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schizofia · 1 year
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O que é um rizoma? Introdução a Mil Platôs
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schizofia · 1 year
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"Acabam as chuvas por se perder quando o ar que as engendrou as precipita no seio da terra-mãe; mas surgem as brilhantes searas e verdejam os ramos das árvores, e crescem elas próprias e se carregam de frutos. Deles se alimentam a nossa raça e a raça dos animais bravios, por eles vemos as alegres cidades florescerem em crianças e cantarem os bosques frondosos com suas aves novinhas; é por eles também que as ovelhas, que de gordas se cansam, deitam nos pastos os corpos nédios e o lácteo resplandecente néctar líquido lhes mana dos úberes pejados; é por eles, juvenil cabeça perturbada pelo leite puro. Por conseguinte, não é destruído inteiramente nada do que parece destruir-se, porque a natureza refaz os corpos a partir uns dos outros e não deixa que nenhum se crie senão pela ajuda e da morte de algum outro" (Lucrécio, Da Natureza das Coisas, 250~264)
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schizofia · 1 year
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Definição de rizoma
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Qualquer definição é um trabalho herético. Definições deixam de lado o que importa. Ao invés de nos perguntarmos "o que um rizoma?" é melhor nos questionarmos: "do que um rizoma é capaz?"
1° e 2° - Princípio de conexão e de heterogeneidade
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O rizoma não tem começo e nem fim. Qualquer ponto do rizoma pode ser conectado a outro. Isso o difere muito da "árvore".
A história da filosofia gosta muito de árvores. As árvores, os sistemas, operam na chave da hierarquia. Temos conhecimentos superficiais que se subordinam a conhecimentos mais profundos, primitivos, originários. Como exemplo, olhe a árvore metafísica de Descartes, descrita nas Meditações Metafísicas. No topo, nos galhos, temos a engenharia, a medicina, a moral; todos esses conhecimentos são pautados por um tronco, a física, física mecanicista que dita as leis que governam os corpos extensos; e por fim, abaixo dessa física, encontramos a base que sustenta tudo. A raiz da árvore do conhecimento é fundada na metafísica. A metafísica, o além da física, funda a física na medida que ela nos provém com os conhecimentos mais precisos acerca da realidade, o qual a ciência dependeria. Desta forma, temos uma ordem, uma hierarquia de conhecimentos subordinando uns aos outros. Violar essa ordem é um erro, um crime.
O rizoma, por outro lado, opera com base nesse crime. Cada ponto no rizoma, cada área do conhecimento, remete-se a outra indefinidamente. Sem fim. Diferentes regimes de signos são colocados em jogo, diferentes estados de coisas. "Um rizoma não cessaria de conectar cadeias semióticas, organizações de poder, ocorrências que remetem às artes, às ciências, às lutas sociais" (Mil Platôs Vol. 1, p.23).
3° - Princípio de multiplicidade
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"As multiplicidades são rizomáticas e denunciam as pseudomultiplicidades arborescentes." (Idem)
A multiplicidade provindo da árvore é "múltipla". É preciso atentar-se a palavra. Ela somente é "múltipla" mas não é multiplicidade em si. Quando enquadrada na forma do substantivo, a multiplicidade torna-se uma psuedomultiplicidade na medida que ela entra no jogo da oposição de predicados (a boa e velha dialética).
"O múltiplo opõe-se ao uno. "
Mas aonde que está o problema desta afirmação? Pois ela não captura o real movimento da multiplicidade. A multiplicidade é anterior ao conceito. Isso porque, o conceito depende da identidade. Ele depende da estabilidade do objeto e, principalmente, do sujeito que pensa esse objeto. Se não há sujeito, não há conceito, não há...
O erro está em dizer que não haveria pensamento. O pensamento, ao contrário do que muitos pensam, ocorre, não por conta do sujeito, mas através do sujeito. O sujeito é apenas o veículo do pensamento, este pensando e criando, criando (sem querer) o sujeito na medida em que ele pensa o mundo.
"Uma multiplicidade não tem nem sujeito nem objeto, mas somente determinações, grandezas, dimensões que não podem crescer sem que mude de natureza" (Idem)
Não existem pontos, muito menos posições em um rizoma. temos apenas linhas. As conexões formadas pelas multiplicidades, a sobreposição de diferentes dimensões (dimensões, os regimes das diferentes multiplicidades) formam o plano de consistência. Esse plano vai crescendo cada vez que se adicionam mais multiplicidades. Mas a multiplicidades se definem pelo que escapa o plano de consistência.
Mas pelo que a multiplicidade se define? Pela linha abstrata. A linha abstrata. ou linha de fuga, desterritorialização, muda de natureza no momento em que ela se conecta [a outra multiplicidade]. A linha de fuga opera 3 operações:
faz um limite ao número de dimensões que a multiplicidade pode preencher;
a impossibilidade de uma dimensão suplementar;
o achatamento de todas as multiplicidades.
