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MEU PAI É O CULPADO PELO BOLSONARO
O Brasil comemora o dia dos Pais. Isso teve um significado importante por um tempo. Não sei bem quando os brasileiros perceberam que comemorar datas serve, unicamente, para incentivar uma economia. É um desafio. Pergunte ao Ministro das Finanças se ele não gostaria de criar um dia comemorativo para cada sexta-feira do ano.  Nesse dia dos Pais, eu compreendi que tudo que está errado no Brasil, a é culpa do meu pai. Agora a culpa não é unicamente do pete. É do meu pai também. Essa conclusão não se trata de falta de amor. O meu pai é sensacional. Você precisa apenas saber que ele é apaixonado pelo filme "O Auto da Compadecida”. 
Quando colocamos para tocar o filme na televisão ele é o primeiro a cantarolar, bem baixinho, as investidas do Chicó e do João Grilo. Duas almas me ensinam muito nessa vida: uma é a do meu pai, a outra é a do Ariano Suassuna. É preciso compreender e assumir que pessoas como meu pai, da noite para o dia, decidiram confiar e defender uma ideia que surgiu de uma forma muito singular. Essa idéia era o Bolsonaro. O meu pai conheceu o personagem quando o Pânico na Band era o grande responsável por impulsionar figuras bizarras na televisão.  Aquela personagem perfeitamente incorreta, era o que pessoas como meu pai precisavam para sentar em frente a televisão e admirar os absurdos. Era uma mistura de humor ácido com tragédia brasileira. O insulto era o principal ingrediente e aquilo funcionava perfeitamente. No futuro, ao estudar a história do presidente Jair Messias Bolsonaro, não se pode esquecer o nome do Allan Rapp, o diretor do Pânico. Rapp não imaginava que estava elegendo um presidente da República.  É incrível imaginar que Rapp tinha tanto poder e nem sabia. 
O dia dos Pais também é marcado por uma tristeza profunda. Essa tristeza pode ser sentida longe.  Meu pai está cansado. Eu também estou. A gente só ouve falar de morte. Não tem notícia boa. É uma agonia imensa depender de uma vacina. Nunca imaginamos isso. Quem poderia imaginar? Eu também não esperava que a escolha inocente do meu pai poderia ser, provavelmente, o maior obstáculo diante de uma pandemia de um vírus muito letal. O meu pai compreende que a escolha dele trouxe mais problema que solução para o país. O meu pai também já entendeu que não é possível esperar muito. Uma solução imediata é a única resposta para mais de  cem mil famílias e contando. O meu pai compreende os motivos para que o 'parabéns' pela data de hoje seja em protesto e sem abraços. A culpa pelo Bolsonaro é do meu pai e o gatilho para alguma melhora nesta tragédia brasileira são os pais assumirem que erraram e gritarem por uma mudança. Diferente disso, os filhos dos pais não terão um futuro. 
Renan Brites Peixoto é jornalista da GloboNews e escreve para 13 mil pessoas no Twitter. 
Entre eles, o Pe. Fábio Melo e o Sarg. Peçanha do Porta.
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