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projetodeprojecoes · 11 months
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Das coisas que não vemos todos os dias
Autoria: Thiago Saraiva Revisão: Ana Coutinho
No dia 10 de dezembro de 2022, aconteceu no Cineclube Tia Nilda, localizado na Favela do Dourado - Cordovil (RJ), a segunda edição do projetodeprojeções. Com curadoria geral de Phoebe Coiote, e a partir de suas pesquisas em artes, o Projeto foi concebido com o propósito de exibir de modo experimental imagens em movimento. 
A nova edição, intitulada Das coisas que não vemos todos os dias foi também a segunda exposição em artes visuais realizada na sede do espaço cultural, criado por Diego Lima - neto da líder comunitária Tia Nilda. O cineclube, que fica a poucos metros da minha casa, há 10 anos atua na região como impulsionador à educação, à cultura local e ao acesso às artes para todas as idades.
  Com o nervosismo da responsabilidade e o deleite de realizar mais um evento na comunidade, há exatos (e coincidentes) seis meses depois, assinei a curadoria ao lado de Coiote e de Lindomberto Ferreira Alves, ou simplesmente, Lindo ou Beto. Uma experiência generosa a três olhares, seis mãos e um (milhão de) propósito(s).
A seguir, compartilho com vocês alguns dos atravessamentos que as 20 obras apresentadas me ofertaram. Inicialmente, este seria um texto curatorial com uma visão panorâmica do que foi exibido no evento, todavia, fui tomado de um enorme desejo de, em devolutiva, ofertar algo de volta para us artistas e para o público que não pode estar presente, o que transformou a escrita, talvez, em um ensaio crítico com certa liberdade poética dividido em dois lados como um LP. Ou deveria dizer que percorri um tobogã de experiências alucinantes que me lançou para tudo que foi lado e me fez banhar por mundos desconhecidamente conhecidos? Bom, deixo que você faça suas próprias questões…
Alguém me avisou para pisar nesse chão devagarinho¹
O que faria alguém se isolar do mundo? Esta foi a primeira pergunta que me veio à mente ao assistir Exílio (2021), de Ana Ximenes. O vídeo, gravado em período de pandemia, apresenta a artista tecendo de modo manual uma espécie de invólucro composto de fio de malha vermelho em torno de si, um corpo gordo em um espaço privado. Suas mãos se certificam das possíveis aberturas para o exterior apesar das brechas de contato, em que partes de seu corpo escapam. Sobre a pele um abrigo nodado, em que suas paredes se tensionam de modo maleável pelo mover do que se está dentro. O trabalho se aproxima ao mesmo passo em que se distancia de Casa Fragmentada (2016), de João Coser. Neste último, nos deparamos com o artista em posição fetal próximo do chão de uma mata. Uma pupa translúcida agarra-se sobre todo seu corpo. Ele move-se vagarosamente de modo que o invólucro placentário estale cada vez mais alto até o limite de seu rompimento. Enquanto os pássaros cantam, assistimos aquele que parece ser o seu primeiro suspiro.
Os aspectos estéticos concebidos remetem ao estágio intermediário entre a larva e o imago, em que alguns insetos constroem em torno de si resistentes casulos para se metamorfosearem em segurança das intempéries. Logo, me fazem questionar se estariam Ximenes e Coser fabulando crisálidas pelas próprias mãos? Se estariam formulando processos de maturação? Cerimoniais solitários e velados para escavar lugares dentro de si? Estariam estabelecendo o autocuidado para se proteger do mundo ou violando as prisões dele? A liberdade como realização do corpo ou a recuperação do pertencimento? E se há recuperação, pressupõe-se que lhe foram tiradus algo ou estão machucadus. Onde…? Seria pertinente reformular a pergunta inicial para: quais isolamentos o mundo constrói para alguns corpos? 
Em Como suspender um gesto pode gerar outro gesto? (2022), Sema faz uso de apenas duas imagens em movimento que se interpolam com sutis variações das mesmas. A primeira captura a chuva que cai no telhado enquadrada por uma uma janela gradeada. A segunda, a movimentação ligeira de um aracnídeo que flutua no ar, em um cômodo escuro atravessado por um ponto de luz e uma teia invisível aos olhos-câmera. As duas imagens em desenvolvimento, sem intimidades aparentes e suspensas em sequência, desencadeiam imaginários e sonoridades familiares: “a dona aranha subiu pela parede…”. 
A delicadeza do gesto-registro desperta o gesto-memória escondido ou desabilitado em nós, convoca o imaginário adormecido de quem um dia tomou banho de chuva do outro lado da grade e, hoje, se protege dela e da criatura inofensiva de oito patas que mora no quarto escuro. Queda do ser-ordinário e elevação de grades, dos muros e do juízo. E também da chuva e da aranha, corpos que se tensionam sem se tocarem. Afinal, é a chuva que derruba a aranha ou aranha que puxa a chuva? 
Quem cresceu em casa com quintal, provavelmente, tomou banho de mangueira, já quem não cresceu em uma, teve a rua como quintal. Maria Ramos em Eu não tomo banho apenas para me lavar (2021) prepara um banho de ervas ao ar livre, nos fundos de uma casa com uma deslumbrante paisagem verde, seu famigerado quintal. Em silêncio, a artista eleva a prática rotineira de lavar-se a um ritual de auto-escuta. Estreita intimidades com o público que a acompanha em um banho de tempo alargado. 
Peraí, em que momento a nossa criança deixou de tomar banhos no quintal? Quais apreensões e repreensões a fizeram se exilar em um retângulo de ladrilhos tendo o mundo todo lá fora? Privados do ar livre, do riso frouxo, da dança, do ridículo, do brincar no relento. Quando crianças somos público. Talvez, no podar do ser-ordinário, algum adulto nos fez acreditar que nem tudo podemos, pois, como confidencia ter ouvido Carolina Lopes, outra artista que participa da exposição: “criança tem fé em tudo, adulto escolhe em o que ter fé”.
E é nessa fé que ela vai, a artista apresenta o vídeo Tudo existe (2020), um close-up em plano único com câmera parada, no qual manipula um saco plástico, desses de supermercado, com as mãos. A cada novo movimento, ligeiro ou ralentado, o corpo-polímero pulsa e é remodelado diante de nós, assim como a pele que atua sobre ele. Ambos se roçam em estado constante de impermanência, comungando das novas possibilidades de existir. Desse modo, o que torna possível a existência? A transformação antecede a existência ou ela acontece junto ao próprio existir? Porém, para se transformar é preciso já existir, certo? Tudo já existe ou depende de quem atua com fé sobre a coisa inexistente? Quais presenças são permitidas existir?
