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headlinerportugal · 7 days
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Valeu o “sambinha bom” de Luca Argel e a SENSOcional Rita Vian - Sonoridades 2024 (2ª parte) | Reportagem Completa
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Rita Vian, a cereja no topo do bolo, teve casa lotada // © Foto de Alexandra Fernandes A Câmara Municipal de Santo Tirso em parceria com a produtora 1Bigo realizaram mais uma edição do Sonoridades, neste ano aconteceu a sétima edição. Tal como nas edições anteriores os concertos realizaram-se no Centro Cultural Municipal de Vila das Aves.
A programação iniciou-se com a pop-eletrónica de Manuel Fúria & Os Perdedores na última quinta-feira, 2 de maio.
Na sexta-feira, 3 de maio, atuou o duo Bicho Carpinteiro e tiveram a companhia de alguns elementos do Grupo Etnográfico de Vila das Aves.
Já no sábado, 4 de maio, foi a vez do brasileiro Luca Argel. Este ano coube a Rita Vian, no domingo 5 de maio, a performance de encerramento deste evento.
Pela primeira vez marquei presença em todos os concertos. Em 2023 assisti a dois concertos: de O Gajo e André Henriques cuja reportagem pode ser lida aqui. Na sequência de ter sido uma experiência muito positiva, foram dois belíssimos concertos, decidi repetir a ida ao acolhedor Centro Cultural Municipal de Vila das Aves e replicar a experiência por quatro.
A 1ª parte da reportagem deste ‘Sonoridades’ 2024 pode ser vista aqui.
Dia 3 – Luca Argel
Neste sábado, 4 de maio, percebi logo que seria uma noite com uma casa bem preenchida devido às pessoas em modo de espera pelo momento de abertura das portas do auditório. Efetivamente foram poucos os lugares vazios, a lotação esteve pertíssimo de totalmente esgotada.
À terceira noite no cardápio tivemos Luca Argel, artista oriundo do Brasil, radicado em Portugal já há alguns anos a esta parte, mais de 10 para situar com mais precisão. Uma estreia nesta vila pertencente ao concelho de Santo Tirso, já tinha atuado na sede no concelho nomeadamente na Fábrica de Santo Thyrso.
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Luca Argel muito interventivo // © Foto do Município de Santo Tirso Entrada no cenário registada pelas 22:11h. Luca deu logo bem nas vistas pelo seu outfit vistoso: camisa curta laranja ornamentada de bolas azuis e calças brancas. Este foi um concerto em versão trio pelo que o brasileiro teve o auxílio de conterrâneos seus: de Pri Azevedo (teclas e voz) e de Carlos César Motta (bateria), este último atuou muitos anos ao lado de Maria Bethânia, um dos ícones do Brasil conhecida como “Rainha da MPB”.
A setlist selecionada para esta atuação navegou por quatro álbuns do artista: ‘Bandeira’ de 2017; ‘Conversa de Fila’ de 2019; ‘Samba de Guerrilha’ de 2021 e ‘Sabina’ de 2023. Além de ter sido bastante abrangente houve ainda lugar a uma ou outra surpresa…
“Vila Cosmos”, “Anos Doze” e “Acanalhado” proporcionaram o tom certo. Ao quarto tema surge “Peito Banguela”, um dos momentos especiais, já que Argel fez questão de introduzir a canção explicando como surgiu. A letra é uma adaptação de um poema do seu poeta preferido, o conterrâneo Aldir Blanco, o qual infelizmente faleceu durante a pandemia porém deu o seu consentimento à edição da canção depois de tê-la escutado em 2019. Nela o músico teve ainda a colaboração de Keso.
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Pri Azevedo (teclas e voz) // © Foto do Município de Santo Tirso Lá ia cantarolando Luca em ritmo alegre “A cidade vai virar só hotel para turista” durante a interpretação de “Gentrificasamba” e é neste momento que “acordamos” para o carácter interventivo e socialmente desperto que faz parte da sua personalidade.
Luca Argel esteve muito interventivo nos interlúdios das canções, de registar o seu foco bastante assertivo e lúcido quanto baste.
