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silvadan · 18 days
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Admirável Mundo Novo | Por Daniel Oliveira
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Quando se trata de ficção científica que aborde o tema de distopia, não se pode deixar de comentar sobre “Admirável Mundo Novo”, escrito por Aldous Huxley. Inicialmente somos apresentados a um mundo “utópico”, na visão dos seus administradores. Um mundo em que a sociedade é de certa forma estável, onde os bebês são gerados através de uma tecnologia similar à fertilização in vitro e são estimulados de formas diferentes e segregados de acordo com a sua função para aquela sociedade. 
Conforme somos introduzidos no universo da nova Londres, podemos identificar um governo autoritário e fascista que divide a sociedade em um modelo de castas e estimula cada cidadão para obedecer, manipulando-os desde a infância até o desenvolvimento adulto. Os objetivos dos mesmos é manter o controle da sociedade, determinando uma conscientização de classe obediente para manter uma estabilidade social. Ao longo da história conhecemos o Bernard Max e a Lenina. Passamos a acompanhar a história de Max, que, segundo Lenina, sofreu alguns problemas na fase do crescimento, deixando-o um pouco diferente dos seus iguais, as castas superiores. 
Max não é tão alto, nem tão adepto ao seu grupo, entretanto apresenta uma intelectualidade peculiar, na qual questiona bastante a forma como os seus colegas se comportam, inclusive com as mulheres, já que em seu mundo não existe relacionamentos amorosos e os casais servem apenas para satisfação carnal. Ao decorrer da história, é apresentada uma droga chamada "Soma", que estimula um transe, deixando a pessoa mais leve e sedada de uma forma que não há mais preocupações em suas mentes. Max se percebe um pouco excluído do seu grupo, pois não se sentia igual aos seus colegas e não gosta de consumir a Soma por conta dos efeitos. Ele prefere a sensação de ser mais original, agir por si mesmo e de conduzir a sua própria vida.
Após essas percepções, Max e Lenina resolvem viajar para curtir umas férias no México. Durante a viagem, a história apresenta uma terra com uma sociedade totalmente diferente, onde vive um povo chamado de “Selvagens”. Conforme a introdução de um novo personagem denominado John, o “selvagem”, a história começa a apresentar um embate cultural e demonstrar que independente da cultura das sociedades apresentadas, os indivíduos possuem um papel que foi imposto. Nesses modelos de sociedades não há escolhas, há apenas um padrão a ser seguido, mas, a partir do momento em que é estimulada a busca por conhecimento através da leitura e da crítica, ocorre uma quebra de paradigma e um choque de identidade.
Por fim, analisando toda a discussão, principalmente após o último capítulo do livro, o autor apresenta algumas cenas nas quais o objetivo da busca por autoconhecimento é árdua e requer resistência diante uma força maior, que tenta impedir que alcancem seus objetivos. Entretanto, se essa “força maior” retirar as necessidades básicas e sua qualidade de vida, um dos únicos objetivos restante é a sobrevivência. No fim das contas, se a mão que governa retirar as necessidades básicas e a paz de espírito que restava, ela acaba usurpando a vida daqueles que tentam resistir. Após toda a leitura, cabe ressaltar a importância da busca pelo autoconhecimento e a criticidade sobre a nossa função na sociedade. Além do nosso emprego e da nossa classe somos seres humanos, somos todos importantes e em cada um, há um sonho, há um universo e cabe a nós encontra-los.
Referências
Huxley, Aldous, 1894-1963 Admirável mundo novo/Aldous Huxley; tradução Vidal de Oliveira -22ª ed. - São Paulo: Globo, 2014.
Imagem < https://anatomiadapalavra.com/2018/05/31/minhas-leituras-71-admiravel-mundo-novo-aldous-huxley/ >
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