“A Vida Breve” -programa de Luís Caetano | Poemas na voz de quem os escreveu
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Ando um pouco acima do chão / I walk a little above the ground(English translation below)
Ando um pouco acima do chão
Nesse lugar onde costumam ser atingidos
Os pássaros
Um pouco acima dos pássaros
No lugar onde costumam inclinar-se
Para o voo
Tenho medo do peso morto
Porque é um ninho desfeito
Estou ligeiramente acima do que morre
Nessa encosta onde a palavra é como pão
Um pouco na palma da mão que divide
E não separo como o silêncio em meio do que escrevo
Ando ligeiro acima do que digo
E verto o sangue para dentro das palavras
Ando um pouco acima da transfusão do poema
Ando humildemente nos arredores do verbo
Passageiro num degrau invisível sobre a terra
Nesse lugar das árvores com fruto e das árvores
No meio de incêndios
Estou um pouco no interior do que arde
Apagando-me devagar e tendo sede
Porque ando acima da força a saciar quem vive
E esmago o coração para o que desce sobre mim
E bebe
© 1998, Daniel Faria
Poesia. Quasi, Vila Nova de Famalicão, 2003
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I walk a little above the ground
In that place where birds
Are usually hit.
A little above the birds
In the place where they usually lean forward
To take flight
I fear dead weight
Because it is a scattered nest
I am slightly above what dies
On that slope where the word is like bread
A little in the palm of the hand that breaks it
And like the silence that attends my writing I do not separate
I walk lightly above what I say
And I pour blood into my words
I walk a little above the poem’s transfusion
I walk humbly through the word’s outskirts
A passer-by one invisible step above earth
In that place of trees with fruit and trees
Engulfed by fire
I’m a little inside what burns
Slowly dwindling and feeling thirsty
Because I walk above power to satiate whoever lives
And I squeeze my heart out for what descends on me
And drinks
© Translation: 2004, Richard Zenith
Fonte: bit.ly/2OEt6Ze
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Soprado por Luís Caetano (A Vida Breve)
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Julião Sarmento
“Retrospetiva - Noites Brancas” - Serralves
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Porque em nenhum lugar ele tem casa.
Nenhum sinal
O prende.
Nem sempre
Há vaso que o contenha.
(Hölderlin)
Lido em “Aparas dos Dias” do João Barrento (edição Companhia das Ilhas)
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Noé Sendas, “Desconocida a.k.a. Unknown (Plate), 2012“
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Peter: Não entendo. O bosque está diante de nós.
Jacob: Vemos o bosque, mas não vemos o trilho.
John Wolf: O trilho já te viu a ti.
(O Estado do Bosque - José Tolentino Mendonça)
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Prinsentuin garden - Groningen
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Acabo de escrever infinita.
Borges, no seu Ficções
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Em grego, «antologia» significa «conjunto de flores»
Alberto Manguel - “O avesso da tapeçaria - notas sobre a arte da tradução”
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Muito antes de os astronautas descreverem o nosso mundo tal como o viam do espaço e tentarem traduzir para nós a sua experiência aparentemente impossível, Paul Éluard já tinha tido (as suas palavras já tinham traduzido) a visão que estava por vir. Escreveu ele:
«A Terra é azul como uma laranja.»
Alberto Manguel - “O avesso da tapeçaria - notas sobre a arte da tradução”
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Adília Lopes
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Primeiro acalma-te
Depois, fica assim
para o resto da vida
Matsu Basho
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