"O que espanta a miséria é a festa" (frase de Beto Sem-Braço) e por isso existe a canção "Ninguém faz festa", um samba de timbre bastante festivo.
Uma das surpresas foi a interpretação de “Mãe Preta” tema que surgiu em Portugal na década de 50 vindo do outro lado do Atlântico, cá em formato fado, tendo sido censurado. Conhecido também por cá como “Barco Negro”.
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Carlos César Motta (bateria) // © Foto do Município de Santo Tirso “Peça Desculpas, Senhor Presidente” teve uma interpretação incrível em mais um momento inspirado e bem conseguido. Nesta fase as canções de protesto, provocação e de alerta social iam-se sucedendo como "Samba do operário" e "O Almirante Negro".
Depois de uma fase mais virada para ‘Samba de Guerrilha’, no qual fez questão de mostrar o jornal ilustrado no qual estão textos e letras do álbum, veio a última fase voltada para 'Sabina'. A inspiração para esse trabalho discográfico é uma mulher negra, vendedora de laranjas do século XIX, cuja história Luca fez questão de dar umas pinceladas gerais.
Outra das surpresas surgiu antes da interpretação de "Lampedusa", dedicada às vítimas do recente incidente portuense com emigrantes. “Se não estivesse cá estaria no Campo 24 de Agosto” referindo-se à manifestação solidária ocorrida durante esta mesma noite.
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Luca Argel e o seu "sambinha bom" // © Foto do Município de Santo Tirso De surpresa em surpresa surgiu José Afonso pela voz de Argel: “Eles comem tudo e não deixam nada… Eles comem tudo e não deixam nada”. Um momento delicioso e inesperada esta interpretação de “Vampiros”.
Para o encore ficou guardado um momento a solo com “Países Que Ninguém Invade”, para a irresistível “Tanto Mar” já novamente em formato trio e remate com “Ponto Final”.
As intensas palmas finais surgiram naturalmente em reação a uma performance calorosa e bastante agradável. Registei, com agrado, ter visto músicos bem-dispostos, sorridentes e a colaborarem de forma bem competente. Nem sempre é o caso e tal significa que estiveram de corpo e alma!
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O merecido aplauso a Luca Argel e acompanhantes // © Foto do Município de Santo Tirso Luca Argel transborda, com toda a naturalidade, sua alma sambista misturada com outros sons de inspiração brasileira como o funk. Transforma o seu concerto numa realidade festiva na qual as suas intensas e sérias mensagens/preocupações passam sem que o público se sinta constrangido.
Já seguia o artista há algum tempo e a oportunidade demonstrou-se a ideal para concretizar o desejo de o ver e ouvir ao vivo. Para meu ponto final resta afirmar a ampla positividade desta experiência.
Dia 4 – Rita Vian
Com algum tempo de antecedência, no decurso da tarde de domingo, a sala alcançou lotação esgotada para a atuação de Rita Vian. Um ambiente efervescente nos momentos antecedentes à abertura de portas antevia aquilo que viria a suceder: um fecho de ‘Sonoridades’ em 2024 em nota bastante elevada. Ao fim dos 4 dias, o evento merecia este desfecho aprazível.
Pouco depois das 18:30h, hora certa para o debute do concerto, surgiu em palco João Pimenta Gomes (eletrónica), um dos dois acompanhantes de Rita. A cantora e compositora portuguesa fez igualmente a sua entrada vestida totalmente de branco, poucos instantes depois.
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Rita Vian sempre bastante enérgica // © Alexandra Fernandes - mais fotos aqui “Animais” e “Água” foram os primeiros temas que o público escutou. Ambos fazem parte de ‘SENSOREAL’, álbum lançado de outubro de 2023. Como Rita explicou foi um trabalho no qual tentou fazer várias coisas: produzir, escrever, trabalhar com outros artistas entre outras coisas. "A música é um espaço onde nós encontramos todos" afirmou para explicar o facto de as pessoas partirem de pontos diferentes e têm o seu ponto comum na música, que une as pessoas.  