O terceiro ponto faz com que todas elas adentrem um mesmo plano de consistência (ou uma mesma exterioridade). Estando todas no mesmo plano, não há possibilidade de transcendência ou de hierarquia. De forma semelhante opera o segundo ponto. No momento a linha de fuga tenta formar uma dimensão suplementar, subordinável a uma outra dimensão, a multiplicidade muda de natureza. Ela muda de regime. Assim há sobreposição de multiplicidades e constante transformação de sua natureza. Há sempre constante criação de dimensões. N dimensões. Mas o número de combinações da multiplicidade, apesar de beirar o infinito, não é infinito. Ela possui um limite imanente, traçado pela própria linha de fuga [que define a multiplicidade pelo seu exterior].
"As multiplicidades planas a n dimensões são a assignificantes e assubjetivas. Elas são designadas por artigos indefinidos (é grama, é rizoma...)" (Idem, p. 25)
4° - Princípio de ruptura assignificante
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É impossível impor um significado ao rizoma. Dar significado é esquartejar, cortar a realidade. É impossível cortar o rizoma. Afinal, dá em nada. Quanto mais cortamos, mais eles se proliferam. Ele pode ser quebrado em qualquer lugar, que ele retoma em uma de suas outras linhas. "Todo rizoma compreende linhas de segmentaridade segundo as quais ele é estratificado, territorializado, organizado, significado, atribuído, etc..." (Idem). Contudo, ao mesmo tempo que isso é verdade, ele também possui linhas de desterritorialização, linhas estas que fazem com que ele "[fuja] sem parar". Ele sempre escapa ao significado. Ele nunca pode ser perfeitamente enquadrado pelo conceito.
O processo de fuga é imanente ao rizoma. Sempre que há significação, estratificação, há a conversão do restante que escapa a significação em linha de fuga. As linhas que escaparam, entrelaçam-se com outras linhas de fuga, formando novamente o rizoma.
"É por isto que não se pode contar com um dualismo ou uma dicotomia, nem mesmo sob a forma rudimentar do bom e do mau" (Idem, p. 26)
Em outras palavras, é tudo tão arbitrário que nenhum dualismo suporta sua própria significação. Há sempre algo que escapa a significação.
Ao mesmo tempo que isso é uma maravilha, aí que está o perigo. Pois sendo tudo arbitrário, com a linha de fuga sempre escapando a estratificação, temos a chance de a linha de fuga, em sua reconstituição, ser restratificada pelo poder, ser cortada pelo significante, de modo que, volte o sujeito, e tudo que vem junto dele: as fantasias edipianas, as fantasias nazistas, etc...
"Os grupos e os indivíduos contém microfascismos sempre à espera de cristalização" (Idem)
A linha de fuga pode tornar-se uma linha de suicídio, uma linha de investimento fascista. Mas é aí que está a beleza do rizoma e a possibilidade do novo. Sempre há risco, sempre há perigo. O "bom e o mau" são produtos temporários da estratificação do rizoma. Eles são destruídos através do combate, da confrontação. A luta coletiva força uma nova restratificação, um novo sentido ao rizoma... que enfim dessa vez, escape da linha suicida.
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schizofia · 1 year
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schizofia · 1 year
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"Todo escritor escreve dois livros, diz Malville, um que só usa tinta e outro que é escrito com o sangue e a angústia da alma"
(p. 3, tradução livre)
O erro de Freud, então, estaria em tentar ler o livro da alma no livro de tinta. Para ele, o significante expressam adequadamente o significado, mediatizando o inconsciente para a consciência.
Mas é possível trazer o profundo a superfície? Há um "cisma" entre as duas séries. Elas não se comunicam diretamente, mas possuem uma estranha relação. Relação essa que não pode ser simplesmente representada pela expressão. A expressão não explica como as duas séries (o inconsciente e o consciente, a cópia e o modelo, a aparência e a realidade) se relacionam: ela é o silenciamento da própria questão.
Isso fica muito evidente na relação entre o complexo de Édipo e a censura. Para Freud, nós repetimos pois reprimimos. O síntoma que vem a superfície é uma mensagem codificada de um evento traumático. Por issoq ue repetimos, repetimos e repetimos o evento traumático. Porém, Deleuze vê o contrário. Nós reprimimos porque nós repetimos. Isso porque, para Freud, Édipo é a causa e, não podendo reprimi-lo acabamos por repeti-lo.
Mas o que está em jogo nessa repetição? Essa repetição esconde a real causa. Ela esconde que o Édipo nem é causa, como é causado. Édipo é fruto do social, da repressão social. A repressão desloca o desejo, dando a luz a um desejo de punição, um sujeito pronto para ser punido. Seu desejo é sabotado de modo que, ele espere a punição e identifique nela seu desejo. ("Ah então é isso que eu sempre quis!").