Uma vez, uma amiga me disse, que se desenha o outro para poder tocá-lo, pois se as mãos não podem, os olhos assim o fariam. Em Agrippina R. Manhattan (2018-2022), o autor Marcus Lemos acompanha um dia da artista papagoiaba Agrippina R. Manhattan. O filme mudo é concebido no trânsito entre casa-quintal-ruas-condução-ruas-exposição, em um domingo ensolarado. 
Intrinsecamente, ele carrega o protagonismo de Júlia Agripina Minor (15-59 d.c.), a imperatriz romana, de Agripina de “O guesa errante” (1876-77) do poema de Sousândrade, e de Agripina de “Agripina é Roma-Manhattan” (1972), filme de Hélio Oiticica. A propósito, este último batizou a artista papagoiaba e serviu de livre inspiração para Lemos criar sua própria obra em terras tropicais. 
No fluxo aparentemente banal entre Rio do Ouro, divisa entre São Gonçalo e Niterói, e o bairro Jardim Botânico, vemos os arranha-céus de Manhattan serem substituídos pela imponência da Mata Atlântica do Rio de Janeiro. A presença de Agrippina borra os limites entre estar criando o real e vivendo o ficcional, embaralha o presente fabulado e o passado referenciado. Por vezes, ela se deixa ser contemplada, por outras, encara a câmera como quem consegue ver através dela. E acredito que ela veja.
Faz-se um monumento urbano que, entretanto, é dessacralizado pelos olhos-câmera de Lemos, que o toca afetuosamente. O filme desenha uma celebração video-biográfica de Agrippina ou apenas Pina, como a chama Lemos. Agrippina é tão logo, a rua, a história da arte, a cumplicidade. Agrippina é São Gonçalo-Rio.
Antrópica (2019) do coletivo Fenda transita entre planos abertos e fechados de Mata Atlântica Mineira, nos quais se revelam partes de corpo como braços e pernas. As vozes da mata ocupam os silêncios, as partes desintegradas ecoam palavras não ditas.
Longos galhos, cabelos e raízes que transbordam a tela indicam a presença não apenas do corpo, mas de corporeidades. Há uma entrega inquestionável sobre as superfícies sólidas e a maciez do ar. Amparadas após o susto do impacto,  suspensas com uma morbidez inquietante, vulneráveis em nudez absoluta, sujeitas ao porvir.  A nossa expectativa passiva por um corpo performático, que se daria pelo movimento cênico, é questionada na insistência letárgica que domina cada segundo. As corporeidades reivindicam e frustram qualquer possibilidade de fuga da inércia. 
Caso nos atemos a categoria de humanidade contida nos corpos não identificados, criamos nas imagens recortes, separação, fragmentação, isolamentos, fronteiras. Entretanto, se nos abrimos para a relação de intimidade com o entorno, é possível identificar as ações recíprocas entre o meio e os possíveis fragmentos. Percebemos a integração, os encaixes, as camuflagens, que é expertise de proteção ou ataque de diversos seres vivos. Se questionamos as fronteiras estabelecidas pelo antropocentrismo, entre o ser humano e a natureza, reatamos o pacto de simbiose em prol da sobrevivência como um único organismo, evidenciando a respiração de corporochas, corpomusgos, corporio, corpogalhos, corpoluzes.
O artista Bruno Inokawa confidencia que em uma visita à casa de seus avós japoneses em São Paulo, o avô Keiichi o lança a seguinte fala: “quem é você?”. Uma pergunta que para nós poderia soar um tanto filosófica, na verdade, revela para o neto indícios da perda de memória de seu avô, diagnosticado com Alzheimer. Como se sabe, um transtorno neurodegenerativo progressivo que leva a confusão mental, perda de memória e de outras funções cerebrais.
Com o falecimento de seu avô, Inokawa cria o vídeo Baleiro (2021), dividido em três atos. O Ato I estreia com uma mão que retira a tampa de um baleiro de vidro vazio, daqueles que podemos achar em cristaleiras de vovós ou em barbearias antigas. Na sequência, uma repentina enxurrada de balas de café idênticas que despencam sobre o baleiro nos pega em cheio. Elas transbordam os limites do mesmo com a energia que golpeia a sua superfície e, por fim, são encerradas em seu interior. 
No Ato II, uma a uma, as balas são colhidas por gestos delicados, e de modo progressivo elas são engolidas em maior quantidade pela mão e deixadas em outro lugar, medido apenas pelo estalar à distância. O Ato III parte da solidão de uma bala não colhida, desta vez, o baleiro segue aberto. Pacientemente, a mão repousa doces sortidos para fazer companhia àquela bala desgarrada. O colorido, as formas e sabores se espalham e se distanciam da enxurrada e uniformidade do primeiro ato. Um novo ambiente se estabelece e elas passam a conviver juntas, quiçá, até o próximo ato. 
Talvez, seja inevitável enxergarmos metáforas entre o que vemos e o que relata Inokawa. Transportar sobre o baleiro, a mente do vô Keiichi, as mudanças repentinas e progressivas no que diz respeito às suas memórias, criar achegamentos entre os gestos delicados do performance com os cuidados de neto. É de se imaginar que as transformações transbordam no corpo de quem também está à volta. 
Como manter vivo o que vai? Como embalar o que fica? Como as antigas histórias contidas nos objetos reelaboram novos sentidos? Quais novos registros na pele podem ser gerados a partir da perda? Quanto de gesto mede as distâncias? Poderia o afeto abrigar as ausências?
Amanhece em Pasta Madre (2020), de Alessandra Sposetti. Moscas se agitam sobre uma grande massa em forma de mão, enquanto ela repousa sobre o contraste entre o branco e o preto. A unidade de tempo acelerada dá o ritmo da respiração, a pulsação quase que controlada acontece na fermentação. A trilha deixa vazar os sopros e a urgência dos agudos como um alerta. A luz reflete as impermanências do tempo-espaço, mesmo aquelas que não são captadas pelos olhos e ouvidos-câmera. Anoitece em Pasta Madre sob último suspiro. 
Amanheceu em Macerata, Itália. 