À terceira interpretação com “Ir Embora” conhecemos Manuel Ferreira, o elemento que completou o trio, que foi participando em diversos temas ao longo do concerto dedilhando a sua guitarra clássica.
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Rita Vian em formato trio // © Alexandra Fernandes - mais fotos aqui Em "Podes ficar" o primeiro momento mais responsivo por parte da audiência, o aquecimento estava já devidamente concluído. As letras das canções iam sendo cantaroladas e os corpos nas cadeiras iam-se mexendo de forma dançante pedindo outra posição. O público estava a fruir da atuação, notava-se bem pelas expressões de alegria.
Tal como é apanágio de Rita Vian, durante a performance, foi deambulando pelo palco sobretudo na parte frontal. Em algumas ocasiões também sentou-se em interpretações específicas. Ela que não mastiga as palavras, não recorre a efeitos eletrónicos vocais, o que facilita na perceção fácil das palavras debitadas e respetivas histórias.
Em "Deixa-me" fomos brindados com uma versão do tema em registo de fado eletrónico, ao vivo perde o som do teclado tendo uma roupagem menos trabalhada.
Depois de "Trago", "Eu Deixo" (com Manuel) e "Purga" surgiu "Temos Tempo", um tema que teve explicação personalizada: foi escrita na noite anterior à artista ir para estúdio aonde acabou por gravar o tema.
Já na fase final, em “Sereia”, tivemos o único momento em que a voz uniu-se à viola de Manuel Ferreira sem a introdução de elementos eletrónicos. Vian passou a canção toda sentada/ajoelhada num momento tocante e introspetivo.
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Rita Vian num momento mais introspetivo // © Alexandra Fernandes - mais fotos aqui Apesar dos refrões serem repetitivos, são interpretados com uma cadência bem delineada, ficam na cabeça e amplificam as canções. Nesta mescla de batidas eletrónicas com a voz límpida de Rita e a claríssima inspiração no Fado temos uma artista diferenciada de enorme valor musical.
“Tua Mão”, “Caos’a” e “Tentar Sempre” (com Manuel) foram as últimas tocadas antes de uma merecida salva de palmas por um público com muitos fãs a interiorizar tema após tema.
O encore surgiu naturalmente. A “Vida a Dois” com Vian sentada no meio do palco numa interpretação muito sentida e bonita seguiu-se “Tudo Vira” para fecho perfeito de final de tarde.
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Rita Vian e seus acompanhantes nos agradecimentos da praxe // © Alexandra Fernandes - mais fotos aqui
A Rita Vian atua agora em Gouveia no próximo dia 25 e encerra o mês, dia 31, com atuação no evento gigante que é Primavera Sound de Barcelona. Ela é a única lusitana a fazer parte do cartaz espanhol em 2024. À sua 7ª edição o ‘Sonoridades’ merece, pelas 4 excelentes atuações bem como das condições proporcionadas no auditório, elogios pelo alto nível da produção e da respetiva organização. A boa adesão de público teve o ponto alto com casa esgotada em Rita Vian, efetivamente foi a cereja no topo do bolo.
Agora resta-me guardar as boas memórias deste ano e aguardar por mais em 2025.
Reportagem fotográfica de Rita Vian: Clicar Aqui
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Rita Vian // © Alexandra Fernandes - mais fotos aqui Texto: Edgar Silva Fotografia: As de Luca Argel: Município de Santo Tirso As de Rita Vian: Alexandra Fernandes - @alexandra.fernandes.ph
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headlinerportugal · 7 days
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Boa Fúria eletrónica de Manuel e Bicho Carpinteiro com surpreendente “tradição aumentada” - Sonoridades 2024 (1ª parte) | Reportagem Completa
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Bicho Carpinteiro, a maior surpresa do evento // © Foto de Neia Gomes A Câmara Municipal de Santo Tirso em parceria com a produtora 1Bigo realizaram mais uma edição do Sonoridades, neste ano aconteceu a sétima edição. Tal como nas edições anteriores os concertos realizaram-se no Centro Cultural Municipal de Vila das Aves.
A programação iniciou-se com a pop-eletrónica de Manuel Fúria & Os Perdedores na última quinta-feira, 2 de maio.
