Tumgik
papillonyeux · 3 years
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foram 24h de choro. acordei no meio da noite em prantos e as doses de dipirona não fizeram efeito.
tentei comer, tudo parece igual. uma grande massa de concreto.
foi só uma discussão, eu sei. mas você sumiu e isso me remete a tantos demônios que você não sabe. ou finge que não.
eu nem sei mais.
você disse que viria e eu te esperei. entre prantos e tentativas de viver o dia. as horas que sucederam não te trouxeram e a solidão me fez entender que você não volta. sumir é porque não dói, não aperta, nada.
seu dia segue. talvez uma cerveja? um cigarro?
a casa é sua e eu virei apenas mais uma lembrança em questão de horas, simplesmente porque eu nunca estive fixada de fato. eu fui e sou um passatempo. um anseio por um amor que não consegue sentir.
o peito agora arde, a gente nunca espera a falta de reciprocidade e eu achava - de fato, estar vivendo um sonho. na verdade eu estava e a realidade é o pesadelo.
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papillonyeux · 3 years
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eu te amei desde o primeiro instante. desde aquele 13 de maio (exatos cinco anos atrás) que seus olhos cruzaram os meus, através do retrovisor do seu carro preto eu sabia, eu tinha certeza.
lembro do choque que senti. a primeira vez que seu cheiro adentrou em mim, misturando-se com o cigarro, eu sabia que era ali onde eu gostaria de ficar.
a cerveja e o cigarro misturados, assim como nossos corpos. erámos inundados pelo prazer, medo, melancolia, trivialidade.
eu nunca te contei de como me apaixonei rápido e como foi avassalador o silêncio. o eco. a dúvida. as idas. as vindas. tudo, ainda mais por saber que eu criei mais uma novela mexicana na minha cabeça.
quando, na comicidade da vida, nos reencontramos, eu tinha desesperança, mas minha pele pedia por você, assim como meu peito e aceitei de bom grado a construção de uma coisa nossa, mas eu não sei lidar.
são pensamentos feito fogos de artifício que me invadem, não escuto ou vejo. a confusão cala a racionalidade, os passos e linhas saem tortos. é como carregar um peso maior do que aguento e tanto esforço pra manter o equilíbrio, me adoeceu. não sou normal, nunca vou ser. eu entendi na última noite, no momento em que as coisas saíram do controle.
o dia passou, sigo tentando juntar as peças, mas como no jogo que adorávamos, sob o tapete do escritório: as peças não encaixam. tem algo pra fora, algo sobrando e eu acho que sou eu. a explosão de um medo que veio a tona com a força de mil sóis me despersonalizou e pude ver que eu devo ter medo de mim, afinal, quem prejudica a si mesma? é como um grande paradoxo biológio.
às vezes eu lembro da nossa dança na sala, com o Frejat de fundo, eu soube novamente que você era meu grande amor. mas não estávamos prontos e não sei tampouco se um dia vamos estar.
se quiser ficar, a porta está aberta, sempre esteve durante suas idas e vindas. sempre vai estar. e sigo disposta a jogar as chaves fora, uma vez mais...
porque sei que depois de ter você, os outros são outros e só.
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papillonyeux · 3 years
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sobre cravos e rosas
a verdade é que já ando perdida. num caminho vazio, aberto, onde os gritos ecoam de forma seca, atordoante.
é como em uma paranoia claustrofóbica, em que as paredes se aproximam na medida em que o oxigênio se esvai. o suor desce pela têmpora e então vem o pânico. os tremores e o frio sem explicação, enquanto o sol pulsa lá fora da janela, pra depois de onde a minha vista consegue alcançar.
e se me questionar: não houve nada. quer dizer, além dos cravos roxos e nostálgicos que faço questão de regar, além do medo de acabar em alguma vastidão obscura, solitária, encolhida, tão pequena quanto um grão de areia, não houve nada.
eu quem carrego isso. essa sombra se apoderou de mim há anos. talvez antes mesmo de eu existir ela estava à espreita, buscando um caminho para materialização humana.
os pesos do passado não me definem, em minha época de lucidez posso compreender que minhas asas podem alcançar vôos muito mais distantes.
consigo ponderar. mas há um quê tentador em partir, em fechar as portas e apagar as luzes. em parar a dança. o espetáculo, quando longo, faz tudo parecer mais desesperado, assim como meus gritos e tentativas de salvar o que resta de vida, de luz.
perdi as coordenadas e agora sou parte de um labirinto. ando em círculos. sem nunca ter achado a saída.
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