Em 3 de abril de 1944, a Royal Air Force, braço aéreo das forças armadas inglesas, bombardeou a província italiana no contexto da segunda guerra mundial. Na ocasião, uma bomba atingiu a Via della Nana, matando cerca de 40 pessoas, dentre elas, muitas mulheres e crianças localizadas nos arredores de uma padaria, onde aguardavam o pão assar. A artista Sposetti, nasceu na região 24 anos depois, e nos conta que cresceu escutando histórias da guerra.
Diante disso, talvez, seja impossível descolar a obra dos relatos, do vídeo-gesto que presta homenagem às vítimas inocentes da guerra e dos desdobramentos presentes daquele território, como na própria história da artista. Junto a isso, a obra também evidencia as organicidades envolvidas no ritual de panificar. Fermenta em nós as afetações estabelecidas no coletivo, os gestos de cuidado praticado, a atenção às proporções de seus componentes, a paciência no tempo alargado de sua gestação particular e as expectativas em torno da mesa, com a mesma temperatura do calor do fogo. 
Panificar é vida em abundância que produz e introduz tantas outras. Abre espaços para a prova e a prosa. Celebra o tempo de quem estende as mangas para a feitura, presta reverência àqueles que já se foram, toca com carinho como quem desenha e filma o outro, mesmo que seja um desconhecido. Enquanto escrevo, posso ouvir as batidas da massa que minha mãe sova na cozinha. 
Entardece em Cordovil.
Se quiser fazer uma pausa para beber uma água, fique à vontade. Eu te aguardo. Caso contrário, prossigamos… 
Bom, agora, nos deslocamos para Comida de Quintal (2022) de Luisa Macedo. Filme embalado pela dança das partículas de polvilho, pelo silêncio que escapa da fumaça do fogão a lenha, pelo breu de corredores e becos que desembocam nos quintais de Maria, Vera e Wanusa. Três mulheres da grande Belo Horizonte, que falam a língua dos alimentos plantados e preparados por suas próprias mãos. Língua bifurcada que convoca inventários de sutilezas diárias e denuncia estruturas domésticas estabelecidas pelo patriarcado. Somos convidadus a sentar à mesa e nos deliciar com histórias que podem lembrar nossas avós e mães, como quando as observamos conversando com as plantas para que fiquem felizes ou quando alimentam nossos imaginários com suas lembranças numa tarde de domingo. 
As brechas dos muros são preenchidas pela conversa entre as ervas, os segredos da farinha e a invenção do pó de quiabo. As três mulheres cuidam de paisagens alimentares que nutrem sua autoestima e regam os nossos terrenos internos. Há algo de encantaria que nos captura, alquimia dos gestos, dialetos gastronômicos e raízes ancestrais. Como narra a artista e diretora Macedo: “abriga nas linhas das suas mãos os aromas compartilhados com sua mãe e avó, e recorre a eles sempre que precisa reconstruir as imagens mentais destas ausências”.
Nos caminhos das mãos também podem morar tempos expandidos, como os revelados em papel e guardados nos álbuns de uma outra Maria, personagem de O céu de lá (2019). O filme de Bernardo Tavares Rosa segue um desenrolar particular, cortado algumas vezes por aeronaves que rasgam o céu e as vozes em Duque de Caxias (RJ), documenta um tempo desacelerado de roupa seca pelo vento, em que diretor e personagens deixam escapar suas relações de parentesco. Descontraidamente, bastidores vazam nos envolvendo na coreografia íntima entre o menino Bernardo, e sua avó e tia. Maria e Luiza assumem o protagonismo no enredo de suas próprias memórias com enorme maestria, afinal, como reivindica Maria: “deixa eu contar a história". Ao passo que se revelam confissões de amores vividos e sonhos não realizados, a vontade de caminhar e ver o mundo parecem morar quentinhos no coração de Luiza.
Dos quintais de Duque de Caxias e Belo Horizonte viajamos para os quintais de Cachoeiro de Itapemirim (ES) pelos olhos-câmera de Tayrone Fiuza e Letícia Fraga para investigar um pouco da rotina da avó e da bisavó desta última, em Maria Neuza (2022).
Em meio às memórias passadas de muito corre, pausamos para o torcer entre mãos e tecidos, as ventanias domésticas, o banho dos abacates ainda verdes, a insegurança que se arrasta na cerâmica, o fogão pilotado por passarinho, a cumplicidade de Nina enquanto repousa o focinho, o escorrer dos tempos na arquitetura.
As paredes de Maria Neuza anunciam: “na casa da vovó pode tudo”, um aviso pintado que parece ser um convite caloroso para quem chega em sua casa se sentir à vontade. Tudo que netus gostariam de ouvir. A temperança que sai de sua boca nos conta sobre passagens do passado, de quando mais nova e quando casada, que reverberam: “eu não tinha liberdade (…) hoje eu posso fazer o que eu quiser e não faço”. 
Isto me faz voltar para aquele anúncio na parede e questionar se não seria ele uma lembrança posta para ela mesma. Estaríamos diante de mais um caso sintomático das privações e estruturas em nossa sociedade patriarcal apresentadas em "Comida de Quintal” que, portanto, também resgata a questão inicial de “Exílio”: quais isolamentos o mundo constrói para alguns corpos? 
Contudo, seria o “fazer nada”, talvez, o tudo que tantas Marias deste Brasil almejam? Tomo como vínculo minha própria mãe, uma mulher preta e nordestina que sempre deveria estar em prontidão para servir o outro e, hoje, aposentada, só deseja curtir sem obrigações sua própria comida, amigas, fé, plantas e familiares. Deste modo, arriscaria que Maria Neuza senta-se à mesa, na companhia de seus afetos e em silêncio saboreia a sua liberdade em plenitude.
Até aqui, essas vivências, ações e relatos me fazem crer que mesmo diante de tantos cerceamentos e violações do mundo que vivemos, há ainda segredos no afeto que desconheço. Afeto comigo, pelo outru, em comunidade, com a terra, pelas histórias vividas, nos corpos fabulados, das coisas inanimadas ou aquelas que esvaziamos da possibilidade vida todos os dias. A fé das crianças que moram nessus artistas visitou a minha criança e, elas tomaram banho de mangueira juntus. 
(...) Aproveitei o tempo olhando para ti? Qual foi o ritmo do nosso sossego no comboio andante? Qual foi o entendimento que não chegamos a ter? Qual foi a vida que houve nisto? Que foi isto a vida? Aproveitar o tempo! Ah, deixem-me não aproveitar nada! Nem tempo, nem ser, nem memórias de tempo ou de ser!... Deixem-me ser uma folha de árvore, titilada por brisa, A poeira de uma estrada involuntária e sozinha, O vinco deixado na estrada pelas rodas enquanto não vêm outras, O pião do garoto, que vai parar, E oscila, no mesmo movimento que a da lama, E cai, como caem os deuses, no chão do Destino.² Álvaro de Campos continua…
¹ LARA, Dona Ivone. Alguém me avisou. In: Sorriso Negro; Produção Sérgio Cabral; Brasil: Warner Music, 1981.