Na sexta-feira, 3 de maio, atuou o duo Bicho Carpinteiro e tiveram a companhia de alguns elementos do Grupo Etnográfico de Vila das Aves.
Já no sábado, 4 de maio, foi a vez do brasileiro Luca Argel. Este ano coube a Rita Vian, no domingo 5 de maio, a performance de encerramento deste evento.
Pela primeira vez marquei presença em todos os concertos. Em 2023 assisti a dois concertos: de O Gajo e André Henriques cuja reportagem pode ser lida aqui. Na sequência de ter sido uma experiência muito positiva, foram dois belíssimos concertos, decidi repetir a ida ao acolhedor Centro Cultural Municipal de Vila das Aves e replicar a experiência por quatro.
Dia 1 - Manuel Fúria & Os Perdedores
Manuel Fúria & Os Perdedores foi o projeto que se apresentou na primeira jornada e foi, para mim, uma estreia completa. Para uma quinta-feira à noite, numa vila bastante sossegada, ter a sala bem composta foi um bom prenúncio. A tal não será alheio o facto de Manuel Fúria, lisboeta de nascença, ter crescido e estudado em Santo Tirso nomeadamente no Instituto Nun'Alvres.
Manuel Fúria não é um nome desconhecido do panorama musical português: fez parte da banda Os Golpes entre 2008 e 2011, mais tarde iniciou a sua aventura a solo com o projeto Manuel Fúria & Os Náufragos.
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Ambiente denso em palco // © Foto do Município de Santo Tirso Esteve quatro anos afastado das lides públicas reapareceu, em 2022, com esta sua nova empreitada intitulada de Manuel Fúria & Os Perdedores tendo em vista a finalidade “de fazer música de dança pura e dura”, como o próprio assim o explicou. Por isso não foi de achar extraordinário um interlúdio pré-entrada com sons de “Da Funk”, tema conhecido dos míticos Daft Punk.
Entrada essa que ocorreu às 22:10h por entre um acentuado fumo no qual Manuel fez-se acompanhar por um músico que se ocupou das teclas, da bateria eletrónica e dos samples. Entre o jogo de luzes bem vivas e cintilantes em ritmo apressado e o referido fumo nem deu para notar a cara dos artistas, em destaque somente as suas silhuetas. Só mesmo mais para a parte final é que deu para reparar na t-shirt que vestia aludindo "Os Perdedores".
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Músico de apoio de Manuel Fúria // © Foto do Município de Santo Tirso Editado em 2022 “Os Perdedores” foi o trabalho discográfico saliente neste concerto. Um universo dançante entre synth-pop e o eletro-pop com um intenso travo retro(cedendo) às décadas 80 e 90 com letras cantadas em português. Fúria revelou que muitas destes temas foram inspiradas pelos caminhos do "profícuo concelho de Santo Tirso". Uma zona que bem conhece e curiosamente disse também ser estranho para ele atuar perante caras familiares sobre situações que o artista viveu nesta região nortenha.
Deste trabalho discográfico tocou, por exemplo, “Catedral de Notre Dame”, “Católico Menino Manco” ou “Blandina de Lyon”, entre outras. Efetivamente foi o foco central da atuação.
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Manuel Fúria em versão duo // © Foto do Município de Santo Tirso Os primeiros pezinhos de dança de Manuel surgiram em “Interlúdio”, ele que fez questão de afirmar: "Não vim para falar, vim para pôr a música a tocar".
Em “O Novo Normal”, a última antes do encore, o público colaborou e entoou o refrão “Eu tenho de me esvaziar” de maneira bastante afinada para agrado do artista. No bis Manuel recuou a 2017 e ao álbum ‘Viva Fúria’ tendo interpretado “Canção Infinita” para satisfação de alguns membros do público que a requisitaram.
A atuação decorreu perante um público atento e sentado confortavelmente, sem grandes manifestações, excetuando umas salvas de palmas aqui e acolá nomeadamente na transição dos temas.
