Tumgik
luasoturna · 6 years
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Ouvindo a cadência que apetece os demônios juvenis. A carne viva já é podre. Os ossos bailam levados pelo ardor vermelho. O medo parece não existir. Os sentidos arrebentam no pileque. Duro e macio, repetidamente. Gritos. O fedor mais quente da terra dos desesperados. Tumulto confuso dentro da carne. Escorre a água quente. Ninguém entende, a fumaça cegou todas as almas. 
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luasoturna · 6 years
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Transtorno Desabafo
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Sinto milhares de mulheres dentro de mim. Certas noites acabo pensando que é inconcebível dizer quem sou; ao mesmo tempo me conheço tanto e me percebo uma criatura única entre minhas próprias singularidades. A dicotomia é o mais visível na vulva cerebral que me alimenta. Noite e Dia. Amor e Ódio. É tudo tão insuportável. Um pássaro preso, uma miragem, o grito que domicilia-se no silêncio e torna tudo mais difícil. Dois polos profundos que abarcam diversas polaridades. Tantas mulheres rindo na minha cabeça. O desprezo pelo realismo e a fuga nele próprio. Tantas mulheres chorando na minha cabeça. As mesmas dores perpetuadas numa rolagem cíclica infinita. Tantas mulheres gemendo na minha cabeça. O prazer arrebatador exposto em carne viva e por outras vezes tão contido. O peito que se faz arfar pela agonia de ser o que se é e ao mesmo tempo desconhecer completamente a verdadeira face de si mesma. Tudo é tão caricato. Tudo é tão medonho. Milhares de sentimentos no decorrer das horas que fica difícil criar uma linha de pensamento. Oscilações. Ondas. Natureza. O feminino cruel que ronda a existência é o mesmo que eu sinto dentro. Um vento incansável, que grita e sussurra ao mesmo tempo.
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luasoturna · 6 years
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Síncope da volúpia I
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Sozinha com meus desejos. Sempre assim. Já são quase 5 horas e todas as paisagens são de carne. O prazer inalcançável se assemelha aos astros desconhecidos. Minha mente é trêmula como minhas pernas quando há deformação do espaço-tempo. O colapso gravitacional causado pelas matérias maciças e compactadas dentro de mim resultam no vazio. Onde a luz não passa, onde a sombra acolhe. Dentro de mim o breu é quente, explode a incerteza, escorre a treva. O mistério da ânsia irredutível. O querer mais e mais e a dor de todas as maneiras, novos corpos, novos abismos. E o meu espaço fervilhante deseja ser preenchido na velocidade da luz ; Há alguns que geraram arrebatamentos mais fortes do que outros, mas meu véu de estrelas voa rápido com o vento do ignoto. Ninguém tem a mim e eu não tenho a ninguém. A expansão da fome é conforme as lunações. Passam as síncopes da volúpia que possuem nome próprio e eu acabo sempre na noite infinita. O próprio buraco negro, onde a solidão e a lascívia atreladas queimam como explosões astrais. Incessante pulsar.
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luasoturna · 6 years
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Só mais um de milhares de escritos sobre o tempo.
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Me sinto em uma constante disputa com o tempo. No mundo em que vivemos hoje, onde o tempo passa como se estivesse correndo da forca prestes a cair no abismo, tudo se transforma em ilusão. Na verdade, o tempo não é tão frágil como imaginamos, ele é sábio, senhor de si, e de nós, meras peças nesse enorme tabuleiro. As vezes, no meu olhar, ele dança lentamente e eu logo penso “nossa, como o tempo é devagar”. Demora. Anseio. Eu vivo a esperar algo que só ele sabe e só ele pode me trazer, e como o simplório tem conhecimento disso, vive a me fazer de gato e sapato, brincando como se eu nada mais fosse que uma boneca de vidro, prestes a despedaçar. Uma curiosa relação que temos, digo temos, eu e ele, mas não só eu, mas como diversas pessoas ao redor do mundo, também possuem: Aquela crise existencial dotada de nostalgia que chega a constituir quem a gente é, nossos gostos, nossos desejos. Escrevemos, nos nossos computadores, desejando escrever na máquina de escrever; Fotografamos o colorido acinzentado da cidade moderna, desejando aquele preto e branco chique das fotografias analógicas; Ouvimos música em nossos players sofisticados, e tudo que queríamos era ouvir o ruído da agulha no vinil. Além de atividades, as roupas, os filmes, o estilo arquitetônico que agrada nossa visão, é aquele mais robusto, “arcaico”, ou “retrô” - me recuso a usar retrô, essa expressão não traduz em nada o sentimento que eu quero descrever aqui - Todos esses gostos não são porque “está na moda”, é “vintage”, não; esses gostos imprimem a relação que o tempo coloca na nossa alma, a maneira que ele tem de nos prender pro passado, de alguma maneira, pra que a gente sempre pense nele com um ar de saudade, saudade do que nunca vivemos e nem viveremos com ele. O tempo é escritor, operário e carpinteiro. Escreve em nós o gosto pelo que já foi escrito, opera em nós a moldagem de sentimentos nostálgicos em abundância e como carpinteiro, nos talha em madeira - exatamente igual aos móveis antigos que gostamos - aquele ar de insegurança. O tempo na verdade é a mão de deus, a mesma aquela que “afaga e apedreja”. E nessa mão, encontramos a solução e o remédio, pois, além de escritor, operário e carpinteiro, o tempo, com todas as suas faces e temperamentos, também é o nosso único curandeiro. 