Essa identificação da repressão com o desejo é um direto correlato com o tornar a repressão expressão do desejo. O desafio deleuziano é justamente esse: como pensar a relação entre as duas séries, sem pressupor uma identidade? Um direto correlato? Em outras palavras (e isso fica muito visível em D&R), como pensar as duas séries mantendo sua diferença radical?
É preciso de uma nova hermenêutica.

Ian Buchanan, Deleuzianism: a Metacommetary (pg.3-9)

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schizofia · 1 year
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Desire is productive, productive of the real. Desire does not desire lack. Lack, castration, phallus. Those words are forbidden for desire-production. It desires what it cannot have because it is an investment in the social field, striving for its max limits, just in order to destroy it and retry this process all over again.
why do people always want what they cannot have
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schizofia · 1 year
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"𝘛𝘳ê𝘴 𝘣𝘪𝘭𝘩õ𝘦𝘴 𝘥𝘦 𝘱𝘦𝘳𝘷𝘦𝘳𝘵𝘪𝘥𝘰𝘴: 𝘎𝘳𝘢𝘯𝘥𝘦 𝘦𝘯𝘤𝘪𝘤𝘭𝘰𝘱é𝘥𝘪𝘢 𝘥𝘢𝘴 𝘩𝘰𝘮𝘰𝘴𝘴𝘦𝘹𝘶𝘢𝘭𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦𝘴". 𝘖 𝘨𝘰𝘷𝘦𝘳𝘯𝘰 𝘧𝘳𝘢𝘯𝘤ê𝘴 𝘢𝘱𝘳𝘦𝘦𝘯𝘥𝘦𝘶 𝘦 𝘥𝘦𝘴𝘵𝘳𝘶𝘪𝘶 𝘵𝘰𝘥𝘰𝘴 𝘰𝘴 𝘦𝘹𝘦𝘮𝘱𝘭𝘢𝘳𝘦𝘴 𝘥𝘢 𝘳𝘦𝘷𝘪𝘴𝘵𝘢 𝘦 𝘢𝘱𝘳𝘦𝘴𝘦𝘯𝘵𝘰𝘶 𝘲𝘶𝘦𝘪𝘹𝘢 𝘤𝘰𝘯𝘵𝘳𝘢 𝘍é𝘭𝘪𝘹 𝘎𝘶𝘢𝘵𝘵𝘢𝘳𝘪, 𝘰 𝘦𝘥𝘪𝘵𝘰𝘳 𝘥𝘢 𝘳𝘦𝘷𝘪𝘴𝘵𝘢, 𝘢𝘤𝘶𝘴𝘢𝘯𝘥𝘰-𝘰 𝘥𝘦 “𝘤𝘰𝘯𝘧𝘳𝘰𝘯𝘵𝘢𝘳 𝘢 𝘥𝘦𝘤ê𝘯𝘤𝘪𝘢 𝘱ú𝘣𝘭𝘪𝘤𝘢
"Para acabar com o massacre do corpo" é a extensão de "Como acabar com o juízo de Deus" de Antonin Artaud. O juízo de Deus ordena o organismo, decreta o certo funcionamento dos órgãos. Qual a maneira certa de organizar um corpo? Qual a forma correta de se usar um pênis? O julgamento de Deus assimila uma função a cada órgão, determinando seu fim.
"Para acabar com o massacre dos órgãos" opera de modo semelhante, com a diferença que Guattari deixa explícito os mecanismos psicossociais empregados pelo capitalismo. Psicossociais pois não é possível separar a psicologia do social. A economia libidinal e a economia política são uma e a mesma economia. É nesse sentido que é possível afirmar que o capitalismo é um "regime de castração", a maior institucionalização do masoquismo. E esse regime de castração produz um objeto. O neurótico, culpado e submisso. Um "Mim" (moi) estranho a Eu (je). Um alien opressor.
O capitalismo é tão fudido que ele não atribui algozes. Ele nos torna um. O "Eu" produzido, nossa identidade, é um "Eu" socialmente produzido e produzido para nos oprimir. A identidade só é estabelecida através de uma opressão. O conceito só é definido após dia imposição violenta sob o sensível. O nosso conceito, a nossa identidade enquanto sujeitos pensantes fixos, é uma identidade de punição, é um mecanismo de fixar as relações de poder e de manutenção da estrutura social.
"We can no longer sit idly by as others steal our mouths, our anuses, our genitals, our nerves, our guts, our arteries, in order to fashion parts and work in an ignoble mechanism of production which links capital, exploitation, and the family"
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schizofia · 1 year
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Japan 'Ghosts' é sem sombra de dúvidas um som assombrado
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schizofia · 1 year
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Criei a conta inspirado no Mark Fisher. Seu K-blog me inspira. Começarei a escrever minhas reflexões e minhas anotações nesse site. Sintam-se livres para usar do material que encontrarem aqui.
Ainda não sei como usar essa merda
Mas daqui a pouco escrevo algo
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