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Manuel Fúria e a sua expressividade // © Foto do Município de Santo Tirso Pela primeira vez assisti a um concerto deste músico e não saí desiludido. Manuel Fúria tem uma abordagem refrescante indo buscar elementos do universo eletrónico criando, à sua própria maneira “tuga”, algo divergente do que existe no mercado com o seu particular cunho e timbre vocal.
Dia 2 - Bicho Carpinteiro
Rui Rodrigues (viola beiroa, cavaquinho, bombo tradicional, sintetizador e voz) e Diogo Esparteiro (viola toeira, cavaquinho, bombo tradicional e voz) são o duo que compõe o projeto Bicho Carpinteiro.
Músicos já com imensa tarimba, Rui fez parte dos Donna Maria e Dazkarieh por exemplo. Já Diogo tem a vida musical marcada por projetos como Royal Bermuda ou Pás de Problème.
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Diogo Esparteiro // © Foto de Neia Gomes Nesta incursão nortenha à Vila das Aves foram apoiados por Tom Neiva na percussão.
Mal cheguei à sala de espetáculos deparei-me com muitas pessoas em modo de espera no hall de entrada, sobretudo gente de faixas etárias mais elevadas. A tal não achei incomum pois o Grupo Etnográfico de Vila das Aves teria uma participação no concerto desta sexta-feira, 03 de maio. A sala ficou muito bem composta porém não teve todos os lugares ocupados.
Fui o primeiro a fazer a entrada dentro do auditório e mal tomei o meu lugar, central dentro das primeiras filas, deparei-me com um imenso layout em palco bastante recheado de instrumentos. Instrumentos tradicionais (de corda e percussão como bombos) cruzam-se com um sintetizador e um portátil que fez de “caixinha mágica” ajudando à introdução de sons samplados. Tal fez subir a minha expetativa e logo aí antevi uma noite bem especial e diferenciada.
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Tom Neiva na percussão // © Foto de Neia Gomes O trio de músicos entrou pelas 22:11h por entre as palmas iniciais do público. Deu para notar que seria um concerto com direito a projeções vídeo, infelizmente muitas dessas produções audiovisuais passaram um bocado despercebidas devido ao jogo de luzes encobrirem a tela. Este projeto Bicho Carpinteiro é recente, o álbum homónimo de estreia foi editado muito recentemente, em novembro de 2023. Os temas deste trabalho discográfico que têm vindo a exibir ao vivo nos últimos meses um pouco por todo o país.
"Bruma" é a faixa de abertura deste disco e foi igualmente escolhida para início desta atuação. Logo aí deu para sentir ligeiramente a boa vibração que o resto da noite iria ter, mesmo um “bom feeling”, expressão a fazer lembrar a canção da malograda Sara Tavares falecida na reta final de 2023.
“Aioioai” aparece à terceira interpretação sendo a primeira com vozes. Este foi o tema que elencou oficialmente o projeto tendo sido o single de debute. Em “Beco das Flores” já o público participava ativamente com palmas bem ritmadas.
Rui Rodrigues tomou conta das honras das partilhas com o público tendo revelado que o som deste projeto é "música tradicional portuguesa com eletrónica" onde existe uma clara “inspiração tradicional” resultando numa “tradição aumentada” na qual agregam a modernidade com o antigo.
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Rui Rodrigues // © Foto de Neia Gomes Às sonoridades típicas que os diversos instrumentos de cordas e percussão (como bombos) proporcionam oferecem ainda uma camada extra pelo generoso contributo de sons digitais emanados dos sintetizadores, beats e vocalizações pré-gravadas. Uma fusão bem proporcionada entre passado tradicional e modernidade eletrónica. As vozes da dupla são a cereja no topo do bolo.
 “Os Lobos” de Rino Lupo é um filme mudo já com mais de 100 anos foi musicado pelos Bicho Carpinteiro e um dos temas foi interpretado enquanto passavam imagens dessa película. Este foi o primeiro momento diferenciado da noite. O seguinte foi a participação especial de 8 elementos do Grupo Etnográfico de Vila das Aves, coletividade que conta com cerca de 50 elementos no total. Estes músicos “juntaram-se à festa” e colaboraram em três temas, em "Ventos da Arada" e na interpretação de duas canções tradicionais. Eles que ensaiaram presencialmente uns tempos antes e como é da praxe nortenha foram tratados de modo superlativo. Já a química foi fácil e Rui acabou por confessar que nem foi necessário um empenho enorme.