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luasoturna · 6 years
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Ardor
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Me encontro estática. Por segundos rasos consigo sessar a prosa mental. Meu corpo ainda arde e dói. Essa dor, que é a dor que eu mais gosto e mais consigo, se presente está comigo, acalma meu coração. Nada é mais gritante que os meus pensamentos, gritam por tantas razões que eu não consigo lidar lucidamente, ao invés disso, abafo esse barulho com os gritos agudos do prazer mais angustiante que se esvai do meu ser. Quentes e duras, constantes são as invasões dentro de mim, e eu, como uma escrava do deleite e fugitiva do penar, entrego-me ensandecida a mais fugaz loucura. E o desejo só aumenta a cada suspiro demoníaco que dissipa da minha boca, já lambuzada e suja. Por momentos, saem dela frases imundas e sedentas “me bate” “entra logo....vem” misturadas com silabas coladas, misturadas com o gosto de quem me tem. E é um desvario lascivo, indecente, que escorrega pela saliva e pelo meio das minhas pernas, direto da minha mente, que atordoada se embaralha..tornando qualquer parte do meu corpo, um casulo, um refúgio, um campo de batalha. Cada pedaço de mim anseia ser explorado, desde o mais aparente ao mais vil. O amor, aconselhável...a violência, necessária, as ferramentas anatômicas do homem usadas com cautela de nada servem. O amor não deve ser calmo, o sexo, menos ainda. Não encontro motivos na vida se não o desejo, a ardência que sinto de baixo pra cima. Impulsiona o decorrer dos meus dias e dos meus pensamentos, para mim, nada vale, se não existir o suspiro, o anseio do espírito e principalmente de cada pedaço dessa minha carne.
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luasoturna · 6 years
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meu recado para o deus de todos...
piedade ao deus cristão se o mundo é como os grandes dizem só me resta pedir piedade. eu me enrolo na serpente e como a maçã inteira por vontade própria, a própria eva. e todos os meus pecados, no peito, cravados tento expurgar em lagrimas que nada representam. e se não existe pecado? e se tudo que existe é apenas existir ser o que se é talvez assim tudo ficasse mais insignificante eu morresse tranquila. mas...se todas as minhas incertezas estiverem erradas e o universo for aquela fábula apocalíptica  então eu serei fadada a queimar no inferno... eu, que sempre gostei do fogo fujo dele por misericórdia  não se pode queimar algo que já vive em chamas... clemência a maldade em mim não existe o que existe em mim é apenas eu o filhote do diabo e da inocência da lua  que tropica nos seus próprios desejos e medos e... não sei mais o que fazer com a minha cabeça melindrosa  e o meu jeito de ser tão insensato  eu juro a toda a verdade e a farsa que rondeia essa imensidão  que tudo que tem podre em mim, nunca foi minha própria intensão eu juro que tento até mudar mas quando eu sinto o oco, escuro, lá dentro e penso em todas aquelas baboseiras sobre amar eu respondo a mim mesma como um animal ferido e sedento  e caio no abismo que o deus cristão faz questão de praguejar...  se ser o que se é...amar, sofrer, querer, sonhar é sinônimo de heresia mata de uma vez a tua única filha  e com um ultimo pedido  leva-me pro fundo do oceano afoga esse coração tão sofrido de uma maneira tão violenta que não seja possível nem agonizar e que nesse fim minhas lágrimas cansadas se misturem com a raivosa e trêmula água do mar.