² CAMPOS, Álvaro de. Apostila. In: Citações e pensamentos de Fernando Pessoa; Organização Paulo Neves da Silva - São Paulo: Leya, 2011.
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projetodeprojecoes · 11 months
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Deixo mordidas no tempo para não parar de sonhar
Autoria: Thiago Saraiva Revisão: Ana Coutinho
O povo Tupi-guarani mede o tempo pela Lua e o divide em ara ymã (tempo primitivo), quando são realizados os plantios, e ara pyau (tempo novo), quando são feitas as colheitas, tempo de prosperidade do alimento. A cada fim de ciclo recomeça o anterior, completando um movimento circular infinito de ida e vinda, não há uma relação estagnada do passado, presente e do futuro. As noções Tupi-guaranis são bem diferentes das que concebemos o tempo, de modo linear e cronológico, no alarme das sirenes das fábricas. 
Em vista disso, qual o poder do relógio sobre nossas vidas? Haveria modos de lutar contra as forças do tempo imposto? Quanto de abertura de nossas percepções seria suficiente para abocanhar este reinado sobre o mundo ocidental? Como podemos criar outras formas de contar o tempo?
Narra a mitologia grega que Cronos, o deus do tempo,  o caçula de Gaia e Urano, engolia seus filhos ao nascer, pois segundo uma profecia um deles tomaria seu trono. No entanto, Réia cansada de entregar seus filhos, entregou a Cronos uma pedra envolvida por um tecido para que ele a engolisse no lugar de sua prole. Assim, a deusa o enganou e Zeus cresceu escondido na ilha de Creta, retornando para para vingar-se do deus do tempo.
Em Essa escada não dá em lugar nenhum (2021), a performer Crystal Duarte entra em batalha com Cronos. Para isso, sobe e desce três lances de escadas interconectadas de uma ruína, que é provocada a despertar sob o abandono de suas capacidades. Dos vestígios mortos de uma arquitetura integral, Duarte ressuscita a relação corpo a corpo. As partes de escada são obrigadas a responder às provocações. Elas a empurram nos ajustes quase que imperceptíveis de pequenos balanços, tendo como aliado o calor.
Em oposição, há desequilíbrios contornados, a atenção para onde e como se pisa, a respiração ofegante que mede pausas encostadas sobre os joelhos. A inventividade para burlar a possível repetição é recalculada: meia volta, acelerar, alongar, saltar, recuar, desacelerar, encurtar o passo. Duarte atravessa o centro das ruínas como se atravessasse um portal para outra dimensão de tempo. Os ruídos sonoros premeditam ou recuperam as ações se entrecruzando com as que acontecem à nossa vista. 
Seria possível esgotar uma mesma ação ou ela sempre se transforma em um novo gesto a cada tentativa de repetição? Será que Cronos devora cada ação zerando o ciclo de suas existências para que nada o domine? 
Entre 2017 e 2022, Diego Guevara realizou uma série de intervenções sobre asfalto, denominada por ele “experimentos artísticos-anamórficos". A reunião de alguns desses processos deram origem ao vídeo Ruas do Rio de Janeiro. Câmeras de vigilância nas ruas flagram o artista aprontando seus experimentos com a utilização de materiais diversos, durante as noites e madrugadas. As imagens anamórficas resultantes são vistas em completude a partir de certa distância e ângulo específico, elas exigem encaixes, como um quebra-cabeça gigante. 
As ações acontecem em pistas de trânsito, onde sinalizações e limites são desmantelados com os novos gráficos. Além disso, elas contém graus de periculosidade, pois Guevara age nos intervalos de sinais vermelhos, na passagem entre um carro e outro e no risco da abordagem policial que com suas viaturas atropelam os experimentos, dentre eles: “FORA PM”. O flagrante é iminente ao seu processo artístico, seja pelos transeuntes, seja pela câmera que é cúmplice da própria “infração”. E nesse sentido, Guevara transgredi a ordem e o propósito citadino de controle, quando utiliza desse meio para capturar e expor suas intervenções que beiram a todo tempo, ao deboche desnudo. 
Entre o amanhecer e o anoitecer, o tempo acelerado invade outras temporalidades na agitação da cidade acordada, evidencia que não apenas os experimentos concebem uma nova cidade, mas, também que seus agentes e intempéries os transformam, mesmo que seja sem notar. Assim, dão continuidade ao trabalho efêmero de Guevara, talvez, enquanto ele dorme. 
Em vista disso, quanto de nossas percepções doamos às transformações por onde transitamos? As infrações anamórficas do grande quebra-cabeça de Guevara nos dá a chance de captarmos a potência das impermanências, do trânsito da completude na incompletude, o incontrolável e o imprevisível que são inerentes ao pulsar da própria cidade. Tudo muda enquanto existe? Mas, nem tudo é sobre o visível. O cruzamento não é só de ruas, mas de caminhos individuais que atravessam o coletivo, as histórias que se comunicam sem palavras, os gestos inacabados na vigília, os usos e desusos que ficam pelo entremeio. A arte cotidiana encarando os olhos desatentos, pedindo só um minuto da nossa atenção.
Outra proposta que privilegia as vivências por meio da vigilância é ¦ ENTREMEIO ¦ (2017).  Nele, Juliamaria, moradora de um condomínio de classe média carioca, e Benedita Martins, empregada doméstica da casa de Juliamaria, intervêm na ordem do cotidiano de um prédio. Cada uma com uma câmera em mãos se posicionam em diferentes elevadores, que estão um de frente para o outro e separados por um corredor. Ao final, o objetivo é se encontrarem no último andar, onde fica a caixa de máquinas. 
A tela do vídeo é dividida em quatro partes iguais como  tvs de segurança, que por sinal também aparecem em uma das divisões; duas partes apresentam as perspectivas simultâneas dos dois elevadores em direção às suas respectivas portas; a última divisão apresenta ora a entrada principal do prédio pela perspectiva da rua ou da outra calçada, ora as áreas de convivência vazias. 