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Bicho Carpinteiro com os elementos Grupo Etnográfico de Vila das Aves // © Foto de Neia Gomes O tema que deu origem aos Bicho Carpinteiro, não está editado, chama-se “Solidão” e foi tocado. Por esta altura, a generosa e positiva vibe sentida entre o palco e o público, a constatação da boa disposição de Rui, Diogo e Tom eram fatores reveladores da agradável noite que todos estavam a usufruir.
Com "Violas Temperadas" e "Larai Larai" já estávamos na fase mais mexida deste set no qual a banda deixou o público à vontade caso quisesse sair do lugar e bailar. A banda nem saiu de palco pois o encore foi solicitado imediatamente pelo público e acedido graciosamente de imediato. “Aioioai” foi novamente entoado para um bonito final pelas 23:26h.
Este meu baile de estreia com os Bicho Carpinteiro efetivamente revelou-se uma surpresa graciosa, a qual acolhi de bom grado. Certamente irei repetir a experiência com uma expetativa superior.
Este texto contempla com as experiências nos concertos de 2 e 3 de maio, respetivamente de Manuel Fúria e Bicho Carpinteiro, sendo a 1ª parte no contexto do ‘Sonoridades’ 2024. A 2ª parte que contempla a visão sobre dos concertos dos dias 4 e 5 de maio, respetivamente de Luca Argel e Rita Vian pode ser consultado aqui.
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Panorama do auditório // © Foto de Neia Gomes Texto: Edgar Silva Fotografia: As de Manuel Fúria: Município de Santo Tirso As de Bicho Carpinteiro: Neia Gomes - @neia_art
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headlinerportugal · 1 year
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Sonoridades: O Gajo e André Henriques proporcionaram concertos exclusivos | Reportagem
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A Câmara Municipal de Santo Tirso em parceria com a produtora 1Bigo realizaram este ano mais uma edição do Sonoridades. Tal como nas edições anteriores os concertos realizaram-se no Centro Cultural Municipal de Vila das Aves.
A programação iniciou-se com a pop-eletrónica dos :Papercutz na última sexta-feira, 28 de abril e no dia seguinte atuaram os Glockenwise. Marquei presença nos outros dois concertos: o de O Gajo ocorrido no domingo e no de André Henriques no 1 de maio, Dia do Trabalhador.
O Gajo, projeto do lisboeta João Morais entrou em palco 10 minutos depois da hora agendada e teve uma sala muito bem composta. Perante o incrível espetáculo que presenciei, até fiquei um pouco triste por não ter tido a lotação esgotada. Realmente superou a minha melhor expetativa.
Editado no passado dia 23 de março ‘Não Lugar’, o último trabalho discográfico, esta a ser promovido pelo artista mais intensamente e nesta performance na Vila das Aves foi bem destacado.
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O Gajo a apresentar as suas canções // © Foto da Câmara Municipal de Santo Tirso A Viola Campaniça é a razão do ser deste O Gajo desde 2016. Encontrou na Campaniça a maneira de fazer uma marca própria ao nível do instrumento local, ao invés de continuar a explorar guitarras estrangeiras.
Além de João Morais e da Campaniça outros também foram protagonistas nesta noite especial, mais à frente irei referi-los.
As músicas instrumentais de O Gajo têm uma intensidade bem própria, o empenho do artista a tal, como óbvio, não é alheio. Além da Viola Campaniça, João Morais também deu trabalho aos seus pés na manipulação de bombo e pandeireta.
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O Gajo bem acompanhado pela Campaniça // © Foto da Câmara Municipal de Santo Tirso Depois de uma intro, o primeiro tema tocado “Tarântula”, um dos mais recentes e igualmente a faixa de abertura de ‘Não Lugar’. Deste álbum “Rebeldança” foi também interpretada.
 “Miradouro da Batucada” e “Cacilheiro” não faltaram na setlist e são inspiradas em Lisboa, como o músico fez questão de frisar nas suas interações com o público.
