。✧◂ Culpado. Foi exatamente como se sentiu desde o momento em que os fios loiros de Emelisse foram vistos invadindo a floresta, na noite do baile. Foi como se sentiu, pouco tempo depois, quando deu às costas à ela, rindo, conforme voltava para o castelo. Foi como se sentiu, principalmente, quando se responsabilizou por cuidar da mestiça no retorno alheio ao castelo, horas mais tarde, naquela mesma noite. E talvez, somente por culpa, tenha ficado ao lado da garota após encontrá-la em tão penoso estado. A pena o invadia, preenchendo sua mente com culpabilidade e sussurros de encorajamento. Não poderia simplesmente escondê-la naquela noite, e em sua frágil defesa, não era planejado que a brincadeira acabasse como de fato acabou. Naquele dia frio e cinzento, por primeira vez, havia saído da porta da enfermaria. Não para fugir. Bem na verdade, o garoto finalmente havia sido autorizado à adentrar o local para uma pequena visita, e era totalmente compreensível seu aproximar receoso. Ao arrancar reação da loira com o simples toque, não se surpreendeu. Era como se esperasse por aquilo desde os primeiros momentos após a volta de Emelisse, que parecia em choque desde sua chegada à Durmstrang naquela fatídica noite. ❝ Está tudo bem. ❞ As palavras saíram baixas de seus lábios, as mãos estendidas para ela em um sinal de rendição, enquanto se permitia a aproximação. Uma das pernas fora apoiada na maca, conforme se sentava na mesma, ignorando o fato de que estava invadindo o espaço pessoal da mestiça. ❝ Eu vim saber como você está. ❞ Era óbvio que ela não estava bem, tal como era óbvio que aquilo era apenas um pretexto para puxar assunto. ❝ Eu estou preocupado com você, Lise. ❞

CASTELO DURMSTRANG; ENFERMARIA; 18:42;

A enfermaria era um lugar calmo, ou pelo menos Emelisse estava tão dentro da própria mente que não percebia os sons do lugar, faziam alguns dias desde o baile e a loira continuava na mesma maca a qual tinha sido designada quando chegara ao castelo após o ‘incidente’. Seus cabelos estavam molhados e ela cheirava a rosas, no entanto a loira mal se lembrava de mover-se da posição em que se encontrava - sentada com as costas na cama e os joelhos abraçados contra o peito - muito menos se lembrava de tomar banho, vagamente se recordava de uma voz conhecida dizendo-a que iria lhe ajudar com o vestido, mas não se lembrava quando havia sido isso ou o que tinha acontecido naqueles dias em que ficara ali naquele estado de confusão e medo. O cheiro diferente atingiu suas narinas antes que a voz chegasse a seus ouvidos, mas nenhum movimento foi feito, isso até sentir alguém lhe tocar levemente no ombro, nesse momento um grito foi dado enquanto Emelisse se encolhia mais contra a parede batendo as costas com certa força, as mãos agarrando os lençóis da maca. ❝ ⇁ Eu sinto muito, eu sinto muito. ❞ A frase continuava sendo repetida pela mestiça intercalando entre o russo e o inglês, Emelisse não sabia pelo que se desculpava, sequer havia encarado a pessoa a qual tinha supostamente feito algo, porém sentia que era a coisa certa a se fazer. ❝ ⇁ Eu não queria gritar, eu juro. ❞