O trabalho estabelece relação de metalinguagem entre os primórdios da videoarte e o sistema atual de vigilância e controle por meio da filmagem full time, que é de praxes nos condomínios, com todo rigor de múltiplas câmeras nas quinas. As duas intervencionistas evidenciam a presença dos habitantes tecnológicos triviais, os posicionando para as caras de seus vizinhos. Isso tensiona as interações sociais promovendo reações diversas, desde sustos que paralisam à abertura para diálogos, passando por desconfortos disfarçados de comicidade e silêncios constrangedores, até o bloqueio de uns dos elevadores. O estranhamento imediato é quase que certo daqueles que modificam o ciclo de espera entre o abrir e fechar das portas. Afinal, como sustentar a compostura num espaço mínimo em que uma câmera está voltada para você? 
As muralhas éticas entre privado e público são desmanteladas pelas câmeras indiscretas que vazam o interior da fortaleza condominial. A viagem vertical transporta sons e imagens que se entrecruzam, temporalidades que transbordam uma nas outras. Realidades individuais são reeditadas no coletivo e revelam a estrutura das diferenças de classes. Afinal, o que separa Juliamaria e Benedita? O que há no entremeio que as impedem de se encontrarem na caixa de máquinas?
Em José (2022), a artista Julie Dias percorre a sua casa em uma comunidade de São Paulo e com câmera em mãos flutua por entre formas que sugerem antropomorfia. Esculturas compostas de baldes, latas, jaquetas, cordas, lonas, engradados, tecidos, pedaços de madeira, dentre outros. Elas moram entre paredes que em parte estão chapiscadas, em outras há cal, se somando aos tijolos aparentes, completadas por janelas abertas e o céu azul e branco. 
Poderia se dizer que estes aspectos falam de processos inacabados ou nos revelam que a completude pode habitar aquilo que identificamos de incompletude?
As esculturas carregam sobre seus corpos temporalidades outras, de objetos triviais ressignificados em objetos-membros, camadas de gestos e memórias que coexistem. Eles apontam implicitamente o tempo de vida dos objetos em suas funções anteriores, ao mesmo passo que quase escapam delas quando ganham novos status: “tralhas” deslocadas pela artista, inaugurando-as como obras de arte que no transcurso pelos espaços vão assumindo protagonismo. 
A moto corta o exterior, pilhas de tijolos crescem ou diminuem sobre a laje. A serra, o batidão e os latidos trocam ideias. Vozes passeiam livremente pelos cômodos e falam a mesma língua que as esculturas à espreita. José, a casa e a paisagem se confundem, de modo que são fragmentos do meio e o meio são seus próprios vestígios em estado de graça.
Fragmentos visuais e sonoros embalam o tempo em Advice (2022) de Larissa Pereira. A artista apresenta uma série de imagens ao ar livre, suas passagens podem ser contadas no intervalo do piscar de olhos, enquanto cantarola trecho de uma canção que não se completa. As imagens insistem em uma coloração predominante rósea que, talvez, aponta para um passado longínquo ou imaginado. Camadas de tempo transparecem o acúmulo de direções opostas. 
 As palavras se repetem e se sobrepõem umas às outras em fluxo espiralado. Assobios atravessam o verbo descompassado, o piano solitário convoca a voz embolada a não desistir, mesmo quando as palavras atropelam seus passos. Os ritmos não se encaixam. As palavras em inglês vão surgindo no esforço de formarem “soon it will be over”, que em tradução livre seria algo como “em breve isso irá acabar”. Esta frase faz menção a um trecho da música “Advice for the young at heart” da banda britânica “Tears for fears”, equivocadamente interpretado pela artista. O verso original diz  “Soon we will be older”, ou seja,  “Logo seremos mais velhos”. 
O aspecto estético das imagens justapostas provoca comoção, parece evocar um saudosismo de suas vivências, das quais a canção ainda anuncia seu destino efêmero. Ao mesmo tempo que são compartilhadas pelo digital, que as tornam tempos alargados sob nossas pupilas. No entanto, ao serem parte de um vídeo, as supostas lembranças de Pereira já são tempos mortos ou fragmentos de experiências resgatadas, mesmo quando ela ainda canta o término? Ou será que nos prepara para o fim que persegue todas as coisas, e nos aconselha a amá-las mesmo em sua finitude?
O amor é uma lembrança Uma vez dado Jamais esquecido Nunca deixe-o desaparecer Esta pode ser a nossa última chance
No centro de uma tela preta surge o número 1 na cor branca. Um círculo se forma ao seu redor, inaugurando uma série de aparições e desaparições de outros números entre 1 e 256. A obra Catalisadores (2020-2022), de Pedro Paulo Honorato, apresenta a formação de anéis e números circunscritos que se alternam com imagens em negativo da apuração da eleição presidencial brasileira em 2022. A apuração mutada foi realizada por um podcast que compactua das ideologias de extrema direita em que anunciam, por meio de estatísticas, a disputa acirrada e a iminente vitória do seu adversário político. 
No decorrer do tempo, o fluxo dos algarismos e as formas circulares crescem e decrescem de modo persistente e variável. A enganosa imprevisibilidade revela uma PG, uma sequência numérica na qual cada termo, a partir do segundo, é igual ao produto do termo anterior por uma constante, denominada de razão da progressão geométrica. 
À primeira vista é de se estranhar, parece que invadimos o sistema de uma matrix, e, de certo modo, invadimos, pelo menos a do produto gerado por uma síntese de dados que o artista criou para transformar as imagens em representações gráficas e numéricas. Agora, o que causa de fato o estranhamento? Será que este trabalho está tão distante da natureza dos demais? 
Possivelmente, seja de se estranhar a aparição de números em obras de arte que, de modo geral, são relacionadas às ciências denominadas humanas. Me parece um tanto costumeiro relacionarmos a lógica matemática a algo morto, quero dizer, que não acontece sem a nossa aplicação utilitária, um conhecimento ilusório que foge do que chamamos de real ou concreto. Para outrus de nós, a matemática parece estar distante das dinâmicas mundanas, da influência de nossas decisões e percepções de mundo. O que pode ser um grande equívoco. 
Será que a percebemos apenas na hora de receber o troco e fatiar a pizza? O que acontece se ela se torna visível nas imagens que mediam nossas noções de verdade? Ou não pararem de acontecer de modo invisível no visível? Caberia mantermos os limites estabelecidos entre noções biológicas, humanas e exatas?