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luasoturna · 7 years
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eu, que sempre me vi atordoado  pelas sombras dos cabides que mostravam no meu quarto um bando de demônios infestados. eu, que sempre me vi atordoado  pela minha falta de vontade de lutar contra a corrente  de ter força, ser vivente e no fim sempre acabar acomodado. eu, que sempre me vi atordoado entre confusão e lucidez  fitando o infinito com um certa insensatez por muitas vezes fechando os olhos pro que estava do meu lado. eu, que sempre vi atordoado  pela noite vou seguindo com minha miudez, poucas vezes sorrindo e meu fatídico jeito de ser - estagnado -  eu........que sempre me vi atordoado bebo desse cálice o vinho que é o sangue de um verme desbundado  e...com o demônio que ri a meu lado tenho pelas madrugadas o brindado quebrando os relógios da razão e as ampulhetas da emoção e satisfeito com o álcool o meu peito podre e cismado. e por fim, eu.....que sempre me vi atordoado  anseio ter meu espírito simples, puro e curado mas disso jamais saberei, apenas sentirei  num alívio de dor sentindo meu corpo em meio as salamandras seu pecado no fogo divino ser cremado 
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luasoturna · 7 years
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luasoturna · 7 years
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recoberta em penumbra me encontro mergulhando novamente no lodo qual sempre pertenci o reencontro ou apenas um tropeço? boca trêmula e o teto de gesso que cobre minha cabeça  não é o mármore esculpido solidão não há dor mas agonia que o relógio caia do bolso do bondoso-impetuoso que nos guia. e se, assim acontecer  na aguardente subterrânea deixarei meu corpo perecer  e no solo que se assemelha à um braseiro sentirei o sábio espectro dos bosques minha alma envolver.
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luasoturna · 7 years
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In The Moonlight by Albert von Keller (1844–1920)
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luasoturna · 7 years
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tenho lembranças de quando o mundo todo era azul e a luz da noite reinava soberana  pelo luar no riacho refletido os arbustos e as folhagens tomavam conta  da pequena paisagem e o mundo parecia pequenininho  por mais que para se deslocar levassem milhas e milhas... ah.... saudade desse tempo, nunca por esse corpo vivido mas...na memória sentido ah o passado.... um tempo que a escuridão reinava o pavor era contido  mas a esperança e sonho eram pela natureza protegidos ah o futuro.... um tempo que a escuridão reinará  o pavor será contido  e a esperança e o sonho talvez quem sabe pelas memórias ancestrais continuarão protegidos.
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luasoturna · 7 years
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The Last Fight by Vasily (Wilhelm) Alexandrovich Kotarbinsky (1849-1921)
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luasoturna · 7 years
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o vento grita lá fora trazendo lembranças da aurora  cisne de gelo era a imagem que eu folhava com meus pequenos dedos recordando os sons mais remotos sempre presentes com o medo a fragilidade da infância e a eterna dúvida entre o céu e as estrelas e hoje o que tinha um sabor azedo se transforma em uma sangria-desalento e os meus cabelos permanecem negros e na minha mente nunca mais viu-se cisne de gelo chapéuzinho vermelho  ou sombras em atormento. 
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luasoturna · 7 years
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The Erinyes Drive Alcmaeon from the Corpse of his Mother by Johann Heinrich Füssli (1741 – 1825)
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luasoturna · 7 years
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senhora das serpentes o breu profundo em olhos filha da lua da noite foi feito meu corpo com suas sombras e seus mistérios...  bruxa, feiticeira ou o que for nomenclaturas não importam para ser morada da deusa  sonhos proféticos  oráculos mil  o sangue que sai do ventre é o mais doce dos vinhos nosso amor é como uma teia onde se envolvem os corações mais nobres  cada transa, um transe ofidiano  e no final somos a própria viuvá-negra. nosso corpo serve para amarmos à vários epifania, e não orgia mel nos lábios o perfume de dama da noite embriaga e vicia  mas é apenas a um senhor que a yoni onírica pertencia.
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luasoturna · 7 years
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a cada dia a cada passo sinto o desabrochar das rosas brancas em meu coração meus olhos se transformaram em lunetas e fitam o hoje, o agora  e não mais a imensidão. nesta íris-telescópio  observo as pedras, os galhos e as flores e sou grata pelo dom da visão por mais que eu ame o sol, a lua e as estrelas ando preferindo observar e dar meu amor ao que esta próximo de mim, fazendo parte desse meu caminhar pelo chão. ah, ainda existe aqui dentro a polvorosa procura que latente em meu âmago causa uma certa aflição mas com o decorrer dos dias e das noites sinto a presença que preciso, vou encontrando o que procuro e me torno um só com o que tem de mais divino  nessa sublime imensidão. 
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luasoturna · 7 years
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schiele
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