。✧◂ Embora houvesse começado a noite como um homem politicamente correto, essa não era mais a postura ostentada pelo Lestrange ao bater das doze badaladas. O cheiro de álcool e cigarro misturava-se em uma sinfonia harmoniosa. Na mão direita uma dose de firewhiskey e na esquerda um narcótico queimando lentamente. Encher a cara não era sua melhor opção, mas continuar sóbrio não ajudaria em nada nos planos de Meliorn para o fim daquele evento. Havia acabado de voltar para o inferior do salão — já livre do cigarro — quando foi surpreendido pela presença embriagada de Seth, o que não estava longe do próprio estado, e recepcioná-lo com um sorriso fora tudo o que fez. ❝ Espero que seja a mim, assim já encontrou. ❞ A resposta sem nexo escapou de seus lábios conforme aceitava a aproximação do amigo, envolvendo-o também com a mão livre. ❝ Na verdade pensei que demorou para aparecer. Estava ocupado com o que, Hybern? ❞ Indagou, pendendo a a cabeça na direção alheia. ❝ Acho que está faltando o terceiro mosqueteiro. ❞

Talvez devesse diminuir a quantidade de álcool ingerida, mas Hybern não era conhecido pela prudência. Calculava que dali a alguns minutos, estaria beijando o próprio Kazakov enquanto o mago o azarava, e não seria sequer um dos piores finais de noite que Seth já teve que aturar. Granted, poderia ser muito pior do que aquilo, de modo que, já um tanto quanto inebriado, quando se aproximou delx, as barreiras da inibição já beiravam a nulidade — mais do que o natural. “Just the person I was looking for!” Ergueu os braços, um sorriso radiante a tiracolo, ainda que o hálito fedesse a firewhiskey, envolvendo-x com o auxílio do braço não ocupado com o copo. “Pensou que ia se livrar de mim hoje, huh? Pensou errado, otárix.” Soltou, apertando-x mais um pouco antes de pender a cabeça levemente em sua direção. 

。✧◂ ❝ Espero que apenas o suficiente para que eu tenha tempo de retirar meu paletó e oferecer à uma delas. Inocentemente e sem segundas intenções, é claro. Aquela ruiva parece estar com bastante frio, não acha? ❞

O pessoal lá atrás está fazendo um bolão sobre quanto tempo essas meninas aguentam com esses vestidos todos abertos até morrerem de frio.

Algum palpite?

。✧◂ Embora apreciasse o alcool, não era um adepto da embriaguez, e quando o jovem Rasputin aproximou-se com claros sinais de não estar em seu melhor estado, a expressão de tranquilidade fora substituída por tédio nas feições de Meliorn. ❝ Será que pode repetir? Para que eu anote no meu caderno essa grande descoberta... ❞ Comentou com sarcasmo, olhando ao redor como se buscasse por alguma saída. Mas ao mesmo tempo não poderia simplesmente sair dali sem dizer o que pensava, sua persona jamais admitiria. O braço envolveu os ombros de Oleg, uma risada extravagante escapando, como se o que o outro havia dito fosse a coisa mais engraçada do mundo. E então os passos tentaram guiar Oleg consigo, para um canto mais afastado. ❝ A melhor? ❞ Comentou em falsa curiosidade, aproximando os lábios do ouvido do garoto finalmente. Os dedos afundando na derme alheia com uma pressão um pouco maior. ❝ Não sei se esta é a postura esperada de um monitor em um evento oficial. Precisa de ajuda para voltar ao normal? Posso pensar em algo bem criativo. ❞

                 [ 👑 ]      ———      O baque do copo na mesa fez todo seu conteúdo balançar. Havia fogo no olhar do Rasputin e alguma coisa dentro dele indicava que as raízes eslavas tinham acordado. ❝ — Tudo que você misturrarr com vodca vai ficarr mais frraco que vodca! ❞ Ensinou, com o sotaque extremamente enfático, após ter bebido de um gole o copo de Stolichnaya que lhe foi servido. Oleg não pretendia ficar bêbado, ainda mais sabendo que a consciência poderia lhe render frutos valorosos naquela noite, mas estava se divertindo. ❝ — Toma um gole, garot@! Você não vai se arrepender. Estou dizendo, vodca russa é a melhor vodca! ❞