Na interpretação de “Vagabundo” (do EP ‘As 4 Esta​ç​õ​es: Santa Apol​ó​nia’) teve a originalidade de ter sido projetado o videoclipe do tema, no qual uma marioneta à imagem de O Gajo tocava o tema. A performance foi conseguida de forma bem sincronizada.
Com a entrada de 9 músicos do Grupo de Sanfonas da Escola de Música Tradicional da Ponte Velha, escola de Santo Tirso, o concerto entrou numa dimensão. 8 sanfonas e 1 bombo juntaram-se a João Morais e deram um colorido sonoro arrepiante e, assim de repente sem estar a contar, fui transportado para um imaginário da idade média... "Céu Cinzento" e "Há uma Festa Aqui ao Lado", temas de O Gajo e “Toma Lá Dá Cá” da música tradicional portuguesa foram as escolhidas para este momento indelével.
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O Gajo com o grupo de sanfonas // © Foto da Câmara Municipal de Santo Tirso O concerto prosseguiu com “Homens de Gelo” e “Bailão e Pedro Cigano”. Quando parecia que o concerto iria ter o seu final, eis que fomos surpreendidos com mais 2 temas. O final aconteceu com o regresso dos músicos do Grupo de Sanfonas da Escola de Música Tradicional da Ponte Velha a pedido de João Morais e tivemos mais um bonito momento musical. Foi mesmo a cereja no topo do bolo. -------------------------------------------------------------------------
A tarde esteve solarenga e depois de um belo passeio com melhor companhia do planeta, eis que eu e a minha namorada seguimos para um fecho de Dia do Trabalhador em excelente estilo: escutar ao vivo André Henriques. Desta vez, na Vila das Aves, o artista atuou a solo. Ao invés do concerto de Fafe (em 2020) quando tocou acompanhado de banda e ao qual tive também a oportunidade de assistir. A reportagem desse evento fafense está disponível aqui.
O músico lisboeta, sobejamente conhecido por fazer parte dos Linda Martini, tem agora também uma carreira a solo. Nesta aparição no concelho de Santo Tirso deu, o que podemos chamar, um concerto exclusivo. Tal como o próprio referiu fez “estreia mundial” de algumas canções novas. Aproveitou a ocasião para as estrear apesar de ter estado dividido, se o fazia ou não.
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André Henriques em palco // © Foto da Câmara Municipal de Santo Tirso Quem esteve presente… Teve este belo presente. De ouvir pela primeira vez as canções “Engaço”, “As Janelas são de abrir” (as duas primeiras interpretadas), “Espanto” ou “Os Fantasmas de Amanhã”. Esta última já foi lançada e já pode ser escutada nas plataformas do costume.
André Henriques revelou que este próximo trabalho discográfico ainda não tem data definida para ser editado mas que deverá acontecer depois do verão. Um álbum marcado pela mudança de casa.
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André Henriques a estrear novas canções // © Foto da Câmara Municipal de Santo Tirso ‘Cajarana’, o disco de estreia foi editado em 2020, poucos dias antes da pandemia do Covid19 ter, oficialmente, chegado a Portugal. Deste álbum tocou várias canções como, por exemplo, “Uma Casa na Praia”, “Pais e Mães e Bichos”, Platão Pediu um Gin” (o artista explicou que o tema fala de solidão e não de filosofia)e “De Tudo O Que Fugi”. Esta última no encore e foi mesmo a derradeira.
A atuação foi incrível e seguida por quem esteve lá (infelizmente a sala não esteve totalmente cheia) com todo o empenho e atenção. Uma performance intimista, num cenário minimalista em tons negros tendo André feito um belíssimo uso da sua voz e das suas três guitarras.
No acolhedor Centro Cultural Municipal de Vila das Aves foi mesmo um verdadeiro gosto ter assistido a este dois belíssimos concertos.
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Visão geral do Auditório // © Foto da Câmara Municipal de Santo Tirso Texto: Edgar Silva Fotografia: Fotos Oficiais da Câmara Municipal de Santo Tirso
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