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moniqueamaral · 4 months
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o quanto o cheiro do baseado é bom por si? e o quanto é bom porque lembra de brisas vividas?
do beque passado de uma mão pra outra
na intimidade de mão em boca de boca perto do cheiro do beque no cheiro da boca
o quanto do prazer que a gente sente é presente e o quanto é memória? história que o corpo-máquina-do-tempo presentifica?
o cheiro e o gosto do vinho, velhos conhecidos, a cor da luz amarela na noite, que tanto já aconchegou, o som da música e da voz, que já acariciaram a alma antes
estar perto de alguém que se conhece e se gosta ou de estar sola à noite, feliz, e saber, com mente e corpo, de todas as boas noites sola na vibe dançante que já vivi
meu corpo é máquina do tempo
atravessa eras, traz o passado pro gosto na boca
dança memórias como quem faz furacão
guarda todo o tempo vivido nas células - que se renovam e contam às novas sua sabedoria, como anciã rodeada de netos ensinando os segredos do tempo
e ainda plenamente capaz de viver e experimentar coisas novas - o sabor vertiginoso do não-saber
abre os caminhos de receber o futuro
carol uma vez me disse que ser feliz é sempre inédito o prazer também
mas também ouvi uma vez em um trabalho com ayahuasca uma frase que me marcou fundo tenho ela escrita num mural com um desenho de carvão e sangue:
O PRAZER É NOSSA HERANÇA
e o corpo (repito) é viagem no tempo o presente que ganhamos de nossa ancestralidade ao chegar no mundo e que atravessa passado e futuro e nos dá a eternidade aqui e agora, a cada instante, o tempo todo
(já parou pra pensar na expressão "o tempo TODO"?)
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moniqueamaral · 9 months
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Quando, tendo estado em lugar, ou entre pessoas, ou em situação que me enfraqueceu, é o corpo que sente. Sente que algumas das miúdas partículas, em movimento infinito, que constituem o circuito que me dá a sensação de matéria e contorno se desligaram, gerando falhas no circuito, provocando uma frequência instável.
[Seriam elétrons? Teriam algum nome? Essa frequência, esse circuito, são visíveis ou invisíveis?]
É hora de deitar no chão. Preciso ficar bem perto desse corpo imenso que nos sustenta. Ela repõe, restaura, reequilibra as partículas que faltavam. [ou estavam a mais?]
Preciso beber chá. Trazer pra dentro disso que chamo "eu" um tanto do que vibram as plantas, seja lá o que for.
Preciso fazer minha voz soar, vibrando o ar e as superfícies à minha volta.
Quando me enfraqueço e me sinto rachada, quebrada, é na mistura com o que "não sou eu" que encontro minha integridade.
Enquanto minha individualidade subjetiva me é grandemente preciosa, sei que não há inteireza desligada do todo. É quando me sinto profundamente integrada com tudo que é vida em todo lugar que me sito inteira.
[Não seria a gravidade uma ação amorosa desse corpo terra que, sendo maior e muito mais forte, nos atrai para si como um cuidado, sem o qual estaríamos perdidos no espaço? Ou sem o qual não existiríamos?
Seríamos um cultivo da própria terra, brincando amorosamente com seus elementos?
Estaríamos nós fazendo o que aprendemos com a terra quando, com nossa atenção, carinho e cuidado, atraímos para perto de nós aqueles e aquilo que amamos?]
(Reflexões pré menstruais de um corpo sensível)
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moniqueamaral · 10 months
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o cheiro do beck no cheiro da boca de mão em mão, de mão em boca o baque da brisa tirando a roupa a boca no beck, a mão dando sopa o cheiro do corpo no gosto da boca o beck de lado, a boca na boca a mão que passeia com o cheiro do beck no corpo que treme com a voz que ressoa o gosto do corpo no beijo ecoa sem trilho, sem rumo, sem câmbio, sem breque um barco à deriva, da popa à proa o cheiro inebria, parece to louca a mão fica fraca, a voz fica rouca meu jogo ta ganho, meu rei ta em cheque a música embala tua voz na minha boca teu toque ta foda, meu corpo entregue tua boca na minha, meu céu na tua boca
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moniqueamaral · 10 months
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moniqueamaral · 10 months
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Tenho atravessado um deserto particular difícil.
Até usei metáfora parecida essa semana, pra dizer como me sentia. Um terreno árido em que aqui se joga algumas sementes e alguma água, mais sementes e um pouco d'água dali a alguns quilômetros, e assim vai. Só que a vida precisa de biodiversidade pra prosperar.
Bem, a vida também insiste.
E num momento de "não sei mais o que fazer", o jeito que achei de insistir nessa travessia específica foi conversar com meus pares, pessoas variadas e queridas sobre o assunto, buscando pistas, encontrando talvez menos respostas e mais caminhos.
Ao ouvir amigas e amigos me dizendo coisas boas a meu respeito (esse quentinho pode ser bem curativo), ao conseguir falar abertamente sobre coisas que às vezes me deixam envergonhada, ao me ver espelhada num "foi bom te ouvir, porque às vezes acho que só eu me sinto assim", ao perguntar e ouvir as repostas sem medo, ao me conectar com pessoas que me são preciosas, ao deixar que uma franqueza sem muitos dedos tornasse mais leve o que estava pesado fui saindo da caixinha estreita em que entrei (ou ao menos conseguindo olhar pra fora dela).
O movimento ou esforço de sair um pouco de mim ajuda a olhar de volta e ir entendendo que cascas posso deixar quebrar e o que é estrutura que me mantém íntegra. O que posso mudar, aceitar, experimentar e o que não só não quero pra mim, como quero enfrentar. Então olhei com mais generosidade pra escolhas que fiz e faço repetidamente há muito tempo, não sem porquê. Escolhas que muitas vezes me colocam em caminhos muito solitários. Renovei um bom tanto de confiança.