。✧◂ Observar a garota se aproximar da mesa onde estava, com uma expressão de estranhamento, era aceitável visto que o andar da loira até ali era, no mínimo, peculiar. ❝ Eu imaginava que toda garota soubesse andar nessas coisas. ❞ Comentou, gesticulando com a mão que segurava o copo em direção aos pés da mais nova. Já haviam se estranhado diversas vezes, qualquer interação entre eles saindo do controle do Lestrange, mas naquele momento não estava sendo maldoso. Talvez um pouco machistas, mas não maldoso. ❝ Que tipo de monitor eu seria se tivesse algo aqui? ❞ Fingiu-se de ofendido, arqueando uma das sobrancelhas para ela com o restante dos dizeres femininos. A mão livre foi em direção ao copo, tentando capturar o mesmo das mãos da loira.  ❝ Eu infelizmente vou ter que tirar isso de você. Sequer tem idade para beber algo diferente de suco de abóbora. Puro. ❞

Manon caminhou até a mesa de bebidas, caminhando um pouco estranho. – Estou pensando em colocar um sapato mais confortável para dançar, estou acostumada a usar tênis, não vou aguentar muito com um salto quinze. – Franziu o nariz, escolhendo um copo limpo e se servindo do ponche. – Preciso batizar isso aqui, por acaso você não tem nada ai? Senão vou procurar alguém que tenha. – Tomou um gole, e então abriu um sorriso de canto. – Deixa quieto, já se encarregaram disso, adoro a eficiência desse lugar. 

。✧◂ Com os braços para trás, a postura ereta e um sorriso mínimo presente nos lábios, parou ao lado de Pietra, os olhos focados no salão onde um ou outro casal valsava. ❝ Aposto que diz isso apenas porque nenhum bruxo a convidou para dançar até o momento. ❞ Alfinetou, brincando com a amiga, os olhos ainda não pendendo para ela. Conhecia as danças tradicionais da comunidade bruxa, e podia dizer até mesmo que gostava delas. Ainda de olhos focados no salão, a mão direita fora erguida, estendida com a palma para cima em um silencioso convite para que a morena o acompanhasse. ❝ Vamos mostrar para eles que isso pode ser melhor do que está, então? ❞ Finalmente voltou a cabeça para Pietra, um sorriso ladino em seus lábios.

❛  ——  Ah não, gente! Não é possível que não vão trocar de estilo de música! Ninguém merece essa valsa a noite toda. ❜ a brasileira reclamou com uma certa indignação, bufando alto em conjunto com a movimentação de seu pé, que era batido contra o chão num gesto de irritação. Com a destra a latina indicou a pista de dança e revirou os olhos, logo, repousando a mesma mão sobre a cintura. ❛  ——  Perceba aquela cena! Os jovens nem ‘tão dançando pra valer e o povo nem se toca direito. ‘Tá faltando um negócio com ritmo aí! Nem precisa ser funk ou risca-faca… Qualquer coisa que anime o povo já tá bom. ❜  

。✧◂ Ele era amigo de Makarios. Makarios era um vampiro. Mas isso não significava necessariamente que era amigo de todos os vampiros. Rolou os olhos minimamente ao ouvir o comentário da outra, esbanjando ironia ao pender a cabeça em sua direção e se fazer ouvir. ❝ Alergia ao alho? Tenho certeza que deve ter algo para você por aí, por Merlim que um mestiço morra dentro da Escola. ❞ A falsa preocupação em nada combinava com o sorriso debochado que ostentava antes de sorver de sua bebida. Ele não era radical ao ponto de desejar que os mestiços morressem, principalmente dentro de Durmstrang, mas que os queria longe nã era novidade. Não todos, mas a maioria. ❝ Dançar? Eu não danço, pequena Drácula. Mas fique à vontade para o fazer. ❞