O sistema de conversão das imagens utilizadas por Honorato tem por base a síntese matemática extremamente organizada e ordenada da divisão celular. Um processo biológico que acontece nos seres vivos, no qual carrega e multiplica as informações genéticas das espécies. Portanto, o artista não só manifesta a tangibilidade da sequência celular, como desvela a organicidade dos números e a razão matemática que somos, extrapola os limites do que acessamos aos olhos. Revela as pulsações algorítmicas de nosso complexo sistema corpóreo em semelhança com o sistema binário digital. Contudo, a imagem e a vida são possíveis graças as sequências numéricas efetuadas ininterruptamente: enquanto escrevo, você lê e reflete comigo, neste instante ou quando roemos as unhas na apuração das últimas eleições em meio as incalculáveis fake news.
A noção binária de real ou irreal, vivido ou imaginado, me foi despertada pelo filósofo espanhol Paul Preciado, quando afirmou em “Um apartamento em Urano” (2020) que mesmo mediante a hipótese de uma natureza das abstrações, como se dá com os números, ou os canais cósmicos para comunicação com as almas de nossus ancestrais, os sonhos devem ser considerados como parte elementar de nossas narrativas biográficas. A questão não estaria em comprovar o que de fato é real ou imaginado (o que valeria uma boa discussão), porém, que os sonhos também são a própria vida. Afinal, seria um absurdo reduzirmos a vida à vigília.¹
Fole (2021) de Lucas Casemiro, nos convoca aos interstícios como fuga do binário. A experiência inicia-se com o desvio do breu para a vista interior de um automóvel, com olhar cambaleante avistamos uma paisagem verde e uma rodovia em dia ensolarado. Progressivamente, outros automóveis surgem em nossa direção em marcha ré. Placas de trânsito insistem em orientar o caminho contrário do qual percorrem todos, nós seguimos encostadus no banco traseiro do carro. A música indecifrável toca na rádio. Motos invisíveis aceleram nas proximidades. A paisagem cresce lá fora. Nos afastamos do que está a frente e nos aproximamos do que não vemos, é um caminho invertido às cegas. Tudo é aspirado para trás como um grande fole que suga o ar. O mesmo ar que faz arder os cabelos de fogo espelhados. 
Casemiro percebe “a rodovia como o entre: meio limiar, meio rarefeito”. Desse modo, nos posicionamos no não-lugar, façamos uma parada no meio do caminho, na passagem entre a partida e a chegada. Onde apesar dos limites que definem seus extremos, tudo é organizado em prol da permanência do trabalho, onde se deve evitar paradas. O que poderíamos descobrir no vão? 
Na obra há um ritmo delirante entre o sono e a vigília, desse que experienciamos nas viagens de carro, promovido pela combinação entre monotonia, balanço e passividade. Um berço de metal em que a respiração desacelerada esfria o corpo, as pálpebras pesam com a areia abandonadas por Morfeu. A sonolência é portal de passagem entre a entrega e a luta do aqui e o lá. 
Dizem que quando olhamos para o céu vemos o passado, pois os astros estão a anos-luz de distância, o agora vivido daqui é a morte de lá. Fole parece correr em busca do que foi e ainda está sendo no limiar, insistindo em atrasar o ponto de nossa chegada. Somos sugadus para voltar sem chegarmos de fato a lugar nenhum, afinal, não é sobre o fim. Mas, talvez, compreender o intervalo por onde e como queremos passar. Ir para atrás não é apenas retroceder, é também pegar impulso para sermos lançadus para além de onde nossos sonhos habitam, onde as distâncias são encurtadas entre Terra e Urano.
Em O que você sonha às vezes? (2021), Sema nos narra uma passagem vivida em sonho. Em menos de um minuto, a imagem de um céu azul claro e nuvens brancas, que calmamente se transformam, preenchem nossos olhos. A narração fica por conta de legendas brancas que acordam silêncio: 
uma vez eu sonhei com um céu estrelado um céu tão bonito que eu quis guardar pra mim mas, de qualquer forma, eu sabia que eu estava sonhando, então filmei o céu estrelado, com a esperança de que, ao acordar, um pedaço daquele céu estaria ali comigo eternamente
A narrativa poética nos revela a possibilidade de um estado de consciência no sono, assim como a inconsciência pode acontecer na vigília. Quão interessante é percorrer a vida nos estados em que o desejo existe e a criação também. Mesmo que a neurociência afirme que o sonho é apenas a reprodução de memórias acordadas, isso significa que continuamos em processo de criação com os olhos cobertos. Sobre eles o manto da noite repousa, despindo censuras e limites. Sobre os medos, não poderia afirmar…
A edição do sonhado acontece no despertar. Na tentativa de mantermos a escrita viva, fragmentos de memórias invadem nosso céu e contamos o que sonhamos na noite passada, há quem registre em papel ou em vídeo para não esquecer. O sonhar contém temporalidades diversas em movimento espiralado tornando-se uma só, não exige começo, meio, fim ou regras. Ele pode permanecer em aberto, voltarmos a vivê-lo como se déssemos uma pausa. O sonho nos dá a liberdade de deseducar o relógio, criarmos outras formas de contar o tempo. 
Sonhar é mover a esperança e a espera. Aguça as percepções. Para nós, os sonhos podem ser a única forma de sobrevivermos. Descobrirmos tantos lados para se estar ou tantas formas de existir, mesmo que não tenham sido desveladas a nós. Desejar ardentemente nos apaixonarmos à primeira vista pelo que passa pelas vistas faz tempo ou pelo que ainda nem existe acordado. Mas, que está lá, à espreita nos esperando para uma visita. Sonhar, talvez, seja a possibilidade de vivermos plenamente uma biografia escrita pelos nossos corpos. 
Então, porque ainda insistimos na incapacidade de vida mediante as experiências oníricas? Deixemos os sonhos romperem nossos peitos e invadirem este mundo perturbador. Mastigar e vomitar novos tempos. Já é hora de escaparmos, vivermos sonhos febris de céus reluzentes. 
¹ PRECIADO, Paul B. Um apartamento em Urano: crônicas da travessia; tradução Eliana Aguiar; prefácio Virginie Despentes. - 1º ed. - Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
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projetodeprojecoes · 1 year
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DAS COISAS QUE NÃO VEMOS TODOS OS DIAS projetodeprojeções: edição dois 
curadoria geral: phoebe coiote + curadories convidades: lindomberto ferreira alves & thiago saraiva
HOJE
10 de dezembro (sábado) às 17h
a edição dois acontece no cineclube tia nilda, que fica na comunidade de dourado, em cordovil, na zona norte do rio de janeiro. 
saiba como chegar:
🚅 PARA QUEM VEM DE METRÔ >>> Descer na estação Vicente de Carvalho >>> Saída do lado direito, a do Atacadão >>> Pegar uma Van ou ônibus (Caxias-Carrefour) que passe na Estrada do Quitungo >>> Descer no ponto do Colégio Estadual Professor José Souza Marques >>> Seguir até a rua José Lopes, 66, Cineclube Tia Nilda.