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Curiosidade e delicadeza são palavras que entraram na minha órbita há uns 6 anos atrás, numa fase de profunda transformação, como um reconhecimento do que eu precisava numa relação, num encontro, num toque. Retomaram minha atenção no início desse ano, num momento significativo, e resolvi tatuar como uma afirmação, porque achei que são boas palavras-guia. Dizem não só do que eu quero que me ofereçam, mas também do que quero ser capaz de oferecer, de como quero me relacionar com as pessoas, com o mundo.
Faz meses que fiz essa tatuagem, mas agora olhei pra ela com olhos menos embotados.
Carregar tatuada nas costas uma afirmação do que é importante pra mim é uma das manifestações do brilho incendiário que me mantém acesa, da afirmação de mim no mundo, afirmação da minha presença viva.
E sigo bem viva… meu corpo tem me dito isso a plenos pulmões. (E minha tarefa, de acordo com o que aprendi, é cuidar pra manter o fogo aceso.) [ Quem fez a tatuagem foi a Carla Massa, com a caligrafia da Alice, que também tirou a primeira e a última foto]
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moniqueamaral · 1 year
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curiosidade
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moniqueamaral · 1 year
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300 quilômetros de estrada devem ser percorridos até que se chegue no sítio, até que se chegue na praia até que se chegue no vale No caminho, adentrar a aventura deixar para trás o trabalho Há outro ar, há outro clima As paisagens que mudam no horizonte transformam também as paisagens de dentro e quando chegamos lá estamos presentes 6 quilômetros de trilha devem ser percorridos até que se chegue no pico, até que se chegue na queda até que se chegue no templo No caminho, adentrar a mata deixar para trás a cidade Há sons de bichos, há cheiros da terra A exaustão do corpo e o ritmo dos passos conduzem a outros estados de cosciência e quando chegamos lá estamos abertas 2 metros quadrados de pele devem ser percorridos até que se chegue no ponto, até que se chegue no topo até que se chegue no fundo No caminho, adentrar o fluxo deixar para trás o fetiche Há sensações sutis, há forças vivas que atravessam O órgão que dá contorno também integra e desabrocha e quando chegamos lá estamos inteiras
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moniqueamaral · 2 years
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moniqueamaral · 3 years
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movendo com esses meses todos em que dançar foi se perdendo  movendo com dificuldade, com insegurança, com o peso do tempo e das escolhas não feitas movendo com o corpo duro, desalinhado, com a respiração desconexa, com meus vícios de movimento movendo com a tristeza que é olhar pra esse amontoado de prédio onde podia ser e já foi floresta e com a tristeza de ser humana numa configuração de mundo em que cidades são necessárias movendo com os sons da cidade misturados, movendo com a música que eu mais ouvi na pandemia até agora movendo com as ideias abandonadas no meio (no corpo como na vida), com a falta de recursos internos movendo com o entardecer movendo com vontade de mover, com vontade de reconquistar uma corporalidade mais plena e tentando mover como move uma árvore, uma nespereira, que provavelmente vai ser derrubada quando demolirem essas casas pra subir prédio, e que talvez saiba melhor que nós da iminência de destruição e ainda assim faz o que faz: dá frutos (a música de fundo é cherry wine seguida de in a week, de hozier, interpretadas por chase e sierra eagleson)
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moniqueamaral · 3 years
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Trinta raios convergem para o centro da roda Mas é o vazio entre eles Que faz o andar da carroça Dá-se forma ao barro para fazer vasos Mas é do vazio interior Que se depende seu uso Uma casa é construída com portas e janelas É ainda do vazio Que se faz possível habitá-la Falam-se palavras e se apalavram falas, mas é no silêncio que mora a linguagem. É o Ser que faz a utilidade. Mas é o Nada que dá sentido.
Tao Te Ching - Lao Tzu
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moniqueamaral · 3 years
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moniqueamaral · 4 years
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Queria desenhar uma árvore
À noite, sua copa vista de baixo
Queria aprender a desenhar só pra trazer
pro papel um pouco da magnitude de uma árvore
Mas são tantos os detalhes, tamanhos e luzes e sombras e
tons e texturas
São tantos pequenos galhinhos retorcidos,
e os grandes tão imponentes
as milhares de folhas
Que eu jamais conseguiria comunicar num desenho
Então poderia fotografar essa árvore
Mas como dizer num retrato o que diz
essa árvore em sua respiração?
Não há ajuste, constraste, latitude, ângulo, hdr
que dê conta dos significados
a sensibilidade de um filme ou sensor é
insensível a ouvir o sussurro de suas folhas
Nossa visão não trabalha sozinha,
há outro sentido, além dos 5 ou 6 que nomeamos,
que reconhece a árvore avó, que entende as histórias que ela conta
as mesmas que ela ouviu com suas próprias raízes
Ao olhar uma árvore, à noite, de baixo
nosso ser comunga com ela, e isso
aparelho nenhum é capaz de reproduzir
Queria então VER essa árvore
À noite, debaixo de sua copa
meu corpo tocando a relva, a brisa noturna
resfriando meus pulmões
Queria entender com o espírito os mistérios que
ela encena, nesse ir e vir do céu e da terra
Mas isso não basta
O impulso do desenho e da fotografia vem
porque não quero só ver, por mim, essa árvore
Quero partilhar
o assombro, a presença, o encontro
Acho melhor, então, plantar uma árvore.
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moniqueamaral · 4 years
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moniqueamaral · 4 years
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moniqueamaral · 4 years
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moniqueamaral · 4 years
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moniqueamaral · 4 years
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