–”O banquete está lindo, mas eu não me atrevo a comer nada salgado sem saber exatamente como foi preparado. Prefiro não dar vexame e ficar só com os doces e a bebida.”– Condessa explicou porque não estava jantando com os outros e tomou um gole da bebia em sua taça. Ela precisava ter esse cuidado para evitar comidas com alho, o que poderia fazer muito mal ao seu organismo. –”Mas, se você acha que comer é a única forma de aproveitar um baile, está na hora de eu te provar errado. Quer dançar?”–

。✧◂ Ele estava orgulhoso da magnitude do evento, mas não era como se fosse capaz de expressar-se com tanto entusiasmo quanto o demonstrado pela loira. Analisou a garota da cabeça aos pés, atentando-se a cada detalhe e tentando conseguir pistas sobre sua personalidade sem precisar perguntar. Sempre fora assim, do tipo que julga as pessoas à primeira vista, e aquilo já havia lhe causado alguns problemas. Mas ele não aprendia. Balançou a cabeça levemente diante da afirmação da outra sobre si, não conseguindo afastar um pensamento mesquinho sobre a jovem. ❝ Kazakov também acerta às vezes. ❞ Comentou, apenas para dar fim ao assunto, antes de sorver da bebida em sua mão, pendendo a cabeça na direção da menor. ❝ Agradeço o elogio. A senhorita também não está nada mal! ❞

                               .⋆☾࿐ ࿔*:･ﾟ ❣ Os olhos claros de Merliah corriam pela decoração, as iris esverdeadas brilhando de admiração enquanto caminhava calmamente em direção a mesa de bebidas, estendendo a mão para pegar um suco já que odiava qualquer coisa que tivesse álcool. Parada ao lado de alguém ali, ergueu os olhos para fitar a pessoa abrindo um sorriso gentil e animado. - Está tudo lindo, não é? Eu sei que fazem isso todos os anos, mas parece que o diretor se superou nesse ano. - comentou com x conhecidx, tomando um gole de seu suco. - Aliás, você está muitx bonitx.

。✧◂ O azul claro dos olhos do garoto pareciam cintilar enquanto ele contemplava a cena do telão, uma caneca vítrea repleta de whisky na mão direita enquanto a esquerda permanecia guardada no próprio bolso.  ❝ Eu apostei uma dúzia de galeões na Alemanha, e ela não chegou sequer nas quartas de final. ❞ A língua estalou algumas vezes antes do sangue-puro desviar o olhar do telão, um longo gole sendo dado em sua bebida. Não sabia como havia parado ao lado da morena, sabendo apenas que havia sido um bom acaso do destino até presente momento. ❝ Exatamente! Nada me convence de que isso foi um jogo limpo. Essa vitória, com certeza tem feitiço envolvido. Mas não se preocupe com a camisa, daqui quatro anos sua chance de tirar ela volta. Se não quiser fazer isso mais cedo, na comunal da Feuer... ❞

                  ❝ I know, right? Quem ia imaginar que a Romênia ia ter cacife pra desbancar a Irlanda? ❞, comentou, apontando para o lance no telão, que repassava um dos jogos mais dramáticos do mundial. ❝ Pelo amor de Merlin, até ontem os jogadores pareciam nem saber o que era uma vassoura, quanto mais jogar quadribol. Além do mais, se alguém me falasse em 2014 que a Bulgária ia ser eliminada na fase de grupos eu ia mandar a pessoa procurar um medibruxo. Não deu nem pra tirar a camiseta do armário. ❞