🚌 PARA QUEM VEM DE ÔNIBUS >>> 775 (Madureira-Jardim América), 940 (Madureira-Ramos), 560 (Méier x Caxias) ou 564 (Caxias-Carrefour) >>> Descer na Estrada do Quitungo no ponto do Colégio Estadual Professor José Souza Marques >>> Seguir até a rua José Lopes, 66, Cineclube Tia Nilda.
🚋 PARA QUEM VEM DE TREM >>> Descer na Estação Cordovil >>> Após passar as roletas, descer no LADO ESQUERDO >>> Atravessar as duas pistas >>> Seguir pela rua Anequira (posto Shell) >>> Entrar na Estrada do Quitungo >>> Entrar na rua Dourados >>> Caminhar até a Rua José Lopes, 66, Cineclube Tia Nilda.
🚗 PARA QUEM VEM DE UBER >>> Se vier pela Avenida Brasil, solicite ao motorista que vá para Cordovil pelo Viaduto da Lobo Júnior (Penha) >>> Não pegar pela Cidade Alta.
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a sequência de exibição de trabalhos:
como suspender um gesto pode gerar um outro gesto?, sema (RJ) essa escada não dá em lugar nenhum, crystal duarte (RJ) antrópica, coletivo fenda: flávia pedroni (ES), lívia lopes (PA) & sara campos (MG)  advice, larissa pereira (ES) maria neuza, letícia fraga (AL/ES) & tayrone fiuza (BA/ES/MG) pasta madre, alessandra sposetti (Macerata, Itália & RJ) comida de quintal, luisa macedo (BH/RJ/SP) ¦ ENTREMEIO ¦, juliamaria (RJ) & benedita martins catalisadores, pedro paulo honorato (RJ) eu não tomo banho apenas para me lavar, maria ramos gazel (ES/MG) exílio, ana ximenes (SP/ES) casa fragmentada, joão coser (ES) agrippina r. manhattan, marcus lemos (RJ) ruas do rio de janeiro, diego guevara (BO, Colômbia & RJ) tudo existe, carolina lopes (RJ) baleiro, bruno inokawa (SP) josé, julie dias (SP) o céu de lá, bernardo tavares rosa (RJ) fole, lucas casemiro (RJ) o que você sonha às vezes?, sema (RJ)
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projetodeprojecoes · 1 year
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DAS COISAS QUE NÃO VEMOS TODOS OS DIAS projetodeprojeções: edição dois 
curadoria geral: phoebe coiote + curadories convidades: lindomberto ferreira alves & thiago saraiva
10 de dezembro (sábado) às 17h
a edição dois acontece no cineclube tia nilda, que fica na comunidade de dourado, em cordovil, na zona norte do rio de janeiro.  endereço do cineclube tia nilda - rua josé lopes, 66 - cordovil, rj ponto de referência: em cima da 'quitandinha da renata'
classificação indicativa: 14 anos
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proposta curatorial o que leva uma pessoa a fabular criticamente a si e o mundo? ao que está atenta a nossa percepção? onde pousam nossos olhos? para o que dedicamos cotidianamente nossa atenção e escuta? ao que estamos disponíveis a ver, a ouvir e a sentir? o que realmente está acontecendo ao nosso redor? e as coisas corriqueiras como percebê-las? que percursos os nossos olhares inventam? e em quais lugares repousam nossas sensações? é possível resguardar o cotidiano dos automatismos e recognições? as sutilezas são capazes de refazer nosso imaginário? de que maneira podemos construir outras noções de ordinário? é possível tornarmo-nos estrangeiro diante daquilo que parece ser, à primeira vista, familiar? seria o ordinário, o habitual, o usual capaz de reorientar nossas experiências éticas? o que ouviríamos se o banal falasse ao pé de nossos ouvidos? que gestualidades poderiam dar pistas a partir dessa escuta?
a edição dois do projetodeprojeções não busca entregar respostas para nenhuma dessas perguntas, mas, sim, instigar emergências do olhar, sondar vestígios DAS COISAS QUE NÃO VEMOS TODOS OS DIAS.
assim, os trabalhos selecionados para esta edição foram:
pasta madre, alessandra sposetti (Macerata, Itália & RJ) exílio, ana ximenes (SP/ES) o céu de lá, bernardo tavares rosa (RJ) baleiro, bruno inokawa (SP) tudo existe, carolina lopes (RJ) essa escada não dá em lugar nenhum, crystal duarte (RJ) ruas do rio de janeiro, diego guevara (BO, Colômbia & RJ) antrópica, coletivo fenda: flávia pedroni (ES), lívia lopes (PA) & sara campos (MG)  casa fragmentada, joão coser (ES) ¦ ENTREMEIO ¦, juliamaria (RJ) & benedita martins josé, julie dias (SP) advice, larissa pereira (ES) maria neuza, letícia fraga (AL/ES) & tayrone fiuza (BA/ES/MG)fole, lucas casemiro (RJ) comida de quintal, luisa macedo (BH/RJ/SP) agrippina r. manhattan, marcus lemos (RJ) eu não tomo banho apenas para me lavar, maria ramos gazel (ES/MG) catalisadores, pedro paulo honorato (RJ) como suspender um gesto pode gerar um outro gesto?, sema (RJ) o que você sonha às vezes?, sema (RJ)
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como chegar: o cineclube tia nilda fica próximo à estação de trem de cordovil. é possível ir andando de lá, recomendamos que realizem o percurso em duplas ou grupos. também é possível planejar o trajeto de vocês utilizando o aplicativo/site Moovit.
convidamos a todes que puderem comparecer no dia do evento, que tragam um prato/bebida vegetariana ou vegana para partilhar com es outres. muitas comidas de fácil preparo são vegetarianas/veganas. 
ressaltamos que os trabalhos que não foram selecionados para a edição um ou dois, seguem em nosso arquivo, para que possamos continuar os levando em consideração para edições futuras do projeto.
nos vemos em breve! com carinho, phoebe, lindomberto e thiago
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projetodeprojecoes · 2 years
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{CHAMADA ABERTA{
Está aberta a chamada para vídeos/filmes de curta duração (até 1h) para exibição na edição dois do projetodeprojeções. A edição dois conta com curadoria geral de Phoebe Coiote + curadories convidades Lindomberto Ferreira Alves e Thiago Saraiva.
