, é o
do Mont Saint Michel
(é a primeira vez que uso esta imagem e só agora vi ali a marca de água do youtuber foda-se, quem é que faz marca de água a memes, caralho?)
Há muita coisa neste livro que está muito, mas muitíssimo pior, que o anterior, mas o que me está a irritar profundamente é que todas as frases---absolutamente TODAS---são construídas com qualquer informação mantida refém do leitor. Ler este livro é caminhar sobre cascas de ovos, sem saber para onde vamos. É ter sempre de pensar em todos os cenários possíveis para não sermos surpreendidos. O livro altera tanta informação, esconde outra, contradiz-se tão constantemente, e caga coisas novas nunca mencionadas tantas vezes, que chegamos mesmo ao ponto de não sabermos, genuinamente, se percebemos as coisas ou não, e andam como eu, para trás e para a frente, a reler passagens inteiras, para ter a certeza de que não somos nós que estamos loucos, mas que é mesmo o escritor que é uma merda.
Este livro está-me a fazer gaslighting.
Tinham deveres diferentes a cumprir: Rassid tinha de seguir o rasto do Dahaka e James tinha de voltar para a frente.
Terminámos o capítulo na página 91 e eu ainda, com toda a minha sinceridade, não percebi qual é o objectivo. A única possibilidade de objectivo que me foi apresentada já foi respondida, logo no primeiro acto (ou o que eu acho ser o primeiro acto, eu sei lá, caralho): ver-se livre do Dahaka.
Enquanto arc pessoal do James, esse assunto está resolvido, mas não a 100%. O Dahaka saiu-lhe do cu, mas a bicha continua aí livre. Certo. Pensei: ok, então o arc está só semi resolvido. A libertação do dahaka é um plot point que conduz a outro, e esse outro certamente conduzirá ao midpoint.
Mas não. James caga a peçonhenta e instantaneamente fica a borrifar-se para ela. Ah e tal que o meu avô é Jonatã Tomates de Aço, somos Strongheart Multi-Pénis, libertadores do Mal (com M capitalizado) e mandriões fodidos, mas agora que já me vi livre do vírus, eu quero é que ele e os outros se fodam. Bazei.
E descarrega isso no Rassid.
Das duas uma: ou o Rassid se torna uma personagem central e vamos ver o seu desenvolvimento e percurso, ou ele esquece esta merda e nunca mais vemos o Rassid, que me parece mais Zuzarte.
A minha questão é: em que é que o Rassid vai contribuir? Ele tinha um objectivo, e a história está a ser narrada da perspectiva do James, o ocasional head-hopping que faz circunscreve-se sempre à volta do James, porque esta é claramente a história dele. Aquela merda nos telhados da cidade marroquina serviu apenas para nos introduzir Rassid. Vimos qual era o objectivo dele, e ele cumpriu-o a metade. Mas a história não é sobre ele, e até agora, ele não acrescentou em nada, não trouxe absolutamente relevância nenhuma, para esta merda---então para que caralho hei-de eu querer saber desta merda?
Eu só
Ponham fim ao meu sofrimento, rogo-vos.
*António Semedo era o narrador do Dragon Ball, eu ia escrever “Henrique Feist, diz a frase!” para vocês apanharem a referência, mas o meu namorado desatou aos berros comigo a dizer “RESPEITA O TRABALHO DO HENRIQUE FEIST. ELE É O VEGETA. ELE É INIGUALÁVEL” e pronto, espero que tenham apanhado a piada.
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Anteriores:
Capítulo 1 - Maré de Trevas
Capítulo 2 - Novo Herói
Capítulo 3 - Memórias
Capítulo 4 - Dahaka
Capítulo 5 - Medjay
Capítulo 6 - Emboscada
Capítulo 7 - Resistência em Lille
Capítulo 8 - Faíscas de Cimitarras
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