。✧◂ O único aroma que sentia era o que exalava do próprio corpo, e mesmo sendo muito vaidoso de se dizer, aquilo era muito bom! Deixou-se apreciar aquele perfume por alguns instantes, antes de finalmente abandonar o dormitório já vazio. Sabia de suas responsabilidades como monitor incluíam chegar com antecedência em eventos oficiais, mas que graça teria não ser notado? Um sorriso quase malicioso estampou-se nos lábios do jovem dragão ao adentrar o salão, dando-lhe um ar zombeteiro e desafiador. Agia quase como se nada pudesse lhe atingir. A imersão no próprio ser foi suficiente para tapar-lhe a visão e impedir que visse que se aproximava da morena. O choque foi suficiente para desequilibrar o sangue-puro, que por puro reflexo, levou ambas as mãos até os cotovelos da morena, impedindo e amparando-a naquele momento desconcertante. ❝ Relaxa, Tea. Eu estou acostumado à causar essa reação nas pessoas. ❞ O tom arrogante, e ao mesmo tempo jocoso, erra irritante, ele sabia, ainda mais quando acompanhado do sorriso de lado. Mas não deixaria de usar. Sorriu para a garota, as narinas sendo invadidas pelo cheiro encorpado do álcool. Sujar-se àquela altura da festividade não estava em seus planos, mas não era como se um simples feitiço não pudesse ajudá-lo com o infortúnio. As mãos, que haviam se afastado do corpo feminino quando a bruxa buscou pela varinha, foram de encontro à derme alheia outra vez, encontrando agora um contato mais íntimo ao repousar os dedos da destra no ombro dela. O corpo inclinou-se contra o outro, poucos centímetros, antes de disfarçar o momento com a fala mansa aos pés do ouvido da morena. ❝ Se queria algum pretexto para retirar minhas roupas não precisava me sujar. Era só me pedir. ❞

｡..｡.☆           Teagan seguia a risca a regra pessoal para eventos sociais em Durmstrang: Se encostar em algum canto, sem chamar atenção e fingindo que não existia. Era uma regra simples já que ser criada por trouxas naquela escola era a mesma coisa que ter uma placa em seu pescoço escrita “Me azarem, por favor!”. Não importava que o sangue que corria em suas veias fosse puro, ela não era uma deles. Na verdade, não queria ser. Queria estar entre pessoas que soubessem que seu vestido era um Valentino, dançar sobre o som de alguma música que fosse realmente um sucesso e não uma versão remixada d”As Esquisitonas”, que nem era um hit, pra começo de conversa. A Zaklos estava indo bem em sua missão de não fazer nada até que sentiu o corpo esbarrando em alguém, e antes de se dar conta um líquido vermelho como sangue estava por toda a parte das vestes dx garotx. — Meu Deus, Eu posso consertar! Eu sei um feitiço muito bom pra isso, deixa- Eu… — Ela buscou a varinha entre o tecido do vestido mas simplesmente não conseguia se lembrar da pronuncia. — Só um minuto… Eu sei que eu lembro!

。✧◂ Tradicional: Que se funda na tradição. Que se incorporou aos hábitos, ao uso. Estava acostumado à participar daquele evento, sendo o baile, uma das inúmeras tradições de Durmstrang. Mas mesmo que todos os anos parecesse o mesmo evento, era incapaz de evitar o sorriso satisfeito enquanto vislumbrava o salão. Os olhos percorreram o perímetro com calma, verificando cada detalhe antes que pudesse escolher por onde começar. Mas bastou ouvir a voz de Emelisse, próxima demais de si, para que os planos fossem esquecidos. A expressão do sangue-puro não era lá das mais agradáveis quando aceitou o copo da mestiça, servindo-se de um longo gole da bebida, uma das sobrancelhas sendo arqueadas à loira como se questionasse se estava satisfeita com sua performance. ❝ Na verdade, é difícil acreditar que também pode ser uma má pessoa. ❞ Brincou, irônico, mesmo que aquilo não fosse muito distante do que pensava em relação à ela. ❝ Você não deveria estar bebendo tanto assim. ❞  Comentou enquanto capturava o copo dela, sem qualquer tipo de pedido ou aviso prévio. 