Esta edição será acolhida pelo espaço cultural Cineclube Tia Nilda (RJ).
O Cineclube Tia Nilda é um espaço independente que nasceu em 2012 com objetivo de realizar ações culturais e educativas para a comunidade do Dourado, em Cordovil (na Zona Norte do Rio de Janeiro).
Estamos abertas a receber propostas de trabalhos que não sejam de videoarte/cinema, a exemplo de performances, arte sonora, happenings, instalações efêmeras etc. Muito amplo? Também achamos, na dúvida mande um e-mail ou DM e conversamos melhor sobre a possibilidade da sua proposta.
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Importante: Todos os trabalhos enviados desde a primeira edição, continuam em nossa base de dados e serão levados em consideração no processo curatorial a cada nova edição, produzindo novos encontros e contextos para os mesmos. Ou seja, trabalhos que entraram na primeira edição podem vir a reaparecer em edições futuras e trabalhos que não entraram na última edição, podem eventualmente encontrar seu lugar nesta edição ou em uma edição futura. Trabalhos só serão eliminados do processo de seleção caso não correspondam às normativas *básicas* da chamada ou caso exerçam violência direcionada à qualquer comunidade marginalizada, ferindo os direitos humanos.
Acesso o formulário de submissão de trabalhos clicando aqui.
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projetodeprojecoes · 2 years
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Mais alguns registros da edição um: 'aparição desaparição', que aconteceu em setembro, na Casa da Escada Colorida (RJ).
Já estamos com saudade!
Em breve novidades sobre a edição dois.
Um pequeno spoiler pra vocês: fomos convidadas para realizar esta edição em um espaço muito querido na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Fiquem atentes que já já contamos tudo.
Nossa chamada de trabalhos permanece aberta, recebendo em fluxo contínuo!
E para quem já enviou trabalho uma vez, não precisa reenviar o mesmo trabalho, todos os trabalhos enviados desde a abertura da chamada seguem em nossa base de dados.
Créditos dos registros Foto 1: Fernanda Morgan Fotos 2 e 4: Visualgabe Foto 3: Helena de Araújo Zimbrão Vídeo 5: Ana Klaus
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projetodeprojecoes · 2 years
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Na última sexta-feira (09 de setembro) a Casa da Escada Colorida recebeu a edição um do projetodeprojeções: aparição desaparição.
Viemos agradecer a todes que estiveram presentes e acolheram tão afetivamente nosso projeto e proposta. Mesmo com percalços ao longo do caminho, podemos dizer que tivemos uma edição muito bem sucedida e somos muito gratas pela criação de um curto espaço-tempo tão afetivo quanto foi 'aparição desaparição'.
Obrigada a todes es artistes que confiaram seus trabalhos à nós, esta mostra só foi possível graças à vocês e ao público que esteve presente.
Estendemos um grande agradecimento também à equipe da Casa da Escada Colorida por acolher nosso projeto, aos artistas Caio Kronig e Lucas Lucas que performaram ao vivo a obra ennnuven e um grande obrigado também à Cervejaria Entre Mares pelo apoio no bar.
Um obrigado especial à querida Sofia Skimma pelo apoio com equipamento de som e à Bruno Novadvorski e Chris, The Red pelos registros fotográficos da noite.
Esperamos realizar mais edições em um futuro próximo, estamos abertas à propostas e parcerias novas. Nossa chamada de trabalhos segue aberta, em fluxo contínuo.
Gostaríamos de estender um convite para prolongar a experiência da mostra: quem desejar, pode nos enviar relatos textuais/visuais/áudios/qualquer outro formato e publicaremos no nosso tumblr/blog.
Também convidamos a quem esteve presente que compartilhe conosco os registros em fotografia ou vídeo, publicaremos aqui e no blog com os devidos créditos.
Créditos dos registros da noite: Fotos 1, 2, 3, 4, 5, 7 e 8 : Bruno Novadvorski Fotos 6 e 9: Chris, The Red Vídeo 10: Thaís Basilio
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projetodeprojecoes · 2 years
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No dia 09 de setembro, próxima sexta-feira, a Casa da Escada Colorida (RJ) recebe a edição um do projetodeprojeções: aparição desaparição. O evento terá início às 17:30h. A mostra é composta por 38 artistas, sendo uma das apresentações uma projeção-performance da obra ennnuven do artista Caio Kronig, que irá abrir os trabalhos da mostra. Convidamos a todes que pretendem marcar presença, que levem um prato ou bebida vegetariana/vegana para compartilhar com es outres no espaço. Entendemos que a vitalidade do projetodeprojeções reside em propor encontros, instigar relações topofílicas com o espaço, criando afetos e perpetuando práticas de cuidado e partilha. A entrada é gratuita.
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projetodeprojecoes · 2 years
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nota da equipe curatorial 11 de agosto de 2022
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projetodeprojecoes · 2 years
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{chamada aberta{
Está aberta a chamada para vídeos/filmes de curta duração (até 1h) para exibição na edição um do ‘projetodeprojeções’, com curadoria de Phoebe Coiote e Yurie Yaginuma. O projeto prevê ativações do novo quintal da Casa da Escada Colorida a partir de encontros de projeções experimentais de imagens em movimento, que além de funcionar como um modo de exibição e recepção, é mobilizado e alimentado por contribuições casuais, emergentes e inéditas.
Convidamos vocês a integrar nossa proposta pois entendemos que há uma urgência em tensionar práticas expositivas e abordá-la sob perspectivas mais heterogêneas, acionando contextualidades em encruzilhada(s) com espaços e objetos não estéreis, onde o estar junto, bater papo, beber uma cerveja, ser picada por mosquitos, ouvir os barulhos de carro e panelas da casa ao lado integram a proposta de exibição.
Receberemos trabalhos em fluxo contínuo, mas para a primeira edição selecionaremos somente os enviados até o dia 31 de julho. Assim, se o seu trabalho não entrar para a primeira edição, pode entrar numa próxima. Os trabalhos selecionados serão projetados fora de superfícies de projeção usuais, inscreva-se por sua conta e risco! A previsão da realização do evento é para setembro deste ano, presencialmente. Acesse o link do formulário de inscrições e confira mais informações!
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