A felicidade de Emelisse era nítida em seu rosto e na maneira como se mexia pelo lugar, ela amava bailes, amava os trajes, a decoração, a forma como a música penetrava em seus ouvidos a fazendo querer dançar mesmo sozinha. E ela amava como seu humor melhorava com uma ou duas bebidas em bailes, ela não estava bêbada, mas sim alegre. ❝ ⇁ O que foi? É tão difícil assim acreditar que também posso ser uma boa pessoa? ❞ Indagou a pessoa a sua frente enquanto tomava um gole de sua bebida, a outra mão continuava esticada oferecendo um segundo copo ao outro. ❝ ⇁ Eu não coloquei nada, só estou oferecendo uma bebida, se eu trocar os copos se sentirá mais confortável? ❞

。✧◂ O sorriso bastante convencido parecia quase parte das feições naturais de Meliorn Lestrange. Enquanto atravessava os jardins, trocando olhares expressivos e lascivos com qualquer um cujos olhos esbarrassem com os seus, sem parecer ter muito critério, cantarolava uma canção sem letra: ritmos aleatórios que passavam por sua mente, acompanhando os passos lentos e tranquilos, espelhando o bom humor raro com o qual havia acordado.  O sangue puro gostava realmente de muitas coisas no mundo... Mas, com toda a certeza, ser desejado e também desejar outros era, sem duvidas, sua favorita. Passar pelos jardins, indo para o lado negro, atraindo olhares pelo caminho, era melhor do que qualquer recompensa que pudesse pensar no momento. Só perdia, é claro, pela felicidade que o inundaria no momento em que encontrasse a relíquia da morte à qual estava atrás. Imaginava-se, em silêncio, com uma ou duas garotas que avistava. Demorava-se mais em curvas que lhe atraíam ou em faces que se destacavam entre as outras. Tinha um ar malicioso, ligeiramente mais intenso que o normal. E não parecia exatamente focado no caminho, sendo por isso que surpreendeu-se ao ouvir a voz feminina. ❝ Bom dia, Willa. ❞ Respondeu ao flerte da loira, ou ao que imaginou ser um flerte, com simplicidade, não deixando de lhe exibir seu lindo sorriso. As palavras seguintes da Prinz, no entanto, foram capazes de fazer com que se aproximasse, os olhos estreitos a observando. Um murmúrio escapou de sua garganta, os lábios fechados, como se a incentivasse à continuar. O próprio ego recebendo os carinhos das palavras seguintes de Willa com um enorme sorriso. ❝ Um dos melhores bruxos. Não serei arrogante à ponto de concordar, mas certamente quem disse isso tem algum... conhecimento sobre mim. ❞ Comentou, dando levemente de ombros, já totalmente entretido pelo rumo da conversa. Outra coisa que Meliorn gostava era de ser exaltado, de ter seu potencial apreciado. Os braços foram cruzados quando a outra disse duvidar, um olhar beirando o incrédulo sendo direcionado para a sangue puro. ❝ Eu digo que, seja qual for a proposta, eu sou capaz de vencer. ❞

   Uma das pouquíssimas desvantagens de ter nascido em uma família como a Prinz era, talvez, manter o status, custe o que custar. E claro que não seria grande problema para Wilhelmina, visto que a loira tinha mania de colocar dinheiro e status em primeiro lugar em tudo sua vida; mas ao ouvir recentemente os pais comentarem de estarem buscando um casamento arranjado, com um puro sangue, para evitar qualquer possibilidade de Willa se apaixonar por um nascido trouxa –––– só pensar que um dia isso aconteceria era uma grande piada –––– fora algo absurdo para a alemã. Ela não sabia quem seria o pobre coitado a quem ela infernizaria pelo resto da vida caso os planos de Elizabeth e Jonathan funcionassem, mas por mais que a ideia de atazanar alguém, inofensivo ou não, pela eternidade e a tal pessoa não poder fazer muito a respeito, fosse tentadora, não estava nos planos de Willa se casar, nem agora nem nunca. Mas para isso, precisava provar que havia achado alguém –––– um puro sangue –––– que pretendia manter um relacionamento estável; e uma das melhores opções que pensara fora @melhordxbaile​. Haviam se falado o suficiente para que Willa, desinibida como era, se sentisse confortável o suficiente para pedir que o moreno interpretasse o papel de seu namorado de mentirinha. “ –––– Ah, darling. Você por aqui?” Ronronou, assim que avistou Mel no recinto. A bailarina mantinha o andar leve até o rapaz, o olhar engatinhado repousado nele enquanto avançava. “ –––– Sabe Meliorn, eu ouvi nos corredores esses dias um grupo de calouros falando de você.” Era claramente uma grande mentira, mas também uma forma de iniciar a conversa. “ –––– Disseram que você é um dos melhores bruxos de Drumstrang, huh? Que topa qualquer desafio, e vence todos assim, com toda a facilidade do mundo.” Mentiras e mais mentiras, pelo menos até onde Willa tinha conhecimento do moreno. “ –––– Enfim, eu duvido. Acho que eles te superestimam demais, mas mesmo assim, decidi dar uma chance e vim até você nesse caso. Tenho uma proposta. Nada demais, eu prometo. O que me diz?”

justcbite:

Por mais incrível que parecesse, Makarios tinha pessoas com quem se importava dentro de Durmstrang, e a quem pouco demonstrava consideração. Por ser um legítimo exemplar de ser antissocial por escolha, o círculo de amigos era bastante restrito, sem que ele soubesse exatamente como havia conseguido aqueles que possuía. Com Meliorn fora assim: num dia estava trocando socos e, no seguinte, sentavam-se juntos para as refeições. “E eu vou dormir aonde agora? Na sua cama?”, respondeu, no mesmo tom neutro; apenas resquício de sorriso aparecia em seus lábios, denunciando a provocação. Se se tratasse de outro, a piada infame seria tomada como ofensa e motivo para brigas. Aliás, fora justamente por conta do humor afiado que ele antagonizara Meliorn de início, assim que pisou em Durmstrang pela primeira vez. Não lhe importava tanto que o moreno o relembrasse de sua condição vampiresca, porque Dolohov sabia que ele não buscava, com aquilo, diminuí-lo — diferente de outros membros do corpo discente. “Não está vendo o bronzeado? Estava tomando sol em outra parte do campus” — revirou os olhos, sabendo que parecia tão pálido quanto sempre, afinal, o contato com a luz solar fazia dele mais fraco, e Makarios odiava a sensação. “Lamento que tenha sentido minha falta, Meliorn, mas você não é o único que implora pela minha atenção”

。✧◂ Um fato sobre Meliorn Lestrange que deve ser mencionado, é que o bruxo é capaz de flertar até mesmo com uma porta. Com o conhecimento desta informação, torna-se natural aceitar a reação ante as palavras do amigo. A cabeça fora inclinada de leve para trás, os olhos concentrando-se na figura do amigo conforme um sorriso ladino pintalgava seus lábios. E então o choque entre seus ombros, o contato físico apenas provocado na intenção de tornar mais verídica sua atuação. ❝ E onde mais seria? Na cama daquele moreno raivoso, mais conhecido como Seth, que não dormiria. ❞ O tom levemente ríspido poderia facilmente sugerir ciúmes, mas fora cortado por uma risada divertida, conforme afastava-se um pouco do moreno, tornando a distância entre eles aceitável para dois amigos que simplesmente conversavam. Para quem os via atualmente, andando sempre juntos e promovendo brincadeiras idiotas um com o outro, mal poderia imaginar que aquele laço não se fez de imediato. ❝ Ah, eu vejo o bronzeado sim! Sua pele chega à brilhar na luz, como à daquele garoto vampiro da televisão. Qual o nome dele mesmo? Edward Cullen? Eu tenho certeza que é isso! ❞ A brincadeira era proposital, e o tom jocoso indicava que aquilo não passava de uma provocação. ❝ Não sou o único? Pare de mentiras, Makarios. Sei muito bem que Seth e eu somos quem mais requisitam sua presença, se não dois dos únicos. ❞

。✧◂ O rei do adversário, um mestiço que o desafiou, destruído no tabuleiro, causava-lhe imensa vontade de gargalhar. Cada parte de seu corpo correspondia àquilo de imediato, a competição sendo algo que corria em seu sangue a cada instante, e a sensação somente se intensificava. O rapaz não poderia pensar que o desafiaria, publicamente, e ainda venceria Meliorn em algo que se considerava excelente. Mas, veja só: o egocentrismo do Lestrange o fazia se considerar excelente em muitas coisas. Mas, sendo sinceros, ele havia vencido por mérito e estratégias próprios. Inclinou-se no encosto da cadeira, se acomodando confortavelmente na poltrona frente a mesa de xadrez bruxo. ❝ Quem será o próximo à enfrentar o mestre dos magos? ❞ O tom zombeteiro denunciava que, antes mesmo que alguém pudesse ocupar a cadeira do outro lado do tabuleiro, ele já tinha uma estratégia traçada.

。✧◂ Um dos quadros da biblioteca de Durmstrang mexeu. A mulher deitada em sua cama, com seu cobertor felpudo e macio como pelo de gato, fechou a cara quando foi aberta a passagem. Umas das milhares entradas secretas daquele castelo, locais que Meliorn usava sempre que possível para transitar pelas galerias sem ser propriamente visto. Embora muitos discordassem, sem provas, aquela era uma cena que se repetia mais do que a maioria dos alunos poderia imaginar, dada à personalidade de Meliorn. Não a cena do garoto saindo de dentro do quadro, desculpando-se com a figura antes de adentrar uma das diversas fileiras de livros. Esse cena também era comum, mas sobre esta ninguém optava. Davam opinião sobre o fato do Lestrange estar visitando a biblioteca, dizendo que aquilo era raro, o que na verdade era mentira. Sempre havia sido um excelente aluno, e sua rotina sempre incluiu horas de estudos extras. Mas é claro que era impossível ser o badboy e o nerd ao mesmo tempo  —  ou nem tão impossível assim, como ele provava. Capturou o livro que procurava, abrindo-o sem esperar que chegasse à uma das mesas para começar sua leitura. No entanto, não demorou para que se sentasse. Os olhos se dividindo entre as páginas e a porta de entrada do local. Havia marcado com @dclohxv de estudarem um pouco mais naquela tarde, e não culpava o mais novo de estar atrasado. Suas passagens secretas sempre o faziam ganhar tempo.

。✧◂ ❝ Olvide, não era nada demais.❞ Aquilo era uma mentira deslavada, mas o Lestrange não repetia o que dizia, independente do motivo. Aquilo acontecia apenas em duas situações: a primeira delas quando era seu pai quem ordenava que ele repetisse, e a segunda, quando o diretor da Escola de Magia pedisse. Caso contrário, meio sorrisos como o que sustentava naquele momento eram exibidos aos demais. Acomodou-se melhor na cadeira, não importando-se com a aproximação do moreno, na verdade, apenas inclinou-se sobre a mesa, cruzando os braços na superfície de madeira, e consequentemente ficando ainda mais próximo dele. ❝ Mas então, conseguiu se instalar de volta normalmente? ❞

A verdade era que, apesar do resto da família, os Beauchamp-Müller eram muito próximos. E essa proximidade fazia falta para Arthur quando ele estava em época de aulas. Isso deixava Artir mais carente e desatendo. Ele culpava a saudades, mas sabia que fazia parte de seu ser, de uma forma ou de outra. –”Você pode repetir? Eu… Eu estava distraído.”– pediu com um sorriso nos lábios e, inconscientemente, se aproximou mais da pessoa que estava sentado ao seu lado e conversando com ele.